Livro U1.1
Livro U1.1
Livro U1.1
Economia
ambiental
Economia ambiental
Timni Vieira
© 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Editorial
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André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Vieira, Timni
V658e Economia ambiental / Timni Vieira. – Londrina : Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2016.
244 p.
ISBN 978-85-8482-665-0
2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
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Sumário
Caro aluno,
Como você deve ter notado, temos muito trabalho pela frente. Mas, como
dizem os sábios, “sozinhos vamos mais rápido, porém juntos vamos mais longe”,
e nos estudos é sempre importante alcançar maiores distâncias em busca do
conhecimento. Então, convidamos você a caminhar conosco para, juntos,
ultrapassarmos as barreiras do entendimento: tanto do meio ambiente que nos
envolve quanto do sistema econômico que orienta nossa conformação em
sociedade.
Unidade 1
Economia ambiental
Convite ao estudo
8 Economia ambiental
U1
Seção 1.1
Como nossa disciplina trata da economia sob a ótica ambiental, podemos pensar
primeiramente que a empresa, quando começar a operar, irá trabalhar com insumos
de ordem econômica, mas também insumos provenientes da natureza. Capital e
trabalho são os fatores de produção abordados em qualquer atividade. E os recursos
naturais? De forma bem resumida, podemos dizer que os recursos naturais por
muito tempo foram considerados infinitos, motivo que ainda guia muitas empresas
a não os considerarem em seus custos de produção. Se pensarmos que a empresa
precisará de água em seu processo produtivo e a produção de compensados passa
por maquinários que liberam substâncias gasosas, seria necessário adotar medidas de
minimização dos impactos nestes recursos naturais?
Economia ambiental 9
U1
Então, vamos entender um pouco mais sobre esse assunto, para que, ao final desta
unidade, você tenha condições de auxiliar seu cliente em sua atividade, a fim de que
ações corretas sejam adotadas e os benefícios sejam concretos.
Y = F (K + L)
Sendo:
Y= Produto final
K= Capital
L= Trabalho
O capital, K, refere-se ao que foi empregado para a que a empresa funcionasse,
ou seja, as máquinas, a infraestrutura e o dinheiro empregado na compra dos
insumos e da contratação da mão de obra. O trabalho, L, refere-se à mão de obra
que atua na empresa, seja na parte operacional ou administrativa.
10 Economia ambiental
U1
Exemplificando
Economia ambiental 11
U1
Observe em seu cotidiano o quanto você paga para usar algum recurso
natural.
Y = F (K + T + Rn)
Sendo:
Y = Produto final
K= Capital
T= Trabalho
Rn = Recursos naturais
Assimile
12 Economia ambiental
U1
Reflita
Economia ambiental 13
U1
Atenção
Vocabulário
2
Oferta refere-se às quantidades de bens que o produtor está disposto e apto a trazer para o mercado em um
arranjo de preços durante certo período. (THOMAS; CALLAN, 2014, p. 39-45).
3
Demanda refere-se à resposta dos consumidores ao mercado, que ajustam suas decisões de consumo com
o objetivo de maximizar sua satisfação. (THOMAS; CALLAN, 2014, p. 39-45).
14 Economia ambiental
U1
Gráfico 1.3 | Relação entre a oferta e a demanda por recursos naturais em um contexto de
mundo vazio
Assim, é vigente uma nova realidade: o “mundo cheio”. Nessa nova dinâmica,
ocorre exatamente o contrário do que vimos no mundo vazio: a escala de
exploração é alta, com geração de resíduos de forma muito superior à capacidade
de absorção pelo ambiente, sinalizando a escassez de oferta (parte inferior do
Gráfico 1.3), com a maior parte da satisfação (bem-estar) da sociedade sendo
originada pelo sistema econômico.
Pesquise mais
ANDRADE, Daniel Caixeta; ROMEIRO, Ademar Ribeiro; SIMÕES, Marcelo
Silva. From an empty to a full world: a nova natureza da escassez e suas
implicações. Economia e Sociedade, v. 21, n. 3, p. 695-722, Campinas,
dez. 2012.
Economia ambiental 15
U1
Segundo Daly, (1) e (4) referem-se às relações “puras”, ou seja, em (1) relações
unicamente dentro do sistema econômico e em (4) relações unicamente dentro
da ecologia. Os itens (2) e (3) refletem a relação entre os dois sistemas, sendo em
(2) a utilização dos recursos do meio ambiente pelo homem e em (3) a deposição
dos resíduos e poluentes resultantes da produção (NUSDEO, 2014, p. 389).
Reflita
2
Relação entre fatores a entrarem no processo produtivo e produto final dele resultante
(NUSDEO, 2014, p. 388).
16 Economia ambiental
U1
Pesquise mais
A situação dos refugiados ambientais: sob o olhar da tutela jurídica
brasileira:
Economia ambiental 17
U1
Atenção
São inúmeros os recursos naturais que podem ser afetados, afinal o meio
ambiente é um conjunto diverso. Sugerimos água e ar para uma breve
exemplificação, mas você poderia abordar outros recursos, como solo,
fauna, flora, beleza cênica, entre outros.
18 Economia ambiental
U1
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Considerando que essa fábrica será instalada próxima à primeira, e que em seu
processo produtivo é utilizado uma substância que altera certo parâmetro da água,
essa alteração poderia afetar a empresa já instalada?
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Bom, aluno, essa situação é muito semelhante à anterior, porém, dessa vez,
além dos cidadãos, agricultores e outros empresários, a própria empresa de móveis
de compensados de madeira será afetada.
Vale ressaltar que estamos trabalhando com definições ainda não vistas, como
custos de produção, devido à organização da disciplina. Mas não se preocupe:
adiante você entenderá esses conceitos.
Economia ambiental 19
U1
Com base nos estudos que tivemos até agora, você pode pensar na
seguinte questão: uma pizzaria resolve aumentar sua produção e ampliar
seu horário de funcionamento, iniciando suas atividades no período da
tarde, e não somente à noite.
Reflita e responda:
20 Economia ambiental
U1
Economia ambiental 21
U1
22 Economia ambiental
U1
Seção 1.2
Diálogo aberto
Nesse intuito, vamos estudar, nesta seção, o que são bens e serviços econômicos
e ambientais, como são delimitados os preços numa estrutura econômica e, de forma
prática, como visualizar problemas ambientais com um olhar econômico.
Economia ambiental 23
U1
1 Bens e serviços
24 Economia ambiental
U1
Q = f (P)
Onde:
Na teoria dos bens públicos, existem duas premissas básicas: não rivalidade e
não exclusividade. A não rivalidade preconiza que o uso de um bem ou o desfrute
de um serviço por uma pessoa não impede que outra o faça no mesmo tempo, e
Economia ambiental 25
U1
Exemplificando
Então por que essa seria uma falha de mercado do ponto de vista econômico?
Simples: tratando-se de oferta e demanda, como seriam definidas as curvas? A oferta
poderia basear-se em critérios técnicos, então não haveria maiores complicações.
Exemplo: a oferta de qualidade do ar em São Paulo seria dada pelas reduções em
poluição das empresas atuantes num raio de 500 km do centro da cidade. A taxa
de redução da poluição viria em consequência de maiores custos em tecnologia
e, consequentemente, haveria alterações nos preços, formando uma curva. No
entanto, o problema aqui reside na indeterminação da curva de demanda.
Assim, a falha de mercado reside nesse conceito “abstrato” que cada pessoa
tem, ou seja, cada um tem uma base moral, conceitual, filosófica e ética que
delimita suas escolhas e decisões. Você, estudante de economia ambiental,
poderia definir que sua DAP pela melhoria da qualidade do ar seria de R$100,00
por ano, enquanto que, para outra pessoa, não afeta a essa questão, o DAP poderia
ser de R$30,00 por ano. Aí, teríamos uma curva de demanda consolidada em uma
base muito discrepante em seus dados, não apresentando confiabilidade para a
análise econômica.
26 Economia ambiental
U1
Assimile
Exemplificando
Assim, essas externalidades não afetam o mercado dos compradores das peças
automotivas, mas os moradores próximos à fábrica terão um aumento em seus
custos (e/ou diminuição em sua qualidade de vida) sem serem os responsáveis por
isso, ou pior, sem ganhar nada em troca.
Economia ambiental 27
U1
Exemplificando
Pesquise mais
No primeiro capítulo desse texto, o autor aborda a economia ambiental
do ponto de vista crítico, demonstrando que muitos recursos que
existem na natureza, ao serem trazidos à ótica econômica, são reduzidos
drasticamente em relação a todo o valor que possuem:
28 Economia ambiental
U1
Com esses conhecimentos, você pode entender de forma mais clara que, por
mais que a economia ambiental tente, alguns recursos naturais não serão passíveis
de inserção na lógica de mercado. Na próxima seção, entenderemos alguns
mecanismos utilizados nesse sentido, para que a atuação dessa linha da ciência
econômica seja mais próxima possível da realidade ambiental que nos cerca.
Reflita
E quanto aos aspectos ambientais? Como você acha que irão interferir na
estrutura financeira da empresa?
Apesar de a água ser paga pelo seu tratamento, o seu uso como depósito dos
efluentes não recebe qualquer pagamento, assim como o ar para o bem-estar
dos funcionários, funcionamento do maquinário e secagem, além de carrear os
poluentes gasosos, não é remunerado de forma monetária.
Economia ambiental 29
U1
Atenção
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
30 Economia ambiental
U1
Lembre-se
A oferta é uma curva crescente, ou seja, quanto maior o preço “de venda”,
maior a produção a ser ofertada. A demanda, por sua vez, é uma curva
decrescente, pois diminui-se a quantidade demandada com o aumento
do preço a ser cobrado.
Então, qual seria o preço de equilíbrio encontrado entre vizinhança e empresa
para que haja uma diminuição da poluição da água?
Resolução da situação-problema
Economia ambiental 31
U1
Isso nos permite concluir que, ao preço de 2.400,00 reais/ano, tanto a empresa
quanto a vizinhança estão dispostos a manter 2.200 m³ de água (por ano) não
poluída.
Assim, o que se entende aqui é que a empresa estará tomando ações para que
esse volume esteja em condições de ser consumido pela população, não sendo
poluído pelos resíduos de suas atividades.
Parece estranho que a vizinhança tenha de pagar à empresa para não poluir,
afinal a água é um bem público, não é? Mas, como define a teoria de Coase, se um
bem não tem propriedade, da mesma forma que um lado tem o direito a usufruir
do bem, o outro também o tem. Em nosso caso, empresa e vizinhança chegaram
num acordo: os moradores despenderiam de parte de seus rendimentos para
ressarcir a empresa pelo aumento nos custos de não consumir um certo volume
de água.
Na Seção 1.3, entenderemos como isso é visto do ponto de vista dos custos.
Trataremos de custo e benefício marginal, eficiente, social e outros parâmetros
que nos permitem entender a lógica do mercado, e se esta serve para os recursos
naturais.
32 Economia ambiental
U1
Economia ambiental 33
U1
34 Economia ambiental
U1
Seção 1.3
Externalidades negativas
Diálogo aberto
Pois bem, nesta seção, trataremos de forma concreta sobre o papel dos impactos
ambientais nos custos da empresa e da sua vizinhança, a qual muitas vezes não
participa do mercado ali vigente, mas sofre as consequências (boas ou ruins) da
atividade produtiva. A essa situação chamamos de “externalidades”.
