Conteüdo de Apoio para o Projeto QS Teen

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CONTEÚDO DE APOIO PARA O

PROJETO QS TEEN
VIOLÊNCIA SEXUAL
Preparado por: MM-União Sul Brasileira
Agosto 2015
Denise M. Lopes
2
ÍNDICE

Dados sobre violência sexual .........................................................3


É preciso ter ações eficazes e imediatas para
interromper o ciclo da violência ....................................................4
O que podemos fazer como igreja...................................................5
Conceituação, definição, tipos e
formas de violência sexual…………………………………………………7
 Conceito de abuso Sexual …………………………………..................7
 Definiçã o de abuso sexual………………………………………………7
 Tipos de abuso sexual …………………………………………………...8
 Formas de ocorrência do abuso…………………………….............9

Declaração da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre


abuso sexual de menores..................................................................11
Conheça alguns mitos e realidades ……………………………………14
As dinâmicas e as características das situações
abusivas.…………………………………………………………………………….16
Sequelas ou efeitos a longo prazo..................................................18
Variações nas consequências do abuso........................................20
Identificando os sinais do abuso sexual..…………………………….21
 Sinais corporais ou provas materiais.................................21
 Comportamento/sentimento................................................21
 Sexualidade ................................................................................22
 Hábitos, cuidados corporais e higiênicos .........................22
 Frequência e desempenho escolar......................................23
 Relacionamento social ............................................................23
 Indicadores na conduta dos pais ou responsáveis.........23
O que fazer quando há suspeita ou quando verdadeiramente
existe abuso ……………………………………………………………………….25
Como ajudar a vítima de abuso depois de ouvir todos as
fatos...........................................................................................................29
Em busca de respostas para questões espirituais confrontadas
pelas elas famílias vítimas de abuso e violência ......................32

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DADOS SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL

O Disque-Denú ncia 100, NO BRASIL, registrou, no período de 2003 a 2010, um


crescimento de 683% no nú mero de denú ncias. De acordo com as estatísticas,
desse serviço, de janeiro a julho de 2010, nas porcentagens de registros por
macrocategorias de violência nas denú ncias categorizadas, a violência sexual
encontrava-se em primeiro lugar, empatada com as violências física e psicoló gica
(36%), seguidas de negligência (28%). Dos 36% de casos de violência sexual
registrados, 65,08% referiram-se a casos de abuso sexual, 34,02% a exploraçã o
sexual, 0,60% a pornografia e 0,30% a trá fico de crianças e adolescentes.

Entre os casos de abuso sexual, o incesto foi a manifestaçã o mais recorrente. Em


estudo realizado no ABCD Paulista, registrou-se que 90% das gestaçõ es de
adolescentes com até 14 anos foram fruto de incesto, sendo o autor, na maior
parte dos casos, o pai, um tio ou o padrasto (FACULDADE DE MEDICINA ABC,
2001).

Analisando o perfil de crianças e adolescentes vitimizados pelos vá rios tipos de


violência notificados ao Disque-Denú ncia 100, verifica-se que a maioria é
composta por meninas com idades entre 7 e 14 anos. Contudo, o fato de a
maioria dos casos notificados ser de crianças e adolescentes do sexo feminino
nã o se deve minimizar a importâ ncia dos casos de violência sexual contra
crianças e adolescentes do sexo masculino, para os quais vêm sendo computados
nú meros crescentes de denú ncia à medida que as campanhas pró -notificaçã o
contribuem para superar os tabus de gênero.

As pesquisas no Estados Unidos, por exemplo, demonstram, ainda, que a cada 4


segundos uma criança é vítima de abuso sexual e que uma em cada três garotas e
um em cada quatro garotos sã o sexualmente abusados antes dos 18 anos. Além
disso, esses estudos também informam que 90% das crianças e adolescentes sã o
vítimas de pessoas que conhecem, amam e nas quais confiam, e que somente
uma em cada quatro garotas e um em cada 100 garotos denunciam o abuso
sexual sofrido. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 12-13)

ABUSO ENTRE OS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA

Uma pesquisa realizada (apenas nas EUA), que Sharon Pittman, Ph.D. do
Departamemto do Serviço Social, Andrews University, mostra que o abuso
contra a criança e a igreja possui o seguinte quadro:

 Com muita frequência a Escritura é usada para justificar o abuso contra


crianças.
 Dentre os membros da igreja, 1 em 4 meninas e 1 em 6 meninos sofrerã o
abuso sexual antes dos 16 anos.
 75-95% dos casos a criança conhece o ofensor.
 As famílias sã o instadas a manterem o abuso em segredo.
 As crianças tem sido ensinadas a “horarem” seus pais e outros adultos,
mesmo quando as ferem.

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É PRECISO TER AÇÕES EFICAZES E IMEDIATAS PARA
INTERROMPER O CICLO DA VIOLÊNCIA

A violência sexual contra crianças e adolescentes é crime contra a vida e a


dignidade sexual. A partir da implementaçã o do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) (BRASIL, 1990a), juntamente com outras normas e acordos
internacionais, o abuso e a exploraçã o sexual de crianças e adolescentes
deixaram de ser apenas crimes contra a liberdade sexual, passando a ser
tratados como violaçõ es aos direitos humanos, ou seja, ao respeito, à dignidade, à
liberdade, à convivência familiar e comunitá ria e ao desenvolvimento de
sexualidade saudá vel.

A violência sexual geralmente ocorre dentro dos lares, em um ambiente em que


crianças e adolescentes deveriam, supostamente, sentir-se protegidos. Como o
lar é um espaço privado, o que acontece dentro de casa está envolvido em uma
atmosfera de segredos familiar e social. Nessa situaçã o, é comum que o abuso
sexual seja mantido em segredo, em parte porque as relaçõ es de afinidade e de
consanguinidade entre vítimas e autores da violência geram a complacência dos
outros membros da família.

A ocorrência de reincidência do abuso é comum. Existem casos de abuso sexual


que se limitam a um episó dio; entretanto, o mais comum é que a prá tica se repita
ao longo de meses e até anos.” (BRINO; WILLIAMS, 2009).

A fuga de casa é uma das consequências da violência sexual contra crianças e


adolescentes. Muitos deles agem assim na tentativa de escapar da agressã o física,
da ameaça ou do abuso.” (SANTOS, J. V., 2002).

A vítima de abuso sexual tem grande probabilidade de se tornar autora de abuso


sexual futuramente. Se nã o receber ajuda prontamente, para elaborar o que
ocorreu com ela, pode repetir esse tipo de violência com outras pessoas (BRINO;
WILLIAMS, 2009). Dados divulgados pela Faculdade de Medicina ABC (2001)
indicam que 50% das pessoas que sã o sexualmente abusadas quando crianças ou
adolescentes, se tornam autoras de violência sexual em idade adulta.

A violência sexual é uma ameaça à sobrevivência, ao bem-estar e ao futuro de


crianças e adolescentes e pode trazer graves consequências para seu
desenvolvimento, sua saú de e sua capacidade de aprendizagem. Crianças e
adolescentes são mais suscetíveis à violência sexual pelo simples fato de
serem crianças e adolescentes, mas algumas dessas pessoas são ainda mais
vulneráveis por serem meninas pobres e/ou negras ou por terem
deficiências. Quando crianças ou adolescentes sofrem qualquer tipo de violência
e não recebem ajuda por parte da comunidade, da escola, igreja ou mesmo
da sociedade, internalizam a concepção de que a agressão é algo aceitável,
assim perpetuando a espiral da violência. Daí a importâ ncia da escola e igreja,
na criaçã o de um ambiente de acolhimento, que propicie a escuta de crianças e
adolescentes que vêm vivenciando situaçã o de violência sexual. A escuta é o
primeiro passo para ajudar aqueles que manifestam a necessidade de apoio. O
educador pode e deve ser um grande aliado dessas crianças e adolescentes; por

5
isso, faz-se importante que conheça as dimensõ es do fenô meno e saiba como
enfrentá -lo.

Reafirmamos a necessidade de ouvir crianças e adolescentes e de aprender a


envolvê-los na busca de soluçõ es, pois está claro que isso pode fornecer
importantes contribuiçõ es para a compreensã o da violência cometida contra eles
e de sua superaçã o. Cabe lembrar que a participaçã o de crianças e adolescentes
na garantia de seus pró prios direitos é uma diretriz política do Programa
Nacional de Direitos Humanos.” (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 14-15)

Precisamos estar cientes do problema. Ignorar ou achar que ele inexiste em


nosso meio é adotar uma atitude de omissã o. Se queremos fazer a diferença
temos que encarar a realidade de que a vida familiar, à s vezes é cruel e dolorida.

O que podemos fazer como Igreja?

Além de estarmos conscientes do problemas,


1. O primeiro caminho é, sem dúvida, de caráter educativo. É esta
educaçã o que a igreja em todo o mudo está trabalhando para ser uma
realidade dentro do Dia da Ê nfase Contra o Abuso através dos materiais
Quebrando o Silêncio. Esta educaçã o pode ser através de palestras, filmes
que abordam a questã o, debate, sermã o, seminá rios. Os pastores podem
pregar mais sobre o assunto. Precisamos frisar a ideia de que Deus nã o
nos criou para sermos maltratados.

2. Devemos educar nossas crianças a se defenderem. Nã o confundir


disciplina com abuso físico. É bom dar uma perspectiva bíblica sobre
disciplina e educaçã o de filhos.

3. Prover mecanismos de apoio às vítimas. Precisamos dizer que elas nã o


estã o sozinhas. É importante criar na igreja uma atmosfera de confiança e
segurança: um refú gio seguro.

