Conteüdo de Apoio para o Projeto QS Teen
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PROJETO QS TEEN
VIOLÊNCIA SEXUAL
Preparado por: MM-União Sul Brasileira
Agosto 2015
Denise M. Lopes
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ÍNDICE
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DADOS SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL
Uma pesquisa realizada (apenas nas EUA), que Sharon Pittman, Ph.D. do
Departamemto do Serviço Social, Andrews University, mostra que o abuso
contra a criança e a igreja possui o seguinte quadro:
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É PRECISO TER AÇÕES EFICAZES E IMEDIATAS PARA
INTERROMPER O CICLO DA VIOLÊNCIA
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isso, faz-se importante que conheça as dimensõ es do fenô meno e saiba como
enfrentá -lo.
O assunto é difícil, mas, é preciso romper o silêncio, acima de tudo com uma
proposta bíblica onde o amor, compreensã o, apoio, ajuda e confrontaçã o sejam
elevados de forma clara e relevante. Sã o para esses e outros tipos de problemas
familiares que devemos ser mensageiros da graça de Cristo.” ( MM – DSA)
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passo é informar a comunidade sobre a realidade da violência sexual contra
crianças e adolescentes. Dessa maneira, os líderes, famílias e educadores terã o
acesso a detalhes sobre as modalidades de violência, bem como a dados
estatísticos.
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CONCEITUAÇÃO DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Quaisquer outras prá ticas sexuais entre adultos e adolescentes na faixa etá ria
entre 14 e 18 anos também sã o consideradas crime sexual, variando apenas: a) o
grau de parentesco ou status de responsabilidade legal e social entre os
envolvidos; b) os meios utilizados para a obtençã o do ato sexual; c) a existência
ou nã o de consentimento. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, pag 62 )
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extrafamiliar.
Esse tipo de abuso sexual ocorre nos espaços de sociabilidade da família. O autor
é algum vizinho, amigo ou conhecido. Pelo fato de o autor do abuso estar
articulado à rede social da família, a criança ou adolescente acaba desenvolvendo
uma relaçã o de confiança, e muitas vezes de admiraçã o, com esta pessoa. O grau
de proximidade do autor do abuso com a família e a criança ou adolescente faz
com que essa forma de abuso seja considerada mista, pois compartilha as
características dos abusos intra e extrafamiliares.
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vigilâ ncia social. Nesse caso, o autor da violência sexual pode ser uma pessoa
totalmente desconhecida da família da criança ou adolescente. Os casos de
estupro em locais pú blicos sã o os principais exemplos.
Trata-se de prá tica sexual que nã o envolve contato físico e que pode ocorrer de
vá rias formas, descritas a seguir.
- A pornografia pode ser categorizada como uma forma tanto de abuso quanto de
exploraçã o sexual comercial. Mostrar material pornográ fico a crianças ou
adolescentes é considerado abuso sexual. Contudo, levando-se em consideraçã o
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que, na maioria das vezes, o objetivo da exposiçã o de crianças e adolescentes é a
obtençã o de lucro financeiro, a pornografia deve ser compreendida também
como exploraçã o sexual comercial.
Trata-se da prá tica físico-genital que envolve carícias nos ó rgã os genitais,
tentativa de relaçã o sexual, masturbaçã o, sexo oral, penetraçõ es vaginal e anal.
Existe, no entanto, uma compreensã o mais ampla de abuso sexual com contato
físico que inclui contatos “forçados”, como beijos e toques em outras zonas
corporais eró genas. Legalmente, essas prá ticas podem ser tipificadas como crime
sexual contra vulnerá vel, violaçã o sexual com fraude, estupro de vulnerá vel e
estupro de maiores de 14 anos. Abuso sexual sem conjunçã o carnal é uma
modalidade de abuso na qual ocorre a prá tica de atividades sexuais sem a
penetraçã o peniana, tais como:
- toques nas partes íntimas (ó rgã os genitais, glú teos ou seios), ato de encostar
ou pressionar os ó rgã os genitais do perpetrador no corpo da criança ou
adolescente, ou ainda de induzir a criança ou adolescente a tocar nos ó rgã os
sexuais do autor do abuso, nã o importando se por cima ou por baixo da roupa;
- sexo oral realizado tanto pelo autor do abuso na criança ou adolescente quanto
o contrá rio. Esta modalidade pode incluir beijos de língua, sucçã o, beijos ou
mordidas nos seios e sucçã o vaginal, peniana ou anal.