Economia ambiental 35
U1
Como temos visto até agora, a interação entre a sociedade e o meio ambiente
é inevitável, então a possibilidade de que a ação de alguém transpasse os limites do
mercado e afete outros fora do contexto de comercialização é praticamente certa.
Temos, assim, a aplicação direta das externalidades em nosso cotidiano.
As externalidades negativas estão no nosso dia a dia: água imprópria para uso
pela emissão de contaminantes, ar poluído pela emissão de poluentes veiculares,
erosão do solo decorrente do desmatamento... de fato, a poluição em todas as
suas formas pode ser uma externalidade.
Assimile
A aplicação das leis da termodinâmica (1ª e 2ª lei) nos mostra isso: entendemos,
na primeira seção, que a matéria (e a energia) não se perde, nem se cria, apenas
se transforma; na segunda, que não é possível haver rendimento de 100% em uma
máquina, ou seja, a energia será utilizada e sempre haverá algum resíduo. Então,
ao gerar resíduos, estará se gerando certa poluição, pois nas atuais circunstâncias
ambientais, gradativamente a absorção do meio ambiente não tem conseguido
responder à escala produtiva do sistema econômico.
Nesse sentido, devemos, então, trabalhar com a melhor opção que nos é dada:
a poluição ótima. Qual seria o nível de poluição que atenderia tanto produtores
quanto consumidores?
36 Economia ambiental
U1
Gráfico 1.5 | Curvas de custo marginal total, lucro marginal e consequente nível ótimo de
poluição
Vocabulário
Exemplificando
Economia ambiental 37
U1
CMg = 10 . Q + 300
BMg = 100 . Q - 500
Sendo (Q) a quantidade de madeira que pode ser produzida por João,
apresentada
Tabela 1.2 | Custos e benefícios (lucros) marginais de Marcos e João
Q CMg (Marcos) BMg (João)
5 350 -50
10 400 400
15 450 850
20 500 1300
25 550 1750
Fonte: elaborada pelo autor.
38 Economia ambiental
U1
Para esses, pode-se calcular o custo com base na função de produção, porém
o custo causado à sociedade muitas vezes é de difícil mensuração.
Vamos entender com um exemplo: uma empresa que trabalha com o refino de
petróleo atua em um mercado onde as funções de oferta (CMg) e demanda (BMg)
são, respectivamente:
P = 10 + 0,075 . Q
P = 42 - 0,125 . Q
Onde
P = Preço praticado pelo mercado
Q = Quantidade de barris de petróleo refinado comercializada (mil unidades)
CME = 0,05 . Q
Onde
Assim, como já vimos, a definição do custo social se dará pela soma destas
duas vertentes:
P =10 + 0,125 . Q
Economia ambiental 39
U1
P = 42 - 0,125 . Q
10 + 0,075 . Q = 42 - 0,125 . Q
0,075 . Q + 0,125 . Q = 42 - 10
0,2 . Q = 32
Q = 160
Se:
P = 10 + 0,075 . Q
P = 22
P =10 + 0,125 . Q
P = 42 - 0,125 . Q
10 + 0,125 . Q = 42 - 0,125 . Q
0,125 . Q + 0,125 . Q = 42 - 10
0,25 . Q = 32
Q = 128
Se:
P = 10 + 0,125 . Q
P = 26
40 Economia ambiental
U1
Assim, fica claro o papel do nível ótimo de poluição: não é apenas a maximização
dos lucros pela empresa, mas a satisfação entre o mercado e a sociedade em geral.
Reflita
Economia ambiental 41
U1
de 1920 (SILVA FILHO, 2012, p. 117) por Arthur C. Pigou, como a necessidade
de intervenção estatal para que os problemas de ausência de propriedade dos
recursos ambientais (teorema de Coase) pudessem ser solucionados. Conhecido
como “Imposto Pigouviano”, ele recorre à aplicação de tributação para compensar
a sociedade pela externalidade produzida.
Pesquise mais
FEITOSA, R.J.; FERREIRA, A.H.S. Desenvolvimento econômico, tributação
e indução ambiental. Hiléia – Revista do Direito Ambiental da Amazônia,
Manaus, n. 14, p. 209-229, jan/jun 2010.
42 Economia ambiental
U1
Seria possível mensurar a poluição da água pelos custos externos, por meio
de informações sobre quanto a companhia de tratamento de água tem cobrado
a mais para o tratamento da água (considerando que somente este fator poluição
faria o custo ficar mais alto), tendo, assim, um valor mínimo que tem sido pago a
mais. Quanto à poluição do ar atmosférico, por sua vez, poderíamos considerar
o gasto que a vizinhança teria a mais com medicação para doenças respiratórias,
consultas médias etc. Outra forma de mensuração seria pelo custo de controle, ou
seja, o quanto a empresa gastaria para ter um filtro que diminuísse a quantidade de
poluentes liberados no ar.
Atenção
Economia ambiental 43
U1
Assim, o nível de preço que ele deve adotar deve ser, no mínimo, de R$ 230,00,
para pagar as medidas de controle de poluição que atendam aos parâmetros
impostos pela sociedade.
Avançando na prática
Poluição desejada
Descrição da situação-problema
Agora, vamos pensar pela ótica dos custos da sociedade quanto à poluição.
44 Economia ambiental
U1
Você, como conhecedor da economia ambiental, sabia que, para fazer isso,
precisava mostrar a ele as externalidades de sua atividade produtiva. Assim, o que
você proporia para o empresário para que ele pudesse mitigar os efeitos negativos
da poluição que estava sendo produzida?
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Dentre os conceitos que temos visto até agora, podemos aplicar aqui o custo
externo ou o custo de controle. Você consegue entender o porquê?
Economia ambiental 45
U1
Gráfico 1.9| Curvas de oferta e demanda da mitigação da poluição pela empresa produtora
de chapéus de couro
46 Economia ambiental
U1
Gráfico 1.10| Curvas de oferta e demanda da mitigação da poluição pela empresa produtora
de chapéus de couro após o acréscimo de custo de tratamento de água pela poluição
Economia ambiental 47
U1
Considere que sua hora de trabalho vale R$19,50, que em média você
perde 4 horas do seu dia pela improdutividade e tem gasto R$30,00 com
energéticos por semana.
48 Economia ambiental
U1
Economia ambiental 49
U1
50 Economia ambiental
U1
Seção 1.4
Externalidades positivas
Diálogo aberto
Por ter sua área própria de produção de madeira, a empresa que você está
assessorando precisa obedecer a exigências legais quanto ao uso do solo, pois será
ocupada uma área que tem alguma vegetação, um rio próximo e outros recursos
que são bens e serviços ambientais da sociedade. Assim, uma das exigências é a
manutenção de áreas protegidas, denominadas “Reserva Legal” e “Área de Preservação
Permanente”, nas quais se deve manter certa porcentagem com uso restrito ou sem
uso (dependendo da categoria). Então, o empresário terá de arcar com a perda
Economia ambiental 51
U1
de produtividade, visto que uma parcela de sua área não será utilizada, mas em
contrapartida serão gerados bens e serviços ambientais que influenciarão tanto sua
empresa quanto a sociedade.
Vimos que esses impactos são recebidos pela sociedade como custos, seja em
termos monetários (arcar com a correção do solo, com tratamento de doenças
respiratórias etc.) ou sociais, além dos ambientais, podendo ser mensurados
economicamente e, assim, alterar a estrutura de custos da empresa. Tem-se, então,
que, quando os custos das externalidades não são considerados nesta estrutura (o
que formaria o custo social), os custos praticados no mercado não são coerentes,
mesmo que se esteja trabalhando no equilíbrio (privado, nesse caso).
52 Economia ambiental
U1
(a) (b)
Equilíbrio ótimo
Equilíbrio do mercado
Economia ambiental 53
U1
Assimile
O custo externo muitas vezes não pode ser mensurado, contudo sua
inclusão na curva de oferta causa um deslocamento que pode ser positivo
(aumentando o custo marginal da empresa) ou negativo (diminuindo
o custo marginal da empresa). Dessa mesma forma, comporta-se o
benefício marginal: com a internalização dos benefícios externos; a curva
pode ser deslocada positivamente (quando o custo social é maior que o
benefício privado) ou negativamente (quando o benefício social é menor
que o benefício privado). Em outras palavras, o equilíbrio de mercado
na influência de uma externalidade positiva é menor do que o equilíbrio
social.
Exemplificando
54 Economia ambiental
U1
Pesquise mais
A intervenção do poder público no mercado é um ponto controverso
entre muitos pesquisadores. Como vimos, a educação é um exemplo
clássico de externalidade positiva. No entanto, com o advento de tantas
instituições de ensino superior, essa postura do poder público ainda seria
válida? Entenda um pouco mais sobre isso no artigo:
• subsídios
• ajuda fiscal
• incentivos financeiros
4
MAIMON, Dália. Ensaios sobre economia do meio ambiente. Rio de Janeiro: APED (Associação de Pesquisa de
Ensino em Ecologia e Desenvolvimento), 1992.
Economia ambiental 55
U1
Reflita
Nesse sentido, essa empresa terá mais benefícios sobre as outras. Então,
a aplicação de subsídios não levaria outras empresas a poluírem mais para
solicitar subsídios ao governo?
A ajuda fiscal, da mesma forma, atua na premiação dos não poluidores ao invés
da penalização dos poluidores. Opera na diminuição dos impostos aplicados à
empresa que reduzir sua poluição. Dessa forma, os custos serão diminuídos e
haverá aumento no lucro. Não se trata de uma obrigatoriedade, mas um incentivo:
não se cria um contexto de penalização, mas de estímulo à adoção de práticas
ambientalmente favoráveis (DELUCI, 2014, p. 57).
56 Economia ambiental
U1
5
O ciclo hidrológico, ou ciclo da água, é o movimento contínuo da água presente nos oceanos, continentes
(superfície, solo e rocha) e na atmosfera. Esse movimento é alimentado pela força da gravidade e pela energia do
Sol, que provocam a evaporação das águas dos oceanos e dos continentes. Na atmosfera, forma as nuvens que,
quando carregadas, provocam precipitações, na forma de chuva, granizo, orvalho e neve.
Economia ambiental 57
U1
Gráfico 1.13 | Deslocamento da curva de oferta de água limpa pela manutenção das áreas
de Preservação Permanente pela empresa em sua área de atuação
Atenção
58 Economia ambiental
U1
Avançando na prática
Bolsa limpeza
Descrição da situação-problema
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Nesse caso, com base no que vimos sobre incentivos econômicos, poderíamos
adotar que os empresários de pequenas empresas que possuam áreas próprias de
fornecimento, desde que mantenham-se legais do ponto de vista ambiental, terão
descontos progressivos à medida que adquiram e comprovem a diminuição da
poluição, até um patamar de 35% de isenção de impostos nos 5 primeiros anos de
inovação tecnológica.
Economia ambiental 59
U1
Gráfico 1.14 | Deslocamento da curva de oferta das pequenas empresas no Brasil pelo
incentivo público a não poluição
60 Economia ambiental
U1
Economia ambiental 61
U1
62 Economia ambiental
U1
Referências
Bibliografia básica
DALY, H. E. On Economics as a Life Science. Journal of Political Economy, Chicago, v.
76, n. 3, p. 392-406, maio 1968.
MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia.
Tradução de Maria José Cyhlar Monteiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001.
MOTTA, R.S. da. Manual para valoração econômica de recursos ambientais. Rio de
Janeiro: IPEA/MMA/ PNUD/CNPq, Rio de Janeiro.
PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. Tradução de Pedro Catunda.
São Paulo: Makron Books, 1991.
THOMAS, JANET M.; CALLAN, Scott J. Economia Ambiental: Aplicações, políticas e
teoria. Tradução de Antônio Claudio Lot, Marta Reyes Gil Passos. São Paulo: Cengage
Learning, 2014.
Bibliografia complementar
AGUIAR, C.C. de; TRENTINI, F. O papel da certificação na proteção ambiental realizada
pela atividade agrária. Revista da Faculdade de Direito da UFG, Gioânia, v. 38, n. 2, p.
57-79, jul. / dez. 2014.
ANDRADE, Daniel Caixeta; ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Capital Natural, Serviços
Ecossistêmicos e Sistema Econômico: rumo a uma “Economia dos Ecossistemas”.
ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, 37., 2009, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do
Iguaçu: ANPEC, 2009. p. 1-16.
______ SIMÕES, M.S. From an empty to a full world: a nova natureza da escassez e suas
implicações. Econ. soc. Campinas, dez. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010406182012000300009>. Acesso em: 05 ago.
2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 12 mar.
2016.
Economia ambiental 63
U1
64 Economia ambiental
Unidade 2
Sustentabilidade ambiental e
econômica
Convite ao estudo
Seção 2.1
14,06 milhões
27,37 milhões de pessoas;
de pessoas; 7,37% 15,86 milhões
14,35% de pessoas;
Centro
oeste 8,32%
Sul Norte
80,358 milhões
de pessoas;
42,13% Nordeste
Sudeste
53,08 milhões
de pessoas;
27,83%
Fonte: adaptado de IBGE (2010).
Esta falta de sintonia já havia sido alertada em 2010 pela Agência Nacional de
Águas (2010, p. 45), que fez estimativas de que até 2015 haveria necessidade de
ampliação do sistema de produção de água, mesmo na região Norte. As estimativas
eram de que seriam necessários novos mananciais e sistemas produtivos em 9% dos
municípios do Brasil e ampliação destes sistemas em 46% do total de municípios.
Assimile
3
De forma resumida, o Efeito Estufa é o resultado da permanência do calor que vem da irradiação solar e não é
liberado para camadas superiores à atmosfera. Esta situação ocorre porque há concentração elevada de alguns
gases, os quais criam uma espécie de barreira para circulação do calor. É, literalmente, como se fosse uma estufa.
Gráfico 2.2| Proporção da área do Brasil ocupada por gêneros florestais plantados.
Outras
espécies
4%
Pinus
22%
Eucalipto
74%
Reflita
A lenha, como veremos mais adiante nas próximas seções, pode ser
utilizada para geração de energia industrial e residencial. Esta fonte é
considerada renovável. Assim, seria mais coerente sua utilização, não é
mesmo?
A questão aqui deve ser a fonte da madeira que será utilizada como
lenha: nativa ou plantada. Lembre-se do que vimos quanto à utilização
sustentável de recursos naturais.
Como já vimos, temos 12% da água doce do planeta e nosso território é diverso
quanto aos solos que suportam toda a vida terrestre. A consequência disto não
poderia ser diferente: temos uma ampla variedade de vegetação em nosso país.
A flora brasileira é classificada em seis biomas: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica,
Caatinga, Pampa e Pantanal, distribuídos conforme ilustra a Figura 2.2.
A Amazônia, como bioma com maior extensão territorial brasileira (quase 50%),
teve cerca 5.831 km² desmatados somente no ano de 2015, 16% a mais que em
2014 (INPE, 2015). São recorrentes as notícias de desmatamentos neste bioma, em
especial por meio de queimadas e invasão da pecuária. O Cerrado também é um
bioma extenso, ocupando onze estados do país. Sua localização corresponde a
regiões onde tem se intensificado o avanço da pecuária e da urbanização, chegando
a 40% desmatados (ROCHA, 2014, p. 20), sendo considerado mundialmente como
um hotspot, ou seja, uma área de alta relevância ambiental com potencial de
extinção. A Mata Atlântica também é considerada um hotspot pela sua exuberância
em biodiversidade (SOS MATA ATLÂNTICA; INPE, 2015, p. 29; MMA, 2015). Sendo
um bioma de grande dispersão no país por ocupar desde o Nordeste até o Sul, a
Mata Atlântica está representada atualmente por um remanescente de 12,5% do
total no Brasil, sendo um dos principais focos de conservação mundial.
Pesquise mais
Esta relação entre o gás carbônico e o aumento da temperatura global
é discutido há muito tempo pela comunidade acadêmica. No artigo:
CARVALHO, G. D. Agricultura e aquecimento global: efeitos e mitigação.
Enciclopédia Biosfera - Suplemento Especial, Goiânia, v. 5, n. 8, 2009
(no link disponível em: < http://www.conhecer.org.br/enciclop/SABC/
Agricultura%20e%20aquecimento.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2016.), a autora
trata dessa temática e apresenta a sua influência na agricultura, em
alguns cultivos de alimentos. É possível, assim, traçar um paralelo com o
conteúdo que vimos na unidade anterior, quanto ao papel da sociedade
nos impactos ambientais, que traz mais prejuízos a si própria do que ao
meio ambiente.
Pesquise mais
A publicação "Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IBGE, 2015),
em sua versão atual, aponta indicadores de ordem econômica, ambiental
e social. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/
liv94254.pdf, em sua versão mais atual, aponta indicadores de ordem
econômica, ambiental e social.
Somado a isto, tem-se que a vegetação brasileira está cada vez mais “resumida”,
pelos desmatamentos e conversão de áreas para utilização agrícola, pastoril e/ou
silvicultural.
Atenção
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Bom, com base nos dados de 2013 e 2014, você pode notar que a maior parte
do carvão, da lenha e da madeira em tora é de Eucalipto, então o investimento em
plantios desta espécie tem um mercado favorável.
Seção 2.2
Diálogo aberto
Até agora, vimos de forma introdutória a aplicação de ferramentas econômicas no
contexto ambiental. Entendida a importância deste tema, estamos aprofundando, na
Unidade 2, o conhecimento sobre os recursos naturais, tratando da parte “ambiental”
da economia ambiental. Vamos, porém, direcionar nosso estudo para a utilização dos
recursos naturais na geração de energia, visto que o setor energético é essencial para
o funcionamento das atividades produtivas na sociedade.
Neste sentido, para que a proposta de investimento tenha uma boa base, você
precisa demonstrar não somente quais são as fontes de energia utilizadas no Brasil
e como estão sendo utilizadas, mas também os impactos que elas causam ao meio
ambiente. Afinal, você, como representante do grupo de investidores e proponente
deste projeto, precisa demonstrar segurança em seu relatório, e certamente os estudos
em economia ambiental que tivemos até agora te ajudarão nisso.
país e o que é despendido para que ela chegue às residências e indústrias? Será que
são necessários recursos naturais ou a geração de energia no Brasil é um exemplo
da perfeita substituição destes recursos pela tecnologia, como vimos na primeira
unidade deste livro didático? Temos no país condições e matéria-prima para geração
de energia?
Então, vamos focar nossa atenção no conhecimento deste setor, para que ao
final desta etapa do relatório tenhamos uma base sólida para a apresentação das
próximas abordagens, que trarão as fontes alternativas de energia utilizadas no país
(veremos isso com mais detalhes na Seção 2.3) e a relação entre o crescimento
econômico e o desenvolvimento sustentável (que será apresentada melhor na Seção
2.4). Certamente, com todo esse conhecimento, seu relatório poderá ser analisado e
discutido adequadamente.
As fontes que produzem energia podem ser renováveis ou não renováveis. Como
o próprio nome diz, a energia é renovável e pode ser produzida constantemente,
ou seja, quando há coerência entre a utilização pela sociedade e a produção pela
natureza, por exemplo, a energia derivada da força hidráulica (águas), eólica (ventos),
solar etc. Por outro lado, a energia é dita não renovável quando a demanda da
sociedade é superior à oferta que a natureza pode proporcionar, como o petróleo,
o gás natural, entre outros.
Assimile
Então, devemos nos atentar que “escassez” nem sempre significa que
um bem ou serviço será extinto, mas sim que ele não será produzido na
mesma velocidade que a demanda exige.
Reflita
Fonte: NASA (2003). Disponível em: <http://apod.nasa.gov/apod/ap001127.html>. Acesso em: 10 maio 2016.
O principal uso da energia tem sido industrial, com destaque para os derivados
do petróleo que tem no setor de transportes a sua principal demanda. Ao
apresentar um detalhamento do uso da energia elétrica, o Ministério de Minas e
Energia aponta que depois da indústria, o setor residencial é o maior responsável
pelo consumo energético (MME, 2014).
Renovável
39,4% Não
Renovável
60,6% Renovável
Não Renovável (%)
(%) Óleos Eólica
vegetais 0,9%
2,2% Solar
Outras 0,0%
Gás 7,4%
22,3%
Etanol e
Carvão Óleo Hidro bagaço
9,5% 65,0% 29,1% 39,9%
Urânio
2,2%
Gás industrial Lenha e
1,0% c. vegetal
20,5%
É possível observar na Grafico 2.3 que a maior parte da energia não renovável
é oriunda de “óleo” (65%), o qual corresponde ao petróleo (conforme Quadro 2.1).
Assim, vemos que, por mais que o país tenha uma imensidão de recursos naturais
que podem ser utilizados como fontes renováveis de energia, o uso do petróleo
ainda tem predominado, principalmente pelo uso múltiplo, não somente pelos
automóveis (combustíveis), mas também como constituinte de plásticos, calçados
e cosméticos (MARTINS et al., 2015).
Não
Renovável
25,4%
Renovável
74,6%
Não Renovável Renovável
(%) (%)
Bagaço Eólica Solar
Outras 2,6%
Óleo 6,9% 0,0035%
renováveis
20,0% 3,0%
Gás Gás industrial
51,1% 7,6%
Urânio
9,7%
Hidro
Carvão 87,5%
11,8%
O uso do gás natural como fonte de energia tem crescido no Brasil justamente
pela diminuição da produtividade das hidrelétricas. Apesar de ser uma fonte não
renovável, este recurso respondeu, em 2014, por mais de 50% da produção de
energia elétrica (Gráfico 2.4). A disponibilidade do gás natural no país se deve
principalmente pela importação da Bolívia, em estruturas especiais de transporte
(gasodutos).
Conforme os dados que vimos até agora, a principal fonte de energia no Brasil é
a não renovável (principalmente petróleo), contudo, a produção de energia elétrica
baseia-se nas hidrelétricas (fonte renovável). Ambas, apesar de diferentes, trazem
impactos ambientais e sociais que devem ser muito bem analisados para que
possamos entender se o aspecto econômico tem compensado tais consequências.
Pesquise mais
Sobre esse assunto, Veríssimo (2003) apresenta de forma didática os
diferentes argumentos destas duas correntes de pensamento, apontando
o papel tanto do homem quanto da própria natureza nas alterações
climáticas globais.
4
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adota três classificações: Centrais Geradoras Hidrelétricas (com
até 1 MW de potência instalada), Pequenas Centrais Hidrelétricas (entre 1,1 MW e 30 MW de potência instalada)
e Usina Hidrelétrica de Energia (UHE, com mais de 30 MW)..
Exemplificando
Em vista das fontes de energia apresentadas, como se daria uma correta gestão
dos recursos? Como temos visto no decorrer deste livro didático, a economia
ambiental trata da correta gestão dos recursos de forma a lidar com a escassez.