4. Desenvolver programas de apoio às vítimas. Famílias podem ser


cadastradas como fonte de ajuda a estas vítimas.

5. Aconselhamento pastoral às vítimas. As igrejas podem pensar numa


capacitaçã o contínua dos seus líderes neste sentido ou criar um
departamento de aconselhamento cristã o que muito pode contribuir para
a cura emocional dessas pessoas.

O assunto é difícil, mas, é preciso romper o silêncio, acima de tudo com uma
proposta bíblica onde o amor, compreensã o, apoio, ajuda e confrontaçã o sejam
elevados de forma clara e relevante. Sã o para esses e outros tipos de problemas
familiares que devemos ser mensageiros da graça de Cristo.” ( MM – DSA)

A escola (e aqui acrescentamos a igreja), devem assumir o papel de protagonista


na prevençã o primá ria da violência sexual. Para a consecuçã o disso, o primeiro

6
passo é informar a comunidade sobre a realidade da violência sexual contra
crianças e adolescentes. Dessa maneira, os líderes, famílias e educadores terã o
acesso a detalhes sobre as modalidades de violência, bem como a dados
estatísticos.

Entre todas as instituiçõ es pú blicas, escola e igreja, sem dú vida, sã o os principais


atores no processo educativo de crianças e adolescentes. Para muitos deles, estes
sã o os ú nicos espaços pú blicos que frequentam, o que conferem a eles, um status
privilegiado para a ampliaçã o deste tema tã o importante.” (Fonte : Guia Escolar de
Proteção a Família,18 )

CONCEITUAÇÃO, DEFINIÇÃO, TIPOS E FORMAS DE VIOLÊNCIA


SEXUAL

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CONCEITUAÇÃO DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Tomando como referência a legislaçã o brasileira, presume-se a ocorrência de


violência em qualquer ato sexual praticado por pessoas adultas com jovens de
idade inferior a 14 anos. Qualquer relaçã o sexual com crianças e adolescentes
abaixo dessa idade está sujeita à mesma severidade penal dos crimes sexuais
sancionados com penalidades mais rígidas, como é o caso do estupro.

Quaisquer outras prá ticas sexuais entre adultos e adolescentes na faixa etá ria
entre 14 e 18 anos também sã o consideradas crime sexual, variando apenas: a) o
grau de parentesco ou status de responsabilidade legal e social entre os
envolvidos; b) os meios utilizados para a obtençã o do ato sexual; c) a existência
ou nã o de consentimento. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, pag 62 )

DEFINIÇÃO DE ABUSO SEXUAL

O abuso sexual é descrito como qualquer forma de contato e interaçã o sexual


entre um adulto e uma criança ou adolescente em que o adulto, que possui uma
posiçã o de autoridade ou poder, utiliza-se dessa condiçã o para sua pró pria
estimulaçã o sexual, para estimulaçã o da criança ou adolescente ou, ainda, de
terceiros. A assimetria da relaçã o de poder entre o autor do abuso e a criança ou
adolescente que sofre o abuso é o que mais caracteriza essa situaçã o. De acordo
com Intebi (2008), essa discrepâ ncia de poder acontece quando:

a) a diferença de poder e de força física possibilita ao autor do abuso o controle


físico e emocional da criança ou adolescente;

b) a diferença de conhecimento do ato sexual implica incompreensã o, por parte


da criança ou adolescente, do significado e das consequências potenciais da
atividade sexual;

c) o autor de abuso geralmente busca satisfazer os seus pró prios impulsos


sexuais.

O agente violador aproveita-se do fato de crianças e adolescentes estarem em


processo de construçã o e de descoberta de sua sexualidade para manipular seus
desejos. A criança sente-se culpada por sentir prazer e isso é usado pelo autor do
abuso sexual para obter o seu consentimento e para consolidar a situaçã o de
acobertamento (ABRAPIA, 2002). (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 63 )

ESPECIFICANDO OS TIPOS DE ABUSO SEXUAL

Em geral, são especificadas duas modalidades de abuso sexual: intrafamiliar e

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extrafamiliar.

 Abuso sexual intrafamiliar – cometido por pais, parentes ou


responsáveis legais

Também chamado abuso sexual incestuoso, ocorre no espaço social interno da


família, seja ela bioló gica ou adotiva. Nessa classificaçã o, está incluída qualquer
relaçã o de cará ter sexual entre um adulto e uma criança ou adolescente, ou entre
um adolescente e uma criança, quando existe um laço de parentesco
consanguíneo (direto ou nã o) ou uma relaçã o de responsabilidade (ABRAPIA,
2002, COHEN, 1993).

Quase sempre, há uma relaçã o de parentesco entre o autor do abuso e a criança


ou adolescente que sofre a açã o. É comum que o responsá vel pelo abuso tenha
certo poder sobre a criança ou adolescente sexualmente abusado, tanto do ponto
de vista hierá rquico e econô mico como do afetivo. Nesse caso, a violaçã o é
cometida por uma pessoa que a criança ou adolescente conhece e em quem
confia e que, frequentemente, ama.

Embora nem toda relaçã o inapropriada seja considerada um abuso sexual,


particularmente nos casos em que se realiza entre adultos da mesma faixa etá ria
e sem o emprego de força física ou coerçã o emocional e psicoló gica, a que
acontece com uma criança ou adolescente é considerada, sim, abuso sexual,
ainda que ocorra sem o uso de força física.

 Abuso sexual intrarrede social – cometido por pessoas da rede de


sociabilidade da família

Esse tipo de abuso sexual ocorre nos espaços de sociabilidade da família. O autor
é algum vizinho, amigo ou conhecido. Pelo fato de o autor do abuso estar
articulado à rede social da família, a criança ou adolescente acaba desenvolvendo
uma relaçã o de confiança, e muitas vezes de admiraçã o, com esta pessoa. O grau
de proximidade do autor do abuso com a família e a criança ou adolescente faz
com que essa forma de abuso seja considerada mista, pois compartilha as
características dos abusos intra e extrafamiliares.

 Abuso sexual extrafamiliar – cometido por agentes cuidadores e


socializadores de criançase adolescentes

Esse tipo de abuso sexual ocorre nos espaços de socializaçã o de crianças e


adolescentes, como escolas, ONGs, igrejas, consultó rios médicos e psicoló gicos.
Também aqui, o autor do abuso é alguém que a criança ou adolescente conhece e
em quem confia: educadores, responsá veis por atividades de lazer, por cursos
extracurriculares e de aprendizagem profissional, como médicos, psicó logos,
psicanalistas e líderes religiosos.

 Abuso sexual extrafamiliar – cometido por desconhecidos

Eventualmente, esse tipo de abuso pode ocorrer em locais pú blicos, fora da

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vigilâ ncia social. Nesse caso, o autor da violência sexual pode ser uma pessoa
totalmente desconhecida da família da criança ou adolescente. Os casos de
estupro em locais pú blicos sã o os principais exemplos.

 Abuso sexual institucional – cometido por detentores de custódia legal


em instituições de cuidados substitutivos da família

Esse tipo de abuso sexual ocorre em instituiçõ es governamentais e nã o


governamentais que detêm a guarda temporá ria da criança ou adolescente em
unidades de abrigo e/ou de aplicaçã o de medidas socioeducativas. Embora seja
uma forma similar à s anteriores, ocorre em espaços sociais institucionais de
guarda de crianças e adolescentes enquanto eles estã o sob as proteçõ es legal e
parental do Estado. Nesse caso, a prá tica sexual entre funcioná rios e internos
aparece muitas vezes nã o como uma atividade de prazer, mas como uma
demonstraçã o do poder instituído, que submete crianças e adolescentes e
reproduz as relaçõ es de poder e dominaçã o existentes na sociedade. ( Fonte: Guia
Escolar de Proteção a Família, pag 64-65 )

AS FORMAS DE OCORRÊNCIA DO ABUSO SEXUAL

 Abuso sexual sem contato físico

Trata-se de prá tica sexual que nã o envolve contato físico e que pode ocorrer de
vá rias formas, descritas a seguir.

- O assédio sexual caracteriza-se por uma proposta de relaçã o sexual e baseia-se,


na maior parte das vezes, na posiçã o de poder do autor da agressã o sobre a
criança ou adolescente, caracterizando-se pelo uso de chantagens e ameaças.

- O abuso sexual verbal caracteriza-se por conversas abertas sobre atividades


sexuais que visam despertar o interesse de crianças e adolescentes ou mesmo
chocá -los (ABRAPIA, 2002).

- O telefonema obsceno também é uma modalidade de abuso sexual verbal,


geralmente protagonizado por adultos, principalmente do sexo masculino,
podendo gerar muita ansiedade em crianças, adolescentes e suas famílias
(ABRAPIA, 2002).

- O ato exibicionista, no qual o autor da agressã o mostra os ó rgã os genitais ou se


masturba na frente de crianças e adolescentes, ou dentro do campo de visã o
deles, é uma experiência que pode ser assustadora (ABRAPIA, 2002).

- O voyeurismo, ou o ato de observar fixamente os gestos ou mesmo os ó rgã os


sexuais de outras pessoas quando elas nã o desejam ser vistas e obter satisfaçã o
com essa prá tica, pode ocorrer em sua forma extremada, que é quando o adulto
induz a criança ou adolescente a se desnudar ou a se masturbar na sua frente. A
experiência pode perturbar e assustar a vítima (ABRAPIA, 2002).

