Estudo de Impacte Ambiental
Estudo de Impacte Ambiental
Estudo de Impacte Ambiental
i
Estudo de Impacte Ambiental do Sistema de Teleféricos e
Parque Aventura do Curral das Freiras - Madeira
Relatório Técnico
Instituto das Florestas e Conservação da Natureza
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
6.2.1 Clima..................................................................................................................................... 86
8.10 IMPACTES NOS SISTEMAS ECOLÓGICOS - FLORA, VEGETAÇÃO E HABITATS ............. 309
10
Índice de Figuras
Figura 1.1 – Enquadramento Administrativo ........................................................................................................... 3
Figura 4.5 – Sistema de Teleféricos – cabine com capacidade para 15 passageiros ................................ 39
Figura 4.9 – Sistema de Teleféricos – cabine com capacidade para 50 passageiros ................................ 43
Figura 4.10 – Cabos portadores, cabo trator e cavalete com boia sinalizadora ........................................ 43
11
Figura 5.1 – Plano Regional de Ordenamento Florestal da Região Autónoma da Madeira .................... 75
Figura 6.1 – Variação dos valores mensais da temperatura mínima, média e máxima na Estação do
Funchal (Período de 1971-2000). .......................................................................................................................... 89
Figura 6.2 – Insolação média mensal para a estação do Funchal (Período de 1971-2000). ................... 89
Figura 6.3 – Humidade relativa média do ar mensal às 9:00h (%) na estação do Funchal (Período de
1971-2000) ................................................................................................................................................................ 90
Figura 6.4 – Gráfico com o número de dias médio com céu limpo e céu encoberto na estação
climatológica do Funchal (Período de 1971-2000) ............................................................................................ 91
Figura 6.5 – Gráfico com o número de dias médio com ocorrência de trovoada estação climatológica
do Funchal (Período de 1971 – 2000). ................................................................................................................. 92
Figura 6.6 – Gráfico com a velocidade média do vento mensal na estação climatológica do Funchal
(Período de 1971-2000) .......................................................................................................................................... 92
12
Figura 6.7 – Gráfico com a evaporação média mensal (com mediação através de evaporímetro de
Piche; observação das 09 às 09h UTC) na estação climatológica do Funchal (Período de 1971-2000) 93
Figura 6.8 – Precipitação média mensal da estação climatológica do Funchal (Período de 1971-2000)
........................................................................................................................................................................................ 94
Figura 6.9 – Projeção das emissões de GEE até 2100 e identificação dos diferentes RCP ....................... 98
Figura 6.10 – Resumo das principais alterações climáticas projetadas para o Município do Funchal até
ao final do século ..................................................................................................................................................... 103
Figura 6.12 – Extrato da Carta de Suscetibilidade aos Movimentos de Massa do Concelho de Câmara
de Lobos .................................................................................................................................................................... 110
Figura 6.13 – Zonamento sísmico do Arquipélago da Madeira segundo a NP EN 1998-1, 2010, ...... 112
Figura 6.14 – Modelo hidrológico conceptual da Ilha da Madeira (Prada et al. 2005) ........................ 115
Figura 6.18 – Bacia hidrográfica da linha de água com maior representatividade na área de estudo.
..................................................................................................................................................................................... 122
Figura 6.24 – IQar com o resumo do ano de 2020 – Madeira / Porto Santo .......................................... 175
13
Figura 6.25 – IQar com o resumo do ano de 2020 – Funchal ....................................................................... 176
Figura 6.27 – Receção de resíduos para tratamento e tipo de destino ....................................................... 184
Figura 6.28 – Resíduos enviados para reciclagem ou outras formas de valorização ............................... 185
Figura 6.31 – Extrato do mapa de ruído do município de Câmara de Lobos – indicador Lden (2015) com
sobreposição da área do projeto e do local de medição de ruído utilizado na avaliação acústica
realizada no âmbito do presente EIA. ................................................................................................................. 200
Figura 6.32 – Extrato do mapa de ruído do município de Câmara de Lobos – indicador Ln (2015) com
sobreposição da área do projeto e do local de medição de ruído utilizado na avaliação acústica
realizada no âmbito do presente EIA. ................................................................................................................. 200
Figura 6.33 – Índice de envelhecimento, por freguesia e concelho, em 2011 ............................................ 219
Figura 6.34 – Saldo natural e Saldo migratório para o concelho de Câmara de Lobos (2011-2020) 221
Figura 6.35 – Saldo natural e Saldo migratório para o concelho de Funchal (2011-2020)................... 222
Figura 6.36 – Previsões relativas à situação Nacional e regional e evolução anual da taxa de
desemprego relativa ao 2º trimestre e anos de 2020 e 2021 ...................................................................... 225
Figura 6.40 – Estabelecimentos de Turismo Rural na proximidade da área de estudo ........................... 234
Figura 6.41 – Identificação do aglomerado e localidades dentro da área de estudo ............................ 240
14
Figura 6.42 – Mortalidade proporcional por grandes grupos de causas de morte em 2018, para todas
as idades e ambos os sexos .................................................................................................................................. 247
Figura 6.46 – Imagem tridimensional das vertentes com indicação da área de intervenção (Fonte:
Google Earth Pro) .................................................................................................................................................... 256
Figura 8.1 – Mapa de ruído nível sonoro contínuo equivalente, LAeq do ruído Particular ...................... 363
Figura 8.2 – Bacia Visual da Estação do Curral das Freiras .......................................................................... 416
Índice de Quadros
Quadro 1.1 Equipa responsável pela realização do EIA .................................................................................... 4
Quadro 6.2 Subida prevista da temperatura média global do ar à superfície para meados e finais do
século XXI em relação ao período de referência de 1986-2005 ................................................................ 100
15
Quadro 6.3 Média das anomalias de temperatura média anual (ºC) quanto ao período de referência
(2040-2100) para o município do Funchal, de acordo com os RCP 4.5 e RCP 8.5 até finais do Século
XXI ............................................................................................................................................................................... 100
Quadro 6.4 Média das anomalias de temperatura máxima anual (ºC) quanto ao período de referência
(2040-2100) para o município do Funchal, de acordo com os RCP 4.5 e RCP 8.5 até finais do Século
XXI ............................................................................................................................................................................... 101
Quadro 6.5 Anomalias de redução de precipitação média anual (%) para o município do Funchal, de
acordo com os RCP 4.5 e RCP 8.5 até finais do Século XXI ........................................................................... 101
Quadro 6.6 Características das massas de água dentro das quais se desenvolve o Projeto ................. 118
Quadro 6.7 Escoamento médio anual gerado em ano seco, médio e húmido na vertente sul da ilha da
Madeira ..................................................................................................................................................................... 121
Quadro 6.8 Volume de escoamento estimado na bacia hidrográfica das linhas de água mais
representativas da área de estudo ...................................................................................................................... 122
Quadro 6.9 Representatividade das unidades de vegetação identificadas na área de estudo ........... 139
Quadro 6.10 Áreas e representatividades dos habitats identificados na área de estudo ..................... 142
Quadro 6.11 Elenco geral das espécies dos grupos faunísticos considerados na inventariação para a
área de estudo. ........................................................................................................................................................ 152
Quadro 6.12 Espécie de anfíbios potenciais e observadas na área de estudo, estatuto de conservação
e tipo de ocorrência................................................................................................................................................. 153
Quadro 6.13 Espécies de répteis potenciais e observadas na área de estudo, estatuto de conservação
e tipo de ocorrência................................................................................................................................................. 154
Quadro 6.14 Espécies de aves potenciais e observadas na área de estudo, estatuto de conservação,
fenologia e tipo de ocorrência .............................................................................................................................. 156
16
Quadro 6.16 Valores limite e limiares de alerta, estabelecidos pelo DL n.º 102/2010, de 23 de
setembro (republicado pelo DL n.º 47/2017 de 10 de maio)....................................................................... 166
Quadro 6.17 Emissões nos concelhos de Câmara dos Lobos e Funchal e no território Nacional, excluindo
fontes naturais .......................................................................................................................................................... 169
Quadro 6.25 Indicadores de ruído Lden e Ln determinados juntos dos recetores sensíveis........................ 198
Quadro 6.26 Comparação entre os indicadores de ruído Lden e Ln determinados juntos dos recetores
sensíveis avaliados e o verificado nos mapas de ruído. .................................................................................. 199
Quadro 6.28 População residente, nos anos de 2011 e 2021, por sexo, assim como, a respetiva taxa
de variação e densidade populacional .............................................................................................................. 218
Quadro 6.29 Estrutura etária da população residente segundo os grandes grupos etários e taxa de
variação 2001-2011 .............................................................................................................................................. 220
Quadro 6.31 População economicamente ativa em 2011 e taxa de desemprego ................................. 223
Quadro 6.32 Desemprego registado segundo o tempo de inscrição e a situação face à procura de
emprego (fim de 2020) .......................................................................................................................................... 223
17
Quadro 6.33 Desemprego registado segundo o tempo de inscrição e a situação face à procura de
emprego (setembro de 2021) ............................................................................................................................... 224
Quadro 6.35 População residente empregada, por setores de atividade económica em 2011 .......... 227
Quadro 6.36 Empresas por município da sede, segundo a CAE Rev. 3, 2018........................................... 228
Quadro 6.37 Valor acrescentado bruto e emprego total por NUTS II e atividade económica, 2018 .. 231
Quadro 6.38 Hóspedes, dormidas e proveitos de aposento nos estabelecimentos de alojamento turístico
por município, 2019 ................................................................................................................................................. 236
Quadro 6.39 Estabelecimentos e capacidade de alojamento por município, em 31.7.2019 ................. 237
Quadro 6.40 Indicadores relativos à situação sociodemográfica da RAM e Portugal ............................. 245
Quadro 6.42 Proporção de inscritos (%) por diagnóstico ativo, dezembro 2018 – ordem decrescente
(Morbilidade - registo nos Cuidados de Saúde Primários).............................................................................. 247
Quadro 6.43 Indicadores do Inquérito Nacional de Saúde, segundo a Tipologia de áreas urbanas, por
NUTS II, 2019 ............................................................................................................................................................ 248
Quadro 6.44 Classes de QVP presentes na área de estudo da paisagem ................................................ 264
Quadro 6.45 Classes de Capacidade de Absorção Visual presentes na área de estudo da paisagem
..................................................................................................................................................................................... 265
Quadro 6.46 Sensibilidade Visual da Paisagem (SVP) – Matriz de Ponderação ..................................... 267
Quadro 6.47 Classes de SVP presentes na área de estudo da paisagem ................................................. 267
Quadro 8.2 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
Teleférico na componente das Alterações Climáticas – Fase de Construção............................................... 280
18
Quadro 8.3 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
Teleférico na componente das Alterações Climáticas – Fase de Exploração ............................................. 282
Quadro 8.4 Identificação e avaliação dos impactes resultantes das Alterações Climáticas no Projeto do
teleférico – Fase de Exploração ........................................................................................................................... 284
Quadro 8.5 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Geologia e Geomorfologia.
..................................................................................................................................................................................... 285
Quadro 8.6 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
Teleférico na componente Geologia e Geomorfologia – Fase de Construção........................................... 289
Quadro 8.7 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Geologia e Geomorfologia
..................................................................................................................................................................................... 290
Quadro 8.8 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
Teleférico na componente Hidrogeologia – Fase de Construção .................................................................. 292
Quadro 8.9 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Recursos Hídricos Superficiais
..................................................................................................................................................................................... 293
Quadro 8.10 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Sistema de
Teleféricos e Parque Aventura em Curral das Freiras na componente Recursos Hídricos Superficiais –
Fase de Construção e Exploração ........................................................................................................................ 298
Quadro 8.11 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Solos .................................... 301
Quadro 8.12 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
Teleférico na componente Solos – Fase de Construção ................................................................................... 303
Quadro 8.13 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Ocupação do Solo ........... 305
Quadro 8.14 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na
componente Ocupação do solo - Fase de Construção ..................................................................................... 307
Quadro 8.15 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Flora e Vegetação ........... 310
Quadro 8.16 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na
componente Flora, Vegetação e Habitats - Fase de Construção ................................................................. 313
19
Quadro 8.17 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na
componente Flora e Vegetação - Fase de Exploração .................................................................................... 316
Quadro 8.18 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Fauna................................... 318
Quadro 8.19 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
Teleférico na componente Fauna – Fase de Construção .................................................................................. 321
Quadro 8.20 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
Teleférico na componente Fauna – Fase de Exploração ................................................................................. 327
Quadro 8.21 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Qualidade do ar .............. 329
Quadro 8.22 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto dos
teleféricos e restaurante na componente Qualidade do ar – Fase de Construção .................................... 332
Quadro 8.23 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
teleférico e restaurante na componente Qualidade do ar – Fase de Exploração .................................... 335
Quadro 8.24 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Qualidade do ar .............. 336
Quadro 8.25 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da
Zip Line na componente Qualidade do ar – Fase de Construção .................................................................. 338
Quadro 8.26 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto da
Zip Line na componente Qualidade do ar – Fase de Exploração ................................................................. 340
Quadro 8.27 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Qualidade do ar .............. 341
Quadro 8.28 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da
Zip Line na componente Qualidade do ar – Fase de Construção .................................................................. 343
Quadro 8.29 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto da
Zip Line na componente Qualidade do ar – Fase de Exploração ................................................................. 345
Quadro 8.30 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Gestão de Resíduos.......... 346
20
Quadro 8.32 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na
componente Gestão de Resíduos – Fase de Construção.................................................................................. 351
Quadro 8.33 Estimativa da tipologia de resíduos a ser produzidos com a exploração ......................... 355
Quadro 8.34 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na
componente Gestão de Resíduos – Fase de Exploração ................................................................................. 356
Quadro 8.35 Níveis sonoros previstos, no local de avaliação da situação atual, para a fase de
construção do projeto.............................................................................................................................................. 359
Quadro 8.36 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações associadas à
construção junto dos recetores sensíveis caracterizados pelo local de medição – Fase de Construção 360
Quadro 8.37 Características técnicas e respetiva potência sonora do Sistema de Teleféricos e do Zip
Line. ............................................................................................................................................................................. 361
Quadro 8.38 Níveis sonoros e indicadores de ruído previstos para a fase de exploração junto dos
recetores sensíveis. ................................................................................................................................................... 362
Quadro 8.39 Indicadores de ruído previstos para a fase de exploração e avaliação do critério de
exposição. ................................................................................................................................................................. 362
Quadro 8.40 Avaliação do critério de incomodidade para a fase de exploração junto dos recetores
sensíveis. ..................................................................................................................................................................... 364
Quadro 8.41 Identificação e avaliação dos impactes ambientais nos recetores sensíveis caracterizados
pelo local de medição – Fase de Exploração ................................................................................................... 365
Quadro 8.42 Parâmetros qualitativos e quantitativos para aferição do valor patrimonial .................. 367
Quadro 8.43 Valor patrimonial das ocorrências inventariadas na área de estudo. ................................ 368
Quadro 8.44 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Património .......................... 369
21
Quadro 8.46 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na
componente Património – Fase de Construção ................................................................................................... 372
Quadro 8.47 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na
componente património – Fase de Exploração .................................................................................................. 375
Quadro 8.48 Ações consideradas na análise dos impactes na componente socioeconomia.................... 376
Quadro 8.49 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto do
Teleféricos e restaurante na componente socioeconomia – Fase de Construção ........................................ 379
Quadro 8.50 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto do
Teleféricos e restaurante na componente socioeconomia – Fase de exploração ....................................... 383
Quadro 8.51 Ações consideradas na análise dos impactes na componente socioeconomia.................... 385
Quadro 8.52 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da
Zip Line na componente socioeconomia – Fase de Construção ....................................................................... 388
Quadro 8.53 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da
Zip Line na componente socioeconomia – Fase de exploração ...................................................................... 391
Quadro 8.54 Ações consideradas na análise dos impactes na componente socioeconomia.................... 392
Quadro 8.55 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto do
Parque Aventura na componente socioeconomia – Fase de Construção ...................................................... 395
Quadro 8.56 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da
Zip Line na componente socioeconomia – Fase de exploração ...................................................................... 398
Quadro 8.57 Ações consideradas na análise dos impactes na componente saúde humana ................... 399
Quadro 8.58 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto na
componente saúde humana – Fase de Construção ............................................................................................ 402
Quadro 8.59 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto na
componente saúde humana – Fase de Exploração ........................................................................................... 407
Quadro 8.60 Ações consideradas na análise dos impactes na componente Paisagem ............................ 411
22
Quadro 8.62 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
Teleférico na componente Paisagem – Fase de Construção ........................................................................... 414
Quadro 8.63 Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do
Teleférico na componente Paisagem – Fase de Exploração .......................................................................... 425
Quadro 9.1 Perigos para as fases de construção e exploração, podendo cada um deles ser imputados
a causas externas ou internas ao Projeto ........................................................................................................... 430
Quadro 9.4 Nível de Ação, em função da classificação dos riscos ambientais .......................................... 432
23
24
PCB – Policlorobifenilos
25
26
1 INTRODUÇÃO
O presente documento constitui o Relatório Técnico do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do “Sistema de
Teleférico e Parque Aventura no Curral das Freiras”, projeto a desenvolver na Região Autónoma da
Madeira (RAM). Este projeto será localizado na zona do Curral das Freiras, concelho de Câmara de
Lobos, na região centro da ilha da Madeira. O Projeto ficará, também, localizado no interior do Parque
Natural da Madeira e abrangerá, pontualmente, o Zona Especial de Conservação (ZEC) do Maciço
Montanhoso Central da Ilha da Madeira e zona de proteção especial (ZPE do Maciço Montanhoso
Oriental (PTZPE0041).
O projeto será constituído por dois teleféricos, uma Zip Line e um parque aventura, com estações no Curral
das Freiras, no Paredão e na Boca da Corrida.
A estação de Curral das Freiras será localizada no centro da vila, junto à estrada Cónego Camacho. O
acesso a partir do Funchal é efetuado pela Estrada Regional 107 (ER107) e Via Expresso 6 (VE6) através
do túnel do Curral das Freiras, percorrido em cerca de 30 minutos.
A estação do Paredão ficará localizada no Montado do Paredão, junto à linha divisória entre os concelhos
de Câmara de Lobos e do Funchal. O acesso a partir do Funchal é realizado através da ER107 até à
entrada do túnel do Curral das Freiras, seguindo à esquerda pela estrada da Eira do Serrado e Caminho
Florestal das Serras de Santo António, num trajeto ingreme e sinuoso, percorrido em cerca de 30 minutos.
O trajeto alternativo a partir do Funchal será a ER103, com um tempo de viagem de cerca de 1 hora.
A estação da Boca da Corrida ficará localizada no Miradouro da Boca da Corrida, junto ao Posto
Florestal, freguesia do Jardim da Serra, no concelho de Câmara de Lobos, com acesso a partir do Funchal
através da Via Rápida 1 (VR1), Via Rápida 2 (VR2) e estrada da Corrida, com um tempo de viagem de
cerca de 30 minutos.
Este projeto suporta-se na análise do número de visitantes (período pré-pandémico) na zona da Eira do
Serrado/Curral das Freiras, na apetência atual dos turistas pelo contacto com a natureza e atividades
contemplativas, bem como a cada vez maior procura por atividades radicais.
O projeto constitui, também, uma opção política assente na necessidade de desenvolvimento do interior
da Ilha. Será um fator de crescimento económico da zona, muito particularmente da população do Curral
das Freiras onde atualmente os turistas são em número residual. A grande maioria das visitas limitam-se
à Eira do Serrado para observação do Curral das Freiras e da paisagem montanhosa circundante.
Espera-se que com um meio fácil e seguro de atingir um ponto de observação ainda mais vantajoso que
a Eira do Serrado (Montado do Paredão), se possa incrementar o já elevado número de visitantes naquela
vertente.
O regime jurídico da Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) dos projetos públicos e privados, suscetíveis
de produzirem efeitos significativos sobre o ambiente é estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 151-B/2013,
de 31 de outubro, na sua atual redação (republicado no Anexo II do Decreto-Lei 152-B/2017, de 11 de
dezembro). Tomando por referência os limites definidos na alínea a) do n.º 12 do Anexo II para o “Áreas
Sensíveis”: AIA obrigatória para projetos “Pistas de esqui, elevadores de esqui e teleféricos e
infraestruturas de apoio, com comprimento superior a 500 m ou capacidade maior do que 1 800
passageiros por hora”, conclui-se que o projeto em causa está sujeito a AIA, uma vez que qualquer um
dos teleféricos em causa ultrapassa o comprimento consignado: o Sistema de Teleférico Curral das Freiras
– Miradouro do Paredão (para 15 passageiros) terá um comprimento horizontal de 1 063.7 m e o Sistema
de Teleférico Miradouro do Paredão – Miradouro da Boca da Corrida (para 50 passageiros) terá um
comprimento horizontal de 3 015.0 m.
O Proponente deste Projeto é o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza IP-RAM (IFCN, IP-
RAM), da Secretaria Regional de Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas.
¨ Email: [email protected]
Enquadramento Administrativo
São Roque do Faial
Paredão
Ribeira Brava
Santo António
Campanário Funchal
Boca da Corrida Jardim da Serra
3621000
Freguesias
Concelhos
3620000
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
3619000
0 500 1000
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folha5, esc. 1:25 000 m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
O presente EIA foi desenvolvido pelas empresas TecAmbiente, Lda. e Matos, Fonseca & Associados,
Estudos e Projetos Lda. (MF&A), estando a equipa responsável pela sua realização identificada no
Quadro 1.1.
Quadro 1.1
Equipa responsável pela realização do EIA
Função Nome Formação Académica
Nuno
Ferreira Licenciado em Biologia. Mestre em Gestão de Recursos Naturais
Matos
Licenciada em Engenharia do Ambiente, com uma pós-graduação em Gestão
Coordenação Geral Margarida
Integrada de Sistemas – Ambiente, Segurança e Qualidade e Mestre em
Fonseca
Engenharia do Ambiente – Gestão e Sistemas Ambientais
António
Doutorado em Biologia. Título de Especialista em Ambiente pela Ordem dos
Domingos
Biólogos
Abreu
Alexandra Licenciada em Engenharia do Ambiente. Mestre em Engenharia do Ambiente –
Apoio à Coordenação
Amaral Perfil de Sistemas Ambientais
Miguel
Gamboa da Licenciado em Geografia
Geologia, Geomorfologia, Silva
Tectónica e Hidrogeologia
Débora Licenciada em Engenharia do Ambiente. Mestre em Engenharia do Ambiente –
Rodrigues Perfil de Sistemas Ambientais
Catarina
Licenciada em Biologia. Mestre em Gestão Conservação de Recursos Naturais
Mouta
Nuno
Ferreira Licenciado em Biologia. Mestre em Gestão de Recursos Naturais
Ordenamento do território Matos
e condicionantes
Alexandra Licenciada em Engenharia do Ambiente. Mestre em Engenharia do Ambiente –
Amaral Perfil de Sistemas Ambientais
Este estudo foi realizado entre os meses de setembro de 2021 e dezembro de 2021.
O regime jurídico da Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) dos projetos públicos e privados, suscetíveis
de produzirem efeitos significativos sobre o ambiente, é estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 151-B/2013,
de 31 de outubro, na sua atual redação (republicado no Anexo II do Decreto-Lei 152-B/2017, de 11 de
dezembro).
Como referido anteriormente, de acordo com o Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, na sua
atual redação (republicado no Anexo II do Decreto-Lei 152-B/2017, de 11 de dezembro), alínea a) do
n.º 12 do Anexo II para “Áreas Sensíveis”, o Projeto enquadra-se em AIA uma vez que qualquer um dos
teleféricos em causa ultrapassa o comprimento consignado: o Sistema de Teleférico Curral das Freiras –
Miradouro do Paredão (para 15 passageiros) terá um comprimento horizontal de 1 063.7 m e o Sistema
de Teleférico Miradouro do Paredão – Miradouro da Boca da Corrida (para 50 passageiros) terá um
comprimento horizontal de 3 015.0 m, sendo o limiar estabelecido para teleféricos e infraestruturas de
apoio, os 500 m. Realça-se que todo o Projeto estará integrado na área protegida do Parque Natural
6
2.1 METODOLOGIA
A metodologia geral adotada para a realização do EIA decorreu de acordo com as etapas de
desenvolvimento seguintes:
§ Análise da bibliografia temática disponível e síntese dos aspetos mais relevantes com
interesse para a avaliação dos impactes sobre o ambiente biofísico, socioeconómico
e património;
¨ Identificação das ações associadas aos Projetos suscetíveis de causar impactes e identificação
dos respetivos potenciais impactes ambientais, determinados pela construção, exploração e
desativação do Projeto;
¨ Para os impactes expectáveis, sempre que possível, proposta de medidas de minimização dos
impactes negativos determinados pelo Projeto, tendo-se complementado essa informação com
um Plano de Acompanhamento Ambiental das Obras, que por sua vez integra um Plano de
Gestão de Resíduos.
As metodologias específicas de caracterização e análise dos vários fatores ambientais são apresentadas
em cada um dos capítulos específicos.
A análise efetuada baseou-se, numa fase preliminar, nos elementos de projeto existentes e na informação
bibliográfica disponível, de que se salienta a informação contida nos Planos Diretores Municipais de
Câmara de Lobos e do Funchal, mas também em muitos outros instrumentos de gestão territorial e estudos
de cariz técnico ou científico, existentes para a Região.
Foram, também, utlizadas fontes cartográficas e orto-imagens, por forma a poder identificar as áreas
de influência que deveriam ser objeto de estudo na análise a concretizar.
Com base neste trabalho foi possível estabelecer a área de estudo para o presente Estudo, tendo-se
definido uma área, maioritariamente definida pela orografia do local, considerando sempre a
distribuição das áreas com expressão demográfica, nomeadamente Curral das Freiras.
Desta forma, selecionou-se como área para avaliação dos impactes ambientais diretos do Projeto, aquela
que se apresenta na Figura 1.1 referentes ao enquadramento administrativo do Projeto e sobreposição
do Projeto com ortofotomapas.
Esta área abrange as três Estações do Sistema de Teleféricos a criar (Estação do Curral das Freiras,
Estação do Paredão e Estação da Boca da Corrida), os cabos que as interligam, a Zip Line e a área do
Parque Aventura na Boca da Corrida.
Todas estas infraestruturas que compõem o projeto, estão inseridas no Concelho de Câmara de Lobos e
todas, à exceção do Parque Aventura, ficam localizadas na Freguesia de Curral das Freiras. O Parque
Aventura ocupará áreas da Freguesia de Jardim da Serra.
9
Importa, no entanto, referir que sempre que considerado relevante para os objetivos do presente EIA, foi
alargada a área de estudo de cada fator ambiental, de acordo com o critério definido pelos especialistas
das diversas áreas temáticas integrantes no EIA. Por esta razão, não foi considerada apenas a zona
diretamente afetada pelo Projeto – área de estudo restrita – mas também a envolvente na qual se fazem
sentir os efeitos da respetiva construção, exploração e desativação.
Assim, tem-se para os vários fatores ambientais analisados as seguintes áreas de estudo, sem prejuízo de
se fazer sempre que necessário um enquadramento regional para uma melhor compreensão do fator
ambiental em análise:
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¨ Ambiente sonoro atual – área de estudo abrangente (foram avaliados os recetores sensíveis
mais próximos das infraestruturas que constituem o Projeto e onde os impactes ambientais
previsivelmente se pudessem sentir);
As bases cartográficas de trabalho adotadas correspondem a escalas que vão desde a 1/25 000 (Carta
Militar), e a escalas de pormenor (ortofotomapas-1/5 000), apresentando-se os resultados a diferentes
escalas, de acordo com os objetivos do trabalho, tendo a carta militar sido a principal base da
cartografia temática.
A noção de tempo, mais difícil de gerir de forma discretizada e definida, foi tratada na base dos
horizontes temporais marcados por acontecimentos concretos que individualizam períodos com
características funcionais específicas – fase de construção, de exploração e de desativação – e que
coincidem com horizontes de curto e médio / longo prazo.
O EIA é constituído por dois volumes, nomeadamente o Relatório Técnico que se apresenta no presente
volume (e que inclui as Peças Desenhadas e os Anexos) e um volume com o Resumo Não Técnico. O
presente Relatório (Relatório Técnico) é constituído por 13 capítulos, cujos conteúdos genéricos se
descrevem seguidamente.
11
12
Estes capítulos garantem uma análise completa de todos os fatores ambientais pertinentes, tendo o
aprofundamento da análise dos mesmos sido baseado na definição do âmbito (vd. Capítulo 2.4).
Toda a informação integrada no EIA é acompanhada por figuras, fotografias e desenhos, que permitem
uma melhor compreensão das matérias em análise.
Um importante requisito para o correto desenvolvimento da análise a assegurar num EIA é a definição
do seu âmbito, isto é, dos domínios de análise a abranger e, acima de tudo, do seu grau de
aprofundamento, em função do tipo de impactes induzidos pelo Projeto, da especificidade e da
sensibilidade do ambiente que o vai acolher.
Embora os domínios de estudo, assim como os aspetos a incluir na análise, estejam identificados e também
contemplados na legislação aplicável, importa reconhecer, na definição do âmbito do presente trabalho,
quais os fatores ambientais que mereceram um cuidado particular e, consequentemente, maior
aprofundamento.
13
A definição do grau de profundidade da análise dos diferentes fatores ambientais depende, como já foi
referido anteriormente, das características gerais do Projeto, da sensibilidade da área onde se vai
localizar e da sua área de influência. Assim, e tendo em atenção as características, quer do Projeto, quer
da área de implantação, os fatores ambientais selecionados, para o presente estudo, foram os que se
apresentam em seguida. Para cada um deles apresenta-se a metodologia que foi decidido seguir e o
grau de profundidade da análise considerada pertinente, justificando-se. A análise da importância do
descritor, realça-se, foi definida no início do Estudo.
¨ Clima e alterações climáticas – Uma vez que não se previam impactes sensíveis no clima
decorrentes do Projeto, analisaram-se, fundamentalmente, questões microclimáticas. Desta
forma, este fator ambiental é considerado como pouco importante para a avaliação global
do Projeto. A análise proposta passou pela apresentação do enquadramento climático e dos
parâmetros meteorológicos relevantes e de cenários futuros de alterações climáticas.
14
¨ Ecologia (flora, fauna, vegetação e habitats) – Concretizou-se a análise das potenciais áreas
de especial interesse, nomeadamente os habitats e espécies ocorrentes localmente. Procedeu-
se à localização e caracterização das principais formações florísticas. O projeto incidirá em
áreas com características florestais e, outras, urbanas. Tendo em atenção a relevância que os
aspetos ecológicos podem assumir na Região Autónoma da Madeira, e mesmo sendo claro que
as interferências espaciais diretas do projeto são reduzidas, as potenciais afetações com a
exploração na fauna voadora, sugerem que se considere este fator ambiental como
importante.
¨ Gestão de Resíduos – Efetuou-se uma síntese das questões relacionadas com a gestão de
resíduos na área de intervenção dos Projetos, tendo em conta os resíduos que serão
potencialmente produzidos nas diferentes fases, as entidades/operadores que existem na
região que garantam a recolha/tratamento de resíduos e efluentes, bem como um breve
enquadramento legal deste tema. Tendo em conta que um Projeto desta natureza envolve
reduzida produção de resíduos, considerou-se como um fator ambiental pouco importante no
presente estudo.
15
¨ Paisagem – A paisagem possui, sempre, uma importância bastante relevante na análise das
afetações de qualquer projeto. Esta importância é acrescida quando o projeto se desenvolve
em áreas de características naturais, como é o caso, e onde a paisagem é um dos aspetos
centrais da procura da região. Importa, igualmente, realçar que uma das partes fundamentais
da justificação do projeto passa pela potenciação da oferta de fruição da paisagem. Deste
modo considerou-se este descritor como muito importante, ainda que as afetações esperadas,
à partida, não justifiquem preocupações muito significativas. Procedeu-se a uma
caracterização objetiva com o estudo dos elementos estruturantes do território e o estudo do
funcionamento e da participação de cada elemento no espaço e, posteriormente, a uma
caracterização, mais subjetiva, correspondente à caracterização e à avaliação do resultado
visual do território - paisagem.
Por último, foi ainda avaliada a conformidade do projeto com os Instrumentos de Gestão Territorial. A
análise do ordenamento do território é crucial pois neste contexto é imprescindível analisar os aspetos
que constituem não conformidades com os instrumentos de gestão territorial em vigor, caso existam, e
indicar os procedimentos e diligências que terão de ser tidos em consideração para ultrapassar as
situações identificadas, quando possível, bem como identificar e analisar as restrições em presença
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decorrentes de servidões que constituem naturalmente condicionantes ao Projeto. Assumiu-se esta análise
como muito importante.
17
O Projeto do Sistema de Teleféricos e Parque Aventura no Curral das Freiras – Madeira, surge a partir
de uma análise do número de visitantes (no período pré-pandémico) na zona da Eira do Serrado/Curral
das Freiras, da avaliação da apetência atual dos turistas pelo contacto com a natureza e atividades
contemplativas, bem como da cada vez maior procura por atividades “radicais”. Estas conclusões fazem
parte do estudo que constitui o Documento Estratégico para o Turismo na RAM 2015-2020 (ACIF), em
colaboração com a KPMG e publicado em janeiro de 2015.
A enorme importância que o turismo assume na Região Autónoma da Madeira (e, genericamente, em
Portugal) é clara. No referido estudo conclui-se que o Setor do Turismo desempenha um papel
fundamental na economia da Região, envolvendo diversos sectores da atividade económica, incluindo
hotelaria, operadores turísticos, agências de viagem, restauração, comércio, portos, aeroportos,
companhias aéreas, empresas de transporte, empresas de animação turística, estabelecimentos de ensino
e entidades governamentais.
No mesmo estudo é referido que, tendo como referência o ano de 2013, se pode estimar que o impacto
global do sector na economia RAM represente aproximadamente 30% do VAB gerado, 24% do PIB e
mais de 15% do total de emprego da Região. Estes números estarão, certamente, alterados pelo período
pandémico que foi atravessado, mas confere uma clara imagem da importância do setor.
Nesse documento foi igualmente feita uma análise do turismo na Região e dos desafios que enfrenta. A
reduzida estruturação do produto turístico é considerada como uma das principais razões para a
minimização das experiências do turista e a limitação do aumento do gasto turístico. A diversificação das
ofertas (nomeadamente, da tipologia das ofertas) constitui um fator valorizador da estratégia pretendida
para a RAM.
