Desenvolvimento Econômico

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Teorias do

desenvolvimento
econômico
Teorias do
desenvolvimento
econômico

Ademir Cavalheiro Leite


© 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Leite, Ademir Cavalheiro


L533t Teorias do desenvolvimento econômico / Ademir
Cavalheiro Leite. – Londrina : Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2017.
168 p.

ISBN 978-85-8482-918-7

1. Desenvolvimento econômico. I. II. Título.


CDD 338.9

2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: [email protected]
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1 | Concepções teóricas e históricas do desenvolvimento 9

Seção 1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do


pensamento econômico 12
1.1 | Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensa-
mento econômico 12
1.2 | Civilização grega 14
1.3 | Contribuição romana 16
1.4 | Economia medieval 16
1.5 | Características do feudalismo 18
1.6 | Importância social e econômica das Cruzadas 18
1.7 | Algumas considerações 19
1.8 | Corporações de artes e ofícios 20

1.9 | A doutrina canônica 21

Seção 2 - O mercantilismo 23

2.1 | A criação das nações modernas e das monarquias absolutas 24


2.2 | A concepção do mercantilismo 26
2.3 | Os fisiocratas 28

Seção 3 - A escola liberal 30


3.1 | A Revolução Industrial 31
3.2 | Invenções que revolucionaram o desenvolvimento econômico
de uma época 32
3.3 | Êxodo rural 33
3.4 | Adam Smith (1723 - 1790) 34

Seção 3 - Consolidação do liberalismo econômico 39


4.1 | Precursores do pensamento liberal 40
4.2 | Migração europeia para os Estados Unidos 44
4.3 | Fatos de maior relevância do liberalismo econômico 45

Unidade 2 | Desenvolvimento na concepção marxista 51

Seção 1 - Abordagem da Revolução Industrial na visão de Marx 54


1.1 | Abordagem da Revolução Industrial na visão de Marx 55
1.2 | As condições de trabalho na Revolução Industrial 57
1.3 | A maneira como Marx observou a Revolução Industrial 58

Seção 2 - Abordagem marxista com relação ao capitalismo 62


2.1 | Marx e o capitalismo 63
2.2 | A fase do supercapitalismo 63
2.3 | O racionalismo econômico 64
2.4 | Fatores determinantes da obra O capital 65
2.5 | A concentração da renda 66
2.6 | Autodestruição do capitalismo 68

Seção 3 - O socialismo e o comunismo 70


3.1 | O conceito de ditadura do proletariado
71
3.2 | Economia de mercado e economia planificada 72
3.3 | Características da economia de mercado 73
3.4 | Características da economia planificada 73

Seção 4 - O marxismo depois de Marx 76


4.1 | A Revolução Bolchevique e a queda do czar na Rússia
76
4.2 | Nascimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 77
4.3 | Leon Trotsky 78
4.4 | Josef Vissariónovitch Stalin 78
4.5 | Rosa Luxemburgo 79
4.6 | O futuro do pensamento marxista 80

Unidade 3 | Malthus, Keynes e Kalecki 85

Seção 1 - Teoria do desenvolvimento econômico no final do século XIX e


início do século XX 88
1.1 | Teoria do desenvolvimento econômico no final do século XIX e
início do século XX 88
1.2 | Consolidação da Revolução Industrial nos Estados Unidos 89
1.3 | Proclamação da República no Brasil 90
1.4 | Primeira Guerra Mundial 93

Seção 2 - Princípios fundamentais da economia keynesiana 97


2.1 | A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque 98
2.2 | O New Deal 99
2.3 | Contribuições de Alfred Marshall para a Teoria do
desenvolvimento econômico 100
2.4 | A Teoria geral do emprego dos juros e da moeda 102
2.5 | Macroeconomia na visão de Kalecki 104

Seção 3 - Trabalho realizado por Keynes, após a Segunda Guerra Mundial 107
3.1 | A criação do Fundo Monetário Internacional 108
3.2 | Principais metas da política macroeconômica 109
3.3 | Teoria do crescimento e do desenvolvimento econômico 112
3.4 | Estrutura de análise macroeconômica 113

Seção 4 - Teoria keynesiana depois de Keynes 116


4.1 | O surgimento do FMI e a relação com seus filiados 116
4.2 | A importância da Escola keynesiana para a economia brasileira 118
4.3 | Personagens da escola keynesiana e suas contribuições 118

Unidade 4 | Desenvolvimento na visão schumpeteriana 129

Seção 1 - Desenvolvimento na visão de Schumpeter 132


1.1 | Schumpeter 132
1.2 | Conceito de desenvolvimento 133
1.3 | Desenvolvimento na visão de Schumpeter 134
1.4 | Ciclos econômicos 135
1.5 | León Walras 135
1.6 | Alfred Marshall 136

Seção 2 - Capitalismo sob o ponto de vista de Schumpeter 139


2.1 | O conceito de capitalismo 139
2.2 | O capitalismo financeiro 140
2.3 | O capitalismo na visão de Schumpeter 140
2.4 | O fim do capitalismo 142

Seção 3 - A inovação e o empreendedorismo 146


3.1 | A visão da escola austríaca sobre empreendedorismo 147
3.2 | O espírito empreendedor 148
3.3 | A concorrência perfeita 149
3.4 | Expoentes da Escola Austríaca no século XX 150

Seção 4 - Ideais schumpeterianos depois de Schumpeter 154


4.1 | Escola schumpeteriana após Schumpeter 154
Apresentação
Caro leitor, nesta obra você terá a oportunidade de conhecer a
Teoria do desenvolvimento econômico e ao estudá-la entenderá a
diferença entre crescimento e desenvolvimento econômico.

Uma das grandes capacidades do economista é conseguir


relacionar o passado com o presente e projetar o futuro. O
conhecimento do passado recente é fundamental para que
você consiga realizar análises e desenvolver competências para
compreender os cenários microeconômicos e macroeconômicos.

Dessa forma, o objetivo geral deste livro é oferecer aos leitores


os subsídios necessários para elaboração de um referencial teórico
sobre a Teoria do desenvolvimento econômico.

Para cumprir este objetivo, será necessário entender a evolução


do pensamento econômico na visão de Adam Smith, a relação
entre capital X trabalho no ponto de vista de Karl Marx, a intervenção
de Estado na economia, na ótica de John Maynard Keynes, e a
contribuição de Joseph Schumpeter.

Neste contexto, o conteúdo desta obra será composto de


quatro unidades:

Unidade 1 - Concepções teóricas e históricas do desenvolvimento.


Nela abordaremos as Contribuições da civilização Greco-romana
para a Teoria do pensamento econômico, o mercantilismo, a
Escola liberal e a consolidação do liberalismo econômico.

Unidade 2 - Desenvolvimento na concepção marxista. Nela


trataremos sobre a abordagem da Revolução Industrial na visão
de Marx, a abordagem marxista com relação ao capitalismo, o
socialismo e o comunismo, e o marxismo depois de Marx.

Unidade 3 - Malthus, Keynes e Kalecki. Nesta seção abordaremos


a Teoria do desenvolvimento econômico no final do século XIX
e início do século XX, os princípios fundamentais da economia
keynesiana, o trabalho realizado por Keynes após a Segunda
Guerra Mundial, e a Teoria keynesiana depois de Keynes.
Unidade 4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana.
Neste momento abordaremos o desenvolvimento na visão de
Schumpeter, o capitalismo sob o ponto de vista de Schumpeter,
a inovação e o empreendedorismo, e os ideais schumpeterianos
depois de Schumpeter.

Desejo a você uma boa leitura e muito sucesso!


Unidade 1

Concepções teóricas
e históricas do
desenvolvimento
Ademir Cavalheiro Leite

Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade abordaremos as concepções teóricas e históricas
do desenvolvimento, desde o ano 4.000 a.C. até o surgimento do
liberalismo econômico.

Seção 1 | Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do


pensamento econômico
Nessa seção serão abordados o segundo ciclo da história da humanidade
(ano 1.000 a. C. até o ano de 476 da era cristã), a expansão colonial grega, A
expansão comercial de Roma e a economia medieval.

Seção 2 | O mercantilismo
Nessa seção serão abordados o mercantilismo espanhol, o mercantilismo
inglês, o mercantilismo francês e a Escola fisiocrata.

Seção 3 | A Escola Liberal


Nessa seção serão abordados os princípios básicos da Revolução Industrial e
o nascimento da Escola Liberal de Adam Smith.

Seção 4 | Consolidação do liberalismo econômico


Nessa seção serão abordadas as contribuições de David Ricardo, Jean
Baptiste Say, John Stuart Mill e a implantação da Revolução Industrial nos
Estados Unidos.
Introdução à unidade
Os fatores de maior relevância que nortearam a evolução da Teoria
do desenvolvimento econômico serão observados nessa unidade
de estudo. Nossa abordagem obedecerá à ordem cronológica do
tempo, dentro de uma sequência em que os fatos históricos do
período aconteceram e está dividida em quatro seções.
Seção 1
Contribuições da civilização greco-romana para a
Teoria do pensamento econômico
Introdução à seção

Nesta seção veremos que a palavra economia foi utilizada pela


primeira vez na história pelo filósofo grego Xenofonte, saberemos que,
na Antiguidade, a economia era objeto de estudo da Filosofia e da ética
e que que a cunhagem do dinheiro foi adotada no século VII a.C.

Além disso, observaremos que na história da civilização de


Roma existem elementos que caracterizam vestígios do moderno
capitalismo, destacaremos que a contribuição romana para a Teoria
do desenvolvimento econômico não foi tão relevante quanto a
história da Grécia, que a expansão agrícola foi determinante para
alavancar o poderio do Império Romano e que o declínio da
prática da agricultura determinou a decadência de Roma e, por
fim, teremos a oportunidade de observar que a partir do século VIII
nasce o regime feudal.

Questão para reflexão


• Aristóteles estava correto quando criticou a escravidão e o
monopólio do Estado proposto por Platão?
• Existem semelhanças sociais do Império Romano com as
economias capitalistas do século XXI?

1.1 Contribuições da civilização greco-romana


para a Teoria do pensamento econômico
Desde o ano 4000 até o ano 1000 a.C., as civilizações mais antigas,
como Babilônia, China, Assíria, Mesopotâmia, Egito e outras, e os fatos
e os fenômenos econômicos não mereceram atenção especial por
serem considerados primitivos para a época.

A partir da civilização greco-romana, no ano 1000 a. C., de forma

12 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


embrionária, foram surgindo estudos sobre riqueza, valor econômico
e moeda.

Xenofonte, pensador grego (440-355 a. C.), foi o primeiro


a utilizar a expressão economia e econômico em sua
obra Os econômicos, que abordava a utilidade e as
riquezas econômicas da agricultura. Afirmava também
que a riqueza estava intimamente relacionada com as
necessidades humanas.

Ainda na Grécia, Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-


322 a.C.) deram suas contribuições. Platão defendia
uma ideia de Estado governado por filósofos, aprovava
a escravidão, propunha a diminuição das populações,
restringia o casamento entre os menos dotados de bens
ou fortunas e acreditava que velhos e crianças deficientes
eram considerados economicamente inúteis. (GASTALDI,
2005, p. 38)

Figura 1.1 | Platão

Fonte: <https://sites.google.com/site/teociencia/_/rsrc/1468759098769/web-desig/alma/socrateseplatao/plato1a.
jpg?height=200&width=150>. Acesso em: 21 fev. 2017.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 13


Aristóteles, em suas análises sobre a sociedade privada,
criticava a escravidão e o monopólio do Estado proposto
por Platão. Estudou as funções da moeda, como
intermediária de trocas em seu estudo sobre a teoria do
dinheiro. (GASTALDI, 2005, p. 39)

Figura 1.2 | Aristóteles

Fonte: <http://ano-zero.com/wp-content/uploads/sites/4/2015/02/Aristotle-6-1160x1195.jpg>. Acesso em:


21 fev. 2017.

É importante destacar que o uso da moeda foi inventado no


século VII a.C. no Reino da Lídia, localizada na Ásia menor. Na Grécia,
as moedas eram cunhadas com imagens de animais e plantas que
representavam a Ilha de Egina.

Figura 1.3 | Moedas da Grécia na Antiguidade

Fonte: <https://numismaticabentes.files.wordpress.com/2010/02/6.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2017.

1.2 Civilização grega


A civilização grega surgiu aproximadamente por volta no ano
1000 a.C. com elevado conceito de unidade política concebida por
seus filósofos. Atenas e Esparta eram as principais cidades.

14 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Com a expansão territorial grega, para o leste e o oeste da
área mediterrânea, o comércio foi intensificado com as ilhas
vizinhas, mas também com a África, Ásia Menor e Itália Ocidental.
O Mediterrâneo foi transformado em um mundo grego com a
presença de colônias instaladas na região.

A expansão colonial determinou elevado grau de desenvolvimento,


mas também aumentou os custos do governo que foi obrigado
a desencadear a criação de impostos e taxas alfandegárias. É
importante destacar que neste período, em termos de mão de obra,
predominava a escravatura.

O declínio da civilização grega começou com os conflitos


entre suas cidades-estados. Atenas sucumbiu no ano 404
a. C., Esparta em 371 a. C. e Tebas em 362 a. C. A guerra
entre Esparta e Coríntio foi uma luta sangrenta entre a
democracia e a oligarquia. (GASTALDI, 2005, p. 39)

Restam desta civilização muitos ensinamentos oriundos de


seus filósofos:

a) O comunismo utópico de Platão.

b) A análise sobre a sociedade privada de Aristóteles, contrária à


propriedade comunal preconizada por Platão.

c) Obras que retratam o apogeu de uma época, caso do


Parternon em Atenas.

Figura 1.4 | Partenon em Atenas

Fonte: <http://www.historialivre.com/imagens/300_partenon.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2017.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 15


1.3 Contribuição romana
A contribuição de Roma para o pensamento econômico ocidental
não pode ser comparada com a da Grécia, que é considerada
até hoje o berço da diversidade cultural (literatura, filosofia, artes,
política, entre outros).

Os romanos foram grandes estadistas, juristas e construtores


de impérios. Durante a Pax Romana, 31 a.C. a 180 de nossa era,
Roma teve a expansão do poderio político do Império com base nas
atividades agrícolas, porém foi o declínio da agricultura a principal
causa da queda do Império Romano.

É importante observar que existem grandes semelhanças sociais


do Império Romano com as economias do século XXI:

a) Grande acumulação de riquezas pessoais com desigualdades


sociais.

b) Magníficos templos e adornos, que podem ser observados na


Figura 1.5, construídos para exaltar o poder e a riqueza que existia
na época.

c) Utilização da arquitetura para exibir a grandiosidade do Estado.


Figura 1.5 | Coliseu de Roma

Fonte: <http://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2012/11/historia-da-roma-antiga.jpg>. Acesso em: 21


fev. 2017.

1.4 Economia medieval


Com a queda do Império Romano, em 476 a.C., teve início um
período que se estendeu por mil anos e ficou conhecido na história
da humanidade pelo nome de Idade Média.

16 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Foi durante a Idade Média que os povos bárbaros, considerados
não civilizados, passaram a ocupar parte do decadente território
governado por Roma.

Nesse contexto, povos de etnias diferentes (germanos, visigodos


e francos) se posicionaram na parte ocidental da Europa, enquanto
na parte sul do continente, os povos muçulmanos praticamente
fecharam a região do Mediterrâneo.

O novo cenário aumentou as necessidades políticas e


econômicas e foi decisivo para o nascimento dos futuros Estados
da Europa Ocidental.

O cristianismo nasceu com a queda de Roma e foi legalizado por


um decreto no ano 311. A legalização do decreto deu origem à era
cristã e fortaleceu as atividades da Igreja Católica.

O cristianismo trouxe um novo conceito de dignidade humana


pelo fato de condenar a escravatura e defender a fraternidade entre
os homens.

A nova realidade desaprovava a acumulação de riquezas e a


exploração dos menos afortunados. Tais ensinamentos, na época,
foram considerados revolucionários, pois eram totalmente diferentes
da doutrina greco-romana que era favorável à escravidão e contrária
aos princípios da dignidade do trabalho.

Nesse período, a Igreja passou a exercer grande influência


civilizadora, disseminando as artes e exaltando as virtudes do saber,
tornou-se proprietária de grandes áreas, criou mosteiros que eram
utilizados como centros de estudos e provocou o retorno da
população para o campo e para a área rural e, consequentemente,
o retorno ao trabalho no campo.

Muitos entendem que os dez séculos de Idade Média


caracterizaram uma fase obscura na história da humanidade.

O retorno da economia agrária a partir do século VIII valorizou a


posse da terra e deu origem ao regime feudal.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 17


1.5 Características do feudalismo
O feudalismo era caracterizado por propriedades, onde
os senhores feudais e os trabalhadores viviam diretamente da
produção do solo e da terra. Os feudos eram propriedades rurais
autossuficientes, porém econômica e politicamente subordinados à
autoridade do senhor feudal.

É importante destacar que o imperador, embora tivesse a missão


de dirigir o Estado, não tinha autonomia para intervir na autoridade
dos senhores feudais, considerados, na época, como legítimos
donos da terra que possuíam.
Figura 1.6 | Propriedade feudal

Fonte: <https://www.resumoescolar.com.br/wp-content/imagens/feudo.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2017.

Conforme pode ser observado na Figura 1.6, os senhores


feudais obtinham as terras, através da concessão do rei, e nelas
os camponeses cuidavam da agropecuária. Em troca, recebiam o
direito de propriedade de uma gleba de terra para morar e proteção
contra ataques de povos considerados bárbaros. As glebas de terra
ficavam do lado de fora das muralhas do feudo e o acesso era
realizado com a utilização de pontes móveis que eram recolhidas
em caso de ataques.

1.6 Importância social e econômica das Cruzadas


A história registra que as Cruzadas surgiram no ano de 1096, com
o objetivo de romper o domínio islamita na região do Mediterrâneo
e provocar a implantação do cristianismo na Palestina e Jerusalém.
Não cabe a nós discutir os motivos religiosos que desencadearam o

18 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


conflito e sim pontuar as mudanças que ocorreram, 4), a partir dele:

a) Ressurgiram as cidades e o modelo agrário da economia


feudal que predominou do ano 500 até o ano 1.000 cedeu lugar
para a economia urbana.

b) As populações que viviam isoladas nos feudos passaram a ter


intercâmbio com outros povos da região.

c) Surgiram as grandes feiras medievais ao lado dos mosteiros e


para a época eram considerados verdadeiros centros comerciais.

d) Nasceram regras e leis reguladoras das trocas voltadas


para crédito, empréstimos e câmbio.

e) Nessa fase, passaram a emergir características do Estado


moderno, consideradas pelos historiadores como a gênese do
capitalismo, pelo fato da economia de escambo ter sido substituída
pela economia monetária.

f) A Igreja se faz presente com seus princípios de justiça comutativa,


prescrevendo regras para os compradores e vendedores.

g) No contexto de justiça comutativa, as mercadorias deveriam


ser comercializadas com preços próximos aos custos de produção.

h) Os salários de quem contribuía com o setor produtivo deveriam


garantir a sobrevivência do trabalhador.

i) Os lucros deveriam ser justos, reprimindo excessos.

j) Com o desenvolvimento do comércio, nasceu o incentivo para


atividades manufatureiras.

Para saber mais


Você observou que desde os primórdios da humanidade até o
período medieval existiram apenas regimes políticos absolutistas?

1.7 Algumas considerações


a) Na Idade Média, conhecida como período medieval, com a queda
do feudalismo surge um esboço do que seria a economia capitalista.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 19


b) As Cruzadas, conforme pode ser observado na Figura 1.7,
romperam o domínio muçulmano no Mediterrâneo e ampliaram
as possibilidades dos feudos de comercializarem seu excedente de
produção.

c) O intercâmbio comercial entre os feudos criou condições para


o surgimento de novas cidades e ao mesmo tempo o renascimento
da economia urbana.

d) A economia monetária substituiu a economia natural do


escambo.

Figura 1.7 | Cruzadas medievais

Fonte: <http://cleofas.com.br/wp-content/uploads/2011/02/cruzadas01.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2017.

1.8 Corporações de artes e ofícios


As Cruzadas criaram condições para a existência de um
intercâmbio comercial mais intenso com a Ásia menor e norte da
África. Apesar da expansão comercial, a relação capital x trabalho
ainda era confusa, pois o relacionamento entre patrões, mestres e
trabalhadores era de extrema fraternidade. Era comum o trabalhador
morar na casa do mestre, posteriormente, com um possível
casamento se tornar parte da família.

Nesse cenário, as corporações de artes e ofícios eram semelhantes


às empresas familiares existentes nos dias de hoje. O comércio já
era realizado por meio do dinheiro, os empréstimos faziam parte do
cotidiano e um sistema rudimentar de contabilização do patrimônio
já existia.

20 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


1.9 A doutrina canônica
A partir dos séculos XI e XII, as atividades econômicas foram
significativamente afetadas pela doutrina canônica da Igreja, fruto
do escolasticismo (foi o método de pensamento crítico dominante
no ensino nas universidades medievais europeias).

O pensamento escolástico teve como expoentes maiores


as figuras do Santo Tomás de Aquino (1225 - 1274) e
Nicolau Oresmo (1320 - 1382). Ambos defenderam a
aceitação da filosofia e das ciências gregas e muçulmanas,
especialmente a de Aristóteles. Adotaram um método
dialético e um raciocínio silogístico (conexão de ideias
que desencadeia o raciocínio) para apresentar suas
doutrinas, reconciliando a fé com a razão e organizando
todos os conhecimentos dentro da Teologia que era a
autoridade suprema. (GASTALDI, 2005, p. 46)

Na doutrina e filosofia dos escolásticos, é possível identificar a


codificação de leis e regras que iriam balizar por muitos séculos
as transações comerciais e a atividade econômica dos homens
independentemente de religião. São Tomás de Aquino primou por
reconciliar o dogma teológico com a condição da vida econômica.

A partir da obra dos escolásticos e consequente aplicação


na Idade Média, a doutrina econômica, após o século
XII, passou a estratificar os princípios que nortearam o
moderno capitalismo.

Figura 1.8 | São Tomás de Aquino

Fonte: <https://goo.gl/jsK6a1>. Acesso em: 23 fev. 2017.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 21


Atividades de aprendizagem
1. Observe as afirmativas a seguir:
I- A partir da civilização greco-romana no ano 1000 a.C., de forma
embrionária, foram surgindo estudos sobre riqueza, valor econômico e
moeda.
II- O cristianismo nasceu com a queda de Roma e foi legalizado por um
decreto no ano 341.
Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2. Em suas análises sobre a sociedade privada, criticou a escravidão e o


monopólio do Estado. A afirmativa da questão retrata o pensamento de:

a) Xenofonte.
b) Platão.
c) Aristóteles.
d) Pitágoras.
e) São Tomás de Aquino.

22 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Seção 2
O mercantilismo
Introdução à seção

Nesta seção, veremos que o enfraquecimento do sentimento


religioso criou condições para o nascimento das nações modernas
e monarquias absolutas.