- A pornografia pode ser categorizada como uma forma tanto de abuso quanto de
exploraçã o sexual comercial. Mostrar material pornográ fico a crianças ou
adolescentes é considerado abuso sexual. Contudo, levando-se em consideraçã o

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que, na maioria das vezes, o objetivo da exposiçã o de crianças e adolescentes é a
obtençã o de lucro financeiro, a pornografia deve ser compreendida também
como exploraçã o sexual comercial.

 Abuso sexual com contato físico

Trata-se da prá tica físico-genital que envolve carícias nos ó rgã os genitais,
tentativa de relaçã o sexual, masturbaçã o, sexo oral, penetraçõ es vaginal e anal.
Existe, no entanto, uma compreensã o mais ampla de abuso sexual com contato
físico que inclui contatos “forçados”, como beijos e toques em outras zonas
corporais eró genas. Legalmente, essas prá ticas podem ser tipificadas como crime
sexual contra vulnerá vel, violaçã o sexual com fraude, estupro de vulnerá vel e
estupro de maiores de 14 anos. Abuso sexual sem conjunçã o carnal é uma
modalidade de abuso na qual ocorre a prá tica de atividades sexuais sem a
penetraçã o peniana, tais como:

- toques nas partes íntimas (ó rgã os genitais, glú teos ou seios), ato de encostar
ou pressionar os ó rgã os genitais do perpetrador no corpo da criança ou
adolescente, ou ainda de induzir a criança ou adolescente a tocar nos ó rgã os
sexuais do autor do abuso, nã o importando se por cima ou por baixo da roupa;

- penetraçã o com o(s) dedo(s) ou com objetos. O autor da agressã o introduz o


dedo na vagina ou no â nus da criança ou adolescente ou induz a criança ou
adolescente a introduzir seu(s) dedo(s) ou algum objeto na pró pria vagina ou
â nus;

- sexo oral realizado tanto pelo autor do abuso na criança ou adolescente quanto
o contrá rio. Esta modalidade pode incluir beijos de língua, sucçã o, beijos ou
mordidas nos seios e sucçã o vaginal, peniana ou anal.

Se o abuso sexual for cometido contra uma pessoa menor de 14 anos, o ato pode
ser tipificado como crime sexual contra vulnerá vel, que é definido como o ato de
induzir o menor de 14 anos a satisfazer os desejos sexuais de outra pessoa. Da
mesma forma, é considerado crime praticar ato sexual com penetraçã o, ou
qualquer outra modalidade de atividade sexual, na presença de alguém dessa
faixa etá ria ou induzi-lo a presenciar.

O abuso sexual com conjunçã o carnal ocorre quando uma pessoa força outra a
ter uma relaçã o sexual com penetraçã o vaginal ou anal, ou quando um adulto
força a criança ou adolescente a realizar coito com animais, ou ainda quando
permite que a criança ou adolescente pratique qualquer outra modalidade de
atividade sexual mediante açã o enganosa, ou outro meio violento, ou grave
ameaça que impeça ou dificulte a livre manifestaçã o da vontade da vítima. Tudo
isso corresponde ao crime de estupro, o qual, quando cometido contra menores
de 14 anos de idade, é legalmente denominado estupro de vulnerá vel. Essa
prá tica é criminalizada tanto para homens quanto para mulheres de todas as
idades. (Fonte : Guia Escolar de Proteção a Família, pag 66-68 )

DECLARAÇÃO DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA SOBRE ABUSO


SEXUAL DE MENORES

11
O abuso sexual infantil ocorre quando uma pessoa maior ou mais forte do que
uma criança usa seu poder, autoridade ou posiçã o de confiança para envolvê-la
em atividade ou comportamento sexual. O incesto, uma forma específica de
abuso sexual infantil, é definido como qualquer atividade sexual entre uma
criança e um pai, irmã o, membro da família ou padrasto.

Os abusadores sexuais podem ser homens ou mulheres de qualquer idade,


nacionalidade ou posiçã o só cio econô mica. Geralmente sã o homens casados e
com filhos, têm empregos respeitá veis e podem ser frequentadores regulares de
igreja. É comum o infrator negar seu comportamento abusivo, recusar a ver suas
açõ es como um problema, racionalizar seu comportamento ou pô r a culpa em
alguém ou em algo. É verdade que muitos abusadores têm raízes profundas de
insegurança e baixa autoestima; no entanto, esses problemas nunca deveriam ser
aceitos como desculpa para abusar sexualmente de uma criança. A maioria das
autoridades no assunto concorda que o verdadeiro motivo do abuso sexual
infantil está mais relacionado com o desejo de poder e controle do que com o
sexo.

Quando Deus criou a família humana, Ele começou com a uniã o entre um homem
e uma mulher. Esse relacionamento, baseado no amor e confiança mú tuos, ainda
é designado para prover o fundamento para uma família está vel e feliz, na qual a
dignidade o valor e a integridade de cada membro estejam protegidos e
assegurados. Cada criança, quer menino ou menina, é um presente de Deus. Os
pais têm o privilégio e a responsabilidade de prover educaçã o, proteçã o e
cuidado físico para a criança confiada a eles por Deus. As crianças devem poder
honrar, respeitar e confiar nos seus pais e em outros membros da família sem o
risco de abuso.

A Bíblia condena o abuso sexual infantil com os termos mais fortes. Ela considera
um ato de traiçã o e uma violaçã o total da personalidade qualquer tentativa de
confundir, manchar ou denegrir os limites pessoais, generativos ou sexuais pelo
comportamento sexual abusivo. Condena o abuso de poder, autoridade,
responsabilidade, porque isso tem um impacto nos sentimentos mais profundos
da vítima sobre si pró pria, os outros e Deus, e porque enfraquece sua capacidade
de amar e confiar. Jesus usou uma linguagem forte para condenar as açõ es de
pessoas que, por palavras ou atos, levassem uma criança a tropeçar.

A comunidade cristã adventista nã o está imune ao abuso sexual infantil. Cremos


que os princípios da fé adventista requerem que estejamos ativamente
envolvidos na sua prevençã o. Estamos também comprometidos em ajudar
espiritualmente as pessoas que sofreram ou cometeram abuso sexual e suas
famílias no processo de cura e recuperaçã o. E estamos comprometidos em
assegurar que os obreiros ou líderes voluntá rios sejam responsá veis por manter
um comportamento apropriado a pessoas em posiçã o de liderança e confiança
espiritual.

12
Cremos que, como igreja, temos a responsabilidade de:

1. Manter os princípios de Cristo para as relaçõ es familiares, nas quais o


respeito pró prio, a dignidade e a pureza da criança sã o reconhecidos como
direitos conferidos por Deus.

2. Prover uma atmosfera onde crianças que sofreram abuso sexual


posam sentir-se seguras ao falarem sobre o abuso e sentir que alguém as ouvirá .

3. Estar informados sobre o abuso sexual e seu impacto sobre nossa


pró pria comunidade.

4. Ajudar ministros e líderes leigos a reconhecer os sinais de aviso de


abuso sexual infantil e saber como reagir de maneira apropriada quando
suspeitarem de abuso ou quando uma criança contar que está sofrendo abuso
sexual.

5. Estabelecer pontes com conselheiros profissionais e entidades


protetoras contra a agressã o sexual que possam, com suas habilidades
profissionais, ajudar as vítimas do abuso e seus familiares.

6. Criar diretrizes nos níveis apropriados para ajudar líderes de igreja a:


(1) esforçar-se para tratar com justiça pessoas acusadas de abusar sexualmente
de crianças; e (2) responsabilizar os agressores por suas açõ es e administrar a
disciplina apropriada.

7. Apoiar a educaçã o e o enriquecimento das famílias e seus membros.


Isso pode ser feito por meio dos seguintes passos:

a. Modificando as crenças religiosas e culturais que possam ser


usadas para justificar ou encobrir o abuso sexual infantil.

b. Construindo um senso saudá vel de valor pessoal em cada criança


que a capacite a respeitar a si mesma e a outros.

c. Incentivando relacionamentos cristã o entre homens e mulheres no


lar e na igreja.

8. Desenvolver um ministério redentor de apoio dentro da comunidade


da igreja para as vítimas de abuso e os agressores, ajudando-os a acessar a rede
disponível de recursos profissionais na comunidade.

9. Encorajar o treinamento de mais profissionais na á rea familiar para


facilitar a cura e o processo de recuperaçã o das vítimas de abuso e dos
agressores.

______________ Este documento está baseado em princípios expressos nas seguintes


passagens bíblicas: Gên. 1:26-28; 2:18-25; Lev. 18:20; II Sam. 12:1-22; Mat. 18:6-
9; I Cor. 5:1-5; Efés. 6:1-4; Col. 3:18-21; I Tim. 5:5-8.

13
______________
Esta declaraçã o foi votada em 1 de abril de 1997, durante o Concílio da
Primavera da Comissã o Executiva da Associaçã o Geral realizado em Loma Linda,
Califó rnia.