Por outro lado, o Projeto constitui também uma opção política assente na necessidade de desenvolvimento
do interior da Ilha. Será um fator de crescimento económico da zona, muito particularmente da população
do Curral das Freiras onde, atualmente, a presença de turistas é reduzida. A grande maioria das visitas
limitam-se à Eira do Serrado para observação do Curral das Freiras e da paisagem montanhosa
circundante.
É assim esperado que com a criação de um meio fácil e seguro de atingir um ponto de observação ainda
mais vantajoso que a Eira do Serrado (Montado do Paredão), se possa incrementar o já elevado número
de visitantes naquela vertente.
18
Efetivamente, o número de visitantes (na fase pré pandemia) na Eira do Serrado era da ordem dos
325 000. Acredita-se que o número de utilizadores do Sistema de Teleféricos possa ser idêntico. Se por
um lado não se espera que 100% dos visitantes o utilizem, por outro, acredita-se que com novos focos
de interesse na zona, o número total de visitantes possa ser incrementado.
A utilização do túnel de ligação ao Curral das Freiras (VE6), conjugada com a subida através do
teleférico, evitará igualmente a perigosa estrada da Eira do Serrado, eliminando também esse fator que
é reconhecido pelas entidades locais como muito limitativo.
A localização da Estação no centro da povoação de Curral das Freiras, permitirá dinamizar toda a vida
desta povoação, com expetáveis benefícios a diversos níveis.
O teleférico entre Miradouro do Paredão – Boca da Corrida, oferecerá uma observação privilegiada
de toda a paisagem durante aproximadamente 10 minutos. Realça-se, igualmente, o facto de vir a
constituir o 2º maior vão do mundo, o que se espera constituir fator de atração para mais visitantes.
O Parque Aventura, disponibilizará atividades radicais e de contacto com a natureza, baseado na área
limite da Posto Florestal e apoiada no denso arvoredo que a rodeia. O Zip Line completará a oferta,
através da opção de uma atividade radical, segura e para todas as idades, com a característica especial
de ser o mais longo da Europa.
19
4 DESCRIÇÃO DO PROJETO
4.1 ALTERNATIVAS
A análise de alternativas suporta-se na identificação de opções viáveis para a concretização dos mesmos
objetivos aos quais se propõe o Projeto em análise.
Para além da aposta específica no turismo e no aumento da atração de turistas à Região, o Projeto
constitui também uma opção política assente na necessidade de desenvolvimento do interior da Ilha. Será
um fator de crescimento económico da zona, muito particularmente da população do Curral das Freiras
onde, atualmente, a presença de turistas é reduzida. A grande maioria das visitas limitam-se à Eira do
Serrado para observação do Curral das Freiras e da paisagem montanhosa circundante.
Desta forma, o Projeto em causa não apresenta verdadeiras alternativas que não sejam aquela da sua
não concretização – a Alternativa Zero.
4.2 LOCALIZAÇÃO
O Sistema de Teleféricos e Parque Aventura no Curral das Freiras ficará localizado na zona do Curral
das Freiras, concelho de Câmara de Lobos, na região centro da ilha da Madeira, Região Autónoma da
Madeira. Como já referido, este sistema será constituído por vários elementos.
A estação de Curral das Freiras ficará localizada no centro da vila com o mesmo nome, junto à estrada
Cónego Camacho. O acesso a partir do Funchal será efetuado pela Estrada Regional 107 (ER107) e Via
Expresso 6 (VE6), através do túnel do Curral das Freiras (percurso passível de ser percorrido em cerca
de 30 minutos).
20
percorrido em cerca de 30 minutos. O trajeto alternativo a partir do Funchal será a ER103, com um tempo
de viagem de cerca de 1 hora.
A estação da Boca da Corrida ficará localizada no Miradouro da Boca da Corrida, junto ao Posto
Florestal, freguesia do Jardim da Serra, no concelho de Câmara de Lobos, com acesso a partir do Funchal
através da Via Rápida 1 (VR1), Via Rápida 2 (VR2) e estrada da Corrida, com um tempo de viagem de
cerca de 30 minutos.
O Parque Aventura situar-se-á na Boca da Corrida, ocupando uma área de terreno com cerca de 2,83
ha, localizado a Oeste da estrada da Corrida, junto ao Posto Florestal da Boca da Corrida.
4.3.1 Enquadramento
Como se referiu, o Projeto é composto por várias componentes, nomeadamente dois teleféricos e um
parque aventura. Por facilidade de apresentação dos elementos, a mesma será feita considerando as
estações, os teleféricos propriamente ditos e o parque aventura.
4.3.2 Estações
Esta estação ficará implantada no limite urbano nascente da povoação. Será destinada ao Zip Line que
ligará a ligar Boca da Corrida ao Curral das Freiras e ao teleférico para cabines de 15 passageiros,
que conecta com a estação do Paredão.
Terá como edifício de apoio uma construção já existente, que se pretende reabilitar integralmente.
A entrada, a partir do terraço frontal da edificação existente, com a chegada do Zip Line e a estação
do teleférico, será articulada, através de um sistema de passadiços.
Dado que o desnível entre o piso de entrada e a cota da plataforma do teleférico é de cerca de 13
metros, será criado um sistema de acessos verticais – escadas e elevadores – que garante a
acessibilidade inclusiva aos equipamentos.
A integração do conjunto dos novos volumes na paisagem urbana envolvente foi preocupação
fundamental, pelo que se optou por um sistema de passadiços e escadas em ferro e madeira de forma
21
a minorar o impacto da construção em que o acesso à plataforma do teleférico se faz, pela mesma razão,
através de um túnel.
Refira-se que a área possível de implantação, tanto da estação do teleférico, como da plataforma do
Zip Line, é muito condicionada devido a requisitos regulamentares, com particular relevo por aqueles que
dizem respeito à segurança e direitos de propriedade.
A estrutura do edifício existente, aparenta ser estruturalmente constituída por paredes exteriores em
alvenaria de pedra e lajes de piso em betão armado. O edifício é ainda dotado de uma laje de esteira
em vigamentos de madeira e ripado, constituindo o teto do piso 2.
Na reabilitação da estrutura prevê-se a picagem das paredes de alvenaria até à pedra e projeção de
novo reboco à base de cal. Caso se verifique a necessidade de reforço estrutural das paredes poderá
optar-se pelo seu revestimento, pelo interior, com uma camada, com cerca de 6cm de espessura, de betão
projetado com inclusão de uma malha electrosoldada pregada à parede.
22
Prevê-se a construção, em betão armado, de um novo lanço de escadas entre o piso 1 e o piso 0 e a
introdução de um elevador ligando estes dois pisos.
Prevê-se também a reparação dos vigamentos de madeira constituintes da estrutura da cobertura que
se verifiquem estar degradados, através da sua substituição por vigamentos de igual secção, bem como
as soluções de reforço consideradas necessárias de acordo com as demolições interiores propostas.
A sua construção será executada em escavação, com recurso a contenção periférica, dada a proximidade
de edificações existentes. Dependendo das características geológicas e geotécnicas dos estratos
intersectados para implantação do núcleo de escadas e de elevador, a estrutura periférica a construir
poderá passar por uma simples parede de betão projetado com malha de aço pregada, no caso de se
tratar de estratos rochosos competentes, ou caso contrário, com recurso a paredes ancoradas do tipo
Berlim em betão armado.
A estrutura dos passadiços e rampas de acesso será de execução em perfis metálicos estruturais e
acabamento de piso em pavimento de madeira tipo “deck” adequado a ambiente exterior.
A plataforma do teleférico será constituída por paredes, pilares, maciços de ancoragem e lajes em
estrutura de betão armado. A estrutura da plataforma albergará os sistemas eletromecânicos de
sustentação e fixação dos cabos portadores e de tração do teleférico. Considera-se ainda a execução
de uma estrutura metálica para suporte de uma cobertura ligeira da plataforma constituída por ripado
de madeira.
O Curral das Freiras localiza-se em depósitos sedimentares recentes de movimentos de massas, cujo
material está muito alterado, sendo facilmente “lavado” e transportado. Para a definição do tipo e
sistema de fundações a adotar para as novas estruturas a construir é fundamental e imprescindível, em
fase de projeto de execução, proceder à caraterização geológico-geotécnica dos estratos de fundação.
Especial atenção deverá ser dada às fundações da estrutura de betão armado de suporte e ancoragem
dos cabos do Sistema de Teleféricos, que mobilizam elevadas forças e tensões ao nível da fundação.
23
O abastecimento elétrico desta Estação será feito a partir da rede elétrica existente, sendo necessário
para a estação no Miradouro do Paredão a construção de um Posto de Transformação (PT) com uma
nova ligação de média tensão.
O abastecimento de água também será concretizado através da rede pública existente localmente, no
caso da Estação de Curral das Freiras. Estas instalações serão abastecidas pelas infraestruturas Públicas
que se admite têm capacidade de caudal e pressão para abastecer as instalações previstas. Em termos
funcionais o abastecimento de água ao edifício destina-se aos consumos gerais de água fria. Já as
Estações no Miradouro de Paredão e no Miradouro da Boca da Corrida não têm infraestrutura pública
de abastecimento na sua proximidade. No caso da Estação no Miradouro do Paredão prevê-se a
construção de um reservatório com a capacidade de 4 m3 que será abastecido por intermédio de
autotanques. O abastecimento de água na estação do Miradouro da Boca da Corrida será realizado
através de uma conduta elevatória que transportará a água desde o reservatório público da Corrida
(localizado a cerca de 1,5 km) para um reservatório a construir a meia encosta, junto à estrada, e, a
partir deste, para os reservatórios no edifício, tanto para a rede de água para consumo humano como
para a rede de combate a incêndio.
A produção de água quente sanitária, se necessária, fará parte do projeto de aquecimento e será
fundamentalmente efetuada com recurso termoacumuladores elétricos.
No que concerne à drenagem de águas residuais e pluviais, e dado existirem infraestruturas Públicas com
capacidade para receber e coletar os efluentes provenientes das futuras Instalações, o
desembaraçamento dos mesmos será efetuado para as referidas redes de forma gravítica.
A rede de Águas Pluviais a construir destina-se a recolher e coletar todas as águas pluviais caídas na
cobertura do edifício.
As águas precipitadas na cobertura do edifício são encaminhadas para ralos e tubos de queda que as
conduzirão ao piso 0 a caixas de receção e ou ligação. A partir destas caixas os efluentes serão
encaminhados por intermédio de ramais de ligação à rede pública.
No extremo montante dos tubos de queda serão montados ralos de pinha, de modo a impedir a entrada
de detritos no sistema.
24
Passadiços 101,4 m2
Piso 0 117,8 m2
Piso -1 118,0 m2
Piso 0
Piso -1
Cafetaria 31,2 m2
25
A Estação do Paredão, agregará, efetivamente duas zonas afetas aos teleféricos: a estação para cabines
de 15 passageiros, ligada ao Curral das Freiras e a estação para as cabines de 50 pessoas, que conecta
à Boca da Corrida.
Enfatiza o eixo central a escadaria a acompanhar o terreno pela qual se acede ao átrio central, onde
se encontram as bilheteiras, back-office, instalações sanitárias e acesso à área técnica, em cave.,
A ligação entre estações faz-se através de um passadiço em madeira, com a inclinação regulamentar
para utilização por utentes com mobilidade condicionada.
26
As plataformas dos teleféricos serão constituídas por paredes, pilares, maciços de ancoragem e lajes em
estrutura de betão armado. A estrutura da plataforma albergará os sistemas eletromecânicos de força
motriz, de sustentação e fixação dos cabos portadores e de tração dos teleféricos.
O edifício de apoio ao teleférico de 50 passageiros (Paredão - Boca da Corrida) será constituído por
uma cave, piso térreo e cobertura. A estrutura de suporte será em betão armado, constituída por paredes,
pilares, vigas e lajes. A cobertura do edifício será constituída por uma laje de betão armado suportada
por um sistema de vigas de betão armado com algum porte, para vencer os vãos que se apresentam
entre os pilares, também em betão armado.
A plataforma do teleférico de 15 passageiros terá uma cobertura aligeirada constituída por estrutura
metálica e ripado de madeira.
Será construído um passadiço de interligação das duas estações, que distam cerca de 35 m, em estrutura
de perfis metálicos estruturais e acabamento de piso em pavimento de madeira tipo “deck” adequado a
ambiente exterior
27
A alimentação de energia em baixa tensão para esta Estação será feita a partir de Posto de
Transformação (PT) a construir, com uma potência instalada estimada de 1.000 kVA. Este posto será para
serviço particular, do tipo monobloco pré-fabricado em betão. A tensão da rede de MT na zona é 6,6
kV.
A energia para este PT será disponibilizada através de uma nova ligação em média tensão, a executar.
No seguimento dos contactos já efetuados, e para o valor de potência previsto, o estudo preliminar já
efetuado pela EEM, Empresa de Electricidade da Madeira, com os critérios de fornecimento aos clientes
aponta na pior das hipóteses para a necessidade de uma ligação direta a partir da subestação Santa
Quitéria, a uma distância de cerca de 8 km.
No que concerne ao abastecimento de água, por não existir possibilidade de abastecer a zona por
intermédio da rede pública prevê-se a construção de um reservatório com a capacidade de 4 m3 que
será abastecido por intermédio de autotanques.
¨ Capitação: 20 l/hab.dia;
¨ Reserva de água para consumo: 2 dias, o que resulta num volume útil para o reservatório de
consumo de 4 m3.
O reservatório será constituído por duas células de 2 m3 cada de modo a possibilitar as ações de limpeza
e manutenção que será localizado nas instalações do Edifício.
28
Para garantir a qualidade da água armazenada no reservatório, este deve ser lavado e desinfetado
com uma periodicidade adequada, recomendando-se a sua realização anual ou sempre que ocorrerem
reparações ou suspeita de contaminação. Considerando que a lavagem e desinfeção têm de ser
realizados com as células vazias, estas operações devem ser programadas de modo a minimizar os
desperdícios e a falta de água.
Será ainda prevista a construção de um reservatório destinado ao combate a incêndio em betão armado
com a capacidade de 60m3, localizado junto do edifício, sendo este constituído por duas células
independentes de 30 m3 cada. Cada célula do reservatório terá que ser dotada de válvulas de
seccionamento, válvulas de flutuador e detetores de nível (nível mínimo e nível máximo), descarga de
fundo e de superfície. As descargas das células encontram-se ligadas à rede de águas pluviais.
A central de bombagem será constituída por duas bombas principais redundantes, isto é, cada uma delas
alimenta a totalidade das redes hidráulicas, e uma bomba auxiliar (jockey) destinada a manter a pressão
mínima na rede, evitando o arranque desnecessário das bombas principais. Neste caso em particular a
central será constituída por duas motobombas principais, uma bomba auxiliar jockey e depósitos de
alimentação combustível independentes para cada motobomba.
Relativamente à drenagem de águas pluviais e residuais, importa considerar que mão existem quaisquer
infraestruturas públicas no local, nem nas proximidades.
A solução de Micro ETAR dada a aleatoriedade dos caudais afluentes à mesma e aos pequenos caudais
previsíveis poderá condicionar o sistema de tratamento o que não pareceu aconselhável.
29
A solução de fossa séptica tem a vantagem de ser praticamente autossuficiente necessitando, no mínimo
de uma limpeza periódica anual.
Estação 50 356,3 m2
Estação 15 107,1 m2
Piso -1 221,4 m2
Piso 0 156,5 m2
Piso -1
Piso 0
30
BackOffice 16,8 m2
Ressaliente na vertente poente do vale, a estação da Boca da Corrida singulariza-se pela instalação de
um restaurante panorâmico, com capacidade para cerca de 58 pessoas no interior e 32 na esplanada.
Do volume central, axial aos pilares que suportam o sistema mecânico do teleférico, nasce o corpo do
restaurante, que seguindo a linha de festo que o gera, surge, sobre o vale, a usufruir de extraordinárias
vistas mergulhantes.
Pretende-se que o restaurante seja uma referência importante no conjunto da intervenção, não só pelas
vistas que oferece, mas também, a par da oferta gastronómica, pelos ambientes que tem a
potencialidade de possuir, em consonância como o “espírito do lugar”
Do miradouro – parque de estacionamento, onde se encontra a capela de São Cristóvão, parte o acesso
à estação e restaurante, que se faz através de um passadiço de madeira; que permite, igualmente,
acesso, a partir de uma bifurcação, ao Zip Line que se implanta a norte da estação.
De forma ao passadiço possuir a inclinação regulamentar para uso por parte de utentes com mobilidade
condicionada, a entrada para a estação faz-se a uma cota 16 metros (cota 1220.5) acima da cota da
plataforma de entrada e saída (cota 1204,50).
31
A plataforma do teleférico será constituída por paredes, pilares, maciços de ancoragem e lajes em
estrutura de betão armado. A estrutura da plataforma albergará os sistemas eletromecânicos de
sustentação e fixação dos cabos portadores e de tração dos teleféricos.
O edifício de apoio será composto por cave, pisos 0, 1 e 2 e cobertura. A estrutura de suporte será em
betão armado, constituída por paredes, pilares, vigas e lajes.
A interligação entre a estação, a zona de estacionamento e a plataforma de partida do Zip Line" (slide)
será realizada com recurso a passadiços em estrutura de perfis metálicos estruturais e acabamento de
piso em pavimento de madeira tipo “deck” adequado a ambiente exterior
As estruturas dos edifícios na Boca da Corrida ficarão inseridas em plena vertente, ainda que no início.
Pela carta geológica à escala 1:50.000, este setor posiciona-se em horizontes basálticos (escoadas
lávicas), habitualmente menos alterados, com intercalações de fácies mais alteradas.
Através de imagens do “Google Earth”, constata-se a existência de duas áreas onde a vertente está
particularmente erodida, em local topograficamente inferior à plataforma e estação.
32
Para a definição do tipo e sistema de fundações a adotar para as novas estruturas a construir é
fundamental e imprescindível, em fase de projeto de execução, proceder à caraterização geológico-
geotécnica dos estratos de fundação. Especial atenção deverá ser dada às fundações da estrutura de
betão armado de suporte e ancoragem dos cabos do Sistema de Teleféricos, que mobilizam elevadas
forças e tensões ao nível da fundação.
Relativamente ao abastecimento de água, e dado não existirem infraestruturas no local, será necessário
recorrer a meios alternativos de abastecimento, recorrendo-se ao abastecimento de água através de
uma conduta elevatória que transportará a água desde o reservatório público da Corrida a um
reservatório a construir a meia encosta, junto à estrada, e, a partir deste, os reservatórios no edifício,
tanto para a rede de água para consumo humano como para a rede de combate a incêndio.
¨ Capitação: 25 l/hab.dia;
¨ Reserva de água para consumo: 2 dias, o que resulta num volume útil para o reservatório de
consumo de 40 m3.
O reservatório será constituído por duas células de 20 m3, cada, de modo a possibilitar as ações de
limpeza e manutenção e será localizado nas instalações do Edifício.
Para garantir a qualidade da água armazenada no reservatório, este deve ser lavado e desinfetado
com uma periodicidade adequada, recomendando-se a sua realização anual ou sempre que ocorrerem
reparações ou suspeita de contaminação. Considerando que a lavagem e desinfeção têm de ser
realizados com as células vazias, estas operações devem ser programadas de modo a minimizar os
desperdícios e a falta de água.
33
Será ainda prevista a construção de um reservatório destinado ao combate a incêndio em betão armado
com a capacidade de 60m3, localizado junto do edifício, sendo este constituído por duas células
independentes de 30 m3 cada. Cada célula do reservatório terá que ser dotada de válvulas de
seccionamento, válvulas de flutuador e detetores de nível (nível mínimo e nível máximo), descarga de
fundo e de superfície. As descargas das células encontram-se ligadas à rede de águas pluviais.
Relativamente à drenagem de águas pluviais e residuais, importa considerar que mão existem quaisquer
infraestruturas públicas no local, nem nas proximidades.
A solução de Micro ETAR dada a aleatoriedade dos caudais afluentes à mesma e aos pequenos caudais
previsíveis poderá condicionar o sistema de tratamento o que se afigurou adequado.
A solução de fossa séptica tem a vantagem de ser praticamente auto-suficiente necessitando, no mínimo
de uma limpeza periódica anual.
Estação 356,5 m2
34
Piso -1 202,1 m2
Piso 0 205,1 m2
Piso 1 555,9 m2
Piso 2 264,4 m2
Piso -1
Piso 0
Átrio 16.8 m2
Cozinha 41,4 m2
Armazém 45,4 m2
Piso 1
Átrio 53,6m2
35
Arrumo 11,7 m2
Piso 2
BackOffice 14,4 m2
Terraço 310,8 m2
Com a instalação das infraestruturas e edifícios de apoio nas três estações prevê-se a necessidade de
intervir nos espaços exteriores a quatro níveis, de modo a maximizar a sua integração na paisagem.
36
Nas opções estruturantes dos projetos executivos deverão ser tidos em conta aspetos de ordem técnica,
ecológica e económica. A seleção dos materiais e das soluções construtivas deverão garantir uma inserção
equilibrada na envolvente e facilitar a manutenção futura dos espaços. E ao nível das plantações a
implementar serão propostas espécies autóctones ou adaptadas às condições edafo-climáticas do local,
no sentido de reduzir as necessidades de manutenção.
Serão as intervenções que marcam as entradas e envolventes dos edifícios. Conjugam o objetivo de se
terem zonas ornamentais, cuidadas, com os três estratos de vegetação, e a possível necessidade de se
protegerem áreas em talude contíguas aos acessos pedonais.
Deverão funcionar como cortinamentos de paredes, sapatas e pilares. Deverão ser plantadas para se
integrarem na paisagem, logo deverão ser escolhidas espécies autóctones.
Deverão acompanhar os passadiços de madeira que ligam espaços diferentes, onde se prevê que a
construção danifique a vegetação existente.
Serão intervenções ligeiras onde se utilizarão as espécies que existem nos locais.
Deverão ser utilizados materiais para pavimentação bem integrados e a arborização poderá ser feita
em caldeiras abertas na área pavimentada ou nas zonas verdes adjacentes.
4.3.3.1 Sistema de Teleféricos Curral das Freiras – Miradouro do Paredão (15 passageiros)
37
Este sistema funcionará com cabinas para 15 passageiros. Será composto por dois (2) cabos no total, que
servirão como via para cada uma das cabines. Deverão ser de fabricação em dupla camada
completamente vedada (mínimo VV2) e contar com um tensionamento fixo.
Um cabo de fabricação compacta dará tração ao teleférico. A sua tensão deverá ser regulada por um
sistema hidráulico.
O acionamento principal do sistema (motor de tração) estará localizado na estação superior com tantos
volantes principais e de desvio quanto os necessários. O redutor deverá ser do tipo engrenagens
helicoidais.
A velocidade de operação de evacuação será de, no mínimo, 1 m/s. O acionamento de emergência será
controlado a partir do posto de comando localizado na sala de controlo e, só em casos excecionais,
poderá ser controlado a partir de um posto de comando na sala de máquinas.
O sistema de travagem será composto por travão de segurança e por travão de serviço, ambos
localizados na estação superior. Não serão utilizados travões nos veículos.
Os cabos de suspensão terão tensão fixa nas estações e o cabo de tração terá um sistema de tensão
hidráulico localizado na estação inferior.
As estações contarão com os volantes de desvio, rolamentos, sistema de fixação de cabos dos cabos
portadores, amortecedores de estação, carretel de cabo, guias de cabine, estruturas metálicas e suportes
para cabos de suspensão.
4.3.3.1.3 Veículos
38
O teleférico contará com 2 cabines com capacidade para transportar 15 passageiros cada uma,
estimando um mínimo de 75 kg como peso médio de cada pessoa a bordo. O embarque/desembarque
dos passageiros será realizado ao nível do solo e cada cabine contará com 1 porta automática. Como
referido anteriormente, o carro das cabines não deverá contar com travão de emergência.
39
Figura 4.7 – Sistema de Teleféricos – Torre com Figura 4.8 – Sistema de Teleféricos
balizagem aeronáutica
Os equipamentos serão alimentados a partir da rede elétrica existente, através do fornecedor de energia
local.
O equipamento elétrico do teleférico incluirá: controlo remoto, variador de frequência e motor. A sala de
controlo estará localizada na estação superior, para que desta forma o pessoal possa vigiar as zonas
de embarque/desembarque e as zonas de entrada/saída de veículos.
Embora a estação superior tenha a sala de controlo principal, a estação inferior terá, também, um sistema
elétrico completo de controlo e monitorização.
Toda a cablagem necessária será incorporada entre a sala de controlo (armários) e a estação.
A transmissão de sinais do sistema entre as estações será realizada através de cabos de fibra ótica que
devem ser alojados dentro dos cabos portadores.
40
Para o resgate, existirá um sistema de resgate integrado e certificado por uma entidade certificadora.
Não se aceitarão soluções que requeiram uma via de resgate complexa e com manutenção intensa,
realização de resgate vertical nem a utilização de veículos de resgate.
Número de cabines: 2
41
Número de torres: 2
Este sistema funcionará com cabinas para 50 passageiros. Será composto por quatro (4) cabos no total,
que em grupos de dois (2), servirão como via para cada uma das cabines. Serão de fabricação em dupla
camada completamente vedada (mínimo VV2) e contarão com um tensionamento fixo.
Um cabo de fabricação compacta dará tração ao teleférico. A sua tensão será regulada por um
contrapeso.
O acionamento principal estará localizado na estação superior com tantos volantes principais e de desvio
quanto os necessários. O redutor será do tipo engrenagens helicoidais.
O sistema contará com dois (2) acionamentos de emergência (dos quais um fará parte do sistema de
resgate integrado), que permitirão a recuperação dos veículos em caso de emergência e/ou ausência de
energia elétrica proveniente da rede.
A velocidade de operação de evacuação deverá ser de, no mínimo, 1 m/s. O acionamento de emergência
será controlado a partir do posto de comando localizado na sala de controlo e, só em casos excecionais,
poderá ser controlado a partir de um posto de comando na sala de máquinas.
O sistema de travagem será constituído por travão de segurança e por travão de serviço, ambos
localizados na estação superior. Não se aceitarão travões nos veículos.
42
Os cabos de suspensão terão tensão fixa nas estações, o cabo de tração terá um contrapeso como sistema
de tensão, localizado na estação inferior.
As estações contarão com os volantes de desvio, rolamentos, sistema de fixação de cabos dos cabos
portadores, amortecedores de estação, carretel de cabo, guias de cabine, estruturas metálicas e suportes
para cabos de suspensão.
Dada a topografia, o projeto de engenharia contemplará uma torre que inclua suporte duplo para cabos
portadores, poleames, escadas e pedestais. Adicionalmente, dever-se-á contar com distanciadores
suficientes em cada via para manter os cabos separados.
4.3.3.2.3 Veículos
O teleférico contará com 2 cabines com capacidade para transportar 50 passageiros cada uma,
estimando um mínimo de 75 kg como peso médio de cada pessoa a bordo. O embarque/desembarque
dos passageiros será realizado ao nível do solo e cada cabine contará com 1 porta automática. Como
referido anteriormente, o carro das cabines não deverá contar com travão de emergência.
Figura 4.9 – Sistema de Teleféricos – cabine com Figura 4.10 – Cabos portadores, cabo trator e
capacidade para 50 passageiros cavalete com boia sinalizadora
43
A alimentação de energia em baixa tensão, na Estação do Paredão, será feita a partir de Posto de
Transformação (PT) a construir, com uma potência instalada estimada de 1.000 kVA. Este posto será para
serviço particular, do tipo monobloco pré-fabricado em betão. A tensão da rede de MT na zona é 6,6
kV.
A energia para este PT será disponibilizada através de uma nova ligação em média tensão, a executar.
No seguimento dos contactos já efetuados, e para o valor de potência previsto, o estudo preliminar já
efetuado pela EEM, Empresa de Electricidade da Madeira, com os critérios de fornecimento aos clientes
aponta na pior das hipóteses para a necessidade de uma ligação direta a partir da subestação Santa
Quitéria, a uma distância de cerca de 8 km.
O equipamento elétrico do teleférico incluirá: controlo remoto, variador de frequência e motor. A sala de
controlo estará localizada na estação superior, para que desta forma o pessoal possa vigiar as zonas
de embarque/desembarque e as zonas de entrada/saída de veículos.
Embora a estação superior tenha a sala de controlo principal, a estação inferior terá, também, um sistema
elétrico completo de controlo e monitorização.
Toda a cablagem necessária será incorporada entre a sala de controlo (armários) e a estação.
A transmissão de sinais do sistema entre as estações será realizada através de cabos de fibra ótica que
devem ser alojados dentro dos cabos portadores.
44
Para o resgate, existirá um sistema de resgate integrado e certificado por uma entidade certificadora.
Não se aceitarão soluções que requeiram uma via de resgate complexa e com manutenção intensa,
realização de resgate vertical nem a utilização de veículos de resgate.
Número de cabines: 2
45
Número de torres: 1
4.3.3.3.1 Sistema
O sistema de Zip Line consistirá, essencialmente, numa estação de montanha e numa estação de chegada,
com área de acesso e área de saída respetivamente, ligadas por cabo de aço esticado com um sistema
de freio à chegada.
A estação de montanha será localizada junto ao Parque Aventura na Boca da Corrida (associada à
estação do teleférico). A estação de chegada será localizada junto à estação de teleférico do Curral
das Freiras.
As estações de partida e de chegada são construídas com suportes em estrutura metálica de tubos
redondos galvanizados por imersão a quente, ancorados por hastes de tensão a maciços de fundação
em betão armado.
Sobre cada suporte poderão ser montadas esferas com 60cm de diâmetro para assinalar o espaço
aéreo.
46
47
Número de linhas 2
4.3.4.1 Enquadramento
O Parque Aventura situar-se-á na Boca da Corrida, ocupando uma área de terreno com cerca de 2,83
ha, localizado a Oeste da estrada da Corrida, junto ao Posto Florestal da Boca da Corrida.
48
A torre que fará parte do pórtico de entrada, suportará duas paredes de escalada colocadas
lateralmente, uma a norte e outra a sul, ambas com uma altura de 16m, e com graus de dificuldade
diferente. Vai permitir a colocação de três linhas de rapel para acesso direto aos obstáculos existentes
a níveis inferiores, a uma saída por slide e a um acesso por rede de desembarque. No seu interior vai
desenvolver-se uma escada que permitirá a circulação de pessoas entre campo de obstáculos e o pórtico,
por um lado, e por outro servirá para apoio técnico para as paredes de escalada e rede de
desembarque.
De um nível intermédio da torre pode ser montado um “teleférico”, ou simulador de queda livre, para
quem queira experimentar uma sensação diferente. Esta técnica caracteriza-se por queda controlada
com sistema de autobloqueio ou de travamento automático na chegada.
A ponte de cabos liga a torre de entrada ao lombo oposto no sentido oeste. Esta estrutura robusta, com
um passadiço contínuo, montado sobre cabos de aço, vai permitir aos utilizadores penetrarem de imediato
no bosque, saindo da zona junto à estrada, confortavelmente, sem ligação a linha de vida atendendo à
qualidade e segurança desta passagem. Esta passagem mais elaborada vai facilitar a gestão dos grupos,
retirando grande parte dos participantes da zona da torre, permitindo que as atividades que aqui
decorrem não sejam perturbadas pela acumulação de utentes na entrada.
A ponte deve permitir uma saída técnica ao longo do seu percurso de forma a podermos oferecer soluções
mais “aéreas” aos utilizadores do Parque. Por exemplo a colocação de linhas de rapel suspenso com
acesso direto a um dos circuitos montados.
49
Da plataforma de chegada da ponte principal até árvore de grande porte, a tirolesa é uma técnica
simples, composta por dois cabos, um cabo de “transporte” outro cabo de segurança, que permite tirar
partido de um desnível ligeiro entre os dois pontos o que facilita a sua utilização. Por outro lado, este
tipo de técnica não depende muito do desempenho do seu utilizador, o que garante no início do circuito
a fluidez suficiente para evitar aglomerações de pessoas.
50
Ponte simples, tipo himalaia, isto é, uma base de passagem ou passadiço, formada por um cabo ou mais
cabos ligados por um elemento à escolha, (por exemplo tábuas, pneus, troncos, entre outros) e dois cabos
a fazer de corrimão. Superiormente mantém-se o cabo de segurança.
O objetivo é variar o suporte das passagens criadas, não permanecer somente nas árvores, mas passar
algumas vezes pelo terreno existente, aproveitando a orografia do mesmo. Nestas partes é desejável
ter uma plataforma mais ampla que permita gerir facilmente e regular o fluxo de pessoas, sempre que
surjam aglomeração de utilizadores. Também permitem que se algum participante no circuito não se sinta
capaz de continuar, tem a possibilidade de sair do circuito normalmente, pelo seu próprio pé.
Neste ponto deve ser instalada um outro tipo de ponte, suspensa em cabos fixos a um nível superior,
tirando partido da maior oscilação que naturalmente estas passagens geram. (por exemplo, um cabo de
maior diâmetro a um nível superior que suporta um conjunto de tirantes que vão estabelecer a ligação
entre os elementos que forma o passadiço).
Nestas plataformas deve ser criado um percurso, tipo vereda, que possibilite a um utilizador que desista
regressar pelo seu próprio pé.
51
São passagens sucessivas entre quatro árvores que delimitam o terreno a sul.
¨ Passagem de 20 m – com recurso a uma ponte de rede, suspensa em dois cabos de aço;
¨ Passagem em ponte de cabos 28 m – cabos de aço com troncos interlaçados, simples, fácil e
rústica;
52
É a parte do circuito utilizada para subir, ganhar altura até ao topo da torre.
¨ Ponte de rede (50 m) – Ponte de rede que liga duas árvores paralelas à estrada, com uma
extensão boa, e de algum impacto para quem vê de fora. Pelo facto de ser ascendente e a
tração sob o calçado ser grande, sugere-se que seja colocada na rede uma manga em tela
para garantir maior durabilidade à passagem. Este obstáculo pode ser utilizado por diversas
pessoas em simultâneo, o que funciona como regulador natural do fluxo.