Constataremos que a fase do mercantilismo ocorreu em


decorrência do crescimento do capitalismo comercial.

Além disso, estudaremos os grandes descobrimentos,


observaremos que o mercantilismo predominou até o início
do século XVII, bem como teremos a oportunidade de saber
que existiu, concomitantemente, o mercantilismo espanhol, o
mercantilismo inglês e o mercantilismo francês e observaremos
que o mercantilismo francês, que era industrialista, foi diferente do
mercantilismo inglês, predominantemente comercialista.

Ainda nessa seção, veremos que, para os fisiocratas, somente a


terra ou a natureza representavam um fator econômico produtivo,
teremos a oportunidade de observar que François Quesnay foi o
fundador da fisiocracia e por muitos é considerado o precursor da
economia científica, entenderemos que ele foi o primeiro expoente
da escola fisiocrata a considerar os fatos e fenômenos econômicos
de modo unitário e que foi médico de profissão, um dos primeiros
precursores da economia a se preocupar com a circulação das
riquezas. Por fim, entenderemos que fisiocratas viam grandes
possibilidades de desenvolvimento econômico se os investimentos
fossem realizados nos bens oriundos da natureza.

Questão para reflexão


• Qual é a relação existente no período do nascimento do
capitalismo, entre a acumulação do capital e o surgimento
da figura do empresário?

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 23


Questão para reflexão
• As monarquias consideradas absolutas tiveram participação
direta com financiamentos aos grandes descobrimentos?

2.1 A criação das nações modernas e das


monarquias absolutas
Com a descoberta das terras da América, a estrutura social,
econômica e política do século XVI passou por profunda transformação.
Nesse contexto surgiram novos conceitos comerciais e industriais.

O enfraquecimento do sistema religioso abriu espaço para a criação


das nações modernas, das monarquias absolutas e proporcionou o
início do capitalismo contemporâneo. Foi nesse período que ocorreu
a intensificação do crescimento do capitalismo comercial e do
capitalismo industrial.

Os novos métodos de acumulação do capital desencadeados pelo


crescimento do comércio internacional deram origem ao surgimento
da figura do empresário, responsável pela criação de novos processos
de produção que colocaram as organizações comerciais e industriais
como base da atividade econômica.

O novo contexto desencadeou a necessidade de dezenas de


regulamentos, com o objetivo de disciplinar as atividades da indústria e do
comércio. A doutrina mercantilista que tinha como base o superávit na
balança comercial exigia dos países um volume de exportações superior
ao volume de importações, tanto no aspecto físico como no monetário.

Figura 1.9 | Embarcação do período mercantilista

Fonte: <http://www.coladaweb.com/wp-content/uploads/2014/12/Expansao-Maritima.png>. Acesso em: 24 fev. 2017.

24 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Foram as embarcações do período mercantilista e os
investimentos das monarquias absolutas os principais responsáveis
pelos grandes descobrimentos. O primeiro grande passo para a
expansão comercial do período mercantilista foi dado por Cristóvão
Colombo que, em 12 de outubro de 1942, descobriu a América.
Figura 1.10 | Embarcação do período mercantilista

Fonte: <https://historiabatecabeca.files.wordpress.com/2012/10/columbus.jpg?w=300&h=225>. Acesso em:


22 fev. 2017.

Colombo acreditava que navegando da Europa sempre


para o oeste chegaria ao Oriente. Jamais imaginou
que entre os dois extremos encontraria o continente
americano. (MOCELLIN, 1987, p. 33)

A descoberta da América mudaria o rumo da história dos séculos


que estavam por vir e promoveu o desenvolvimento econômico,
além do imaginado pelo pessoal da época.

O segundo grande passo para a expansão e o desenvolvimento


mercantilista, foi dado por Vasco da Gama, que após navegar por
toda costa do Atlântica da África, chegou, em 20 de maio de 1498, na
cidade de Calicute, nas Índias.
Figura 1.11 | Vasco da Gama

Fonte: <https://goo.gl/COHFhM>. Acesso em: 22 fev. 2017.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 25


Para saber mais
Você sabia que o projeto da viagem consolidado por D. Manuel
I, que via no monopólio das rotas marítimas para as Índias a
possibilidade de dominar o comércio com o Oriente, foi
idealizado pelo seu antecessor D. João II?

O terceiro grande passo para a expansão do desenvolvimento


mercantilista foi dado em 22 de abril de 1500 com a chegada de
Pedro Álvares Cabral no Brasil.

Figura 1.12 | Pedro Álvares Cabral

Fonte: <http://www.achetudoeregiao.com.br/atr/gifs/cabral_foto.gif>. Acesso em: 22 fev. 2017.

2.2 A concepção do mercantilismo


O mercantilismo tem seu nome oriundo da palavra latina mercator
(mercador), uma vez que utilizava o superávit comercial como base
para os aumentos das riquezas.

Na concepção mercantilista, os metais preciosos eram de


fundamental importância para a riqueza nacional e os países que
possuíam reserva de metais (ouro e prata) eram considerados ricos, e
os que não possuíam eram considerados pobres.

Nesse contexto, cada país trabalhava o mercantilismo de forma


diferente:

a) Mercantilismo espanhol via na acumulação de metais a base


da sua riqueza e preocupado com evasão de divisas, proibia a
exportação de lingotes de ouro.

26 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


b) Mercantilismo inglês procurava obter o balanço mercantil
favorável com o incentivo das exportações por meio de contratos de
importações, com cláusulas obrigando o país vendedor a adquirir algum
tipo de produto inglês para equilibrar o sistema. Dessa forma, com as
importações, os ingleses seriam obrigados a efetuar o pagamento em
ouro e em contrapartida, pela existência das cláusulas nos contratos,
com as exportações receberiam a mesma quantia de volta. Em suma, os
contratos de importação e exportação caracterizavam o que podemos
chamar de operação casada.

c) Mercantilismo francês é considerado industrialista pelo fato


de estimular a indústria interna por meio de monopólios estatais.
Com essa estratégia, a França pretendia, com a venda de produtos
industrializados, obter moeda metálica sem necessariamente se
desfazer de suas reservas de ouro.
Figura 1.13 | Lingotes de ouro

Fonte: <https://goo.gl/OSsX0K>. Acesso em: 22 fev. 2017.

É importante destacar que a busca desenfreada por metais preciosos


no período mercantilista, levou as principais potências europeias a
desencadearem um processo de exploração de metais preciosos nas
colônias da América do Sul, acima do nível que poderiam suportar.

Podemos dizer que o objetivo direto da política


econômica mercantilista, no século XVII, era consolidar
o Estado nacional, mas, na realidade, conforme podemos
observar na Figura 1.14, quem acabou acumulando
riquezas foi a burguesia representada pelos comerciantes,
que mais tarde seriam os responsáveis pelo nascimento
das indústrias e consequentemente do capitalismo.
(CÁCERES, 1980, p. 24)

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 27


Figura 1.14 | Burguesia mercantilista

Fonte: <https://image.slidesharecdn.com/burguesiaeproletariado-120517122853-phpapp02/95/
burguesia-e-proletariado-3-728.jpg?cb=1337257883>. Acesso em: 24 fev. 2017.

2.3 Os fisiocratas
Fisiocracia significa governo da natureza. Para os fisiocratas, apenas
a terra ou a natureza representavam um fator econômico produtivo.
Foi o primeiro sistema científico em economia que substituiu
o empirismo dos mercantilistas e representou o individualismo
econômico, gerador do liberalismo capitalista.

A Escola fisiocrata teve como principal expoente François Quesnay


(1694 - 1774), que foi um dos primeiros precursores da economia a se
preocupar com a circulação das riquezas.
Figura 1.15 | François Quesnay

Fonte: <https://goo.gl/msbVjH>. Acesso em: 18 abr. 2017.

28 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- A doutrina mercantilista, que tinha como base o superávit na balança


comercial, exigia dos países um volume de exportações superior ao volume
de importações, tanto no aspecto físico como no monetário.
II- Foram as embarcações do período mercantilista e os investimentos
das monarquias absolutas os principais responsáveis pelos grandes
descobrimentos.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2 Observe as afirmativas a seguir:

I- Na concepção mercantilista, os metais preciosos eram de fundamental


importância para a riqueza nacional e os países que possuíam reserva de
metais (ouro e prata) eram considerados ricos, e os que não possuíam
eram considerados pobres.

II- A escola fisiocrata teve como principal expoente Vasco da Gama (1694-
1774), que foi um dos primeiros precursores da economia a se preocupar
com a circulação das riquezas.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 29


Seção 3

A escola liberal
Introdução à seção

Nesta seção, veremos que a Revolução Industrial é considerada, na


história, como o período revolucionário dos processos de produção,
saberemos que a base dela foi a transição de métodos de produção
artesanal para a produção com a utilização de máquinas e que
modificou a relação capital x trabalho e observaremos que o avanço da
revolução provocou o êxodo rural e deslocou de forma desordenada
os camponeses da zona rural para os grandes centros urbanos.

Além disso, teremos a oportunidade de saber que com a Revolução


Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo,
uma vez que passaram a trabalhar para empresas maiores que as
de manufatura e corporações de ofícios existentes na época, que a
produção de produtos manufaturados aumentou de forma exponencial
e entenderemos que o fato da revolução ter existido desencadeou o
início da Teoria do pensamento econômico liberal.

Ainda nessa seção, veremos que o pensamento liberal tem


Adam Smith como grande precursor, teremos a oportunidade de
observar que a Teoria clássica liberal não aceitava a intervenção do
governo nos assuntos econômicos, que a base do pensamento de
liberal de Adam Smith se tornou popularmente conhecida com a
publicação da obra A riqueza das nações e teremos a oportunidade
de constatar que, após a divulgação dessa obra, a economia passou
a ser estudada de forma individual, deixando de ser objeto de estudo
da Filosofia e da ética.

Para finalizarmos, constataremos que a visão de Adam Smith era


totalmente voltada para a livre iniciativa, bem como abordaremos a
importância das leis de mercado (oferta e procura) e narraremos os
fatos de maior relevância do liberalismo econômico.

30 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Para saber mais
• É correto afirmar que a Revolução Industrial alterou o
curso mundial dos transportes, comunicação, produção
e agricultura?
• Podemos afirmar que o livro A Riqueza das Nações escrito
por Adam Smith é um tratado abrangente sobre as questões
econômicas que vão desde as leis de mercado, aspectos
monetários, até a distribuição do rendimento da terra?

3.1 A Revolução Industrial


No período entre 1760 e 1840, novos métodos de produção
foram inseridos no contexto produtivo, a ponto de alavancar a
produção de um nível considerado mediano para um patamar
considerado revolucionário. Nesse contexto, surgiram máquinas que
iriam modificar o cotidiano dos habitantes do campo e da população
dos grandes centros urbanos.

A energia a vapor que era utilizada no período mercantilista nas


locomotivas e nas embarcações fluviais migrou para as máquinas,
elevando de maneira significativa a produção no campo, com o
descaroçador de algodão, e nas cidades, com as linhas de montagem.

Figura 1.16 | Descaroçador de algodão

Fonte: <http://img.aws.ehowcdn.com/intl-620/ds-photo/getty/article/110/36/92844181.jpg>. Acesso


em: 24 fev. 2017.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 31


A presença do maquinário no campo foi aos poucos provocando
desemprego na área rural, em contrapartida, o surgimento de novas
fábricas no perímetro urbano abriu espaço para que a mão de obra
descartada em um setor pudesse migrar para outro.

Figura 1.17 | Linha de montagem

Fonte: <http://img.aws.ehowcdn.com/intl-620/ds-photo/getty/article/81/231/92846092.jpg>. Acesso


em: 24 fev. 2017.

3.2 Invenções que revolucionaram o desenvolvimento


econômico de uma época
A Revolução Industrial alterou o curso mundial dos transportes,
comunicação, produção e agricultura. Podemos afirmar que o
crescimento rápido e as mudanças que ocorreram na época foram
impulsionados por incontáveis invenções.

Figura 1.18 | Telégrafo

Fonte: <https://museudecacule.files.wordpress.com/2016/05/telegrafo.jpg>. Acesso em: 24 fev. 2017.

32 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


O telégrafo para a época foi de fundamental importância para a
realização da comunicação de longa distância. Seria nos dias de hoje,
algo parecido com o e-mail ou até mesmo a internet. Foi espetacular
no processo de alavancagem do desenvolvimento socioeconômico.

Figura 1.19 | Telégrafo

Fonte: <http://img.aws.ehowcdn.com/intl-620/ds-photo/getty/article/3/42/AA009677.jpg>. Acesso em: 24


fev. 2017.

"Sr. Watson, venha aqui, eu quero vê-lo" é uma das mais


famosas frases da Revolução Industrial e assinalou uma nova era nas
comunicações. Alexander Graham Bell é creditado por ter inventando
o telefone, em 1876.

3.3 Êxodo rural


O desemprego provocado pela automação no campo deslocou
parte da população rural de muitos países da Europa para a região
considerada urbana, que não estava preparada para receber tamanho
contingente populacional. O que no início foi um grande problema,
transformou-se no grande desafio para o desenvolvimento da
administração pública. Conceitos de infraestrutura em geral tiveram
que ser revistos.
Figura 1.20 | Motor de combustão interna

Fonte: <http://kids.pplware.sapo.pt/wp-content/uploads/2016/11/pplware_motor_combustao.jpg>.
Acesso em: 24 fev. 2017.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 33


O motor de combustão interna, que pode ser visto na Figura 1.20,
revolucionou o sistema de transportes e também o setor industrial,
pois foi utilizado com sucesso nos veículos automotores e também
para impulsionar máquinas que antes de seu aparecimento eram
movidas a vapor.

O termo revolução não surgiu por acaso. As invenções do período


da Revolução Industrial modificaram totalmente a visão de mundo. A
invenção do processo de transformar ferro em aço e, principalmente,
o descobrimento da energia elétrica deram uma nova roupagem
ao mundo que ficou bem diferente em um espaço de tempo de
aproximadamente um século (1776 a 1876).

Figura 1.21 | Cidade industrial com suas chaminés

Fonte: <https://historiandonanet07.files.wordpress.com/2015/09/revolucao-industrial-20040711a.jpg>.
Acesso em: 24 fev. 2017.

3.4 Adam Smith (1723 - 1790)

É considerado o pai do liberalismo econômico e


autor da obra A riqueza das nações, na qual procurou
demonstrar que a riqueza dos países tinha relação
direta com os indivíduos, que movidos exclusivamente
pelos seus próprios interesses poderiam promover o
desenvolvimento econômico e a inovação tecnológica.
O livro é um tratado abrangente sobre as questões
econômicas que vão desde as leis de mercado (oferta
e procura), aspectos monetários, até a distribuição do
rendimento da terra. (LEITE, 2007, p. 3)

34 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Figura 1.22 | Adam Smith

Fonte: <http://abdet.com.br/site/wp-content/uploads/2015/01/adam-smith.jpg>. Acesso em: 24 fev. 2017.

Adam Smith era contra a intervenção do Estado na economia, pois


acreditava que os governos outorgavam privilégios a uma minoria
em detrimento dos interesses da maioria. Em seu livro A riqueza das
nações, destacou que, durante a Revolução Industrial, os países que se
industrializaram de forma mais rápida obtiveram resultados comerciais
superiores aos países que trabalharem com processo produtivo de
maneira mais lenta.

Com essa observação, acreditava que a base das riquezas das


nações estava diretamente relacionada com o processo industrial
e, nesse contexto, afirmava que um país apenas seria rico se
fosse industrializado. 4), Smith se fundamentou em algumas
compreensões para criar os conceitos da Teoria liberal:

a) Acreditava que apenas as leis de mercado, consideradas


por ele como mão invisível, seriam capazes de orientar todos os
agentes econômicos sem a necessidade da atuação do Estado.

b) Seus argumentos baseavam-se na livre iniciativa (Laissez-


faire), e considerava que a causa da riqueza das nações, além da
criação de indústrias, tinha como base o valor do trabalho humano.

c) Aceitava naturalmente a ampliação dos mercados e a via


como fator determinante para o desenvolvimento econômico.

d) Tinha convicção de que o papel do Estado na economia,


deveria se restringir apenas às necessidades do bem social (saúde,
segurança e educação).

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 35


e) Acreditava que a defesa do mercado, como regulador das
decisões econômicas de uma nação, traria muitos benefícios para
a coletividade independentemente da ação do Estado.

f) Os fatores decisivos para o aumento da produção estavam


na divisão do trabalho e para que isso pudesse ocorrer com
eficiência, os trabalhadores deveriam ser especializados em
algumas tarefas. A aplicação desse princípio promoveu um
aumento da destreza pessoal, economia de tempo e condições
favoráveis para o aperfeiçoamento e invenção de novas máquinas
e processos de produção.

g) Com essa nova concepção, acreditava que o desenvolvimento


econômico apenas poderia ocorrer com a divisão do trabalho estimulada
pela troca em um contexto de ampliação de mercados. Dessa forma,
para que a riqueza pudesse ser incrementada, seria necessário ampliar os
mercados com a atuação única e exclusiva da iniciativa privada.

h) A ideia central do autor relatada no livro A riqueza das


nações é de que os mercados considerados caóticos, na
realidade, eram possíveis de serem organizados e para isso
ocorrer com perfeição bastaria apenas a não intervenção do
governo nos assuntos econômicos.
Existe consenso de que a
Figura 1.23 | Livro A riqueza das Teoria econômica, de forma
nações, publicado no Brasil sistematizada, teve seu início
com a publicação da obra de
Adam Smith, em 1776.

Antes do autor, a atividade


econômica era estudada
e tratada como parte
integrante da Filosofia
social, da moral e da ética.
Somente após a sua obra,
teve início um estudo
sistemático de tudo o que
existe em quantidades
limitadas na face da terra.
Fonte: <https://sebodomessias.com.br/imagens/ (LEITE, 2007 p. 3)
produtos/1/18502_377.jpg>. Acesso em: 25 fev. 2017.

36 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Para saber mais
Você sabia que Adam Smith era escocês e trabalhou na
alfândega da Escócia?

A partir do momento que a economia passou a ser estudada de


forma individual e tratada como ciência, pela existência de metodologia,
o arcabouço teórico precisou do suporte de vários personagens que
estudaram o trabalho de Adam Smith.

O somatório das obras de vários autores que escreveram após o


falecimento de Adam Smith deu origem ao que é conhecido até os
dias de hoje como a Escola do pensamento liberal.

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:
I- O desemprego provocado pela automação no campo deslocou parte da
população rural de muitos países da Europa para a região considerada urbana,
que não estava preparada para receber tamanho contingente populacional.
II- O motor de combustão interna revolucionou o sistema de transportes
e também o setor industrial, pois foi utilizado com sucesso nos veículos
automotores e também para impulsionar máquinas que antes de seu
aparecimento eram movidas a vapor.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento econômico.

2 Observe as afirmativas a seguir:


I- Para Smith, os fatores decisivos para o aumento da produção estavam
na divisão do trabalho e, para que isso pudesse ocorrer com eficiência, os
trabalhadores deveriam ser especializados em algumas tarefas. A aplicação
desse princípio promoveu um aumento da destreza pessoal, economia
de tempo e condições favoráveis para o aperfeiçoamento e invenção de
novas máquinas e processos de produção.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 37


II- A ideia central de Smith relatada no livro A riqueza das nações é de
que os mercados considerados caóticos, na realidade, eram impossíveis
de serem organizados.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento econômico.

38 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Seção 4

Consolidação do liberalismo econômico


Introdução à seção

Nesta seção, veremos que o arcabouço teórico da Escola liberal


foi complementado pelos sucessores de Adam Smith, que a base do
pensamento liberal contou com a colaboração de David Ricardo, veremos
que o dogma “a oferta é responsável pela criação da demanda”, criado por
Jean Baptiste Say, foi a base do pensamento liberal por quase meio século
e observaremos a importância do trabalho de John Stuart Mill.

Além disso, teremos a oportunidade de saber qual era a grande


preocupação de Thomas Malthus com o destino da humanidade,
observaremos a contribuição de Johann Heinrich von Thünen e o trabalho
de Anne Robert Jacques Turgot e teremos a oportunidade de observar
que a perseguição dos protestantes pela Igreja católica no século XVIII,
deslocou parte da população da Europa, detentora do conhecimento da
Revolução Industrial para os Estados Unidos.

Ainda nessa seção, observaremos a coincidência da Independência


dos Estados Unidos ter ocorrido no mesmo ano em que foi lançado
o livro A riqueza das nações, de Adam Smith, teremos a oportunidade
de observar a maneira como a Revolução Industrial foi introduzida na
América do Norte.

Constataremos que sem a ocorrência da Inquisição a Revolução


Industrial não teria chegado tão depressa aos Estados Unidos, bem
como abordaremos a introdução da Revolução Industrial no norte dos
Estados Unidos e finalizaremos narrando os fatos de maior relevância da
consolidação do liberalismo econômico.

Para saber mais


• Thomas Malthus estava correto ao afirmar que um dos
males da sociedade esta no excesso populacional?

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 39


Questão para reflexão
• John Stuat Mill foi na realidade o personagem que
consolidou o pensamento econômico liberal de Smith?

4.1 Precursores do pensamento liberal


A partir do momento em que a economia passou a ser estudada
de forma individual, em razão do valioso trabalho de Adam Smith, o
arcabouço teórico da Teoria do liberalismo econômico precisava
ser complementado e alguns expoentes da Escola liberal deram
suas contribuições.

Figura 1.24 | Jean Baptiste Say (1768 - 1873)

Fonte: <https://goo.gl/j29BdG>. Acesso em: 18 abr. 2017.

Jean Baptiste Say, economista francês, ampliou a obra de


Smith, observando que os novos mercados precisavam de muitos
produtos que as manufaturas e corporações de ofício da época não
conseguiam ofertar.

A Revolução Industrial estava em seu período inicial, em virtude


da não existência da energia elétrica e a matriz energética da
época estava apoiada na presença do carvão mineral e maquinário
movido a vapor.

40 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Observando essa realidade, Jean Baptiste Say fez uma afirmação
que norteou os estudos econômicos por quase meio século, “A oferta
é a grande responsável pela criação da procura” (VASCONCELLOS,
2013, p. 17).
Figura 1.25 | David Ricardo (1772 - 1823)

Fonte: <http://www.harnish.org.uk/david_ricardo.jpg>. Acesso em: 25 fev. 2017.

David Ricardo é outro expoente do período clássico da


economia. Partindo das ideias de Smith, desenvolveu alguns modelos
econômicos com grande potencial analítico e analisou, entre outras
coisas, o comércio entre as nações e quais deveriam ser os produtos
comercializados por elas.

Esse estudo ficou conhecido pelo termo vantagens


comparativas. Segundo Ricardo essa teoria demonstrava que
duas nações poderiam se beneficiar mutuamente do livre
comércio produzindo e ofertando produtos que exigissem
menor esforço produtivo de cada uma. (LEITE, 2007, p. 4)

Como exemplo podemos afirmar que o Brasil tem vantagem


comparativa em relação ao Iraque no agronegócio e o Iraque tem
vantagem comparativa em relação ao Brasil em se tratando de
extração do petróleo.

