Método Kabat

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GUIA DEFINITIVO: SAIBA TUDO SOBRE O


MÉTODO KABAT
por weber | ago 17, 2017 | Terapia Manual | 5 Comentários

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É um método inicialmente desenvolvido por Kabat, e em sequência por Knott e
Voss, conhecido também por Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva.

Por ter sido inicialmente desenvolvida por Kabat, a técnica de FNP ficou sendo
conhecida pelo nome de seu inventor.

Definição

Facilitação: tornar fácil.

Neuromuscular: envolve nervos e músculos.

Proprioceptiva: diz respeito a qualquer receptor sensorial que envia


informações relativas ao movimento e posicionamento do corpo.

O FNP é um conceito de tratamento e sua filosofia baseia-se na ideia de que todo


ser humano, incluindo aqueles portadores de deficiências, tem potencial
existente não explorado (Kabat, 1950).

Os princípios fundamentais do método Kabat são:

Método de tratamento global: cada tratamento é direcionado para o ser


humano como um todo, e não para o problema ou segmento corporal
específico;
O enfoque terapêutico é sempre positivo, além disso, reforça e utiliza o que o
paciente pode fazer física e psicologicamente;
O objetivo primário de todo tratamento é fazer com que o paciente consiga
alcançar o seu mais alto nível funcional.

Origem do Método Kabat


O método Kabat está incluído no grupo de facilitação neuromuscular
proprioceptiva e foi desenvolvido pelos norte-americanos Herman Kabat, médico,
e Margaret Knott, fisioterapeuta, entre os anos de 1946 e 1951.

Inicialmente o Dr. Herman Kabat, ainda na década de 40, começou com o termo
“facilitação proprioceptiva”. Em 1954 Dorothy Voss adicionou a palavra
“neuromuscular” para formar a expressão que conhecemos hoje: Facilitação
Neuromuscular Proprioceptiva (FNP).

O conceito do Dr. Kabat para FNP surgiu da sua experiência como médico e
neurofisiologista. Seu objetivo era desenvolver um método de tratamento que
empregasse resistência manual que permitisse aos clínicos analisar a avaliar os 2
movimentos o paciente, ao mesmo tempo que facilitasse estratégicas mais
funcionais.
Originalmente esse método foi utilizado para tratar pacientes com poliomielite.
Em 1946, o Dr. Herman Kabat, junto com o industrial Henry J. Kaiser, fundou os
Institutos Kaiser-Kabat, em Washington, em 1948 em Vallejo e em um terceiro,
em 1950 em Santa Mônica. Um os objetivos dos institutos era conduzir
pesquisas medicas para desordens neuromusculares.

O Dr. Herman Kabat aplicou os princípios da neurofisiologia, baseando-se no


trabalho de Sherrington, ao tratamento de paralisia secundária, poliomielite e
esclerose múltipla.

Uma outra influência para o desenvolvimento da técnica veio dos trabalhos de


sua irmã Elizabeth Kenney, uma enfermeira australiana que trabalhava com
pacientes de poliomielite por meio de atividades de estiramento e fortalecimento
específicas. Nessa época essas atividades eram consideras alternativas ao
tratamento convencional e não apresentavam fundamentos sólidos.

O Dr. Herman então integrou as técnicas manuais de sua irmã Kenney com as
bases neurofisiológicas de Sherrington de indução sucessiva, inervação e
inibição recíproca e o fenômeno da irradiação.

Em 1951, o Dr. Herman e a Dra. Margaret Knott estabeleceram padrões das


diagonais e variações técnicas e então não se desenvolveram novas técnicas
desde então.

Porém atualmente o método é utilizado para o tratamento de inúmeras doenças


neurológicas e ortopédicas.

Em 1956 foi publicado o livro Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva: Modelos


e Técnicas, escrito por Maggie e Dorothy.

Objetivo do Método Kabat


O objetivo do método Kabat é promover um movimento funcional por meio da
inibição, do fortalecimento e do relaxamento de grupos musculares.

Através da realização desse movimento funcional o método Kabat é capaz de


favorecer a contração muscular voluntária, controlar o tônus muscular, promover
alongamento e fortalecimento muscular, melhorar a resistência, promover
equilíbrio entre os músculos agonistas, antagonistas e sinergistas, melhorar a
coordenação motora e estimular o aprendizado de padrões funcionais de
movimento.