53
¨ Tirolesa/Slide (40 m) – É importante retirar o circuito da orla do terreno junto à estrada. Nesse
sentido, e após a passagem na ponte de maior visibilidade para quem passa do lado de fora
do Parque, os participantes vão entrar de novo na parte mais central do bosque. Saem de
uma plataforma que serve simultaneamente de receção da ponte de rede e de saída para
uma passagem sobre cabo simples para uma árvore mais no interior. A inclinação do terreno
conjugado com a altura das árvores vai determinar a opção por uma tirolesa ou por um
pequeno slide.
¨ Passagem sobre rede (20 m) – Tratando-se de uma subida é sempre mais seguro e de fácil
execução a utilização de uma rede. Neste caso em particular, a sugestão vai para uma rede
aberta, com grande largura (6m), que deverá estar colocada como um plano inclinado. Os
participantes abordam esta rede com cautela e até certo receio, mas depois disfrutam de uma
sensação muito agradável atendendo a segurança e suavidade que a mesma transmite. Pode
ser utilizada por diversas pessoas ao mesmo tempo, o que “complica” o desempenho dos
utilizadores.
54
¨ Rede de Desembarque (30/35 m) – Funciona com uma rampa de assalto à torre. Permite
acertar e regular distâncias e desníveis de maneira a fechar o circuito de forma harmoniosa.
Esta rede, ao contrário das restantes é feita em corda de nylon grossa, e de malha muito
grande. Dependendo a inclinação obtida pode também não necessitar de apoio de operador.
Este segundo circuito desenvolve-se a um plano muito mais baixo, a 2 ou 3 metros do solo, e com uma
extensão menor. No final este circuito terá uma saída diferenciada, atendendo à idade do praticante.
55
Os jovens aproveitam a estrutura das grandes redes, e as crianças passam por uma pequena pista de
obstáculos no solo. A entrada será feita pela Torre e a travessia da ponte longa é mantida.
Após a travessia da Ponte de cabos (70 m) surge o ponto onde se processa o a passagem do Circuito 1,
superior, para o Circuito 2, a uma cota inferior.
Proposta uma rede pequena de desembarque, com corda de calibre médio e malha média com
comprimentos e inclinação a verificar no terreno.
Propõe-se a utilização de tábuas, mas se a inclinação for grande há que colocar travessas
antiderrapantes. Esta ponte deve ter um resguardo lateral de rede fina de aço até uma altura de 50cm,
devendo a mesma rede passar por baixo do passadiço propriamente dito.
Após verificação do local poder-se-á optar pelo sistema a utilizar, dependendo do vão e das restantes
condições de amarração.
56
A opção aqui vai para uma ponte de rede em forma de tubo, garantindo uma passagem em segurança
para todos os utilizadores do Circuito 2. Aqui a rede tem vantagem se for produzida em fita em vez de
corda.
Será uma estrutura de ligação ao Circuito 1, passando a partir deste ponto a haver um percurso comum
para jovens e adultos.
A opção por rede de desembarque ou por teia de aranha dependerá das condições a analisar no local,
contudo a opção pela teia é a mais agradável, pois é diferente e mais apelativa para os jovens.
A rede de desembarque funciona com uma rampa de assalto à torre. Permite acertar e regular distâncias
e desníveis de forma a fechar o circuito de forma harmoniosa. Esta rede, ao contrário das restantes é
feita em corda de nylon grossa e de malha muito grande. Dependendo a inclinação obtida pode também
não necessitar de apoio de operador.
57
58
Na execução dos trabalhos serão utilizados os métodos correntes para este tipo de obras, com a
especificidade inerente à montagem dos sistemas mecânicos de teleférico e do Zip Line (cabos,
motorização, entre outros).
No Curral das Freiras serão utilizados os processos construtivos normais para os trabalhos de reabilitação
do edificado existente, com especial cuidado nas operações de demolição do piso existente, reforço
estrutural e reabilitação de paredes, estrutura de piso e cobertura.
Os trabalhos de implantação e construção dos acessos verticais e horizontais em túnel serão executados
através de contenções entivadas a céu aberto, com recurso a paredes e lajes em betão armado.
Nas construções dos edifícios e estruturas a realizar tanto no Paredão como na Boca da Corrida deverão
ser tidos em conta os condicionalismos dos locais em termos de acessos e de infraestruturas de
fornecimento de energia e água, nestes pontos inexistentes.
Serão utilizados os métodos e processos correntes na construção das estruturas de betão armado e
metálicas, na execução das seguintes atividades:
59
Tendo em conta as dificuldades de acesso aos locais de implantação das estruturas, especial atenção
deverá ser dada na escolha dos equipamentos para a execução dos trabalhos de escavação,
estabilização e fundação e ao transporte de equipamentos e estruturas de grande porte.
Para o apoio à execução das diferentes obras, haverá a necessidade de se instalar um ou mais estaleiros.
Nesta fase de desenvolvimento do projeto (estudo prévio) ainda não existe informação suficiente sobre
a localização desse(s) estaleiro(s). Efetivamente caberá ao empreiteiro a sua definição e proposta.
A área afeta ao estaleiro incluirá, para além de contentores de apoio, instalações sanitárias, um
refeitório, uma zona destinada a armazenamento temporário de materiais diversos, tais como resíduos e
inertes, e uma zona de estacionamento de veículos e máquinas afetos à obra.
O estaleiro, bem como eventuais zonas complementares de apoio, serão desativados no final da fase de
construção. Todas as zonas intervencionadas serão completamente limpas e posteriormente naturalizadas,
de acordo com as medidas de minimização apresentadas no capítulo correspondente.
60
Prevê-se a utilização do betão armado, do aço estrutural e da madeira na construção das estruturas.
De um modo geral os novos edifícios de serviços e restauração, assim como as plataformas de arranque
e chegada dos teleféricos serão execução em betão armado, com recurso a alguns elementos de
construção em aço estrutural.
As estruturas dos passadiços e rampas de circulação serão de construção em perfis laminados de aço
estrutural, com configuração ajustada ao suporte de um pavimento em madeira tipo “deck” com
tratamento adequado a meio exterior.
¨ Emissão de ruído com incremento dos níveis sonoros contínuos e pontuais devido à utilização de
maquinaria pesada e tráfego de veículos para transporte de pessoas, materiais e
equipamentos;
61
¨ Terra vegetal.
¨ No que diz respeito às instalações sanitárias do(s) estaleiro(s), os efluentes gerados serão
recolhidos numa fossa sética estanque, ou em alternativa, serão utilizadas instalações sanitárias
amovíveis, sendo os efluentes resultantes entregues à respetiva entidade gestora e licenciada
para o seu tratamento;
¨ Para as águas residuais resultantes das operações de construção civil, como é o caso das
operações de betonagem, será aberta uma bacia de retenção (2 m x 2 m), na qual será
efetuada a descarga das águas resultantes das lavagens das autobetoneiras. Esta bacia será
aberta junto ao estaleiro, e no final das betonagens, todo o material será transportado a
aterro;
¨ Os resíduos líquidos, tais como óleos das máquinas, lubrificantes, e outros comuns a qualquer
obra, serão devidamente acondicionadas dentro do estaleiro em recipientes específicos para
o efeito e transportados a destino final por uma empresa licenciada pela Agência Portuguesa
do Ambiente;
valorização, sendo que parte dos cepos e os resíduos vegetais dos cepos serão esmagados no
local antes da gradagem pesada alisar o terreno.
O armazenamento temporário de resíduos será efetuado nas zonas destinadas a estaleiro ou nas zonas
complementares de apoio ao estaleiro.
Em termos dos inertes sobrantes e terra vegetal prevê-se que os materiais inertes provenientes das
escavações sejam, à partida, incorporados integralmente nas regularizações de terreno eventualmente
necessárias. Eventualmente se não for possível espalhar o excedente, este será transportado a destino
final adequado;
A terra vegetal será armazenada junto às áreas intervencionadas, em locais, tanto quanto possível, planos
e bem drenados, para posterior utilização na renaturalização dessas zonas.
No termo da obra as zonas intervencionadas serão recuperadas. Após a conclusão dos trabalhos de
construção civil, serão objeto de recuperação paisagística as áreas intervencionadas, designadamente a
zona de estaleiro(s), bem como outras zonas que possam, eventualmente, vir a ser intervencionadas
durante a construção.
A recuperação das áreas intervencionadas tem como objetivo minimizar o impacte na paisagem, o
restabelecimento da vegetação autóctone e o revestimento dos solos, minimizando por sua vez a ação
erosiva dos ventos e das chuvas que será mais intensa se o solo for deixado a descoberto.
¨ A camada superficial de solo, existente nas áreas a desmatar e decapar, será, quando não
imediatamente reutilizada na obra, armazenada em pargas para posterior utilização nas
áreas degradadas pelas obras;
63
¨ Será evitado o depósito, mesmo que temporário, de resíduos, assegurando, desde o início, a
sua recolha e o seu destino final adequado.
¨ No final da obra serão removidas todas as construções provisórias, resíduos, entulhos e outros
materiais; e
¨ Será feita a descompactação do solo das áreas afetadas pela obra e onde se preveja a
recuperação natural da vegetação. Não será utilizadas terras provenientes do exterior de
modo a prevenir potenciais contaminações por espécies exóticas
¨ Óleos usados e produtos afins utilizados na lubrificação dos diversos componentes dos
teleféricos e Zip Line. Refira-se, no entanto, que o período de utilização dos óleos dos
transformadores é relativamente longo;
64
65
A análise do ordenamento do território é crucial pois neste contexto é imprescindível analisar os aspetos
que constituem não conformidades com os instrumentos de gestão territorial em vigor, caso existam, e
indicar os procedimentos e diligências que terão que ser tidos em consideração para ultrapassar as
situações identificadas, quando possível, bem como identificar e analisar as restrições em presença
decorrentes de servidões que constituem naturalmente condicionantes ao Projeto, pois de acordo com o
novo Regime Jurídico de Avaliação de Impacte Ambiental (RJAIA), nomeadamente o disposto no ponto 6
do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 151 -B/2013, de 31 de outubro, na sua atual redação (republicado no
Anexo II do 152-B/2017, de 11 de dezembro): “Nos casos em que a única objeção à emissão de decisão
favorável seja a desconformidade ou incompatibilidade do projeto com planos ou programas territoriais,
a autoridade de AIA emite uma DIA favorável condicionada à utilização dos procedimentos de dinâmica
previstos no regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial”.
Contudo esta análise vai mais além pois dela decorre a identificação de situações/aspetos que são
relevantes para a determinação da magnitude e significância dos impactes sobre determinados fatores
ambientais.
É nesta perspetiva que se apresenta a análise seguinte, e os aspetos relevantes para a identificação de
impactes são retomados, sempre que se justifique, na análise de impactes dos fatores ambientais em
causa.
O Projeto insere-se, na totalidade, dentro de áreas classificadas como “Área Sensível”, de acordo com a
definição constante no Artigo 2º do Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, na sua atual redação
(republicado no anexo II do 152-B/2017, de 11 de dezembro), nomeadamente no Parque Natural da
Madeira, criado pelo Decreto Legislativo Regional nº14/82//M, de 10 de novembro.
Parte do projeto abrange ainda, na área da Estação do Paredão, a Zona Especial de Conservação do
Maciço Montanhoso Central da Ilha da Madeira (PTMAD0002) e Zona de Proteção Especial do Maciço
Montanhoso Oriental da Ilha da Madeira (PTZPE0041).
Refere-se, igualmente, que a área de estudo intersecta, parcialmente, a IBA do Maciço Montanhoso
Oriental.
66
O sistema regional de gestão territorial na Região Autónoma da Madeira é regulado pelo Decreto
Legislativo Regional n.º 18/2017/M, de 27 de junho, diploma que desenvolve as bases da política
pública de solos, de ordenamento do território e de urbanismo na Região Autónoma da Madeira, contidas
na Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, e define o respetivo sistema regional de gestão territorial.
a) O âmbito regional;
b) O âmbito intermunicipal;
c) O âmbito municipal.
a) O programa regional;
b) Os programas setoriais;
c) Os programas especiais.
67
Devido ao âmbito tão generalista dos instrumentos de abrangência nacional, os mesmos não serão alvo
de análise nos subcapítulos seguintes. Dos restantes instrumentos identificados, é efetuado um breve
68
enquadramento com vista a despistar a existência de alguma situação crítica, e nos de maior incidência
territorial, como o PDM, é efetuado o devido enquadramento, com o objetivo de verificar a conformidade
do Projeto com os IGT, e evidenciar o cumprimento das condicionantes ou servidões identificadas na área
de estudo e que têm que ser respeitadas.
Na área de estudo aplica-se o Plano para o Ordenamento do Território na Região Autónoma da Madeira
(POTRAM), correspondente à figura dos PROT, o qual foi aprovado pelo Decreto Legislativo Regional
n.º12/95/M, de 24 de junho, com as alterações constantes do Decreto Legislativo Regional n.º 9/97/M,
de 18 de julho.
Nesse sentido, o Plano define eixos estratégicos de atuação, dos quais se destacam a valorização dos
recursos naturais, com respeito absoluto pela paisagem humanizada, característica do território; a
salvaguarda do património natural, histórico e cultural.
A estruturação do território proposta no POTRAM é feita com base na definição da rede urbana,
localização das grandes infraestruturas, hierarquização dos espaços-canais e com base num zonamento
que inclui as seguintes classes:
¨ Espaços agroflorestais;
¨ Espaços canais.
69
Destas classes, os espaços naturais e de proteção ambiental integram as áreas determinantes para a
estabilidade e perenidade dos sistemas naturais e a qualidade do ambiente em geral, sendo proibidos
nesses espaços quaisquer usos que diminuam ou destruam as suas funções e potencialidades, sem prejuízo
do regime legal específicos das áreas classificadas, incluindo as seguintes zonas:
O Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma da Madeira foi aprovado pelo Decreto
Legislativo Regional n.º 17/2002/M, de 29 de agosto, e assentava na Lei n.º 48/98, de 11 de agosto,
no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro, e no Decreto Legislativo Regional n.º 8 -A/2001/M, de
20 de abril.
Aprovada a revisão daquele Plano, e por vigorar o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial
(RJIGT), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, bem como o Decreto Legislativo
Regional n.º 43/2008/M, de 23 de dezembro, foram, à luz deste, efetuadas as alterações preconizadas,
entre as quais a denominação, que passa a ser Programa de Ordenamento Turístico da Região Autónoma
da Madeira, mantendo a sigla POT.
Este instrumento de natureza setorial, aprovado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 15/2017/M, de 6
de junho, sucede ao anterior Plano de Ordenamento Turístico.
O POT contém uma estratégia de desenvolvimento turístico para região e preconiza o crescimento da
oferta de alojamento assentes em dois pilares: a requalificação da oferta e a garantia de um crescimento
sustentável.
O POT define para o destino Madeira a seguinte Visão: Um destino para todo o ano, de beleza natural
ímpar, seguro, de fácil acesso, cosmopolita, reconhecido como um «must visit» da Europa, com sol e clima
70
ameno, forte tradição de bem receber e vasta oferta de experiências, capaz de superar as expetativas
mais exigentes.
Os principais objetivos resultantes da análise de diagnóstico efetuada, assim como na definição das
opções estratégicas de desenvolvimento, Visão e Missão, consagrados no programa, são:
Reforçar o papel dos principais eventos tradicionais, através do seu alargamento temporal e
diversificação de atividades associadas, introduzindo experiências associadas às Festas que possam ser
tidas como únicas e memoráveis;
Reforçar a formatação dos produtos de nicho, tendo em vista aumentar a atração dos públicos turísticos,
na procura mundial, que encontram nas respetivas atividades a motivação principal da sua deslocação;
Otimizar a oferta secundária numa lógica de articulação em rede, aproveitando o facto de a Madeira
apresentar hoje uma oferta secundária mais rica e diversificada, seja em termos culturais, desportivos ou
de animação, suportada em equipamentos e infraestruturas;
Aumentar o peso da Cultura no ordenamento estratégico do Turismo pelo facto de a oferta cultural da
RAM ser rica e diversificada ao nível das atividades, dos equipamentos e dos agentes.
71
Neste sentido, são definidos objetivos gerais e específicos para o período de vigência do PROF-RAM (25
anos), assim como, as medidas e normas que permitirão alcançar os mesmos.
O PROF-RAM é enquadrado pelos princípios orientadores da política florestal, tal como consagrados na
Lei de Bases da Política Florestal, e definido como plano setorial do sistema regional de gestão territorial,
tal como está consagrado no Decreto Legislativo Regional n.º 43/2008/M, de 23 de dezembro; é ainda
enquadrado pela Estratégia Regional para as Florestas e compatibiliza-se com o Plano de Ordenamento
Territorial da Região Autónoma da Madeira (POT-RAM) e assegura a contribuição do setor florestal para
a elaboração e alteração dos restantes instrumentos de planeamento.
¨ Sub-região Central;
Na sub-região homogénea Central visa-se a promoção das funções dos espaços florestais relativas à
proteção, conservação e recreio e valorização da paisagem, sendo, para a sua prossecução,
estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
72
Na sub-região homogénea Laurissilva e Maciço Montanhoso visa-se a promoção das funções dos espaços
florestais relativas à conservação, proteção e recreio e valorização da paisagem, sendo, para a sua
prossecução, estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
74
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
3622500
3620000
3617500
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_5_1_PROF.mxd - A3 (420mm x 297mm)
Área de Estudo
3615000
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Extrato da Carta Síntese do PROF-RA Madeira, Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, RAM
Parque Aventura
3612500
0 1 2
km
75
O Projeto não interfere diretamente com a área abrangida por este Plano, sendo que apenas a Área de
Estudo interfere, parcialmente, com o mesmo. Desta forma, não se detalha a análise ao nível dos
potenciais condicionamentos resultantes.
Esta ação preventiva tem como objetivo a proteção e melhoria da qualidade do ambiente, a proteção
da saúde humana, a utilização racional e prudente dos recursos naturais, assim como contribuir para o
cumprimento dos objetivos dos vários Acordos e Compromissos Internacionais assumidos no domínio da
água. A Lei da Água (Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro, alterada e republicada pelo Decreto-Lei n.º
130/2012, de 22 de junho), que transpõe para a legislação nacional a Diretiva Quadro da Água, refere,
no seu artigo 23.º que, “cabe ao Estado, através da autoridade nacional da água, instituir um sistema de
planeamento integrado das águas adaptado às características próprias das bacias e das regiões
hidrográficas”.
No artigo 24.º estabelece que “o planeamento das águas visa fundamentar e orientar a proteção e a
gestão das águas e a compatibilização das suas utilizações com as suas disponibilidades”, de forma a
garantir a sua utilização sustentável, proporcionar critérios de afetação aos vários tipos de usos
pretendidos e fixar as normas de qualidade ambiental e os critérios relativos ao estado das águas.
A DQA e a LA foram adaptadas à Região Autónoma da Madeira (RAM) através do Decreto Legislativo
Regional n.º 33/2008/M, de 14 de agosto.
76
A DQA/LA tem por objetivo estabelecer um enquadramento para a proteção das águas superficiais
interiores, das águas de transição, das águas costeiras e das águas subterrâneas que:
O PGRH constitui o instrumento de excelência para a gestão dos recursos hídricos, fundamental para a
garantia de qualidade de vida e de desenvolvimento dos setores.
Os objetivos e medidas necessárias para os atingir têm interferência na vida das empresas e das pessoas
pelo que o envolvimento dos stakeholders e do público em geral é fundamental para desenvolver um
instrumento participativo e contribuir para uma tomada de decisão consciente.
A gestão por objetivos e a participação ativa dos stakeholders na definição de prioridades e estratégias
de atuação, realizada de forma articulada entre as diferentes temáticas, facilita a atribuição de
responsabilidades individuais bem como a conjugação de esforços que potenciam sinergias, evitando a
duplicação de esforços.
Tendo em atenção as características do Projeto, não se identificam interferências sensíveis com os recursos
hídricos.
O Decreto Legislativo Regional nº 33/2008/M de 14 de agosto, que adapta à RAM a Lei n.º 58/2005,
de 29 de dezembro, a Lei da Água, bem como o Decreto-Lei n.º 77/2006, de 30 de março, que
complementa o regime jurídico consagrado na Lei da Água, o Decreto-Lei n.º 115/2010, de 22 de
77
outubro, refere que os Planos de Gestão dos Riscos de Inundações são planos de recursos hídricos que
promovem o planeamento das águas, constituindo planos específicos de gestão das águas, neste caso
focados na problemática das consequências associadas às inundações. São elaborados em articulação
com o disposto nos Planos de Gestão das Regiões Hidrográficas (PGRH), salientando-se por esse motivo
a integração efetuada com a 2.ª Geração do Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Arquipélago
da Madeira (2016-2021).
O presente PGRI enquadra-se temporalmente na primeira avaliação dos riscos de inundações. Os PGRI
são reavaliados e, se necessário, atualizados, até 22 de dezembro de 2021 e, seguidamente, de seis em
seis anos. O impacto provável das alterações climáticas na ocorrência de inundações deve ser tido em
consideração nas reavaliações referidas, merecendo particular atenção neste domínio a Estratégia de
Adaptação às Alterações Climáticas da Região Autónoma da Madeira.
A área de intervenção não se insere em zona com riscos significativos de inundações. De qualquer modo
a intervenção deverá enquadrar-se nas orientações inscritas no Plano Regional de Emergência e Proteção
Civil.
A revisão do Plano Diretor Municipal de Câmara de Lobos, foi aprovado pela Resolução n.º 134/2019,
de 19 de março.
78
Solo Urbano
Espaços Centrais (2) – de acordo com o Artigo 41.º do Regulamento do PDM, os Espaços Centrais
correspondem a áreas urbanas de usos mistos que integram funções habitacionais e uma concentração
diversificada de atividades terciárias, desempenhando, pelas suas caraterísticas, funções de
centralidade. Nos Espaços Centrais são permitidos os seguintes usos e ocupações:
Assim, considera-se que o Projeto não apresenta incompatibilidade com o consignado no PDM.
Estação do Paredão
Solo Rústico
Espaços Naturais - Áreas de Elevado Valor Natural - N(VN) – de acordo com o Artigo 70.º do PDM, são
qualificados como Espaços Naturais, aqueles que integram áreas de reconhecido e elevado valor
paisagístico e ambiental, privilegiando-se a salvaguarda das suas caraterísticas essenciais e
fundamentais para a conservação da natureza e diversidade biológica e paisagística. Identificam-se
como subcategorias dos Espaços Naturais as Arribas e Escarpas, as Áreas de Elevado Valor Natural e as
Áreas de Formações Vegetais Espontâneas. No caso, a Estação do Paredão (e infraestruturas associadas)
ficará localizada em Áreas de Elevado Valor Natural.
Em qualquer uma das subcategorias de Espaços Naturais, são interditas as seguintes ações/atividades
de remoção ou danificação de espécies autóctones, salvo quando enquadradas em intervenções de
gestão florestal ou conservação da natureza, devidamente licenciadas, alterações à morfologia do solo,
pela instalação de depósitos, que acusem impacte visual negativo ou poluam o solo, o ar ou a água, bem
79
como o vazamento de entulhos, descargas de águas residuais nos cursos e planos de água, no solo ou no
subsolo e atividades de pirotecnia.
Assim, importa entender junto do Município de Câmara de Lobos, a compatibilidade do Projeto com o seu
PDM uma vez que as atividades necessárias à sua implementação podem-se considerar como incluídas
naquelas consideradas interditas, mas o Projeto em si, enquadra-se nas atividades compatíveis.
Solo Rústico
Espaços Florestais - Espaços Florestais Mistos – FM – de acordo com o Artigo 65.º do Regulamento do PDM,
os Espaços Florestais abrangem as áreas com presença dominante do estrato arbóreo, em alguns casos,
de áreas com apetência para a produção florestal. Os Espaços Florestais destinam-se à preservação e
regeneração natural do coberto florestal e dos valores naturais da paisagem, e à promoção do controlo
da erosão e da estabilidade e diversidade ecológica. Nos Espaços Florestais, devem ser preservadas as
caraterísticas naturais e potenciadas as possibilidades de revitalização biofísica, com vista ao equilíbrio
e à diversidade paisagística e ambiental, sendo permitidas ações que visem acelerar a evolução das
sucessões naturais, com manutenção ou introdução de matas de folhosas autóctones, com aplicação de
técnicas culturais não degradantes dos recursos em proteção.
Nos Espaços Florestais Mistos são permitidos os seguintes usos e ocupações: edificações de apoio à prática
agrícola, silvícola ou silvopastoril, nomeadamente estufas, armazéns, arrecadações e garagens; comércio
e serviços, desde que diretamente ligados às utilizações agrícolas, florestais, aquícolas ou piscícolas.
Identificam-se como usos compatíveis os empreendimentos turísticos, nas tipologias de turismo no espaço
rural e empreendimentos de turismo da natureza, os espaços e edifícios de culto, equipamentos públicos
de interesse ambiental, instalações de vigilância e prevenção e apoio ao combate a incêndios, zonas de
80
Assim, mais uma vez, importa entender junto do Município de Câmara de Lobos, a compatibilidade do
Projeto com o seu PDM uma vez que as atividades necessárias à sua implementação podem-se considerar
como incluídas naquelas consideradas interditas, mas o Projeto em si, enquadra-se nas atividades
compatíveis.
Parque Aventura
Espaços Naturais: Áreas de Formações Vegetais Espontâneas - N(VP) – de acordo com o Artigo 70.º do
PDM, são qualificados como Espaços Naturais, aqueles que integram áreas de reconhecido e elevado
valor paisagístico e ambiental, privilegiando-se a salvaguarda das suas caraterísticas essenciais e
fundamentais para a conservação da natureza e diversidade biológica e paisagística. Identificam-se
como subcategorias dos Espaços Naturais as Arribas e Escarpas, as Áreas de Elevado Valor Natural e as
Áreas de Formações Vegetais Espontâneas.
Em qualquer uma das subcategorias de Espaços Naturais, são interditas as seguintes ações/atividades
de remoção ou danificação de espécies autóctones, salvo quando enquadradas em intervenções de
gestão florestal ou conservação da natureza, devidamente licenciadas, alterações à morfologia do solo,
pela instalação de depósitos, que acusem impacte visual negativo ou poluam o solo, o ar ou a água, bem
como o vazamento de entulhos, descargas de águas residuais nos cursos e planos de água, no solo ou no
subsolo e atividades de pirotecnia.
81
Assim, importa entender junto do Município de Câmara de Lobos, a compatibilidade do Projeto com o seu
PDM uma vez que as atividades necessárias à sua implementação podem-se considerar como incluídas
naquelas consideradas interditas, mas o Projeto em si, enquadra-se nas atividades compatíveis.
Espaços Culturais – C - são qualificados como Espaços Culturais as áreas de património histórico,
arquitetónico, arqueológico e paisagístico, com vista da proteção, conservação e valorização dos valores
em presença. Nos Espaços Culturais é prioritária a manutenção do uso dominante existente, à data de
elaboração do Plano, sendo, no entanto, permitidos os usos compatíveis referidos no artigo seguinte, com
vista à valorização, a salvaguarda e a sustentável exploração turística e lúdico-pedagógica das zonas
abrangidas.
Considera-se, desta forma, que o Projeto, na sua componente de Parque Aventura, é compatível com o
consignado no Regulamento.
O Plano de Gestão Florestal (PGF) engloba as Serras do Funchal e de Câmara de Lobos, das quais fazem
parte os Montados do Paredão e do Cidrão, inseridas nos Concelhos do Funchal e de Câmara de Lobos.
Este plano avalia a ocupação florestal atual e cria, no âmbito dos objetivos de gestão estabelecidos, o
plano de gestão florestal, de acordo com as orientações estabelecidas pelos vários instrumentos de
ordenamento e planeamento florestal em vigor, nomeadamente a Lei de Bases da Política Florestal,
regulamentada pela Lei n.º 33/96 de 17 de agosto; o Plano Regional de Ordenamento Florestal da
Região Autónoma da Madeira (PROF-RAM), regulamentado pela Resolução n.º 600/2015, de 6 de
agosto do Conselho do Governo Regional; e a Resolução n.º 64/2016, de 12 de fevereiro do Conselho
do Governo Regional.
82
O Projeto em análise interfere com uma área abrangida por este Plano na área da Estação do Paredão.
Não se identificam, no entanto, quaisquer condicionamentos resultantes desta interferência.
Da análise efetuada, e para além das condicionantes que resultam dos instrumentos de ordenamento
atrás já descritos, não é identificada qualquer outra condicionante aplicável, a partir da análise da
Planta de Condicionamento de Câmara de Lobos.
Ao nível das condicionantes, a área de intervenção sobrepõe-se a áreas de Reserva Ecológica Nacional
nem de Reserva Agrícola Nacional, uma vez que abrange a Área protegida do parque Natural da
Madeira e Sítio da rede Natura 2000, nos termos do decreto legislativo Regional nº 18/2011/M, de 11
de agosto, o qual estabelece um regime transitório para a aplicação À Região Autónoma da Madeira
do regime jurídico da reserva Ecológica Nacional, estabelecendo que, durante a vigência deste regime,
a REN é definida com base nos regimes jurídicos das áreas protegidas em vigor na Região Autónoma da
Madeira.
83
A Caracterização da Situação de Referência consiste numa descrição do estado atual do ambiente num
dado espaço (correspondente à área que será afetada pelo Projeto), o qual é suscetível de vir a ser
alterado pelo Projeto em estudo. A área afetada é variável, consoante o fator em análise, e por isso
foram consideradas áreas de estudo diferentes conforme já apresentado no Subcapítulo 2.2.
A análise foi desenvolvida numa primeira fase com recurso a bibliografia da especialidade, e
posteriormente foi completada com reconhecimentos de campo realizados na área de estudo pelos
especialistas envolvidos no EIA.
A NÍVEL BIOFÍSICO
84
• Solos e Ocupação dos Solos: foram caracterizados os solos em presença, tendo em atenção o
seu potencial de utilização - agrícola ou florestal, sensibilidade à poluição em obra e limitações
de utilização. Foi efetuada a caracterização dos solos, em termos de ocupação e usos, com base
na consulta de cartografia, de ortofotomapas e de reconhecimentos de campo à área de estudo,
particularmente ao local de inserção do Projeto;
• Gestão de Resíduos: efetua-se uma síntese das questões relacionadas com a gestão de resíduos
na área de intervenção do Projeto, tendo em conta os resíduos que serão potencialmente
produzidos nas diferentes fases de Projeto (construção, exploração e desativação), das
entidades/operadores que existem na região que garantam a recolha/tratamento de resíduos e
efluentes (principalmente aqueles a que se terá de recorrer em fase de obra), bem como um
breve enquadramento legal deste tema;
A NÍVEL SOCIOECONÓMICO
• Saúde humana: foram identificados os fatores ambientais cuja variação, em função dos impactes
do projeto, poderão incidir direta ou indiretamente, na Saúde Humana. Foi ainda efetuada a
caracterização geral da saúde humana na área de estudo, recorrendo-se para tal ao Perfil Local
de Saúde na área geográfica de influência dos Projetos.
Para os fatores ambientais em que tal seja pertinente, é detalhada a metodologia específica utilizada,
no início dos respetivos Subcapítulos.
6.2.1 Clima
86
A caracterização do clima na região onde se insere o Projeto foi efetuada com base na informação
presente no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA, 2021) recorrendo-se a séries
mensais e anuais de observações baseadas no período de referência de 1971-2000.
¨ C: Clima mesotérmico (temperado) húmido, em que a temperatura dos três meses mais frios
varia entre os -3ºC a 18ºC e a temperatura média do mês mais quente é superior a 10ºC;
¨ a: Verão quente com temperatura média do mês mais quente superior a 22ºc;
¨ b: Verão temperado com temperatura média do mês mais quente menor ou igual a 22 ºC e
com quatro meses ou mais com temperatura média superior a 10 ºC.
Consultando o Atlas Climático Ibérico (AEM & IM, 2011) é possível concluir que a Ilha da Madeira
apresenta um clima temperado com verão seco e temperado (Csb) na maior parte da Ilha onde a
temperatura média do mês mais quente é menor ou igual a 22 °C e com quatro meses, ou mais, com
temperatura média superior a 10 °C. Contudo, o clima é temperado com verão seco e quente (Csa) na
costa sul nas áreas de baixa altitude, onde temperatura média do mês mais quente é superior a 22 °C.
A área em estudo, apresenta um clima do tipo Csb, como característico das zonas de maior altitude na
região da Madeira.
6.2.1.3 Meteorologia
A estação climatológica utilizada para descrever o clima na área de estudo, conforme a disponibilidade
dos dados meteorológicos e proximidade à área de estudo, é a estação do Funchal denominada por
87
O Quadro 6.1 descreve as características desta estação, bem como a altitude e a distância das mesmas
à área de estudo para a implantação do Projeto.
Quadro 6.1
Características gerais da estação climatológica considerada:
Ressalva-se que localmente poderão ocorrer algumas variações climáticas em relação a esta estação,
devido a condições particulares, de que se destacam a orografia e a distância a massas de água.
6.2.1.4 Temperatura do ar
Na proximidade à área de estudo, o clima apresenta uma temperatura média anual de 18,9ºC. Nos
meses de verão, as médias das temperaturas máximas são mais elevadas em agosto e setembro com,
respetivamente, 25,8ºC e 25,9ºC e nos meses de inverno, a média da temperatura mínima é mais baixa
no mês de fevereiro, com 12,9ºC. Quanto à amplitude térmica mensal apresenta uma média anual de
6ºC.
Considerando as temperaturas médias mensais, verifica-se que o ano se divide em dois semestres, um
mais frio, de dezembro a junho, no qual a temperatura média mensal é inferior à temperatura média
anual, e um mais quente, que se estende de julho a novembro, e em que a temperatura média mensal é
superior à média anual. Os valores menos e mais elevados são atingidos, respetivamente, em fevereiro
com 16,1ºC e em agosto e setembro, com 22,6ºC.
88
30
25
Temperatura (oC)
20
15
10
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Temp, máx, ar 19,3 19,3 19,8 19,9 20,9 22,6 24,4 25,8 25,9 24,4 22,4 20,3
Temp, min, ar 13,2 12,9 13,3 13,8 14,9 16,9 18,4 19,3 19,3 17,9 16,1 14,4
Temp, média ar 16,2 16,1 16,5 16,9 17,9 19,7 21,4 22,6 22,6 21,2 19,2 17,4
Figura 6.1 – Variação dos valores mensais da temperatura mínima, média e máxima na Estação do Funchal (Período
de 1971-2000).