O grande problema do beneficiamento mútuo está relacionado


com o preço dos produtos que irão fazer parte da pauta de importação.
Atualmente, a relação comercial entre Brasil e Argentina obedece aos

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 41


princípios propostos por David Ricardo. O Brasil exporta automóveis e
eletrodomésticos pelo fato de possuir um parque industrial específico
para a fabricação desses produtos e importa trigo, pelo fato da
Argentina possuir clima adequado para esse tipo de cultura.

Figura 1.26 | Anne Robert Jacques Turgot (1727 - 1781)

Fonte: <https://phantichkinhte123.files.wordpress.com/2015/04/turgot.jpg >. Acesso em: 25 fev. 2017.

Defendeu o livre comércio e interdependência entre


diferentes classes socioeconômicas e foi ministro
geral das finanças do rei Luiz XVI na França em 1774.
(VASCONCELLOS, 2013, p. 18)

Figura 1.27 | Thomas Malthus (1766 - 1834)

Fonte: <https://goo.gl/C0rKiQ>. Acesso em: 18 abr. 2017.

42 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Para Malthus a causa de todos os males da sociedade
residia no excesso populacional, ele observou que a
população crescia em progressão geométrica e os
alimentos em progressão aritmética. Seguindo a lógica,
a produção de alimentos seria inferior ao número de
habitantes. (VASCONCELLOS, 2013, p. 18)

Figura 1.28 | Johann Heinrich von Thunen (1783 - 1850)

Fonte: <https://goo.gl/eA0U6c>. Acesso em: 25 fev. 2017.

Foi autor da Teoria da localização. Thunen defendia a tese


de que os produtos considerados perecíveis deveriam ficar
o mais próximo possível dos centros de consumo. Dessa
maneira, poderiam chegar aos grandes centros urbanos
com menor custo de transporte e com boa qualidade,
eliminando a possibilidade de desperdício. Essa abordagem
inspirou vários gestores do planejamento logístico de
transportes e produtores de produtos perecíveis em geral.
(LEITE, 2007, p. 4)

Figura 1.29 | John Stuart Mill (1806 - 1873)

Fonte: <https://goo.gl/s86WRf>. Acesso em: 25 fev. 2017.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 43


John Stuart Mill foi o sintetizador do pensamento clássico
e solidificou o trabalho exposto por seus antecessores.
Ele praticamente foi o consolidador do pensamento
econômico liberal. (VASCONCELLOS, 2013, p. 18)

4.2 Migração europeia para os Estados Unidos


No século XVII ocorreram perseguições da Igreja Anglicana (religião
cristã da Inglaterra) contra os protestantes. Para fugir dos conflitos,
grande parte da população optou por deixar o continente europeu em
busca de oportunidades nos Estados Unidos.

O processo de migração e consequente chegada dos protestantes


no novo continente deslocou parte da tecnologia da Revolução
Industrial europeia para a América do Norte. A chegada dos imigrantes
europeus modificou a estrutura socioeconômica dos Estados Unidos
com a implantação de indústrias no norte do país.

Nesse contexto, a Revolução Industrial deixou de ser um fato


exclusivo dos países europeus e alavancou o desenvolvimento da
economia norte-americana.

Figura 1.30 | Abraham Lincoln

Fonte: <https://geografiam.files.wordpress.com/2015/01/011-lincoln_gettysburgaddress.jpg>. Acesso em:


25 fev. 2017.

Durante o governo do presidente Abraham Lincoln, o desequilíbrio


econômico dos estados do norte (industrializados) com os estados do
sul (essencialmente agrícolas), desencadearam um conflito armado
conhecido como Guerra da Secessão (1861 -1865).

44 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


A guerra unificou o país, deslocou a tecnologia da Revolução
Industrial para o sul e transformou os Estados Unidos em uma grande
potência capitalista.

Para saber mais


Você sabia que um dos argumentos de Lincoln, para
desencadear a Guerra da Secessão foi a libertação dos escravos
nos estados do sul do país?

4.3 Fatos de maior relevância do liberalismo


econômico
a) Fim da intervenção do Estado nos assuntos econômicos.

b) A defesa da livre iniciativa.

c) Defesa da livre concorrência.

d) Surgimento da divisão do trabalho.

e) O nascimento do capitalismo.

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- Jean Baptiste Say fez uma afirmação que norteou os estudos econômicos
por quase meio século, “A oferta é a grande responsável pela criação da
procura”. Essa afirmação ficou conhecida pelo termo “A Lei de Say”.
II- Para Malthus, a causa de todos os males da sociedade residia no
excesso populacional. Observou que a população crescia em progressão
geométrica e os alimentos em progressão aritmética. Seguindo lógica, a
produção de alimentos seria inferior ao número de habitantes.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento econômico.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 45


2 Observe as afirmativas a seguir:

I- Johann Heinrich von Thunen defendia a tese de que os produtos


considerados perecíveis deveriam ficar o mais próximo possível dos
centros de consumo. Dessa maneira, poderiam chegar aos grandes centros
urbanos com menor custo de transporte e com boa qualidade, eliminando
a possibilidade de desperdício. Essa abordagem inspirou vários gestores do
planejamento logístico de transportes e produtores de produtos perecíveis
em geral.
II- John Stuart Mill defendeu o livre comércio e a interdependência entre
diferentes classes socioeconômicas e foi ministro geral das finanças do rei
Luiz XVI na França em 1774.

Assinale a alternativa correta:


a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.
b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento econômico.

Fique ligado
Durante todo período medieval os governos eram autocráticos e
as atividades econômicas se comparadas com os dias de hoje, eram
desenvolvidas de forma rudimentar. Com base nessa afirmação, faça
uma reflexão sobre a importância do surgimento do Mercantilismo
e da Revolução Industrial com relação à importância que esses dois
períodos tiveram para a teoria do desenvolvimento econômico.

Para concluir o estudo da unidade


Espero que você tenha observado nessa unidade, a extensão
do período em que os seres humanos, viveram distantes do que
podemos chamar de mundo civilizado. A estrutura socioeconômica
que conhecemos nos dias de hoje, apesar da existência das
desigualdades sociais, começou a tomar forma com a introdução do
capitalismo que surgiu em decorrência do nascimento da Revolução
Industrial e ao mesmo tempo com a contribuição de expoentes da
economia, como Adam Smith, David Ricardo e outros. Posso afirmar
que o século XVIII, foi o período das grandes mudanças e que sem as

46 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


mesmas, a economia do século XXI, não estaria no estágio em que
se encontra.

Atividades de aprendizagem da unidade


1- Observe as afirmativas da questão:

I - Platão defendia uma ideia de Estado governado por filósofos, aprovava a


escravidão, propunha a diminuição das populações, restringia o casamento
entre os menos dotados de bens ou fortunas e acreditava que velhos e
crianças deficientes eram considerados economicamente inúteis.
II - Aristóteles em suas análises sobre a sociedade privada criticava a
escravidão e o monopólio do Estado, proposto por Platão. Estudou as
funções da moeda, como intermediária de trocas em seu estudo sobre a
teoria do dinheiro.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento econômico.

2- Observe as afirmativas da questão:

I - O feudalismo era caracterizado por propriedades, onde os senhores


feudais e os trabalhadores viviam diretamente da produção do solo e da
terra.
II - Os feudos eram propriedades rurais autossuficientes, porém econômica
e politicamente, subordinados a autoridade do senhor feudal.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 47


3- Observe as afirmativas da questão:

I - O Cristianismo nasceu com a queda de Roma e foi legalizado por um


decreto no ano 811.
II - A legalização do decreto do ano 811 deu origem à era Cristã e fortaleceu
as atividades da Igreja Católica.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

4- Observe as afirmativas da questão:

I - Colombo acreditava que navegando da Europa sempre para o Oeste


chegaria ao Oriente. Jamais imaginou que entre os dois extremos
encontraria o continente americano.
II - O segundo grande passo para a expansão e desenvolvimento
mercantilista, foi dado por Pedro Álvares Cabral, que após navegar por
toda costa do Atlântica da África, chegou em 20 de maio de 1948, na
cidade de Calecute, nas Índias.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

48 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


5- Observe as afirmativas da questão:

I - Para os fisiocratas apenas a terra ou a natureza, representavam um fator


econômico produtivo.
II - A escola fisiocrata teve como principal expoente Adam Smith, que
foi um dos primeiros precursores da economia a se preocupar com a
circulação das riquezas.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico 49


Referências
CÁCERES, F. História da América. São Paulo: Moderna, 1980.
LEITE, A. C. Educação sem fronteiras. Campo Grande: UNIDERP, 2007.
MOCELLIN, R. História crítica da nação brasileira. São Paulo: Do Brasil, 1987.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia.
São Paulo: Saraiva, 2003.

50 U1 - Contribuições da civilização greco-romana para a Teoria do pensamento econômico


Unidade 2

Desenvolvimento na
concepção marxista
Ademir Cavalheiro Leite

Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade abordaremos o desenvolvimento econômico na
concepção marxista.

Seção 1 | Abordagem da Revolução Industrial na visão de Marx


Nessa seção serão abordados o materialismo dialético marxista, a maneira
como Marx definiu a Revolução Industrial, a interpretação dele sobre a
relação capital x trabalho, o significado do termo “mais valia”, críticas ao
Laissez-Faire de Adam Smith e O Manifesto Comunista.

Seção 2 | Abordagem marxista com relação ao capitalismo


Nessa seção será abordada a maneira como Marx definia o capitalismo, a forma
como os socialistas e capitalistas definiam a distribuição da renda e a obra O
capital, escrita em 1867.

Seção 3 | O socialismo e o comunismo


Nessa seção será abordada a diferença entre os conceitos de socialismo e de
comunismo, conceitos básicos de desenvolvimento apoiados no modelo de
economia planificada.

Seção 4 | O marxismo depois de Marx


Nessa seção será abordada a maneira como os teóricos interpretaram os
trabalhos de Engels e Marx, a partir da Revolução Russa de 1917, a base da
ideologia de Lênin e a base do governo de Stalin.
Introdução à unidade
Nesta unidade de ensino será observada a maneira como o
desenvolvimento econômico era visto na visão de Karl Marx e seus
seguidores. Nossa abordagem obedecerá à ordem cronológica do
tempo, dentro da sequência em que os fatos históricos do período
aconteceram e está dividida em quatro seções.
Seção 1
Abordagem da Revolução Industrial na visão de Marx

Questão para reflexão


• O que Marx pretendia dizer, quando afirmou que a divisão do
trabalho limitou a capacidade criativa do homem?

• Marx estava correto ao afirmar que a propriedade privada dos


meios de produção enriquecia os detentores do capital?

Introdução à seção

Nesta seção estudaremos a diferença que existe entre


materialismo dialético e o materialismo histórico.

Observaremos as características do materialismo marxista.

Faremos uma análise sobre a abordagem de Marx com relação à


infraestrutura e superestrutura e abordaremos também o conceito
de fetichismo.

Destacaremos a maneira como Marx definiu a Revolução Industrial.

Observaremos a interpretação de Marx sobre a relação capital x trabalho.

Abordaremos as diferenças que existem entre os conceitos de


mais-valia e mais- valia absoluta.

Faremos uma análise sobre as críticas de Marx ao Laissez-Faire


de Adam Smith.

Analisaremos o desemprego e a ideologia de lutas de classe na


visão marxista.

Finalizaremos a seção, observando a maneira como Marx via o


liberalismo econômico.

54 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


1.1 Abordagem da Revolução Industrial na visão de Marx
Karl Marx nasceu no ano de 1818, quando a Revolução
Industrial estava em andamento e o pensamento econômico
liberal praticamente consolidado. Nesse contexto, observou a
realidade socioeconômica do século XIX, as imperfeições que o
moderno modelo de produção apresentava e diagnosticou que
a tecnologia utilizada não estava trazendo aos trabalhadores os
benefícios que Adam Smith preconizava.

Marx observou que a divisão do trabalho limitou a capacidade


produtiva do homem. O artesão que tinha perfeita noção do início,
meio e fim do produto que iria produzir, foi substituído por operários
condicionados a trabalhar em um sistema de produção em que tudo
era dividido em partes, e nesse cenário perdeu a visão do todo.

Não podemos esquecer que Marx era filósofo e, para ele,


era o homem que deveria ser senhor soberano de tudo
que produzia, porém de forma dicotômica, a partir da
Revolução Industrial, passou a ser refém das máquinas.
Marx via nesse processo o que em Filosofia é conhecido
pelo termo fetiche, ou feitiço. (ARANHA, 1986, p. 277)

A beleza que Smith via no processo produtivo estava limitando


a criatividade do homem, a ponto de reduzir sua capacidade de
raciocínio, transformando-o em algo parecido com a extensão da
máquina.

Foi observado também, que a tecnologia inserida no contexto


produtivo aumentou a capacidade de produção das fábricas, mas
não elevou, na mesma proporção, o valor da remuneração dos
empregados. Com base nessa realidade, Marx criou dois conceitos que
aparecem no primeiro livro da obra “O capital” escrito por ele em 1867:

a) Mais-valia relativa: a maior parte do lucro do que é produzido


fica para o patrão.

b) Mais-valia absoluta: parte do valor da força de trabalho excedente


que gera receita, porém, da mesma forma que no mais valia relativa, o
excedente não é remunerado pelo patrão.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 55


Para Marx, em sua obra escrita no ano de 1867, o operário das
fábricas se distingue dos escravos e dos servos do período medieval,
apenas pelo fato de receber um salário, oriundo de um contrato de
trabalho, aceito livremente entre as partes.

No mesmo livro, afirmou que o Laissez-Faire de Adam Smith estava


ultrapassado, pois o equilíbrio proposto na lei da oferta e da procura estava
sendo substituído pela postura autocrática dos detentores do capital.

O materialismo marxista, que é dialético (pelo fato de pregar o


raciocínio), está fundamentado em uma causalidade linear que
simplifica a ação da matéria sobre o espírito, não permitindo ao
homem nenhuma possibilidade de liberdade. Marx acreditava que o
modo de produção capitalista cerceava a liberdade humana.

Figura 2.1 | Karl Heinrich Marx (1818 - 1883)

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/87/Karl_Marx.png/220px-Karl_
Marx.png>. Acesso em: 25 fev. 2017.

Na visão de Marx, a infraestrutura é a estrutura material da


sociedade, ou seja, sua base econômica, que consiste nas formas
pelas quais os homens produzem os bens necessários à sua vida. Por
outro lado, considerava a estrutura política, a religião e o Estado de
direito, como superestrutura.

56 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Na visão marxista, é a infraestrutura que determina a
superestrutura. Com base nesse conceito, afirmou que
com a estagnação da infraestrutura, que gera riquezas,
a superestrutura não teria como se sustentar, pois
a superestrutura não produz nada, apenas arrecada
tributos. (ARANHA, 1986, p. 273)

1.2 As condições de trabalho na Revolução Industrial


Apesar da presença das máquinas na estrutura produtiva,
Marx relatou em sua obra O capital, escrita no século XIX, que as
fábricas eram precárias pelo fato da maioria delas apresentarem:

a) Sistema de iluminação e ventilação deficientes.

b) Não possuía equipamentos de segurança.

c) Muitos operários se acidentavam e contraíam doenças graves.

d) Pouco espaço para a movimentação de pessoas e materiais.

e) Jornadas ininterruptas e longas (16 horas diárias), que


levavam o trabalhador a ser operacional até o limite das forças.

f) Preferência de mão de obra mais barata, como as mulheres,


crianças e rapazes abaixo dos 18 anos de idade, o que levava ao
desemprego dos homens adultos.

Figura 2.2 | O trabalho nas fábricas

Fonte:<https://assets.papodehomem.com.br/2016/01/08/17/25/45/3f8da683-6a26-4efd-8716-8257d428212a/lewis-
hine-child-labor-a-heavy-load-1909.jpg>. Acesso em: 25 fev. 2017.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 57


A população que migrou do campo para as cidades aumentou
a quantidade de mão de obra ociosa nos grandes centros urbanos,
fato este que desencadeou queda nos salários. Ao mesmo tempo, as
indústrias que estavam em crescente expansão, passaram a priorizar
a contratação de mulheres e crianças, objetivando o pagamento de
mão de obra mais barata. Nesse contexto, um grande contingente de
homens, considerado mão de obra mais cara, ficou sem emprego.

O excedente da força de trabalho provocou desemprego


em massa da população masculina e desencadeou
o surgimento de um sentimento de ódio contra o
capitalismo. Nesse contexto, surge uma corrente de ideias
voltadas para o surgimento de ideais revolucionários
como pode ser observado na Figura 2.3 com o objetivo
de beneficiar o proletariado. (GASTALDI, 2005, p. 54)

Figura 2.3 | Uso da força contra população masculina de desempregados

Fonte: <https://goo.gl/uyK6YG>. Acesso em: 18 abr. 2017.

Para saber mais


Você sabia que proletário significa pessoas que não têm nada,
além da força de trabalho que vendem para sobreviver?

1.3 A maneira como Marx observou a Revolução


Industrial
Observando a evolução do liberalismo econômico, Marx
começou a se incomodar com a propriedade privada dos meios
de produção que, segundo ele, enriquecia os detentores do
capital, em detrimento da classe trabalhadora.

58 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Marx imaginava que o surgimento da ideologia revolucionária
poderia desencadear destruição da infraestrutura e, nesse
contexto, a superestrutura que, para ele, era o Estado, poderia
não se sustentar. Analisava o contexto da liberdade de
trocas e não acreditava na igualdade, pelo fato de não existir
homogeneidade de classes sociais.

Ele via no diálogo existente entre pessoas com ideologias


diferentes, a possibilidade do surgimento do pensamento
dialético. Por esse motivo, Marx sempre procurou elaborar seus
principais trabalhos em parceria com outros filósofos, com
destaque para o inseparável amigo Frederick Engels.

Figura 2.4 | Friedrich Engels (1820 -1895)

Fonte: <http://trisagionseraph.tripod.com/JPGs/engels.jpg>. Acesso em: 25 fev. 2017.

Karl Marx não aprovava a postura da maioria dos filósofos,


pois achava que eles perdiam tempo com a preocupação de
interpretar o mundo. Acreditava que além da preocupação com
a interpretação, o mais importante era tentar modificar o mundo.

Em 1948, após observar o comportamento de um


proletariado que ele considerava explorado pelo surgimento do
capitalismo, escreveu, junto com Frederick Engels, um pequeno
tabloide, com linguagem de fácil entendimento, voltado para
o proletariado que, segundo ele, era vítima do sistema. Esse
pequeno jornal recebeu o nome de O Manifesto Comunista.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 59


Figura 2.5 | O Manifesto Comunista

Fonte: <http://68.media.tumblr.com/5f5fc95eed3fe4b6ce3179a3f7009bc8/tumblr_inline_njhklz6UZu1sqdy9g.jpg>.
Acesso em: 25 fev. 2017.

O primeiro capítulo de O Manifesto Comunista começa com


a seguinte frase: “A história de todas as sociedades que existiram
até nossos dias tem sido a história da luta de classes”.

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- Karl Marx nasceu no ano de 1818, quando a Revolução Industrial


estava em andamento e o pensamento econômico liberal praticamente
consolidado.
II- Na visão de Marx, a infraestrutura é a estrutura material da sociedade, ou
seja, sua base econômica, que consiste nas formas pelas quais os homens
produzem os bens necessários à sua vida.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

60 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


2 Observe as afirmativas a seguir:

I- A população excedente do campo aumentou o contingente do


proletariado nos grandes centros urbanos, fato que diminuiu a quantidade
da força de trabalho.
II- O excedente da força de trabalho provocou desemprego em massa da
população feminina e desencadeou o surgimento de um sentimento de
ódio contra o capitalismo.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 61


Seção 2
Abordagem marxista com relação ao capitalismo

Questão para reflexão


• Com base na afirmação de Marx de que o capitalismo estava
estruturado na dominação econômica do homem pelo próprio
homem, podemos imaginar que um país poderia dominar o outro
através da força de sua economia?

• O que foi supercapitalismo na visão de Marx?

Introdução à seção

Nesta seção, veremos a maneira como Marx via o capitalismo,


saberemos que os adversários do liberalismo criticaram de forma
ferrenha o Laissez-Faire de Adam Smith e que os detentores do
capital objetivavam o desenvolvimento de práticas que visavam ao
aumento dos lucros e observaremos que a busca exagerada pelo
lucro ficou conhecida pelo termo de supercapitalismo.

Além disso, destacaremos que o supercapitalismo causou o


desespero na classe trabalhadora, discutiremos a maneira como o
liberalismo predominou sobre o racionalismo econômico, teremos a
oportunidade de observar que a ânsia pelo lucro dissociou o capital do
trabalho e destacaremos que a dissociação da relação capital x trabalho
colocou a maior parte do proletariado em situação de miséria.

Por fim, faremos uma análise apurada sobre as desigualdades entre


as categorias econômicas, abordaremos a solicitação dos socialistas
por uma nova ordem social mais justa, estudaremos os motivos que
levaram Marx e Engels a escreverem a obra O capital, bem como
analisaremos a forma como os socialistas e capitalistas definiriam a
concentração da renda e finalizaremos a seção com a frase de Marx,
dizendo que o capitalismo tem potencial para autodestruição.

62 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


2.1 Marx e o capitalismo
Karl Marx, além de ser filósofo, era economista e quando
observou a sociedade capitalista direcionou sua atenção para os
meios de produção e a maneira como era realizada a divisão do
trabalho. Ele observou que a forma de remuneração foi ficando
cada vez mais desigual e ousou afirmar que o capitalismo nada mais
era que a dominação econômica do homem pelo próprio homem.

Figura 2.6 | Remuneração do sistema capitalista do século XIX

Fonte: <https://goo.gl/QldZ3y>. Acesso em: 18 abr. 2017.

Podemos afirmar que a dominação econômica do homem


pelo próprio homem poderia ocorrer dentro do país,
da mesma forma que também poderia ocorrer entre as
nações. Neste contexto, os países ricos dominariam, através
da economia, os países mais pobres. (LEITE, 2007, p. 4)

As desigualdades na distribuição da renda e a presença cada vez


mais acentuada da mais valia, aumentaram de forma significativa
o número de adversários do liberalismo que passaram a criticar de
maneira ferrenha o Laissez-Faire de Adam Smith.

2.2 A fase do supercapitalismo


Durante o período em que predominou o liberalismo
econômico, o capital passou a buscar o lucro de forma cada vez

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 63


mais intensa, a ponto dos historiadores classificarem esse período
de supercapitalismo. A Figura 2.7 mostra de forma clara o clima
tenso que o supercapitalismo provocou na classe trabalhadora.

Figura 2.7 | Supercapitalismo

Fonte: <https://goo.gl/wf9iVg>. Acesso em: 25 fev. 2017.