Reflita
água, gás natural e petróleo na geração de energia no país, e estes recursos estão
sendo explorados cada vez mais intensamente para atender a demanda crescente.
Atenção
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Assim, se você já sabe quais sãos as principais fontes de energia e como se dão
o gerenciamento e os impactos ambientais causados, o que você poderia propor
de alternativa para geração de energia?
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Seção 2.3
Diálogo aberto
Temos inúmeros recursos naturais no país e muitos destes podem ser utilizados
para a geração de energia, no entanto, vimos até agora que no Brasil são utilizados,
principalmente, recursos não renováveis, com exceção da energia elétrica, que
provém de hidrelétricas, as quais utilizam a força da água (um recurso renovável).
A partir daí, poderemos consolidar mais esta etapa do relatório e ter base para
finalizar nossa proposta de investimento na Seção 2.4, sinalizando a relação entre o
crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável no país. Assim, teremos
total subsídio para elaborar o relatório da proposta de investimento na geração de
energia no Brasil, demonstrando os aspectos ambientais e sustentáveis que permeiam
o setor energético nacional.
carvão
4%
óleo gás
5% 12%
biocombustíveis
7%
hidrelétrica nuclear
68% 3%
6
Entretanto, o modelo formal mostrando como fazer o máximo do poder de diversificação só foi criado em 1952,
uma façanha pela qual Harry Markowitz ganhou o Prêmio Nobel em Economia (ROSA et al., 2011, p. 39).
Apesar de ser considerada uma alternativa menos poluente, pois sua emissão
de CO2 é de 20 a 25% menor que a do óleo combustível (petróleo) e 40 a 50%
inferior à emissão do carvão, o gás natural é uma fonte não renovável, o que é
um fator importante a ser considerado do ponto de vista econômico. Além do
mais, a utilização massiva de água para resfriamento do gás e o risco inerente pela
sua condução, são importantes impactos ambientais. Assim, é necessário investir
em pesquisa e inovação para alavancar esta fonte energética de forma segura e
permanente.
7
Preços reais são aqueles em que o efeito da inflação é retirado do preço nominal. No exemplo apresentado (Gráfico
2.7), considerou-se o IGP-DI (Índice de Geral de Preços – Disponibilidade Interna), com agosto/1994=100.
60
Unidade de derlvados de cana
50 Oferta
40
(MII tep*)
30 Consumo
20
10
0
2000
2008
2006
2004
2002
1980
1990
2010
1988
1986
1998
1984
1996
1994
2014
1982
1992
2012
1970
1978
1976
1974
1972
Ano
* tep (Tonelada equivalente de petróleo): Unidade de energia. A tep é utilizada na
comparação do poder calorífero diferentes formas de energia com petróleo. Uma tep
corresponde à energia que se pode obter a partir de uma tonelada de petróleo padrão
(ANEEL, 2008, p. 143).
Reflita
Gráfico 2.8 | Evolução dos preços nominal e real do etanol hidratado no Brasil
R$ 4.000,00
Preço do etanol hidratado
R$ 3.500,00
Preço real
R$ 3.000,00
(dez./2014)
R$ 2.500,00
(R$/m3)
R$ 2.000,00
R$ 1.500,00
Preço
R$ 1.000,00
nominal
R$ 500,00
R$ 0,00
2000
2008
2006
2009
2004
2002
2003
2005
2007
2001
2010
1998
1996
1999
1994
2014
1995
2012
2013
1997
2011
Ano
Observando a geografia física do país, temos um vasto litoral que recebe ventos
em grandes proporções. Neste sentido, as regiões com maior capacidade de
produção energética por esta fonte estão justamente nestas áreas, com destaque
para a região Nordeste, nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do
Norte (BORBA; SZKLO; SCHAEFFER, 2014).
Pesquise mais
A geração de energia eólica no Brasil, apesar de possuir um enorme
potencial, em função das condições ambientais do país, não possui um
papel preponderante na utilização da matriz energética. Para conhecer
mais sobre o assunto, leia “Impactos da combinação de geração
eólica em larga escala com veículos elétricos conectáveis à rede
elétrica no Brasil”. Disponível em: <http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/
bitstream/1/942/1/Energias%20Renov%C3%A1veis_Pereira,%20Thulio%20
C%C3%ADcero%20Guimar%C3%A3es_2014.pdf>. Acesso em: 20 maio
2016.
Apesar de seu apelo ambiental, esta fonte de energia também possui impactos
ambientais inerentes. Entre eles, podemos destacar a utilização de extensas áreas
para instalação da estrutura física, além da geração de poluição sonora (ruídos,
dependendo da eficiência das turbinas), impacto sobre a fauna (pela mortalidade de
aves e alteração na dinâmica dos ciclos de revoada) e interferência eletromagnética
nos aparelhos eletrônicos da comunidade do entorno (ANEEL, 2002). Aliado a
isto, a sazonalidade dos ventos que não são constantes a todo tempo também
é um importante entrave à disseminação desta energia no país (BORBA; SZKLO;
SCHAEFFER, 2014).
Exemplificando
Com base nessas três fontes, seria possível utilizá-las de forma sustentável no
país? Como vimos, elas possuem potencial de utilização no Brasil, pois atendem
à complementaridade de geração de energia elétrica. No entanto, o gás natural
é uma fonte não-renovável, então o investimento nesta fonte seria inadequado
se pensarmos sob a ótica do desenvolvimento sustentável. Quanto à biomassa,
sua utilização seria coerente com a demanda mundial de fontes energéticas
renováveis, assim como a energia eólica.
Atenção
Avançando na prática
Investimento em etanol no Brasil
Descrição da situação-problema
Lembre-se
Resolução da situação-problema
45
Unidade de gás natural
40
35 Oferta
30
(MII tep*)
25
20
15
10 Consumo
5
0
2000
2008
2006
2004
2002
1980
1990
2010
1988
1986
1998
1984
1996
1994
2014
1982
1992
2012
1970
1978
1976
1974
1972
Ano
* tep (Tonelada equivalente de petróleo): Unidade de energia. A tep é utilizada na comparação
do poder calorífero diferentes formas de energia com petróleo. Uma tep corresponde à energia
que se pode obter a partir de uma tonelada de petróleo padrão (ANEEL, 2008, p. 143).
Fonte: adaptado de MME (2014).
Seção 2.4
Diálogo aberto
Esta condição vigorou por muito tempo em todo o mundo. Com a ocorrência
de acidentes ambientais, entre os quais o acidente nuclear de Chernobyl (União
Soviética)8 e o vazamento de petróleo de grandes dimensões, ocasionado pelo
navio petroleiro Exxon Valdez9, na década de 1980, a sociedade começou a
entender a importância do uso responsável do meio ambiente.
Esse novo conceito foi abordado na Conferência das Nações Unidas sobre o
meio ambiente e o desenvolvimento, em 1992, no Rio de Janeiro, onde estavam
reunidos diversos chefes de Estado que incorporaram em seus países ações de
promoção do desenvolvimento sustentável.
• Indicadores socioeconômicos
A economia brasileira tem como base uma população que vem crescendo a cada
levantamento oficial em aproximadamente 2% ao ano, desde 1990 (Gráfico 2.10).
8
Para saber mais sobre o acidente nuclear de Chernobyl, acesse: http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/
noticia/2015/04/desastre-nuclear-na-usina-de-chernobyl-completa-29-anos.html.
9
Para saber mais sobre o acidente do navio petroleiro Exxon Valdez, acesse:
http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/o-desastre-ecologico-do-superpetroleiro-exxon-valdez-no-
alasca-em-1989-9938120.
250
Milhões de pessoas
200
150
100 Brasil
50
0
2000
1900
1980
1960
1940
2010
1920
1950
1970
1991
Ano
E como tem vivido esta população? Por muito tempo, utilizou-se somente o PIB
per capita para explicar o desenvolvimento, considerando que apenas o fato de o
país aumentar sua riqueza nacional já gerava um benefício direto para a população.
Por definição, o PIB refere-se ao
Gráfico 2.11 | Evolução em preços reais (2014) do PIB e do PIB per capita no Brasil
Este indicador considera três grandes grupos de variáveis que ampliam a visão
da condição de vida de uma população: educação, renda e saúde. Segundo o
ideal de seus criadores, esse índice veio sobrepor o entendimento de que apenas
a riqueza monetária era suficiente para garantir qualidade de vida aos cidadãos de
um país, fazendo com que o crescimento econômico seja um meio importante
para o desenvolvimento, mas não a sua finalidade (PNUD, 2015).
Assimile
legenda
Muito alto: 0,800 - 1,000
Alto: 0,700 - 0,799
Médio: 0,600 - 0,699
Baixo: 0,500 - 0,599
Muito baio: 0,000 - 0,499
1991 2000 2010
Reflita
• Indicadores ambientais
Deste total, a mudança no uso da terra foi o fator que mais contribuiu (Gráfico
2.13), o qual pode se dar por meio da conversão de terras florestais para outros
usos da terra (agricultura, pastagens, assentamentos, etc.); para produção agrícola
e/ou para pecuária (BANCO MUNDIAL, 2010).
Gráfico 2.13 | Proporção das diferentes atividades produtivas na emissão de CO2 no Brasil
em 2012.
0,05%
Produção de energia
Gráfico 2.14| Proporção das diferentes atividades produtivas na emissão de CO2 no Brasil
em 2012.
%
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
2000
2008
2006
2009
2004
2002
2003
2005
2007
2001
2010
1998
1996
1999
1994
1992
1993
1995
2012
1997
2011
Fonte: IBGE (2015).
Assim, associando à matriz de Daly que estudamos na Unidade 1, podemos
dizer que os componentes “humano” e “não humano” estão convergindo para
uma relação cada vez mais harmoniosa, pelo manejo adequado dos resíduos,
coerente com o contexto ambiental. A riqueza produtiva, o acúmulo econômico,
não fariam sentido ou seriam insustentáveis se os resíduos fossem simplesmente
ignorados da economia de uma sociedade, afinal, eles interferem na qualidade do
ar, da água, do solo e afetam a continuidade da nossa vida com o passar do tempo.
Pesquise mais
Um exemplo típico de crescimento versus desenvolvimento sustentável,
que frequentemente é noticiado na mídia, é a China. Com seus indicadores
econômicos grandiosos, sua expressividade no mercado mundial, este
país é um demandador significativo de energia em todo o mundo. Sua
matriz energética é composta majoritariamente pelo uso do carvão
mineral, o que o coloca como um grande poluidor. Consequentemente,
os cidadãos sofrem muito com a qualidade do ar e da água no país,
mesmo com uma boa condição financeira.
Figura 2.4 | Vista aérea de uma região da China
Sobre esse assunto, Manning (2013) afirmou que “a China está sufocando
seu próprio sucesso” ao avaliar a condição ambiental e social do país e o
crescimento econômico. Para saber mais, acesse o link disponível em:
<https://www.epochtimes.com.br/sera-que-a-china-esta-sufocando-em-
seu-proprio-sucesso/#.V0vLqvkrLIU>. Acesso em: 30 maio 2016.
Exemplificando
Imagine que você more em uma região onde existe um rio que é
responsável pelo abastecimento de água de grande parte do município.
Esta área, ainda coberta por vegetação, está sendo invadida gradativamente
pela ocupação desordenada de aglomerados subnormais e há certa
especulação imobiliária ali.