6.2.1.5 Insolação
Ao analisar a Figura 6.2, observa-se, na estação do Funchal, a variação de horas médias de sol ao longo
do ano, relacionadas com a sazonalidade. Os meses com maior valor de insolação, julho e agosto,
recebem, respetivamente, 221 e 231 horas mensais de sol, enquanto os meses menos ensolarados, de
dezembro a fevereiro, recebem menos de 142 horas mensais. A insolação total anual tem um valor de
2 057 horas (vd. Figura 6.2).
250
200
Insolação média (h)
150
100
50
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Insolação média (h) 140 141 172 169 183 151 221 231 189 175 152 134
Figura 6.2 – Insolação média mensal para a estação do Funchal (Período de 1971-2000).
89
A humidade relativa do ar mede o grau de saturação do vapor de água na atmosfera, sendo dado pela
razão entre a massa do vapor de água que existe num determinado volume de ar húmido e a massa de
água que existiria se o ar estivesse saturado à mesma temperatura, num dado local e instante
considerado. A possibilidade de ocorrência de precipitação aumenta à medida que a humidade do ar
se aproxima de 100%. Os valores registados às 9h são representativos da média dos valores das 24h
diárias. Os valores médios mensais da humidade relativa do ar na estação do Funchal estão
representados na Figura 6.3.
75
74
Humidade relativa do ar média
73
72
71
(%)
70
69
68
67
66
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Humidade 74 74 70 69 71 73 74 73 72 72 72 74
Figura 6.3 – Humidade relativa média do ar mensal às 9:00h (%) na estação do Funchal (Período de 1971-2000)
6.2.1.7 Nebulosidade
O número médio de dias por ano com céu encoberto, na estação climatológica do Funchal é de 85,
distribuídos ao longo do ano com maior incidência entre os meses de dezembro e junho. O número médio
de dias com céu limpo é de 53. Na Figura 6.4 apresenta-se a variação anual da ocorrência de dias de
céu encoberto e de céu limpo, na estação do Funchal.
90
30
25
20
nº de dias
15
10
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Céu limpo 10 8 7 6 10 13 20 23 11 9 9 8
Céu encoberto 14 14 8 9 6 2 1 1 3 8 11 17
Figura 6.4 – Gráfico com o número de dias médio com céu limpo e céu encoberto na estação climatológica do Funchal
(Período de 1971-2000)
6.2.1.8 Nevoeiro
O número de dias com nevoeiro, na estação climatológica do Funchal, é quase nulo, apresentando um
valor médio anual inferior a 1 dia por ano.
6.2.1.9 Geadas
O número de dias com geada, na estação climatológica do Funchal, apresenta um valor nulo, não existindo
nesta estação nenhum dia por ano com que apresente este parâmetro.
6.2.1.10 Trovoada
A estação do Funchal apresenta um total anual de 7,5 dias com trovoada. O período de maior incidência
de trovoada corresponde aos meses de setembro a abril (vd. Figura 6.5). A frequência de trovoadas na
região em estudo é pouco significativa.
91
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Trovoada 1,1 0,7 0,8 0,4 0,2 0,1 0,1 0,1 0,5 1,1 1,0 1,4
Figura 6.5 – Gráfico com o número de dias médio com ocorrência de trovoada estação climatológica do Funchal
(Período de 1971 – 2000).
6.2.1.11 Vento
Através da Figura 6.6 é possível analisar a variação mensal da velocidade do vento na estação em
estudo. Verifica-se que as velocidades médias mensais do vento nesta estação climatológica mantêm-se
sensivelmente constante ao longo do ano, apresentando um valor médio de 7,6 km/h. A velocidade do
vento é maior no mês de dezembro (10 km/h) e menor nos mês de julho (5,6 km/h).
10,0
9,0
nº médio de dias com vento
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Vento 8,8 8,9 8,2 8,0 7,1 5,9 5,6 6,0 6,7 7,7 8,5 9,1
Figura 6.6 – Gráfico com a velocidade média do vento mensal na estação climatológica do Funchal (Período de 1971-
2000)
92
6.2.1.12 Evaporação
120
100
evaporação (mm)
80
60
40
20
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Evaporação 92 85 103 96 90 80 84 93 96 100 98 94
Figura 6.7 – Gráfico com a evaporação média mensal (com mediação através de evaporímetro de Piche; observação
das 09 às 09h UTC) na estação climatológica do Funchal (Período de 1971-2000)
6.2.1.13 Precipitação
120
precipitação total
acumulada (mm)
100
80
60
40
20
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Precipitação 90 67 58 37 29 7 3 3 36 81 84 106
93
Figura 6.8 – Precipitação média mensal da estação climatológica do Funchal (Período de 1971-2000)
6.2.2.1 Enquadramento
A definição de alterações climáticas foi estabelecida pelo IPCC – Painel Intergovernamental para as
Alterações Climáticas, cujo último relatório foi publicado recentemente, em 2021, denominado 6º
Relatório de Avaliação (AR6). O anterior relatório (AR5) data de 2013/2014, e foi a partir deste que
se desenvolveram os trabalhos publicados atualmente.
O seu conceito designa quaisquer alterações no estado do clima que possam ser identificadas pelas
ferramentas estatísticas utilizadas na análise de médias dos diversos fatores climáticos, como por exemplo
a temperatura ou a precipitação, e que atestem a variabilidade por um período prolongado, na ordem
das décadas. As variações identificadas podem resultar de processos naturais como a modulação de
ciclos solares ou de origem antropogénica, consequente das atividades humanas que provoquem
persistentes alterações na composição da atmosfera ou no uso do solo.
Tanto o 6.º Relatório de Avaliação (AR6) (IPCC, 2021), como o AR5 (IPCC, 2014), identificam
inequivocamente a influência humana no sistema climático devido à emissão de gases com efeito de estufa
(GEE). Os níveis muito elevados de concentração de GEE são responsáveis pelas alterações já verificadas
e que se prevê intensificarem-se, ao nível do aumento da temperatura média, das modificações no ciclo
global da água provocadas por diferentes padrões de precipitação, da redução das massas de gelo
polares e dos glaciares, da subida do nível médio do mar e da frequência e magnitude de eventos
meteorológicos extremos. Os resultados publicados referem que:
¨ Cada uma das últimas quatro décadas foi sucessivamente mais quente do que qualquer década
que a precedeu desde 1850, sendo que as primeiras duas décadas deste século (2001-2020)
foram 0,99ºC mais quentes que no período 1850-1900;
94
2019, que atingiu reduções de 40% em setembro e 10% em março, o que provocou os níveis
mais baixos desde 1850;
¨ Os eventos extremos associados a precipitação intensa, aumentaram desde 1950, assim como
as secas.
Relativamente à subida do nível do mar, foi publicado em 2019 pelo IPCC o relatório “The Ocean and
Cryosphere in a Changing Climate”, que identificou uma redução substancial da massa de gelo
comparativamente com as anteriores décadas, o desaparecimento de glaciares e uma aceleração na
taxa de degelo, que por exemplo, triplicou na Antártida no período entre 2007 e 2016, relativamente
ao período de 1997-2006 e na Gronelândia duplicou para os mesmos períodos temporais. Foi ainda
contabilizado o valor de subida do nível médio do mar entre 1902 e 2015, que atingiu os 0,16 m (com
variação de probabilidades entre 0,12 e 0,21 m), sendo que a sua taxa de aumento de 2006 a 2015
foi de 3,6 mm/ano, aproximadamente 2,5 vezes mais do que a taxa entre 1901 e 1990, que se situava
em 1,4 mm/ano. No futuro, as últimas projeções indicam que:
¨ O aumento do nível do mar será de 0,39 m (variando de 0,26 e 0,56 m) para o período 2081
– 2100 e 0,43 (variação entre 0,29 e 0,59 m) em 2100 comparando com o período 1986-
2005, podendo atingir 0,71 m (variando entre 0,51 e 0,92 m) para 2081-2100 e 0,84 m
(variando entre 0,61 m e 1,10 m) em 2100, no caso mais gravoso de projeção das emissões
antropogénicas de GEE.
No ano de 2018 foi publicado o Relatório Especial do IPCC - Aquecimento Global de 1,5°C que concluiu
que a alteração da temperatura média global à superfície provavelmente excederá, até ao fim do século
XXI, os 1,5°C relativamente ao registado no período 1850 -1900. No entanto, esse nível de aumento
poderá ser atingido já entre 2030 e 2052, caso a emissão de GEE continue a aumentar ao ritmo atual.
95
¨ o aumento das temperaturas médias poderá atingir entre 4ºC e 7ºC para o horizonte temporal
de 2100 (IPMA, 2016);
¨ a taxa de aumento do nível médio do mar tem acelerado, com aumentos de 2,2 mm/ano, de
1992 a 2004, e de 4,1 mm/ano, de 2005 a 2016, sendo que a taxa aumenta cerca de 0,079
mm/ano (Antunes, 2016).
É de ressalvar que a interpretação dos resultados obtidos deverá ter em conta a elevada incerteza
associada às projeções climáticas, nomeadamente devido à complexidade dos sistemas climáticos globais,
à heterogeneidade dos seus efeitos a nível regional e local, às limitações das ferramentas de previsão
climática e à incerteza que envolve a evolução das emissões antropogénicas de GEE.
Pretende-se, assim, apresentar uma análise da previsível evolução futura do sistema climático à escala
regional e o seu potencial impacto sobre as infraestruturas e serviços a prestar pelo projeto e também os
impactos relativos à construção da infraestrutura nas alterações climáticas.
Neste trabalho foi considerada como referência a Política Climática Nacional, aprovada pela Resolução
do Conselho de Ministros nº 56/2015, de 30 de julho, que contempla o Programa Nacional para as
Alterações Climáticas 2020/2030 (PNAC 2020/2030) e a Estratégia Nacional de Adaptação às
Alterações Climáticas (ENAAC 2020), enquadrando-se, igualmente, a temática no Roteiro para a
Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050), aprovado pela Resolução de Ministros nº 107/2019 de 1 de
julho.
6.2.2.2 Metodologia
¨ AR6 IPCC (IPCC, 2021) e AR5 IPCC (IPCC, 2014), escala global;
96
A análise obedece a uma cenarização climática, específica do projeto, tendo em conta a informação
disponível e em linha com os pressupostos utilizados nos documentos supramencionados. Para esta análise
consideram-se as variáveis ou fatores climáticos1 disponíveis e mais suscetíveis de impactar o projeto.
É de referir que sempre que se utilizarem dados do Portal do Clima (escala regional), o modelo elegido
é o Ensemble, que traduz a combinação de vários modelos climáticos apresentando um resultado integrado
de um conjunto de simulações de modo a caracterizar uma projeção de cada fator climático. O Portal do
Clima apenas apresenta dados relativos ao território de Portugal continental, pelo que esta plataforma
não foi utilizada para o projeto em estudo, na região da Madeira.
A caracterização inicia-se com a seleção dos cenários climáticos de referência e da escala temporal a
considerar, tendo em conta as evoluções previstas das concentrações globais de gases de efeito de estufa
ao longo do tempo segundo as perspetivas de desenvolvimento socio-económico-tecnológico definidas
pelo IPCC ao longo do séc. XXI.
As projeções relativas a cada fator climático são realizadas a partir de quatro diferentes Representative
Concentration Pathways (RCPs) (IPCC, 2014), que procuram prever as emissões antropogénicas de gases
com efeito de estufa considerando o crescimento populacional, a atividade económica, estilo de vida, uso
de energia, padrões de usos do solo, tecnologia e a política climática. Estes incluem um cenário de redução
de emissões de GEE (RCP2.6), dois intermédios, com maior probabilidade de acontecimento tendo em
conta a evolução atual (RCP4.5 e RCP6.0) e um cenário mais gravoso, de aumento elevado de emissões
(RCP8.5) (vd. Figura 6.9).
1 Variável/ Fator Climático: Variáveis físicas, químicas ou biológicas correlacionadas entre si e que contribuem de
forma crítica para a caracterização do clima da Terra. Incluem p. ex. a temperatura, a precipitação, o vento, a
humidade relativa do ar ou a subida do nível médio do mar (IPCC, 2014).
97
Figura 6.9 – Projeção das emissões de GEE até 2100 e identificação dos diferentes RCP
Os eventos extremos são caracterizados, no Portal do Clima, através das anomalias, ou seja, pelas
diferenças relativamente aos valores das variáveis climáticas na situação de referência. Estas anomalias
são definidas através de percentis, medidas que dividem as amostras. Esta fonte utiliza os percentis
mínimo (o menor dos dados), percentil 10, percentil 25, mediana, percentil 75, percentil 90 e máximo (o
maior dos dados). Para este trabalho, considera-se relevante a apresentação dos seguintes percentis:
¨ Mediana, situação que ocorre em 50% dos anos, ou seja, em cada período analisado de 30
anos, ocorre em 15 anos;
¨ Máximo, situação com baixa probabilidade de acontecimento, que se pretende utilizar para
representar a situação mais gravosa. É o valor mais alto definido pelos modelos climáticos
utilizados para o período analisado.
Esta ferramenta permite também observar, além da anual, a distribuição das anomalias por estações do
ano, nomeadamente inverno, primavera, verão e outono.
É de referir que, embora já tenha sido publicado o AR6 (IPCC, 2021), os trabalhos e ferramentas
disponíveis na atualidade utilizaram como referência o AR5 (IPCC, 2014). Assim, no presente trabalho e,
em linha com a maioria dos trabalhos científicos relacionados com alterações climáticas a nível mundial,
a subsequente análise considerará o RCP4.5, que pressupõe uma trajetória de aumento da concentração
de CO2 atmosférico até 520 ppm em 2070, com incremento mais reduzido até 2100. Cenário em
concordância com os objetivos do Acordo de Paris e o RCP8.5, que pressupõe aumentos da concentração
98
de CO2 até 2050 e um aumento intensificado até 2100, atingindo 950 ppm de CO2 atmosférico. Cenário
em que se propõe demonstrar o caso mais grave projetado.
Quanto aos horizontes temporais a utilizar, irá definir-se uma situação de referência, futuros de curto,
médio e de longo prazo. De acordo com o IPCC e o Portal do Clima, estes horizontes podem referir-se a
períodos de 30 anos, nomeadamente:
¨ 2011-2040 (curto-prazo);
¨ 2041-2070 (médio-prazo);
¨ 2071-2100 (longo-prazo).
No caso de ter sido publicado um Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas específico
da região em estudo, deverá dar-se preferência aos dados que apresenta e aos pressupostos utilizados.
Para este projeto, situado no Município de Câmara de Lobos, na região autónoma da Madeira, o
documento oficial, existente e disponível, associado à região mais perto da área em estudo corresponde
ao Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas do Funchal (PMAACF) (CMF, 2016),
correspondente ao município do Funchal, que faz fronteira a leste com o município mais representativo da
área em estudo. O PMAACF foi o plano utilizado para os dados necessários para o presente trabalho.
Pretende-se, deste modo, realizar uma caracterização de âmbito regional o mais rigorosa possível e, se
possível, de âmbito local/concelhio. A caracterização será realizada a partir da análise das anomalias
climáticas de cada fator climático, ou seja, a diferença de valores num dado período futuro relativamente
ao período de referência considerado.
Não obstante, deve ter-se em conta a margem de incerteza associada aos modelos climáticos e,
consequentemente, aos resultados apresentados.
6.2.2.3.1 Temperatura
Globalmente, os AR5 (IPCC, 2014) e AR6 (IPCC, 2021) reconhecem aumentos da temperatura muito
significativos. Por ser um dos fatores mais relevantes em matéria de alterações climáticas, considerou-se
pertinente analisar, além das escalas regional e local, a global e as diferenças das projeções entre os
99
dois relatórios do IPCC. É evidente no Quadro 6.2, que o AR6 indica valores de temperatura mais
elevados, traduzindo uma maior magnitude dos impactos no clima mundial. Realça-se que as últimas
projeções globais, publicadas pelo AR6, indicam aumentos entre os +2,0ºC e os +2,7ºC no caso do
RCP4.5 e entre os +2,4ºC e os +4,4ºC para o cenário mais conservativo, o RCP8.5.
Quadro 6.2
Subida prevista da temperatura média global do ar à superfície para meados e finais do século XXI
em relação ao período de referência de 1986-2005
Alterações da
AR5 AR6 AR5 AR6
temperatura média
(2046-2065) (2041-2060) (2081-2100) (2081-2100)
global à superfície (ºC)
RCP4.5 + 1,4 + 2,0 + 1,8 + 2,7
RCP8.5 + 2,0 + 2,4 + 3,7 + 4,4
Fonte: AR5 e AR6, IPCC (2014 & 2021)
Regionalmente, através do PMAACF (CMF, 2016) é possível notar que a região da Madeira segue a
tendência generalizada, de todo o território português, de aumento das temperaturas médias anuais.
O concelho do Funchal segue também a mesma tendência, quer em termos de temperatura média, como
de temperatura máxima, como se pode observar nos Quadro 6.3 e Quadro 6.4.
Na análise feita, será dado maior ênfase ao intervalo de tempo futuro de médio prazo, correspondente
ao meio de século XXI por ser o intervalo que melhor se enquadra no período de vida do projeto em
estudo. No Quadro 6.3 é possível analisar que para a envolvente da área de estudo, as projeções de
anomalia de temperatura média anual para o intervalo de tempo futuro de 2040-2060 serão de
+0,92ºC para o cenário RCP4.5 e de +1,49ºC para o cenário RCP8.5.
Quadro 6.3
Média das anomalias de temperatura média anual (ºC) quanto ao período de referência (2040-2100)
para o município do Funchal, de acordo com os RCP 4.5 e RCP 8.5 até finais do Século XXI
No Quadro 6.4 é possível analisar que para a envolvente da área de estudo do projeto, as projeções
de anomalia de temperatura máxima anual para o intervalo de tempo futuro de 2040-2060 são de
+1,04ºC para o cenário RCP4.5 e de +1,69ºC para o cenário RCP8.5.
100
Quadro 6.4
Média das anomalias de temperatura máxima anual (ºC) quanto ao período de referência (2040-
2100) para o município do Funchal, de acordo com os RCP 4.5 e RCP 8.5 até finais do Século XXI
Todos os cenários e modelos utilizados para a região, projetam um aumento da temperatura média anual
até ao final do século. No que diz respeito às médias mensais da temperatura máxima e mínima, ambos
os cenários projetam aumentos, até ao final do século (PMAACF) (CMF, 2016).
6.2.2.3.2 Precipitação
Estudos apontam para a previsão de redução da precipitação para o meio de século em 19% (RCP4.5)
e de 24% (RCP8.5) (vd. Quadro 6.5). Para o final do século, no pior cenário (RCP8.5) está prevista uma
redução de aproximadamente 1/3 da precipitação total anual para a região da Madeira.
O PMAACF aponta que as regiões de maior altitude, como a casa da área de projeto, são as que
tenderão a sofrer maiores decréscimos de precipitação.
Quadro 6.5
Anomalias de redução de precipitação média anual (%) para o município do Funchal, de acordo com os
RCP 4.5 e RCP 8.5 até finais do Século XXI
Grande parte da redução de precipitação anual deve-se à redução projetada para o inverno (entre
10% e 40%), sendo este o período de maior precipitação. A primavera sofre também uma quebra
acentuada de precipitação, sendo que no período 2040-2069 apontam-se perdas entre 0% e - 35%, e
para o período 2070-2099 perdas entre de -30% e -65%. No verão prevê-se o aumento da
precipitação, percentualmente muito elevado (até 100%), mas em termos absolutos a variação é
pequena, devido à precipitação ser reduzida nesta estação do ano. No outono será também esperada
uma diminuição de precipitação, porém as variações percentuais serão um pouco inferiores às previstas
para a primavera, nomeadamente até aos - 40% em 2040-2069 e até - 60% em 2070-2099.
101
De forma geral a precipitação diminuirá de forma sazonal ao longo do ano em todas as estações, com
exceção do verão, em que é esperado um aumento de precipitação, contudo reduzido em termos
absolutos. Devido a estas reduções é espero o aumento da frequência de intensidade de secas ao longo
do ano (PMAACF) (CMF, 2016).
Segundo o PMAACF não existe ainda uma tendência clara sobre previsões de eventos futuros de
fenómenos extremos de precipitação.
De entre os vários vetores responsáveis pela subida do Nível Médio do Mar (sNMM), descritos no AR5
do IPCC (IPCC, 2014), referem-se entre outros, a expansão térmica causada pelo aquecimento global, a
depleção dos glaciares e dos lençóis de gelo da Gronelândia e Antártida e a variação da capacidade
de armazenamento de água nas zonas interiores.
Segundo o PMAAC, na Madeira, a subida do nível médio das águas do mar terá impactos mais greves,
quando conjugada com a sobrelevação do nível do mar associado a tempestades.
O local onde se insere a área do projeto em estudo, situa-se a uma altitude superior a 400 m, não
apresentando quaisquer riscos diretos perante a subida no nível médio das águas do mar.
A Figura 6.10 apresenta um resumo das principais alterações climáticas projetadas para o Município do
Funchal até ao final do século.
102
Fonte: Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas do Funchal (PMAACF) (CMF, 2016)
Figura 6.10 – Resumo das principais alterações climáticas projetadas para o Município do Funchal até ao final do
século
Na proximidade da área de estudo, o clima apresenta uma temperatura média anual de 18,9ºC. Nos
meses de verão, as médias das temperaturas máximas são mais elevadas em agosto e setembro com,
respetivamente, 25,8ºC e 25,9ºC e nos meses de inverno, a média da temperatura mínima é mais baixa
no mês de fevereiro, com 12,9ºC. Quanto à amplitude térmica mensal apresenta uma média anual de
6ºC.
103
A insolação total anual tem um valor de 2057 horas de sol. Os meses com maior valor de insolação, julho
e agosto, recebem, respetivamente, 221 e 231 horas mensais de sol, enquanto os meses menos
ensolarados, de dezembro a fevereiro, recebem menos de 142 horas mensais.
Outros eventos climáticos, como o nevoeiro e a geada, ocorrem na Madeira com uma expressão pouco
significativa (quase nula). Enquanto o fenómeno de trovoada ocorre em média 7,5 dias por ano.
Relativamente à precipitação, a zona em estudo apresenta uma pluviosidade total acumulada anual de
600 mm.
No que toca às alterações climáticas, as projeções mais significativas são as referentes à temperatura do
ar. Prevê-se que a temperatura média aumente até +1,49ºC e a temperatura máxima até +1,69ºC,
ambas considerando o cenário mais danoso (RCP8.5) para o período correspondente a meio do século
XXI.
Relativamente à precipitação, o cenário RCP8.5, aponta para o final do século uma redução de
precipitação de 24%. Existindo uma tendência generalizada de redução da precipitação de forma
sazonal ao longo do ano.
O local onde se insere a área do projeto em estudo, situa-se a uma altitude superior a 400 m, não
apresentando quaisquer riscos diretos perante a subida no nível médio das águas do mar.
Para a caracterização geológica da área de estudo utilizou-se como base a Carta Geológica da Ilha da
Madeira, à escala 1/50 000 e a respetiva Notícia Explicativa, publicadas pela Secretaria Regional do
Ambiente e Recursos Naturais, Região Autónoma da Madeira e Universidade da Madeira (BRUM DA
SILVEIRA, A., 2010 e 2011). A referida cartografia apresenta-se na Figura 6.11. Consideraram-se
também os elementos de projeto (Consulplano, 2021).
104
Porto Moniz
3624000
Calheta Machico
Funchal
3623000
HOLOCÉNICO
sedimentares
Depósitos
Curral das Freiras
3622000
Paredão
3620000
3619000
0 500 1000
m
Extrato da Carta Geológica da Ilha da Madeira, à escala 1/50 000, Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais,
Região Autónoma da Madeira e Universidade da Madeira, (BRUM DA SILVEIRA, A., et al., 2010 ).
105
A ilha da Madeira corresponde à parte emersa de um grande edifício vulcânico de tipo escudo, de idade
miocénica a holocénica (7 Ma), construído sobre crosta oceânica de idade cretácica, no setor NW da
Placa Africana (Núbia), a cerca de 500 km a sul da Zona de Fratura Açores-Gibraltar, 1 600 km a leste
da Crista Média Atlântica e 640 km a oeste da Margem Continental Africana. A sua edificação ocorreu
por atividade vulcânica submarina e posteriormente por empilhamento de erupções subaéreas geradas
maioritariamente por atividade vulcânica fissural, ao longo de um eixo principal de direção aproximada
E-W (Brum da Silveira, A., 2010).
As suas lavas são alcalinas, predominando os litótipos de carácter pouco diferenciado como basanitos e
basaltos alcalinos, estando as rochas intermédias como mugearitos e traquitos representadas em raros
afloramentos.
A última erupção data de há cerca de 6 850 anos, sendo que atualmente ainda ocorrem manifestações
de vulcanismo secundário, tais como libertação de gases (CO2) e águas termais.
Na Ilha da Madeira destacam-se as rochas ígneas e as sedimentares. As rochas ígneas são as principais
da ilha, com maior representatividade geográfica à qual está associada a sua génese vulcânica. Neste
grupo são observáveis rochas de caráter intrusivo e texturas granulares, embora com escassa
representatividade no terreno. As rochas sedimentares resultam fundamentalmente dos processos erosivos
das rochas ígneas a que se associam depósitos piroclásticos contemporâneos.
Os depósitos sedimentares epiclásticos de brechas e conglomerados estão presentes nas várias unidades
estratigráficas e testemunham, entre outros, importantes movimentos de massa (enxurradas, deslizamentos,
quedas de blocos, entre outros) relacionados com o forte relevo da ilha.
Para além das formações mencionadas, destacam-se ainda rochas granulares, filões e massa filonianas;
areias de praia; depósitos eólicos; depósitos glaciares e periglaciares.
Segundo a referida Notícia Explicativa da Carta Geológica da Ilha da Madeira na escala 1:50 000, na
ilha da Madeira foram identificados três complexos vulcânicos compostos por um total de sete unidades
ou formações estratigráficas principais, limitadas por superfícies de inconformidade expressas à escala
regional da ilha (Brum da Silveira, A. et al. 2010).
• O Complexo Vulcânico Inferior (CVI) (Miocénico > 5,57 Ma) representa o final da fase submarina
do vulcão escudo, constituído por rochas muito alteradas, de possível origem hidromagmática
106
(hialoclasitos, brechas hialoclastíticas e derrames lávicos submarinos, cortadas por uma rede
densa de filões.
• O Complexo Vulcânico Superior (CVS) (Plisto-Holocénico ~ 1,8 – 0,007 Ma) corresponde à fase
de revestimento vulcânico da ilha e vulcanismo pós-erosivo, em centros eruptivos ou sistemas
fissurais situados ao longo de zonas de rift vulcânico de direção NW-SE a WNW-ESSE.
• Infraestruturas da Boca da Corrida: Situa-se na Unidade dos Lombos, composta por derrames
lávicos (CVS1β), sãos a decompostos, por vezes com intercalações de tufitos, depósitos
piroclásticos (escórias, lapilli e cinzas basálticas) e, pontualmente, por materiais de atividade
freatomagmática (Silveira et al. 2010);
• Infraestruturas do Paredão: Situa-se também na Unidade dos Lombos, especificamente nos
depósitos piroclásticos distais (CVS1 pid), compostos por cinzas e lapilli, habitualmente muito
alterados (Silveira et al. 2010);
• Infraestruturas do Curral das Freiras: localiza-se em depósitos sedimentares recentes de
movimentos de massas (dm), cujas procedências são as vertentes com maiores desníveis e
pendores, enquadrando-se a tipologia no local em apreço nos deslizamentos rotacionais. Os
materiais incorporados nestes depósitos compreendem fácies brechóides, conglomeráticas e
areníticas, com frações mais finas de clastos e matriz argilosa. São também detetáveis mega-
blocos muito fraturados em várias sequências vulcânicas (Silveira et al. 2010).
Segundo o Estudo Prévio (Consulplano, 2021), os locais de implantação das estações e edifícios de apoio
apresentam características geológicas e geotécnicas que requerem a execução de estudos localizados e
mais aprofundados para a respetiva caraterização, de modo a obter informação que permita
caracterizar:
107
Face às dificuldades de acesso aos pontos de implantação das estruturas, poderá ser inviável ou muito
condicionante a utilização de meios de grande porte na execução dos trabalhos de escavação,
estabilização e fundação. Em função da caracterização que os estudos geológico-geotécnicos
providenciarem, poderá ser necessário, para fundação e estabilização das estruturas a construir, o
recurso à execução de pregagens, ancoragens e micro-estacas de fundação.
Igualmente, deverá ser avaliada a possibilidade de existência de pedras ou blocos que possam vir a
desprender-se e que no seu movimento descendente possam causar vítimas, danos materiais ou mesmo
danificar as estruturas de suporte do Sistema de Teleféricos. Assim sendo, poderá vir a ser necessário
prever o recurso a sistemas de retenção e estabilização das encostas com redes metálicas, barreiras,
cabos de aço devidamente fixos às escarpas, através de pregagens e/ou ancoragens. Em alguns casos,
em alternativa poderá ser ponderada a remoção de blocos e pedras instáveis que possam constituir risco.
6.3.4 Geomorfologia
A Área de Estudo situa-se no Maciço Vulcânico Central da Ilha da Madeira, em terrenos muito
acidentados. De um modo geral, as vertentes do flanco norte do Maciço Central são mais íngremes e de
maior desnível, e menos inclinadas no flanco sul apesar de apresentarem acentuado entalhe da rede
hidrográfica definindo vales muito profundos que se estendem até ao mar.
A área de estudo localiza-se no rebordo de uma importante depressão de génese erosiva (Curral das
Freiras) delimitada por escarpas praticamente verticais a subverticais. Esta depressão evoluiu por erosão
dos materiais piroclásticos dos aparelhos vulcânicos iniciais devido ao entalhe da rede hidrográfica onde
se destaca o vale profundo da ribeira dos Socorridos e seus afluentes, com direção aproximada N-S a
108
NE-SW e W-E. O recuo das vertentes que limitam a depressão desenvolveu-se nos materiais mais brandos
e facilmente erodíveis, até ao contacto com as coberturas lávicas da sua periferia.
As estações do Paredão e da Boca da Corrida situam-se nas vertentes do vale da ribeira dos Socorridos,
próximo do rebordo da depressão do Curral das Freiras e a estação do Curral das Freiras assenta no
fundo da referida depressão.
Como referido anteriormente, a estação do Paredão assenta nos depósitos piroclásticos distais, compostos
por depósitos de cinzas e de lapilli em geral muito alterados. A altitude da vertente no local da estação
ronda 1 450 m.
A estação da Boca da Corrida e Parque Aventura assenta numa cobertura de derrames lávicos sãos a
decompostos, com intercalações de materiais mais brandos como tufitos e depósitos piroclásticos. A
altitude da vertente no local da estação ronda 1 230 m na proximidade do Pico da Malhada.
A estação do Curral das Freiras situa-se no fundo da depressão na localidade de Curral das Freiras em
terrenos essencialmente sedimentares, resultantes de movimentos de massa recentes enquadrando-se na
tipologia de deslizamentos rotacionais. A altitude no local previsto para as intervenções é de cerca de
620 a 630 m.
Pelas características anteriormente referidas, a área de estudo localiza-se num setor sujeito a
instabilidade dos terrenos, em que a evolução geomorfológica facilitada pelas elevadas escorrências
devidas à precipitação e pela natureza branda e alterada de algumas formações geológicas, propicia
o recuo das vertentes, através de movimentos de massa como deslizamentos.
Recorda-se que este setor é caracterizado por deslizamentos com eventos destrutivos registados. Estima-
se que o deslizamento rotacional da Achada do Curral (Curral das Freiras), tenha depositado na base
do talude um volume de material de 100 000 000 m3, formando uma área de 600 000 m2 e um
comprimento de 900 m (Abreu, U.A.V. (2007), citado em Consulplano 2021).
109
Figura 6.12 – Extrato da Carta de Suscetibilidade aos Movimentos de Massa do Concelho de Câmara de Lobos
De acordo com Fonseca et al. (1998) a, b), citado em Consulplano (2021), as principais famílias de
fraturas apresentam as direções NW-SE, E-W e NNE-SSE. Considera-se assim fundamental reconhecer as
suas representatividades geológicas-geotécnicas nos locais previstos no projeto para a instalação das
estações e demais infraestruturas que constituem o projeto, através de estudo geológico-geotécnico
aprofundado.
6.3.4.2 Sismicidade
Desde o povoamento sentiram-se esporadicamente alguns abalos de terra, às vezes com alguma
intensidade, na ilha da Madeira. Um dos primeiros sismos assinalados sentiu-se a 31 de março de 1748,
aparentemente relacionado com uma erupção vulcânica submarina a Este da Ponta de S. Lourenço. De
acordo com os registos históricos, a sismicidade pode ser considerada baixa, não tendo até à data sido
responsável por danos materiais avultados ou perda de vidas. Apenas em 1975, um sismo ocorrido no
dia 26 de maio pelas 9 horas da manhã, desalojou na zona do Funchal perto de 50 pessoas, tendo
provocado pequenos estragos em toda a ilha. Mais recentemente, nas primeiras semanas de 2006,
fizeram-se sentir cerca de 8 sismos com magnitudes entre os 2,7 e 4,2, cujos epicentros se localizaram 60
a 70 km a sul do Funchal. Esta constituiu a crise sísmica mais recente digna de realce. Não é improvável
que possam ocorrer sismos relacionados com o próprio sistema vulcânico (ainda ativo) da Madeira.
110
Assim, a sismicidade registada na Madeira é fraca e sentida com baixa intensidade (Figura 6.13). O
principal perigo decorrente destes sismos é a possibilidade de poder despoletar movimentos de massa
em locais que poderão estar já em risco iminente. Este risco poderá ser potenciado se a sismicidade
ocorrer durante ou imediatamente após épocas de chuva intensa.
A ação sísmica, segundo a Norma Portuguesa NP EN 1998-1: 2010 (que estabelece o zonamento sísmico
de Portugal Continental relativamente ao dimensionamento estrutural no que se refere à ação sísmica), é
caracterizada por dois requisitos de desempenho que devem ser verificados de modo a garantir a
segurança:
Estes dois conceitos pretendem garantir a segurança, tanto das pessoas como dos equipamentos na
ocorrência de um sismo.