CONHEÇA ALGUNS MITOS... e REALIDADES


MITOS

14
 As pessoas estranhas representam perigo maior para crianças e adolescentes.
 O pedó filo tem características pró prias que o identificam.
 O autor do abuso sexual é um psicopata, um tarado que todos reconhecem na
rua, um depravado sexual, geralmente mais velho e alcoó latra, homossexual
ou retardado mental.
 A criança mente e inventa que sofre abuso sexual.
 Se uma criança ou adolescente “consente” é porque deve ter gostado. Só
quando diz “nã o” é que fica caracterizado o abuso.
 O abuso sexual, na maioria dos casos, ocorre longe da casa da criança ou
adolescente.
 É fá cil identificar o abuso sexual em razã o das evidências físicas encontradas
na criança ou adolescente.
 O abuso sexual está associado a lesõ es corporais.
 O abuso sexual se limita ao estupro.
 A divulgaçã o de textos sobre pedofilia e fotos de crianças e adolescentes em
posiçõ es sedutoras ou praticando sexo com outras crianças, com adultos e até
com animais nã o tem efeito nocivo, já que nã o há contato e, muitas vezes,
ocorre apenas virtualmente.
 Crianças e adolescentes sexualmente abusados sã o oriundos de famílias de
nível socioeconô mico baixo.
 Crianças e adolescentes só revelam o “segredo” se tiverem sido ameaçados
com violência.
 A maioria dos casos é denunciada.
 A maioria dos pais e professores está informada sobre abuso sexual de
crianças, a frequência em que ocorre e como deve lidar com a situaçã o.
 O abuso sexual é uma situaçã o rara, que nã o merece ser considerada
prioridade por parte dos governos.
 É impossível prevenir o abuso sexual de crianças.

REALIDADE

 As pessoas estranhas respondem por um pequeno percentual dos casos


registrados. Em 85% a 90% das situaçõ es, crianças e adolescentes sã o
sexualmente abusados por pessoas conhecidas, como pais, padrastos,
parentes, vizinhos, amigos da família, babá s, professores ou médicos.
 Do ponto de vista físico, o pedó filo é igual a qualquer outra pessoa.
 Os crimes sexuais sã o praticados por pessoas de todos os níveis
socioeconô micos, religiosos e étnicos. Na maioria das vezes, sã o indivíduos
aparentemente normais e queridos por crianças e adolescentes. A maioria
dos autores de violência sexual é heterossexual e também mantém relaçõ es
sexuais com adultos.
 Raramente a criança mente. Apenas 6% dos casos sã o fictícios e, nestas
situaçõ es, trata-se, em geral, de crianças maiores, que objetivam alguma
vantagem.
 O autor da agressã o sexual tem inteira responsabilidade pela violência sexual,
qualquer que seja a forma por ele assumida.
 O abuso geralmente ocorre dentro ou perto da casa da criança ou do

15
abusador. O abusador costuma procurar locais em que a criança ou
adolescente esteja vulnerá vel. O maior índice de abuso sexual acontece no
período diurno.
 Em apenas 30% dos casos há evidências físicas. As autoridades precisam
conhecer as diversas técnicas de identificaçã o de abuso sexual.
 A violência física nã o é comumente utilizada na prá tica do abuso sexual
contra crianças e adolescentes. Os autores de abuso utilizam-se mais
frequentemente da seduçã o para conquistar a confiança e o afeto deles.
Podem também utilizar ameaças quando a seduçã o deixa de funcionar. Nem
mesmo o ato sexual em si, muitas vezes, provoca lesõ es corporais. Nesses
casos, as maiores consequências sã o as psicoló gicas.
 Além do ato sexual com penetraçã o vaginal ou anal (estupro), outros atos sã o
considerados abuso sexual, como o voyeurismo, a manipulaçã o de ó rgã os
sexuais, a pornografia e o exibicionismo.
 O efeito nocivo é enorme para as crianças fotografadas ou filmadas. O uso
dessas imagens e textos estimula a aceitaçã o do sexo de adultos com crianças,
situaçã o criminosa e inaceitá vel. Sabe-se que, reiteradas vezes, o contato do
pedó filo começa de forma virtual, por meio da Internet, mas logo passa para a
conquista física, podendo levar, inclusive, ao assassinato.
 Níveis de renda familiar e de educaçã o nã o sã o indicadores de abuso.
Famílias das classes média e alta podem ter condiçõ es mais favorá veis para
encobrir o abuso e manter o “muro do silêncio”. As vítimas e os autores do
abuso sã o, variadas vezes, do mesmo grupo étnico e socioeconô mico.
 Crianças e adolescentes só revelam o “segredo” quando confiam e se sentem
apoiados.
 Na realidade, poucos casos sã o denunciados. Quando há envolvimento de
familiares, sã o poucas as chances de que a vítima faça a denú ncia, seja por
motivos afetivos ou por medo – do abusador, de perder os pais, de ser
expulso, de que os outros membros da família nã o acreditem em sua histó ria
ou de causar discó rdia familiar.
 No Brasil, a maioria dos pais e professores desconhece a realidade do abuso
sexual de crianças e adolescentes. Assim, a desinformaçã o os impede de
ajudar a combater e a prevenir esse tipo de crime.
 O abuso sexual é extremamente frequente em todo o mundo. Sua prevençã o
deve ser prioridade até por questõ es econô micas. Segundo estudo realizado
nos Estados Unidos, os gastos com o atendimento de 2 milhõ es de vítimas de
abuso sexual chegaram a US$ 12,4 milhõ es em um ano.
 Há maneiras prá ticas e objetivas de proteger as crianças do abuso sexual,
mostradas nas seçõ es a seguir. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 68-71 )

AS DINÂMICAS E AS CARACTERÍSTICAS DAS SITUAÇÕES


ABUSIVAS

16
A sedução - A situaçã o mais frequente de abuso sexual ocorre por meio de um
processo de “seduçã o”, no qual há troca de afeto e de recompensas materiais. No
entanto, apesar de o autor da agressã o ser uma pessoa do círculo de conhecidos
da criança ou adolescente, em geral, a situaçã o começa de maneira repentina,
sem nenhum tipo de advertência. Quando o abuso se repete, o autor costuma
elaborar estratégias complexas a fim de atrair a criança ou adolescente e de
obter a sua cooperaçã o no sentido de manter o ocorrido sob sigilo (INTEBI,
2008). A repetiçã o das ocorrências pode tomar a forma de rituais cotidianos,
cujas evidências podem passar despercebidas por pessoas que nã o possuem
“olhar treinado”.

O segredo - Os atos de abuso sexual normalmente ocorrem quando o autor da


agressã o e a criança ou adolescente estã o sozinhos, raramente sendo
testemunhados por outras pessoas. Sentindo-se, na melhor das hipó teses,
ambivalente em relaçã o à seduçã o, ou muito desconfortá vel e aterrorizada na
pior delas, a criança ou adolescente, na maioria dos casos, nã o revela a ninguém
a ocorrência. Embora tenha noçã o de que aquele tipo de interaçã o sexual nã o é
“correto”, a vítima tem dificuldade de buscar ajuda por receio de ser
responsabilizada pelo que aconteceu, ou mesmo por responsabilizar os adultos
nã o implicados pela falta de proteçã o (INTEBI, 2008, SUMMIT, 1983).

A desproteção - Ensinadas a desconfiar de estranhos e a confiar e ser


obedientes e carinhosas com aqueles que se encarregam de cuidar delas, as
crianças se sentem desamparadas, sem saber em quem confiar para pedir ajuda,
particularmente quando o abuso sexual é cometido por pessoas do seu círculo de
relaçõ es familiares (INTEBI, 2008; SUMMIT, 1983).

O aprisionamento e a adaptação - Segundo adultos que foram sexualmente


abusados na infâ ncia e conseguiram elaborar essa vivência, a falta de perspectiva
de uma intervençã o que produza efeito imediato sobre a situaçã o, especialmente
quando esta é prolongada, bem como a ambivalência em relaçã o à pró pria
satisfaçã o e o receio de quebrar o sigilo fazem com que a vítima se sinta presa a
uma armadilha, da qual nã o vislumbra saída. Assim, ela acaba sendo levada a
conviver calada com essas ocorrências de abuso (INTEBI, 2008, SUMMIT, 1983).

As implicações conflitantes da revelação - Estudos mostram que os casos de


abuso conhecidos sã o minoria e que a revelaçã o geralmente só ocorre por uma
razã o acidental ou em consequência de um conflito familiar. Em um contexto de
crise familiar entre os cô njuges, ou no caso de adolescentes em processo de
rompimento com a autoridade familiar, as revelaçõ es terminam por ser
desacreditadas ou revertidas contra as pró prias vítimas. Nesse cená rio, a
revelaçã o acaba provocando uma situaçã o caó tica na família e a vítima, mais uma
vez, se sente culpada por gerá -la, o que torna a revelaçã o pouco recompensadora
(INTEBI, 2008, SUMMIT, 1983).

A retratação - Diante das consequências caó ticas da revelaçã o, muitas crianças e


adolescentes tentam amenizar a situaçã o desmentindo a afirmaçã o. A retrataçã o,
contudo, possui um duplo efeito sobre a criança ou adolescente e a situaçã o de
abuso. Do ponto de vista pessoal, uma vez mais, a vítima acaba sofrendo as
consequências de mentir, quando admite que “inventou” o ocorrido. Do ponto de

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vista da responsabilizaçã o do autor da violência sexual, a denú ncia pode nã o
gerar as chamadas “provas materiais ou testemunhais da ocorrência do abuso”, o
que dificulta a quebra do ciclo de impunidade (INTEBI, 2008, SUMMIT, 1983).

Para evitar essas consequências negativas, nã o se deve invalidar a revelaçã o da


criança ou adolescente sexualmente abusado. Lembre-se de que crianças e
adolescentes raramente mentem sobre uma ocorrência de abuso sexual. Ainda
que se reconheça a existência do fenô meno da “falsa memó ria”, existe também a
chamada “memó ria encoberta”, que acontece quando a criança ou adolescente
nã o tem a consciência do que aconteceu. Nesse caso, deve-se criar um ambiente
de apoio e realizar uma intervençã o imediata para obter a confissã o da vítima e a
responsabilizaçã o do autor.

Crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual podem reagir ou vivenciar a


violência sexual de vá rias maneiras. Confira algumas delas:

• algumas vítimas fingem que o fato nã o está acontecendo com elas e tentam ver
o abuso com distanciamento;

• outras entram em estado alterado de consciência, como se estivessem


dormindo, e tendem a achar que o abuso foi um sonho;

• outras ainda dissociam o corpo dos sentimentos, chegando a negar a existência


da parte inferior do corpo. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 79-80 )

SEQUELAS OU EFEITOS A LONGO PRAZO


É importante destacar que, ao ajudar a vítima a enfrentar o abuso sexual de

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forma urgente, porém tranquila, séria, cuidadosa, respeitosa, afetiva e
competente, pode-se evitar que as consequências dessa violência marquem
cruelmente a sua vida no futuro. Analisando, de forma generalizada, as
consequências da violência sexual, pode-se afirmar que os efeitos no curto prazo
sã o aqueles apontados pelos indicadores de violência. Entre os efeitos no longo
prazo, pode-se destacar:

 Sequelas advindas dos problemas físicos gerados pela violência sexual.


Lesõ es, hematomas e DST podem interferir na capacidade reprodutiva. A
gestaçã o pode ser problemá tica, com o surgimento de complicaçõ es
orgâ nicas, cujas causas podem ser psicossociais. Esses problemas sã o capazes
de levar à maior morbidade materna e fetal.
 Dificuldade de ligação afetiva e amorosa.Por causa do profundo
sentimento de desconfiança entre as pessoas em geral, pelo temor de reeditar
a experiência traumá tica ou, ainda, pela dissociaçã o entre sexo e afeto, que
gera sentimentos de baixa autoestima e culpa, bem como pela depressã o
prolongada causada pelo medo da intimidade
 Dificuldades no desenvolvimento de sexualidade saudável.A dificuldade
em estabelecer ligaçõ es afetivas pode estar associada à questã o da
sexualidade, ou interferir nela. As pessoas que sofreram violência sexual
podem evitar todo e qualquer relacionamento sexual por traumas e/ou por
fatores fó bicos que bloqueiam o desejo. Podem, ainda, vivenciar relaçõ es
sexuais de baixa qualidade, com incapacidade de atingir o orgasmo ou muita
dificuldade para atingi-lo e ter problemas de identidade sexual (BROWNE,
FINKELHOR, 1986).
 Tendência a sexualizar demais os relacionamentos sociais.Algumas
pessoas podem ter reaçõ es opostas, por conta de fatores como apresentar
incapacidade de distinguir sexo de afeto, ou fazer confusã o entre amor
parental e manifestaçõ es sexuais e compulsã o sexual, como tentativa de se
sentir amadas e adequadas socialmente. Tudo isso também pode gerar trocas
sucessivas de parceiros
 Estigmatização e menos-valia.Muitas crianças e adolescentes sentem-se
irreparavelmente estigmatizados, sentimento denominado “síndrome da
mercadoria estragada”. Esse sentimento produz a sensaçã o de que sã o seres
de “qualidade inferior”, o que pode gerar dois tipos de conduta: atitude
autodestrutiva (abuso de substâ ncias psicoativas, açõ es de risco,
automutilaçã o, atos suicidas e comportamento desafiante que se auto
infligem como castigo) ou necessidade descontrolada de serem aceitos e de
se impor nos relacionamentos e grupos sociais (BROWNE, FINKELHOR,
1986).
 Complexo de traição.A criança ou adolescente pode adquirir dificuldade
crô nica de confiar nas pessoas por acreditar que pode ser traído a qualquer
momento. Afinal, foi enganado pelas pessoas que deveriam protegê-lo. Esse
complexo pode gerar condutas de evitaçã o do estabelecimento de relaçõ es
afetivas de amizade ou amorosas e causar transtornos de ansiedade
(BROWNE, FINKELHOR, 1986).
 Consumo de substâncias lícitas e ilícitas.Qualquer associaçã o mecâ nica
entre abuso sexual e uso de drogas mais atrapalha a vida das vítimas do que
ajuda. Apesar disso, algumas confessam ter inicialmente usado drogas para

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esquecer a dor e a baixa autoestima, mas admitem que, posteriormente, o
vício ficou incontrolá vel.
 Engajamento em trabalho sexual (prostituição).Muitos profissionais do
sexo sofreram abuso quando crianças. Porém, nã o se deve estabelecer
nenhuma relaçã o mecâ nica entre abuso sexual e prostituiçã o. Milhares de
crianças que foram vítimas de abuso sexual nã o se tornam trabalhadoras do
sexo quando adultas. A conexã o que existe entre um fator e outro, e que a
experiência de abuso deixa bem clara, é que a ú nica coisa – ou a mais
importante – que as outras pessoas querem delas é sexo. Paradoxalmente,
provendo sexo, esses indivíduos encontram certo sentimento de valor, como
uma forma de mediaçã o. Posteriormente, essa atividade transforma-se em
estratégia de sobrevivência. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 80-81 )

VARIAÇÕES NAS CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO


É importante também chamar a atençã o para o fato de que a violência sexual nã o

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produz o mesmo resultado sobre todas as crianças e adolescentes que a
vivenciam. Deve-se considerar que indivíduos ou grupos de indivíduos
respondem aos estímulos do meio de forma singular. Os estudos de Furniss
(1993) e Farinatti, Biazuz e Leite (1993) atestam que as consequências do abuso
sexual sobre crianças e adolescentes podem variar conforme os seguintes
aspectos:

a) a idade de ocorrência do abuso sexual – resultados de pesquisas mostram


que quanto mais tenra a idade, mais difusos serã o os efeitos e, portanto, mais
severos;

b) o gênero e o sexo do autor do abuso sexual – as informaçõ es a esse respeito


sã o controversas, pois dependem da visã o dos envolvidos sobre as diversas
orientaçõ es sexuais. Alguns estudiosos afirmam que os atos do gênero
masculino, independentemente do sexo de suas vítimas, produzem efeitos mais
drá sticos do que os praticados pelo gênero feminino. Outros avaliam que os
abusos cometidos por mulheres podem ser mais difíceis de processar, por serem
mais raros ou mais encobertos, dada a atividade procriadora e cuidadora
assumida por elas. Alguns, ainda, acreditam que os abusos cometidos por
pessoas do mesmo sexo da criança ou adolescente apresentam componentes
culturais de orientaçã o sexual que agregam mais complexidade ao tema do que
quando o autor do abuso é do sexo oposto

c) a duração do abuso sexual – estudos mostram que, quanto mais duradouros


e frequentes forem os episó dios de abuso sexual, mais sérios serã o seus efeitos;

d) grau de violência ou ameaça de violência – quanto maior a força


empregada, ou mais assustadora a ameaça, piores serã o os efeitos do abuso
sexual, em decorrência da anulaçã o da criança ou adolescente enquanto sujeito;

e) o grau de proximidade da vítima em relação à pessoa que cometeu o


abuso sexual – quanto mais pró ximo for o abusador, maiores serã o as con-
sequências, como no caso do incesto entre pai e filha;

f) a presença e a ausência de figuras parentais protetoras ou de outras


pessoas que exerçam o papel de parentesco afetivo com a vítima – relaçõ es
significativas e confiá veis podem ajudar a criança ou adolescente a superar suas
dificuldades mais rapidamente;

g) o grau de sigilo sobre o fato ocorrido – se o abuso for mantido em segredo,


a criança ou adolescente terá mais dificuldade de elaborar o ocorrido. (Fonte: Guia
Escolar de Proteção a Família, 81-82 )

IDENTIFICANDO OS SINAIS DO ABUSO SEXUAL


Crianças e adolescentes “avisam”, de diversas maneiras, que estã o vivenciando

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situaçõ es de maus-tratos e abuso sexual, quase sempre de forma nã o verbal..
Contudo, é importante lembrar que tais evidências sã o compostas nã o somente
por um ú nico sinal, mas por um conjunto de indícios exibidos por crianças e
adolescentes..

Se há desconfiança de que alguma criança esteja passando por situaçã o de


violência sexual, deve conferir se a sua desconfiança procede, ainda que seja
apenas uma suspeita. Em caso de dú vida, deve pedir a opiniã o outras pessoas. É
importante, porém, nunca revelar a identidade da criança ou adolescente,
desse modo preservando sua privacidade.

SINAIS CORPORAIS OU PROVAS MATERIAIS

 Enfermidades psicossomá ticas que se traduzem em uma série de problemas


de saú de sem aparente causa clínica, como dor de cabeça, erupçõ es na pele,
vô mitos e outras dificuldades digestivas, que têm, na realidade, fundos
psicoló gico e emocional.
 DST, incluindo aids, diagnosticadas por intermédio de coceira na á rea genital,
infecçõ es uriná rias, có licas intestinais, odor vaginal, corrimento ou outras
secreçõ es vaginais e penianas.
 Dificuldade de engolir devido à inflamaçã o causada por gonorreia na
garganta (nas amígdalas, mais precisamente) ou reflexo de engasgo
hiperativo e vô mitos (por sexo oral).
 Dor, inchaço, lesã o ou sangramento nas á reas da vagina ou â nus a ponto de
causar dificuldade de caminhar ou sentar.
 Canal da vagina alargado, hímen rompido e pênis ou reto edemaciados
(inchados) ou hiperemiados (congestã o sanguínea).
 Baixo controle do esfíncter, constipaçã o ou incontinência fecal. Sêmen na
boca, nos genitais ou na roupa.Roupas íntimas rasgadas ou manchadas de
sangue.Roupas de cama, tapetes ou carpetes com resquícios de sêmen.
Gravidez precoce ou aborto.
 Ganho ou perda de peso, visando afetar a atratividade para o autor de
violência sexual. Traumatismo físico ou lesõ es corporais por uso de violência
física.
 Sinais comportamentais ou provas imateriais.