Esses procedimentos básicos para facilitação oferecem ao terapeuta o que é


necessário para ajudar seus pacientes a atingir uma função motora eficiente,
como: 2

Aumentar a habilidade do paciente em mover-se e permanecer estável


Guiar o movimento com a utilização de contatos manuais adequados e
resistência apropriada
Ajudar o paciente a obter coordenação motora e sincronismo
Aumentar a capacidade do paciente e evitar a fadiga

Os princípios da facilitação neuromuscular


proprioceptiva
Os procedimentos básicos para a facilitação neuromuscular proprioceptiva são:

Resistência
A quantidade de resistência oferecida durante uma atividade deve ser adequada
às condições do paciente e ao objetivo da atividade. Esse tipo de resistência é
denominado resistência apropriada.

Os objetivos terapêuticos da resistência são:

Facilitar a habilidade do músculo em se contrair;


Aumentar a aprendizagem motora;
Ajudar o paciente a adquirir a consciência de movimento e sua direção;
Aumentar a força muscular.

A aplicação da resistência dependerá do tipo de contração muscular a ser


resistido:

Concêntrica
O encurtamento do agonista produz movimento.

Excêntrica
Uma força externa, a gravidade ou resistência produz o movimento. O movimento
é restringido pelo alongamento controlado do agonista.

Irradiação e reforço
Irradiação é a propagação da resposta ao estímulo. 2

Essa resposta pode ser vista como aumento da facilitação (contração) ou


inibição (relaxamento) nos músculos sinérgicos e padrões de movimento. A
resposta aumenta à medida que o estímulo aumenta em intensidade ou duração.
Kabat escreveu que a resistência ao movimento é responsável pela produção da
irradiação, e a difusão da atividade muscular ocorrerá em padrões específicos.

O reforço, definido no Webster’s Ninth New Collegiate Dictionary, é “aumentar a


força, adicionando um novo estímulo; tornar mais forte”.

O terapeuta pode direcionar o reforço para os músculos mais fracos, por meio da
quantidade de resistência que ele aplicou nos músculos fortes.

Quanto maior o aumento da resistência maior será o aumento da extensão da


resposta muscular. Se houver modificação no movimento que está sendo
resistido ou da posição do paciente, também haverá alteração dos resultados.

O terapeuta deverá ajustar a quantidade de resistência e o tipo de contração


muscular para se adaptar à condição do paciente e ao objetivo do paciente.

Não é possível estipular instruções gerais referentes à quantidade de resistência


a ser aplicada e aos movimentos a serem resistidos, devido as reações de cada
paciente.

O terapeuta, após uma avaliação dos resultados do tratamento, é que vai


determinar as melhores formas de utilizar a resistência, a irradiação e o reforço.

Contato manual
Os contatos manuais do terapeuta estimulam os receptores cutâneos e os de
pressão do paciente. Esses contatos informam ao paciente a direção correta do
movimento.

As mãos do terapeuta devem ser posicionadas de uma forma que apliquem uma
pressão oposta à direção do movimento.

Os lados da mão e da perna são considerados superfícies neutras e são


consideradas seguros.

Os benefícios do contato manual são:

Uma pressão no músculo aumenta a sua habilidade de contração;


Uma pressão na direção oposta ao movimento, em qualquer parte do membro
que está se movimentado, estimulará os músculos sinérgicos, que reforçarão o
movimento;
O contato manual no tronco do paciente auxilia indiretamente no movimento
de extremidade pois ajuda a estabilizar o eixo.

2
O tipo de contato que o terapeuta utiliza durante a realização da técnica para
controlar o movimento e resistir à rotação é o contato lumbrical.
No contato lumbrical a pressão surge da flexão das articulações
metacarpofalangeanas, que permite adaptar os dedos do terapeuta à parte
corporal que está sendo trabalhada. O contato lumbrical proporciona ao
terapeuta um melhor controle do movimento tridimensional sem causar dor no
paciente, por não apertar e nem exercer pressão excessiva em áreas com
proeminências ósseas.

Comando verbal
O comando verbal é utilizado para que o terapeuta diga ao paciente o que deve
ser feito e quando deve ser feito.

O comando precisa ser dado ao paciente, e não para a parte do corpo que está
sendo tratada. Os comandos precisam ser claros, diretos e concisos, sem o uso
de palavras difíceis ou desnecessárias.

As palavras devem ser combinadas com o movimento passivo, para que o


paciente aprenda como ele deve se movimentar.