Bom, esta situação é mais comum do que parece. Uma solução possível
seria a implantação de um parque, ou uma área de lazer ao ar livre, no
entorno do rio. Assim, além de manter a vegetação, haveria um ganho
social.
10
Para saber mais sobre outros, verifique a publicação do IBGE “Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável” em: IBGE – Instituto Brasileiro de geografia e Estatística.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável: relatório. 2008. Disponível em: < ftp://geoftp.
ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/indicadores_desenvolvimento_sustentavel/
ids2008.pdf>.
Outro indicador ambiental que vimos, foi o acesso da população aos serviços
de coleta de lixo, o que mostrou que o país tem alcançado condições cada vez
mais adequadas ambientalmente
Sendo assim, podemos avaliar que é possível que nosso país esteja se
desenvolvendo de uma forma mais afeita à sustentabilidade, no entanto, novas
medidas devem ser tomadas para que possamos prosseguir de forma concreta
com a sustentabilidade em nosso meio. Assim, o investimento em geração de
energia, a partir do conteúdo estudado, é uma proposta viável e potencial, desde
que sejam adotadas fontes de energia menos poluentes.
Atenção
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Considerando isto, você foi convidado por uma empresa que produz energia
a partir do gás oriundo dos aterros sanitários para palestrar sobre a relação entre a
emissão de metano, desenvolvimento sustentável e crescimento econômico.
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Gráfico 2.15 | Evolução do volume de CH4 liberado por setor produtivo no Brasil.
Volume de metano (CH4) liberado
16
14 Agropecuária
12
(Mil gigagramas)
10
8 Mudanças no uso da
6 Tratamento de terra e florestas Mudanças no
resíduos uso da terra e
4
florestas
2
Produção de
0
Processos energia
industriais
2000
2008
2006
2009
2004
2002
2003
2005
2007
1990
2001
2010
1998
1996
1999
1994
1992
1993
1995
2012
1997
1991
2011
Mudanças no uso da terra e florestas Produção de energia
A partir daí, podemos ter uma primeira análise: a emissão de CH4 é mais
expressiva e vem aumentando com as atividades agropecuárias.
• Selecionar (na página 4) o item “PIB - agropecuária - ref. 2000” que esteja na
unidade “% PIB” no período de “1947 a 2013”.
Em suma, com base somente nos indicadores apresentados, podemos dizer que
a emissão do metano (CH4) não sinaliza uma contribuição para a sustentabilidade
ambiental nem para o crescimento econômico do Brasil.
Referências
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ana.gov.br/Atlas/forms/AglomeradosUrbanos.aspx?au=22>. Acesso em: 15 maio 2016.
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Pantanal. Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 47, n. 9, 2012. Disponível em: <http://www.
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_____. Informações gerenciais. 2015. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/
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2016. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Indicadores econômicos consolidados de 25
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2016.
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BERNDT, Alexandre. Impacto da pecuária de corte brasileira sobre os gases do efeito
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_____. Biomas: Mata Atlântica. s.d. Disponível em: <http://goo.gl/wNEu1T>. Acesso em:
22 set. 2015.
Convite ao estudo
Estudando economia ambiental, você deve ter notado até agora o quanto é
possível aplicar as ferramentas econômicas nas questões ambientais. Estudamos
a importância da integração dos fundamentos econômicos e ambientais e,
em seguida, aprofundamos o entendimento sobre recursos naturais, focando
na geração de energia como forma de utilização específica destes insumos.
Neste intuito, estamos cada vez mais familiarizados com o conhecimento
dos princípios econômicos para aplicação aos problemas reais de tomada de
decisão, envolvendo custos ambientais e recursos energéticos.
Seção 3.1
Diálogo aberto
Nesta unidade, vamos estudar, de forma aplicada, sobre o que estamos tratando
desde o início da disciplina: a importância de se utilizar o conhecimento econômico
para a manutenção do bem-estar propiciado pelo meio ambiente à sociedade.
Então, precisamos esclarecer alguns conceitos importantes: recurso natural, recurso
ambiental e bens e serviços ecossistêmicos. Entende-se como recurso natural
“todas as matérias-primas, tanto aquelas renováveis como as não renováveis, obtidas
diretamente da natureza, e aproveitáveis pelo homem“ (IBGE, 2004, p. 266). Já os
Recursos Ambientais são mais amplos, pois abordam tanto recursos que podem ser
passíveis de aproveitamento, conhecidos como bens ambientais, quanto de propiciar
benefícios intangíveis à sociedade por meio dos serviços ambientais (SANDRONI,
1999; ANDRADE; ROMEIRO, 2009; DAILY, 1997). Alguns pesquisadores chamam
estes bens e serviços ambientais como ativos e passivos ambientais, respectivamente
(DULLEY, 2004).
Para solucionar esta questão, estudaremos nesta Seção 3.1 sobre a conceituação
de valor econômico ambiental, enfatizando este viés econômico e abordando os seus
diferentes tipos: de uso, de não uso, de opção e de existência, podendo assim ter uma
ideia de classificação.
Avaliar o valor do que foi perdido não é uma tarefa fácil, ainda mais se é algo que
não tinha valor de mercado. Neste sentido, o estudo do “valor” em suas diferentes
formas de expressão auxilia no processo de mensuração principalmente em situações
como a que estamos propondo.
Assim, ao nos aprofundarmos neste conteúdo, estaremos mais aptos para iniciar
o trabalho de valoração dos recursos naturais impactados no evento ocorrido em
Minas Gerais. Com o transcorrer da unidade, você notará como este conhecimento
é fundamental em nossa sociedade, em vista das frequentes situações que vêm
ocorrendo na interação entre as atividades humanas e o meio ambiente.
Assimile
bem ressalta Amazonas (2009) ao afirmar que o fato de não computar a métrica
econômica no valor de um bem estimula o seu uso de forma mais intensa do que
o socialmente esperado.
Reflita
Com este pensamento, você acredita que o valor de troca (em um mercado
econômico) deve ser mais importante do que o valor de utilidade?
O valor de uso nada mais é do que o valor atribuído pela sociedade a um bem
ou serviço que pode ser utilizado. Esta classificação ramifica-se em valor de uso
direto, valor de uso indireto e valor de opção,que são, respectivamente, segundo
Motta (1997):
1
“As complexas e dinâmicas interações entre os recursos estoque-fluxo e fundo-serviços (componentes do
capital natural), cuja totalidade pode ser chamada de elementos estruturais do capital natural – produzem o que é
conhecido como funções ecológicas ou funções ecossistêmicas’’. ANDRADE, D. C.; ROMEIRO, A. R. Capital Natural,
Serviços Ecossistêmicos e Sistema Econômico: rumo a uma “Economia dos Ecossistemas”. ENCONTRO NACIONAL
DE ECONOMIA, 37., 2009, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: ANPEC, 2009. p. 1-16.
Ou seja, trata-se das interações naturais já ocorrentes na natureza, independente da ação da sociedade: o homem
consumindo ou não, o meio ambiente continuará existindo e produzindo o recurso natural.
Por outro lado, podemos também valorar um recurso ambiental pelo seu “não
uso”. O Valor de não uso (VNU) de um recurso natural reflete o reconhecimento
da sociedade quanto à importância de recurso natural simplesmente pela sua
existência, não sendo necessariamente utilizável pelo homem, refletindo o Valor
de Existência (VE) (MOTTA, 1997).
Exemplificando
Nas próximas seções, veremos como definir os valores de uso e de não uso,
com base em diferentes métodos de valoração.
Pesquise mais
A valoração de um bem ou serviço com base unicamente em sua
existência não é consenso entre a comunidade científica.
Com base no conteúdo que vimos nesta seção, vamos aplicar de forma prática
os conceitos estudados.
O valor econômico de opção, não cabe neste exemplo, pois estão sendo
avaliados os danos pela perda de recursos ambientais, e neste caso o valor se dá
pela exploração adiada do meio ambiente.
Por fim, como valor de não uso (ou valor de existência), temos o impacto
causado mais a jusante do rio doce, no estado do espírito Santo. Lá, uma importante
área de reprodução e alimentação de tartarugas marinhas foi afetada, e isto levou
à perda de alguns destes animais. Além disto, os resíduos que chegaram ao litoral
capixaba certamente trouxeram danos à fauna marítima, a qual poderia conter
espécies que nós sequer havíamos descoberto.
Atenção
Atente-se para não confundir o valor de opção com o valor de não uso.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Lembre-se
O valor pode se dar tanto pelo uso quanto pelo não uso.
Resolução da situação-problema
O valor de uso poderia ser estimado com base na madeira, nos frutos, óleos
essenciais, folhas, raízes e outros recursos que ela produz, e são comercializados
em grande quantidade principalmente na região Norte do Brasil. Além disso,
de forma indireta, ela proporciona lazer para trilhas, passeios turísticos, lindas
paisagens, regulação do ciclo hidrológico da maior bacia do país, entre outros
bens e serviços.
Por fim, o valor de não uso talvez seja o mais importante. Conhecida como
a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia é fonte de atenção mundial
Assim, toda e qualquer exploração deve ser adequada de forma a não afetar
de maneira significativa os recursos ambientais e, neste sentido, a avaliação dos
impactos ambientais ocorridos teria diversas formas de valor.
Seção 3.2
Diálogo aberto
Após este levantamento preliminar dos recursos naturais afetados, você precisará
então analisar o impacto econômico oriundo dos danos ambientais causados. Neste
sentido, você iniciará uma nova fase do trabalho no qual fará a valoração econômica
dos recursos naturais afetados por meio da aplicação de métodos de valoração. Como
veremos adiante, existem diferentes métodos que se classificam, principalmente,
pela abordagem direta ou indireta à sociedade que desfruta dos benefícios prestados
pelos recursos naturais e/ou ambientais. Então, considerando que em um primeiro
momento fossem levantadas informações diretamente com a população do distrito
de Bento Rodrigues, como seria possível valorar os recursos ambientais afetados no
acidente?
Para tanto, vamos então estudar nesta seção três dos métodos de valoração direta
dos bens e serviços ambientais: valoração contingente, preços hedônicos e custos
de viagem. Estes métodos, como veremos mais adiante, consideram a preferência
declarada da população sobre o valor do recurso ambiental. Neste intuito, vamos
entender nesta Seção 3.2 que a valoração direta dos recursos ambientais aborda a
apreciação da sociedade perante o meio ambiente, então entenderemos como
é possível haver diferentes valores para um mesmo problema, por exemplo, se
considerarmos a valoração pela ótica da população que reside na região afetada
(em nosso caso, no distrito de Bento Rodrigues) e pela ótica da população mais
afastada, que somente ficou sabendo do acidente por meio do noticiário nos meios
de comunicação.
A valoração direta dos recursos ambientais baseia-se no valor que cada indivíduo
da sociedade atribui aos bens e serviços ambientais, por meio da sua disposição a
pagar (ou receber) pela manutenção deste recurso, ou, como explicitam Maia et al.
(2004, p. 5) “os métodos diretos de valoração utilizam-se de mercados hipotéticos
ou complementares para delimitar o valor de um bem ou serviço ambiental’’.
Podemos entender como mercados hipotéticos aqueles criados a partir de
hipóteses, não sendo reais, enquanto mercados complementares são aqueles que
buscam valorar os recursos a partir de uma aproximação de um bem ou serviço
de um mercado real.
Assimile
Figura 3.1| Métodos de valoração ambiental, com destaque para o método direto
Reflita
Se fosse realizada uma pesquisa sobre o valor desta área e você fosse
entrevistado, certamente sua disposição a pagar para a manutenção desta
área seria significativa, se comparado ao julgamento de outra pessoa que
sequer conhece esta área, mesmo morando na mesma cidade que você.