Se o abuso sexual for cometido contra uma pessoa menor de 14 anos, o ato pode
ser tipificado como crime sexual contra vulnerá vel, que é definido como o ato de
induzir o menor de 14 anos a satisfazer os desejos sexuais de outra pessoa. Da
mesma forma, é considerado crime praticar ato sexual com penetraçã o, ou
qualquer outra modalidade de atividade sexual, na presença de alguém dessa
faixa etá ria ou induzi-lo a presenciar.
O abuso sexual com conjunçã o carnal ocorre quando uma pessoa força outra a
ter uma relaçã o sexual com penetraçã o vaginal ou anal, ou quando um adulto
força a criança ou adolescente a realizar coito com animais, ou ainda quando
permite que a criança ou adolescente pratique qualquer outra modalidade de
atividade sexual mediante açã o enganosa, ou outro meio violento, ou grave
ameaça que impeça ou dificulte a livre manifestaçã o da vontade da vítima. Tudo
isso corresponde ao crime de estupro, o qual, quando cometido contra menores
de 14 anos de idade, é legalmente denominado estupro de vulnerá vel. Essa
prá tica é criminalizada tanto para homens quanto para mulheres de todas as
idades. (Fonte : Guia Escolar de Proteção a Família, pag 66-68 )
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O abuso sexual infantil ocorre quando uma pessoa maior ou mais forte do que
uma criança usa seu poder, autoridade ou posiçã o de confiança para envolvê-la
em atividade ou comportamento sexual. O incesto, uma forma específica de
abuso sexual infantil, é definido como qualquer atividade sexual entre uma
criança e um pai, irmã o, membro da família ou padrasto.
Quando Deus criou a família humana, Ele começou com a uniã o entre um homem
e uma mulher. Esse relacionamento, baseado no amor e confiança mú tuos, ainda
é designado para prover o fundamento para uma família está vel e feliz, na qual a
dignidade o valor e a integridade de cada membro estejam protegidos e
assegurados. Cada criança, quer menino ou menina, é um presente de Deus. Os
pais têm o privilégio e a responsabilidade de prover educaçã o, proteçã o e
cuidado físico para a criança confiada a eles por Deus. As crianças devem poder
honrar, respeitar e confiar nos seus pais e em outros membros da família sem o
risco de abuso.
A Bíblia condena o abuso sexual infantil com os termos mais fortes. Ela considera
um ato de traiçã o e uma violaçã o total da personalidade qualquer tentativa de
confundir, manchar ou denegrir os limites pessoais, generativos ou sexuais pelo
comportamento sexual abusivo. Condena o abuso de poder, autoridade,
responsabilidade, porque isso tem um impacto nos sentimentos mais profundos
da vítima sobre si pró pria, os outros e Deus, e porque enfraquece sua capacidade
de amar e confiar. Jesus usou uma linguagem forte para condenar as açõ es de
pessoas que, por palavras ou atos, levassem uma criança a tropeçar.
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Cremos que, como igreja, temos a responsabilidade de:
13
______________
Esta declaraçã o foi votada em 1 de abril de 1997, durante o Concílio da
Primavera da Comissã o Executiva da Associaçã o Geral realizado em Loma Linda,
Califó rnia.
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As pessoas estranhas representam perigo maior para crianças e adolescentes.
O pedó filo tem características pró prias que o identificam.
O autor do abuso sexual é um psicopata, um tarado que todos reconhecem na
rua, um depravado sexual, geralmente mais velho e alcoó latra, homossexual
ou retardado mental.