A sincronia é importante para coordenar as reações do paciente junto com as


mãos e resistência do terapeuta. A sincronia guia o início do movimento e as
contrações musculares, ajudando a solicitar do paciente as correções para a
realização do movimento ou manutenção da estabilidade.

A sincronia no comando de voz também é importante para quando o reflexo de


estiramento é utilizado. O comando inicial deve ocorrer imediatamente antes do
reflexo, para coordenar a tentativa consciente do paciente com a resposta
reflexa.

É importante repetir várias vezes o comando de ação para estimular o aumento


do empenho e para ajudar a redirecionar o movimento.

Já o volume do comando pode afetar a força do resultado da contração


muscular. Quando o terapeuta deseja uma contração muscular de maior
intensidade um comando de voz mais alto deve ser utilizado. Quando o objetivo é
relaxar ou aliviar a dor, o comando deve ser utilizado com um tom de voz mais
calmo e tranquilo.

O comando de voz é dividido em três partes:

Preparação: prepara o paciente para realizar a ação

Ação: diz o paciente para começar a ação

Correção: orienta o paciente sobre como corrigir ou modificar a ação.


2
Visão
A visão pode oferecer um feedback sensorial que pode promover uma contração
muscular mais potente.

Se um paciente olhar para seu braço durante o exercício, por exemplo, ele poderá
alcançar uma contração muscular mais forte. Além disso, o uso da visão pode
ajudar o paciente a controlar e corrigir a posição durante o movimento.

A visão pode influenciar tanto o movimento da cabeça quanto do corpo.

O contato visual entre o terapeuta e o paciente também estabelece uma via de


comunicação, estabelecendo uma interação de cooperação e segurança entre os
dois.

Tração e aproximação
A tração é um alongamento que ocorre no tronco ou em alguma extremidade.

Os efeitos terapêuticos da tração são causados pela estimulação de receptores


articulares e seus objetivos são:

Facilitar os movimentos
Auxiliar o alongamento do tecido muscular quando o reflexo de estiramento
estiver sendo utilizado
Resistir a alguma parte do movimento

Para aplicar a tração, basta aplicar a força de tração gradualmente até alcançar o
resultado desejado. A tração deve ser mantida durante o movimento e
combinada com a resistência apropriada.

A aproximação é o contrário da tração, ou seja, é uma compressão do tronco ou


de uma extremidade.

Os objetivos terapêuticos da aproximação são:

Promover a estabilização
Facilitar a tomada de peso e contração de músculos antigravitacionais
Facilitar reações de endireitamento
Resistir a algum componente de movimento

2
Existem duas formas de se aplicar a força de aproximação:

Rápida – A força é aplicada de forma rápida, para se obter uma resposta reflexa
Lenta – A força é aumentada gradualmente, de acordo com a tolerância do
paciente

Estiramento
O estímulo de estiramento acontece quando um músculo é alongado.

O estímulo de estiramento é um movimento preparatório que tem como objetivo


facilitar as contrações musculares. O estímulo facilita o alongamento muscular, o
alongamento dos músculos sinérgicos da mesma articulação e de outros
músculos sinergistas associados.

Essa facilitação resulta em um alongamento de todos os músculos sinérgicos de


um membro ou tronco.

Já o reflexo de estiramento é provocado nos músculos sob tensão, tanto por


alongamento quanto por contração.

Os objetivos do reflexo de estiramento são facilitar a iniciativa motora, aumentar


a amplitude de movimento ativo, aumentar a força muscular, prevenir ou reduzir a
fadiga e guiar o movimento na direção desejada.

Sincronização dos movimentos


Um movimento normal requer que uma sequência suave de atividades e um
movimento coordenado depende de um sincronismo preciso desta sequência.

A atividade funcional requer um movimento coordenado e contínuo até que seu


objetivo tenha sido alcançado.

A sincronização nada mais é que a sequência dos movimentos. Porém, uma


sincronização considerada normal de movimentos mais coordenados e
eficientes ocorre de distal para proximal.

Durante o desenvolvimento motor a evolução do controle e da coordenação


ocorre de cranial para caudal e de proximal para distal. Na infância, é o braço que
determina para onde vai a mão.

Porém, após a maturação da preensão, é a mão que direciona o curso dos


movimentos do braço. Para os adultos manterem o equilíbrio em pé, os
pequenos movimentos ocorrem do tornozelo (distal) para quadril e tronco
(proximal).