Seria justo que esta área fosse valorada com base em uma amostra
da população residente do outro lado da cidade? Considerando a alta
incidência de criminalidade que vêm ocorrendo nos centros urbanos, a
existência desta área não poderia ser vista como um refúgio para ladrões?
E aí, como isto afetaria a disposição a Pagar pela sua manutenção?
Exemplificando
Quanto será que a população de São Paulo estaria disposta a pagar pela
existência de abelhas no planeta?
No método que capta a disposição a pagar (ou a receber) indireta, por sua
vez, temos duas formas de captação de informações: preços hedônicos e
custos de viagem. Diz-se que estes métodos são indiretos porque se baseiam no
comportamento do consumidor frente a um bem ou serviço ambiental, ou seja,
não é perguntado diretamente a ele o quanto estaria disposto a pagar ou receber,
mas, sim, se observa o quanto ele efetivamente o faz.
Pesquise mais
Nosso objetivo aqui não é aprofundar a análise estatística, o que por si
só já seria outra disciplina. No entanto, podemos nos ater mais sobre o
assunto se entendermos sobre a teoria da Curva de Kuznets Ambiental,
que sinaliza uma relação na forma de "U" invertido entre a desigualdade
na distribuição de renda e o nível de renda per capita. Assim, ela auxilia no
estudo entre o crescimento econômico e a preocupação com o meio
ambiente (leia-se qualidade de vida).
Exemplificando
outro método pelo tipo de informação coletada, que busca levantar dados como
o tempo que o indivíduo levou para chegar até o recurso valorado, como ele
chegou (tipo de transporte, forma de conhecimento do recurso), quanto gastou
com alimentação, quanto tempo busca ficar na região, quanto será gasto com
hospedagem e demais gastos incorridos. Em posse destes dados, uma análise
estatística deverá dar condições de apresentar um valor final que é atribuído ao
recurso natural, objeto do estudo.
Atenção
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Neste caso, se os imóveis são idênticos nos demais quesitos, o valor do imóvel
próximo ao Jardim Botânico certamente seria maior, como de fato ocorre. A
possibilidade de uma área de lazer próxima à residência, o conforto térmico, a
qualidade do ar, a beleza cênica, a disponibilidade de espaços para exercícios
físicos ao ar livre e outros atributos pesam na escolha por esta área se comparada a
outra idêntica em um ambiente completamente coberta por edifícios, construções
e asfalto.
Dispondo de renda e tempo, você tem a opção de viajar para uma região
repleta de cachoeiras.
Se você morasse perto desta região, sua disposição à viagem seria maior
ou menor? Consequentemente, seu custo de viagem seria atrativo e
valeria a pena gastar parte do seu tempo viajando?
Por outro lado, se você morasse a 500 km desta região, sua disposição
seria maior ou menor para viajar? E consequentemente, seu custo de
viagem, seria coerente?
Seção 3.3
Diálogo aberto
Estudando a valoração econômica dos recursos naturais, vimos que um bem
ou serviço ambiental pode ser valorado tanto pelo seu uso quanto pelo seu
não uso, e que a metodologia para definição do valor se dá tanto direta quanto
indiretamente. Assim, há diferentes formas de trazer à linguagem econômica a
importância (parcial) de um recurso natural. Neste contexto, foi proposto que
você, aluno, se colocasse no lugar de um consultor ambiental do IBAMA avaliando
os danos ambientais ocorridos no distrito de Bento Rodrigues, Minas Gerais, com
o rompimento de uma das barragens de uma empresa de mineração em 2015.
Esta valoração pode ser direta, como a erosão do solo afeta o plantio de soja,
como a diminuição na população de abelhas influencia na menor polinização de
alguns cultivos agrícolas ou como a poluição da água, por um processo produtivo
inadequado, afeta a qualidade da água em um rio que abriga peixes criados em
um ambiente de pesque-e-pague. Imagine, agora, quanto valeria a vegetação de
mata ciliar que existe nas margens de rios que cortam o ambiente urbano, como
o rio Tietê em São Paulo. No mercado, não vemos um valor explícito para esta
vegetação, no entanto, seu valor pode ser calculado de forma indireta pelo quanto
elas auxiliam na retenção de sujeira que poderia ser levada às ruas, entupir bueiros
e causar enchentes.
Neste intuito, veremos nesta seção como valorar os bens e serviços ambientais
por meio dos métodos indiretos de valoração econômica ambiental. Existem
diferentes métodos nesta vertente, então em um primeiro momento vamos
abordar a valoração com base na produtividade marginal e com base nos custos
evitados, entendendo como estes diferentes métodos auxiliam na delimitação da
influência que um recurso natural traz a um produto comercializado de forma
concreta no mercado econômico.
Assimile
1
A produtividade marginal refere-se à variação na quantidade do produto final quando há variação de uma unidade
de um insumo variável (PINDYCK; RUBINFELD, 1991).
Figura 3.2| Métodos de valoração ambiental, com destaque para o método indireto
Produtividade marginal
- Disposição a pagar (ou a receber)
- produtividade marginal
direta
- Valoração contingente
Exemplificando
Reflita
Observando a lei 9.605, que trata dos crimes ambientais (BRASIL, 1998),
vemos que são apresentadas diferentes formas de ressarcimento do
poluidor à sociedade pelo dano ambiental causado, desde prestação de
serviços à comunidade, pagamento de multas e privação de liberdade.
A análise dos recursos que substituem este bem ou serviço ambiental é feita a
partir de tratamentos estatísticos específicos, levando à definição de uma função
que relacione as variáveis independentes ao valor do recurso ambiental. Em outras
palavras, tudo o que é necessário utilizar para suprir a variação do recurso ambiental
afetado.
Exemplificando
Imagine que você vive em uma região metropolitana brasileira que vem
apresentando aumentos de poluição do ar, principalmente pelo aumento
do tráfego de veículos.
Pesquise mais
Existem substitutos perfeitos para os recursos naturais?
Atenção
No entanto, aliado a isto, tem-se o dano causado no solo, que é insumo principal
para o cultivo destes plantios, e agora se apresenta impossibilitado de continuar
provendo este serviço pela deposição de minérios de ferro e outros poluentes que
alteraram sua composição física e química.
Avançando na prática
Valor da prevenção de enchentes
Descrição da situação-problema
Imagine uma cidade como São Paulo, a mais populosa do Brasil, que possui
o rio Tietê como um dos rios que corta a cidade. Originalmente, ele é margeado
por uma vegetação, apesar de na maior parte da extensão do rio onde ele corta
a cidade, ela não existir mais. Considerando que esta vegetação é composta
principalmente por espécies que nãoapresentam valor de mercado, como poderia
ser atribuído um valor econômico à mata ciliar do rio Tietê?
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Seção 3.4
Diálogo aberto
Neste sentido, vamos finalizar na Seção 3.4 a base teórica para a sua atuação como
um consultor ambiental do IBAMA, que está colaborando no levantamento dos danos
ambientais ocorridos no distrito de Bento Rodrigues, Minas Gerais, com o rompimento
de uma das barragens de uma empresa de mineração em 2015.
Com base no diagnóstico preliminar que você fez sobre os recursos ambientais
afetados, você está analisando os dados para estimar o valor econômico do dano
ambiental. Após verificar junto à população do distrito de Bento Rodrigues a sua
percepção quanto ao valor do dano ambiental, você estimou o valor dos recursos
ambientais com base em métodos diretos de valoração. Ao observar que existiam
diversas propriedades rurais que apresentavam áreas de cultivos agrícolas e que o
acidente trouxe prejuízos por danificar o solo, você estimou o valor do recurso “solo”
de forma indireta a partir dos prejuízos causados na cadeia produtiva dos produtos
agrícolas.
Assim, caminhando para a finalização da sua análise, para encaminhar aos demais
consultores e economistas, que farão as análises estatísticas específicas, como a água
do rio afetado poderia ser valorada considerando que é necessário recuperar sua
qualidade?
Antes de encerrar seu trabalho, no entanto, você recebe uma notícia importante:
outras barragens localizadas fora do trajeto de derramamento dos resíduos foram
Veremos nesta seção mais alguns métodos indiretos de valoração que nos
ajudarão a resolver estas questões para encerrar esta etapa da avaliação do acidente
ambiental analisado: os custos de controle, de reposição e de oportunidade. Estas
três metodologias, que veremos a seguir, consideram a função de produção por uma
perspectiva conservacionista, ou seja, põe à prova a validade de continuar mantendo
o meio ambiente ou não.
Vamos, então, entender um pouco mais sobre estes métodos e assim aprimorar
o entendimento sobre a visão econômica de acidentes ambientais, tão frequentes no
Brasil.
Assimile
Produtividade marginal
- Disposição a pagar (ou a receber)
- produtividade marginal
direta
- Valoração contingente
Reflita
Este sistema, vigente da forma atual e divulgado pelo IBGE desde 1986,
apresenta a situação do país tanto internamente quanto comparativamente
a outras nações do mundo.
Exemplificando
No mínimo, seu valor por meio deste método se daria pelos gastos com
tecnologia necessária para limpar a água, desobstruir as margens e repor
sua capacidade de oxigenação.
O valor, neste caso, é estimado pela “renda sacrificada” que foi assumida em
prol de se manter o recurso ambiental, associando diretamente à conservação
ambiental. Assim, o custo em manter certo recurso é calculado com base no uso
alternativo que poderia ser feito dele, da área que ele ocupa ou dos gastos que
foram necessários para a sua manutenção. Tem-se, então, o valor designado pela
visão utilitarista do recurso ambiental (RIBEIRO, 2009).
Pesquise mais
O método de valoração pelo custo de oportunidade é no mínimo
interessante quando observado na manutenção da Floresta Amazônica.
A atividade que mais ocupa áreas rurais no país e que tem expandido sua
participação na economia nacional é a agropecuária, nisto a limitação de
uso das terras ocupadas pela Floresta Amazônica pode ser vista como um
entrave ao desenvolvimento local e nacional.3
Atenção
Neste caso, ao adotar medidas preventivas para que não ocorra outro acidente,
a empresa assume gastos como o reforço da estrutura das barragens e a instalação
de novos equipamentos de mensuração da movimentação do solo, que podem
ser entendidos pelo método de custos de controle como o valor dos recursos
ambientais que seriam afetados pela não ausência destas medidas.
Logo, tanto o valor da água que abastece estas comunidades quanto das trilhas
ecológicas que embasam o mercado turístico nesta região, pode ser estimado
com base no quanto a empresa tem gasto para evitar o dano ambiental nestes e
em outros recursos ambientais.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Neste mesmo intuito, qual método poderia ser utilizado para valorar
a poluição do ar em um centro urbano com incidência crescente de
veículos trafegando?
Referências
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institucional-ecológica. Economia e sociedade, Campinas, 2009, v. 18, n. 1. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/ecos/v18n1/06.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2016.
ANDRADE, Daniel Caixeta; ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Capital natural, serviços
ecossistêmicos e sistema econômico: rumo a uma “economia dos ecossistemas”.
In: Encontro nacional de economia, 37., 2009, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu:
ANPEC, 2009. p. 1-16.
BBC Brasil. Espécies novas de animais são descobertas 'debaixo do nosso nariz’.
Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141203_vert_
earth_especies_novas_dg>. Acesso em: 16 jun. 2016.