A criança mente e inventa que sofre abuso sexual.
Se uma criança ou adolescente “consente” é porque deve ter gostado. Só
quando diz “nã o” é que fica caracterizado o abuso.
O abuso sexual, na maioria dos casos, ocorre longe da casa da criança ou
adolescente.
É fá cil identificar o abuso sexual em razã o das evidências físicas encontradas
na criança ou adolescente.
O abuso sexual está associado a lesõ es corporais.
O abuso sexual se limita ao estupro.
A divulgaçã o de textos sobre pedofilia e fotos de crianças e adolescentes em
posiçõ es sedutoras ou praticando sexo com outras crianças, com adultos e até
com animais nã o tem efeito nocivo, já que nã o há contato e, muitas vezes,
ocorre apenas virtualmente.
Crianças e adolescentes sexualmente abusados sã o oriundos de famílias de
nível socioeconô mico baixo.
Crianças e adolescentes só revelam o “segredo” se tiverem sido ameaçados
com violência.
A maioria dos casos é denunciada.
A maioria dos pais e professores está informada sobre abuso sexual de
crianças, a frequência em que ocorre e como deve lidar com a situaçã o.
O abuso sexual é uma situaçã o rara, que nã o merece ser considerada
prioridade por parte dos governos.
É impossível prevenir o abuso sexual de crianças.
REALIDADE
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abusador. O abusador costuma procurar locais em que a criança ou
adolescente esteja vulnerá vel. O maior índice de abuso sexual acontece no
período diurno.
Em apenas 30% dos casos há evidências físicas. As autoridades precisam
conhecer as diversas técnicas de identificaçã o de abuso sexual.
A violência física nã o é comumente utilizada na prá tica do abuso sexual
contra crianças e adolescentes. Os autores de abuso utilizam-se mais
frequentemente da seduçã o para conquistar a confiança e o afeto deles.
Podem também utilizar ameaças quando a seduçã o deixa de funcionar. Nem
mesmo o ato sexual em si, muitas vezes, provoca lesõ es corporais. Nesses
casos, as maiores consequências sã o as psicoló gicas.
Além do ato sexual com penetraçã o vaginal ou anal (estupro), outros atos sã o
considerados abuso sexual, como o voyeurismo, a manipulaçã o de ó rgã os
sexuais, a pornografia e o exibicionismo.
O efeito nocivo é enorme para as crianças fotografadas ou filmadas. O uso
dessas imagens e textos estimula a aceitaçã o do sexo de adultos com crianças,
situaçã o criminosa e inaceitá vel. Sabe-se que, reiteradas vezes, o contato do
pedó filo começa de forma virtual, por meio da Internet, mas logo passa para a
conquista física, podendo levar, inclusive, ao assassinato.
Níveis de renda familiar e de educaçã o nã o sã o indicadores de abuso.
Famílias das classes média e alta podem ter condiçõ es mais favorá veis para
encobrir o abuso e manter o “muro do silêncio”. As vítimas e os autores do
abuso sã o, variadas vezes, do mesmo grupo étnico e socioeconô mico.
Crianças e adolescentes só revelam o “segredo” quando confiam e se sentem
apoiados.
Na realidade, poucos casos sã o denunciados. Quando há envolvimento de
familiares, sã o poucas as chances de que a vítima faça a denú ncia, seja por
motivos afetivos ou por medo – do abusador, de perder os pais, de ser
expulso, de que os outros membros da família nã o acreditem em sua histó ria
ou de causar discó rdia familiar.
No Brasil, a maioria dos pais e professores desconhece a realidade do abuso
sexual de crianças e adolescentes. Assim, a desinformaçã o os impede de
ajudar a combater e a prevenir esse tipo de crime.
O abuso sexual é extremamente frequente em todo o mundo. Sua prevençã o
deve ser prioridade até por questõ es econô micas. Segundo estudo realizado
nos Estados Unidos, os gastos com o atendimento de 2 milhõ es de vítimas de
abuso sexual chegaram a US$ 12,4 milhõ es em um ano.