Restaurar o sincronismo normal dos movimentos deve ser um dos objetivos do 2


tratamento no método Kabat.
A sincronização para ênfase envolve a modificação da sequência normal de
movimentos, para enfatizar um músculo em particular ou uma atividade
desejada.

Em 1947 Kabat escreveu que um movimento de um músculo sinérgico mais forte


redirecionará energia de tal contração para outro músculo mais fraco.

Essa alteração do sincronismo estimula reflexos proprioceptivos musculares por


meio da resistência e do reflexo de estiramento. Os melhores resultados são
esperados quando músculos fortes apresentam um bom nível de força muscular
(pelo menos grau 4 no Teste Muscular Manual).

Existem duas formas de alterar a sincronização normal com objetivos


terapêuticos:

Pela prevenção de todos os movimentos do padrão, com exceção daquele a


ser enfatizado;
Pela resistência de um movimento forte em um padrão a uma contração
isométrica ou mantida, enquanto são exercitados músculos fracos. Essa
resistência à contração estática trava esse segmento.

Padrões de facilitação
Um movimento funcional considerado normal é formado por padrões de
movimento em massa dos membros e músculos sinérgicos do tronco.

O córtex motor é quem produz e organiza esses padrões de movimento, ou seja,


o indivíduo não é capaz de, voluntariamente, deixar um músculo fora do padrão
de movimento ao qual ele faz parte. Não é possível contrair os músculos
individualmente, mas nossos movimentos mais discretos se originam de padrões
em massa.

Essas combinações de músculos sinérgicos formam os padrões de facilitação


do método Kabat.

Os padrões do Kabat combinam movimentos em três planos:

1. Sagital: flexão e extensão


2. Frontal ou coronal: abdução e adução de membros ou flexão lateral de coluna
3. Transversal: rotação

As pessoas realmente possuem movimentos em espiral e diagonal. O 2


estiramento e a resistência apenas reforçam a eficácia dos padrões, podendo ser
constatado pelo aumento da atividade muscular.
O aumento da atividade do músculo se espalha tanto distal quanto
proximalmente dentro de um padrão, ou de um padrão para outros que se
relacionam em movimento (irradiação).

O tratamento utiliza a irradiação a partir da combinação de músculos sinérgicos


(os padrões) para fortalecer um grupo muscular desejado ou reforçar
movimentos funcionais desejados.

Quando exercitamos os padrões contra a resistência, todos os músculos que


fazem parte da sinergia irão contrair, se forem capazes.

Para uma resistência efetiva, a chave é o componente de rotação do padrão.


Uma aplicação correta da resistência para rotação irá fortalecer o padrão como
um todo, porém o excesso irá impedir que o movimento ocorra.

O movimento que ocorre na articulação proximal é que dá nome aos padrões. As


articulações distais e proximais do membro estão ligadas dentro do padrão, já a
articulação intermediária é livre para fletir, estender ou manter sua posição. O
tronco e os membros trabalham juntos para formar uma sinergia completa.

Exemplo: O padrão de flexão-adução-rotação externa de ombro pede flexão de


dedos, flexão radial de punho e supinação do antebraço. O cotovelo pode fletir,
estender ou manter-se em uma posição pois é uma articulação intermediária.

Em relação ao tronco, a flexão-adução-rotação externa de ombro com ântero-


elevação da escápula combina com extensão do tronco e rotação para o lado
oposto, completando assim um movimento total.

Ao se conhecer as combinações musculares sinérgicas é possível trabalhar nos


padrões.

Os padrões podem receber diversas variações:

Modificando a atividade da articulação intermediária, no padrão da


extremidade, para a função
Modificando a atividade da articulação intermediária, no padrão da
extremidade para o efeito em músculos bi-articulares
Modificando a posição do paciente para alterar os efeitos da gravidade
Modificando a posição do paciente para outra mais funcional
Modificando a posição do paciente para usar o estímulo visual

As combinações de padrões são nomeadas de acordo com a relação dos


movimentos dos membros entre si (braços, pernas ou ambos):
2
Unilateral: um braço ou uma perna
Bilateral: ambos os braços, ambas as pernas ou combinações entre braços e
pernas.

Simétrica: os membros movem-se no mesmo padrão


Assimétrica: os membros movem-se em padrões opostos
Simétrica recíproca: ambos se movem na mesma diagonal, mas em direções
opostas
Assimétrica recíproca: ambos se movem em diagonais opostas.