COMPORTAMENTO/SENTIMENTO

 Mudanças comportamentais radicais, sú bitas e incompreensíveis, tais como


oscilaçõ es de humor entre os estados de timidez e extroversã o.
 Mal-estar pela sensaçã o de modificaçã o do corpo e confusã o de idade.
 Regressã o a comportamentos infantis, tais como choro excessivo sem causa
aparente, enurese (emissã o involuntá ria de urina) e há bito de chupar os
dedos.
 Medo, ou mesmo pâ nico, de determinada pessoa ou sentimento generalizado
de desagrado quando deixada em algum lugar.
 Medo do escuro ou de lugares fechados.
 Autoconceito negativo, baixo nível de autoestima e excessiva preocupaçã o em
agradar os outros.

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 Tristeza, abatimento profundo ou depressã o crô nica.
 Vergonha excessiva, inclusive de mudar de roupa na frente de outras pessoas.
 Culpa e autoflagelaçã o.
 Ansiedade generalizada, comportamento tenso, sempre em estado de alerta,
e fadiga.
 Excitabilidade aumentada (hipervigilâ ncia ou dificuldade de concentraçã o).
 Fraco controle de impulsos, comportamento autodestrutivo ou suicida.
 Comportamento disruptivo, agressivo, raivoso, principalmente dirigido
contra irmã os e o familiar nã o incestuoso.
 Transtornos dissociativos na forma de personalidade mú ltipla. Repetiçã o
constante do que outras pessoas verbalizam.

SEXUALIDADE

 Curiosidade sexual excessiva; interesse ou conhecimento sú bito e nã o


usual sobre questõ es sexuais.
 Expressã o de afeto sexualizada, ou mesmo certo grau de provocaçã o
eró tica, inapropriados para crianças e adolescentes.
 Desenvolvimento de brincadeiras sexuais persistentes com amigos,
animais e brinquedos. Masturbaçã o compulsiva ou pú blica.
 Relato de avanços sexuais por parentes, responsá veis ou outros adultos,
ou mesmo agressividade sexual a terceiros.
 Representaçõ es e desenhos de ó rgã os genitais com detalhes e
características além da capacidade de sua faixa etá ria. Toque e/ou
manipulaçã o constante dos ó rgã os genitais.
 Introduçã o de objetos no â nus ou na vagina. Ansiedade constante
relacionada a temas sexuais.

HÁBITOS, CUIDADOS CORPORAIS E HIGIÊNICOS

 Abandono, ainda que temporá rio, de comportamento infantil, de laços


afetivos, de antigos há bitos lú dicos, de fantasias.
 Mudança de há bito alimentar, perda de apetite (anorexia) ou excesso de
alimentaçã o (obesidade).
 Padrã o de sono perturbado por pesadelos frequentes, agitaçã o noturna,
gritos, suores provocados pelo terror de adormecer e sofrer abuso.
 Aparência descuidada e suja pela relutâ ncia em trocar de roupa. Há bito
nã o usual de lavar as mã os compulsivamente. Resistência em participar
de atividades físicas.Tiques motores mú ltiplos.
 Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem verbal em
crianças muito pequenas.
 Uso e abuso repentino de substâ ncias como á lcool, drogas lícitas e ilícitas.

FREQUÊNCIA E DESEMPENHO ESCOLAR

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 Assiduidade e pontualidade exageradas. Chegam cedo e saem tarde,
demonstram pouco interesse em voltar para casa apó s a aula, ou até
apresentam resistência a isso.
 Queda injustificada de frequência à escola.
 Dificuldade de concentraçã o e de aprendizagem, resultando em baixo
rendimento escolar.
 Ausência ou pouca participaçã o nas atividades escolares.
 O aparecimento de objetos pessoais, brinquedos, dinheiro e outros bens
que estã o além das possibilidades financeiras da família da criança ou
adolescente podem indicar favorecimento e/ou aliciamento. Se isso
ocorrer com vá rias crianças da mesma sala de aula, ou da mesma série,
pode indicar a açã o de algum pedó filo na regiã o.

RELACIONAMENTO SOCIAL

 Tendência a isolamento social, apresentando poucas relaçõ es com colegas


e companheiros.
 Relacionamento entre crianças e adultos com ares de segredo e exclusã o
dos demais.
 Dificuldade de confiar nas pessoas à sua volta.
 Evitamento de contato físico.
 Frequentes fugas de casa.
 Prá tica repentina de delitos como forma de transgressã o ou de chamar a
atençã o, ainda que inconscientemente.

INDICADORES NA CONDUTA DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS

As famílias incestuosas tendem a ser quietas e a se relacionar com poucas


pessoas. Os pais sã o geralmente autoritá rios e as mã es, submissas.

• O autor do abuso tende a ser extremamente protetor e zeloso com a


criança ou adolescente, bem como a agir de forma possessiva, proibindo
que a vítima tenha contatos sociais normais. Porém, é importante lembrar
que manifestaçõ es de carinho em relaçã o aos filhos sã o importantes para
seu crescimento saudá vel;
• O autor do abuso pode ser sedutor, insinuante, especialmente com
crianças e adolescentes;
• O autor do abuso crê que o contato sexual é uma forma de amor familiar;
• O autor do abuso pode acusar a criança ou adolescente de promiscuidade
ou de seduçã o sexual, ou ainda acreditar que mantém atividade sexual
fora de casa;
• O autor da agressã o comumente sofreu o mesmo tipo de abuso (físico,
sexual, emocional) na infâ ncia. Pode ocorrer o uso de substâ ncias, como
á lcool e outras drogas lícitas ou ilícitas, por parte de membros da família.

É importante lembrar que nem todas as famílias com esse perfil cometem
incesto. Portanto, é preciso tomar cuidado para não tirar conclusões
precipitadas que possam estigmatizar as pessoas. Lembre-se de que as
pessoas que praticam violência sexual contra crianças e adolescentes

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precisam ser responsabilizadas por seus atos, mas também precisam de
ajuda a fim de que não os repitam e aprendam a respeitar crianças e
adolescentes. (Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 88-91)

O QUE FAZER QUANDO HÁ SUSPEITA OU VERDADERIAMENTE HÁ

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VIOLÊNCIA SEXUAL
QUANDO HÁ SUSPEITA

Como previsto em lei, mesmo nos casos de suspeita, a notificaçã o deve ser feita
ao Conselho Tutelar ou à delegacia de polícia. Uma notificaçã o bem
fundamentada pode contribuir para agilizar sua tramitaçã o. Para formulá -la, o
educador deve relatar os comportamentos observados, de acordo com os sinais
de abuso mencionados no Capítulo 5 deste Guia Escolar, bem como os dados
fornecidos pela pró pria criança ou adolescente por meio de revelaçõ es, co-
mentá rios ou situaçõ es.

O educador e/ou a direçã o da escola pode optar entre fazer a abordagem com a
criança ou adolescente ou simplesmente notificar a suspeita de abuso à s
autoridades responsá veis e delegar a elas as tarefas de abordagem e avaliaçã o da
ocorrência ou nã o do abuso.

QUANDO É REAL

É importante explicar à vítima de abuso sexual como você pretende ajudá -la,
para que nã o seja surpreendida com as açõ es dos ó rgã os competentes e nã o se
sinta traída. Permita que ela participe das decisõ es quanto aos pró ximos passos e
esclareça as implicaçõ es de cada um deles, sempre que a faixa etá ria e as
condiçõ es psicoló gicas permitirem.

COMO ABORDAR A CRIANÇA OU ADOLESCENTE E PROTEGER SUA


IDENTIDADE?

A abordagem é essencial para quebrar o “muro do silêncio”. O testemunho da


criança ou adolescente é de fundamental importâ ncia como prova da violaçã o
sexual. Devido ao desconforto, ao medo e à vergonha, muitas vítimas nã o querem
falar sobre o ocorrido.

Para motivar a vítima a falar, é preciso estar preparado. Lembre-se de que o


objetivo da conversa não é avaliar se houve ou não abuso sexual, muito
menos investigar sua ocorrência. A abordagem deve ser feita no sentido de
criar um ambiente favorável para que a criança ou o adolescente adquira
coragem para comunicar a situação de abuso.

Caso nã o se sinta preparado para conduzir a conversa, melhor pedir ajuda à s


organizaçõ es que desenvolvem trabalhos de proteçã o a crianças e adolescentes.