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administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 13 fev. 1998. Seção 1,
p. 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em:
9 jul. 2016.
BRUNI, José Carlos. A água e a vida. Tempo Social; Revista de Sociologia da USP. São
Paulo, 1993, v. 5, n. 1-2, p.53-65. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ts/v5n1-
2/0103-2070-ts-05-02-0053.pdf>. Acesso em 10 jul. 2016.
DAILY, G. C. Nature’s Services: Societal dependence on Natural Ecosystems.
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2006.
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Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/images/gema/Gema_Artigos/2000/td448.pdf>.
Acesso em: 18 jul. 2016.
Convite ao estudo
Ao falar do aspecto legal de qualquer temática, logo nos vêm à mente leis,
jurisprudências e princípios jurídicos, os quais aplicados ao estudo da economia
ambiental contribuem de forma essencial ao convívio harmonioso da sociedade
no meio ambiente.
180 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Seção 4.1
Políticas ambientais
Diálogo aberto
Para solucionar esta questão, a empresa precisa primeiramente entender quais são
as normas gerais das políticas ambientais no Brasil para então delinear sua atuação de
forma adequada ambientalmente. Assim, é fundamental entender de maneira geral as
políticas ambientais, os princípios precursores destas políticas e como o poder público
soluciona os problemas ambientais.
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 181
U4
onde:
182 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
O termo “dano”, por sua vez, não possui uma definição legal. Assim,
alguns estudiosos trazem seus entendimentos sobre o que é dano ambiental,
referenciando-o de forma geral como o resultado negativo do impacto ambiental.
Assim, é importante deixar claro que impacto e dano não são sinônimos, mas “a
resultante de todos os impactos, quando negativa, pode ser dano, considerando-se
“dano” sinônimo de prejuízo (que decorre do confronto do componente positivo
com o componente negativo)” (FENKER, 2007, p. 3). Com este conhecimento, é
possível analisar o que os legisladores de fato esperam quando as leis são criadas.
Além do uso correto de termos técnicos, eles também tomam como pressuposto
os princípios jurídicos e a base do ordenamento jurídico brasileiro (FARIAS, 2006).
Neste sentido, alguns princípios no direito ambiental são de grande importância,
como os princípios da responsabilidade, da precaução e da sustentabilidade.
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 183
U4
Assim, todo poluidor está causando degradação e, longe de ser somente uma
compensação pelo dano causado, o que por si traria uma posição cômoda ao
agente poluidor, o princípio da responsabilidade objetiva o desestímulo à produção
do dano, sendo obrigatórios a restauração do recurso ambiental afetado e o
ressarcimento econômico à sociedade. Tais medidas, porém, geralmente não são
capazes de restabelecer todas as funções ambientais perdidas. Nesse contexto,
são aplicados alguns instrumentos de efetivação da política ambiental, como os
instrumentos de comando e controle (mais utilizados no legislativo ambiental) e os
instrumentos econômicos.
Sua atuação baseia-se na adoção de padrões que devem ser seguidos pelos
utilizadores dos recursos no meio ambiente, sendo alvo de punições aqueles que
desrespeitarem estas regras. Apesar de efetivos e válidos em muitas situações, estes
instrumentos são considerados restritivos e não incentivadores, pois apenas o mau
comportamento é evidenciado. Os instrumentos políticos, mesmo em menor
proporção, preenchem esta lacuna atuando justamente na adoção de medidas
que incentivem a sociedade a praticar a sustentabilidade.
184 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Exemplificando
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 185
U4
186 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Reflita
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 187
U4
Pesquise mais
A sustentabilidade foi destaque na edição de 2016 dos Jogos Olímpicos,
no Rio de Janeiro. No relatório do Plano de Gestão da Sustentabilidade
do evento, lançado em 2013, consta como um dos critérios adotados
para efetivação da sustentabilidade a adoção de medidas que não incidam
em impacto significativo na pegada ecológica ambiental, por meio da
reutilização da água, economia de energia e correto gerenciamento
de resíduos tanto na fase de construção das estruturas como durante a
realização do evento.
Para ter uma visão geral do que é a pegada ecológica e como estamos (in)
sustentando nossa estadia no planeta, acesse:
188 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Assimile
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 189
U4
190 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 191
U4
Com base no que estudamos até então, vamos voltar à empresa produtora
de papel e celulose, que está em busca de um local para instalar-se para ampliar
sua atuação no mercado. Analisando a viabilidade de instalação do ponto de
vista ambiental, quais seriam os preceitos ambientais mínimos que deveriam ser
adotados para a empresa alcançar a viabilidade ambiental que está buscando?
Considere que a empresa selecionou municípios no estado de Santa Catarina
para sua atuação, e o governo estadual está preocupado com o impacto que o
empreendimento poderá trazer aos recursos ambientais locais. Assim, de que
forma ele poderia intervir para ter o controle das ações do empreendimento sobre
o meio ambiente?
Atenção
192 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Esses instrumentos devem ser aplicados pelo governo do estado para que a
instalação da fábrica não traga impactos ambientais negativos que prejudicarão a
população local. Assim, o governo pode adotar padrões de qualidade da água, da
emissão de poluentes no solo e da destinação adequada de resíduos nesta fase de
instalação, além dos indicados na lei federal para que o empreendimento obtenha
a licença ambiental.
Avançando na prática
Resíduos que armazenam
Descrição da situação-problema
Lembre-se
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 193
U4
Resolução da situação-problema
Neste sentido, pelo caráter de incentivo do programa nacional que originou esta
sacola biodegradável, o empresário será beneficiado com incentivos econômicos
para que mantenha a utilização deste recurso em sua empresa, contribuindo
assim com a qualidade ambiental. Alguns instrumentos econômicos que podem
ser disponibilizados ao empresário são a isenção de impostos e o fornecimento
de créditos subsidiados, cabendo ao poder público normatizar a implantação dos
instrumentos econômicos neste programa.
194 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 195
U4
196 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Seção 4.2
Situações como esta refletem a realidade do sistema econômico, que induz muitos
produtores a atuar de acordo com a demanda de mercado e com a atividade que gere
mais lucro. Assim, a atuação das políticas ambientais é de suma importância para que
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 197
U4
tanto o aspecto social como o aspecto ambiental não sejam deixados de lado em prol
dos rendimentos unicamente econômicos.
198 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Nesta linha, Cardoso (2012) afirma que a ausência de subsídios “não verdes”
seria a solução mais eficaz para a regulação do uso dos recursos ambientais, pois
para aquecer a economia, ou para estimular o mercado, o poder público (tanto
de países em desenvolvimento como de países desenvolvidos) adota práticas
que afetam o meio ambiente, como redução da tarifa de energia elétrica ou de
tratamento de água e esgoto, auxílio na aquisição de defensivos agrícolas para
o crescimento da agricultura, entre outras decisões que levam ao aumento no
consumo dos recursos ambientais. Nisso, podemos dizer que há uma incoerência
entre os objetivos dos subsídios ou até uma estagnação da meta de redução da
poluição.
Reflita
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 199
U4
200 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Exemplificando
As taxas, por sua vez, são específicas e têm um propósito definido, tendo como
“fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição” (BRASIL, 1966), ou em outras palavras, as taxas são o preço
a ser pago pela poluição justamente por serem específicas e com destinação
previamente definida (MARGULIS, 1996).
Com isto, ocorre uma disparidade: por mais que sejam complementares aos
instrumentos de comando e controle, o valor estipulado das taxas para pagamento
da poluição podem subestimar o prejuízo efetivamente ocorrido. Além disto, a
proporcionalidade na estrutura de custos da empresa, com a geração da poluição,
vai causar um custo tributário, e empresas com maior condição tecnológica e/ou
financeira muitas vezes preferem adotar práticas menos poluentes a pagar as taxas,
justamente pela sua escala de produção. No entanto, as empresas com menos
condições financeiras e/ou tecnológicas preferem arcar com as taxas, por serem
mais baratas do que o investimento necessário para alterar seu processo produtivo
(ALMEIDA, 1997).
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 201
U4
Assimile
Por fim, a atuação indireta sobre os preços via troca de emissões ou certificados
transacionáveis é aplicada no mercado com um limite máximo de uso de um recurso
ambiental, como a geração de poluição, disponibilizando cotas ou certificados
que serão comercializados entre usuários ou produtores (MOTTA; YOUNG, 1997).
Tem-se adotado a denominação de Certificados de Redução de Emissão (CRE)
(ALMEIDA, 1997) por se condicionarem ao volume de poluição que é produzido,
atuando além do preço efetivamente. Assim, mesmo que o certificado não esteja
sob a regulação direta do Estado, ele é válido pela facilidade de comercialização e
adequação dos agentes poluidores. Dentro do limite imposto pelo poder público e
fracionado nas cotas, aqueles que poluem mais devem adquirir mais certificados,
incentivando a redução da poluição justamente para reduzir os custos. Desta forma,
conforme forem se adequando aos limites impostos, e até obtendo resultados
mais eficientes, podem vender os certificados excedentes e assegurar uma receita
a mais em sua estrutura financeira.
Este instrumento apresenta-se mais atrativo do que os tributos por ser ajustável
às condições financeiras da empresa que detém os certificados, comprando-
os e vendendo-os livremente. No entanto, é importante que o poder público
esteja atuante no mercado para evitar que uma única empresa adquira todos os
certificados, ou que seja formado um mercado paralelo com preços inflacionados.
O papel do Estado, neste sentido, seria na oferta ou retirada de certificados
do mercado quando houvesse necessidade de se diminuir o nível de poluição
permitida (SANTOS, 2005).
202 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
CO2 ou, no caso de outros gases, convertidos em CO2 equivalente. Assim, países
que estabeleceram um acordo com Protocolo de Quioto, criado em 1997 (mas
vigente somente a partir de 20052) assumiram a responsabilidade de reduzir suas
emissões, e na recente Conferência das Partes (COP-21, em 2015), em Paris, todos
os países desenvolvidos e em desenvolvimento comprometeram-se a reduzir as
emissões de GEE, de acordo com as suas prioridades e possibilidades (MMA, 2016).
Pesquise mais
Um dos principais problemas ambientais do Brasil é a destinação dos
resíduos, que muitas vezes vão para aterros sanitários ou para “lixões” a
céu aberto.
2
O acordo estabelecia que pelo menos 55% dos países-membros da Convenção, e que fossem responsáveis por
pelo menos 55% do total das emissões de 1990, se comprometessem com a redução dos GEE, o que só se tornou
realidade em 2005.
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 203
U4
Atenção
204 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Avançando na prática
IPTU verde
Descrição da situação-problema
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 205
U4
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Imagine que você fosse prefeito de um município que a cada dia tem
diminuído sua qualidade ambiental, apesar de manter as exigências
mínimas de preservação ambiental. Para incentivar práticas de melhoria
ambiental, o que você poderia propor? Impostos, taxas, subsídios ou
certificados de redução de emissões seriam uma solução?
Em que tipo de recurso ambiental – ar, água ou solo – você acredita que
ele seria válido?
206 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 207
U4
208 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Seção 4.3
Diálogo aberto
A atuação do poder público para regulamentar a forma como a sociedade utiliza
e protege o meio ambiente só é eficaz se as leis criadas forem de fato colocadas em
prática. Assim, como já estudamos alguns destes instrumentos, é importante enfim
conhecer as leis que regem a convivência harmoniosa entre a sociedade e o meio
ambiente, de modo a garantir que gerações futuras não sejam prejudicadas pela
depreciação do capital natural.