A busca desenfreada pelo lucro causou na sociedade


um sentimento de ódio contra o capitalismo da época,
considerado absorvente e escravizador. Esse sentimento
desencadeou uma corrente de ideias com o objetivo de
colocar um ponto final na doutrina capitalista. (GASTALDI,
2005, p. 55)

2.3 O racionalismo econômico


Com o passar do tempo, o sistema produtivo moderno passou a ser
orientado por planos preestabelecidos, fundamentados em cálculos e
escriturações, além de portentosa soma de dinheiro. Esse modelo de
gestão ficou conhecido pelo termo racionalismo econômico.

O racionalismo econômico do século XIX, junto com o


egoísmo capitalista e a ânsia incontida de lucros, conforme
podemos observar na Figura 2.3, desassociou o capital
do trabalho, colocando as classes trabalhadoras em uma
situação de miséria. Nesse contexto ocorreu o aumento
das desigualdades sociais. (GASTALDI, 2005 p. 59)

64 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Figura 2.8 | A ruptura da relação capital x trabalho

Fonte: <http://www.sindimarmore.com.br/wp-content/uploads/2014/08/2-Capital-versus-Trabalho-560x270.jpg>.
Acesso em: 25 fev. 2017.

Esse cenário, considerado desolador, provocou no proletariado um


sentimento voltado para a criação de uma ordem social mais justa.

2.4 Fatores determinantes da obra O capital

O cenário desconfortável para o capitalismo levou


Marx, na condição de filósofo, a imaginar a ditadura do
proletariado. O termo ditadura dá margem para que
venhamos a pensar em algum tipo de líder comunista, no
comando da nação, mas o que ele chamava de ditadura
era a colocação de todo contingente de proletariados no
poder. (ARANHA, 1986, p. 274)

O tema é complexo e faz parte dos cinco volumes da obra O


Capital que Marx escreveu em parceria com Frederick Engels. A
Figura 2.9 mostra a versão do livro no Brasil.
Figura 2.9 | O capital - volume 1

Fonte: <https://goo.gl/UMEv2x>, Acesso: 25 fev. 2017.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 65


O Capital é um conjunto de livros (primeiro foi lançado
no ano de 1867). Nessa obra, Marx e Engels fazem uma
análise crítica da economia política. Nela são abordados os
conceitos de mais valia, capital constante e capital variável,
além de uma análise sobre os salários. (LEITE, 2007, p. 4)

Para saber mais


Você sabia que Marx apenas escreveu o primeiro livro e a metade
do segundo da obra O capital? Após a morte de Marx, em 1883, foi
Frederick Engels que completou o trabalho, com base em manuscritos
que Marx deixou.

2.5 A concentração da renda


Existem pontos de vista diferentes com relação à distribuição
da renda:

a) Os liberais, discípulos de Adam Smith, enxergavam a


distribuição da renda como um fato positivo, pois acreditavam
que a mola mestra do crescimento, desenvolvimento e expansão
do capitalismo estava nela.

Segundo os admiradores da linha de pensamento liberal,


seria impossível para um assalariado se transformar em
empresário, pois com o salário de subsistência que recebia
por seu trabalho, jamais poderia fazer algo além do simples
fato de sobreviver. (LEITE, 2007, p. 5)

Os liberais acreditavam que somente com grande parcela de


renda nas mãos, dos grandes empresários, conforme pode ser
observado na Figura 2.10, seria possível a construção de novas
fábricas, que iriam gerar mais produtos, mais lucros e mais
empregos. Pela lógica da escola liberal, através desse circulo
virtuoso a hegemonia do sistema capitalista estaria segura.

66 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Figura 2.10 | O capitalista

Fonte; <https://goo.gl/nFVOZ7>. Acesso em: 18 abr, 2017.

b) Os simpatizantes da linha de pensamento marxista,


fundamentados pelo conceito de mais valia relativa e mais valia
absoluta, acreditavam que a concentração de renda nas mãos dos
grandes detentores do capital não seria benéfica para o capitalismo.

Segundo os admiradores do pensamento de Marx, a


população dos grandes centros urbanos e camponeses
que faziam parte do proletariado continuariam com suas
vidas miseráveis, conforme podemos observar na Figura
2.10, fornecendo mão de obra em troca de remuneração
considerada pífia. (LEITE, 2007, p. 5)

A corrente marxista defendia a implantação de uma nova


ordem que no futuro viria a ser o socialismo.

Figura 2.11 | Concentração de renda na visão marxista

Fonte: <http://www.pragmatismopolitico.com.br/wp-content/uploads/2015/01/xdistribuicao-de-renda-
concentracao-riqueza-brasil.jpg.pagespeed.ic.omOEiWlfEr.webp>. Acesso em: 25 fev. 2017.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 67


2.6 Autodestruição do capitalismo
Segundo Karl Marx, capitalismo poderia se autodestruir e a lógica
utilizada por ele em sua obra O capital cujo ano de publicação já foi
mencionado nos parágrafos anteriores, era simples:

a) Apenas com salários de subsistência obtidos através do trabalho


nas fábricas, o proletariado urbano não teria poder de consumo.

b) O crescimento populacional iria aumentar a quantidade de


mão de obra ociosa, considerada por Marx como a reserva de
mão de obra do capitalismo, e os salários jamais iriam subir.

c) As fábricas não teriam para quem vender e iriam fechar as portas.

d) Essa realidade iria se espalhar para outros países do mundo


e a possibilidade do capitalismo entrar em colapso poderia existir.

Figura 2.12 | Autodestruição do capitalismo

Fonte: <https://i1.wp.com/www.dialogosdosul.org.br/wp-content/uploads/ecoc%C3%ADdio2.jpg>. Acesso


em: 25 fev. 2017.

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- Karl Marx, além de ser filósofo, era economista e, quando observou a


sociedade capitalista, direcionou sua atenção para os meios de produção
e a maneira como era realizada a divisão do trabalho.
II- Observou que a forma de remuneração foi ficando cada vez mais desigual
e ousou afirmar que o capitalismo nada mais era que a denominação
econômica do homem pelo próprio homem.

68 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2 Observe as afirmativas a seguir:

I- Podemos afirmar que a denominação econômica do homem pelo próprio


homem só poderia ocorrer dentro do país. Fora dele seria impossível.
II- Durante o período em que predominou o liberalismo econômico, o
capital passou a abandonar o lucro.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 69


Seção 3
O socialismo e o comunismo

Questão para reflexão


• É correto afirmar que na segunda metade do século XX, 65%
dos países do mundo, tinham economia de mercado e 35%
economia planificada?

• A principal característica da economia de mercado é estar


apoiada na lei da oferta e da procura?

Introdução à seção

Nesta seção, observaremos a diferença entre o socialismo


e o comunismo.

Observaremos que a classe operária poderia destruir o Estado


burguês e organizar uma ditadura do proletariado.

Destacaremos que o comunismo pode ser desencadeado pela


existência das lutas de classe.

Poderemos constatar que a economia de mercado é totalmente


diferente da economia planificada.

Discutiremos as características de uma economia apoiada em


planejamentos quinquenais.

Teremos a oportunidade de observar que a economia de mercado


é utilizada em todos os países do ocidente e destacaremos que a
economia planificada foi introduzida na extinta União Soviética.

Abordaremos o modelo político aplicado da coréia do Norte


com o objetivo de saber se ela utiliza o modelo de economia de
mercado ou o modelo de economia planificada.

Estudaremos as vantagens da livre iniciativa e da propriedade


privada dos meios de produção.

70 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Analisaremos as características das propriedades estatais
e coletivas.

Finalizaremos a seção, abordando a possibilidade da junção


do modelo planificado com o de economia de mercado, com o
objetivo de criação de uma terceira opção.

3.1 O conceito de ditadura do proletariado

Em O Manifesto Comunista de 1948 que aparece na


Figura 2.13, Marx afirmou que a burguesia produz seus
próprios coveiros, lembrando que, pela Lei da Dialética,
a contradição burguesia-proletariado será superada pelo
socialismo e o comunismo. (ARANHA, 1986, p. 278)

Figura 2.13 | Obra de Marx e Engels


Marx afirmava que para destruir
o Estado burguês, a classe operária
deveria se organizar em um partido
revolucionário capaz de suprimir a
propriedade privada e os meios de
produção. Com essa afirmação, que
consta em O Manifesto Comunista,
esse novo Estado receberia o nome
de ditadura do proletariado.

Para criação do novo Estado


seria indispensável o contínuo
fortalecimento da classe operária
e este esforço só poderia terminar
Fonte: <http://img.travessa.com.br/eBook/BA/a6/ quando a burguesia do mundo
a6f8206a-14b7-4f20-9782-e5cf6d9c4d88.jpg>.
Acesso em: 25 fev. 2017. inteiro fosse liquidada.

Nessa primeira fase, chamada de socialismo, seria necessário a


existência de um aparelho estatal, um aparelho repressivo, uma burocracia
e um aparelho jurídico, com o objetivo de evitar a contrarrevolução. Nesse
contexto, o socialismo pode ser definido como “De cada um, segundo
sua capacidade, a cada um, segundo seu trabalho” (ARANHA, 1986, p. 277).

A segunda fase, denominada comunismo, terá como princípio:


“De cada um, segundo sua capacidade, a cada um, segundo as suas
necessidades” (ARANHA, 1986, p. 278).

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 71


Com esse conceito, o comunismo poderá ser definido pela
eliminação da luta de classe e, consequentemente, pelo
desaparecimento do Estado. (ARANHA, 1986, p. 278)

Segundo O Manifesto Comunista, nessa “anarquia feliz”


haveria um desenvolvimento prodigioso das forças
produtivas o que levaria a uma “era de abundância”, e à
extinção da divisão de trabalho. (ARANHA, 1986, p. 278)

Então, fica uma indagação: se a passagem para o comunismo


significa o desaparecimento das classes, como ficaria a afirmação
de Marx que dizia que o motor da história estava nas lutas de classes?

A resposta é simples, pois a luta não mais seria entre a classe


dominante e a classe dominada e sim entre a vanguarda e os
elementos que impediam as mudanças por comodismo ou
incompreensão. Nesse caso, a luta seria entre o progresso e as
forças conservadoras e também entre o novo e o velho.

2.15 | A ditadura do proletariado

Fonte: <https://goo.gl/YMlX6G>. Acesso em: 19 abr. 2017.

3.2 Economia de mercado e economia planificada


Se observarmos o passado, encontraremos, na metade do século
XX, 65% dos países no mundo com economia de mercado e 35%
com economia planificada.

A economia de mercado é um modelo totalmente apoiado nas


leis de mercado (oferta e procura) e passou a ser estudada com

72 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


maior intensidade a partir da obra de Adam Smith, A riqueza das
nações, publicada em 1776.
2.16 | Adam Smith precursor da economia de mercado

Fonte: <https://goo.gl/HOQRoQ>. Acesso em: 19 abr. 2017.

3.3 Características da economia de mercado


a) Livre iniciativa.

b) Propriedade pública e privada dos meios de produção.

c) Livre concorrência.

d) Existência de uma burguesia detentora dos meios de produção.

e) Existência de um proletariado detentor da força de trabalho.

3.4 Características da economia planificada


A economia planificada, conforme Figura 2.16, foi idealizada por
Karl Marx e Frederick Engels e aplicada na extinta União Soviética,
parte da Ásia e todo leste europeu.
Figura 2.16 | Precursores da economia planificada

Fonte: <http://www.operamundi.com.br/media/images/Marx_and_Engels.jpg>. Acesso em 25 fev. 2017.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 73


Características da economia planificada:

a) Propriedade estatal ou coletiva.

b) Economia planejada com planos quinquenais.

c) Ausência de classes sociais.

d) Distribuição homogênea da renda.

e) Presença de avanços sociais.

Para saber mais


Existe uma corrente de economistas que defende a utilização de um
modelo da economia de mercado com planos quinquenais e presença
de avanços sociais, ou seja, o modelo econômico utilizado no Brasil.

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- Marx afirmava que para destruir o Estado burguês, a classe operária


deveria se organizar em um partido revolucionário capaz de suprimir a
propriedade privada e os meios de produção. Com essa afirmação, que
consta em O Manifesto Comunista, esse novo Estado receberia o nome de
ditadura do proletariado.
II- Para criação do novo Estado seria indispensável o contínuo fortalecimento
da classe operária e este esforço só poderia terminar quando a burguesia do
mundo inteiro fosse liquidada.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

74 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


2 Observe as afirmativas a seguir:

I- A economia de mercado é um modelo totalmente apoiado nas leis de


mercado (oferta e procura) e passou a ser estudada com maior intensidade
a partir da obra de Frederick Engels, A riqueza das nações, publicada em
1776.
II- A economia planificada foi idealizada por Karl Marx e Frederick Engels
e aplicada na extinta União Soviética, parte da Ásia e todo leste europeu.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 75


Seção 4
O marxismo depois de Marx

Questão para reflexão


• Qual é a relação da Revolução Bolchevique com Karl Marx?

• Na Revolução Bolchevique Lênin agiu com idealismo


próprio ou com ideais marxistas?

Introdução à seção

Nesta seção abordaremos a queda do regime imperial


dos czares:

Saberemos que após a Primeira Guerra Mundial ocorreu a


Revolução Bolchevique;

Veremos como foi implantado o stalinismo na extinta


União Soviética;

Observaremos a contribuição de Rosa Luxemburgo para o


pensamento marxista;

Finalizaremos a seção observando o futuro do pensamento


marxista que faleceu no ano 1883.

4.1 A Revolução Bolchevique e a queda do czar na Rússia


A Revolução Bolchevique nasceu com a ascensão das lutas
operárias e camponesas na chamada Revolução de Fevereiro de
1917, após os conflitos armados, o país ficou dividido:

a) De um lado as forças do Estado czarista de Nicolau Romanov


(Nicolau II).

b) Do outro lado, uma chamada classe dominante, formada por


operários e soldados, representando a população trabalhadora.

76 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


c) Os combates se estenderam até outubro do mesmo ano,
apresentando como vencedor as forças contrárias ao Czar.

d) Com a vitória do Partido Bolchevique, Lênin assume o poder


do Estado russo.

e) Nicolau II é preso e permanece na prisão até julho de 1918, dia


em que foi executado junto com toda sua família.

Figura 2.17 | Nicolau II (1868 - 1918)

Fonte: <http://www.osul.com.br/wp-content/uploads/2015/11/nicolau-ii.jpg>. Acesso em: 19 abr. 2017.

4.2 Nascimento da União das Repúblicas Socialistas


soviéticas
Vladimir Ilyich Ulyanov, conhecido como Lênin, foi um
revolucionário comunista, seguidor da doutrina marxista.

Ele assumiu o comando da República Soviética da Rússia e


liderou o país de 1918 a 1924, ano em que veio a falecer. Antes
de seu falecimento, Lênin emancipou o país à condição de
União Soviética.

É importante destacar que Lênin, desde que assumiu o poder


como chefe de Estado, adotou uma política com ideologia própria
que, apesar de conter alguns princípios de Karl Marx, ficou conhecida
pelo termo leninismo.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 77


Figura 2.18 | Vladimir Ilyich Ulyanov (1870 - 1924)

Fonte: <http://flatrock.org.nz/static/frontpage/assets/history/lenin.jpg>. Acesso em: 25 fev. 2017.

4.3 Leon Trotsky


Foi um intelectual marxista e teve a responsabilidade de organizar
o exército vermelho durante a revolução. Desempenhou importante
papel na política nos primeiros anos da União Soviética, mas por
ser inimigo político de Stalin foi expulso do país e se refugiou no
México, onde foi assassinado, por Ramon Mercader, agente da
polícia de Stalin. Seus ideais políticos foram colocados em uma
obra de grande extensão e deram origem ao trotskismo, corrente
importante do pensamento econômico marxista.

Figura 2.19 | Leon Trotsky (1879 - 1940)

Fonte: <https://goo.gl/BjRS2z>. Acesso em: 19 abr. 2017.

4.4 Josef Vissariónovitch Stalin


Foi secretário geral do Partido Comunista Soviético e do Comitê
Central de 1922 a 1953, ano de sua morte. É considerado, até hoje,
um dos maiores líderes da extinta União Soviética.

78 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Figura 2.20 | Josef Vissariónovitch Stalin (1878 - 1953)

Fonte: <http://kdfrases.com/imagens/joseph-stalin.jpg>. Acesso em: 25 fev. 2017.

4.5 Rosa Luxemburgo


É considerada, até os dias atuais, a melhor teórica e quem melhor
divulgou a obra de Karl Marx, que foi por demais deturpada, após
sua morte em 1883.

Rosa Luxemburgo fundou no ano de 1894 o partido Social


Democrata da Polônia e, através do casamento, obteve nacionalidade
alemã e se instalou em Berlim até seus últimos dias.

Figura 2.21 | Rosa Luxemburgo (1871 - 1919)

Fonte: <http://atossecretos.tumblr.com/post/40639608928/rosa-luxemburgo-um-comunismo-para-o-
s%C3%A9culo-xxi>. Acesso em: 25 fev. 2017.

Para saber mais


Você sabia que Nicolau II, sua mulher, seu filho, suas quatro filhas, o médico
da família imperial, um servo pessoal, a camareira da imperatriz e o cozinheiro
da família foram executados no porão da casa pelos bolcheviques na
madrugada de 16 para 17 de julho de 1918, por ordem de Lênnin?

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 79


4.6 O futuro do pensamento marxista
A obra deixada por Marx precisa ser estudada com carinho, pois
muito do que dizem que ele escreveu ou falou não é verdadeiro.
Marx tinha uma visão de mundo além de sua época e deverá ser mais
conhecido no futuro do que é conhecido agora.

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:
I- A Revolução Bolchevique nasceu com a ascensão das lutas operárias e
camponesas na chamada Revolução de Fevereiro de 1917.
II- Vladimir Ilyich Ulyanov, conhecido como Lênin, foi um revolucionário
comunista, seguidor da doutrina marxista.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2- Observe as afirmativas a seguir:

I- Stalin foi secretário geral do Partido Comunista Soviético e do Comitê


Central de 1922 a 1953, ano de sua morte.
II- Rosa Luxemburgo é considerada até hoje, teórica mediana do marxismo,
por ter divulgado de maneira incorreta a obra de Karl Marx.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

80 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Fique ligado
A obra O capital chegou ao Brasil em cinco volumes. O primeiro foi
escrito na íntegra por Karl Marx e o restante da obra foi concluída por
Friedrich Engels, com a utilização de manuscritos deixados por Marx.
Procure ler esses livros e faça uma reflexão profunda sobre o
pensamento marxista. Estude Marx com carinho e verá que muita
coisa que dizem que é de sua autoria, jamais foi escrita por ele.

Para concluir o estudo da unidade


Espero que você tenha observado nesta unidade, a essência do
pensamento marxista e ao mesmo tempo a importância de suas obras
para o enriquecimento do arcabouço teórico do desenvolvimento
econômico. Podemos afirmar que Marx foi o paradoxo do pensamento
liberal de Adam Smith e precursor do pensamento socialista, mas
não podemos deixar de afirmar que Leninismo e o Stalinismo foram
doutrinas que apenas utilizaram o nome de Marx. Karl Marx precisa
ser estudado pela obra que deixou e não pelo que escreveram sobre
ele, após sua morte em 1883.

Atividades de aprendizagem da unidade


1- Observe as afirmativas da questão:

I - Karl Marx nasceu no ano de 1818, quando a Revolução Industrial


estava em andamento e o pensamento econômico liberal praticamente
consolidado.
II - Marx observou que a divisão do trabalho limitou a capacidade produtiva
do homem.

Assinale a alternativa correta

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 81


2- Observe as afirmativas da questão:

I - Mais valia relativa é a maior parte do lucro do que é produzido e fica


para o empregado.
II - Para Marx, o operário das fábricas se distingue dos escravos e dos servos
do período medieval apenas pelo fato de receber um salário, oriundo de
um contrato de trabalho, aceito livremente entre as partes.

Assinale a alternativa correta:


a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.
b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

3- Observe as afirmativas da questão:

I - O Laissez Faire de Adam Smith, segundo Marx, estava ultrapassado, pois


o equilíbrio que daria sustentação ao mesmo estava sendo substituído pela
postura autocrática dos detentores do capital.
II - Proletário significa pessoas que não tem nada, além da força de trabalho
que ele vende para sobreviver.

Assinale a alternativa correta:


a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.
b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

4- Observe as afirmativas da questão:

I - Observando a evolução do liberalismo econômico, Marx começou a


se incomodar com a propriedade privada dos meios de produção, que
segundo ele, enriquecia os detentores do Capital em detrimento da classe
trabalhadora.
II - Marx imaginava que o surgimento da ideologia revolucionária, poderia
desencadear destruição da infraestrutura e nesse contexto a superestrutura
que para ele era o Estado, poderia não se sustentar.

82 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Assinale a alternativa correta:
a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.
b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

5- Observe as afirmativas da questão:

I - A revolução Bolchevique nasceu com a ascensão das lutas operárias e


camponesas na chamada Revolução de Fevereiro de 1987.
II - Vladimir Ilyich Ulyanov, conhecido como Stalin, foi um revolucionário
comunista, seguidor da doutrina marxista.

Assinale a alternativa correta:


a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.
b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U2 - Desenvolvimento na concepção marxista 83


Referências
ARANHA, M. L. de A. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo:
Moderna, 1986.
GASTALDI, J. P. Elementos de economia política. 19. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.
LEITE, A. C. Educação sem fronteiras. Campo Grande:
UNIDERP, 2007.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia.
São Paulo: Saraiva, 2003.

84 U2 - Desenvolvimento na concepção marxista


Unidade 3

Malthus, keynes e kalecki


Ademir Cavalheiro Leite

Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade, iremos abordar os trabalhos de Malthus,
Keynes e Kalecki e suas contribuições para a Teoria do
Desenvolvimento Econômico.

Seção 1 | Teoria do desenvolvimento econômico no final do século XIX e


início do século XX
Nesta seção serão abordados a consolidação da Revolução Industrial nos Estados
Unidos, a Proclamação da República no Brasil e a Primeira Guerra Mundial.

Seção 2 | Princípios fundamentais da economia keynesiana


Nesta seção serão abordados a grande depressão de 1929 nos Estados Unidos,
os princípios de economia na visão de Alfred Marshall, a inversão da Lei de Say, o
fim do Laissez-faire da era Clássica, a necessidade da intervenção do Estado na
economia e a macroeconomia na visão de Kalecki.

Seção 3 | Trabalho realizado por Keynes, após a II Guerra Mundial


Nesta seção serão abordados a Conferência Monetária e Financeira de Bretton
Woods, a Revolução Keynesiana e a macroeconomia moderna.