• Procure um ambiente apropriado para ter a conversa, ou seja, um local


tranquilo e seguro. Um detalhe importante: deve-se ouvir a criança ou o
adolescente individualmente. É fundamental respeitar sua privacidade.
• Ouça a criança ou o adolescente atenta e exclusivamente. Não permita
interrupções; caso contrário, há risco de fragmentar todo o processo de
descontração e confiança adquiridas. Se for necessário, converse primeiro
sobre assuntos diversos, mais neutros, e não ofereça nenhum tipo de
“prêmio” pela conversa (“Assim que terminarmos essa parte da conversa lhe

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trago algo para beber”).
• Leve a sério tudo o que ouvir. A violência sexual é um fenô meno que
envolve sentimentos como medo, culpa e vergonha. É importante nã o
criticar a criança ou o adolescente nem duvidar de que esteja falando a
verdade. Por outro lado, a vítima se sentirá encorajada a falar sobre o
assunto caso perceba o interesse do educador pelo seu relato.
• Não utilize expressões como “Faça de conta que...”, “Imagine que...”, ou
outras palavras que possam sugerir fantasias e jogos.
• Comporte-se de maneira calma, pois reaçõ es extremas podem aumentar a
sensaçã o de culpa. Evite palavras que possam deixar crianças e
adolescentes sexualmente abusados nervosos ou na defensiva. Também
evite rodeios que demonstrem insegurança de sua parte.
• Evite que sua ansiedade ou curiosidade o leve a pressionar a criança ou
adolescente para obter informações. Procure não perguntar diretamente
pelos detalhes da violência sofrida, nem fazer a criança ou o adolescente
repetir sua história várias vezes. Isso pode perturbar a criança ou o
adolescente e aumentar sua dificuldade de relatar o fato.
• Faça o mínimo de perguntas possível e nã o conduza o relato da criança ou
o adolescente, pois perguntas sugestivas podem invalidar o testemunho.
Deixe que se expresse com suas pró prias palavras e respeite seu ritmo.
Existem algumas perguntas que devem ser evitadas, tais como as
questõ es fechadas do tipo “sim” e “nã o”, perguntas inquisitó rias e aquelas
que colocam a criança ou o adolescente como sujeito ativo, reforçando seu
sentimento de culpa ou sugerindo como deveria estar se sentindo. Evite
frases como “Sei que isto deve ser muito difícil para você” e nã o peça que
a criança ou adolescente informe com precisã o a(s) ocasiã o(õ es) em que
houve a violência, associando-a(s) a eventos comemorativos, como Natal,
Pá scoa, férias, aniversá rios, entre outros.
• Evite justificativas e explicações muito precisas, pois pode parecer que você
está responsabilizando a criança ou o adolescente se fizer perguntas como:
“O que você sentiu?”, “Você gostava do que a pessoa lhe fazia?”, “Por que não
buscou ajuda antes?”, “Por que não contou para a sua mãe naquela mesma
noite?”, “Por que essa pessoa lhe fazia essas coisas?”, “Você procurava ficar
com ela?”, “Por que você não contou este fato antes?”, “Por que somente
agora está contando?”, “Por que você acha que ele(a) lhe fazia isso?”.
• Se a vítima de abuso sexual de repente, no meio da conversa, se sentir
envergonhada e com medo, o educador deve registrar esses sentimentos,
porém sem fazer outros comentá rios. Uma sugestã o do que dizer: “Fale
apenas o que você sentir vontade”.
• Olhe para a criança ou o adolescente, mas não o tempo todo, e tenha
paciência com as pausas que surgirem durante a conversa. Às vezes, breves
desvios de olhar podem ajudar a criança ou o adolescente sexualmente
abusado a continuar falando. Procure relaxar (usando técnicas de
respiração, por exemplo) antes de prosseguir.
• Evite chamar desnecessariamente a atençã o da criança ou o adolescente
no decorrer da entrevista com relaçã o a seu comportamento utilizando
expressõ es como: “Nã o estou escutando nada do que você está falando.
Olhe para mim e fale”. Em vez disso, diga: “Estou com dificuldades de
ouvir você. Creio que escutaria melhor se você olhasse para mim quando

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fala”. Nã o corrija comportamentos produzidos pelo nervosismo ou por
evasã o, se isso nã o prejudicar a conversa. Caso tenha dificuldade em
ouvir, é melhor pedir para repetir do que tentar adivinhar ou interpretar
o que foi dito, como “Você disse que...”. Lembre-se de que crianças sã o
ensinadas a aceitar as interpretaçõ es dos adultos.
• Evite fazer suposições sobre quem possa ser a pessoa responsável pelo
abuso sexual. Da mesma forma, quando isso for mencionado, evite expressar
qualquer desaprovação, uma vez que a criança ou o adolescente pode
gostar da pessoa e querer protegê-la, apesar da ocorrência do abuso.
• Utilize linguagem simples e clara para que a criança ou o adolescente
entenda o que está sendo dito. Use as mesmas palavras empregadas pela
criança ou pelo adolescente para identificar as diferentes partes do corpo,
pois se a vítima perceber que você está relutando em empregar certas
palavras, também poderá evitar usá -las.
• Confirme com a criança ou o adolescente se você está, de fato,
compreendendo o que lhe está sendo relatando. Jamais desconsidere seus
sentimentos com frases do tipo: “Isso não foi nada”, “Não precisa chorar”,
pois, ao falar sobre o assunto, crianças e adolescentes sexual- mente
abusados revivem sentimentos de dor, raiva, culpa e medo.
• Proteja crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e reitere que nã o
têm responsabilidade pelo que ocorreu. É comum a vítima sentir-se
culpada por tudo o que está acontecendo. Seu relato deve ser levado a
sério, já que é raro uma criança ou um adolescente mentir sobre essas
questõ es. Diga-lhe que, ao contar, agiu corretamente.
• Lembre-se de que crianças ou adolescentes precisam ter coragem e
determinação para contar a um adulto que sofreram ou estão sofrendo
algum tipo de violência. As crianças e adolescentes sexualmente abusados
podem temer ameaças contra si ou contra membros de sua família, ou
ainda de serem levados para longe do lar.
• Evite expressar apoio e solidariedade por meio de contato físico, o que só
deve ocorrer quando a criança ou o adolescente assim o permitir. O
contato físico pode confundir a vítima sobre a natureza da aproximaçã o.
Tomado o devido cuidado para que o gesto nã o seja interpretado como
aproximaçã o sexual, um abraço, ou um afago na cabeça, pode ser
fortalecedor de vínculos, principalmente por transmitir a ideia de
segurança e quebrar a ansiedade.
• Não trate crianças e adolescentes sexualmente abusados como
“coitadinhos”. Eles precisam de carinho, dignidade e respeito.
• Anote tudo o que foi dito, pois as informaçõ es poderã o ser utilizadas em
procedimentos legais posteriores. Também é importante incluir detalhes
do comportamento da criança ou do adolescente ao relembrar o que
aconteceu, pois isso poderá indicar como estava se sentindo. No relató rio,
devem constar declaraçõ es fiéis do que foi dito, nã o cabendo o registro de
sua impressã o pessoal. Por ter cará ter confidencial, essa situaçã o deverá
ser relatada somente à s pessoas que precisam ser informadas para agir e
apoiar a criança ou o adolescente.
• A confiança de crianças e adolescentes sexualmente abusados aumenta o
peso da responsabilidade sobre a pessoa que o ouve, especialmente se
desejam que o abuso seja mantido em segredo. Explique que, se estiver

28
ocorrendo situação de violência, você terá de contar isso a outras pessoas
para que seja possível protegê-los.
• É essencial nã o fazer promessas que nã o possa cumprir, como garantir
guardar segredo antes de saber o que vai ser revelado. Nã o diga coisas
como “Nã o se preocupe, pois tudo ficará bem com você”. Esteja atento à
realidade de seu estudante e à sua pró pria realidade. Como já dissemos,
ao ouvir o relato de violência sexual, ou ao perguntar à criança ou ao
adolescente sobre uma lesã o física, é importante facilitar a conversa. A
vítima de abuso sexual poderá se sentir confusa, deprimida, culpada ou
assustada e vai ficar muito aliviada ao contar a alguém o que está
acontecendo. Assim, você precisa permitir que ela conte a histó ria
livremente.
• Explique à vítima de abuso sexual o que acontecerá em seguida, como você
procederá, sempre ressaltando que ela estará protegida.

ATENÇÃO Proteger a identidade de crianças e adolescentes sexualmente


abusados deve ser um compromisso ético e também profissional. As
informações referentes à vítima só deverão ser compartilhadas com as
pessoas que poderão ajudá-la. MESMO ASSIM, USE CODINOMES E
MANTENHA O NOME REAL DA VÍTIMA RESTRITO AO MENOR NÚMERO
POSSÍVEL DE PESSOAS.
(Fonte: Guia Escolar de Proteção a Família, 98-101 e Woman’s MInistry )

COMO AJUDAR A VÍTIMA DE ABUSO DEPOIS DE OUVIR TODOS AS FATOS

29
Ao lidar com as vítimas de abuso a pessoa que a está acompanhando, precisa usar
de empatia, aceitação, compreensão, sinceridade e genuína compaixão. A vítima
deve sentir que é compreendida e aceita para continuar juntos efetivamente. É
necessário que se tenha alguma familiaridade com as características da síndrome
do abuso, (por isso já colocamos todos os conteúdos anteriores), mas não é
necessário ser um expert para ajudar essas vítimas. Basta ser apenas uma pessoa
amiga com quem elas possam conversar. Neste período ela estará em estado de
confusão. O ajudador deve deixar seus problemas e experiências pessoais fora da
discussão. Se você acha que há uma boa experiência a partilhar, apresente-a à vítima
na terceira pessoa, como se houvesse acontecido a uma outra pessoa. Minimize
qualquer distâ ncia econô mica ou social que haja entre vocês tanto quanto for
possível.

• Tendo ouvido a declaraçã o, nã o faça julgamentos. Leve a sério a informaçã o,


nã o importa o quã o importante ou poderoso seja o agressor.