Diferença entre o Método Bobath e Kabat


O conceito Bobath é uma técnica de reabilitação baseada na neuroplasticidade e
se utiliza da facilitação, normalização/adequação do tônus e reeducação do
movimento, através de manuseios, em pontos chaves específicos, que ajudarão
no desenvolvimento do movimento desejado.

O método Kabat promove ganho da funcionalidade por meio da facilitação, do


fortalecimento e do relaxamento de grupos musculares, utilizando para isto
contrações concêntricas, excêntricas e estáticas, somando-se à aplicação
gradual de resistência e procedimentos facilitatórios, visando atingir as
necessidades adequadas de cada indivíduo.

O Bobath se baseia na inibição dos reflexos primitivos e dos padrões patológicos


de movimento, enquanto o Kabat utiliza estímulos proprioceptivos facilitadores
de respostas motoras, partindo de respostas reflexas e chegando à motricidade
voluntária.

Outra diferença é que o conceito Bobath não utiliza em seus procedimentos a


resistência externa aplicada pelo fisioterapeuta, muito comum e amplamente
utilizada no método Kabat.

Tipos de tratamento na reabilitação neurológica


O Kabat pode ser utilizado em diversas patologias, porém em pacientes
neurológicos os seus resultados são ainda mais satisfatórios pois além de
ajudar no ganho de força e alongamento muscular, a técnica auxilia no controle
do tônus muscular, equilíbrio, coordenação, sinergia muscular e aprendizado
motor.

O Kabat é funcional para pacientes com lesões do neurônio motor superior


acompanhada de espasticidade, porém também pode ser utilizado para iniciar
contração muscular em casos de lesão periférica e fraqueza muscular de 2
qualquer etiologia.
Um dos princípios do método Kabat é a aplicação de técnicas que utilizam o lado
íntegro para atingir o lado contralateral comprometido, chamado de tratamento
indireto. Através de movimentos bilaterais é possível apoiar e proteger o lado
debilitado, pois quando se estimula o lado íntegro, os neurônios reagem ao
mesmo tempo transmitindo impulsos para o lado oposto, ocorrendo uma
irradiação dos estímulos fazendo com que os neurônios do outro lado sejam
facilitados, iniciando-se assim, o esboço de contrações do lado hemiplégico do
paciente com sequelas de AVC.

Os princípios do método Kabat auxiliam na melhora do alongamento, força


muscular, equilíbrio e coordenação em indivíduos com Doença de Parkinson e
Alzheimer, facilitando a realização de atividades de vida diária e transferências,
melhorando a qualidade de vida desses pacientes.

Todas as técnicas podem ser utilizadas na reabilitação neurológica e cabe ao


fisioterapeuta avaliar e verificar qual das técnicas e padrões devem ser utilizados
no paciente para seu tratamento.

O método Kabat também pode ser utilizado no tratamento de:

Esclerose Múltipla
Esclerose Lateral Amiotrófica
Lesão Medular

Técnicas do Método Kabat


Existem técnicas específicas do método Kabat que tem como objetivo promover
o movimento funcional por meio da facilitação, inibição, do fortalecimento e do
relaxamento de grupos musculares.

As técnicas utilizam contrações musculares concêntricas, excêntricas e


estáticas, combinados com uma aplicação gradual de resistência e
procedimentos facilitatórios adequados, todos ajustados de acordo com as
necessidades de cada paciente.

As técnicas específicas do método Kabat serão descritas a seguir:

Iniciação rítmica
Movimento rítmico de um membro ou corpo, realizado por meio da amplitude
desejada. Começa com um movimento passivo e progride até um movimento
ativo resistido. 2
Objetivos:

Facilitar a iniciativa motora


Melhorar a coordenação e sensação de movimento
Normalizar o ritmo do movimento
Ensinar o movimento
Ajudar o paciente a relaxar

Indicações

Dificuldades em iniciar o movimento


Movimento muito rápido ou muito lento
Movimento incoordenado ou sem ritmo
Tensão geral

Combinação de isotônicas
Combina contrações concêntricas, excêntricas e de estabilização em um grupo
muscular (agonistas) sem relaxamento. Necessário começar no local onde o
paciente apresenta maior força ou melhor coordenação.