Seção 4 | A Teoria keynesiana depois de Keynes


Nesta seção serão abordadas as obras de Kalecki, os seguidores de Keynes e
a criação da Síntese Neoclássica, as contribuições de Paul Samuelson, Franco
Modigliani, James Tobin e Robert Solow, além da contribuição de Kalecki e
Malthus, para a Teoria do desenvolvimento econômico.
Introdução à unidade
Nesta unidade de ensino será observada a maneira como o
desenvolvimento econômico era visto na visão de Malthus, Keynes
Kalecki e seus seguidores. Nossa abordagem obedecerá à ordem
cronológica do tempo, dentro da sequência em que os fatos
históricos do período aconteceram e está dividida em quatro seções.
Seção 1
Teoria do desenvolvimento econômico no final do
século XIX e início do século XX

Questão para reflexão


• Podemos afirmar que o período que antecedeu a Primeira Guerra
Mundial, conhecido como o período da paz armada, foi um
período de preparação para a guerra?

• Podemos afirmar que a Primeira Guerra Mundial foi basicamente


um conflito entre as nações imperialistas?

Introdução à seção
Nesta seção, veremos a consolidação da Revolução Industrial
nos Estados Unidos, estudaremos a consolidação do capitalismo na
América, observaremos a Proclamação da República e a implantação
do capitalismo no Brasil, bem como os fatores que determinaram
o fim da escravidão na América e a convivência das ideias liberais
como idealismo marxista.

Observaremos os fatores determinantes da eclosão da Primeira


Guerra Mundial, discutiremos o contexto econômico mundial
antes do início do conflito armado e teremos a oportunidade de
observar se pela interpretação de Marx a Primeira Guerra Mundial
era previsível. Então, finalizaremos a seção analisando o cenário
socioeconômico que antecedeu ao trabalho de Keynes.

1.1 Teoria do desenvolvimento econômico no final do


século XIX e início do século XX
Em 5 de junho de 1883, nascia John Maynard Keynes, no mesmo
ano em que ocorria o falecimento de Karl Marx (14/03/1883).

Não podemos afirmar que o período entre a morte de Marx e o


nascimento de Keynes tenha colocado a Teoria do desenvolvimento
econômico dentro de um processo de estagnação, pois tanto os

88 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


componentes da escola liberal, como os componentes da escola
marxista, estavam em todos os cantos do planeta, divulgando as suas
ideias e seus ideais.

É importante destacar que fatos de grande relevância ocorreram


entre os anos de 1883 e 1914, período em que o Keynes criança se
tornou adolescente e posteriormente um homem adulto. Alguns
desses fatos iremos abordar na sequência de nossos estudos.

1.2 Consolidação da Revolução Industrial nos Estados


Unidos
O período entre 1865 e 1918 é marcado pela ascensão dos
Estados Unidos como uma das maiores potências militares, políticas e
econômicas do mundo.

O fato da cronologia do tempo destacar o início da ascensão


norte-americana no ano de 1865 tem relação direta com o conflito
armado conhecido pelo nome de Guerra da Secessão, que, como
pode ser observado na Figura 3.1, quase dividiu o país, entre os anos
de 1861 e 1865.

Figura 3.1 | Guerra da Secessão

Fonte <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/576be488695cef16d24e236fbad37a33.
jpg> . Acesso em: 5 mar. 2017.

A história mostra que a guerra não ocorreu em virtude dos ideais de


libertação dos escravos negros. Apesar de Lincoln ter horror à escravidão,
era reticente quanto à igualdade de condições entre negros e brancos,
chegando a dizer que “Se pudesse salvar a União, sem libertar nenhum
escravo, o faria” (CÁCERES, 1980, p. 113).

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 89


Na realidade, a Guerra da Secessão tinha como principal
objetivo a implantação da Revolução Industrial do extremo norte
dos Estados Unidos (industrializado) ao extremo sul do país, que
era essencialmente agrícola.
Com o objetivo atingido, o partido republicano se tornou
hegemônico no poder e imediatamente aumentou o valor das
tarifas alfandegárias para proteger a expansão industrial já existente
dentro do país.

Ao mesmo tempo, foi implantado um novo sistema bancário,


totalmente voltado para a construção de ferrovias no país.

A expansão das ferrovias interligou o país de norte a sul e


desencadeou uma aceleração no crescimento industrial dos Estados
Unidos como um todo.

Como pode ser observado na Figura 3.2, o trem e as ferrovias foram


os grandes responsáveis pelo desenvolvimento da logística no território
norte-americano.

Figura 3.2 | Locomotivas do século XIX

Fonte: <http://lounge.obviousmag.org/encruzilhada/assets_c/2012/06/1299_steam_engine_bw_001-16295.html>.
Acesso em: 5 mar. 2017.

É importante destacar que os estados do sul, derrotados na Guerra


da Secessão, passaram a desfrutar do processo de progresso apenas
no início do século XX.

1.3 Proclamação da República no Brasil


Antes da proclamação da República no Brasil, em 1889, o continente
sul-americano teve o maior conflito armado internacional de sua
história, que teve relação direta com a Revolução Industrial, a Guerra da
Tríplice Aliança ou Guerra do Paraguai (1864 -1870).

90 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


A história dessa guerra é muito complexa e possui várias versões. Uma
delas registra que o Brasil, após intervir na Guerra Civil do Uruguai, conseguiu
depor o ditador Atanásio Aguirre, pertencente ao Partido Blanco. Aguirre
era amigo pessoal do ditador paraguaio Francisco Solano Lopes que por
ter interesses no Uruguai se opôs à intervenção brasileira naquele país.

O grande objetivo de Solano Lopes, para consolidar a Revolução


Industrial do Paraguai (país mais desenvolvido da América Latina no
século XIX), era conquistar um território com saída para o Oceano
Atlântico e nesse contexto estavam nos planos de Lopes a conquista de
parte da Argentina (Província de Corrientes), parte do território brasileiro
(Rio Grande do Sul) e o próprio Uruguai.

O início da grande guerra que envolveu Brasil, Uruguai e


Argentina está diretamente relacionado ao aprisionamento do barco
a vapor Marquês de Olinda no porto de Assunção em 11 de março
de 1864. Essa embarcação transportava o presidente da Província de
Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos. Carneiro de Campos
nunca chegou a Cuiabá e morreu na condição de prisioneiro, em
uma prisão paraguaia.

Figura 3.3 | Guerra do Paraguai

Fonte: <http://goo.gl/r2jTnk >. Acesso em: 5 mar. 2017.

O Império do Brasil, aliado com a Argentina de Bartolomé Mitre


Martinez e com o Uruguai de Venâncio Flores, derrotou o Paraguai,
após mais de cinco anos de lutas. Nesse período, Dom Pedro II enviou
mais de 150 mil homens para a guerra. Cerca de 50 mil não voltaram.

A vitória dos países da Tríplice Aliança eliminou o crescente processo


industrial do Paraguai e, direta ou indiretamente, acabou beneficiando o

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 91


comércio dos produtos manufaturados ingleses que viram um grande
concorrente internacional, simplesmente desaparecer.

Com o fim da Guerra com o Paraguai, em 1870, o exército


brasileiro se fortaleceu e, paulatinamente, a ideia de alteração do
regime político começou a ser discretamente discutida. Alguns
fatores influenciaram o movimento:

a) Dom Pedro II tinha apenas uma filha que era casada com Gastão
de Orleans, que por ser francês era conhecido como Conde d’Eu. O
risco de o Brasil ser governado por um estrangeiro não agradava parte
da elite ligada aos militares.

b) Muitos negros ajudaram o Brasil nos combates da Guerra do


Paraguai e retornaram do conflito na condição de escravos.

Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República no Brasil,


pelo Marechal Deodoro da Fonseca.

Figura 3.4 | Marechal Deodoro da Fonseca

Fonte: <http://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-da-proclamacao-da-republica.htm>. Acesso em: 5


mar. 2017.

O Brasil, após a Proclamação da República, em termos diplomáticos,


foi se distanciando da Inglaterra e se aproximando dos Estados Unidos
que, no início do século XX, eram a maior potência do capitalismo
mundial. Nesse período, muito dos ideais norte-americanos migraram
para a política e economia nacional.

92 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Prudente de Morais, que foi presidente do Brasil no
período de 1894 a 1898, procurou, com a concessão de
financiamentos governamentais e aumento das taxas
alfandegárias, incentivar o embrionário setor industrial que
estava nascendo em nosso país (LEITE, 2016, p. 58)

Nesse período, John Maynard Keynes, com 15 anos de


idade, já acompanhava o desenvolvimento do capitalismo no
continente americano.

1.4 Primeira Guerra Mundial


No período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, a Europa
passou por uma série de transformações. Os lucros das grandes
empresas industriais, comerciais, financeiras e agrícolas cresceram de
maneira intensa. O capitalismo da época, considerado moderno, vivia
momentos de grande esplendor.

O crescimento estava ocorrendo de maneira tão rápida


que países como Alemanha não estavam conseguindo
absorver o que era produzido. Foi nesse contexto, que
os excedentes de capital da Europa e Estados Unidos
passaram a ser exportados para as colônias, onde era
possível a obtenção de juros e lucros mais elevados.
(CÁCERES, 1980, p. 124)

A necessidade de investimentos de capitais excedentes para a


periferia dos países capitalistas gerou grande concorrência entre os
países imperialistas, pelo domínio da África e da Ásia.

Durante esse período, nos Estados Unidos, França, Alemanha,


Inglaterra e outros países considerados ricos, as classes dominantes
ligadas à indústria e ao comércio, iam se impondo às classes dominantes
ligadas à agricultura.

O capital bancário que crescia de forma violenta, aos poucos ia


criando vínculos com a indústria e com o comércio, dando origem ao
capital financeiro que financiava e organizava as atividades comerciais
e industriais dos grandes países capitalistas da época.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 93


A burguesia financeira nos últimos anos do século XIX assumiu a
hegemonia política em relação aos países capitalistas, tendo um virtual
controle sobre o sistema governamental.

Foi a burguesia financeira que passou a preconizar a política militar e


na ânsia de obter colônias onde pudesse aplicar os capitais excedentes,
começou a empurrar as potências europeias para a guerra.

Nesse cenário, já no início do século XX, ocorre uma acentuada


disposição por parte dos países imperialistas em resolver os problemas
fundamentais da concorrência internacional, mediante a um direto
ensaio de forças, isto é, em um primeiro instante a luta diplomática e
em um segundo, se preciso for, a própria guerra.

Por isso, o período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial,


conhecido como o período da paz armada, foi um período de
preparação para a guerra. Nos países centrais do sistema capitalista,
cresceram os transportes, houve o recrutamento militar, desenvolveu-se
a indústria bélica, ao mesmo tempo em que ocorreu o aperfeiçoamento
do sistema de comunicação.

A Primeira Guerra Mundial foi basicamente um conflito


entre as nações imperialistas que visavam dominar o
mercado mundial e o mercado colonial para onde seriam
exportados os capitais excedentes e os manufaturados em
geral. (CÁCERES, 1980, p. 125)

Figura 3.5 | Primeira Guerra Mundial

Fonte: <http://www.clickescolar.com.br/wp-content/uploads/2015/05/Balan%C3%A7o-e-
conseq%C3%BC%C3%AAncias-da-Primeira-Guerra-Mundial.jpg>. Acesso em: 5 mar. 2017.

94 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Para saber mais
Você sabia que o conflito entre Sérvia e Império Austro-húngaro,
considerado o estopim da Primeira Guerra Mundial, pode ter sido apenas
uma das variáveis de todo o contexto extremamente complexo e digno
de ser estudado com muito carinho?

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- O período entre 1865 e 1918 é marcado pela ascensão dos Estados


Unidos como uma das maiores potências militares, políticas e econômicas
do mundo.
II- A Guerra da Secessão tinha como principal objetivo a implantação da
Revolução Industrial do extremo norte dos Estados Unidos (industrializado)
ao extremo sul do país, que era essencialmente agrícola.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As afirmativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2 Observe as afirmativas a seguir:

I- Antes da proclamação da República no Brasil, em 1889, o continente


sul-americano teve o maior conflito armado internacional de sua história,
que teve relação direta com a Revolução Industrial, a Guerra dos Farrapos.
II- Prudente de Morais foi presidente do Brasil no período de 1894 a 1898.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 95


d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As afirmativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

96 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Seção 2
Princípios fundamentais da economia keynesiana

Questão para reflexão


• Os principais projetos do New Deal resolveram o problema da crise
nos E.U.A?
• O que levou Keynes a outorgar ao Estado o dever de zelar pela
empregabilidade autorregulamentação da economia?

Introdução à seção
Nesta seção, veremos o que foi a grande depressão de 1929, nos
Estados Unidos, saberemos que a era keynesiana teve início com a
publicação da obra que aborda a Teoria geral do emprego dos juros
e da moeda e iremos ver que Keynes ocupou a cátedra de Alfred
Marshall na Universidade de Cambridge.

Além disso, observaremos que Alfred Marsall já havia percebido


que com a economia de escala, a produção agregada das empresas
iria superar a demanda agregada do mercado, destacaremos que
Keynes defendia a intervenção do Estado na economia, discutiremos
a maneira como ele inverteu a Lei de Jean Baptiste Say e teremos a
oportunidade de observar que o mesmo decretou o fim do Laissez-
faire na economia moderna.

Ainda nessa seção, destacaremos que os argumentos de Keynes


influenciaram a política econômica dos países capitalistas, faremos
uma análise sobre a afirmação dele, sobre existir estreita relação entre
a renda nacional e o nível de emprego, abordaremos a afirmação
deste estudioso sobre o pleno emprego, bem como os motivos
que levaram Keynes a afirmar que o consumo está relacionado
com o volume da renda, analisaremos a afirmação de Keynes sobre
a relação do investimento com a taxa de juros e finalizaremos a
seção, observando a afirmação dele sobre a necessidade do Estado
ter o dever de fomentar o emprego, com a implantação de taxas de
juros consideradas baixas.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 97


2.1 A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque
A grande depressão que ocorreu nos Estados Unidos, em 1929,
com a falência em grande escala de muitas empresas, não pode
ser resumida apenas no fato de ter ocorrido a quebra da bolsa de
valores do país.

Na realidade, o clima de prosperidade que existia no período que


antecedeu a Primeira Guerra Mundial e posteriormente o período pós-
guerra, foi atingindo um ponto de saturação.

Após a reconstrução da Europa, nos anos 1920, as exportações


dos Estados Unidos para o velho continente diminuíram de
forma significativa e grande parte das empresas que exportavam
produtos para o mercado europeu passou a acumular estoques
de produtos manufaturados.

Parte do capital de giro das grandes empresas responsáveis pelas


exportações dos produtos manufaturados para a Europa era composto
por ações que eram comercializadas na bolsa de valores de Nova
Iorque. Em suma, parte da prosperidade industrial até então existente
era financiada pelo dinheiro de investidores. Com a queda das vendas
e consequentemente dos lucros dessas empresas, o valor das ações
cairia, o que desencadeou um processo de negociação em massa,
sem precedentes na história dos Estados Unidos.

Os proprietários das ações que estavam em queda simplesmente


vendiam tudo que tinham e cada lote vendido jogava o preço delas
cada vez mais para baixo.

A crise se agravou quando as empresas que tinham negócios


voltados apenas para o mercado interno e não haviam sido afetadas
pela queda das exportações, descobriram que possuíam, em seus
ativos, ações das empresas exportadoras.

Essa constatação gerou um efeito cascata que levou à bancarrota


quase todo setor privado da economia dos Estados Unidos.

98 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


A crise tomou tamanha proporção que afetou a economia
mundial como um todo. O Brasil, que era o grande exportador
de café para o mercado norte-americano, através do governo
de Washington Luíz, foi obrigado a comprar e queimar parte
da safra, na tentativa de manter os preços do produto em
níveis considerados aceitáveis. (LEITE, 2016, p. 75)

2.2 O New Deal


A expressão New Deal, que significa “Novo Acordo”, na língua
portuguesa, foi o nome dado a uma série de programas implementados
pelo então presidente dos Estados Unidos, Flanklin Delano Roosevelt,
no período de 1933 a 1937, com o objetivo de recuperar e, ao mesmo
tempo, reformular a economia norte-americana.

Alguns itens do projeto:

a) Investimentos em obras públicas: preocupado com a


geração de empregos, Roosevelt deu início à construção de obras
direcionadas para o segmento da construção civil. Nesse contexto,
foram construídas usinas hidrelétricas, barragens, pontes, hospitais,
escolas, aeroportos e outras edificações que pudessem empregar
mão de obra especializada no setor.

b) Destruição de estoque de gêneros agrícolas: da mesma


forma que Washington Luíz destruiu parte da safra de café no Brasil,
Roosevelt eliminou os estoques de algodão, trigo e milho que
estavam em poder do governo, com o objetivo de conter a queda
dos preços desses produtos.

c) Controle sobre a produção: nesse período, o governo foi obrigado


a controlar o volume de produção na agricultura e na indústria, dos
produtos que apresentavam baixo grau de demanda.

d) Diminuição da jornada de trabalho: Roosevelt diminuiu a jornada


de trabalho com o objetivo dar oportunidade de emprego ao grande
contingente que estava sem emprego e renda no país.

e) Fixação do salário mínimo: fixou o valor do salário mínimo


(novidade para a época) e criou a aposentadoria para todos os cidadãos,
com mais de 65 anos de idade.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 99


É importante destacar que o programa de medidas adotado por
Roosevelt durante a grande depressão influenciou Keynes no trabalho
conhecido como As bases do Estado Keynesiano.

Figura 3.6 | Franklin Delano Roosevelt

Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Franklin_D._Roosevelt_-_NARA_-_196715.jpg>. Acesso em:


6 mar. 2017.

Roosevelt, que aparece na Figura 3.6, influenciou, com seu trabalho,


a política socioeconômica do governo de Getúlio Vargas no Brasil.

2.3 Contribuições de Alfred Marshall para a Teoria do


desenvolvimento econômico
Figura 3.7 | Alfred Marchall

Fonte: <http://www.economicsonline.co.uk/Pictures/marshall.jpeg>. Acesso em: 6 mar. 2017.

Para Alfred Marshall, a aplicação de tecnologias avançadas


aliada aos rendimentos de escalas crescentes, iriam criar
condições para que um número reduzido de empresas
pudesse ofertar ao mercado grande quantidade de
produtos com preços mais baixos. Marshall via nessa
realidade, a possibilidade de a produção capitalista ficar

100 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


concentrada nas mãos de uma minoria e, nesse contexto,
a livre concorrência ficaria comprometida pelo fato das
pequenas empresas serem obrigadas a desaparecer [...]
Marshall acreditava que a determinação dos preços de
mercado deveria levar em conta o comportamento dos
consumidores e dos fornecedores. Para Marshall, existia a
necessidade da redução dos preços para que a venda de
produtos iguais pudesse ocorrer. (MOCHON, 1994, p. 96)

Figura 3.8 | John Maynard Keynes (1883 - 1946)

Fonte: <http://www.oexplorador.com.br/exp/wp-content/uploads/imagens-old/ft_
imagem_33401_8437_26072013.jpg>. Acesso em: 6 mar. 2017.

Os fatos relacionados com a economia mundial nos anos 1930


desencadearam todo o trabalho de Keynes que, observando a situação
conjuntural dos principais países capitalistas da época, notou que o
desemprego elevado não era exclusividade apenas dos Estados Unidos
que passavam por momento de grande depressão econômica e sim
de todos os países capitalistas do mundo naquele período.

Após ver grande quantidade de produtos sem a presença dos


consumidores, ele questionou a Lei de Say, “Segundo Keynes, a partir
do advento da grande depressão nos Estados Unidos, ficou claro que
não era a oferta que desencadeava a demanda e sim a demanda que
desencadeava a oferta” (LEITE, 2007, p. 5).

Antes de ocupar a cátedra de Alfred Marshall na Universidade de


Cambridge (Inglaterra), Keynes já havia notado a preocupação de seu
antecessor com a formação de preços e sabia que a oferta estava perto
de superar a demanda. Ver o que aconteceu nos Estados Unidos, já que
Keynes era inglês, foi apenas uma constatação que para o capitalismo
moderno a Lei de Say estava ultrapassada.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 101


Observando a atuação de Roosevelt na depressão norte-americana,
Keynes afirmou que o pensamento liberal de Adam Smith com relação
à autorregulação do mercado não estava alinhado com os fatos que
ocorriam no século XX.

Nesse contexto, contrariando a Teoria neoclássica, Keynes


passou a defender de forma ferrenha a intervenção do Estado
na economia. “Em sua teoria, Keynes atribuiu ao Estado o dever
de intervir na economia para garantir a empregabilidade e sua
autorregulamentação” (LEITE, 2007, p. 5).

Ao estudar os determinantes diretos da renda e do emprego, Keynes


supôs que existia importante inter-relação entre a renda nacional e os
níveis de emprego. Segundo ele, quanto maior a renda do país maior
seria seu poder de investimento.

Keynes via o pleno emprego dos fatores de produção


(capital/trabalho) como um caso especial, que poderia ocorrer
esporadicamente. Para ele, o caso normal e característico estava no
equilíbrio com o desemprego.

Ele compreendia que o “espírito animal” dos empresários precisava


ser contido e com isso era necessário que o Estado fizesse o papel de
regular o processo de entesouramento das poupanças e estimulasse o
investimento em áreas produtivas.

Com essa intervenção, poderia equalizar os interesses dos


empresários com os da nação como um todo, para evitar o processo
massificado de desemprego que ocorria em alguns momentos, devido
à forma errônea que era conduzido o capitalismo.

2.4 A Teoria geral do emprego dos juros e da moeda

Em 1936, Keynes publicou um livro sobre a teoria geral do emprego


do juro e da moeda. Essa obra é considerada a principal referência para
o estudo da macroeconomia.

102 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Figura 3.9 | A principal obra de John Maynard Keynes

Fonte: <http://www.fontedosaber.com/wp-content/uploads/2011/12/teoria-geral-emprego-juro-moeda-keynes.
jpg>. Acesso em: 6 mar. 2017.

Para escrever a Teoria geral do emprego do juro e da moeda,


Keynes jogou por terra muitos conceitos da Teoria econômica liberal.
Em sua obra, ele analisou os ciclos econômicos e ressaltou o valor que
a condução correta da política monetária e fiscal poderia trazer grandes
benefícios para o mundo capitalista.

A teoria de Keynes é baseada no princípio de que os consumidores


destinam seus gastos à aquisição de bens de consumo e poupança,
em função da renda que recebem.

Segundo ele, quanto maior a renda, maior a porcentagem que


deveria ser poupada.

Dessa maneira, se a renda agregada aumentar em função do


emprego, maior será a possibilidade do aumento da quantidade
poupada dentro do país.

Nesse contexto, ele observa que o aumento da renda tem relação


direta com o aumento do emprego.

Para saber mais


Você sabia que diferente dos liberais, Keynes percebeu que nem
sempre a economia se autorregularia? Ele sabia que o objetivo dos
empresários estava voltado para a ganância de conseguir cada vez
mais dinheiro sem se importar com o desenvolvimento da economia

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 103


Para saber mais
como um todo. Para Keynes, era preciso que o Estado participasse do
contexto, normatizando, dentro do possível, tudo que pudesse trazer
benefícios para o desenvolvimento do capitalismo.