• Mostre que você se preocupa e ore com a pessoa. Apresente seu caso, peça a
Deus ajuda e sabedoria para que a pessoa possa tomar a decisã o correta.
Creia que Deus irá ouvi-lo e reivindique Suas promessas de defender e salvar
o oprimido. Agradeça a Deus por ouvir e responder.

• Este será um período muito difícil e perigoso para a vítima – portanto, é


importante retirá-la do contato com o agressor. O afastamento como
medida de proteçã o é importante.

• Se nã o puder sair ou enquanto nã o conseguir sair, a vítima deve evitar o


má ximo possível ficar só com o agressor, a qualquer momento. Como
cristã os podemos abrir nossa casa, temos nossos colégios internos que
poderã o ser um refú gio para a vítima. Isso nã o significa desconhecer o
problema, significa aliviá -la da agressã o e do medo de um pró ximo abuso
enquanto se trabalhara com ela no erguimento da sua pessoa e na
compreensã o das consequências das escolhas que fará a partir de agora.

• Durante este período de afastamento é necessá rio que ela seja conduzida à
pessoas ou orgã os competentes que a possam ajudar emocionalmente além
de convencê-la de que, mesmo que esteja bem e fora de casa, é necessá rio
uma intervençã o para com o agressor, pois poderá buscar outra pessoa como
vítima.

• Apresentar o maior nú mero possível de opçõ es de serviços que a


comunidade possui para ajudar as pessoas nesta condiçã o. Eles sã o
profissionais em lidar com estes casos. Busque os serviços de proteçã o
contra a violência doméstica e contra os adolescentes.

• Se realmente a vítima nã o puder sair de casa deve-se fortalecê-la à negar-se


terminantemente a se expor a mais uma vez ao abuso. Dizer a ela que o
agressor, provavelmente, usará de algum tipo de chantagem para convencê-

30
la a ceder, mas que ela deverá permanecer firme diante da ameaça. Ela
precisa ter seu celular em mã os e pronta para ligar no disque 100, ou mesmo
a polícia, caso perceba que algo mais grave possa acontecer.

• Ela estará com medo. Reivindique a paz de Deus, a proteçã o e a libertaçã o do


temor.

• Tenha calma, sempre. O medo pode ser contagioso. A pessoa já tem temores
suficientes. Para ajudar a demonstrar sua confiança e calma, procure
imaginar antes como você lidaria com certas situaçõ es. Seriam um teste para
você.

• Qualquer que seja a decisã o que a vítima tome, permanecer ou sair, dê-lhe
apoio, nã o faça julgamento. Apenas ela compreende plenamente o perigo de
sua situaçã o. Tenha cuidado em manter o cará ter confidencial.

• Estimule a pessoa a aceitar a responsabilidade por suas pró prias decisõ es e


açõ es. Tenha cuidado para nã o impor seus pró prios valores. Nã o demonstre
desapontamento se a vítima escolher voltar para o agressor, negar os fatos.
Respeite a decisã o dela.,

• Deixar vítima, tranquila de que nã o estará sendo desobediente a Deus nem


sendo infiel ou tendo falta de amor ao quebrar o silêncio. Ela deve saber que
pedir ajuda, é tomar uma atitude contra a agressã o, e nã o contra a pessoa e
que isto nã o significa destruir a família.

• Um princípio tem sido desconsiderado: “filhos, sede obedientes a vossos pais


no Senhor, porque isto é justo” (Efésios 6:1). Os filhos devem obedecer aos
pais ou outros adultos dentro dos parâmetros da vontade de Deus. O abuso
sexual ou outros tipos de violência nã o estã o dentro da vontade de Deus.

• A vítima precisa compreender que, como cristã os, continuar com esta rotina
de abuso, significa aceitar o pecado e viver com ele. Se nã o colocar um fim
nesta situaçã o, o agressor está colocando em risco a vida eterna. Esta é uma
oportunidade de arrependimento, de mudança de vida. Assim como foi com
os escravos israelitas, se estamos sendo controlados e sofrendo abuso de
alguém, poderemos ser incapazes de prestar serviço voluntá rio de amor a
Deus. Empenhar-se e buscar essa liberdade é o desejo que Deus coloca em
nosso coraçã o. Pois “onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade” (II
Coríntios 3:17). Quando os escravos israelitas clamaram a Deus,
reconhecendo-Lhe Seu senhorio sobre suas questõ es de escravidã o, Deus os
ouviu e os libertou. Deixar claro que, quando as leis civis de um país que dá
apoio e proteçã o ao seu povo está alinhado com a lei de Deus, envolvendo a
polícia, os juizados, intervençõ es e organismos governamentais, NÃ O É
CONTRÁ RIA À VONTADE DE DEUS QUE OS AGRESSORES SOFRAM AS
PENALIDADES DA LEI CASO SE RECUSEM OUVIR E PÔ R UM FIM AO ABUSO.
Ninguém deve cometer o abuso e crime, e entã o ir para uma igreja e dizer que
pertence à quela religiã o. Deus disse a Seus profetas para nem mesmo orar
por tais pessoas (Jeremias 7:1-16). Se alguém pratica abuso contra o cô njuge

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ou filhos isso é crime e pecado. Se nã o puder sair ou enquanto nã o conseguir
sair, a vítima deve evitar o má ximo possível ficar só com o agressor, a
qualquer momento. Como cristã os podemos abrir nossa casa, temos nossos
colégios internos que poderã o ser um refú gio para a vítima. Isso nã o significa
desconhecer o problema, significa aliviá -la da agressã o e do medo de um
pró ximo abuso enquanto se trabalhara com ela no erguimento da sua pessoa
e na compreensã o das consequências das escolhas que fará a partir de agora.

QUEM QUEBRA O SILENCIO É A VÍTIMA NÃO O AJUDADOR OU MEDIADOR. As


vezes bem intencionados e motivados pelo sofrimento desejando que a pessoa
tenha uma vida melhor, o ouvinte do problema toma a iniciativa de denunciar.
No entanto, quando isso não é feito conscientemente pela vítima, a questão
não se resolverá para ela emocionalmente nem fisicamente. É comum quando
a decisão da denúncia parte de um terceiro, que na hora da confirmação pela
vítima, ela negue o fato por medo ou por qualquer outro fator. Isso faz o
trabalho realizado recuar e as vezes até não valer nada. É necessário que
durante o acompanhamento, o apoio e o fortalecimento do valor dela como
pessoa se estabeleça para que a indignação com a situação nasça no seu
próprio coração e ela entenda e decida o momento de quebrar o silêncio. O
mediador, o que acompanha, o “ouvidor”, como a terceira pessoa, podem
realizar a denúncia sem a autorização da vítima, quando perceber que há risco
de morte.

(Ministério da Mulher DSA e USB)

EM BUSCA DE RESPOSTAS PARA QUESTÕES ESPIRITUAIS

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CONFRONTADAS PELAS FAMÍLIAS VÍTIMAS DE ABUSO E
VIOLÊNCIA

Os cristã os, vítimas de abuso e violência, sã o confrontados com uma miríade de


questõ es relacionadas com suas crenças espirituais. Onde estava Deus quando
meu marido espancou-me quase à morte? Por que Ele nã o o deteve? Onde estava
Deus que deixou que isso acontecesse comigo? O que eu fiz para merecer isso? É
essa a vontade de Deus para a minha vida? Ele está me punindo por algum
motivo? É essa a forma que Ele escolheu para me tornar a pessoa que Ele deseja
que eu seja? Que tipo de Deus pode permitir que meus filhos inocentes sofram? O
que é esperado de mim quanto ao mandamento para perdoar? Como posso
separar-me quando meu marido nã o foi “infiel” comigo? Por que Deus nã o ouve
minhas oraçõ es?

Essas perguntas devem ser respondidas porque, para as vítimas que crêem em
Deus, elas sã o as primeiras preocupaçõ es. Essas perguntas representam as
tentativas das vítimas de buscarem sentido em sua experiência de sofrimento e
coloca-as no contexto geral que lhes dá sentido à sua vida. Encontrar as
respostas é uma forma de as pessoas retomarem algum controle de sua vida em
meio da crise. Se essas perguntas permanecem sem respostas, em algum
momento irã o se tornar barreiras que impedirã o que a pessoa resolva a crise e
prossiga com sua vida.

Pode também ser possível que a má compreensã o dos ensinamentos e princípios


bíblicos a respeito dessas questõ es possa indevidamente dar licença ao agressor
e/ou deixar a vítima vulnerá vel à crença de que nã o há nada que ela possa fazer a
nã o ser aceitar tudo o que é feito contra ela e seus filhos porque como boa cristã
Deus deseja que ela “dê a outra face”, mantenha sua família unida a todo custo,
assuma a responsabilidade pelo bem-estar espiritual do agressor, etc. A clara
compreensã o dos ensinamentos e princípios bíblicos relacionados com essas
questõ es será um fator importante na prevençã o do abuso e da violência no
círculo familiar.

Dentre a rede de indivíduos e de serviços necessá rios para auxiliar as famílias


vitimadas pelo abuso e a violência, a Igreja está melhor equipada para ajudar
seus membros a compreenderem essas questõ es no seu contexto e a responder
de forma a dar apoio e propiciar cura a essas famílias respondendo reocupaçõ es
e perguntas comuns referentes a questõ es como as que seguem:

 Valor da pessoa
 Amor incondicional
 Relacionamento matrimonial
 Divó rcio/novas nú pcias
 Relacionamento pais-filhos
 Arrependimento
 Perdã o
 Reconciliaçã o
 Conceito de Ellen White a respeito do “círculo sagrado”.

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(Ministério da Mulher DSA)

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