Objetivos

Controle ativo do movimento


Coordenação
Aumentar a amplitude ativa do movimento
Aumentar a força muscular
Treinar o controle excêntrico funcional do movimento

Indicações

Diminuição do controle excêntrico


Perda da coordenação ou da habilidade em mover-se na direção desejada
Diminuição da amplitude ativa do movimento
Movimentação ativa precária dentro da amplitude de movimento

2
Reversão de antagonistas

Reversão dinâmica
Ocorre alternância de movimento ativo, de uma direção agonista para a direção
oposta antagonista, sem interrupção ou relaxamento.

Objetivos

Aumentar a amplitude de ativa do movimento


Aumentar a força muscular
Desenvolver a coordenação
Evitar ou reduzir a fadiga
Aumentar a resistência

Indicações

Diminuição da amplitude ativa de movimento


Fraqueza de músculos agonistas
Diminuição da habilidade de modificar a direção do movimento
Aparecimento de fadiga durante o exercício

Reversão de estabilizações
Contrações isotônicas alternadas, com resistência oposta o suficiente para
prevenir o movimento.

Objetivos

Aumentar a estabilidade e o equilíbrio


Aumentar a força muscular
Aumentar a coordenação entre agonista e antagonista

Indicações

Diminuição da estabilidade
Fraqueza muscular 2
Inabilidade em realizar contrações musculares isométricas
Estabilização rítmica
Contrações isométricas alternadas utilizadas contra uma resistência, com
ausência de intenção de movimento.

Objetivos

Aumentar as amplitudes ativa e passiva do movimento


Aumentar a força muscular
Aumentar a estabilidade e o equilíbrio
Diminuir a dor

Indicações

Diminuição da amplitude de movimento


Dor
Instabilidade articular
Fraqueza de músculos antagonistas
Diminuição do equilíbrio

Estiramento repetido

Estiramento repetido do início da amplitude


Reflexo de estiramento provocado por músculos sob tensão de alongamento.

Objetivos

Facilitar a iniciativa motora


Aumentar a amplitude de movimento ativo
Aumentar a força muscular
Prevenir ou reduzir a fadiga
Guiar o movimento na direção desejada

Indicações

Fraqueza muscular 2
Inabilidade em iniciar o movimento devido à fraqueza ou rigidez
Fadiga
Diminuição da consciência do movimento

Contraindicações

Instabilidade articular
Dor
Ossos instáveis devido à fratura ou osteoporose
Lesões musculares ou tendinosas

Estiramento repetido durante a amplitude


Reflexo de estiramento provocado por músculos sob tensão de contração.

Objetivos

Aumentar a amplitude ativa de movimento


Aumentar a força muscular
Prevenir ou reduzir fadiga
Guiar o movimento na direção desejada

Indicações

Fraqueza muscular
Fadiga
Diminuição da conscientização do movimento desejado

Contraindicações

Instabilidade articular
Dor
Ossos instáveis devido à fratura ou osteoporose
Lesões musculares ou tendinosas

2
Contrair-relaxar

Contrair-relaxar: tratamento direto


Contrações isotônicas resistidas dos músculos encurtados antagonistas,
seguidas de relaxamento da amplitude adquirida.

Objetivo

Aumentar a amplitude passiva do movimento

Indicação

Diminuição da amplitude passiva do movimento

Contrair-relaxar: tratamento indireto


Contrações dos músculos agonistas em vez de contrações dos músculos
encurtados.

Indicação

A técnica indireta é utilizada quando a contração dos músculos encurtados é


muito dolorosa ou fraca para produzir uma contração eficaz.

Manter-relaxar

Manter-relaxar: tratamento direto


Contração isométrica resistidas dos músculos antagonistas (músculos
encurtados) seguida de relaxamento.

Objetivos:

Aumentar a amplitude passiva do movimento


Diminuir a dor

2
Indicações

Diminuição da amplitude passiva do movimento


Dor
Quando as contrações isotônicas do paciente são ortes demais para o
terapeuta controlar

Contraindicação

Quando o paciente é incapaz de realizar uma contração isométrica

Manter-relaxar: tratamento indireto


O manter-relaxar resiste-se aos músculos sinérgicos dos músculos encurtados
ou com dor, e não os músculos ou movimentos dolorosos.

Indicação

Quando a contração dos músculos encurtados é muito dolorosa

Réplica
Técnica que serve para facilitar a aprendizagem motora de atividades funcionais.