Há maneiras prá ticas e objetivas de proteger as crianças do abuso sexual,
mostradas nas seçõ es a seguir. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 68-71 )
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A sedução - A situaçã o mais frequente de abuso sexual ocorre por meio de um
processo de “seduçã o”, no qual há troca de afeto e de recompensas materiais. No
entanto, apesar de o autor da agressã o ser uma pessoa do círculo de conhecidos
da criança ou adolescente, em geral, a situaçã o começa de maneira repentina,
sem nenhum tipo de advertência. Quando o abuso se repete, o autor costuma
elaborar estratégias complexas a fim de atrair a criança ou adolescente e de
obter a sua cooperaçã o no sentido de manter o ocorrido sob sigilo (INTEBI,
2008). A repetiçã o das ocorrências pode tomar a forma de rituais cotidianos,
cujas evidências podem passar despercebidas por pessoas que nã o possuem
“olhar treinado”.
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vista da responsabilizaçã o do autor da violência sexual, a denú ncia pode nã o
gerar as chamadas “provas materiais ou testemunhais da ocorrência do abuso”, o
que dificulta a quebra do ciclo de impunidade (INTEBI, 2008, SUMMIT, 1983).
• algumas vítimas fingem que o fato nã o está acontecendo com elas e tentam ver
o abuso com distanciamento;
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forma urgente, porém tranquila, séria, cuidadosa, respeitosa, afetiva e
competente, pode-se evitar que as consequências dessa violência marquem
cruelmente a sua vida no futuro. Analisando, de forma generalizada, as
consequências da violência sexual, pode-se afirmar que os efeitos no curto prazo
sã o aqueles apontados pelos indicadores de violência. Entre os efeitos no longo
prazo, pode-se destacar:
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esquecer a dor e a baixa autoestima, mas admitem que, posteriormente, o
vício ficou incontrolá vel.
Engajamento em trabalho sexual (prostituição).Muitos profissionais do
sexo sofreram abuso quando crianças. Porém, nã o se deve estabelecer
nenhuma relaçã o mecâ nica entre abuso sexual e prostituiçã o. Milhares de
crianças que foram vítimas de abuso sexual nã o se tornam trabalhadoras do
sexo quando adultas. A conexã o que existe entre um fator e outro, e que a
experiência de abuso deixa bem clara, é que a ú nica coisa – ou a mais
importante – que as outras pessoas querem delas é sexo. Paradoxalmente,
provendo sexo, esses indivíduos encontram certo sentimento de valor, como
uma forma de mediaçã o. Posteriormente, essa atividade transforma-se em
estratégia de sobrevivência. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 80-81 )
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produz o mesmo resultado sobre todas as crianças e adolescentes que a
vivenciam. Deve-se considerar que indivíduos ou grupos de indivíduos
respondem aos estímulos do meio de forma singular. Os estudos de Furniss
(1993) e Farinatti, Biazuz e Leite (1993) atestam que as consequências do abuso
sexual sobre crianças e adolescentes podem variar conforme os seguintes
aspectos:
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situaçõ es de maus-tratos e abuso sexual, quase sempre de forma nã o verbal..
Contudo, é importante lembrar que tais evidências sã o compostas nã o somente
por um ú nico sinal, mas por um conjunto de indícios exibidos por crianças e
adolescentes..
COMPORTAMENTO/SENTIMENTO
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Tristeza, abatimento profundo ou depressã o crô nica.
Vergonha excessiva, inclusive de mudar de roupa na frente de outras pessoas.
Culpa e autoflagelaçã o.
Ansiedade generalizada, comportamento tenso, sempre em estado de alerta,
e fadiga.
Excitabilidade aumentada (hipervigilâ ncia ou dificuldade de concentraçã o).
Fraco controle de impulsos, comportamento autodestrutivo ou suicida.
Comportamento disruptivo, agressivo, raivoso, principalmente dirigido
contra irmã os e o familiar nã o incestuoso.