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 209
U4
Pesquise mais
A história da legislação ambiental brasileira ultrapassa não somente
diferentes formas de governo, mas também de pensamento da sociedade.
Se quiser saber mais sobre como tudo começou, e se estamos “melhores”
que antes, leia o artigo:
Apresentou-se então, pela primeira vez, uma definição legal de meio ambiente
como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”
(BRASIL, 1981), que, mesmo de forma abrangente, traduz os anseios da sociedade
mundial sobre a preservação dos recursos ambientais.
210 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Vocabulário
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 211
U4
Reflita
212 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Neste sentido, a PNMA veio não somente para integralizar a proteção ambiental,
mas também para pôr em prática, de fato, as medidas de proteção aos recursos
ambientais.
Alguns anos depois, a lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347 de 24 de julho de
1985) foi sancionada, corroborando o pensamento cada vez mais consolidado
sobre a importância da preservação do meio ambiente. É importante ressaltar
que a manutenção dos recursos ambientais, pelo seu caráter “difuso”, ou seja,
pela condição de bem público, não era entendida como uma necessidade à
manutenção da própria sociedade e seu bem-estar no planeta. Assim, como bem
citado por Arantes (1999), ao atribuir-se ao Ministério Público o poder de defender
os direitos coletivos pela via judicial, o “maior risco” de sua atuação é que a lei seja
cumprida (ARANTES, 1999).
Exemplificando
Em vista disso, como o Ministério Público poderia embasar uma ação civil
de responsabilização do responsável legal do frigorífico pela poluição no
rio?
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 213
U4
214 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
com a dimensão do dano, além de também ser exigida de cada cidadão, trazendo
uma conotação coletiva e também individual no uso dos recursos ambientais
(MACHADO, 1995; SILVA, 2014). Nisso, o texto legal inova, mas também no
reconhecimento que “meio ambiente ecologicamente equilibrado” é essencial à
qualidade de vida não só da atual geração, mas das futuras. Como vimos, esta
preocupação vem da década de 1970, com a concepção de uma definição
para desenvolvimento sustentável, como “o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras
em satisfazer suas próprias necessidades” (UN, 1987, p. 24, tradução nossa).
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 215
U4
dano ambiental causado. As multas podem ser até triplicadas, porém dependendo
da escala de produção e dos ganhos oriundos na realização da ação nociva,
podem não ter efetividade. Por sua vez, a restrição de direitos é interessante por
afetar de forma direta e significativa a empresa causadora do dano, contudo, quem
mais é lesado neste caso é o elo mais fraco da cadeia produtiva, o colaborador da
empresa e, consequentemente, a sociedade em geral pelos aspectos de emprego
e diminuição da renda. Já a prestação de serviços à comunidade é vista por Roberti
(2000) como a melhor dentre as três alternativas, em vista da sua devolução à
sociedade de parte do bem-estar prejudicado. A atuação desta lei também prevê,
pelo caráter preventivo adotado desde a Política Nacional do Meio Ambiente, em
1981, a possibilidade de não aplicação das penas previstas na restrição de direitos,
desde que o agente causador recupere o dano ou de outra forma pague sua dívida
à sociedade (BORGES et al., 2009).
Assimile
216 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Assim, como contava com prazo para iniciar a operação, a fábrica começou
suas atividades e até então vinha utilizando outras máquinas não adequadas para o
acabamento dos produtos. Mesmo sem intenção, o uso de máquinas inadequadas
gerou resíduos inesperados, como a fumaça densa liberada na atmosfera.
Atenção
Como o meio ambiente é um bem público, se ele for mal utilizado os danos
afetam a toda a sociedade. Assim, a atuação da fábrica de celulose e papel e os
problemas ocorridos no início de suas atividades são completamente justificáveis,
no entanto, a fumaça densa gerada já afetou a qualidade de vida da população
residente nas proximidades e isso não poderá ser revertido com a utilização da
máquina adequada, apenas será cessado.
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 217
U4
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
A prefeitura do Município ABC está disposta a trazer mais indústrias para aquecer
sua economia. Então, como uma visão tendenciosa para o crescimento econômico
a qualquer custo ambiental, a prefeitura isenta as fábricas, que se instalarem em
uma determinada área do município, da obrigação de construírem uma estrutura
adequada para o tratamento dos efluentes. A proposta é que a própria prefeitura
se responsabilize pela construção desta estrutura que, em vista da proximidade das
fábricas, será única e atenderá a todas as fábricas.
Lembre-se
218 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Resolução da situação-problema
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 219
U4
220 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 221
U4
222 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Seção 4.4
Diálogo aberto
Neste sentido, vamos finalizar nossa avaliação sobre a atuação de uma empresa
produtora de celulose que está se expandindo, construindo uma nova fábrica. Vimos na
seção anterior que mesmo danos ambientais não propositais devem ser reparados por
aqueles que o causaram, como no caso da máquina que liberava grande quantidade
de fumaça na atmosfera por estar funcionando de forma inapropriada.
O acesso à área se faz pela estrada secundária, que não foi construída com o objetivo
de atender a um grande tráfego de caminhões, e isto está agravando a alteração na
dinâmica ambiental do parque, pois os caminhões que estão sendo utilizados para
substituir a frota da empresa, que não é adequada para este tipo de estrada, são mais
velhos e emitem mais poluentes. Em consequência disso, o proprietário da RPPN
tem amargado prejuízos não somente pela redução no número de visitantes, mas
também pela interferência na qualidade do ar que está diminuindo a produção de mel
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 223
U4
nativo, porque a poluição do ar afeta a vida das abelhas. Considerando estas diferentes
interferências, podemos dizer que está ocorrendo dano ambiental? Se sim, como
poderíamos classificá-lo? A quem ele afeta? Como poderíamos valorar este dano?
Refletindo sobre isto, o pesquisador Édis Milaré (2001) afirma que “dano
ambiental” não possui uma definição específica e deve então ser complementado
de acordo com cada caso onde houver necessidade de aplicação do termo
(MILARÉ, 20011 apud BRITTO, 2003), sendo, muitas vezes confundido com impacto
ambiental.
Reflita
1
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. Doutrina – prática – jurisprudência – glossário. 2. ed. rev., ampl. e atualiz.
São Paulo: RT, 2001, p. 421.
224 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
[...]
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma
de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam:
I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II – as atividades sociais e econômicas;
III – a biota;
IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V – a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986, art. 1º).
Assimile
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 225
U4
Pesquise mais
O relatório do IBGE sobre indicadores do desenvolvimento sustentável
apresenta indicadores na temática ambiental, que a cada edição, desde
2002, foram atualizados ou excluídos. Estes indicadores refletem a
condição ambiental do país e, para comprovar, analise os indicadores
apresentados e descritos detalhadamente na publicação: Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável – IBGE.
Quanto ao agente afetado, este pode ser coletivo ou individual. O meio ambiente
em si é definido pela própria Constituição Federal como um bem “de uso comum
ao povo”, então a ocorrência do dano ambiental é em última instância prejudicial a
toda a sociedade, sendo assim de natureza difusa – na qual não há especificação de
quem sofreu o dano (KRELL, 1998). Nestes casos, o ressarcimento monetário pago
pelo agente causador do dano será destinado a um fundo de responsabilidade
da União ou dos estados, e sua utilização será de acordo com a lesão ambiental
ocorrida, em prol de toda a coletividade (Lei nº 7.347/85, art. 13). Neste sentido,
é importante frisar que a reparação do dano ambiental irá priorizar a restauração
do recurso afetado, se for possível, aliada ao pagamento monetário pelos danos
extra-ambientais causados (perda de produção, danos morais, entre outros). Em
casos em que não houver esta condição, aí sim a compensação monetária será
considerada de forma principal (OLIVEIRA FILHO, 2013).
Por outro lado, o dano ambiental individual é aquele que, por intermédio do
meio ambiente, prejudicou alguém em específico causando-lhe dano particular
226 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Exemplificando
Sabendo, então, o que é considerado dano ambiental e como ele tem sido
classificado, como poderemos identificar a sua existência? Neste sentido, da
mesma forma que tem sido adotada uma definição do dano ambiental pela
ausência de definição legal, a sua identificação também é discutida constantemente
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 227
U4
pela comunidade científica, que tem adotado com mais frequência a definição
apresentada por Édis Milaré (2011), a qual tem como premissas: a dispersão das
vítimas, a dificuldade de reparação do dano e a dificuldade em se valorar este
dano, como apresentado pelo próprio autor:
3
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina, jurisprudência, glossário. 7. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
228 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Assim, como desde o começo tratamos sobre a interação direta e inequívoca das
esferas econômica e ambiental, fica clara a aplicação das ferramentas econômicas
(tanto pelo mercado como pela exigência legal) nos problemas ambientais que
concernem à sociedade e à qualidade de vida da população.
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 229
U4
Isto afetou não somente a visitação da RPPN por turistas, mas a produção de
mel nativo da área, que era comercializado pelo proprietário.
Todas estas questões podem ser consideradas dano ambiental? Se sim, como
poderíamos classificá-los? A quem esses danos estão afetando? Como poderíamos
valorar estes danos?
Atenção
Muito bem, vamos entender o que está sendo afetado: estrada que não comporta
o tráfego, então pode ser objeto de erosão se for utilizada de forma inadequada;
utilização de caminhões mais antigos e que emitem mais poluentes, que estão
poluindo mais o ar; produção de mel nativo, que está diminuindo pela alteração
na qualidade do ar (e também, poderíamos dizer, pela movimentação frequente e
pelo aumento da poluição sonora); redução no número de visitantes da área por
toda essa mudança. Assim, podemos afirmar que de fato estão ocorrendo danos
ambientais, afinal, os impactos impostos aos recursos ambientais da região estão
apresentando-se de forma negativa ao meio ambiente.
230 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
diminuição na produção de mel nativo, que era uma fonte de renda para ele. Estes
danos também podem ser classificados como patrimoniais, pois sabemos quais
são os recursos ambientais que estão sendo afetados: ar, abelhas, solo.
Assim, podemos dizer que além da poluição gerada pela fumaça densa na
seção anterior da empresa está sendo responsável tanto por danos ambientais de
caráter patrimonial, individuais, como por danos coletivos.
Avançando na prática
Condomínios ambientais
Descrição da situação-problema
Neste caso, houve dano ambiental? Se sim, de qual tipo? Quem foi afetado?
Lembre-se
Resolução da situação-problema
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 231
U4
Então, podemos afirmar que houve dano ambiental pela “dispersão” daqueles
que foram prejudicados com a perda da qualidade da água, que além de ter
mau cheiro, perdeu a beleza composta pela fauna e flora nativas. Aliado a isto,
possivelmente a reparação do dano não será imediata, então esta dificuldade
confirma a ocorrência de dano ambiental.
Imagine que você está de férias, e como faz todos os anos, vai para
o litoral. A prefeitura do município visitado, observando a crescente
visitação de turistas em alta temporada, como você, resolve “melhorar a
cidade” incentiva o setor hoteleiro a se instalar no município para atender
a demanda de turistas.
Assim, você que antes caminhava tranquilamente pela praia, agora precisa
se contentar com a restrição a certos espaços no mar. Além disso, os
pescadores que praticam pesca comercial de peixes de água salgada se
veem cada vez mais longe da orla para conseguir pescar alguma coisa.
232 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 233
U4
234 Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais
U4
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Políticas públicas, base legal e economia aplicada à gestão dos recursos naturais 235
U4
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