O requisito de não ocorrência de colapso garante que a estrutura é dimensionada para manter a sua
integridade estrutural e uma capacidade resistente residual depois do sismo, sem colapso local ou global.
A ação sísmica de referência, para este requisito é definida associada a uma probabilidade de
excedência de 10% em 50 anos, ou seja, com um período de retorno de 475 anos.
A Área de Estudo, localizada no concelho de Câmara de Lobos e do Funchal, insere-se na zona sísmica
1.6 para uma ação sísmica Tipo 1 (sismo afastado – interplacas), que corresponde a zona sísmica de
aceleração baixa (0,35 m/s2), para ações sísmicas Tipo 1. Tendo em conta o referido zonamento, a área
de estudo localiza-se numa zona de sismicidade baixa.
111
Fonte: Norma Portuguesa NP EN 1998-1, 2010 - “Projecto de estruturas para resistência aos sismos. Parte 1: Regras
gerais, acções sísmicas e regras para edifícios”. IPQ, Caparica.
Segundo o inventário de geossítios da Região Autónoma da Madeira (Brum da Silveira, A. et al. 2012),
não se identificam na área de estudo áreas com valor geológico e/ou geomorfológico suscetíveis de
serem diretamente afetadas pelo Projeto.
O Geossítio mais próximo da área de estudo corresponde ao Miradouro da Eira do Serrado, com o
código CL01, situado na margem esquerda da bacia hidrográfica da ribeira dos Socorridos. A partir do
miradouro é possível identificar a forma aberta e larga da zona de cabeceira dos Socorridos (setor da
bacia de receção) e, a jusante, o vale muito encaixado e estreito (setor do canal de escoamento).
As vertentes escarpadas e altas da região do Curral das Freiras revelam uma geologia e estrutura
vulcânica complexa, com grande diversidade litológica e estratigráfica, expondo maioritariamente
112
No interior do vale destaca-se uma forma de relevo mais baixa e de topo aplanado sobre o qual se
estabeleceu a vila do Curral das Freiras. Este patamar é composto por depósitos de brechas muito
heterométricas resultantes de um importante evento de movimento de massa, do tipo deslizamento.
Segundo a ficha de caracterização, este geossítio possui um elevado valor turístico dada a sua estética
elevada, boa visibilidade e fácil acesso. Os principais aspetos que atribuem a este local de interesse
geológico um valor científico excecional, são geomorfológico, vulcanológico e movimentos de massa.
¨ Infraestruturas da Boca da Corrida: Situa-se na Unidade dos Lombos, composta por derrames
lávicos (CVS1β), sãos a decompostos, por vezes com intercalações de tufitos, depósitos
piroclásticos (escórias, lapilli e cinzas basálticas) e, pontualmente, por materiais de atividade
freatomagmática.
113
caraterização, podendo ser necessário, para fundação e estabilização das estruturas a construir, o recurso
à execução de pregagens, ancoragens e micro-estacas de fundação.
Assim, a área de estudo localiza-se num setor sujeito a instabilidade dos terrenos, em que a evolução
geomorfológica facilitada pelas elevadas escorrências devidas à precipitação e pela natureza branda
e alterada de algumas formações geológicas, propicia o recuo das vertentes, através de movimentos de
massa como deslizamentos.
A sismicidade registada na Ilha da Madeira é fraca e sentida com baixa intensidade. O principal perigo
decorrente destes sismos é a possibilidade de poder despoletar movimentos de massa em locais que
poderão estar já em risco iminente.
6.4 HIDROGEOLOGIA
A caracterização hidrogeológica e dos recursos hídricos subterrâneos da Área de Estudo teve por base
a informação disponível no Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira (PGRH
10) –2.º Ciclo de Planeamento, o Plano Regional da Água da Madeira e a Notícia Explicativa da Carta
Geológica da Madeira na escala 1:50 000.
Segundo Prada et al. (2005) citada em Brum da Silveira et al. (2010), na Ilha da Madeira existem dois
tipos de aquíferos principais: Os aquíferos suspensos e o aquífero de base.
Os aquíferos suspensos estão associados a níveis impermeáveis compostos essencialmente por tufos, tufitos,
escoadas muito alteradas, depósitos freato-magmáticos, e depósitos sedimentares do tipo lahar.
Dependendo das condições morfológicas e estruturais favoráveis, dão origem a nascentes de caudal
variável em função da estação do ano e consequentemente da recarga da água da precipitação.
O aquífero de base corresponde a uma extensa lentícula de água doce que flutua sobre a água salgada
mais densa. As suas características dependem dos complexos vulcânicos onde estão instalados. Nas
unidades vulcânicas mais recentes, o aquífero apresenta transmissividades elevadas (1 000 25 000
m2/dia e gradientes piezométricos baixos (0,0003 a 0,006). Nas formações geológicas mais antigas,
com materiais vulcânicos muito alterados, o aquífero caracteriza-se por transmissividades mais baixas,
entre 10 a 200 m2/dia e gradientes piezométricos superiores (entre 0,02 a 0,05).
114
Apresenta-se na Figura 6.14 o modelo hidrológico conceptual da Ilha da Madeira segundo Brum da
Silveira et al. (2010).
Figura 6.14 – Modelo hidrológico conceptual da Ilha da Madeira (Prada et al. 2005)
A Área de Estudo localiza-se na Massa Água Subterrânea do Maciço Central (PTMDMC), uma das quatro
massas de água da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira (Figura 6.15). Na Ilha da Madeira
foram delimitadas três das quatro massas de água e na Ilha do Porto Santo uma massa de água.
115
As três massas de água subterrânea da ilha da Madeira possuem captações que fornecem mais de 10
m3 por dia em média ou servem mais de 50 pessoas (PGRH10, 2014).
Das 164 captações da RH10, 103 fornecem mais de 10 m3/dia e apenas 96 fornecem mais de 50
pessoas.
Na Figura 6.16 apresenta-se a repartição espacial das captações de água subterrânea na Ilha da
Madeira, observando que na zona do Curral das Freiras e envolvente próxima apenas estão
representadas captações no Túnel do Curral das Freiras.
116
As águas subterrâneas da Ilha da Madeira têm baixas mineralizações, são frias (existindo, no entanto,
um pequeno grupo de águas termais emergentes em falhas, com caudais reduzidos e características
hidroquímicas distintas).
O pH das águas do aquífero de base é alcalino, superior a 7. As águas dos aquíferos suspensos,
principalmente das nascentes de altitude, são mais agressivas, com pH entre 5,5 e 7.
Quanto à alcalinidade, os valores são em geral baixos variando entre 6 mg/l nas nascentes e 200 mg/l
nos furos.
A sílica encontra-se dentro dos valores normais para regiões vulcânicas, com valores mínimos nas águas
das nascentes suspensas de altitude e valores mais elevados nas águas de galerias e furos do aquífero
de base.
Em síntese, as águas das nascentes de altitude são predominantemente bicarbonatadas cálcicas e também
cloretadas. As águas das galerias, túneis e nascentes de menor altitude são do tipo bicarbonatadas
cálcicas e bicarbonatadas sódicas. Nos furos, situados nos leitos das ribeiras, as águas apresentam fácies
bicarbonatada e também cloretada sódica, mais pronunciada nos furos próximos do litoral (Prada 2005,
et al., citada em Brum da Silveira et al. 2010).
Segundo o relatório do estado das massas de água subterrânea do PGRH10 (2.º Ciclo), no que respeita
ao estado quantitativo, a massa de água subterrânea do Maciço Central apresenta um Bom Estado
Quantitativo. Quanto ao Estado Qualitativo, a massa de água apresenta um Bom Estado Químico. Assim,
o Estado Global corresponde a Bom, mantendo a classificação obtida no 1.º ciclo de planeamento.
A Área de Estudo localiza-se na Massa Água Subterrânea do Maciço Central (PTMDMC), uma das quatro
massas de água da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira. As águas das nascentes de altitude
são predominantemente bicarbonatadas cálcicas e também cloretadas. As águas das galerias, túneis e
nascentes de menor altitude são do tipo bicarbonatadas cálcicas e bicarbonatadas sódicas. Nos furos,
situados nos leitos das ribeiras, as águas apresentam fácies bicarbonatada e também cloretada sódica,
mais pronunciada nos furos próximos do litoral.
117
Segundo o relatório do estado das massas de água subterrânea do PGRH10 (2.º Ciclo), no que respeita
ao estado quantitativo, a massa de água subterrânea do Maciço Central apresenta um Bom Estado
Quantitativo. Quanto ao Estado Qualitativo, a massa de água apresenta um Bom Estado Químico. Assim,
o Estado Global corresponde a Bom, mantendo a classificação obtida no 1.º ciclo de planeamento.
6.5.1 Enquadramento
A área de estudo insere-se dentro da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira – RH10 (vd.
Figura 6.17), com uma área total de 2 248 km2, que compreende as ilhas da Madeira, Porto Santo e os
dois grupos de ilhas sem população permanente, as Ilhas Desertas e as Selvagens. A área de estudo
localiza-se na ilha da Madeira, com uma área de 741 km2. Assim sendo, a caracterização e análise dos
recursos hídricos superficiais na área de estudo foi realizada recorrendo ao Plano de Gestão da Região
Hidrográfica do Arquipélago da Madeira – RH10 (2.º Ciclo de Planeamento) (APA, 2016).
Para além disso, recorreu-se à análise da folha n.º 5 da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da
Madeira. Foi ainda feito um reconhecimento de campo orientado para a observação dos aspetos
relacionados com os recursos hídricos.
Numa apreensão global tem-se que a área de estudo do Sistema de Teleféricos e Parque Aventura se
localiza numa zona de relevo bastante acidentado, marcado pela presença de montanhas de grande
elevação e declive, genericamente rodeadas por ravinas profundas. A rede hidrográfica na área de
estudo é marcada pelo atravessamento de cursos de água de maiores dimensões classificados como
massas de água de acordo com a Diretiva-Quadro de Água (DQA) e por várias linhas de água de
dimensões variadas que formam uma rede hidrográfica densa com padrão de drenagem dendrítico. As
massas de água dentro das quais se desenvolve a área de estudo são caracterizadas no Quadro 6.6.
Quadro 6.6
Características das massas de água dentro das quais se desenvolve o Projeto
Comprimento do curso de
Massas de água Categoria Tipologia
água (km)
Ribeira dos Socorridos Rio Precipitação Média 16,7660
Adaptado de: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira (PGRH10, 2016).
118
A uma escala mais detalhada tem-se que o relevo é especialmente acidentado na porção poente, onde
o Projeto prevê a implantação do Parque Aventura, que se desenvolve sobre o Pico da Queda e o Pico
da Malhada, e na porção mais a nascente, na envolvente da estrada VE6/ER107, onde também se
desenvolve o Pico do Serrado.
O Projeto localiza-se maioritariamente dentro da bacia hidrográfica da ribeira dos Socorridos (RSoc11),
sendo atravessada pelo curso de água da ribeira do Curral das Freiras, na porção central. A poente
destes cursos de água identificam-se numerosas linhas de água de dimensões variadas que escoam no
sentido noroeste-sudeste, drenando maioritariamente em vales pouco encaixados para este curso de
água. A nascente da ribeira do Curral das Freiras, identificam-se igualmente numerosas linhas de água,
menos compridas e expressivas que as identificadas a poente do curso de água, mas igualmente de
dimensões variadas, que drenam nos sentidos nordeste-sudoeste e sudeste-noroeste para este curso de
água principal. A escoar de forma quase paralela à ribeira do Curral das Freiras tem-se a Levada do
Curral.
As levadas são aquedutos abertos no solo, estreitos e extensos que correspondem a canais artificiais de
irrigação, com pouco declive, destinados a captar e conduzir as águas drenadas pelas muitas nascentes
que brotam da ilha, contrariando o seu curso normal para o mar (ARQPAIS, 2019).
A linhas de água afluente da ribeira dos Socorridos pela margem direita são atravessadas pela estrada
VE6/ER107, que em termos hidrológicos e hidráulicos não constitui uma barreira pois está dotada de
passagens hidráulicas que asseguram a continuidade do escoamento.
À data da visita de campo (dezembro de 2021), as linhas de água de maiores dimensões apresentavam
fluxo de água em quantidades consideráveis, possuindo escoamento perene, que escoa durante todo, ou
pelo menos em 90% do ano, em canais bem definidos. O escoamento na ilha da Madeira é de caráter
torrencial, como resultado dos relevos acentuados com vales muito encaixados e profundos.
119
5
2 19 18 13
14
3623000
16
11
1
9
6 7 3
8 4 12
20
15 17
10
3622000
Ribeiras
Bacias Hidrográficas
3620000
Ribªa do Curral
das freiras
0 500 1000
m
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folha5, esc. 1:25 000
120
Para se ter uma perceção do escoamento das linhas de água existentes na área de estudo importa ter
conhecimento do escoamento gerado na ilha da Madeira. De acordo com a informação constante no
PGRH10 (2016) a altura média de escoamento na ilha da Madeira corresponde a 274 mm em ano seco,
510 mm em ano médio e 783 mm em ano húmido. O escoamento superficial médio anual varia entre
26% e 40% da precipitação média anual, sendo especialmente intenso nos meses entre outubro e abril.
De acordo com os dados do PGRH10, a área de estudo insere-se na vertente sul da ilha da madeira. No
Quadro 6.7 é apresentada a distribuição anual do escoamento, em ano seco, médio e húmido, para as
bacias hidrográficas da área de estudo, na vertente sul da ilha da Madeira.
Quadro 6.7
Escoamento médio anual gerado em ano seco, médio e húmido na vertente sul da ilha da Madeira
Vertente Ano Seco (mm) Ano Médio (mm) Ano Húmido (mm)
Vertente sul 215 415 664
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira – 2.º Ciclo de Planeamento
Analisando comparativamente o escoamento médio gerado nas bacias hidrográficas da vertente sul da
Ilha com o escoamento médio gerado na totalidade da ilha da Madeira, é possível confirmar que este
parâmetro se comporta de forma semelhante, embora o valor geral para a ilha seja superior uma vez
que a área também é superior. É importante notar que a vertente sul não é a que apresenta os maiores
valores de escoamento da ilha, embora também apresente valores elevados (PGRH10, 2016).
Para se estimar o escoamento das linhas de água na área de estudo tomou-se por referência a área com
menor dimensão para a qual existem registos, que neste caso é a ilha da Madeira. Como referido acima,
uma vez que os registos de escoamento da ilha da Madeira são semelhantes aos da vertente sul da ilha,
considera-se que são também valores representativos da área de estudo.
Tendo em consideração que algumas das linhas de água que se desenvolvem na área de estudo são de
dimensões reduzidas, a análise do escoamento que se segue centrou-se apenas nas linhas de água mais
relevantes que atravessam a área de estudo. Para o efeito, tomou-se por referência a bacia hidrográfica
na secção o mais a jusante possível dentro da área de estudo (local onde o escoamento é maior dentro
da área de estudo), independentemente dessa bacia hidrográfica extravasar os limites da área de
estudo, pois todo o escoamento gerado fora irá ser conduzido para dentro da área de estudo pelas
diversas linhas de escorrência (vd. Figura 6.18).
121
A bacia hidrográfica em análise, representada na Figura 6.18, corresponde à porção mais a jusante do
curso de água da ribeira do Curral das Freiras que se encontra dentro da área de estudo, e das linhas
de água de menores dimensões que drenam para este troço.
Tomando por referência os valores de escoamento gerado em regime natural indicados acima para a
ilha da Madeira, estimou-se o volume de escoamento anual gerado na bacia hidrográfica em análise,
utilizando um fator de ponderação correspondente à relação da área total da ilha da Madeira e da
bacia hidrográfica em análise, e também o fator de conversão de que 1mm de altura de escoamento
corresponde a 10 m3/ha. Os resultados obtidos apresentam-se no Quadro 6.8.
Quadro 6.8
Volume de escoamento estimado na bacia hidrográfica das linhas de água mais representativas da
área de estudo
Bacia
2 219,4 ha
Escoamento anual Volume anual Caudal médio
Ano
(mm) (m3) L/s
Ano seco 8,21 182141,55 5,78
122
6.5.3 Captações
No que concerne ao estado das massas de água superficiais, no âmbito da DQA, a classificação final do
Estado integra a classificação do Estado/Potencial Ecológico e do Estado Químico, sendo que o Estado
Final de uma massa de água superficial é definido em função do pior dos dois Estados, Ecológico ou
Químico.
O PGHR10 estimou as cargas associadas a pressões qualitativas de fontes difusas como a agricultura, a
agropecuária, de origem doméstica e dos campos de golfe. De acordo com os resultados obtidos, as
atividades associadas à agricultura e à agropecuária são as pressões mais relevantes da ilha da
Madeira.
A massa de água ribeira dos Socorridos (RSoc11) apresenta um estado global razoável.
Na envolvente igual ou inferior a 5 km de distância à área de estudo, após consulta do PGRH10, não se
identificou qualquer fonte de poluição tópica com descarga de efluentes urbanos associada a Estações
de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).
123
Por consulta ao PGRH10, não se identificou qualquer pressão associada a efluentes agropecuárias ou
industriais na envolvem de 5 km à área de estudo.
A área de estudo do Sistema de Teleféricos e Parque Aventura localiza-se numa zona de relevo
acidentado marcado pela presença de montanhas de grande elevação genericamente rodeadas por
ravinas profundas. A rede hidrográfica na área de estudo é densa com padrão de drenagem dendrítico,
identificando-se numerosas linhas de água que drenam para a ribeira dos Socorridos (RSoc11),
classificada como massa de água de acordo com a DQA.
A maioria das linhas de água dentro da área de estudo escoam em vales encaixados no sentido da
ribeira do Curral das Freiras, afluente da ribeira dos Socorridos. A escoar de forma quase paralela à
ribeira do Curral das Freiras tem-se a Levada do Curral. Identifica-se ainda o atravessamento de duas
pequenas linhas de água afluente da ribeira da Lapa, que escoam em vales encaixados para a ribeira
do Funchal.
As linhas de água de maiores dimensões possuindo escoamento perene, enquanto que a maioria das
linhas de água de pequenas dimensões apresenta escoamento efémero. Todo o escoamento na ilha da
Madeira é de caráter torrencial.
A estado global da massa de água ribeira dos Socorridos (RSoc11) é razoável, não se tendo identificado,
num raio de 5 km à área de estudo, a existência de qualquer fonte de poluição tópica com possível
influência na qualidade da água superficial.
O trabalho realizado para a caracterização dos solos presentes na área de estudo das estações do
teleférico, restaurante e parque aventura teve por base a carta de solos da Madeira.
124
Dado que nenhuma das linhas dos teleféricos os Zip Line terão apoios, foi apenas efetuada uma análise
independente a cada uma das áreas das estações (incluindo a área do restaurante e parque aventura
na estação da Boca da Corrida) de modo a analisar os impactes em cada uma destas áreas.
No momento de execução do presente documento não tinham sido disponibilizadas plantas detalhadas
que permitissem calcular a percentagem de áreas de cada tipo de solo nas áreas das estações.
6.6.1 Solos
A maior parte da área de estudo é marcada pela presença de solos do tipo TAd - Terreno Acidentado
Districo (vd. Figura 6.19). Todos os elementos do Projeto, à exceção da Estação de Curral das Freiras,
ficam localizados nesta tipologia de solos. A Estação de Curral das Freiras fica localizada em Andossolos
Úmbricos (ANu).
Apresenta-se em seguida uma breve descrição dos solos existentes na área de estudo, de acordo com
sua Ordem e Subordem de Solos:
Terreno Acidentado (leptosolos) – Engloba áreas montanhosas e sem escarpas, áreas montanhosas com
maior ou menor extensão de escarpas e também áreas exclusivamente escarpadas (Spínola, 2010).
Terreno Acidentado Districo (TAd) – É composto por andossolos háplicos e úmbricos (acima dos
400 m de altitude) e/ou cambissolos dístricos e húmicos (abaixo dos 700 m). Este distribui-se
nomeadamente a partir dos 200 m, com clima húmido (B1 a B4) ou super-húmido (A). O
escoamento superficial da água neste tipo de terrenos é grande assim como a sua erosão é
muito activa (Spínola, 2010).
Andossolos (AN) – Os Andossolos contêm uma forte componente de alumínio e a sua reação com fosfato
inorgânico torna-o virtualmente insolúvel e indisponível para as plantas. Embora possuam uma grande
capacidade de retenção de água e nutrientes, a sua forte reação com o fosfato torna a exploração
agrícola sem recurso a fertilizantes problemática.
Andossolos Úmbricos (ANu) – são solos com horizonte úmbrico, isto é, com um horizonte rico em
matéria orgânica, apresentando uma saturação por bases inferior a 50%.
125
A área de estudo é marcada por uma ocupação do solo mista, com a presença de diversas categorias
diversas, nomeadamente tecido urbano descontínuo, povoamentos de folhosas, povoamentos florestais
mistos, matos (giestal), escarpas e cursos de água.
Como se pode poder observar na Figura 6.20, a classe mais representada na área de estudo
corresponde às “escarpas”, localizadas nas zonas mais nascente e mais poente da área de estudo. Um
exemplo apresenta-se na Fotografia 6.1.
Fotografia 6.1 – Exemplo de uma área de escarpa Fotografia 6.2 – Exemplo de tecido urbano
A outra classe mais representada na área estudada corresponde ao tecido urbano que se espalha pela
zona central da área em estudo e corresponde ao vale da ribeira do Curral e onde se identificam diversas
povoações como Curral das Freiras.
As restantes classes (Fotografia 6.3 e Fotografia 6.4) são de características florestais (excluindo os cursos
de água) e correspondem a zonas de povoamentos de folhosas, povoamentos florestais mistos e matos
(giestal).
Importa salientar que as zonas da área de estudo onde se verificarão intervenções (especificamente nas
áreas de implantação de cada uma das Estações – excetuando Curral da Freiras - e do Parque Aventura),
as classes existentes, são exatamente estas. Assim, a Estação de Curral das Freiras ficará localizado em
tecido urbano descontínuo, a Estação do Paredão em zona de matos (giestal), a Estação da Boca da
126
Fotografia 6.3 – Exemplo de uma área de matos Fotografia 6.4 – Exemplo de povoamento de folhosas
(giestal)
O coberto vegetal, enquanto detentor da maior parte da biomassa dos ecossistemas terrestres, é o
suporte dos principais processos ecológicos e constitui a componente dominante das paisagens, assim como
a sede da maioria das atividades humanas de interesse económico nas regiões de carácter rural. Trata-
se de uma entidade complexa com um carácter essencialmente dinâmico e cuja estruturação resulta da
confluência de fatores fisiográficos, geológicos, climáticos e históricos, onde a ação humana desempenha
um papel primordial.
As ilhas oceânicas como aquelas que integram o arquipélago da Madeira, nunca estiveram ligadas a
nenhum continente e sofrem, por isso, de um isolamento geográfico que se acentua pela elevada distância
127
O mar é uma barreira difícil de transpor. Em consequência, apenas os organismos com grande
capacidade de deslocação (ativa ou passiva) chegam às ilhas em suficiente quantidade - plantas cujas
sementes são espalhadas pelo vento ou flutuando à superfície da água, assim como aquelas cuja
disseminação se faz através de aves. No entanto, devido ao seu isolamento, as ilhas têm habitualmente
menos espécies do que áreas de dimensão equivalente localizadas nos continentes.
Na fase de colonização, as ilhas constituem um meio em bruto, adverso à vida, no qual predominam as
estruturas rochosas. Ao longo do tempo, de forma progressiva, as plantas, cada vez mais evoluídas, vão-
se instalando e interrelacionando até formarem comunidades com um elevado grau de complexidade.
Este processo desenrola-se ao longo de dezenas ou mesmo de centenas de milhares de anos. Pouco
pressionados por fenómenos de competição, os organismos especializam-se principalmente em função das
características ecológicas do meio insular e, isolados das populações que lhes deram origem, tendem a
evoluir no sentido de formar novas espécies (mecanismo biológico conhecido por especiação) que surgem
mais rapidamente que nos continentes. Estas espécies, exclusivas de uma ou mais ilhas, têm um nível
populacional baixo e estão geralmente bastante dependentes do ambiente onde vivem. São por isso
muito vulneráveis. As ilhas oceânicas são um autêntico microcosmos, um verdadeiro laboratório vivo que
o homem foi desregulando e destruindo a partir do momento que nelas se instalou.
Desde há seis séculos que o homem vem, de forma continuada, provocando alterações e moldando o
arquipélago ao seu modo de vida e às suas necessidades – tudo começou com a colonização deste
território, que até 1425 era destituído de vida humana. Tratava-se de um território exíguo, totalmente
revestido de árvores e arbustos, onde os recursos alimentares eram quase inexistentes. Inicialmente, o
peixe constituiu o principal meio de subsistência dos povoadores assim como os produtos hortofrutícolas e
a exportação de madeiras de cedro e teixo. Posteriormente, a cultura cerealífera assumiu protagonismo
(1450), chegando mesmo a exportar para o continente português. A queda das produções de cereais
determinou um novo rumo, tendo o Infante D. Henrique incentivado a cultura de cana-de-açúcar. Em
meados do século XVI a cultura da cana-de-açúcar deixa de ser rentável e é substituída pela vinha.
Atualmente, já no século XX, o cultivo de algumas fruteiras ganha protagonismo, principalmente através
da cultura da bananeira.
128
Devido à orografia da Ilha, que se caracteriza pelo relevo acentuado, a área para cultivar foi
conquistada paulatinamente à paisagem natural, crescendo as explorações agrícolas pela criação de
socalcos ao longo das encostas.
A atividade agrícola na ilha da Madeira, desde os seus primórdios, deu início a um processo de alteração
e degradação da vegetação e das paisagens naturais. Começou de forma lenta e indireta, para se
acelerar e ganhar características mais devastadoras a partir do momento que o homem tornou a sua
instalação definitiva. A orla costeira foi a primeira a ser povoada e desenvolvida em termos agrícolas,
enquanto o interior permanecia selvagem e impenetrável. Progressivamente, o homem foi derrubando as
matas e/ou ateou-lhes fogo para ganhar terrenos de cultivo, tendo modificado a paisagem primitiva
numa paisagem humanizada.
Para além das atividades agrícolas, a introdução de povoamentos arbóreos, também induziu a
delapidação do património natural. Na ilha da Madeira foram estabelecidos vastos povoamentos de
Pinheiro-bravo e de eucaliptos. De assinalar ainda a ação de muitas outras plantas introduzidas na ilha
da Madeira, nomeadamente as introduzidas na constituição de jardins ou parques. Infelizmente, algumas
espécies acabaram por se alastrar à totalidade da ilha, tornando-se uma ameaça para a vegetação
autóctone. Hoje é possível observar comunidades monótonas de plantas invasoras de origem continental,
como a giesta (Cytisus scoparius), a carqueja (Ulex europaeus) e a acácia (Acacia mearnsii). O Incenso,
inicialmente utilizado como planta ornamental, invade hoje vastas áreas de cota inferior.
Atualmente pode-se dizer que a paisagem da ilha da Madeira se caracteriza pelas diferentes unidades
fundamentais: uma correspondente à orla costeira, muito humanizada, resultante das ações de
urbanização e da intensa agricultura que se pratica nestas cotas baixas, por entre labirintos de pedra;
a outra, mais interior, onde a ocupação do solo se faz predominantemente por povoamentos florestais,
dos quais se destacam pela sua representatividade, os constituídos por eucaliptos e pinheiros-bravos.
Realçam-se ainda, as áreas colonizadas por matos (formas regressivas da vegetação natural), assim como
os pequenos núcleos onde a laurissilva subsiste.
Perante a crescente pressão antrópica sobre o espaço rural, com a consequente destruição de habitats e
de espécies raras e endémicas, a Comunidade Europeia criou a Diretiva 92/43/CEE onde foram
considerados os habitats e as espécies da flora e da fauna selvagens, de interesse comunitário com valor
para a conservação.
129
O conhecimento das unidades de vegetação e da flora existente deve assumir-se como a base de estudos
que precedem a fase de projeto, determinando regras de intervenção e de gestão que promovam a
conservação e valorização da biodiversidade.
Com o objetivo de caracterizar e avaliar o coberto vegetal existente na área de estudo, procedeu-se em
dezembro de 2021 à identificação das comunidades vegetais presentes, assim como à inventariação das
espécies que as constituem, nomeadamente espécies prioritárias e/ou RELAPE (Raras, Endémicas,
Localizadas, Ameaçadas ou em Perigo de Extinção). Esta informação foi compilada em cartografia de
uso do solo e habitats e servirá de base para identificar e avaliar os impactes decorrentes da implantação
do Projeto, bem como para auxiliar a elaboração de propostas adequadas para as medidas de
minimização.
A distribuição dos elementos florísticos e das comunidades vegetais ao ser condicionada pelas
características ambientais do território (relevo, edáficas e climáticas), torna possível realizar o seu
enquadramento pela biogeografia (Costa J.C. et al., 1998). Este tipo de estudos permitem realizar uma
abordagem concreta sobre a distribuição das espécies e em conjunto com a fitossociologia possibilitam a
caracterização das comunidades vegetais presentes numa dada área ou região.
Esta Série, inframediterrânica seca, ocorre em paredes rochosas com bolsas de vertissolos ou cambissolos
profundos, de baixas altitudes, na encosta sul até à cota dos 300 metros. Esta etapa florestal (Mayteno
umbellatae-Oleetum maderensis), atualmente raríssima, é um nanobosque de zambujeiro madeirense, que
apresenta na sua composição a Olea maderensis, em conjunto com elementos paleomediterrânicos
esclerofilos: buxos-da-rocha (Maytenus umbellata e Chamaemeles coriacea), dragoeiro (Dracaena draco) e
o esparto (Asparagus scoparius). A sua comunidade secundária (Euphorbietum piscatoriae), apresenta-se
como a etapa mais comum, e assume-se pelos taxa: figueira--do-inferno (Euphorbia piscatoria), massaroco
130
(Echium nervosum) e a malfurada (Globularia salicina). Esta comunidade é frequente nos solos agrícolas
abandonados e ocorre também como comunidade permanente em solos rochosos delgados.
Nesta faixa litoral, sobretudo em zonas rochosas e com forte influência do mar, ocorre a comunidade
arbustiva permanente (Artemisio argenteae-Genistetum tenerae) dominada por losna (Artemisia argentea)
e piorno (Genista tenera), com a presença do hissopo (Micromeria thymoides subsp. thymoides) e da isca
(Phagnalon lowei).
Nas rochas verticais estão presentes comunidades rupícolas enquadráveis na associação Sedo nudi-
Aeonietum glutinosae.
131
Os bosques maduros desta série correspondem à Laurissilva mediterrânica termófila, dos andares infra e
termomediterrânico sub-húmidos a húmidos. São formações dominadas pelo barbusano (Apollonias
barbujana), e onde ocorrem ainda as lauráceas: loureiro (Laurus novocanariensis), azevinho (Ilex
canariensis), pau-branco (Picconia excelsa) e mocano (Visnea mocanera), e a faia (Morella faya). O sub-
bosque é rico em lianas, como o alegra-campo (Semele androgyna), as salsaparrilhas (Smilax canariensis,
Smilax pendulina), a hera (Hedera maderensis subsp. maderensis), a corriola (Convolvulus massonii) e
ocorrem ainda os arbustos: buxo-da-rocha (Maytenus umbellata), esparto (Asparagus umbellatus subsp.
lowei) e o bigalhó (Arum italicum subsp. canariensis). Quando comparada com a laurissilva temperada de
maiores altitudes (série 4), a laurissilva do barbusano é consideravelmente mais pobre em fetos e ervas
vivazes de sombra, mas bastante mais rica em lianas.
Na série do barbusano existem duas variantes sucessionais, distintas pelas etapas correspondentes de
matagal alto. Assim, nos andares infra e termomediterrânico sub-húmido da encosta sul (300-600 m)
ocorre uma comunidade arbustiva alta dominada por hipericão (Hypericum canariense), Myrto communis-
Hypericetum canariensis. Este matagal, sendo a orla natural do barbusanal, é atualmente dominante nos
fragmentos de paisagem natural, como resultado da destruição do bosque por ação humana. A altitudes
maiores, na encosta sul (600-800 m), e na totalidade da área da série, na encosta norte, a etapa de
orla florestal é dominada pela urze-das-vassouras (Erica platycodon subsp. maderincola), pela urze-molar
(Erica arborea) e por arbustos termoxerófilos, como a malfurada (Globularia salicina), a abrotona
(Teucrium betonicum) e o massaroco (Echium nervosum). Esta comunidade arbustiva denomina-se Globulario
salicinae-Ericetum arboreae.
As paredes rochosas, no âmbito da série das florestas de barbusano, incluem as comunidades rupícolas
atrás referidas, Sedo nudi-Aeonietum glutinosae e Sinapidendro gymnocalicis-Sedetum brissemoretii.
Também se encontra, em fendas terrosas profundas, uma comunidade dominada pela composta
caulirrosulada endémica Sonchus pinnatus, denominada Sonchetum pinnati. Nos campos agrícolas
abandonados, os estádios sucessionais pioneiros incluem as comunidades de Euphorbia piscatoria,
Euphorbietum piscatoriae, em ambas as variantes sucessionais.
4ª Série da laurissilva temperada do til (Ocotea foetens): Clethro arboreae-Ocoteo foetentis sigmetum.
A série florestal da laurissilva infra a mesotemperada, que cobriria amplas áreas em ambas as encostas
da ilha da Madeira, dos 800 m aos 1450 m na encosta sul e dos 300 m aos 1400 m na encosta norte.
Normalmente associada a cambissolos vulcânicos profundos ou a andossolos, a comunidade (Clethro
arboreae-Ocoteetum foetentis) apresentava-se multiestratificada. No seu estrato arbóreo mais alto
dominam os taxa til (Ocotea foetens), loureiro (Laurus novocanariensis), folhado (Clethra arborea), aderno
132
(Heberdenia excelsa), vinhático (Persea indica), ginjeira--brava (Prunus hixa), perado (Ilex perado subsp.
perado) e o pau-branco (Picconia excelsa), enquanto no sub-bosque surge uma elevada diversidade de
fetos: feto-de-calvalto (Diplazium caudatum), feto-de-palma (Pteris incompleta), feto-de-botão
(Woodwardia radicans) ou feto-abrum (Culcita macrocarpa), e os fetos (Asplenium onopteris, Dryopteris
maderensis, Dryopteris aemula, Polystichum drepanum), assim como de plantas epífitas e ervas vivazes:
palha-carga (Festuca donax) erva-redonda (Sibthorpia peregrina), Ruscus streptophyllum, Carex lowei, e a
ruivinha Rubia occidens.