É importante destacar que Keynes afirmava que os investimentos têm


relação direta com a taxa de juros. Portanto, juros altos deslocam
o dinheiro para o setor improdutivo da economia (bancos) e juros
baixos para o setor produtivo, trazendo benefícios para a produção e,
automaticamente, para a empregabilidade.

Se temos, nos dias de hoje, a regulamentação da economia com


instituições específicas voltadas para a normatização do sistema,
não podemos esquecer que esta situação é um legado de John
Maynard Keynes.

2.5 Macroeconomia na visão de Kalecki


Michal Kalecki foi um economista marxista especializado em
macroeconomia. Trabalhou como assessor dos governos de Cuba,
Israel, México e Índia.

No que se refere à Teoria do desenvolvimento econômico, existe


um impasse acadêmico que ocorreu pelo fato de muitos dos princípios
da obra de Kalecki, escrita em polonês nos anos de 1933 e 1934,
constarem no livro de Keynes, A Teoria geral dos juros e da moeda,
publicada em fevereiro de 1936.

Figura 3.10 | Michal Kalecki (1899 - 1970)

Fonte: <https://alchetron.com/Michal-Kalecki-1317453-w />. Acesso em: 6 mar. 2017.

104 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Kalecki via a inovação tecnológica como um dos fatores responsáveis
pelos investimentos e, para ele, eram os investimentos que justificavam
a existência dos ciclos dos negócios, pois acreditava que pelo fato de
existir a concorrência no sistema capitalista, a inovação colocada nos
produtos por uma empresa, obrigava os concorrentes a seguirem o
mesmo caminho.

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- Após a reconstrução da Europa, nos anos 1920, as exportações dos


Estados Unidos para o velho continente diminuíram de forma significativa
e grande parte das empresas que exportavam produtos para o mercado
europeu, passou a acumular estoques de produtos manufaturados.
II- A expressão New Deal que significa "Novo Acordo", na língua portuguesa,
foi o nome dado a uma série de programas implementados pelo então
presidente dos Estados Unidos, Flanklin Delano Roosevelt, no período de
1933 a 1937, com o objetivo de recuperar e, ao mesmo tempo, reformular
a economia norte-americana.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2 Observe as afirmativas a seguir:

I- Marshall acreditava que a determinação dos preços de mercado deveria


levar em conta o comportamento dos consumidores e dos fornecedores.
Para Marshall, existia a necessidade da redução dos preços para que a
venda de produtos iguais pudesse ocorrer.
II- Após a reconstrução da Europa, nos anos 1920, as exportações dos
Estados Unidos para o velho continente diminuíram de forma significativa
e grande parte das empresas que exportavam produtos para o mercado
europeu passou a acumular estoques de produtos manufaturados.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 105


Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

106 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Seção 3
Trabalho realizado por Keynes, após a Segunda
Guerra Mundial

Questão para reflexão


• A criação do Fundo Monetário Internacional resolveu o problema
dos desequilíbrios existentes entre as nações?

• O Banco Mundial pode ser representado pela sigla BIRD?

Introdução à seção
Nesta seção, veremos que antes do término da Segunda Guerra
Mundial foi realizado um encontro na cidade de Bretton Woods, que
deu origem ao nascimento do Fundo Monetário Internacional (FMI),
saberemos que neste encontro, junto com o Fundo Monetário
Internacional, foi criado o Banco Mundial e veremos que John
Maynard Keynes foi o representante oficial da Inglaterra no encontro
que desencadeou o surgimento do FMI e do Banco Mundial.

Além disso, observaremos que o Brasil estava presente em


Bretton Woods e se fez representar nas figuras de Roberto Campos
e Otávio Gouveia de Bulhões, destacaremos a importância do
estabelecimento de metas para a política macroeconômica,
discutiremos a possibilidade de aumentar o produto nacional através
de políticas econômicas voltadas para o estímulo da atividade
produtiva e também teremos a oportunidade de observar que a
política macroeconômica necessita da presença do governo como
agente regulador.

Ainda nessa seção, destacaremos a importância da política


fiscal no contexto macroeconômico, abordaremos as políticas
monetárias, cambial, comercial e de rendas, estudaremos a estrutura
da análise macroeconômica, analisaremos a relação existente
entre crescimento econômico e renda per capita, bem como
observaremos que o crescimento econômico é um fenômeno
global da sociedade que atinge toda a estrutura social, política e

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 107


econômica e finalizaremos abordando a importância do capital
humano e do capital fixo para o desenvolvimento econômico.

3.1 A criação do Fundo Monetário Internacional


O Fundo Monetário Internacional (FMI) nasceu em 1944, na
cidade de Bretton Woods, no estado de New Hampshire, nos Estados
Unidos, e foi idealizado com o objetivo de criar mecanismos capazes
de garantir a estabilidade econômica e financeira mundial, pelo fato
da instabilidade comercial e econômica entre as nações ter sido
considerada a responsável pela eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Keynes e o norte-americano Harry Dexter White receberam a


incumbência de apresentar propostas capazes de normatizar a estrutura
do Fundo Monetário Internacional, porém é importante destacar que
apenas uma das propostas apresentadas seria aceita.

A proposta de Keynes não foi considerada ideal para os


interesses dos Estados Unidos, pelo fato de propor a utilização
de uma moeda virtual chamada bancor. Os bancores seriam uma
moeda virtual exclusiva do FMI e seriam emprestados aos países
com déficit comercial para quitar dívidas com os países filiados
com superávit comercial.

Na visão de Keynes, os bancores obrigariam os filiados do FMI


com superávit na balança de comércio a comprarem produtos
dos filiados que apresentassem déficit comercial. Dessa forma, o
comércio entre as nações estaria equalizado.

A proposta de Harry Dexter White era semelhante à de Keynes,


com a diferença do sistema operacional utilizar o dólar como
moeda oficial.

A proposta de White saiu vencedora, pelo fato dos integrantes


do FMI acharem mais interessante trabalhar com uma moeda real
do com uma moeda virtual.

Junto com o Fundo Monetário Internacional, foi criado o Banco


Mundial e passou a funcionar no ano de 1945.

O FMI, no dia da sua fundação, em 1946, contou com a presença


dos brasileiros Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões.

108 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Figura 3.11 | Harry Dexter White com John Maynard Keynes em Bretton Woods

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/04/WhiteandKeynes.jpg/300px-WhiteandKeynes.
jpg>. Acesso em: 5 mar. 2017.

3.2 Principais metas da política macroeconômica


Após a obra de Keynes, sobre a teoria geral do emprego dos juros e da
moeda, o estudo da economia passou a ser visto de maneira mais ampla.

Nesse contexto, as metas de curto prazo foram classificadas da


seguinte maneira (VASCONCELLOS, 2003):

a) Elevado nível de empregabilidade: a partir de 1930, a


empregabilidade passou a ser vista como prioridade para a estabilidade
da economia ao longo do tempo.

Quando Keynes afirmou que cabe ao governo zelar pelo


emprego e bem-estar social, outorgou ao Estado a obrigatoriedade do
desempenho dessa função.

Nesse cenário, ficou claro que existe a possibilidade da criação pelo


poder público de empregos diretos e indiretos, ou seja, direto, quando
ocorrer a contratação da mão de obra pura e simples, e indireto,
quando ocorrer a necessidade da aquisição de insumos e até mesmo
terceirização de serviços.

O livro A teoria geral do emprego dos juros e da moeda não deixa


de observar que a existência de um bom projeto macroeconômico
ajuda o setor privado em seu processo de crescimento.

E é de conhecimento geral que processos de crescimento são


benéficos para a manutenção do nível de empregos na economia
como um todo.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 109


Figura 3.12 | Linha de produção nos anos 1950

Fonte: <http://alunosonline.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/cc2beaf2e81a2d0b5174f0476c1ced01.jpg>. Acesso


em: 6 mar. 2017.

b) Estabilidade de preços: a manutenção da estabilidade de preços


passa pelo controle que deve ser feito pelo Estado, com relação à
inflação. Para que um bom sistema de controle seja implantado, é
necessária a criação, por parte do governo, de instituições encarregadas
da normatização do sistema. Como exemplo, podemos citar a
necessidade da existência de bancos centrais em todos os países do
contexto capitalista.

É importante destacar que uma das definições da inflação está na


perda do poder aquisitivo da moeda que pode ocorrer por três fatores:

• Excesso de demanda.

• Excesso de custos.

• Volume de moeda em circulação, superior ao valor do Produto


Interno Bruto (PIB).

Keynes apoiava a emissão primária de moeda em casos


especiais, porém as emissões de dinheiro deveriam estar
dentro de um programa capaz de não comprometer a
meta de inflação estabelecida para o período em que a
necessidade viesse a se apresentar. (LEITE, 2007, p. 4)

c) Distribuição de renda socialmente justa: a distribuição da renda


de forma socialmente justa é um tema difícil de ser abordado, pelo fato
do sistema capitalista independentemente de ideologias ter em sua
essência a concentração da renda.

110 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Essa realidade nos remete à teoria de Karl Marx sobre o mais valia e
ao mesmo tempo nos leva a refletir sobre medidas que poderiam ser
adotadas pelo governo para eliminar essa dicotomia.

d) Busca pelo crescimento econômico: de uma forma geral, o


crescimento econômico significa aumento da produção total do país
(PIB), em relação a períodos anteriores. Como exemplo, posso citar de
forma aleatória, um país que em 2013 apresentou PIB de U$$ 100,00 e
no ano de 2014 obteve PIB de U$$ 110,00.

De forma simples, podemos observar que, no período de um ano,


o país cresceu 10%, mas a análise do crescimento da produção não
pode ser feita de forma isolada. É necessária a obtenção de dados do
crescimento populacional do mesmo período para que uma avaliação
mais segura possa ser feita.

Se o país que escolhemos como exemplo tinha, em 2013, população


de 10 habitantes, a renda per capita (valor do PIB dividido pelo número
de habitantes) seria de 100 dividido por 10, igual a U$$ 10,00.

No ano de 2014, com PIB de U$$ 110,00, a população do mesmo


país poderia ter aumentado para 11 habitantes. Nesse caso, a renda per
capita seria 110 dividido por 11, igual a 10%.

Portanto, é importante destacar que avaliar o crescimento


econômico só é possível com a informação de quanto a população
cresceu ou decresceu no período. Apenas o valor do crescimento da
produção sem a informação do valor do crescimento da população,
inviabiliza qualquer tipo de análise.

Os países ricos, mesmo apresentado crescimento


econômico considerado mediano, não apresentam grande
aumento populacional. Caso da Noruega, Suécia, Suíça e
outros, em que a renda per capita é elevada. Por outro lado,
os países pobres ou em estado de desenvolvimento, quase
sempre apresentam aumento populacional maior que o PIB
e, consequentemente, queda na renda per capita que vai
diminuindo ano após ano. (LEITE, 2007 p. 5)

Essa realidade nos remete à teoria de Thomas Malthus sobre o


crescimento populacional, só que para que seja possível analisar com

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 111


precisão a obra de Malthus, faz-se necessária uma estratificação sobre
o crescimento da população do planeta.

E fica uma indagação: em quais países a população está crescendo


e em quais países está decrescendo?

Figura 3.13 | Thomas Malthus (1766 - 1834)

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e6/Thomas_Malthus.jpg/200px-Thomas_Malthus.
jpg>. Acesso em: 6 mar. 2017.

Malthus considerava a velocidade do crescimento populacional do


planeta um grave problema que a teoria econômica deveria estudar.

3.3 Teoria do crescimento e do desenvolvimento


econômico
A Teoria do crescimento e do desenvolvimento econômico estuda
as questões macroeconômicas com uma visão de longo prazo e nesse
contexto podemos observar a importância do progresso tecnológico e
da abertura comercial.

A tecnologia, conforme pode ser observado na Figura 3.14, com a


engenharia genética, é de extrema importância, pois além de agregar
valor aos produtos, desencadeia o desenvolvimento econômico em
todos os segmentos em que é inserida.

112 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Figura 3.14 | Produtos transgênicos

Fonte: <http://www.oarquivo.com.br/variedades/qualidade-de-vida/3209-milho-transgenico-causa-
cancer-em-ratos-e-reacende-debate-nutricidio.html>. Acesso em: 6 mar. 2017.

A abertura comercial está diretamente relacionada com a política


de estimulo às exportações e em alguns casos com desestímulos às
importações. Nesse cenário, a macroeconomia pode ser utilizada através
de estímulos fiscais, taxas de juros subsidiadas e outros.

Para saber mais


Você sabia que o Brasil é considerado um dos fundadores do Fundo
Monetário Internacional, pelo fato de ter enviado para Bretton Woods, em
1944, os economistas Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões?

3.4 Estrutura de análise macroeconômica


Por tradição, a estrutura básica do modelo macroeconômico é
composta por cinco mercados:

a) Mercado de bens e serviços: determina o nível de produção


agregada que tem relação direta com o nível geral de preços e
está relacionado com a demanda agregada e oferta agregada de
bens e serviços.

b) Mercado de trabalho: a demanda por mão de obra ocorre por


dois fatores básicos:

• Salário real, que é o valor do piso salarial que deve ser oferecido
aos trabalhadores.

• Evolução da população economicamente ativa. Nesse cenário


deveremos observar os fatores quantitativos (quantidade de

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 113


mão de obra disponível) e os fatores qualitativos (qualificação
profissional dos trabalhadores).

c) Mercado monetário: pelo fato de todas as transações na


economia utilizarem moeda, o mercado monetário é composto por
agentes que demandam moeda e agentes que ofertam moedas. Os
principais agentes que ofertam moedas são os bancos comerciais sob
a supervisão do Banco Central.

d) Mercado de títulos: é composto por agentes superavitários que


aplicam dinheiro nos bancos e agentes deficitários que captam dinheiro
através de empréstimos junto aos bancos.

e) Mercado de divisas: pelo fato dos países dentro do contexto


econômico manterem relações comerciais com outros Estados-
nações, o mercado de divisas se faz necessário para realizar conversões
entre as moedas. É importante destacar que o dólar americano é
utilizado na maior parte das transações internacionais.

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:
I- O Fundo Monetário Internacional (FMI) nasceu, em 1944, na cidade de
Bretton Woods, no estado de New Hampshire, na Inglaterra e foi idealizado
com o objetivo de criar mecanismos capazes de garantir a estabilidade
econômica e financeira mundial, pelo fato da instabilidade comercial
e econômica entre as nações ter sido considerada a responsável pela
eclosão da Segunda Guerra Mundial.
II- Junto com o Fundo Monetário Internacional foi criado o Banco Central
do Brasil, conhecido pela sigla BACEN, e passou a funcionar no ano de
1945.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

114 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


2 Observe as afirmativas a seguir:

I- A Teoria do crescimento e do desenvolvimento econômico estuda


as questões macroeconômicas com uma visão de longo prazo e, nesse
contexto, podemos observar a importância do progresso tecnológico e da
abertura comercial.
II- Pelo fato de todas as transações na economia utilizarem moeda, o
mercado monetário é composto por agentes que demandam moeda e
agentes que ofertam moedas. Os principais agentes que ofertam moedas
são os bancos comerciais sob a supervisão do Banco Central.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 115


Seção 4
Teoria keynesiana depois de Keynes

Questão para reflexão


• Qual foi a contribuição da obra desigualdade reexaminada escrita
em 1992 por Amartya Sem?
• É correto afirmar que James Tobin utilizou a matemática, com objetivo
de reforçar as fundamentações das teorias macroeconômicas e
monetárias de Keynes?

Introdução à seção
Nesta seção, iremos abordar o surgimento do FMI e a relação do
mesmo com seus filiados, saberemos que existe uma estreita relação
entre o Banco Mundial e o FMI e veremos a influência do pensamento
de Keynes no período pós Segunda Guerra Mundial.

Além disso, observaremos a importância da escola keynesiana


para a economia brasileira, estudaremos o pensamento de
Keynes na visão de Amartya Sen, e de Franco Modigliani, bem
como observaremos a maneira como James Tobin interpretou o
pensamento de Keynes e faremos uma avaliação sobre a maneira
como Joseph E. Stiglitz interpretou o trabalho de Keynes.

Para finalizar, analisaremos o trabalho de Paul Samuelson sobre


a escola keynesiana, abordaremos o pensamento keynesiano de
Robert Solow e observaremos o trabalho de Wassily Leontief.

4.1 O surgimento do FMI e a relação com seus filiados


A criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco
Mundial, idealizada na reunião de 1944, em Bretton Woods, foi
oficializada com a assinatura da ata oficial, em 27 de dezembro de 1945.

O FMI ficou responsável pela estabilidade do câmbio e a manutenção


dos acordos monetários do pós-guerra. Mais tarde suas funções seriam

116 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


estendidas para o combate à pobreza no que era chamado na época
de Terceiro Mundo.
Figura 3.15 | Sede do Fundo Monetário Internacional

Fonte: <http://alunosonline.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/244d4e3c2958382d557a0689cc224f81.jpg>. Acesso


em: 7 mar. 2017

O FMI teve seu processo operacional iniciado no ano de 1946 e


sua implantação coincidiu com a morte de John Maynard Keynes,
em 21 de abril do mesmo ano. Fica o alento de Keynes ter visto antes
de falecer a inauguração da instituição que ajudou a idealizar.

No mesmo ano da criação do FMI, foi criado o Banco


Mundial, que assumiu a responsabilidade de financiar os países
em desenvolvimento. É importante destacar que o Banco
Mundial é composto por duas instituições: Banco Internacional
de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e a Associação
Internacional de Desenvolvimento (AID) e que um país só poderá se
tornar membro do Banco Mundial se for filiado ao FMI.

Para saber mais


Você sabia que em 24 de outubro de 1945 foi criada a Organização das Nações
Unidas (ONU), com a função de promover a cooperação internacional entre
as nações e com o objetivo de evitar um terceiro conflito mundial?

Figura 3.16 | Sede do Banco Mundial

Fonte: <http://www.esquerda.net/sites/default/files/styles/480y/public/world-bank_0.jpg?itok=3SX50PcY>. Acesso em:


7 mar. 2017.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 117


4.2 A importância da Escola keynesiana para a
economia brasileira
O Brasil por muito tempo teve no pensamento de Keynes a base de
sua doutrina econômica e um dos principais expoentes do pensamento
keynesiano em nosso país foi Celso Furtado. Nas entrelinhas de sua
obra Formação econômica do Brasil, é possível notar a admiração que
Furtado tinha por Keynes.

Figura 3.17 | Celso Furtado (1920 - 2004)

Fonte: <https://goo.gl/g3Ry3u>. Acesso em: 7 mar. 2017.

Para saber mais


Você sabia que a maior parte das Universidades brasileiras possui grupo
de estudos voltados para o entendimento do pensamento keynesiano?

4.3 Personagens da escola keynesiana e suas


contribuições
Figura 3.18 | Amartya Sen (1933)

Fonte: <http://www.kidsworldfun.com/images/great-personalities/amartya-sen.jpg>. Acesso em: 6 mar. 2017.

118 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Uma das contribuições de Amartya Sen está em sua obra
“Desigualdade Reexaminada escrita em 1992.

Nela, Sen (1992) afirma que o desenvolvimento, de um país está


diretamente relacionado com as oportunidades de escolhas que
oferece à sua população.

Figura 3.19 | Franco Modigliani (1918 - 2003)

Fonte: <http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/economic-sciences/laureates/1985/modigliani.jpg>.
Acesso em: 6 mar. 2017.

Franco Modigliani se aprofundou nos estudos da teoria de Keynes


utilizada no pós Segunda Guerra Mundial.

Figura 3.20 | James Tobin (1918 - 2002)

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/11/James_Tobin.png/200px-James_Tobin.
png>. Acesso em: 6 mar. 2017.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 119


Tobin, durante o início de sua trajetória acadêmica, trabalhou
na análise da teoria de Keynes, com o objetivo de aumentar
as fundamentações no intuito de reforçar a lógica das teorias
macroeconômicas e monetárias. Estudou os mercados
financeiros e suas relações com as decisões das despesas,
empregos, produção e preços.
Figura 3.21 | Joseph E. Stiglitz (1943)

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d4/Empfang_Joseph_E._Stiglitz_im_
Rathaus_K%C3%B6ln-1473.jpg/200px-Empfang_Joseph_E._Stiglitz_im_Rathaus_K%C3%B6ln-1473.jpg>.
Acesso em: 6 mar. 2017.

Stiglitz recebeu o Prêmio Nobel de Economia, em 2001, por ter criado


os fundamentos da teoria de mercados no ano 2000, com informações
assimétricas. É importante destacar que informações assimétricas
ocorrem, quando dois ou mais agentes econômicos estabelecem entre
si uma transação econômica, dentro de um contexto, onde apenas uma
das partes envolvidas é detentora de informações.

Convém ressaltar que em microeconomia, assimetria é considerada


como: falhas de mercado. Stiglitz sempre defendeu a nacionalização
dos bancos americanos e é membro da Comissão Socialista
Internacional de Questões Financeiras Globais.
Figura 3.22 | Paul Samuelson (1915 - 2009)

Fonte: <http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/economic-sciences/laureates/1970/samuelson.jpg>.
Acesso em: 6 mar. 2017.

120 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Samuelson foi o primeiro economista a receber o Prêmio Nobel de
Economia, fato que aconteceu no ano de 1970.

Ele foi um grande estudioso e divulgou a obra de Keynes a


muito estudantes nos Estados Unidos, durante a segunda metade
do século XX.
Figura 3.23 | Robert Solow (1924)

Fonte: <http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/economic-sciences/laureates/1987/solow.jpg>. Acesso


em: 6 mar. 2017.

Solow recebeu o Prêmio Nobel de Economia no ano de 1987.


Ficou famoso por criar o modelo Solow Swan que, entre outras coisas,
procura responder: porque alguns países são mais ricos que outros?

Figura 3.24 | Wassily Leontief (1905 - 1999)

Fonte: <http://www.thefamouspeople.com/profiles/thumbs/wassily-leontief-2.jpg>. Acesso em: 6 mar. 2017.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 121


Wassily recebeu prêmio Nobel em 1973 e ficou conhecido pelas
pesquisas realizadas sobre como as mudanças em um único setor da
economia afetam os demais.

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- No mesmo ano da criação do FMI, foi criado o Banco Mundial, que


assumiu a responsabilidade de financiar os países em desenvolvimento.
II- Uma das contribuições de Amartya Sen (1992) está na afirmação feita
sobre o desenvolvimento das nações escrita em 1992: o desenvolvimento
de um país está diretamente relacionado com as oportunidades de
escolhas que oferece à sua população.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2 Observe as afirmativas a seguir:

I- A criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial,


idealizadas na reunião de 1944 em Bretton Woods, foi oficializada com a
assinatura da ata oficial, em 27 de dezembro de 1948.
II- Paul Samuelson, durante o início de sua trajetória acadêmica, trabalhou na
análise da teoria de Keynes, com o objetivo de aumentar as fundamentações
no intuito de reforçar a lógica das teorias macroeconômicas e monetárias.
Estudou os mercados financeiros e suas relações com as decisões das
despesas, empregos, produção e preços.

Assinale a alternativa correta

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.