Transtornos dissociativos na forma de personalidade mú ltipla. Repetiçã o
constante do que outras pessoas verbalizam.
SEXUALIDADE
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Assiduidade e pontualidade exageradas. Chegam cedo e saem tarde,
demonstram pouco interesse em voltar para casa apó s a aula, ou até
apresentam resistência a isso.
Queda injustificada de frequência à escola.
Dificuldade de concentraçã o e de aprendizagem, resultando em baixo
rendimento escolar.
Ausência ou pouca participaçã o nas atividades escolares.
O aparecimento de objetos pessoais, brinquedos, dinheiro e outros bens
que estã o além das possibilidades financeiras da família da criança ou
adolescente podem indicar favorecimento e/ou aliciamento. Se isso
ocorrer com vá rias crianças da mesma sala de aula, ou da mesma série,
pode indicar a açã o de algum pedó filo na regiã o.
RELACIONAMENTO SOCIAL
É importante lembrar que nem todas as famílias com esse perfil cometem
incesto. Portanto, é preciso tomar cuidado para não tirar conclusões
precipitadas que possam estigmatizar as pessoas. Lembre-se de que as
pessoas que praticam violência sexual contra crianças e adolescentes
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precisam ser responsabilizadas por seus atos, mas também precisam de
ajuda a fim de que não os repitam e aprendam a respeitar crianças e
adolescentes. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 88-91)
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VIOLÊNCIA SEXUAL
QUANDO HÁ SUSPEITA
Como previsto em lei, mesmo nos casos de suspeita, a notificaçã o deve ser feita
ao Conselho Tutelar ou à delegacia de polícia. Uma notificaçã o bem
fundamentada pode contribuir para agilizar sua tramitaçã o. Para formulá -la, o
educador deve relatar os comportamentos observados, de acordo com os sinais
de abuso mencionados no Capítulo 5 deste Guia Escolar, bem como os dados
fornecidos pela pró pria criança ou adolescente por meio de revelaçõ es, co-
mentá rios ou situaçõ es.
O educador e/ou a direçã o da escola pode optar entre fazer a abordagem com a
criança ou adolescente ou simplesmente notificar a suspeita de abuso à s
autoridades responsá veis e delegar a elas as tarefas de abordagem e avaliaçã o da
ocorrência ou nã o do abuso.
QUANDO É REAL
É importante explicar à vítima de abuso sexual como você pretende ajudá -la,
para que nã o seja surpreendida com as açõ es dos ó rgã os competentes e nã o se
sinta traída. Permita que ela participe das decisõ es quanto aos pró ximos passos e
esclareça as implicaçõ es de cada um deles, sempre que a faixa etá ria e as
condiçõ es psicoló gicas permitirem.
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trago algo para beber”).
• Leve a sério tudo o que ouvir. A violência sexual é um fenô meno que
envolve sentimentos como medo, culpa e vergonha. É importante nã o
criticar a criança ou o adolescente nem duvidar de que esteja falando a
verdade. Por outro lado, a vítima se sentirá encorajada a falar sobre o
assunto caso perceba o interesse do educador pelo seu relato.
• Não utilize expressões como “Faça de conta que...”, “Imagine que...”, ou
outras palavras que possam sugerir fantasias e jogos.
• Comporte-se de maneira calma, pois reaçõ es extremas podem aumentar a
sensaçã o de culpa. Evite palavras que possam deixar crianças e
adolescentes sexualmente abusados nervosos ou na defensiva. Também
evite rodeios que demonstrem insegurança de sua parte.
• Evite que sua ansiedade ou curiosidade o leve a pressionar a criança ou
adolescente para obter informações. Procure não perguntar diretamente
pelos detalhes da violência sofrida, nem fazer a criança ou o adolescente
repetir sua história várias vezes. Isso pode perturbar a criança ou o
adolescente e aumentar sua dificuldade de relatar o fato.
• Faça o mínimo de perguntas possível e nã o conduza o relato da criança ou
o adolescente, pois perguntas sugestivas podem invalidar o testemunho.