A esta diversidade de plantas vasculares associa-se uma notável flora muscícola e liquénica. Nas clareiras
e orlas naturais de meia-sombra do bosque ocorre a comunidade de ervas vivazes altas Pericallido
auritae-Geranietum palmatae, caracterizada por plantas como o gerânio-de-folha-de-anémona (Geranium
palmatum), a erva--de-coelho (Pericallis aurita) e a douradinha (Ranunculus cortusifolius).
A laurissilva temperada madeirense oferece ainda uma notável diversidade de micro-habitats a outras
comunidades, entre as quais comunidades vegetais epífitas dominadas por fetos (Davalio canariensis-
Polypodietum macaronesici), comunidades de paredes terrosas sombrias (Selaginello denticulatae-
Cystopteridetum viridulae e Hymenophylletum thumbrigensi-maderensis) e a comunidade rupícola
Aichrysetum divaricati-villosae, dominada por Aeonium glandulosum.
Existe nas laurissilvas macaronésias um tipo fisionómico particular, o das plantas lenhosas perenes com
rosetas de folhas no extremo de caules longos, ao invés de rosetas basais, e que se designa por
caulirrosulado, também presentes em biomas tropicais e subtropicais. Na Madeira, as comunidades
dominadas por plantas com esta fisionomia particular ocupam o leito rochoso de pequenas ribeiras ou
interrupções no coberto arbóreo, nomeadamente as que resultam de deslizamentos de terras.
No contexto espacial da laurissilva do til, importa também considerar a vegetação ripícola, ainda que
esta partilhe parte da sua composição florística com a floresta zonal. Assim, nas cabeceiras das ribeiras
desenvolvem-se comunidades de sabugueiro (Sambucus lanceolata), denominadas Rhamno glandulosi-
Sambucetum lanceolati. Os troços médios das ribeiras são ocupados por florestas ripícolas de vinhático
(Persea indica), denominadas Diplazio caudati-Perseetum indicae, sendo os troços terminais das mesmas,
em substratos menos rochosos e mais ricos em limo, ocupados por Scrophulario hirtae-Salicetum canariensis,
comunidades de seixeiro (Salix canariensis). A orla espinhosa higrófila das comunidades ripícolas é
133
habitualmente um silvado de Rubus bollei com ruivinha (Rubia occidens), que se designa por Rubio
occidentis-Rubetum bollei. Nas paredes terrosas e nas derrocadas com solo permanentemente encharcado,
observam-se comunidades dominadas por feto-de--botão (Woodwardia radicans), denominadas Carici
lowei--Woodwardietum radicantis. As pequenas cascatas com fluxo laminar ou gotejantes são frequentes
no seio da floresta de til e são colonizadas pela gramínea de longas folhas pendentes barba-de-bode
(Deschampsia argentea), cuja comunidade se designa por Deschampsietum argenteae.
Na base destas cascatas, onde há acumulação de limo e matéria húmica, ocorrem comunidades
dominadas por aipo-preto (Oenanthe divaricata), denominadas Peucedano lowei-Oenanthetum divaricatae.
No que respeita às etapas seriais no âmbito da série Clethro arboreae-Ocoteo foetentis sigmetum, a
primeira etapa de substituição corresponde à orla natural de urzes de grande porte (Erica platycodon
subsp. maderincola) com uva-da-serra (Vaccinium padifolium), faia (Morella faya) e perado (Ilex perado
subsp. perado), denominada Vaccinio padifoli-Ericetum maderincolae. Este urzal arborescente, para além
de corresponder a uma etapa serial da floresta de til, pode também ser encontrado em posições
primárias, em falésias rochosas permanentemente expostas a nevoeiros e consequentemente com elevada
precipitação horizontal. Nestes biótopos, a escassa profundidade do solo não permite a instalação de
árvores como o til ou o loureiro, pelo que o clímax corresponde a este mesmo urzal. Define-se assim uma
minorissérie de falésias quase verticais (Vaccinio-Erico maderincolae microsigmetum), em mosaico com a
Laurissilva do til das posições climatófilas.
A antropização da paisagem conduziu a uma rápida redução e consequente extinção da floresta clímax.
De facto, ao corte da floresta, quer para a exploração do recurso como madeira, fundamental no século
xv, quer para lenha, fundamental na produção de açúcar, seguiu-se o arroteamento para a instalação
de outras culturas e a utilização do fogo para criação de pastagens, destinadas a um número crescente
de cabeças de gado.
Assim, a floresta que atualmente se observa deve ser considerada, na sua maioria, uma floresta
secundária.
O arroteamento das etapas lenhosas da série dos bosques de til deu lugar a prados anuais dominados
por neófitos continentais, constituindo comunidades de Leontodo longirostris-Ornithopodietum perpusili.
134
Quando pastoreadas, estas comunidades evoluíram para Violo sequeirae-Agrostietum castellanae, prados
vivazes dominados por Agrostis castellana. Uma parte importante da área potencial desta floresta
encontra-se atualmente ocupada por povoamentos florestais com espécies exóticas (Eucalyptus globulus e
Pinus pinaster), ou por comunidades monótonas de plantas exóticas pirófilas e invasoras, como a giesta
(Cytisus scoparius), a carqueja (Ulex europaeus) e a acácia (Acacia mearnsii).
5ª Série do urzal de altitude de urze-molar (Erica canariensis): Polysticho falcinelli-Erico arboreae sigmetum
Estas árvores, em particular o cedro-da-madeira, estão atualmente reduzidas a muito poucos exemplares,
pois tais florestas foram usadas historicamente, de forma sistemática, para produção de madeira de
construção e de carvão. A floresta de urzes arbóreas pauta-se, por comparação com as florestas de
lauráceas, por uma quase ausência de ervas nemorais, exceção feita para o feto semicrioxeromórfico
Polystichum falcinellum. As clareiras e orlas naturais do urzal de altitude Teucrio francoi-Origanetum virentis
destacam-se pela presença do endemismo Teucrium francoi. A pastagem vivaz de origem zoantrópica
Violo sequeirae-Agrostietum castellanae é também comum em áreas pastadas nos planaltos no âmbito
desta série, no paul da Serra e na Bica da Cana, em altitudes próximas dos 1500 m.
A orla natural dos urzais de altitude é uma comunidade pouco diversa (Pteridio aquilini-Ericetum
maderincolae), dominada por indivíduos arbustivos de Erica platycodon subsp. maderincola. No âmbito
desta série ocorrem duas comunidades permanentes, ou permasséries. A primeira, Thymetum micantis,
ocorre nas plataformas piroclásticas planas e é formada por tapetes de alecrim-da-serra (Thymus micans
= T. caespititius sensu auct. mad. Non Brot.); a segunda, Argyranthemo montanae-Ericetum maderensis, é
uma comunidade de Argyranthemum pinnatifidum subsp. montanum, incluindo também uma pequena urze
endémica (Erica maderensis). As comunidades de plantas suculentas marcescentes denominadas
Sinapidendro fruticescens-Aeonietum glandulosi constituem a vegetação rupícola dominante nas paredes
de rocha verticais deste andar vegetacional. Atualmente, as maiores ameaças à conservação dos urzais
de altitude são os incêndios e o pastoreio, veículos da progressiva expansão de comunidades de espécies
135
exóticas pirófilas. A distribuição desta série ocorreu nos territórios entre os 1300 m e os 1500 m de
altitude, e encontra-se atualmente dominado por plantas invasoras de origem continental, como a giesta
(Cytisus scoparius), a falsa-urze (Leptospermum scoparium) e a carqueja (Ulex europaeus), ou por prados
com baixa ou nula presença de plantas autóctones.
O prado Armerio maderensis-Parafestucetum albidae é dominado por uma gramínea até há pouco
pertencente a um género monoespecífico endémico, Parafestuca albida (atualmente Koeleria loweana).
Codominam ainda nesta comunidade Deschampsia maderensis, Armeria maderensis e Festuca jubata. Esta
última é um endemismo madeirense. Outros elementos florísticos desta comunidade são Anthoxanthum
maderensis, Anthyllis lemmaniana, Micromeria tymoides var. cacuminicola, Agrostis obtusissima, Luzula
elegans, Holcus pintodasilvae e Ranunculus cortusifolius var. minor. Este prado endémico da montanha
madeirense ocorre quer em fendas terrosas quer em plataformas de andossolos (mangas), que são o
habitat de nidificação da freira-da-madeira (Petrodroma madeira), ave marinha endémica muito rara.
6.7.2 METODOLOGIA
6.7.2.1 Cartografia
Para se proceder à realização da cartografia das comunidades florísticas e habitats existentes na área
de estudo recorreu-se quer a informação retida em imagem, quer à obtida em trabalho de campo. Desta
forma, previamente à realização do trabalho de campo foram interpretados ortofotomapas e delineados
polígonos que aparentemente correspondiam a diferentes tipos de ocupação do solo. Durante o trabalho
de campo percorreu-se a área de estudo com o objetivo de validar a interpretação efetuada, tendo-se
identificado in situ todas as comunidades florísticas. Na área de intervenção propriamente dita não se
identificaram habitats naturais, nomeadamente habitats contemplados no Anexo B-I do Decreto-Lei n.º
140/99, de 24 de abril, alterado pelo D. L. nº 49/2005, de 24 de fevereiro e D.L. n.º 156-A/2013, de
8 de novembro. No entanto, ao longo do corredor estudado, nomeadamente em áreas de escarpa,
136
identificaram-se os habitats: 8220 - Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica; e 8230 -
Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-Scleranthion ou da Sedo Albi-Veronicion dillenii. Os
limites de cada área de vegetação homogénea foram aferidos e registados com recurso a GPS, de forma
a obter uma cartografia precisa.
As comunidades florísticas identificadas nas áreas de intervenção foram alvo de inventário. Realizou-se
1 inventário na estação – Curral da Freiras; 1 inventário na Estação Paredão; 1 inventário na Estação
Boca da Corrida; e 1 inventário na área do Parque aventura. Devido à elevada homogeneidade da
vegetação existente em cada local, as parcelas eleitas permitiram abarcar a totalidade da flora
presente, condição indispensável para realizar a sua caracterização.
Os inventários realizados basearam-se no método da área mínima. Trata-se de um método que consiste
essencialmente em eleger um local de forma aleatória, numa área homogénea de vegetação, para o
estabelecimento de uma parcela com área suficiente para abarcar a totalidade de espécies existentes
nessa comunidade. Nas comunidades de porte arbustivo usaram-se parcelas com 16 m2, e na comunidade
de porte arbóreo fez-se o inventário sobre uma parcela com 100 m2.
137
Em laboratório, o material florístico colhido foi inicialmente separado por famílias e organizados em
pastas individuais. A identificação foi realizada por intermédio de Floras, chaves dicotómicas e através
de outro material de consulta. Recorreu-se aos trabalhos de Tutin et al. (1964, 1980), Talavera et al.
(1999), Franco (1971, 1984), Franco e Rocha Afonso (1994, 1998, 2003), Castroviejo et al. (1986, 1990,
1993a, 1993b, 1997a, 1997b), Aedo et al. (2000), Nieto Feliner et al. (2003), Paiva et al. (2002), Luceño
(1994) e Pizarro (1995). No final do processo de identificação, todas as espécies inventariadas foram
introduzidas em folha de cálculo Excel sob a forma de matriz de abundâncias (Anexo 2).
Os dados recolhidos no campo em dezembro de 2021 permitiram identificar dentro da área de projeto
46 espécies, distribuídas por 33 famílias (Anexo 2). Da análise do elenco, verificou-se que a família
Asteraceae (4 taxa) e as famílias Fabaceae, Poaceae e Rosaceae, ambas com 3 taxa, são as que se
fazem representar por um maior número de espécies.
Dada a dimensão da área estudada, pode-se considerar que esta apresenta uma reduzida diversidade
florística. Na totalidade do esforço exercido no processo de amostragem salienta-se o elevado número
de espécies exóticas (18), representando 39% do elenco florístico obtido. Relativamente às espécies
endémicas, identificaram-se 8 espécies endémicas do Arquipélago da Madeira, Echium candicans, Erica
platycodon subsp. maderincola, Geranium palmatum, Helichrysum melaleucum, Ilex perado subsp. perado,
Melanoselinum decipiens, Sonchus fruticosus e Vaccinium padifolium, ambos sem estatuto de ameaça. Na
análise do elenco obtido sobressai ainda a elevada representatividade das espécies ruderais, espécies
reveladoras da pressão antrópica que se faz sentir na área de estudo.
Atualmente, como resultado da pressão antrópica que se fez exercer ao longo dos tempos no território,
a vegetação natural deu lugar a um coberto vegetal antropogénico, encontrando-se distribuído de
acordo com os potenciais de produção do solo. Apenas as comunidades vegetais associadas às escarpas
preservam as suas caraterísticas, nomeadamente a vegetação casmofítica associada a rochosas siliciosas
da Sedo-Scleranthion ou da Sedo Albi-Veronicion dillenii.
Quadro 6.9
Representatividade das unidades de vegetação identificadas na área de estudo
Área Representatividade
Unidades de vegetação
(ha) (%)
Explorações agrícolas
Hortas e pomares 111,43 28,91
Explorações florestais
Povoamentos florestais mistos 81,88 21,24
Povoamentos de folhosas 4,04 1,04
Unidades naturais e seminaturais
Vegetação casmofítica 135,44 35,14
Matos (giestal) 45,94 11,92
Vegetação ribeirinha 6,67 1,73
139
Caracterização: Formações geológicas de natureza siliciosa colonizadas por espécies rupícolas, sobretudo
geófitos e hemicriptófitos. Trata-se de comunidades vegetais que estão adaptadas a viver em fissuras de
rochas onde se acumula algum solo. Na área de estudo são a unidade que assume maior
representatividade.
Importância comunitária: habitats: 8220 - Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica; e 8230
- Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-Scleranthion ou da Sedo Albi-Veronicion dillenii.
Matos (Giestal)
Caracterização: Formação monótona, dominada quase exclusivamente pela espécie pioneira e pirófita
Cytisus scoparios, que se encontra a colonizar áreas que foram alvo de ações florestais e que
recentemente estiveram expostas a um incêndio rural. Na área de estudo esta formação é
predominantemente constituída pelas espécies Cytisus scoparios, Agrostis castellana, Pteridium aquilinum e
Echium candicans (Anexo 2).
Importância comunitária: Esta unidade florística não constitui um habitat da Diretiva n.º 2013/17/EU.
Caracterização: Trata-se de um salgueiral estabelecido sobre um leito cascalhento, dominado pelo Salix
canariensis, que se encontra posicionado no Scrophulario hirtae-Salicetum canariensis. A forte pressão em
seu torno, causada pela urbanização e atividade agrícola, incentivou o desenvolvimento de um silvado
em seu torno do Rubio agostinhoi-Rubetum bollei.
Importância comunitária: Devido ao elevado estado de degradação, esta unidade florística não constitui
um habitat da Diretiva n.º 2013/17/EU.
140
Explorações florestais
Caracterização: Nas últimas décadas a área de estudo tem sido alvo de uma utilização florestal.
Inicialmente, as plantações efetuadas utilizaram preferencialmente Pinus pinaster (pinheiro-bravo) e
Castanea sativa (castanheiro), tendo-se assistido mais recentemente à sua substituição pelo eucalipto
(Eucalyptus globulus). Trata-se de povoamentos instalados em áreas onde naturalmente a colonização era
feita por laurissilva, e que estão submetidos, constantemente, a ações de gestão silvícola - mobilização
de solo para instalação, limpeza (corte dos matos que constituem o seu sub-bosque), desbastes e cortes
de resolução. Esta circunstância é responsável pela perda de diversidade florística, gerando áreas
colonizadas predominantemente pelas espécies exploradas, e por um reduzido número de espécies
arbustivas de carácter pioneiro, nomeadamente Cytisus scoparios. Estes povoamentos florestais são
unidades de vegetação com pouco interesse do ponto de vista conservacionista devido à reduzida
diversidade que manifestam e por denotarem uma grande influência antrópica.
Importância comunitária: Esta unidade de vegetação não está associada a habitats da Diretiva n.º
2013/17/EU.
Explorações agrícolas
Caracterização: Mosaico agrícola que inclui, áreas com culturas arvenses, pomares e souto.
Pomares – povoamentos dirigidos à produção de frutos que se encontram em mosaico com as culturas
arvenses.
Souto – Povoamentos de Castanea sativa (castanheiro), concebidos para a produção de fruto. De origem
antrópica, revelam um grau de artificialização elevado e apresentam um sobcoberto dirigido para a
atividade agrícola. O constante maneio que se faz sentir nesta unidade promove a ausência de um estrato
arbustivo, e torna-a numa área pobre do ponto de vista florístico.
141
De forma genérica, as explorações agrícolas revelam-se como unidades florísticas com pouco interesse
do ponto de vista conservacionista, tanto pela qualidade intrínseca das espécies que a constituem como
pela reduzida diversidade existente.
Síntese
No global, de acordo com os resultados obtidos em trabalho de campo, verificou-se que apenas as
comunidades casmofíticas possuem correspondência com os Habitats naturais incluídos no Anexo B-I do
Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de abril com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24 de
fevereiro, alterado pela Diretiva n.º 2013/17/EU. Trata-se dos habitats: 8220 - Vertentes rochosas
siliciosas com vegetação casmofítica; e 8230 - Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-
Scleranthion ou da Sedo Albi-Veronicion dillenii.
Quadro 6.10
Áreas e representatividades dos habitats identificados na área de estudo
Habitats da Directiva Área Representatividade
Unidades de vegetação n.º 2013/17/UE (ha) (%)
Explorações agrícolas
Hortas e pomares Ne 111,43 28,91
Explorações florestais
Povoamentos florestais mistos Ne 81,88 21,24
Povoamentos de folhosas Ne 4,04 1,04
Unidades naturais e seminaturais
8220 - Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica
Vegetação casmofítica 8230 - Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo- 135,44 35,14
Scleranthion ou da Sedo Albi-Veronicion dillenii
Matos (giestal) Ne 45,94 11,92
Vegetação ribeirinha Ne 6,67 1,73
6.8.1 Enquadramento
142
A área de estudo neste capítulo contempla as áreas destinadas à implantação do Parque Aventura de
Curral das Freiras e do Sistema de Teleféricos. Em termos administrativos, a área localiza-se nas
freguesias de Jardim da Serra e de Curral das Freiras (concelho de Câmara de Lobos) e na freguesia
de Santo António do concelho do Funchal, na ilha da Madeira, integrando-se totalmente na quadrícula
UTM 10 x 10 CB12.
Como se pode verificar na Figura 6.21, a área em estudo encontra-se totalmente inserida no Parque
Natural da Madeira. Esta área protegida foi criada pelo Decreto Legislativo Regional n.º 14/82/M, de
10 de novembro, estando as suas medidas preventivas, disciplinares e de preservação publicadas no
Decreto Legislativo Regional n.º 11/85/M, de 23 de maio. Adicionalmente, a área em análise encontra-
se parcialmente inserida nas seguintes áreas protegidas:
¨ Zona de Proteção Especial (ZPE) do Maciço Montanhoso Oriental coincidente com a Área
Importante para a Avifauna (IBA) do Maciço Montanhoso Oriental (PT084);
Na sua envolvente alargada (assumindo um buffer de 5 km) existem duas outras áreas classificadas da
Região Autónoma da Madeira (vd. Figura 6.21), nomeadamente:
¨ A IBA Laurissilva (PT083), coincidente com a ZPE Laurissilva da Madeira e com a ZEC Laurissilva
da Madeira, a cerca de 3,2 km a este da área de estudo;
143
Porto Moniz
Machico
Calheta
Funchal
3622500
Área de Estudo
TAd
Sistema de Teleféricos
Estações
ANu Cabos
Parque Aventura
ANu
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_19_CartaSolos.mxd - A3 (420mm x 297mm)
Unidades Pedológicas
3620000
ANu
ANu
Extrato da Carta dos Solos da Ilha da Madeira (1:50 000), 0 250 500
Direção Regional do Ordenamento do Território m
144
Ma1
Ma2
3621000
Ma3
Ma4
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_20_OcupacaoSolo.mxd - A3 (420mm x 297mm)
0 250 500
m
Área de Estudo Ocupação do Solo Habitats
Ortofotomapas à escala 1:2000 da Região Autónoma da Madeira - 2018/2019, 8220 - Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica; e
Direção Regional do Ordenamento do Território Sistema de Teleféricos Tecido urbano descontínuo 8230 - Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Povoamentos de folhosas Scleranthion ou da Sedo Albi-Veronicion dillenii.
Elipsóide: GRS80 Estações
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator) Ma
Povoamentos florestais mistos Locais de Amostragem de Flora
Cabos
Matos (giestal)
Parque Aventura
Escarpas Estudo de Impacte Ambiental do
Área de implantação do Sistema de Teleféricos e Parque Aventura em Curral das Freiras
Parque Aventura Cursos de água
Figura 6.20 - Carta de Ocupação do Solo e Habitats
145
O Parque Natural da Madeira apresenta uma grande variedade faunística e alguns endemismos
característicos dos ecossistemas insulares. A maior diversidade está associada ao grupo da avifauna,
dentro do qual se destacam as aves marinhas como Freira-da-Madeira Pterodroma madeira, Cagarra
Calonectris borealis e Gaivina-comum Sterna hirundo, entre outros. Dentro do habitat da floresta
Laurissilva, é importante destacar Pombo-trocaz Columba trocaz e o Bis-bis Regulus madeirensis, bem como
as várias subespécies de passeriformes endémicas da Madeira ou da Macaronésia. Relativamente ao
grupo das rapinas, ocorrem também dois endemismos ao nível da subespécie: Gavião Accipiter nisus granti
(conhecido por Fura-bardos) e Águia-d’asa-redonda Buteo buteo harterti (nomeado localmente como
Manta).
O Maciço Montanhoso (parte mais Oriental) é o local onde se reproduz a Freira-da-Madeira, uma ave
marinha que ocorre exclusivamente nesta ilha. Também aqui ocorrem Estrelinha-da-Madeira, Tentilhão e
Lagartixa-da-Madeira, bem como mamíferos introduzidos pelo Homem cujo controlo é importante para
a conservação da fauna nativa.
6.8.2 Metodologia
A caracterização do estado atual das comunidades de fauna iniciou-se pela consulta, tratamento e
sistematização de dados bibliográficos e cartográficos, a nível local e regional e definição da área de
estudo, que corresponde à área que é diretamente ou indiretamente afetada pelas diferentes
componentes do Sistema de Teleféricos e do Parque Aventura de Curral das Freiras.
Para a caracterização da fauna foram considerados os grupos faunísticos mais suscetíveis de serem
afetados pelo projeto em estudo: anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Relativamente ao grupo dos
Invertebrados, após consulta bibliográfica especializada, foi analisado especificamente uma espécie da
malacofauna.
Foram realizadas saídas de campo, em dezembro de 2021, para prospetar os biótopos existentes e
identificar a utilização dos mesmos pelas espécies que ocorrem (logo, confirmadas) ou potencialmente
ocorrentes.
146
Porto Moniz
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
3622500
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
Parque Natural
Parque Natural da Madeira
3620000
Monumento Natural
Monumento Natural do Maciço Montanhoso Central
Ribeira Brava
Zona de Proteção Especial (ZPE)
Maciço Montanhoso Oriental da Ilha da Madeira
Laurissilva da Madeira
Zona Especial de Conservação (ZEC)
Maciço Montanhoso Central da Ilha da Madeira
3617500
Laurissilva (PT083)
Service Layer Credits: Sources: Esri, HERE, Garmin, USGS, Intermap, INCREMENT P, NRCan, Esri Japan, METI, Esri China (Hong Kong), Esri Korea, Esri (Thailand), NGCC, (c)
OpenStreetMap contributors, and the GIS User Community Maciço Montanhoso Oriental (PT084)
147
O trabalho de campo consistiu (1) na caracterização das comunidades vegetais (biótopos) que,
posteriormente, permitiram estimar as espécies potenciais atendendo aos seus requisitos habitacionais e
distribuição geográfica e (2) na inventariação de espécies in situ através de observação direta e indireta
com a identificação de vestígios.
A amostragem de mamofauna consistiu no registo por meio de observação direta ou por meio da
presença de vestígios tais como pegadas, dejetos ou trilhos. No caso dos quirópteros teve-se particular
atenção aos possíveis abrigos existentes na área de estudo, como cavidades em árvores e estruturas
artificiais com condições para servir de abrigo.
148
149
Porto Moniz
Calheta Machico
Funchal
3622000
3621000
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_22_AmostragemFauna.mxd - A3 (420mm x 297mm)
0 200 400
Service Layer Credits: m
Parque Aventura
Estudo de Impacte Ambiental do
Área de implantação do Parque Aventura Sistema de Teleféricos e Parque Aventura em Curral das Freiras
Figura 6.22 - Locais de Amostragem de Fauna
150
Para a caracterização faunística foi realizada uma pesquisa bibliográfica, quer antes, quer depois dos
trabalhos de campo. Considerou-se a informação que consta em diversos atlas de distribuição de espécies
faunísticas e outros documentos bibliográficos com informação referente à ocorrência de espécies
potenciais na área de estudo e na sua envolvente. Contudo, os biótopos existentes nem sempre conferem
as características habitacionais para a ocorrência de espécies referenciadas na área de estudo. Para
todos os grupos faunísticos foi consultado o Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (ICNF, 2013).
Para a caracterização da herpetofauna foi consultado “Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal” (Loureiro
et al., 2008) e “Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal” (Cabral et al., 2005).
Para caracterizar a comunidade de avifauna recorreu-se ao “Atlas das aves nidificantes em Portugal”
(Equipa Atlas, 2008), “Atlas das Aves Invernantes e Migradoras de Portugal 2012-2013” (Equipa Atlas,
2018), “Atlas das Aves Marinhas de Portugal” (Meirinho et al., 2014) e “Atlas das Aves do Arquipélago da
Madeira” (IFCN, 2009).
2. Muito provável (MP): sempre que a espécie se encontre na quadrícula em que se insere a área
de estudo e em pelo menos quatro quadrículas adjacentes a esta;
3. Provável (P): sempre que a espécie se encontre na quadrícula em que se insere a área de estudo
ou em cinco quadrículas adjacentes ou tenha sido identificada em trabalhos anteriores na área
de estudo e/ou na sua envolvente próxima;
4. Pouco provável (PP): sempre que, apesar de se darem os dois critérios anteriores, a área de
estudo não apresente condições de habitabilidade, existindo pouca probabilidade de ocorrência
das espécies, considerando-se que a sua ocorrência será pontual ou improvável.
151
Para os vários taxa são apresentados, para além dos nomes científicos e comuns, o nome da família a
que pertencem, o tipo de ocorrência e o respetivo estatuto de conservação em Portugal, de acordo com
o “Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal” (Cabral et al., 2005) e com a Lista Vermelha da UICN
(União Internacional para a Conservação da Natureza) e os anexos das convenções e/ou diplomas legais
em que se encontram listadas, nomeadamente:
¨ Anexos das Convenções de Berna (ratificada por Portugal pelo Decreto-Lei n.º 95/81, de
23 de julho regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 38/2021, de 31 de maio) (para todos os
grupos);
Quadro 6.11
Elenco geral das espécies dos grupos faunísticos considerados na inventariação para a área de estudo.
Confirmada em Pesquisa bibliográfica Espécies com estatuto
Grupo Total de
trabalhos de Muito Pouco de ameaça
faunístico Provável espécies
campo provável provável (VU, EN, CR) *
Anfíbios --- --- 1 --- 1 0
Répteis --- 1 1 1 3 0
Aves 19 11 4 37 71 14
Mamíferos 1 2 5 2 10 3
Total 20 14 11 40 85 18
* VU - Vulnerável, EN - Em perigo, CR - Criticamente em perigo
152
O elenco de fauna (vertebrados) encontra-se nos quadros que se seguem, do Quadro 6.12 ao Quadro
6.15, nos quais se podem observar as espécies confirmadas assim como aquelas que potencialmente
ocorrem na área de estudo, e respetiva probabilidade de ocorrência.
6.8.3.1 Anfíbios
A presença de anfíbios na ilha da Madeira é limitada apenas a uma espécie, nomeadamente Rã-verde
Pelophylax perezi (Quadro 6.12). Trata-se de uma espécie que ocorre em toda a Península Ibérica e
alcança o seu limite setentrional no Sul de França, embora este não se encontre ainda bem definido. Foi
alvo de várias introduções que explicam a sua presença nas ilhas Baleares (Mallorca, Menorca, Ibiza e
Formentera), nas Canárias (todas as ilhas exceto El Hierro e Lanzarote), na Madeira e nos Açores (São
Miguel, Faial, Terceira, Santa Maria, Flores e Pico) (Malkmus, 2004).
Como ocupa todo o tipo de cursos de água doce, é provável que ocorra nos cursos de água em cotas
mais baixas, incluindo a ribeira de Curral de Freiras, considerando-se a sua presença como provável.
Quadro 6.12
Espécie de anfíbios potenciais e observadas na área de estudo, estatuto de conservação e tipo de
ocorrência.
Espécies de anfíbios Estatuto de ameaça
Tipo de
Convenção Diretiva ocorrência
Família Nome científico Nome vulgar LVVP IUCN
de Berna Habitats
Ranidae Pelophylax perezi Rã-verde NA LC III B-V P
LVVP/IUCN: NA - Não aplicável; LC - Pouco Preocupante. Ocorrência: P - Provável.
6.8.3.2 Répteis
À semelhança do que sucede com o grupo dos anfíbios, o número de espécies de répteis presentes na
ilha da Madeira é muito reduzido, ocorrendo apenas uma espécie endémica (Lagartixa-da-Madeira
Teira dugesii) e duas espécies introduzidas (Osga-comum Tarentola mauritanica e Osga-caseira-tropical
Hemidactylus mabouia).
153
subespécie endémica Teira dugesii dugesii. Pela ubiquidade que a espécie apresenta, considera-se a sua
ocorrência como muito provável na área em estudo (Quadro 6.13).
Por último, a espécie Osga-caseira-tropical Hemidactylus mabouia tem como área de distribuição
endémica as regiões tropicais de África continental e insular (incluindo Madagáscar, Seicheles, Comores,
São Tomé, Príncipe e Annobón). Possui populações introduzidas na América do Sul e nas Caraíbas e
algumas ilhas africanas, tendo sido descrita pela primeira vez na Madeira em 2001, na zona da Achada
(Funchal). Utiliza rochas, muros, locais pedregosos ou troncos de árvores, encontrando-se em ambientes
humanizados, sendo frequente ocorrer em habitações e junto a locais de iluminação artificial. Alimenta-
se maioritariamente de insetos. Pela sua distribuição restrita na ilha da Madeira, considera-se que a sua
presença na área de estudo é pouco provável (Quadro 6.13).
Quadro 6.13
Espécies de répteis potenciais e observadas na área de estudo, estatuto de conservação e tipo de
ocorrência
Espécies de répteis Estatuto de ameaça
Tipo de
Convenção Diretiva ocorrência
Família Nome científico Nome vulgar LVVP IUCN
de Berna Habitats
Lacertidae Teira dugesii Lagartixa-da-Madeira LC LC II B-IV MP
Tarentola mauritanica Osga-comum NA LC III --- P
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia Osga-caseira-tropical NA LC III --- PP
LVVP/IUCN: LC - Pouco preocupante; NA - Não aplicável. Ocorrência: MP - Muito provável, P - Provável, PP - Pouco provável.
6.8.3.3 Aves
Relativamente ao grupo das aves, estão inventariadas 71 diferentes espécies, tendo sido confirmadas 19
espécies durante os trabalhos em campo (Quadro 6.14). A maioria das espécies confirmadas é de
distribuição alargada no território português e insular, estando incluída na categoria Pouco Preocupante
no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2005). São exceções as espécies Pombo-
154
da-Madeira Columba trocaz, Poupa Upupa epops e Pardal-espanhol Passer hispaniolensis, todas
vulneráveis para o arquipélago madeirense (Cabral et al., 2005).
155
Quadro 6.14
Espécies de aves potenciais e observadas na área de estudo, estatuto de conservação, fenologia e tipo de ocorrência
Espécies de aves Estatuto de ameaça
Tipo de
Convenção Diretiva Fenologia
Família Nome científico Nome vulgar LVVP IUCN ocorrência
de Berna Aves
Anatidae Anas platyrhynchos Pato-real NE LC III II-A Visitante PP
Alectoris rufa Perdiz-comum NA NT III II-A Residente C
Phasianidae
Coturnix coturnix Codorniz LC LC III II-B Residente P
Ardenna grisea Pardela-preta NE VU III --- Visitante PP
Ardenna gravis Pardela-de-barrete NE LC III --- Visitante PP
Bulweria bulwerii Alma-negra LC LC II I Migrador reprodutor PP
Calonectris borealis Cagarra LC LC II I Migrador reprodutor PP
Procellariidae
Puffinus puffinus Pardela-sombria VU LC II --- Migrador reprodutor PP
Puffinus lherminieri Pintainho VU LC II I Residente PP
Pterodroma madeira Freira-da-Madeira EN EN II I Migrador reprodutor PP
Pterodroma deserta Freira-do-bugio VU VU II I Migrador reprodutor PP
Oceanites oceanicus Casquilho NE LC II --- Visitante PP
Oceanitidae
Pelagodroma marina Calcamar VU LC II I Migrador reprodutor PP
Hydrobates castro Roquinho LC LC II I Reprodutor PP
Hydrobatidae Hydrobates pelagicus Alma-de-mestre NE LC II I Visitante PP
Hydrobates leucorhous Painho-de-cauda-forcada NE VU II I Visitante PP
Sulidae Morus bassanus Alcatraz NE LC III --- Visitante PP
Egretta garzetta Garça-branca-pequena NE LC II I Visitante P
Ardeidae
Ardea cinerea Garça-real NE LC III --- Visitante P
Accipiter nisus Gavião LC LC III --- Residente MP
Accipitridae
Buteo buteo Águia-d’asa-redonda LC LC III --- Residente C
156
157
158
159
As restantes espécies (não confirmadas) foram classificadas, pela sua ocorrência, como tendo uma
ocorrência muito provável (11 espécies), com ocorrência provável (4 prováveis) e como uma ocorrência
pouco provável (37 espécies). Esta percentagem tão elevada (mais de metade das espécies) de aves
pouco prováveis de ocorrer na área de estudo deve-se à grande diversidade de espécies exclusivamente
marinhas que ocorrem na ilha da Madeira, e cuja presença perto da povoação de Curral das Freiras é
muito diminuta. Apesar da sua reduzida probabilidade de ocorrência na área de estudo, decidiu-se incluir
no Quadro 6.14pela proximidade geográfica à costa.