122 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

Fique ligado
A teoria de John Maynard Keynes foi aplicada com grande
intensidade, em vários países do mundo até os anos 1970. Até
hoje é a base da economia dos países com as maiores rendas per
capita mais do mundo (Suécia; Suíça; Noruega; Luxemburgo, entre
outros considerados nórdicos). Foi e ainda é estudada nas principais
universidades de renome em território nacional como (Fundação
Getúlio Vargas (FGV); Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)
Universidade Nacional de Brasília UnB) dentre outras. Porém vejo
com tristeza, muitos críticos rotularem Keynes como defensor do
monopólio do Estado na economia. Lord Keynes como de maneira
carinhosa ficou conhecido, faleceu no primeiro semestre do ano de
1946 apenas outorgava ao Estado a responsabilidade de zelar pelo
emprego e normatização da economia. Estudem com carinho a obra
de Keynes e reflitam sobre o que escreveram sobre ele após 1946.

Para concluir o estudo da unidade


Espero que você tenha observado durante a leitura dessa unidade
a relevância do trabalho de Keynes. Foi ele que destruiu paradigmas
da teoria clássica e dogmas da teoria neoclássica. Seu trabalho
colocou em cheque o Laissez Faire de Adam Smith, inverteu a Lei
de Say e implantou em todos os países do mundo a necessidade da
regulamentação da economia. Quando estudamos ou analisamos
instituições como Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco
Mundial não podemos esquecer que ambos nasceram em Bretton
Woods, com base no idealismo de Keynes. Quando ouvirmos falar
de Bancos Centrais e estruturas que normatizam o sistema financeiro
como um todo, não podemos esquecer de Keynes. Foi ele que
outorgou ao Estado o dever de zelar pela normatização do sistema
econômico e pelo pleno emprego dos fatores de produção, mas
infelizmente como aconteceu com Marx, seu trabalho foi sendo
modificado de forma paulatina após o dia de sua morte. Se você
puder estudar o acervo que Keynes deixou, irá perceber que muito
do que se fala dele nos dias de hoje são simplesmente mentiras.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 123


Atividades de aprendizagem da unidade
1- Observe as afirmativas da questão:

I - Prudente de Morais que foi presidente do Brasil no período de 1894


a 1898, procurou com a concessão de financiamentos governamentais e
aumento das taxas alfandegárias, incentivar o embrionário setor industrial
que estava nascendo em nosso país.
II - A Primeira Guerra Mundial foi basicamente um conflito entre as nações
imperialistas que visavam dominar o mercado mundial e o mercado colonial
para onde seriam exportados os capitais excedentes e os manufaturados
em geral.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2- Observe as afirmativas da questão:

I - A expressão New Deal que significa "Novo Acordo" na língua portuguesa,


foi o nome dado a uma série de programas implementados pelo então
presidente da França, Flanklin Delano Roosevelt, no período de 1933
a 1937, com o objetivo de recuperar e ao mesmo tempo, reformular a
economia francesa.
II - Para Alfred Marshall, a aplicação de tecnologias avançadas aliada
aos rendimentos de escala crescentes, iriam criar condições para que
um número elevado de empresas pudesse ofertar ao mercado grande
quantidade de produtos com preços mais baixos.

Assinale a alternativa correta

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

124 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


3- Observe as afirmativas da questão:

I – Marshall acreditava que a determinação dos preços de mercado


deveriam levar em conta o comportamento dos consumidores e o
comportamento dos fornecedores.
II - Para Marshall, existia a necessidade da redução dos preços para que a
venda de produtos iguais pudessem ocorrer.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

4- Observe as afirmativas da questão:

I - Michal Kalecki foi um economista marxista especializado em


macroeconomia. Trabalhou como assessor dos governos de Cuba, Israel,
México e Índia.
II - Muitos dos princípios da obra de Kalecki escrita em polonês, nos anos
de 1933 e 1934, constam no livro de Keynes, publicado em 1936.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

5- Observe as afirmativas da questão:

I - Em 1996, Keynes publicou um livro sobre a teoria geral do emprego


do juro e da moeda. Essa obra é considerada a principal referência para o
estudo da Microeconomia.
II - Paul Samuelson foi o quinto economista a receber prêmio Nobel de
economia, fato este, que aconteceu no ano de 1990.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 125


Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está incorreta.
d) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está correta.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

126 U3 - Malthus, Keynes e Kalecki


Referências
CÁCERES, F. História da América. São Paulo: Moderna, 1980.

GASTALDI, J. P. Elementos de economia política. São Paulo: Saraiva, 2005.

LEITE, A. C. Educação sem fronteiras. Campo Grande: UNIDERP, 2007.

LEITE, A. C. Formação econômica do Brasil. Londrina: Editora e Distribuidora


Educacional, 2016.

MOCHON, F. Introdução á economia. São Paulo: Editora Makron Books, 1994.

SEN, A. Inequality rexamined. Nova York: Russel Sage Fundation, 1992.

VASCONCELLOS, M. A. S. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2003.

U3 - Malthus, Keynes e Kalecki 127


Unidade 4

Desenvolvimento na visão
schumpeteriana
Ademir Cavalheiro Leite

Objetivos de aprendizagem
Abordar o desenvolvimento econômico sob o ponto de vista
da abordagem de Joseph Schumpeter.

Seção 1 | Desenvolvimento na visão de Schumpeter


Nessa seção serão abordados os conceitos de desenvolvimento, os ciclos
econômicos, o endividamento dos Estados, a influência de Walras e a relação da
Teoria estática com a Teoria dinâmica do capitalismo.

Seção 2 | Capitalismo sob o ponto de vista de Schumpeter


Nessa seção serão abordados o capitalismo na visão de Schumpeter, as
estruturas de classe da sociedade pré-capitalista e os avanços científicos oriundos
do capitalismo.

Seção 3 | A inovação e o empreendedorismo


Nessa seção serão abordados os conceitos de evolução criativa, o ponto
máximo da capacidade criativa do homem, o conceito de empresário inovador
e os expoentes da escola austríaca.

Seção 4 | Ideais schumpeterianos depois de Schumpeter


Nessa seção serão abordadas as contribuições dos neoschumpeterianos, a
Teoria de Thomas Khun, as contribuições de Christopher Freman, Mario Murteira,
Carlota Perez, Nathan Rosemberg, Richard Nelson, Sidney Winter e Giovani Dosi.
Introdução à unidade
Nesta unidade de ensino, observaremos a maneira como
o desenvolvimento econômico foi abordado na Teoria de
Schumpeter. Nossa narrativa obedecerá à ordem cronológica do
tempo, dentro da sequência em que os fatos históricos do período
aconteceram, e está dividida em quatro seções.
Seção 1
Desenvolvimento na visão de Schumpeter
Introdução à seção
Nesta seção, veremos a biografia de Schumpeter, estudaremos
o conceito de crescimento e desenvolvimento econômico,
observaremos o desenvolvimento na visão deste autor e discutiremos
a Teoria dos ciclos econômicos.

Além disso, também analisaremos o gráfico dos ciclos econômicos,


a contribuição de León Walras, discutiremos a influência de Alfred
Marshall nos pensamentos de Schumpeter, bem como teremos a
oportunidade de observar os polos de desenvolvimento no mundo
e finalizaremos a seção, abordando o trabalho dos economistas da
escola schumpeteriana, após Schumpeter.

1.1 Schumpeter
Joseph Schumpeter nasceu no Império austro-húngaro, em 8
de fevereiro de 1883, e é considerado, até os dias de hoje, um dos
principais economistas da segunda metade do século XX. Nasceu
no mesmo ano em que nasceu Keynes e Marx faleceu. Por essa
coincidência, ele teve a oportunidade de ver a etapa do capitalismo
que Keynes conheceu e Marx não pôde ver.
Figura 4.1 | Joseph Alois Schumpeter (1883 - 1950)

Fonte: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/5f/3a/b8/5f3ab802bb59d568bc529b51e60c8e50.
jpg>. Acesso em: 10 mar. 2017.

132 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


1.2 Conceito de desenvolvimento
O conceito de desenvolvimento econômico é totalmente
diferente do conceito de crescimento econômico:

a) Crescimento econômico acontece quando o país apenas


apresenta, em termos quantitativos, indicadores ratificando que o
crescimento ocorreu.

O instrumento utilizado com mais intensidade para auferir se o


país cresceu é o valor do Produto Interno Bruto (PIB), que representa
a produção anual de três setores básicos da economia: primário,
secundário e terciário.

b) Desenvolvimento econômico ocorre quando existe,


concomitantemente, variações positivas nos indicadores
quantitativos (PIB) e, ao mesmo tempo, variações positivas nos
indicadores qualitativos (qualidade de vida, educação, saúde,
infraestrutura) e, principalmente, avanços tecnológicos.

Nesse contexto, podemos afirmar que um país pode crescer


sem se desenvolver, basta apenas aumentar a produção do que
normalmente produz. No caso do desenvolvimento, a inserção da
tecnologia tem o poder de mudar o patamar da nação em termos
de desenvolvimento.

Podemos compreender melhor esses conceitos com o


seguinte exemplo: um país que fabrica 200 aviões monomotores
em determinado ano e aumenta sua produção para 300 aviões
monomotores no ano seguinte, com certeza, apresentou
crescimento no segmento. Já um país vizinho que produzia
100 aviões monomotores em determinado período e passou a
produzir aviões-caça, modelo F-16 em outro período, certamente
teve inserção de tecnologia no segmento e desenvolvimento
em seu sistema de aviação. Na Figura 1.2, você poderá observar,
através das sombras do mapa, onde estão localizados os pontos
de desenvolvimento do planeta: Estados Unidos, Canadá, União
Europeia, Japão, Inglaterra e Austrália.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 133


Figura 4.2 | Polos de desenvolvimento no mundo

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/34/2014_UN_Human_Development_Report_
Quartiles.svg/400px-2014_UN_Human_Development_Report_Quartiles.svg.png>. Acesso em: 10 mar. 2017.

1.3 Desenvolvimento na visão de Schumpeter


Em sua obra A Teoria do desenvolvimento econômico,
escrita no ano de 1911 Schumpeter estabelece algumas bases
sob as quais o desenvolvimento do sistema caminha:

a) Propriedade privada dos meios de produção.

b) A divisão do trabalho.

c) A livre concorrência.

Para Schumpeter, a competitividade é fator inerente ao capitalismo


e, ao mesmo tempo, a mola mestra que impulsiona o desenvolvimento.
Nesse contexto, na visão schupeteriana, que está registrada em sua obra
teoria do desenvolvimento econômico, publicada em 1911 e reproduzida
no Brasil em 1997, sem a presença da livre concorrência, da divisão do
trabalho e, principalmente, da propriedade privada dos meios de produção,
o desenvolvimento não seria fácil de ser obtido.

Schumpeter procurou estudar o capitalismo analisando acontecimentos


da história da humanidade que haviam ocorrido no passado. Em suas
observações, notou que Adam Smith, antes de formular a teoria que deu
origem ao livro A riqueza das nações, imaginou uma sociedade anterior ao
capitalismo e que Marx, antes de elaborar sua teoria sobre a acumulação
do capital, estudou com detalhes a política mercantilista.

Ele chegou à conclusão de que as grandes inovações necessitam da


presença de períodos de ruptura e descontinuidade e procurou observar o

134 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


período de tempo em que elas ocorreram, caso da Revolução Industrial de
1776. Com base nessa realidade, afirmou que as rupturas que darão início
a uma nova realidade só poderão ser previstas se estudarmos o passado.
A ruptura ou descontinuidade que Schumpeter previa seriam as inovações
que estavam para surgir.

1.4 Ciclos econômicos


Para Schumpeter, a teoria dos ciclos econômicos que consta em
obra publicada em 1911 e reproduzida no Brasil em 1997, às flutuações
da atividade econômica são a longo prazo. Ele acreditava que os ciclos
conforme pode ser observado na Figura 4.3, poderiam ocorrer com
alternância de períodos.

Em alguns momentos eles poderiam apresentar crescimento rápido,


em seguida, crescimento baixo e em outros até mesmo a estagnação.

Figura 4.3 | As quatro etapas do ciclo de Schumpeter


PIB
Cume
Tendencia
Cume

Cume
Vale
Vale

Vale

Fonte: <http://peritiaeconomica.com.br/ciclos-economicos/>. Acesso em: 3 abr. 2017.

1.5 León Walras


Walras estudou a Teoria da determinação dos preços, baseado no
regime hipotético do livre mercado e da concorrência perfeita. Tinha como
objetivo demonstrar seus descobrimentos em forma de proposições
matemáticas, com a intenção de dar aos estudos econômicos um teor
científico, comparável ao das ciências físicas. “Com seu trabalho, estava
interessado em provar que os resultados da livre concorrência eram
benéficos e vantajosos ao capitalismo” (TROSTER, 1994, p. 150).

Schumpeter utilizou parte da teoria do equilíbrio geral de Walras


em suas obras e, por esse motivo, existem marcas neoclássicas em
seu trabalho.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 135


Figura 4.4 | León Walras (1831 - 1910)

Fonte: <http://www.biografiasyvidas.com/biografia/w/fotos/walras.jpg>. Acesso em: 10 mar. 2017.

1.6 Alfred Marshall


Marshall, considerado o pai da microeconomia, de maneira diferente
dos economistas clássicos, não aceitava a ideia de que a formação de
preços tinha como base apenas os custos de produção defendidos por
Jean Baptiste Say.

Marshall, que fez parte da escola marginalista (1870) observando


o crescimento da produção em escala, afirmava que o preço final de
qualquer produto é determinado pela relação entre oferta e demanda. Esta
afirmação levou Keynes, em 1930, a afirmar que a demanda determina a
oferta, derrubando um dogma que era a Lei de Say.
Figura 4.5 | Alfred Marshall (1842 - 1924)

Fonte: <http://goo.gl/VFgcko>. Acesso em: 10 mar. 2017

Schumpeter, em sua obra de 1942, publicada no Brasil em 1997,


afirmou que a Escola marginalista da mesma forma que a Escola liberal e a

136 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


visão marxista, pode ser considerada objeto de um período de mudanças
e de ruptura e descontinuidades do fluxo circular.

Questão para reflexão


• Se Schumpeter afirma que, crescimento econômico é totalmente
diferente de crescimento econômico, procure descobrir a diferença?

• Se um país tiver retração no PIB na magnitude de 2% e redução da


população em 8% podemos afirmar que a renda per capita cresceu?

Para saber mais


Você sabia que Schumpeter foi um dos primeiros a considerar as
inovações tecnológicas como motor do desenvolvimento capitalista?

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:
I- Joseph Schumpeter nasceu no Império austro-húngaro, em 8 de
fevereiro de 1883, e é considerado, até os dias de hoje, um dos principais
economistas da segunda metade do século XX.
II- Schumpeter nasceu no mesmo ano em que nasceu Keynes e Marx
faleceu. Por essa coincidência, teve a oportunidade de ver a etapa do
capitalismo que Keynes conheceu e Marx não pôde ver.

Assinale a alternativa correta:


a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.
b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2 Observe as afirmativas a seguir:


I- Em 1942, Schumpeter já afirmava em seu livro que a competitividade
é fator inerente ao capitalismo e, ao mesmo tempo, a mola mestra que
impulsiona o desenvolvimento.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 137


II- Alfred Marshall, que fez parte da Escola marginalista, observando
o crescimento da produção em escala, afirmava que o preço final de
qualquer produto é determinado pela relação entre oferta e demanda.

Assinale a alternativa correta:


a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.
b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

138 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


Seção 2
Capitalismo sob o ponto de vista de Schumpeter
Introdução à seção
Nesta seção, abordaremos o capitalismo na visão de Schumpeter,
bem como este conceito e colocaremos sob análise a sua estrutura.
Também estudaremos as estruturas de classe da sociedade pré-
capitalista e observaremos os avanços científicos desencadeados
pelo capitalismo.

Além disso, buscaremos entendimento para a relação entre o


capitalismo e o progresso econômico, analisaremos a doutrina
marxista na visão de Schumpeter, abordaremos as análises dele
sobre o possível fim do sistema capitalista e discutiremos o diagrama
socialista, por fim teremos a oportunidade de discutir a democracia,
de acordo com os novos rumos da na visão de Schumpeter e
observaremos as críticas à visão socialista de Schumpeter.

2.1 O conceito de capitalismo

Para Marx, em sua obra O Capital, escrita em 1867, e


publicada no Brasil em 1985, o capitalismo pode ser
definido como um modo de produção de mercadorias que
teve início na idade moderna e encontrou sua plenitude no
intenso processo de desenvolvimento industrial inglês e
que a produção deveria ser observada, analisando a forma
como são apropriados os fatores de produção (mão de
obra e bens de capital). (CATANI, 1984, p. 8)

Nessa perspectiva, o capitalismo não pode ser visto


apenas como um sistema de produção de mercadorias,
mas também como um sistema em que a força de
trabalho em determinados momentos, por necessitar
de emprego, também deve ser vista como produto a ser
comercializado. (CATANI, 1984, p. 9)

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 139


Marx, registrou em sua obra O Capital, de 1867 que para o
capitalismo existir é necessário a concentração da propriedade
dos meios de produção tanto pelo setor público, como pelo setor
privado. (CATANI, 1984, p. 9). Na Figura 4.6 pode ser vista uma
das máquinas a vapor que desencadeou a Revolução Industrial. As
máquinas idealizadas por Thomas Newcomen e aperfeiçoadas por
James Watt podem ser consideradas marcos do nascimento do
capitalismo.

Figura 4.6 | Máquina a vapor

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/9e/Maquina_vapor_Watt_ETSIIM.jpg/800px-
Maquina_vapor_Watt_ETSIIM.jpg>. Acesso em: 10 mar. 2017.

2.2 O capitalismo financeiro


Com o passar do tempo, surgiu a fusão dos monopólios industriais
com os bancários, dando origem ao que chamamos de capitalismo
financeiro. Este deu acabamento à roupagem ao que podemos chamar
de capitalismo moderno. Nesse cenário, surgiram:

a) O setor produtivo (empresas) que utiliza dinheiro para a produção de


bens e serviços.

b) Setor improdutivo (bancos) que utiliza dinheiro para especulação.

2.3 O capitalismo na visão de Schumpeter


Na visão de Schumpeter, os gestores do capitalismo precisam repensar
os custos das guerras e gastos com armamentos. Ele observou, em sua
época, que os países mais ricos e com renda per capita elevada (Bélgica,
Suécia, Suíça e outros da região nórdica) não desencadeavam gastos
considerados expressivos com produção de armas.

140 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


Schumpeter em sua obra de 1939, publicada no Brasil em 1997,
afirmou que as nações mais ricas do planeta deveriam ser pacifistas, mas,
infelizmente, os países burgueses (termo de sua época) sempre irão primar
pela existência de exércitos permanentes e, de uma maneira ou outra,
priorizar as guerras.

Para ele o capitalismo corrói a legitimidade das estruturas aristocráticas


pré-capitalistas com relação à aceitação e prestígio e observou que no
capitalismo o industrial e o comerciante, por mais bem-sucedidos que
sejam dificilmente desfrutarão do prestígio e da “auréola mística” que existia
na aristocracia tradicional.

Para ele, o capitalismo, graças à competitividade existente no setor


privado, é o grande responsável pelos avanços científicos e inovações
tecnológicas. Em sua época, já observava:

a) Diversificação dos níveis de consumo.

b) Longevidade.

c) Qualidade de vida que jamais poderia ser imaginada no período pré-


capitalista.

Este autor registrou em suas obras que a grande contribuição do


capitalismo não está na acumulação pura e simples do capital.

Para ele, a grande contribuição do capitalismo está intrínseca nos


métodos e nos hábitos fomentados pela economia de mercado. Sem a
presença da concorrência, dificilmente existiria a inovação.

É nesse ponto que Schumpeter diverge do pensamento marxista. Em


sua teoria, Marx não contempla a figura do empreendedor.

Na visão de Schumpeter, o sistema capitalista vai além dos métodos de


produção e organização econômica.

Apesar dos objetivos de lucro, o capitalismo também consegue inovar


e avançar em vários segmentos.

Essa afirmação pode ser observada na Figura 4.7, que mostra, de forma
clara, o avanço tecnológico dos centros cirúrgicos da atualidade.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 141


Figura 4.7 | Centro cirúrgico

Fonte: <http://www.farmaceuticas.com.br/wp-content/uploads/2014/10/centro-cirurgico-realidade.jpg>. Acesso em:


21 mar. 2017.

2.4 O fim do capitalismo


Apesar de ser um ferrenho defensor do capitalismo, com o passar
do tempo Schumpter foi perdendo a confiança na sua capacidade de
sobrevivência. Passou a imaginar a possibilidade deste ser substituído pelo
sistema socialista e, segundo seus argumentos citados na obra Capitalism,
socialism and democracy, que pode ser vista na Figura 4.8, esse fato não
ocorreria em razão de suas contradições internas, como afirmava Marx,
mas em decorrência de seu próprio sucesso. É importante destacar, que
o livro Capitalism, socialism and democracy foi escrito no ano de 1942.

Figura 4.8 | Obra de Schumpeter (1942) Nesta obra, Schumpeter cita


alguns fatores que têm capacidade
de destruir o sistema capitalista:

a) Aumento da produção.

b) Processo de destruição
criativa.

c) Práticas monopolistas.

d) Queda nas oportunidades de


investimento.

e) Hostilidade crescente.
Fonte:<https://br.pinterest.com/pin/184366178476195383/>.
Acesso em: 11 mar. 2017. f) Decomposição.

142 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


Analisando os itens citados, podemos observar que a destruição
criativa já foi incorporada pelo capitalismo.

Schumpeter em sua obra original que aparece na figura 4.8, e


publicada no Brasil em 1961, afirma que o domínio das grandes
empresas Sociedades Anônimas será o principal motivo da ruína
do sistema.

Quando Schumpeter abordou que o sucesso do capitalismo seria


seu principal problema, imaginou que o domínio dos grandes grupos
empresariais poderia desencadear no sistema o crescimento de valores
considerados hostis. Esse sentimento, conforme é citado na obra, viria
de grupos de pessoas consideradas intelectuais.

Pelo fato de o clima intelectual e social ser considerado


por Schumpeter como primordial para o crescimento do
empreendedorismo, sem a existência dele a possibilidade de um
sistema de capitalismo avançado não existiria.

Schumpeter tomou o cuidado de afirmar que a mudança seria feita


através do exercício do voto e não com revolução.

Em sua obra ele argumentou que a implosão do capitalismo viria


através das urnas, com a proposta de um Estado social que colocaria
restrições ao empreendedorismo. Com a queda do empreendedorismo
o capitalismo estaria fadado ao desaparecimento.

Em sua obra, Schumpeter deixa claro que o capitalismo aumentou a


capacidade da aparição de um grupo de pessoas relativamente grande
com acesso à educação e esse grupo de pessoas, denominada por ele
como intelectuais, não teria no mercado de trabalho as chances que
imaginava durante o período em que estudou.