Deixe que se expresse com suas pró prias palavras e respeite seu ritmo.
Existem algumas perguntas que devem ser evitadas, tais como as
questõ es fechadas do tipo “sim” e “nã o”, perguntas inquisitó rias e aquelas
que colocam a criança ou o adolescente como sujeito ativo, reforçando seu
sentimento de culpa ou sugerindo como deveria estar se sentindo. Evite
frases como “Sei que isto deve ser muito difícil para você” e nã o peça que
a criança ou adolescente informe com precisã o a(s) ocasiã o(õ es) em que
houve a violência, associando-a(s) a eventos comemorativos, como Natal,
Pá scoa, férias, aniversá rios, entre outros.
• Evite justificativas e explicações muito precisas, pois pode parecer que você
está responsabilizando a criança ou o adolescente se fizer perguntas como:
“O que você sentiu?”, “Você gostava do que a pessoa lhe fazia?”, “Por que não
buscou ajuda antes?”, “Por que não contou para a sua mãe naquela mesma
noite?”, “Por que essa pessoa lhe fazia essas coisas?”, “Você procurava ficar
com ela?”, “Por que você não contou este fato antes?”, “Por que somente
agora está contando?”, “Por que você acha que ele(a) lhe fazia isso?”.
• Se a vítima de abuso sexual de repente, no meio da conversa, se sentir
envergonhada e com medo, o educador deve registrar esses sentimentos,
porém sem fazer outros comentá rios. Uma sugestã o do que dizer: “Fale
apenas o que você sentir vontade”.
• Olhe para a criança ou o adolescente, mas não o tempo todo, e tenha
paciência com as pausas que surgirem durante a conversa. Às vezes, breves
desvios de olhar podem ajudar a criança ou o adolescente sexualmente
abusado a continuar falando. Procure relaxar (usando técnicas de
respiração, por exemplo) antes de prosseguir.
• Evite chamar desnecessariamente a atençã o da criança ou o adolescente
no decorrer da entrevista com relaçã o a seu comportamento utilizando
expressõ es como: “Nã o estou escutando nada do que você está falando.
Olhe para mim e fale”. Em vez disso, diga: “Estou com dificuldades de
ouvir você. Creio que escutaria melhor se você olhasse para mim quando
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fala”. Nã o corrija comportamentos produzidos pelo nervosismo ou por
evasã o, se isso nã o prejudicar a conversa. Caso tenha dificuldade em
ouvir, é melhor pedir para repetir do que tentar adivinhar ou interpretar
o que foi dito, como “Você disse que...”. Lembre-se de que crianças sã o
ensinadas a aceitar as interpretaçõ es dos adultos.
• Evite fazer suposições sobre quem possa ser a pessoa responsável pelo
abuso sexual. Da mesma forma, quando isso for mencionado, evite expressar
qualquer desaprovação, uma vez que a criança ou o adolescente pode
gostar da pessoa e querer protegê-la, apesar da ocorrência do abuso.
• Utilize linguagem simples e clara para que a criança ou o adolescente
entenda o que está sendo dito. Use as mesmas palavras empregadas pela
criança ou pelo adolescente para identificar as diferentes partes do corpo,
pois se a vítima perceber que você está relutando em empregar certas
palavras, também poderá evitar usá -las.
• Confirme com a criança ou o adolescente se você está, de fato,
compreendendo o que lhe está sendo relatando. Jamais desconsidere seus
sentimentos com frases do tipo: “Isso não foi nada”, “Não precisa chorar”,
pois, ao falar sobre o assunto, crianças e adolescentes sexual- mente
abusados revivem sentimentos de dor, raiva, culpa e medo.
• Proteja crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e reitere que nã o
têm responsabilidade pelo que ocorreu. É comum a vítima sentir-se
culpada por tudo o que está acontecendo. Seu relato deve ser levado a
sério, já que é raro uma criança ou um adolescente mentir sobre essas
questõ es. Diga-lhe que, ao contar, agiu corretamente.