Objetivos

Ensinar ao paciente a posição final (resultado) do movimento


Avaliar a habilidade do paciente de sustentar uma contração quando os
músculos agonistas estão em encurtamento.

Exercícios do Método Kabat

Membro superior
Flexão-abdução-rotação externa

Contatos manuais

Distal

2
Mão direita apoia a superfície dorsal da mão do paciente. Seus dedos estão do
lado radial (1º e 2º metacarpos) e o polegar exerce uma contrapressão na borda
ulnar (5º metacarpo). Não há nenhum contato na palma da mão. Não apertar a
mão do paciente

Proximal

Por baixo do membro, apoie as faces ulnar e radial do antebraço do paciente


proximais ao punho. O contato lumbrical permite ao terapeuta evitar qualquer
pressão na superfície palmar do antebraço.

Posição de alongamento
Posicione o punho em flexão ulnar e o antebraço em pronação. Mantenha o
punho e a mão em posição enquanto move o ombro para extensão e abdução.
Pode-se usar uma leve tração para alongar os músculos do ombro e da escápula.
O úmero cruza a linha média para a direita, e a palma está voltada para o ílio
direito. A tração leva a escápula para ântero-depressão. A continuação desse
movimento poderá trazer o paciente para uma flexão de tronco para a direita.

Biomecânica corporal
Fique em pé com as pernas afastadas, na altura do ombro do paciente ou acima
dele, com o seu pé esquerdo na frente. Volte-se para a linha do movimento.
Comece colocando o seu peso corporal no pé posicionado à rente e deixe que o
movimento do paciente leve seu peso para o pé de trás. Continue voltando para a
linha de movimento.

Estiramento
Aplique o estiramento no ombro e na não simultaneamente. Seu contato
proximal realiza uma tração rápida, com rotação de ombro e da escápula, e o
contato distal traciona o punho.

Comando de voz

“Mão para cima, levante seu braço. Eleve seu braço”.

Movimento

Os dedos e o polegar se estendem à medida que o punho move-se para extensão


radial. A face radial da mão lidera enquanto o ombro se move em flexão, abdução
e rotação externa. A escápula se move para póstero-elevação. A continuação do
movimento é um “alcançar acima”, com alongamento do lado esquerdo do
tronco. 2

Resistência
A mão distal combina uma tração, durante a extensão do punho, com uma
resistência rotatória do desvio radial. A resistência à supinação do antebraço e à
abdução e rotação externa do ombro surgem da resistência à rotação exercida
no punho. A força de tração resiste ao movimento de extensão do punho e de
flexão do ombro.

A mão proximal combina uma força de tração com a resistência em rotação. A


linha da resistência é para trás, em direção à posição incial. A manutenção da
força de tração guia a resistência em um arco apropriado.

Utilize aproximação por meio do úmero no final da amplitude do ombro para


resistir à elevação escapular e estabilizar o ombro.

Posição final
O úmero encontra-se em total flexão (aproximadamente a três dedos da orelha
esquerda) e a palma está voltada em torno de 45º para o plano coronal. A
escápula está em póstero-elevação. O cotovelo se mantém em extensão. O
punho está em total extensão radial e dos dedos e polegar estão estendidos para
o lado radial.

Membro inferior
Flexão-adução-rotação externa

Contatos manuais

Distal

Mão esquerda se posiciona no pé do paciente, com os dedos na borda medial e


polegar fazendo pressão contrária na borda lateral. Segure nas laterais do pé,
sem fazer contato na região plantar. Mantenha o contato próximo às articulações
metatarsofalangeadas para evitar o bloqueio dos dedos.

Proximal

Posicione sua mão direta na superfície ântero-medial da coxa, imediatamente


acima do joelho

Posição de alongamento 2
Tracione o membro como um todo enquanto posiciona o pé em plantiflexão e
eversão. Continue a tração e mantenha a rotação interna, enquanto posiciona o
quadril em hiperextensão e abdução. O tronco alonga-se na diagonal, da direita
para a esquerda.

Biomecânica corporal
Posicione-se com os pés afastados e com o pé mais próximo da maca na frente.
Volte-se para o ombro direito do paciente, com seu corpo alinhado com a linha
do movimento padrão. Durante o estiramento, transfira o seu peso corporal do pé
da frente para o de trás. Enquanto o paciente se move, deixe que a resistência
transfira seu peso para o pé posicionado na frente. Se o membro do paciente for
muito longo, dê um passo à medida que seu peso se transferir para frente.
Continue voltado para a linha do movimento.