Esse grupo de intelectuais frustrados, segundo Schumpeter, iria


se voltar contra o capitalismo. O autor também cita em seu livro de
1942, que chegou até nós em 1961, que o socialismo iria proporcionar
a possibilidade da produção de bens e serviços capaz de atender às
necessidades autênticas do povo.

Analistas contemporâneos criticam o pensamento de Schumpeter


alegando que ele não viu o fracasso do socialismo na Europa Oriental
e ao mesmo tempo não viu o papel que tecnologia apresentou no

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 143


ocidente no início dos anos 1980. O desenvolvimento tecnológico
que viria no período posterior desencadearia o processo do
empreendedorismo em quase todos os pontos do planeta.

Questão para reflexão


• Schumpeter afirmou durante sua vida, que os países mais ricos
do planeta deveriam ser pacifistas. Quais motivos contrariando
Schumpeter, levam os países ricos a manterem exércitos permanentes?

• Schumpeter estava certo ao afirmar que os gestores do capitalismo


precisam repensar os custos das guerras e gastos com armamentos?

Para saber mais


Você sabia que o diagrama socialista foi idealizado por Charles Sanders
Peirce e abordava o ideal de uma sociedade igualitária?

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- Marx já afirmava em 1867, que o capitalismo poderia ser definido como


um modo de produção de mercadorias que teve início na idade moderna
e encontrou sua plenitude no intenso processo de desenvolvimento
industrial inglês, que recebeu o nome de Revolução Industrial.
II- Para Marx (1867), a produção deveria ser observada de acordo como
são apropriados os fatores de produção (mão de obra e bens de capital).

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

144 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


2 Observe as afirmativas:
I- A fusão dos monopólios industriais com os monopólios bancários deu
origem ao que chamamos de capitalismo financeiro.
II- O diagrama socialista foi idealizado por Peirce e abordava o ideal de
uma sociedade igualitária.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 145


Seção 3
A inovação e o empreendedorismo
Introdução à seção

Nesta seção abordaremos a inovação e o empreendedorismo


na visão de Schumpeter, observaremos como a Escola austríaca
enxergava o processo empresarial do mercado, a maneira como
Schumpeter classificava a função do empreendedor e os fatores
que levam os empreendedores a se afastarem da rotina.

Além disso, destacaremos a afirmação de Schumpeter sobre


sua classificação como sonolência do mercado, discutiremos a
afirmação de que os empreendedores por lidarem com a incerteza
correm riscos, mas podem obter grandes lucros se obtiverem
sucesso e teremos a oportunidade de observar o trabalho de
Israel Kirzner sobre iniciativa empresarial, funcionamento e ética de
mercados.

Destacaremos que, para Schumpeter (1997), as condições de


concorrência perfeita devem estar ausentes para que o progresso
tecnológico ocorra.

Ainda nessa seção, abordaremos que para este autor o


desenvolvimento é impulsionado pelo progresso técnico, e não
se apresenta uniforme no tempo, como descrevem os modelos
neoclássicos, estudaremos que para ele o desenvolvimento alterna
momentos de prosperidade e depressão.

Analisaremos a importância da Escola austríaca para o


desenvolvimento econômico, no início do século XX, bem como
observaremos que Schumpeter atribui a responsabilidade do
surgimento das mudanças aos empresários.

Finalizaremos abordando a necessidade de o empreendedor ter


acesso ao crédito e ao mesmo tempo observando a relevância dos
principais expoentes da escola econômica da Áustria.

146 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


3.1 A visão da escola austríaca sobre empreendedorismo

No início do século XX, Schumpeter estudou no curso de direito da


Universidade de Viena e nesta instituição teve contato com personagens
de extrema relevância no contexto econômico da época.

Schumpeter teve também, a oportunidade de participar de


seminários promovidos por Eugen von Böhm, Bawerk, e ser
contemporâneo de Ludwig von Mises.

O fato de Walras e sua Teoria do equilíbrio geral terem deixado fortes


marcas neoclássicas no trabalho de Schumpeter, ele não foi influenciado
na forma de pensar sobre o que considerava realidade dinâmica.

Para o autor, realidade dinâmica é um conceito que analisa o


comportamento do empreendedor dentro de um contexto em
que não pode e nem deve ignorar a existência de fatores como:
incertezas e a possibilidade de perdas.

Com base em suas convicções, Schumpeter elaborou uma


formulação teórica voltada para a mudança do modelo estático
walsariano, porém, por acreditar no equilíbrio de longo prazo,
que para ele era uma realidade prioritária, o problema básico da
economia estática continuou existindo.

Para os analistas da época, Schumpeter flexibilizou sua Teoria do


equilíbrio geral no curto prazo, mas manteve-a intacta com relação
ao longo prazo, o que levou alguns autores, que escreveram sobre
sua obra no futuro, a rotularem-no de neoclássico, pelo fato de
descrever alguns eventos econômicos com visão mecanicista e não
como consequência da ação humana, que era a base da abordagem
da Escola austríaca.

A Escola austríaca via na competição por preços e pela inovação,


parte do processo dinâmico e empresarial do mercado.

Mesmo rotulado por muita gente como neoclássico, Schumpeter, junto


com Israel Meir Kirzner, um dos principais economistas da Escola austríaca,
que aparece na Figura 4.9, afirmou em 1942, em sua obra Capitalismo,
Socialismo e Democracia, que “A competição não ocorre apenas por
fatores considerados estáticos e sim pela dinâmica do mercado, onde
necessariamente precisa existir a figura do empreendedor”.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 147


Figura 4.9 | Israel Meir Kirzner (1930)

Fonte: <http://www.eumed.net/cursecon/economistas/kirzner.jpg>. Acesso em: 14 mar. 2017.

Kirzner é um economista especializado em desenvolvimento e


acredita na concepção dinâmica da economia. Sempre que possível
critica a visão estática de alguns autores, principalmente os que
fazem parte da Escola neoclássica.

3.2 O espírito empreendedor


Na realidade, o empreendedor é a pessoa que consegue fazer
as coisas aparecerem pelo fato de ser dotado de sensibilidade pura
para os negócios, possui aguçada visão financeira e, ao mesmo
tempo, capacidade de identificar oportunidades. “Dessa forma, e
com essa postura, o empreendedor consegue transformar ideias
em realidade tanto para benefício próprio como para benefício da
comunidade” (CHIAVENATO, 2008, p. 7).

Schumpeter (1942) amplia esse conceito, afirmando que:

O empreendedor é a pessoa que destrói a ordem


econômica existente, graças à introdução no mercado
de produtos e serviços considerados inovadores, que
podem surgir através de novas formas de gestão, ou pela
exploração de novos recursos, materiais ou tecnológicos.
Por esse e mais alguns fatores, o empreendedor é a
essência da inovação no mundo e só ele e apenas ele tem
a capacidade de tornar obsoletas as antigas formas de
fazer negócios. (CHIAVENATO, 2008, p. 8)

148 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


Para Schumpeter (1942), o surgimento do lucro desequilibra o
processo de mercado e tem início na atividade empresarial.

O lucro causador da chamada perturbação temporária do


equilíbrio tem a capacidade de levar a sociedade ao encontro de
um patamar de desenvolvimento mais elevado que o existente no
estágio anterior. Essa realidade, na visão schumpeteriana, aumenta
o bem-estar econômico da população.

Schumpeter sempre considerou a atividade empresarial o motor


do desenvolvimento econômico da economia capitalista, por
outro lado, Israel Kirzner em sua obra Discovery, Capitalism and
Distributive Justicede, de 1989, considera a atividade empresarial
importante, pelo papel que os empresários exercem no mercado,
mas vê o desenvolvimento econômico de maneira mais ampla e,
nesse cenário, os empresários devem ser vistos apenas como uma
das possibilidades da existência de uma economia desenvolvida.

Outro fator que tanto Schumpeter com Kirzner observaram é que


no contexto mercadológico existe a presença dos imitadores, que
simplesmente copiam os modelos de inovação. Fica uma indagação: é
possível considerar o imitador como inovador?

A resposta é complexa, pois alguns imitadores chegam até a


aperfeiçoar produtos e processos de inovação, porém, apesar
da polêmica que causam, os imitadores são parte integrante do
contexto e auferem lucros, da mesma forma que um inovador ou
empreendedor tradicional.

3.3 A concorrência perfeita


Schumpeter sempre acreditou que o modelo de concorrência
perfeita deve estar ausente para que o progresso tecnológico possa
ocorrer, mas Kirzner, registrou em sua obra de 1989, que a questão
de incompatibilidade entre progresso na economia e competição
perfeita é uma questão injusta.

Kirzner afirma em seus trabalhos que a medida que uma


economia tem potencial para o progresso, nenhum equilíbrio
pode ser imaginado, até que esse potencial tenha sido explorado
em sua plenitude.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 149


Para Kirzner (1989), a Teoria da competição perfeita não deve
considerar o mercado como um processo estático e mecanicista.
Para ele, o equilíbrio é um processo temporário no qual sempre
ocorrerão variáveis capazes de promover desajustes.

3.4 Expoentes da Escola Austríaca no século XX


Embora tenha recebido o nome de Escola austríaca, seus membros
eram oriundos de diversas partes do m undo por ter tido grande
relevância e dominado parte da Teoria do pensamento econômico
no início do século XX. Alguns personagens da Escola austríaca:

Figura 4.10 | Carl Menger (1840 - 1921)

Fonte: <https://goo.gl/bhlTcX>. Acesso em: 14 mar. 2017.

Carl Menger foi um dos fundadores da escola austríaca e


desenvolveu os seguintes trabalhos:

a) Teoria subjetiva do valor: essa teoria desenvolvida no ano


de 1871 tem como ponto de apoio a necessidade que um bem
ou serviço poderá apresentar em termos de valor. Pelo fato das
necessidades serem complexas, entre as pessoas, Menger optou
por colocar o termo “subjetiva” em sua teoria.

b) Teoria da utilidade marginal: o fato dos seres humanos


apresentarem avaliações subjetivas com relação à mesma
mercadoria exige, segundo Menger em obra publicada no Brasil no
ano de 1983, com título de economia política, que a avaliação deva
ser realizada com base no consumo final. Nesse contexto, a análise

150 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


deverá ser feita partindo do ponto de vista do consumidor (de baixo
para cima). Como se fosse uma pirâmide invertida.

Figura 4.11 | Ludwig Heinrich Edler von Mises (1881- 1973)

Fonte: <https://goo.gl/ibXQJP>. Acesso em: 14 mar. 2017.

Ludwig ficou conhecido por seu trabalho no campo da praxeologia,


estudo que consiste em observar as ações e escolhas humanas, com a
utilização do método dedutivo.

Para saber mais


Você sabia que Carl Menger, Eugen von Böhm-Bawerk e Ludwig von
Mises foram os fundadores da Escola austríaca?

Figura 4.12 | Friedrich August von Hayek (1889 - 1992)

Fonte: <http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/economic-sciences/laureates/1974/hayek_postcard.jpg >. Acesso


em: 14 mar. 2017.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 151


Recebeu Prêmio Nobel em 1974, por apresentar trabalho pioneiro
sobre a Teoria da moeda e flutuações econômicas e pela análise da
interdependência dos fenômenos econômicos.

Questão para reflexão


• Schumpeter elaborou uma formulação teórica voltada para
a mudança do modelo estático walsariano. Com base nessa
informação o que era para Schumpeter um modelo estático?
• A escola austríaca estava certa em acreditar que o equilíbrio de
mercado estava na competição por preços e na inovação?

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- A Escola austríaca via na competição por preços e na competição pela


inovação parte do processo dinâmico e empresarial do mercado.
II- Schumpeter, junto com Israel Meir Kirzner, afirmou em 1942 em sua
obra que “A competição não ocorre apenas por fatores considerados
estáticos e sim pela dinâmica do mercado, onde necessariamente precisa
existir a figura do empreendedor”.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2 Observe as afirmativas:

I- Carl Menger, Eugen von Böhm-Bawerk e Ludwig von Mises foram os


fundadores da Escola austríaca.
II- Para Schumpeter (1942), o surgimento do lucro desequilibra o processo
de mercado e tem início na atividade empresarial.

152 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 153


Seção 4

Ideais schumpeterianos depois de Schumpeter


Introdução à seção

Nesta seção abordaremos os ideais schumpeterianos depois


de Schumpeter, conheceremos a importância dos economistas
schumpeterianos e veremos a base do pensamento de Thomas Khun.

Além disso, observaremos a importância do trabalho de


Christopher Freeman, estudaremos o pensamento de Mario
Murteira, Carlota Perez e Nathan Rosemberg. Também faremos
uma avaliação sobre os estudos de Richard Nelson e analisaremos
o trabalho de Sidney Winter, por fim, observaremos a contribuição
de Giovani Dosi.

4.1 Escola schumpeteriana após Schumpeter


Schumpeter deixou um grande legado e ao mesmo tempo foi
homenageado com a criação de uma escola que foi constituída
por economistas das mais diversas partes do planeta. Seus ideais,
mencionados a seguir, foram divulgados pelos mais diversos
admiradores de sua teoria.

a) Conceitos sobre desenvolvimento.

b) Ciclos econômicos.

c) Estrutura de classes da sociedade pré-capitalista.

d) Avanços oriundos do capitalismo.

e) Conceito de destruição criativa.

f) Conceito de empresário inovador.

154 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


Figura 4.13 | Thomas Samuel Khun (1922 - 1996)

Fonte: <http://culturadigital.br/unos/2010/06/28/thomas-kuhn/> Acesso em: 14 mar. 2017.

O norte-americano Thomas Kuhn que aparece na figura 4.13,


dedicou sua vida ao estudo da história da ciência e desenvolveu
uma teoria, em que ela pode ser vista em duas perspectivas:

a) Perspectiva formalista: a ciência é entendida como uma


atividade completamente racional e possível de ser controlada.

b) Perspectiva historicista: a ciência é entendida como uma


atividade concreta que ocorre ao longo do tempo. Nessa perspectiva,
Kuhn (1970), afirma que cada período da história tem relação com
particularidades específicas da época.

Figura 4.14 | Christopher Freeman (1921 - 2010)

Fonte: <http://www.sussex.ac.uk/images/schoolsdepartments/spru/content/Chris-Freeman-small.jpg>. Acesso em: 14


mar. 2017.

O inglês Christopher Freeman realizou seu trabalho sobre


pesquisas em inovação econômica e inovação tecnológica,

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 155


destacou que muitas pessoas confundem inovação com invenção.
Para Freeman (2010), inovação significa exploração com sucesso de
novas ideias e invenção são inventos que precisam ser patenteados.
Figura 4.14 | Mário Murteira (1933 - 2013)

Fonte: <https://goo.gl/p6XXM0> . Acesso em: 14 mar. 2017.

Murteira foi o discípulo português de Joseph Schumpeter e se


destacou pelo trabalho desenvolvido com a implantação do ensino
da economia e da sociologia em Portugal.

Figura 4.15 | Carlota Perez (1939)

Fonte: <https://pbs.twimg.com/profile_images/699277779108552705/roYJ2Gj4_400x400.jpg>. Acesso em: 14


mar. 2017.

É professora na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e a


representante venezuelana da escola de Schumpeter. Escreveu
o livro Revoluções tecnológicas e capital financeiro, em 2002, e
nele abordou as grandes reviravoltas que ocorreram no campo da
técnica a cada cinquenta anos. Para Perez, estamos em plena era da

156 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


informação, que segundo ela foi iniciada em 1971, com a produção
em série dos chips de computador e quase universalização destes
nas décadas subsequentes.

Figura 4.16 | Nathan Rosemberg (1927 - 2015)

Fonte: <http://news.stanford.edu/news/2015/september/images/15597-rosenberg_obit.jpg>. Acesso em : 14


mar. 2017.

Economista norte-americano responsável por aprimorar o


trabalho de Schumpeter sobre a forma como se relacionam os
conceitos de invenção e inovação. O trabalho de Rosemberg
pode ser constatado na prática, quando observamos a atuação
das empresas especializadas em pesquisa, desenvolvimento e
colocação de produtos no mercado.
Figura 4.17 | Richard Nelson (1930)

Fonte: <http://goo.gl/dS6zdN>. Acesso em: 14 mar. 2017.

Richard Nelson trabalhou uma abordagem dos sistemas da


relação de trabalho no longo prazo, como processo evolutivo
movido por avanços tecnológicos. Ele é mais um representante da
Escola schumpeteriana nos Estados Unidos.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 157


Figura 4.18 | Sidney Winter (1935)

Fonte: <http://www.merit.unu.edu/charlescooper/images/lecture5_speaker.jpg>. Acesso em: 14 mar. 2017.

Sidney Winter trabalha com a Teoria evolucionária das mudanças


socioeconômicas. Em seu trabalho reivindica maior realismo
na análise das estruturas sociais, pelo fato das mesmas serem
extremamente dinâmicas dentro do contexto de mercado. É mais
um representante da escola schumpeteriana nos Estados Unidos.

Figura 4.19 | Giovanni Dosi (1953)

Fonte: <http://goo.gl/7oBAOn>. Acesso em: 14 mar. 2017.

É professor da Universidade de Sant’Anna – Columbia. Faz parte


da escola schumpeteriana nos Estados Unidos e seus trabalhos são
totalmente voltados para novas tecnologias e inovação.

Questão para reflexão

• É correto afirmar que Murteira foi o discípulo português de Joseph


Schumpeter e se destacou pelo trabalho desenvolvido com a
implantação do ensino da economia e da sociologia em Portugal?

158 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


Questão para reflexão

• Carlota Perez está correta em afirmar que estamos em plena era da


informação, iniciada em 1971, com a produção em série dos chips de
computador e quase universalização destes nas décadas subsequentes.

Para saber mais


Você sabia que a definição de inovação é diferente da definição de
invenção?

Atividades de aprendizagem
1 Observe as afirmativas a seguir:

I- O norte-americano Thomas Kuhn dedicou sua vida ao estudo da história


da ciência e desenvolveu uma teoria, em que a mesma pode ser vista em
duas perspectivas: formalista e historicista.
II- Carlota Perez escreveu o livro Revoluções tecnológicas e capital financeiro
no ano de 2002.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2- Observe as afirmativas:
I- Nathan Rosemberg é economista norte-americano responsável por
aprimorar o trabalho de Schumpeter sobre a forma como se relacionam
os conceitos de invenção e inovação.
II- Para Perez estamos em plena era da informação, que segundo ela foi
iniciada em 1971, com a produção em série dos chips de computador e
quase universalização dos mesmos nas décadas subsequentes.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 159


Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

Fique ligado
Na abordagem dessa unidade, foi observado que o pensamento
de John Maynard Keynes e Joseph Schumpeter, de uma forma
ou de outra, aprovava algumas contribuições de Karl Marx. Keynes
defendeu a intervenção do Estado na economia e Schumpeter,
quando imaginou o fim do capitalismo, afirmou que um novo sistema
que viria poderia ser de cunho socialista. Reflita sobre essa afirmação
e procure imaginar como seria a sociedade pós-capitalista.

Para concluir o estudo da unidade


Esperamos que você tenha observado no estudo dessa unidade,
a maneira como Schumpeter enxergava o sistema capitalista. Seu
pensamento parece estar alinhado com o que ocorre no século XXI
e não com o período em que ele viveu (metade do século XX). O
conceito de destruição criativa é extremamente moderno e utilizado
com frequência nas teorias que abordam o empreendedorismo. A
afirmação de que o sucesso do sistema capitalista poderia levá-
lo ao caos, pode ser vista de maneira muito clara nos dias de hoje.
Os cartéis existentes em vários segmentos da atividade econômica
(indústria, comércio e serviços) são demasiadamente ameaçadores e
fica uma indagação: como estará o sistema capitalista no ano 2050?

Atividades de aprendizagem da unidade


1 Observe as afirmativas a seguir:

I- Crescimento econômico acontece quando o país apenas apresenta em

160 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


termos quantitativos, indicadores ratificando que o crescimento ocorreu.
II- Desenvolvimento econômico ocorre quando existe, concomitantemente,
variações positivas nos indicadores quantitativos e ao mesmo tempo
variações positivas nos indicadores qualitativos.
Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

2- Observe as afirmativas:

I- O instrumento utilizado com mais intensidade para auferir se o país


cresceu é o valor do Produto Interno Bruto (PIB), que representa a
produção anual de três setores básicos da economia: primário, secundário
e terciário.
II- Se observarmos com atenção onde estão os polos de desenvolvimento
do mundo contemporâneo encontraremos: Japão, Estados Unidos,
Paraguai, União Europeia e Inglaterra.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

3 - Observe as afirmativas a seguir:

I- Schumpeter utilizou parte da Teoria do equilíbrio geral de Walras em suas


obras e, por esse motivo, existem marcas neoclássicas em seu trabalho.
II- Para (Schumpeter 1942), publicado no Brasil em 1961, a competitividade
é fator inerente ao capitalismo e, ao mesmo tempo, a mola mestra que
impulsiona o desenvolvimento.

Assinale a alternativa correta:

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 161


a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.
b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

4 - Observe as afirmativas:

I- Marshall, considerado o pai da microeconomia, de maneira diferente dos


economistas clássicos, não aceitava a ideia de que a formação de preços
tinha como base apenas os custos de produção defendida por Marx.
II- Para (Marx, 1867), publicado no Brasil em 1985, o capitalismo pode ser
definido como um modo de produção de mercadorias que teve início
na idade moderna e encontrou sua plenitude no intenso processo de
desenvolvimento industrial inglês, que recebeu o nome de Revolução
Industrial.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

5- Observe as afirmativas:

I- A Escola Austríaca via na competição por preços e pela inovação, parte


do processo dinâmico e empresarial do mercado.
II- Schumpeter, junto com Israel Meir Kirzner, são grandes economistas da
Escola austríaca.

Assinale a alternativa correta:

a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.


b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As alternativas não têm relação com a Teoria do desenvolvimento
econômico.

162 U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana


Referências
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CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor.


São Paulo: Saraiva, 2008.

FREEMAN, C.; SOETE,L. A economia da inovação industrial. Campinas:


UNICAMP, 2010.

GORENDER, J. Karl Marx: o capital volume I (1867). São Paulo: Nova Cultural, 1985.

KIRZNER, I. M. Discovery, capitalism and distributive justice. Oxford:


Blackwell, 1989.

KUHN, T. S. The structure of scientific revolutions. 2. ed., Chicago: University


of Chicago Press, 1970.

MARX, KARL. O capital. Coimbra: Centelha: 1867.

MENGER, C. Princípios de economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

PERES, C. Technological revolutions and financial capital. Northhampt,


Edward Elbar Pub, 2003

SCHUMPETER. J. A. Capitalismo, socialismo e democracia (1942) . São


Paulo: Editora Fundo de Cultura, 1961.

______. Empresário, inovação, ciclos econômicos. Diadema: Celta, 1997.

TROSTER, R. L. MOCHON, F. Introdução à economia. São Paulo: Makron


Books, 1994.

VEIGA, D. E. Schumpeter: teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo:


Nova Cultural, 1997.

U4 - Desenvolvimento na visão schumpeteriana 163


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