• Lembre-se de que crianças ou adolescentes precisam ter coragem e
determinação para contar a um adulto que sofreram ou estão sofrendo
algum tipo de violência. As crianças e adolescentes sexualmente abusados
podem temer ameaças contra si ou contra membros de sua família, ou
ainda de serem levados para longe do lar.
• Evite expressar apoio e solidariedade por meio de contato físico, o que só
deve ocorrer quando a criança ou o adolescente assim o permitir. O
contato físico pode confundir a vítima sobre a natureza da aproximaçã o.
Tomado o devido cuidado para que o gesto nã o seja interpretado como
aproximaçã o sexual, um abraço, ou um afago na cabeça, pode ser
fortalecedor de vínculos, principalmente por transmitir a ideia de
segurança e quebrar a ansiedade.
• Não trate crianças e adolescentes sexualmente abusados como
“coitadinhos”. Eles precisam de carinho, dignidade e respeito.
• Anote tudo o que foi dito, pois as informaçõ es poderã o ser utilizadas em
procedimentos legais posteriores. Também é importante incluir detalhes
do comportamento da criança ou do adolescente ao relembrar o que
aconteceu, pois isso poderá indicar como estava se sentindo. No relató rio,
devem constar declaraçõ es fiéis do que foi dito, nã o cabendo o registro de
sua impressã o pessoal. Por ter cará ter confidencial, essa situaçã o deverá
ser relatada somente à s pessoas que precisam ser informadas para agir e
apoiar a criança ou o adolescente.
• A confiança de crianças e adolescentes sexualmente abusados aumenta o
peso da responsabilidade sobre a pessoa que o ouve, especialmente se
desejam que o abuso seja mantido em segredo. Explique que, se estiver
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ocorrendo situação de violência, você terá de contar isso a outras pessoas
para que seja possível protegê-los.
• É essencial nã o fazer promessas que nã o possa cumprir, como garantir
guardar segredo antes de saber o que vai ser revelado. Nã o diga coisas
como “Nã o se preocupe, pois tudo ficará bem com você”. Esteja atento à
realidade de seu estudante e à sua pró pria realidade. Como já dissemos,
ao ouvir o relato de violência sexual, ou ao perguntar à criança ou ao
adolescente sobre uma lesã o física, é importante facilitar a conversa. A
vítima de abuso sexual poderá se sentir confusa, deprimida, culpada ou
assustada e vai ficar muito aliviada ao contar a alguém o que está
acontecendo. Assim, você precisa permitir que ela conte a histó ria
livremente.
• Explique à vítima de abuso sexual o que acontecerá em seguida, como você
procederá, sempre ressaltando que ela estará protegida.
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Ao lidar com as vítimas de abuso a pessoa que a está acompanhando, precisa usar
de empatia, aceitação, compreensão, sinceridade e genuína compaixão. A vítima
deve sentir que é compreendida e aceita para continuar juntos efetivamente. É
necessário que se tenha alguma familiaridade com as características da síndrome
do abuso, (por isso já colocamos todos os conteúdos anteriores), mas não é
necessário ser um expert para ajudar essas vítimas. Basta ser apenas uma pessoa
amiga com quem elas possam conversar. Neste período ela estará em estado de
confusão. O ajudador deve deixar seus problemas e experiências pessoais fora da
discussão. Se você acha que há uma boa experiência a partilhar, apresente-a à vítima
na terceira pessoa, como se houvesse acontecido a uma outra pessoa. Minimize
qualquer distâ ncia econô mica ou social que haja entre vocês tanto quanto for
possível.
• Mostre que você se preocupa e ore com a pessoa. Apresente seu caso, peça a
Deus ajuda e sabedoria para que a pessoa possa tomar a decisã o correta.
Creia que Deus irá ouvi-lo e reivindique Suas promessas de defender e salvar
o oprimido. Agradeça a Deus por ouvir e responder.
• Durante este período de afastamento é necessá rio que ela seja conduzida à
pessoas ou orgã os competentes que a possam ajudar emocionalmente além
de convencê-la de que, mesmo que esteja bem e fora de casa, é necessá rio
uma intervençã o para com o agressor, pois poderá buscar outra pessoa como
vítima.