Estiramento
Rápido alongamento e rotação de quadril, do joelho e do pé exercidos por ambas
as mãos, simultaneamente.

Comando

“Pé para cima, leve a perna para cima e para dentro. Levante!”.

Movimento
Os dedos se estendem enquanto o pé e o tornozelo movem-se em dorsiflexão e
inversão. A inversão promove a rotação interna do quadril e esses movimentos
ocorrem simultaneamente. O hálux lidera o movimento à medida que o quadril
move-se em flexão com adução e rotação externa. A continuação do movimento
produz flexão de tronco para a direita.

Resistência
A mão distal combina resistência à inversão com tração através do pé
dorsifletido. A resistência à adução e rotação externa do quadril vem da
resistência à inversão. A tração resiste tanto à dorsiflexão quanto à flexão do
quadril. Sua mão proximal combina a tração ao longo da linha femoral com uma
força rotatória para resistir à rotação externa e adução. Manter a força de tração
guia a resistência em um arco apropriado.

Posição final
O pé está em dorsiflexão com inversão e o joelho em total extensão. O quadril
2
está em total flexão com adução e rotação externa suficientes para posicionar o
joelho e calcanhar em uma linha, na diagonal, com o ombro direito.
Cuidados e restrições em relação ao aluno
As técnicas do método Kabat podem ser usadas no tratamento de pacientes de
qualquer diagnóstico e em qualquer condição.

Pacientes de qualquer patologia podem se beneficiar com o uso das técnicas do


Kabat, porém, algumas adaptações podem ser necessárias em determinadas
situações.

De uma maneira geral a dor funciona como um inibidor da coordenação motora


eficaz e pode ser um sinal potencial de lesão, por isso é necessário um cuidado
maior com pacientes que apresentem dor.

Outras indicações são na maioria as de “senso comum”, como por exemplo: não
utilizar aproximação em extremidade com fratura sem consolidação. Na
presença da instabilidade articular, tomar cuidado ao utilizar a tração ou reflexo
de estiramento. E não utilizar o reflexo de estiramento em pacientes que
apresentem fragilidade óssea, dor ou lesão muscular ou tendinosa.

Conclusão
O método Kabat é um excelente recurso fisioterapêutico para reabilitação de
pacientes das mais diversas patologias, em especial as patologias neurológicas.

Porém, por ser um método complexo e que demanda muita técnica, é preciso se
aprofundar e estudar bastante todos os padrões e exercícios para que o método
possa ser aplicado corretamente, a fim de alcançar todos os objetivos
esperados.

Bibliografia

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2ªed. São Paulo: Manole, 2007. 397p.

2.
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3.
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4. 2
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http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/30/32_-
_Efeitos_da_FNP_na_melhora_global_do_paciente_acometido_por_acidente_vascular_cerebral_AVC.pdf>
Acesso: 31/05/2017.
5.
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ou Bobath. Revista de Fisioterapia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 11, n. 1, p. 56-65, 2004.

7.
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proprioceptiva como forma de tratamento para crianças com encefalopatia crônica não progressiva da
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8.
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quadriplégica espástica. Revista de Neurociências, São Paulo, 23, n. 4, p. 595-602, 2015.

5 Comentários

Isabel no 30 de junho de 2020 a partir do 19:42

Excelente material de estudo, estou aprimorando meus conhecimentos fisioterapeutico , porém senti
falta de um protocolo mais direcionado as distinções da face, como paralisia facial de Bel.
Desde já agradeço pela excelente produção científica.

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Eduardo no 1 de março de 2021 a partir do 21:45

Excelente!!

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Antonia Crecencio no 23 de outubro de 2022 a partir do 14:17

Agradeço imensamente a generosidade dos ensinamentos.sou psicanalista,mas estou pesquisando


métodos p me auxiliar c uma neuropatia,que resultou em pés equinos e me impede de caminhar.faço
dupla c minha fisio e vejo os bons resultados q venho obtendo.muita gratidão e respeito p trabalho e
dedicação.

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Darci no 29 de outubro de 2022 a partir do 18:18

Não conhecia esta técnica, e hoje tive mos um breve curso sobre. Amei. Quero ir além.

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Dhiancarlo no 9 de julho de 2024 a partir do 23:26

Ótimo conteúdo, parabéns!

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