É precisamente este grupo de aves (das famílias Procellariidae, Oceanitidae, Rallidae, Charadriidae)
que apresenta espécies com elevado estatuto de ameaça à sua conservação (Quadro 6.14) e cuja
probabilidade de ocorrência na área em estudo é reduzida. Apenas duas espécies de aves, que não
foram confirmadas durante o trabalho de campo, apresentam um estatuto de ameaça relevante,
nomeadamente Toutinegra-tomilheira Curruca conspicillata e Pardal-francês Petronia petronia, ambas
incluídas na categoria Vulnerável.
Do elenco referenciado, 15 espécies encontram-se ainda inseridas no Anexo I da Diretiva Aves, isto é,
são espécies ameaçadas, sujeitas a medidas especiais respeitantes ao seu habitat para garantir a sua
sobrevivência e a sua reprodução na área de distribuição. São elas Alma-negra Bulweria bulwerii,
Cagarra Calonectris borealis, Pintainho Puffinus lherminieri, Freira-da-Madeira Pterodroma madeira,
Freira-do-bugio Pterodroma deserta, Calcamar Pelagodroma marina, Roquinho Hydrobates castro, Alma-
de-mestre Hydrobates pelagicus, Painho-de-cauda-forcada Hydrobates leucorhous, Garça-branca-
pequena Egretta garzetta, Garajau-comum Thalasseus sandvicensis, Gaivina-comum Sterna hirundo,
Gaivina-rosada Sterna dougallii, Gaivina-do-Ártico Sterna paradisaea e Pombo-da-Madeira Columba
trocaz.
Por último, é de referir que visto que a área de estudo se insere marginalmente à Zona Especial de
Conservação do Maciço Montanhoso Central da Ilha da Madeira, foram consultados os documentos
disponíveis sobre esta área classificada. Entre eles, encontra-se um plano de ação específico para Freira-
da-Madeira Pterodroma madeira, incluído no relatório de recuperação e conservação de espécies e
habitats do Maciço Montanhoso da Madeira - LIFE11/NAT/PT/000327 (IFCN, 2017). A Freira-da-
Madeira é uma ave marinha pelágica, endémica da Ilha da Madeira, sendo uma das aves marinhas mais
raras do Mundo e esteve considerada extinta até aos finais da década de 1960 (Biscoito & Zino, 2002;
Borges et al., 2008). Apresenta uma população mundial de apenas 65 a 80 casais, com uma área de
nidificação restrita ao Maciço Montanhoso Oriental, mais precisamente em pequenos patamares acima
160
de 1600 m de altitude, localizados entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo, sendo esta a razão de se
considerar como tendo uma ocorrência pouco provável na área em estudo (Quadro 6.14).
No passado, a captura de adultos, de juvenis e de ovos poderá ter representado uma ameaça importante
para esta espécie. A predação direta por ratazanas e por gatos assilvestrados deverá ter sido a causa
da extinção desta espécie em outros locais da ilha da Madeira. A presença continuada de herbívoros
introduzidos (cabras, ovelhas e coelhos) terá potenciado a destruição das suas principais áreas de
nidificação (Oliveira & Menezes, 2004). As diversas campanhas de controlo destas ameaças, realizadas
desde 1987, terão permitido a recuperação do habitat de nidificação e da população desta espécie.
Devido à sua restrita área de nidificação, fenómenos ocasionais (como é exemplo o incêndio de 2010)
representam também uma ameaça direta para a espécie.
Toda a sua área de nidificação está classificada como Zona Especial de Conservação, integrando a Rede
Natura 2000 e o Parque Natural da Madeira, existindo um Plano de Ordenamento e Gestão em vigor
para a área. A população apresenta uma tendência positiva, estando atualmente estimada entre 70 e
85 casais reprodutores. A grande ameaça direta reside na presença dos predadores, enquanto a indireta
é a pequena área de distribuição em que um acontecimento catastrófico pode levar à extinção ou
elevada redução da espécie (IFCN, 2017).
6.8.3.4 Mamíferos
Com base na bibliografia consultada foi possível inventariar 10 espécies de mamíferos com alguma
probabilidade de ocorrência, sendo que durante os levantamentos de campo foi apenas confirmada a
presença de Coelho-bravo Oryctolagus cuniculus na área em análise (Quadro 6.15). Das restantes,
considerou-se uma espécie como muito provável, 5 como prováveis e 2 como pouco prováveis de ocorrer
na área de estudo.
161
Quadro 6.15
Espécies de mamíferos potenciais e observadas na área de estudo, estatuto de conservação e tipo de
ocorrência
Espécies de mamíferos Estatuto de ameaça
Tipo de
Convenção Diretiva ocorrência
Família Nome científico Nome vulgar LVVP IUCN
de Berna Habitats
Pipistrellus madeirensis Morcego-da-Madeira CR NE II B-IV P
Hypsugo savii Morcego de Savii NA LC II B-IV P
Vespertilionidae
Nyctalus leisleri Morcego-arborícola-pequeno CR LC II B-IV P
Plecotus austriacus Morcego-orelhudo-cinzento CR NT II B-IV PP
Molossidae Tadarida teniotis Morcego-rabudo NE LC II B-IV P
Leporidae Oryctolagus cuniculus Coelho-bravo NA EN --- --- C
Rattus norvegicus Ratazana NA LC --- --- MP
Muridae Rattus rattus Rato-preto NA LC --- --- P
Mus musculus Rato-caseiro NA LC --- --- MP
Mustelidae Mustela putorius Toirão NA LC III B-V PP
LVVP/IUCN: CR - Criticamente em perigo, NT - Quase ameaçado, LC - Pouco preocupante NA - Não se aplica, NE - Não avaliado. Ocorrência: C -
Confirmada, MP - Muito provável, P - Provável, PP - Pouco provável.
Das 10 espécies inventariadas, três apresentam um elevado estatuto de ameaça, nomeadamente três
espécies de morcegos, incluídos na categoria de Criticamente em Perigo (Cabral et al., 2005). As restantes
espécies, foram introduzidas na ilha da Madeira, e não foram avaliadas em termos de estatuto de
ameaça para o arquipélago (Mathias, 1988; 1999; Masseti, 2010). De referir que, além das 5 espécies
de morcegos (que se encontram listadas no Anexo B-IV), apenas Toirão se encontra no Anexo B-V da
Diretiva Habitats.
Como 3 espécies das 5 espécies de quirópteros dadas para a área de estudo apresentam uma
classificação de Criticamente em Perigo, segue-se uma pequena descrição por espécie:
A consulta bibliográfica aos diferentes grupos da fauna desta área da ilha da Madeira permitiu a
descrição de 4 grupos de vertebrados, já descritos. Contudo, essa análise bibliográfica incluiu o grupo
dos invertebrados, sendo relevante mencionar a potencial presença de duas espécies de molusco
endémico.
A primeira é a espécie Leiostyla cassida (conhecida anteriormente pelos sinónimos Helix cassida, Pupa
cassida ou Lauria cassida), da família Lauriidae, um molusco de concha ovato-cónica, estriada, de
reduzidas dimensões (altura: 4,5 – 5 mm; diâmetro: 2,7 - 3 mm; Fotografia 6.5), com uma distribuição
restrita ao Maciço Montanhoso da Madeira.
163
Fonte: http://www.flickriver.com/photos/tags/leiostyla/interesting/
O habitat de ocorrência desta espécie são zonas húmidas, nomeadamente floresta Laurissilva localizada
a altitudes intermédias, podendo ser encontrada geralmente debaixo de folhas ou sobre troncos em
decomposição (IFCN, 2017). Esta espécie foi declarada potencialmente extinta em 1994, estando
classificada pela IUVC desde 2011 na categoria Criticamente em Perigo (Seddon, 2011b). Não é de
excluir a possibilidade de a espécie estar de facto extinta, visto que o último registo vivo foi efetuado
em 1870.
A segunda espécie de molusco terrestre é Caseolus calvus (também conhecida por Lemniscia calva), da
família Geomitridae, que se encontra classificado pela IUCN como Em Perigo (Seddon, 2011a). Esta
espécie apenas ocorre na ilha da Madeira, estando a sua distribuição restrita, como se pode ver na
Figura 6.23.
Fonte: https://www.iucnredlist.org/species/156860/5008499
164
Encontra-se sob pedras em encostas íngremes de prados, entre Crassuláceas em penedos de altas
elevações, e nas saliências e na base de penedos com elevado declive. Em termos de distribuição, é
coincidente com a área do Sistema de Teleféricos e Parque Aventura de Curral das Freiras, tendo sido
encontrado perto da zona nascente do projeto, perto do Miradouro do Paredão.
6.9 QUALIDADE DO AR
O Decreto-Lei n.º 39/2018, de 11 de junho, estabelece o regime legal relativo da prevenção e controlo
das emissões atmosféricas de poluentes, transpondo para a ordem jurídica interna a Diretiva nº (EU)
2015/2193, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de novembro de 2015, relativa à limitação
das emissões para a atmosfera de certos poluentes provenientes de médias instalações de combustão.
Fixa os princípios, objetivos e instrumentos apropriados à garantia de proteção do recurso natural ar,
bem como as medidas, procedimentos e obrigações dos operadores das instalações abrangidas, com
vista a evitar ou reduzir a níveis aceitáveis a poluição atmosférica originada nessas mesmas instalações.
A qualidade do ar tem também vindo a ser objeto de um vasto trabalho ao nível do Ministério do
Ambiente no quadro da Agência Portuguesa do Ambiente, em coordenação com as Comissões de
Coordenação e Desenvolvimento Regional no território de Portugal Continental e com as Direções
Regionais do Ambiente das Regiões Autónomas.
165
emissões de poluentes na origem e à aplicação das medidas mais eficazes de redução de emissões, a
nível local e nacional, como formas de proteção da saúde humana e do ambiente.
Quadro 6.16
Valores limite e limiares de alerta, estabelecidos pelo DL n.º 102/2010, de 23 de setembro
(republicado pelo DL n.º 47/2017 de 10 de maio)
Valores numéricos
Período de
Objetivo de (número de
Tipo referência das Unidade
proteção excedências
avaliações
autorizadas)
NO2
Valor limite e Valor
limite acrescido da
Uma hora Horas de excedência num ano civil 200 µg/m3 (18)
margem de
tolerância
Valor limite e Valor
limite acrescido da
Saúde Um ano civil Média anual 40 µg/m3
margem de
Humana tolerância
Três horas consecutivas em excesso
(em locais representativos da
qualidade do ar numa área mínima
Limiar de alerta Uma hora 400 µg/m3
de 100 km2 ou na totalidade de
uma zona ou aglomeração
consoante o que for menor)
NOx
Vegetação Nível crítico Um ano civil Média anual 30 µg/m3
PM10
Saúde Valor limite Um dia Dias de excedência num ano civil 50 µg/m3 (35)
Humana Valor limite Um ano civil Média anual 40 µg/m3
PM2,5
Obrigação em
matéria de
20 µg/m3
Saúde concentrações de Três anos civis Indicador de exposição média:
Humana exposição consecutivos (cálculo - ver Diretiva 2008/50/CE)
Objetivo de redução Em conformidade
da exposição com o anexo XIV
166
Valores numéricos
Período de
Objetivo de (número de
Tipo referência das Unidade
proteção excedências
avaliações
autorizadas)
parte B da Diretiva
2008/50/CE
Valor alvo, Valor
limite e Valor limite
acrescido da Um ano civil Média anual 25 µg/m3
margem de
tolerância
Valores numéricos
Período de
Objetivo de (número de
Tipo referência das Unidade
proteção excedências
avaliações
autorizadas)
SO2
Valor limite Uma hora Horas de excedência num ano civil 350 µg/m3 (24)
Valor limite Um dia Dias de excedência num ano civil 125 µg/m3 (3)
167
Valores numéricos
Período de
Objetivo de (número de
Tipo referência das Unidade
proteção excedências
avaliações
autorizadas)
Benzeno
Saúde
Valor limite Um ano civil Média anual 5 µg/m3
Humana
Chumbo
Saúde
Valor limite Um ano civil Média anual 0,5 µg/m3
Humana
Cádmio
Saúde
Valor alvo Um ano civil Média anual 5 ng/m3
Humana
Arsénio
Saúde
Valor alvo Um ano civil Média anual 6 ng/m3
Humana
Níquel
Saúde
Valor alvo Um ano civil Média anual 10 ng/m3
Humana
Benzo(a)pireno
Saúde
Valor alvo Um ano civil Média anual 1 ng/m3
Humana
*Se não for possível determinar as médias de períodos de 3 ou 5 anos com base num conjunto completo e consecutivo de dados
anuais, os dados anuais mínimos necessários à verificação da observância dos valores alvo são os seguintes:
- Valor alvo para a proteção da saúde humana: dados válidos respeitantes a um ano;
- Valor alvo para a proteção da vegetação: dados válidos respeitantes a 3 anos.
A poluição do ar diz respeito à existência de determinados poluentes, na atmosfera, em níveis que afetam
adversamente a saúde humana, o ambiente, e o património cultural (edifícios, monumentos e materiais).
Para efetuar a caracterização da qualidade do ar na situação atual nas áreas em estudo, recorreu-se
aos dados de concentrações de poluentes atmosféricos da rede de monitorização da qualidade do ar,
168
disponíveis na base de dados online Qualar. Foi dado maior enfoque à situação da qualidade do ar nos
concelhos de Câmara de Lobos e Funchal, dado ser nestes concelhos que se localiza a área de estudo.
A inventariação das emissões atmosféricas tem como principais objetivos, a identificação das fontes
emissoras e de sumidouros de poluentes atmosféricos, e a quantificação das emissões e remoções
associadas a essas fontes e sumidouros. Constitui, por outro lado, a base de verificação do cumprimento
dos acordos comunitários e internacionais que Portugal assumiu nos últimos anos.
Para enquadrar a área de estudo ao nível regional, efetuou-se uma análise quantitativa dos principais
poluentes atmosféricos, a partir dos documentos “Emissões de Poluentes Atmosféricos por Concelho – 2015
e 2017”, de 2019, e “Emissões de Poluentes Atmosféricos por Concelho – 2015, 2017 e 2019”, de 2021,
da autoria da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para os concelhos de Câmara de Lobos e Funchal,
bem como os seus pesos no contexto nacional.
Os poluentes analisados (vd. Quadro 6.17) foram os compostos de enxofre, expressos como dióxido de
enxofre (SO2); Óxidos de azoto, expressos como dióxido de azoto (NO2); Amoníaco (NH3); Compostos
orgânicos voláteis não-metânicos (COVNM); Monóxido de carbono (CO); Partículas de diâmetro inferior
a 10 μm (PM10); Partículas de diâmetro inferior a 2.5 μm (PM2.5); Carbono negro (BC), ou seja, partículas
que contêm carbono na sua constituição e absorvem radiação; Chumbo (Pb); Cádmio (Cd); Mercúrio (Hg);
Dioxinas e Furanos (PCDD e PCDF); Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs); Hexaclorobenzeno
(HCB); Compostos Bifenilpoliclorados (PCBs); Metano (CH4); Óxido nitroso (N2O); Dióxido de carbono
(CO2) e Gases Fluorados com efeito de estufa abrangidos pelo Protocolo de Quioto (FGases). Nesta
análise foram excluídas as fontes naturais.
Quadro 6.17
Emissões nos concelhos de Câmara dos Lobos e Funchal e no território Nacional, excluindo fontes
naturais
169
PCDD/PCDF (dioxins/
Concelho BC kt CO kt Pb t Cd t Hg t
furans) g I-Teq
Total Nacional 6,602 292,757 25,297 1,833 1,270 55,799
Câmara de Lobos 0,048 1,941 0,118 0,009 0,003 0,379
% Câmara de Lobos 0,721% 0,663% 0,465% 0,516% 0,241% 0,680%
Funchal 0,012 0,590 0,033 0,002 0,001 0,118
% Funchal 0,189% 0,201% 0,129% 0,117% 0,042% 0,212%
Da análise dos dados presentes no Quadro 6.17 constata-se que, no concelho de Câmara de Lobos, os
poluentes com maiores valores de emissão proporcionalmente ao total nacional são os NMVOC, PAHs e
F-Gases. No concelho do Funchal, os poluentes com maiores valores de emissão proporcionalmente ao
total nacional são o NOx, SOx e CO2.
Com base nos documentos referidos, verifica-se que a nível nacional, as emissões de NMVOC estão
relacionadas com o uso de Solventes e Indústria. No caso dos poluentes F-Gases e PAHs, as suas emissões
estão associadas às atividades industriais e produção de eletricidade. As emissões de NOx e CO2, em
Portugal, estão predominantemente associadas aos setores dos Transportes, da Indústria e da Energia. O
SOx tem como origem principal os setores da Energia e da Indústria.
De facto, uma análise mais dirigida ao nível dos concelhos em estudo, revela esta realidade, em que os
sectores da indústria, transportes e uso de solventes foram os que mais contribuíram para as emissões dos
poluentes referidos (NMVOC, F-Gases, PAHs, NOx, CO2 e SOx).
170
6.9.3.1 Enquadramento
A área de estudo é predominantemente florestal, com a exceção da área envolvente à Estação de Curral
das Freiras. Na envolvente (raio de 3 000 m) existem alguns aglomerados populacionais e algum tráfego
que, embora contribuindo para a degradação da qualidade do ar, não se considera que seja
significativo.
Em termos de qualidade do ar, apenas se consideram como recetores sensíveis as habitações localizadas
dentro da área de estudo delimitada.
Dentro dos limites considerados para a área do parque aventura, Zip Line e cabos dos teleféricos, foi
possível encontrar um aglomerado populacional (Curral das Freiras) e várias localidades:
¨ Casas Próximas, a sudoeste da estação de Curral das Freiras, por baixo da Zip Line;
¨ Terra Chã, entre a estação do Paredão e a estação da Boca da Corrida, por baixo da linha
do teleférico que liga estas duas estações;
¨ Curral de Baixo, a sul do cabo do teleférico que liga a estação do Paredão e a estação da
Boca da Corrida
Dentro da área de estudo encontram-se diversas infraestruturas, uma vez que os cabos propostos passam
por cima do vale onde se encontra Curral das Freiras e diversas outras localidades. Recorrendo a
fotografias aéreas e à plataforma Google Maps, foram contabilizadas cerca de 554 edificações, das
quais aproximadamente 542 foram consideradas de habitação, quatro edifícios em ruínas, duas escolas
(EB123/PE do Curral das Freiras e EB1/PE Seara Velha) e ainda um campo de futebol, um pavilhão
gimnodesportivo, a piscina de Curral das Freiras, o centro de saúde de Curral das Freiras e uma igreja
171
pertencente à Paróquia de Nossa Senhora do Livramento. Dada a natureza do projeto em estudo, não
se considera o mesmo tenha impactes significativos, a nível da qualidade do ar, na área envolvente.
Com a consulta da plataforma PRTR (PRTR - Registo de Emissões e Transferências de Poluentes), dados
de 2017, identificaram-se as seguintes instalações poluentes registadas, na proximidade da área de
estudo (raio de cerca de 15 km):
¨ Nunes & Freitas, Lda. – Produção e comercialização de ovos e produção avícola – Quinta
Grande, a cerca de 5,5 km da área de estudo, direção sudoeste, sem estimativas de emissão
na plataforma PRTR;
¨ Central Térmica da Vitória – Funchal, a cerca de 6,6 km da área de estudo, direção sul, e que
segundo a plataforma PRTR emitiu, em 2017, cerca de 970 000 Kg de óxidos de azoto (NOx)
para a atmosfera;
Através da plataforma Google Maps identificaram-se ainda outras fontes poluentes próximas à área de
estudo:
172
¨ Aviários Gonçalves & Pereira Lda. – Ponta do Sol, a cerca de 11,5 km da área de estudo, na
direção sudoeste;
¨ Ovo do Santo, Lda – Avicultura – Santa Cruz, a cerca de 11,7 km da área de estudo, na
direção este;
Para além destas fontes poluentes estacionárias, existem também estradas e caminhos, que se encontram
muito próximos e dentro da área de estudo. A área de estudo é atravessada na zona este pelo túnel da
Via Expresso n.º 6 (VE 6) e na zona central pela Estrada Regional n.º 107. Destaca-se ainda, a oeste, a
estrada da Corrida que dá acesso ao Miradouro da Boca da Corrida. A área de estudo é também
atravessada por diversos caminhos que permitem a ligação entre os aglomerados populacionais e
localidades já referidos.
O tráfego rodoviário nas vias referidas, por norma, não apresenta elevados volumes de trânsito, pelo
que, devido também à sua tipologia (fontes móveis) e ao facto de os gases emitidos sofrerem uma
dispersão imediata na atmosfera, considera-se que, não constitui uma fonte de poluentes atmosféricos
com influência relevante na área de estudo.
O índice de qualidade do ar de uma determinada área resulta da média aritmética calculada para
cada um dos poluentes medidos em todas as estações da rede dessa área. Este índice é disponibilizado
pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), com base em informação recolhida pelas Comissões de
Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e, neste caso, pela Direção Regional do Ambiente da
Região Autónoma da Madeira. Os valores determinados são comparados com as gamas de concentrações
173
associadas a uma escala de cores sendo os poluentes com os valores mais desfavoráveis responsáveis
pelo índice.
Os poluentes que compõem o índice de qualidade do ar são: o dióxido de azoto (NO2), o ozono (O3) e
as partículas de diâmetro igual ou inferior a 10 µm (PM10) e, caso estejam disponíveis, também são
considerados os poluentes dióxido de enxofre (SO2) e monóxido de carbono (CO). O índice de qualidade
do ar permite uma classificação simples e compreensível do estado da qualidade do ar. Este índice foi
desenvolvido para poder traduzir a qualidade do ar.
A Rede de Qualidade do Ar que serve a zona onde se insere a área de estudo é a Rede de Qualidade
do ar da Madeira / Porto Santo, onde se encontra a estação Santana de ambiente rural e tipo de fundo,
a cerca de 11,7 km da área de estudo. No entanto, as estações mais próximas da área de estudo são
as estações São João (7,9 km) e São Gonçalo (9,8 km) pertencentes à zona do Funchal. Estas estações
são de zonas urbanas, sendo a primeira do tipo tráfego e a segunda de fundo. Dada a tipologia e
ambiente das estações existentes na ilha da Madeira, considera-se que, apesar da maior distância, a
estação de Santana é a mais representativa da área de estudo pois encontra-se num ambiente
semelhante ao estar localizada numa zona rural sem fontes de poluição significativas na sua proximidade.
As características desta estação estão apresentadas Quadro 6.18.
Quadro 6.18
Características da estação de qualidade do ar
Coordenadas Altitude Tipo de Tipo de Poluentes Início de
Estação Concelho
Gauss Militar (m) (m) Ambiente Influência analisados Atividade
SO2; PM10;
LAT: 32.808889 O3; NO2;
Santana - Rural Fundo* Santana 01/06/2015
LON: -16.886692 NOx; NO;
PM2,5
Fonte: Qualar (2021).
*Não monitorizam a qualidade do ar resultante das emissões diretas de nenhuma fonte em particular; representam a poluição a que
qualquer cidadão, mesmo que viva longe de fontes de emissão, está sujeito.
De acordo com o sítio da QualAr, para o ano de 2020, o índice de qualidade do ar disponibilizado pela
APA com base em informação recolhida pela Direção Regional do Ambiente da Região Autónoma da
Madeira, apresentou para a zona Madeira / Porto Santo, um índice de classificação global de muito
bom para um total de 345 dias de medição no ano de 2020. Desses foram considerados 1 dia com
classificação mau, 2 dias com classificação fraco, 59 dias com classificação médio, 120 dias com
classificação de bom e 163 dias com classificação de muito bom. Na Figura 6.24 apresenta-se o gráfico
do índice IQar de 2020.
174
Dado que a área de estudo se encontra a 11,7 km da estação mais próxima da zona onde se inclui e
está localizada perto do limite da zona Madeira / Porto Santo com a zona do Funchal (com as respetivas
estações a 7,9 e 9,8 km), verificou-se ainda o índice de qualidade do ar para esta zona para o ano de
2020, concluindo que também apresentou um índice de qualidade do ar com classificação de muito bom,
com 1 dia classificado como mau, 8 como fraco, 145 como médio, 178 como bom e 34 como muito bom
(vd. Figura 6.25).
Figura 6.24 – IQar com o resumo do ano de 2020 – Madeira / Porto Santo
175
Apresentam-se de seguida os valores registados para a estação Santana, para os quatro poluentes
identificados anteriormente, essenciais para o cálculo do índice de qualidade do ar (PM10; O3, NO2 e
SO2). São apresentados dados de 2020, bem como os respetivos limites legais estabelecidos (vd. Quadro
6.19 a Quadro 6.22).
Quadro 6.19
Estação de Santana - Partículas < 10 µm (PM10)
96 11 96 11 3
Notas: VL diário - Valor limite: 50 µg/m3, a não exceder mais de 35 vezes por ano civil;
VL anual - Valor limite: 40 µg/m3
176
Quadro 6.20
Estação de Santana - Ozono (O3)
N.º máx.
Excedências Excedências Eficiência
Média Anual Excedências ao diários (8h)
Eficiência horárias Limiar horárias Limiar máx. diário
(horária) OLP (120 > VA
Horária (%) Infor. (180 Alerta (240 médias 8h (a)
(µg/m3) µg/m3) (µg/m3) (média 3
µg/m3) (Nº) µg/m3) (Nº) (%)
anos) (b)
95 69 0 0 94 5 2
Notas: LI: Limiar de Informação; LA: Limiar de Alerta; OLP: Objetivo de Longo Prazo; VA: Valor Alvo
a) As médias de base octo-horária (8 horas) são calculadas a partir dos dados horários. O primeiro período de cálculo para um determinado
dia será o período decorrido entre as 17h00 do dia anterior e a 01h00 desse dia. O último período de cálculo será o período entre as 16h00
de um determinado dia e as 24h00 desse mesmo dia. Para o cálculo de uma média octo-horária são necessários, pelo menos, 75% de valores
horários, isto é, 6 horas.
b) Valor alvo = 120 µg/m3 a não exceder mais de 25 dias por ano, em média, por ano civil, num período de 3 anos; A data limite para a
sua observância é 1-1-2010. Sugestão: Consultar Decreto-Lei n.º 102/2010 para obter informações mais detalhadas relativas ao valor-alvo.
Quadro 6.21
Estação de Santana - Dióxido de azoto (NO2)
Média anual
Eficiência horária Excedências ao VL Excedências LA 400
(VL=40 µg/m3)
(%) horário (Nº) µg/m3 (Nº)
(ug/m3)
96 0 1 0
Notas: VL diário - Valor limite: 200 µg/m3, a não exceder mais de 18 vezes por ano civil;
VL anual - Valor limite: 40 µg/m3
Quadro 6.22
Estação de Santana - Dióxido de enxofre (SO2)
96 2 0 96 2 0
Notas: VL horário - Valor limite: 350 µg/m3, a não exceder mais de 24 vezes por ano civil;
VL diário - Valor limite: 125 µg/m3, a não exceder mais de 3 vezes por ano civil.
LA - Limiar de alerta: 500 µg/m3, n.º de períodos de 3 horas consecutivas > LA
Dos poluentes analisados na estação de Santana (vd. Quadro 6.19 a Quadro 6.22), as PM10
apresentaram 5 excedências ao valor limite diário (50 µg/m3), encontrando-se este número dentro do
limite de dias permitidos por ano (máx. de 35 dias/ano). No caso do Ozono (O3), este apresentou 5
excedências ao objetivo longo prazo (120 µg/m3), no entanto encontrando-se o número de excedências
também dentro do limite de dias permitidos por ano (máx. de 25 dias/ano). Relativamente aos poluentes
dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de azoto (NO2) não foram registadas quaisquer excedências face
ao valor limite fixado.
177
Tendo em conta as características rurais da região envolvente à área de estudo, que contam com a
existência de poucas e distantes fontes poluidoras pontuais (algumas indústrias) e um baixo número de
fontes lineares (vias de comunicação, que são potenciais fontes de poluição do ar mas que não
apresentam tráfego significativo), em conjugação com os fatores climáticos (regime de ventos) e de relevo,
pode concluir-se que a qualidade do ar da região da área de estudo é boa a muito boa.
Apesar de se registarem algumas fontes de poluição na envolvente da área de estudo, devido à sua
distância, dimensão e aos fatores climatéricos (regime de ventos), considera-se que estas fontes não são
significativas no contexto local. As características rurais da área de estudo, em conjugação com os fatores
climáticos, permitem inferir que no geral, existe uma qualidade do ar muito boa no local.
Efetua-se neste subcapítulo uma síntese das questões relacionadas com a gestão de resíduos na área de
estudo, tendo em conta os resíduos que serão potencialmente produzidos nas diferentes fases do Projeto
(construção, exploração e desativação), as entidades/operadores que existem na região que garantem
a recolha/tratamento de resíduos e efluentes (principalmente aqueles a que se terá de recorrer em fase
de obra), bem como um breve enquadramento legal deste tema.
178
de estudo para estas diferentes tipologias de resíduos, de modo a enquadrar a futura gestão de resíduos
do Projeto.
179
¨ Decreto-Lei n.º 152-D/2017, de 11 de dezembro, que estabelece o regime jurídico a que fica
sujeita a gestão dos seguintes fluxos específicos de resíduos: a) Embalagens e resíduos de
embalagens; b) Óleos e óleos usados; c) Pneus e pneus usados; d) Equipamentos elétricos e
eletrónicos e resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos; e) Pilhas e acumuladores e
resíduos de pilhas e acumuladores; f) Veículos e veículos em fim de vida;
180
¨ Portaria n.º 28/2019, de 18 de janeiro - altera a Portaria n.º 145/2017, de 26 de abril, que
define as regras aplicáveis ao transporte rodoviário, ferroviário, fluvial, marítimo e aéreo de
resíduos em território nacional e cria as guias eletrónicas de acompanhamento de resíduos (e-
GAR), e a Portaria n.º 289/2015, de 17 de setembro, que aprova o Regulamento de
Funcionamento do Sistema de Registo Eletrónico Integrado de Resíduos (SIRER);
¨ Decreto-Lei n.º 10/2010, de 4 de fevereiro, que estabelece o regime jurídico a que está sujeita
a gestão de resíduos das explorações de depósitos minerais e de massas minerais, transpondo
para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2006/21/CE, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 15 de março, relativa à gestão dos resíduos das indústrias extrativas;
¨ Portaria n.º 345/2015, de 12 de outubro, que estabelece a lista de resíduos com potencial de
reciclagem e ou valorização.
Os Resíduos Urbanos (RU) são designados como resíduos de recolha indiferenciada e de recolha seletiva
das habitações, incluindo papel e cartão, vidro, metais, plásticos, biorresíduos, madeira, têxteis,
embalagens, resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, resíduos de pilhas e acumuladores, bem
como resíduos volumosos, incluindo colchões e mobiliário; e resíduos de recolha indiferenciada e de
recolha seletiva provenientes de outras origens, caso sejam semelhantes aos resíduos das habitações na
sua natureza e composição;
O âmbito da gestão dos resíduos urbanos é determinado com base na constituição material dos resíduos
classificados no subcapítulo 15 01 e no capítulo 20, com exceção dos códigos 20 02 02, 20 03 04 e 20
03 06, da Lista Europeia de Resíduos (LER).
Quando os resíduos urbanos não sejam produzidos nas habitações, o âmbito estabelecido no ponto
anterior é ainda determinado com base na origem, quantidade, natureza e tipologia dos resíduos.
O âmbito da gestão dos resíduos urbanos inclui os resíduos provenientes de estabelecimentos de comércio
a retalho, serviços e restauração, estabelecimentos escolares, unidades de prestação de cuidados de
saúde, empreendimentos turísticos, ou outras origens cujos resíduos sejam semelhantes em termos de
181
natureza e composição aos das habitações, e sejam provenientes de um único estabelecimento que
produza menos de 1100 l de resíduos por dia. Os resíduos provenientes das origens referidas
anteriormente são considerados semelhantes em termos de natureza e composição aos das habitações se:
¨ Puderem ser recolhidos através das redes de recolha de resíduos urbanos sem comprometer as
operações de recolha ou contaminar os resíduos provenientes das habitações.
A responsabilidade pela recolha e tratamento dos resíduos urbanos é do serviço público dos sistemas
municipais (municípios ou associações de municípios, em que a gestão do sistema pode ser concessionada
a qualquer empresa) ou multimunicipais, (sistemas geridos por empresas concessionárias.)
No município onde se insere o projeto, Câmara de Lobos, bem como em toda a região da Madeira, a
gestão de resíduos urbanos (RU) é assegurada pelo sistema multimunicipal ARM – Águas e Resíduos da
Madeira, S.A.
O sistema multimunicipal de águas e de resíduos da Região Autónoma da Madeira foi criado e definido
pelo Decreto Legislativo Regional n.º 10-2019-M, 5.ª alteração ao Decreto Legislativo Regional n.º 17-
2014-M, de 16 de dezembro, sendo responsável pela gestão das águas de abastecimento, águas
residuais e resíduos em alta em toda a RAM e em baixa nos municípios de Câmara de Lobos, Machico,
Ribeira Brava, Santana e Porto Santo (ARM, 2021).
De acordo com a informação disponibilizada pela ARM no Relatório e Contas de 2020, no ano em
análise, a ARM recolheu cerca de 30 292 toneladas de resíduos (nos cinco municípios aderentes) e
rececionou um total de aproximadamente 126 011 toneladas. Das cerca de 30 toneladas recolhidas, que
representam um decréscimo de 0,2% relativamente a 2019, e tal como apresentado na Figura 6.26,
88% correspondem a resíduos indiferenciados, 7% a resíduos recicláveis e 5% a outros resíduos, que
inclui madeiras, verdes, monstros, resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE), pneus, metais e
pilhas e acumuladores.