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la a ceder, mas que ela deverá permanecer firme diante da ameaça. Ela
precisa ter seu celular em mã os e pronta para ligar no disque 100, ou mesmo
a polícia, caso perceba que algo mais grave possa acontecer.
• Tenha calma, sempre. O medo pode ser contagioso. A pessoa já tem temores
suficientes. Para ajudar a demonstrar sua confiança e calma, procure
imaginar antes como você lidaria com certas situaçõ es. Seriam um teste para
você.
• Qualquer que seja a decisã o que a vítima tome, permanecer ou sair, dê-lhe
apoio, nã o faça julgamento. Apenas ela compreende plenamente o perigo de
sua situaçã o. Tenha cuidado em manter o cará ter confidencial.
• A vítima precisa compreender que, como cristã os, continuar com esta rotina
de abuso, significa aceitar o pecado e viver com ele. Se nã o colocar um fim
nesta situaçã o, o agressor está colocando em risco a vida eterna. Esta é uma
oportunidade de arrependimento, de mudança de vida. Assim como foi com
os escravos israelitas, se estamos sendo controlados e sofrendo abuso de
alguém, poderemos ser incapazes de prestar serviço voluntá rio de amor a
Deus. Empenhar-se e buscar essa liberdade é o desejo que Deus coloca em
nosso coraçã o. Pois “onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade” (II
Coríntios 3:17). Quando os escravos israelitas clamaram a Deus,
reconhecendo-Lhe Seu senhorio sobre suas questõ es de escravidã o, Deus os
ouviu e os libertou. Deixar claro que, quando as leis civis de um país que dá
apoio e proteçã o ao seu povo está alinhado com a lei de Deus, envolvendo a
polícia, os juizados, intervençõ es e organismos governamentais, NÃ O É
CONTRÁ RIA À VONTADE DE DEUS QUE OS AGRESSORES SOFRAM AS
PENALIDADES DA LEI CASO SE RECUSEM OUVIR E PÔ R UM FIM AO ABUSO.
Ninguém deve cometer o abuso e crime, e entã o ir para uma igreja e dizer que
pertence à quela religiã o. Deus disse a Seus profetas para nem mesmo orar
por tais pessoas (Jeremias 7:1-16). Se alguém pratica abuso contra o cô njuge
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ou filhos isso é crime e pecado. Se nã o puder sair ou enquanto nã o conseguir
sair, a vítima deve evitar o má ximo possível ficar só com o agressor, a
qualquer momento. Como cristã os podemos abrir nossa casa, temos nossos
colégios internos que poderã o ser um refú gio para a vítima. Isso nã o significa
desconhecer o problema, significa aliviá -la da agressã o e do medo de um
pró ximo abuso enquanto se trabalhara com ela no erguimento da sua pessoa
e na compreensã o das consequências das escolhas que fará a partir de agora.
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CONFRONTADAS PELAS FAMÍLIAS VÍTIMAS DE ABUSO E
VIOLÊNCIA
Essas perguntas devem ser respondidas porque, para as vítimas que crêem em
Deus, elas sã o as primeiras preocupaçõ es. Essas perguntas representam as
tentativas das vítimas de buscarem sentido em sua experiência de sofrimento e
coloca-as no contexto geral que lhes dá sentido à sua vida. Encontrar as
respostas é uma forma de as pessoas retomarem algum controle de sua vida em
meio da crise. Se essas perguntas permanecem sem respostas, em algum
momento irã o se tornar barreiras que impedirã o que a pessoa resolva a crise e
prossiga com sua vida.
Valor da pessoa
Amor incondicional
Relacionamento matrimonial
Divó rcio/novas nú pcias
Relacionamento pais-filhos
Arrependimento
Perdã o
Reconciliaçã o
Conceito de Ellen White a respeito do “círculo sagrado”.
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(Ministério da Mulher DSA)
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