182
É importante referir que, em resultado da pandemia sentida no ano em análise, houve um acréscimo de
1% nos resíduos indiferenciados face a 2019, pois por um curto período de tempo a recolha seletiva
esteve suspensa sendo todos os resíduos desviados para o contentor dos indiferenciados (como medida
para diminuir a possível contaminação com o vírus da Covid-19).
1399
435
929
811
Indiferenciados
Papelão
Vidrão
Embalão
Outros Resíduos
26718
As cercas de 126 toneladas, que representam um decréscimo de 7,1% em relação a 2019, dividem-se
em diversas tipologias, com vista ao seu tratamento ou encaminhamento adequado, tal como apresentado
na Figura 6.27. Verifica-se que a grande maioria dos resíduos (89,2%) tem como destino a incineração
e apenas cerca de 3% para deposição em aterro. Das 5 797 to de resíduos silvícolas rececionados,
2 775 t foram integradas no processo de incineração.
183
1285 614
571 1006 Incineração
5797
3369
989 Aterro de Inertes (Porto Santo)
Deposição em aterro
Desinfeção, armazenamento e
tratamento de Resíduos
Hospitalares
Resíduos Sílvicolas
112380
Residuos para produção de estilha
(Porto Santo)
No total, em 2020, foram depositadas em aterro 39 220 toneladas de resíduos que incluem escórias e
RSU equiparados (26 541 t), cinzas inertizadas (11 690 t) e inertes (989 t). Este valor é 7% superior ao
de 2019.
De acordo com o “Relatório e Contas 2020”, da autoria da ARM, em 2020, foram encaminhadas para
reciclagem ou para outras formas de valorização um total de 12 928 toneladas de resíduos (vd. Figura
6.28), menos 8,7% do que em 2019. Dentro das diferentes tipologias de resíduos encaminhados para
reciclagem ou valorização encontra-se o papel/cartão (36%), as embalagens de vidro (37%), as
embalagens de plástico/metal (12%), os pneus usados (5%), os REEE (1%), as escórias ferrosas (5%) e a
sucata (2%).
184
254; 2%
601; 5%
166; 1% 4987; 38%
614; 5%
Papel / Cartão
Embalagens de Vidro 1555; 12%
Embalagens de Plástico / Metal
Pneus Usados
REEE
Escórias Ferrosas
Sucata
4751; 37%
A sede da ARM S.A. situa-se no Funchal, a cerca de 8,3 km da área de estudo, na direção sudeste. A
ARM possui, na ilha da Madeira, a Delegação da Zona Leste, localizada em Santa Cruz, e a Delegação
da Zona Oeste em Ribeira Brava. (ARM, 2021). No Quadro 6.23 indicam-se o tipo e a quantidade das
infraestruturas exploradas pela ARM.
Quadro 6.23
Infraestruturas de gestão de RU – ARM 2021
Infraestruturas da ARM N.º
Aterros 1
Instalação de Incineração de Resíduos Hospitalares e de Matadouro (IIRHM) 1
Estações de Transferência 4
Estação de triagem 3
Instalação de Incineração de Resíduos Sólidos Urbanos (IIRSU) 1
Estações de Compostagem de Resíduos Sólidos Urbanos (ICRSU) 1
Ecocentros 2
185
O aterro sanitário localiza-se no concelho de Santa Cruz, no Sítio da Meia Serra, localizado a cerca de
7,7 km, no sentido este, da área de estudo.
Os resíduos de construção e demolição (RCD), que serão produzidos na fase de obra, são tipicamente
compostos por uma grande variedade de materiais. Segundo a EPA (U.S Environmental Protection Agency
– EPA – “Characterization of Building – Related Construction and Demolition Debris in the United States),
os principais materiais encontrados nos RCD são os seguintes:
¨ Materiais: compósitos, material elétrico, madeira prensada, madeira envernizada, entre outros;
¨ Inertes: betão, betão armado, tijolos, telhas, azulejos, porcelanas, vidro, metais ferrosos, metais
não ferrosos, pedra, asfalto, terra, entre outros.
a) Minimizem a produção e a perigosidade dos RCD, designadamente por via da reutilização de materiais e
da utilização de materiais não suscetíveis de originar RCD contendo substâncias perigosas;
b) Maximizem a valorização de resíduos nas várias tipologias de obra, assim como a utilização de materiais
reciclados e recicláveis;
186
c) Favoreçam os métodos construtivos que facilitem a demolição seletiva orientada para a aplicação dos
princípios da prevenção e redução e da hierarquia dos resíduos, e a conceção para a desconstrução,
nomeadamente que permita desmontar o edifício em elementos, não só os mais facilmente removíveis,
designadamente caixilharias, loiças sanitárias, canalizações, entre outros, mas também os componentes e/ou
materiais, de forma a recuperar e permitir a reutilização e reciclagem da máxima quantidade de elementos
e/ou materiais construtivos.”
Os RCD utilizados em obra podem ser provenientes da própria obra, de outra obra do mesmo produtor,
ou de um operador de tratamento de resíduos. Os RCD podem ser utilizados em obra desde que cumpram
o princípio da proteção da saúde humana e do ambiente previsto no artigo 6.º do Decreto-lei n.º 102-
D/2020, de 12 de dezembro, na sua atual redação, e satisfaçam as exigências técnicas para as
aplicações a que se destinam. O cumprimento da integração de RCD poderem ser utilizados em obra, é
da responsabilidade do diretor de obra, quando aplicável ou, em alternativa, do responsável pela obra.
Os materiais que não sejam passíveis de reutilização e que constituam RCD são obrigatoriamente objeto
de triagem na obra com vista ao seu encaminhamento, por fluxos e fileiras de materiais, para reciclagem
ou outras formas de valorização, devendo ser assegurada a triagem dos RCD pelo menos para madeira,
frações minerais, incluindo betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos e pedra, metal, vidro,
plástico e gesso. Nos casos em que não possa ser efetuada a triagem dos RCD na obra ou em local afeto
à mesma, o respetivo produtor é responsável pelo seu encaminhamento para operador de tratamento de
resíduos.
De acordo com o artigo 57.º do RGGR, a gestão de resíduos perigosos, tem como objetivo primordial
garantir um elevado nível de proteção da saúde humana e do ambiente, prevenindo a produção e
187
Em Portugal existem diversas unidades de gestão de resíduos perigosos, sendo de salientar os dois centros
integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos (CIRVER), ECODEAL e SISAV,
tendo estas unidades sido licenciadas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 3/2004, de 3 de janeiro.
6.10.5.1 Biorresíduos
De acordo com o RGGR (alínea d) do art.º 3º), biorresíduos são definidos como “os resíduos
biodegradáveis de jardins e parques, os resíduos alimentares e de cozinha das habitações, dos escritórios,
dos restaurantes, dos grossistas, das cantinas, das unidades de catering e retalho e os resíduos similares das
unidades de transformação de alimentos.”
b) A terra in situ, incluindo os solos contaminados não escavados e os edifícios com ligação permanente
ao solo, exceto quando estiver em causa operações de remediação destes solos;
c) O solo não contaminado e outros materiais naturais resultantes de escavações no âmbito de atividades
de construção, desde que os materiais em causa sejam utilizados para construção no seu estado natural
e no local em que foram escavados;
188
d) Os resíduos radioativos;
f) As matérias fecais não abrangidas pela alínea c) do ponto seguinte, as palhas e outro material natural
não perigoso de origem agrícola ou silvícola que seja utilizado na agricultura ou na silvicultura ou para
a produção de energia a partir dessa biomassa através de processos ou métodos que não prejudiquem
o ambiente nem ponham em perigo a saúde humana;
g) Os sedimentos deslocados no interior das águas de superfície para efeitos de gestão das águas, de
prevenção de inundações ou de atenuação dos efeitos de inundações e secas ou da recuperação de
terras caso se demonstre a sua não perigosidade.
São ainda excluídos do âmbito de aplicação do presente regime, nos termos da demais legislação:
a) As águas residuais;
e) As substâncias que se destinam a ser utilizadas como matérias-primas para alimentação animal, e
que não são nem contêm subprodutos animais.
Subprodutos
189
São considerados subprodutos quaisquer substâncias ou objetos resultantes de um processo produtivo cujo
principal objetivo não seja a sua produção, quando verificadas, cumulativamente, as seguintes condições:
b) Ser possível utilizar diretamente a substância ou objeto, sem qualquer outro processamento que não
seja o da prática industrial normal;
O Regime Geral de Gestão de Resíduos estabelece, na alínea c) do n.º 2 do art.º 2.º em transposição da
Diretiva Quadro Resíduos (DQR), que estão excluídos do âmbito do Diploma “o solo não contaminado e
outros materiais naturais resultantes de escavações no âmbito de atividades de construção desde que os
materiais em causa sejam utilizados para construção no seu estado natural e no local em que foram
escavados.”, ou seja, os solos e rochas que não sejam utilizados na obra de origem passarão a ter que
ser geridos de acordo com os trâmites associados à gestão de resíduos. De forma a ultrapassar os
constrangimentos decorrentes desta alteração legislativa e com vista a potenciar a reintrodução destes
resíduos na economia, consideram-se necessárias a aplicação de alternativas para a gestão dos materiais
em causa, que não onerem de forma desajustada os seus produtores e que salvaguardem a saúde humana
e o ambiente.
O considerando n.º 11 da DQR refere que “O estatuto de resíduo dos solos escavados não contaminados
e de outros materiais naturais utilizados em locais diferentes do local em que foram escavados deverá
ser apreciado de acordo com a definição de resíduo e com as disposições relativas a subprodutos e ao
fim do estatuto de resíduo ao abrigo da presente diretiva.”.
A presente desclassificação visa unicamente os solos e rochas escavados não utilizados na obra de
origem e encaminhados para obras de destino.
190
Locais sujeitos a licenciamento pela câmara municipal, nos termos do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º
139/89, de 28 de abril, na sua atual redação;
O produtor de solos e rochas deverá dar primazia à sua utilização na respetiva obra de origem.
Para efeitos do cumprimento dos possíveis destinos a dar às terras (locais sujeitos a licenciamento ou
comunicação prévia no âmbito do RJUE; Locais sujeitos a licenciamento pela câmara municipal, e
empreitadas e concessões de obras públicas), no momento da aprovação do licenciamento/comunicação
da obra, deve ser antecipada a gestão dos solos e rochas, acautelando o correto encaminhamento, como
subproduto ou resíduo, aquando do desenvolvimento do projeto. Caso se trate de obras públicas, esta
informação deverá ser registada no Plano de Prevenção e Gestão de RCD (PPGRCD) ou em caso de
obras particulares, no Registo de Dados.
As propostas para a gestão dos solos e rochas produzidas no decorrer da obra, devem fazer parte do
pedido de licenciamento.
O produtor deve manter em arquivo, em suporte de papel ou eletrónico, por um período de 5 anos, a
documentação comprovativa que demonstre a conformidade com o cumprimento das condições para o
material ser um subproduto, bem como a respetiva declaração de subproduto.
A declaração de subproduto dos solos e rochas é preenchida tendo em conta a obra de origem onde os
solos e rochas foram escavados, sendo da responsabilidade do produtor proceder ao seu preenchimento
enquanto “produtor de subproduto”. O transporte de solos e rochas da obra de origem para a obra de
destino deve ser acompanhado da declaração de subproduto. O modelo de Declaração de Subproduto
encontra-se no site da APA em www.apambiente.pt.
191
Ainda nesta categoria (outros resíduos) inserem-se os principais resíduos associados à fase de exploração
(manutenção dos equipamentos). Estes resíduos podem incluir resíduos perigosos e não perigosos, sendo
que anteriormente já se referiu os mecanismos de gestão para os resíduos equivalentes a RU, frações e
RCD. Os restantes resíduos têm de ser geridos por empresas licenciadas, que se podem encontrar no site
anteriormente referido (http://silogr.apambiente.pt/).
Só podem ser depositados em aterro os resíduos que preencham cumulativamente os seguintes requisitos:
Os aterros, em função da respetiva classe, estão sujeitos ao cumprimento dos requisitos técnicos constantes
do anexo I do Regime jurídico da deposição de resíduos em aterro (Decreto-lei n.º 102-D/2020, de 12
de dezembro, na sua atual redação) e do qual faz parte integrante, referentes à localização, ao controlo
de emissões e proteção do solo e das águas, à estabilidade, aos equipamentos, às instalações e
infraestruturas de apoio e ao encerramento e integração paisagística.
Nos aterros para resíduos inertes só podem ser depositados resíduos inertes que satisfaçam os critérios
de admissão estabelecidos no n.º 2 da parte B do anexo II do Regime jurídico da deposição de resíduos
em aterro, sendo, contudo, interdita a deposição de solos provenientes de locais contaminados.
a) Resíduos urbanos;
b) Resíduos não perigosos de qualquer outra origem que satisfaçam os critérios de admissão em aterros
para resíduos não perigosos definidos no n.º 3 da parte B do anexo II do Regime jurídico da deposição
de resíduos em aterro;
192
Nos aterros para resíduos perigosos só podem ser depositados resíduos perigosos que satisfaçam os
critérios de admissão estabelecidos no n.º 4 da parte B do anexo II do Regime jurídico da deposição de
resíduos em aterro.
No que diz respeito à armazenagem subterrânea de resíduos, assim como à armazenagem de resíduos
de mercúrio, devem ser cumpridos os requisitos estabelecidos no anexo III do Regime jurídico da deposição
de resíduos em aterro, do qual faz parte integrante
Compete à ARM, S.A. recolher os resíduos urbanos produzidos na sua área de jurisdição; proceder à
recolha seletiva, triagem, valorização e tratamento de resíduos urbanos valorizáveis produzidos nos
Municípios aderentes, onde se inclui o município de Câmara de Lobos.
No contexto da gestão de RCD, verifica-se que, com exceção dos resíduos perigosos, todos os outros
resíduos podem ser depositados em aterros específicos de resíduos não perigosos ou em aterros de
Resíduos Urbanos com a devida autorização de receção. A deposição em aterro constitui a última opção,
apenas após esgotadas as possibilidades de reutilização e valorização.
Existem empresas licenciadas para operações de resíduos perigosos e industriais não perigosos, devendo
ser consultado o site da Agência Portuguesa do Ambiente para escolha das empresas de gestão de
resíduos adequadas.
193
6.11.1 Introdução
A presente caracterização do estado atual do ambiente potencialmente afetado pelo projeto “Sistema
de Teleféricos e Parque Aventura em Curral das Freiras” para o fator ambiental Ruído baseou-se na
identificação das fontes de ruído existentes na área do projeto em estudo, na identificação dos recetores
sensíveis, no estudo do mapa de ruído do município de Câmara de Lobos e numa campanha de avaliação
acústica efetuada no âmbito do presente estudo.
O Regulamento Geral do Ruído (RGR), aprovado pelo Decreto-lei n.º 9/2007, de 17 de janeiro e
alterado pela Declaração de Retificação n.º 18/2007, de 16 de março e pelo Decreto-Lei n.º 278/2007,
de 1 de agosto, estabelece o regime de prevenção e controlo da poluição sonora, visando a salvaguarda
da saúde humana e o bem-estar das populações.
O RGR aplica-se às atividades ruidosas permanentes e temporárias e a outras fontes de ruído suscetíveis
de causar incomodidade, sendo assim, aplicável no âmbito deste projeto o artigo 13.º relativo a
atividades ruidosas permanentes. De acordo com o artigo 13.º a instalação e o exercício de atividades
ruidosas permanentes em zonas mistas, nas envolventes das zonas sensíveis ou mistas ou na proximidade
dos recetores sensíveis isolados estão sujeitos: ao cumprimento dos valores limite de exposição fixados no
artigo 11.º e ao cumprimento do critério de incomodidade.
De acordo com o artigo 16.º do RGR compete aos municípios estabelecer nos planos municipais de
ordenamento do território a classificação, a delimitação e a disciplina das zonas sensíveis e das zonas
mistas.
194
O PDM em vigor no município de Câmara de Lobos encontra-se publicado no Jornal Oficial da Região
Autónoma da Madeira, 1.ª série, n.º 44, de 19 de março de 2019, a Resolução n.º 134/2019.
Na área envolvente ao projeto as principais fontes de ruído estão associadas ao tráfego rodoviário a
circular nas vias na envolvente com destaque para a Estrada Regional n.º 107, estrada Cónego Camacho,
estrada do Ribeiro Cidrão e Rua Eng. Jaime Ornelas Camacho e fontes naturais de ruído.
Na Figura 6.29 é apresentada a localização das principais fontes de ruído na envolvente do projeto e,
de forma mais pormenorizada, as fontes de ruído existente na proximidade dos recetores sensíveis da
localidade de Curral das Freiras.
A envolvente à área do projeto é caracterizada por ser uma zona rural cujos recetores sensíveis mais
próximos se encontram dispersos ou inseridos em pequenos aglomerados populacionais, dos quais se
destaca, devido à sua proximidade, a localidade de Curral das Freiras cujos recetores sensíveis mais
próximos estão localizados a cerca de 20 metros da plataforma de passageiros da estação baixa. De
realçar que, na envolvente das estações altas, uma no Miradouro do Paredão e a outra no Miradouro
da Corrida não existem recetores sensíveis.
No Quadro 6.24 são apresentados os recetores sensíveis passíveis de serem afetados pelo projeto e
considerados na avaliação acústica para caracterização da situação atual
195
Porto Moniz
Calheta Machico
Funchal
3622000
0 25 50
m
3621000
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_29_ruido_fontes.mxd - A3 (420mm x 297mm)
0 200 400
Service Layer Credits: m
196
Porto Moniz
Calheta Machico
Funchal
3622000
0 25 50
m
3621000
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_30_ruido_recetores.mxd - A3 (420mm x 297mm)
0 200 400
Service Layer Credits: m
Estações
Cabos
Local de medição
Parque Aventura
Estudo de Impacte Ambiental do
Área de implantação do Parque Aventura Recetores sensíveis Sistema de Teleféricos e Parque Aventura em Curral das Freiras
Figura 6.30 - Recetores Sensíveis na área envolvente ao projeto
197
Quadro 6.24
Recetores sensíveis mais próximos do projeto
A caracterização da situação atual em termos de ambiente sonoro à escala local, isto é, na área
envolvente ao projeto, foi efetuada com recurso a um ensaio acústico realizado junto dos recetores
sensíveis com o objetivo de determinar o nível sonoro de longa duração.
A avaliação acústica relativa à caracterização da situação atual foi realizada com recurso a medições
de ruído e consequente determinação do nível sonoro médio de longa duração.
A campanha de medições de ruído decorreu nos dias 24, 25 e 26 de novembro de 2021 e o relatório
de ensaio é apresentado no Anexo 3.
Quadro 6.25
Indicadores de ruído Lden e Ln determinados juntos dos recetores sensíveis.
Designação do local de medição Coordenadas (pt-tm06/etrs89) Lden (db(a)) Ln (db(a))
R1 M: -829351; p: -736331 46 38
198
Os valores dos indicadores de ruído Lden e Ln, determinados no local de medição utilizado para
caracterizar os recetores sensíveis potencialmente mais expostos ao ruído proveniente do projeto são
inferiores aos valores limite de exposição.
A análise do mapa de ruído municipal foi efetuada para o concelho de Câmara de Lobos uma vez que
a totalidade de recetores sensíveis alvo de avaliação acústica se localizam no mesmo.
O mapa de ruído do Município de Câmara de Lobos reporta-se ao ano de 2015, e a análise do seu RNT
e das peças desenhadas disponíveis permite verificar que no mapa de ruído apenas foi considerada na
envolvente do projeto a via de tráfego rodoviário Estrada regional n.º 107, permitindo verificar que esta
via de tráfego não afeta significativamente os níveis sonoros junto dos recetores sensíveis caracterizados
pelo locai de medição.
Na Figura 6.31 e na Figura 6.32 são apresentados os extratos do mapa de ruído do município de Câmara
de Lobos referentes à área em estudo para os indicadores Lden e Ln. No Quadro 6.26 é possível verificar
os resultados dos indicadores Lden e Ln obtidos na presente avaliação acústica e nos mapas de ruído do
município de Câmara de Lobos. Da análise do Quadro 6.26 verifica-se que os valores medidos na
presente avaliação acústica estão em concordância com os valores do mapa de ruído.
Quadro 6.26
Comparação entre os indicadores de ruído Lden e Ln determinados juntos dos recetores sensíveis
avaliados e o verificado nos mapas de ruído.
Avaliação acústica Mapa de ruído municipal
Designação do local de medição
Lden (dB(A)) Ln (dB(A)) Lden (dB(A)) Ln (dB(A))
R1 46 38 ≤55 ≤45
199
Figura 6.31 – Extrato do mapa de ruído do município de Câmara de Lobos – indicador Lden (2015) com sobreposição
da área do projeto e do local de medição de ruído utilizado na avaliação acústica realizada no âmbito do presente
EIA.
Figura 6.32 – Extrato do mapa de ruído do município de Câmara de Lobos – indicador Ln (2015) com sobreposição da
área do projeto e do local de medição de ruído utilizado na avaliação acústica realizada no âmbito do presente EIA.
200
A área envolvente ao projeto “Sistema de Teleféricos e Parque Aventura em Curral das Freiras” é
caracterizada por se encontrar numa zona rural cujos recetores sensíveis mais próximos se encontram
dispersos ou inseridos em pequenos aglomerados populacionais. A única fonte de ruído antropogénica
identificada foi o tráfego rodoviário a circular nas vias na envolvente, com destaque para a estrada
regional n.º 107. Os recetores sensíveis mais próximos da área do projeto estão expostos a níveis de
ruído inferiores aos valores limite de exposição definidos no RGR.
6.12.1 Introdução
O presente capítulo pretende facultar uma perspetiva atualizada dos sítios e estruturas de valor
científico/patrimonial, elementos classificados e zonas de proteção definidas por lei, que possam integrar-
se na área a afetar pelas infraestruturas a implementar e pelas ações a desenvolver.
6.12.2 Metodologia
¨ Recolha de informação;
¨ Trabalho de campo; e
¨ Registo e inventário.
201
¨ Sítios e estruturas de reconhecido interesse patrimonial e/ou científico, que não estando
abrangidos pela situação anterior, constem em trabalhos de investigação creditados, em
inventários nacionais e ainda aqueles cujo valor se encontra convencionado; e
202
O objetivo desta tarefa foi identificar indícios potencialmente relacionados com vestígios e áreas de
origem antrópica antiga.
203
A pesquisa bibliográfica permite traçar um enquadramento histórico para a área em estudo. Com este
enquadramento procura-se facultar uma leitura integrada de possíveis achados, no contexto mais amplo
da diacronia de ocupação do território.
Desta forma, são apresentados os testemunhos que permitem ponderar o potencial científico e o valor
patrimonial da área de incidência do Projeto e do seu entorno imediato.
¨ Constatação dos indícios toponímicos e fisiográficos que apontam para a presença no terreno
de outros vestígios de natureza antrópica (arqueológicos, arquitetónicos ou etnográficos) não
detetados na bibliografia;
¨ Recolha de informação oral junto dos habitantes e posterior confirmação nos locais citados;
A metodologia empregue consiste na progressão no terreno apoiada por cartografia em formato papel
e em formato digital (introduzida em sistema GPS), permitindo o estabelecimento prévio da área a
percorrer.
Quando existem dados disponíveis, as coordenadas dos sítios e estruturas conhecidos de antemão na
área de afetação do projeto são introduzidas em GPS, para que se possa proceder a uma
verificação/correção de todas as localizações facultadas pela bibliografia.
204
A análise cartográfica é fundamental para identificação dos espaços de maior sensibilidade patrimonial,
para sinalização das ocorrências patrimoniais identificadas e delimitação de zonas que possam vir a ser
objeto de propostas de proteção e/ou de medidas de intervenção específicas.
A cartografia tem como base a Carta Militar de Portugal 1:25.000 e a escala de projeto, sobre as quais
as realidades inventariadas são georeferenciadas.
6.12.3 Resultados
A Ilha da Madeira possui origem vulcânica e o relevo é acidentado, com declives superiores a 20% na
maior parte do território, apesar de existirem declives mais suaves em algumas áreas, como o Vale de
Machico.
Da orografia bastante acidentada, predominando as montanhas rochosas entrecortadas por vales muito
encaixados e profundos com encostas íngremes.
A rede hidrográfica constitui-se por linhas de água de carácter temporário, por vezes torrencial, e com
declives muitas vezes acentuados.
Apresenta temperaturas amenas ao longo de todo o ano, com amplitudes reduzidas, sendo que a maior
variação verificada de acordo com a altitude. O clima é influenciado pela insularidade, pela latitude,
pela corrente fria das Canárias e pelo relevo. Assim, a posição latitudinal da ilha confere-lhe um carácter
subtropical, enquanto a corrente fria das Canárias e a insularidade lhe conferem um carácter
mediterrâneo.
205
O clima é fortemente influenciado pelo Anticiclone dos Açores, sendo que os ventos alísios de norte e
nordeste condicionam a distribuição das chuvas, muito mais abundantes na costa norte, dado que o maciço
montanhoso central atua como barreira de condensação.
Os valores de precipitação na costa Norte atingem o dobro dos valores de precipitação na costa sul A
precipitação, tal como a temperatura, varia com a altitude.
A paisagem é em si mesmo o registo do esforço dos povoadores na conquista de solo agrícola, patente
nos poios que trepam as encostas e se encaixam no relevo natural. A atividade agrícola, outrora vital
para a sobrevivência da população, implicou, para além dos poios, a construção das levadas.
Nas fragas das encostas da freguesia de Curral das Freiras nasce a ribeira dos Socorridos, a mais
expressiva corrente a sul da ilha. Nesta ribeira encabeçavam as importantes levadas dos Piornais e Nova
do Castelejo.
Esta rede de canais de água, construída pelo homem desde o início do povoamento da Madeira, percorre
a notável Floresta Laurissilva, classificada como Património Natural da Humanidade pela UNESCO. As
levadas foram criadas com a finalidade de levar a água desde as montanhas até às plantações de cana-
de-açúcar e às populações, estes canais de irrigação, são acompanhados de trilhos ou veredas.
A ilha é muito montanhosa, com profundos vales incrustados entre os picos mais altos e falésias na maior
extensão da costa, que totaliza cerca de 160 km de extensão. A altitude média é de 1 371,6 m, sendo
os pontos mais elevados o Pico Ruivo (1 862 m) e o Pico das Torres (1 853 m). As praias de areia fina
são raras. O extremo leste, chamado Ponta de São Lourenço, forma um cabo alongado e relativamente
pouco elevado que se prolonga até dois ilhéus próximos. Na costa sul, a oeste do Funchal, situa-se o cabo
Girão, uma das mais altas falésias do mundo.
A freguesia do Curral das Freiras localiza-se no Vale do Curral das Freiras, encaixada na Ribeira dos
Socorridos, a altitude de cerca de 640 metros. O Miradouro do Paredão, no Montado do Paredão,
localiza-se a uma altitude de 1400 metros. O Miradouro da Boca da Corrida situa-se no conjunto
montanhoso oeste, que forma o vale do Curral das Freiras, numa altitude de 1200 metros.
A floresta atual contém espécies endémicas e também plantas trazidas pelos colonos, além de variedades
tropicais cultivadas, como a banana e o maracujá, entre outros. O solo vulcânico é geralmente muito fértil
(cerca de 3 vezes mais fértil que o de Portugal continental) e a humidade da montanha favorece o
crescimento de uma vegetação exuberante.
206
As ilhas do arquipélago da Madeira já seriam conhecidas antes da chegada dos portugueses, a crer em
referências presentes em obras, bem como na representação destas em cartas geográficas. Entre as obras
que se referem à Madeira salientam-se passagens do “Libro del Conocimiento” (1348-1349), obra de
um frade mendicante espanhol na qual as ilhas são referidas pelo nome de Leiname, Diserta e Puerto
Santo.
Um ano após a descoberta de Porto Santo por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, os dois
navegadores em conjunto com Bartolomeu Perestrelo, chegam à ilha da Madeira em 2 de julho de 1419.
Tendo sido notadas as potencialidades das ilhas, bem como a sua importância estratégica, iniciou-se cerca
de 1425 a colonização, que terá sido uma iniciativa de D. João I ou do Infante D. Henrique.
A partir de 1440 estabelece-se o regime das capitanias, com a investidura de Tristão Vaz Teixeira como
Capitão-Donatário da Capitania de Machico e seis anos mais tarde Bartolomeu Perestrelo torna-se
Capitão-Donatário do Porto Santo. Em 1450 João Gonçalves Zarco é investido Capitão-Donatário da
Capitania do Funchal.
O crescente interesse pelos testemunhos arqueológicos pós-quinhentistas, não só no território nacional, mas
igualmente nos territórios anteriormente ocupados pela Expansão Portuguesa é notório.
No caso concreto da Madeira, o facto de ter sido humanizada na primeira metade do século XV, permite
a este território adquirir particular relevância para a investigação, tendo por base uma expetativa
cronológico-cultural que se poderá refletir no campo do acervo arqueológico (Sousa, 2010, p. 12).
Verifica-se que existem três áreas que correspondem aos principais núcleos de povoamento: Porto Santo,
Machico e Funchal, respetivamente cabeças de sede das três capitanias, nas quais a potencialidade
arqueológica é muito elevada concretamente, tendo em consideração os respetivos centros históricos, que
deverão igualmente corresponder às primeiras ações de antropização do território, com a construção de
infraestruturas essenciais à condução da vida quotidiana, como as habitações e a rede viária, a rede de
abastecimento de águas e outros equipamentos públicos e privados.
A comunicação entre os distintos núcleos populacionais que se foram instalando ao longo dos séculos
seguintes deparou-se com a dificuldade de estabelecer acessibilidades por meio terrestre, decorrente da
207
difícil orografia, que só recentemente começou a ser efetivamente superada. As altas montanhas, nas
quais se encaixam vales profundos, dificultavam a deslocação de pessoas e bens. Neste contexto, a via
marítima representou um papel preponderante, enquanto via de circulação, essencial na vida insular, mas
igualmente nos contactos com o resto do mundo.
O manancial de informação arqueológica de contexto subaquático conta com mais de uma centena de
referências a naufrágios, um número em crescimento, em função do desenvolvimento de investigação neste
domínio.
A baía da cidade do Funchal, entre a Ponta do Garajau e a Ponta da Cruz, corresponde a um sítio de
fundeadouro natural, com condições propícias para abrigar embarcações. Na entrada da urbe situava-
se o forte de São José, erigido sobre um ilhéu como controlo da entrada no Funchal e ligado a terra pela
estrada real. Este foi destruído e os materiais construtivos reutilizados no forte de Nossa Senhora da
Conceição, implantado no outro ilhéu. Para além dos achados detetados no espaço da fortaleza, toda a
área marítima envolvente encontra-se repleta de vestígios arqueológicos, nomeadamente de naufrágios
(Neto, Parreira e Brazão, 2019, p. 76).
A pertinência histórico-arqueológica começou a ser relevada no ano de 1989, que marcou uma viragem
no paradigma da arqueologia madeirense.
A intervenção arqueológica concretizada no antigo quarteirão das casas de João Esmeraldo - Cristóvão
Colombo, pela equipa de arqueólogos Rosa Varela Gomes e Mário Varela Gomes, revelou “outra cidade
soterrada” totalmente desconhecida anteriormente no Funchal. Os vestígios identificados, os
conhecimentos que proporcionaram e a mediatização em torno do achado conduziu a uma alteração da
perceção do património histórico-arqueológico da região e derivou inclusivamente na criação de duas
estruturas fundamentais, sob a dependência direta da autarquia funchalense: o Gabinete de Arqueologia
e Restauro e o Núcleo Museológico “A Cidade do Açúcar”, que inclui no seu espólio alguns artefactos
recuperados nas escavações (Sousa, 2010, p. 12).
Em termos de intervenções na ilha que merecem destaque registam-se também as escavações realizadas
no logradouro da Junta de Freguesia de Machico que permitiram identificar elementos sobre o quotidiano
da povoação nos primeiros tempos do povoamento. As escavações de 2001 puseram a descoberto uma
cisterna interior, localizada no pavimento do piso térreo. Esta estrutura hidráulica, muito comum junto das
casas abastadas madeirenses, foi construída em pedra basáltica semi-aparelhada, com uma configuração
circular (SOUSA, 2006, p. 92-97). A intervenção de 2005 revelou uma estrutura de levada, do século
XVI, com vários esteios de tampo e uma conduta interior. O espólio arqueológico, que recua à segunda
208
metade do século XV, integra cerâmicas de importação nacional e europeia, vários objetos de metal e
osso, estes últimos que indiciam a existência de armas pirobalísticas (noz de besta) e componentes de
vestuário, designadamente uma presilha de cobre dourado e várias brigandines (couraças) e cota de
malha do vestuário militar da sociedade de Machico nos séculos XV e XVI (Sousa, s.d., p.14). Salienta-se
a proximidade entre o espaço escavado e a área de lixeira do espaço primitivo da Alfândega de
Machico.
Relativamente ao concelho no qual se insere a área de estudo, a cidade de Câmara de Lobos localiza-
se na costa sul da ilha, numa pequena enseada. O núcleo urbano desenvolve-se em torno deste elemento
natural, crescendo a montante de forma radial.
Câmara de Lobos foi um dos primeiros lugares da ilha, após a sua descoberta, sujeitos a exploração
agrícola. Este interesse decorreu das ótimas condições de aptidão do solo, condições climatéricas,
exposição solar e abrigo dos ventos. Entre as plantações, destaca-se a vinha, que resulta na produção
do Vinho da Madeira.
A atividade piscatória era praticada por diversos indivíduos, parte uma considerável dos quais vivia no
bairro do Ilhéu, em condições bastante insalubres.
Câmara de Lobos foi o primeiro local onde habitou João Gonçalves Zarco. Esta foi a primeira povoação
criada na Madeira pelo próprio, sendo elevada a freguesia em 1430. Quando o navegador aqui chegou,
traçou a fundação da capela do Espírito Santo, na baía. Mais tarde a capela foi convertida na Igreja
de São Sebastião.
De acordo com a tradição, o topónimo Câmara de Lobos, resulta do facto de, na época da descoberta
da ilha, se verificar a existência de uma rocha alongada que entrava pelo mar adentro e que entre esta
rocha e outra se estender um braço de mar, onde se formou uma grande lapa ou câmara natural. Aqui
os navegadores ter-se-ão deparando com inúmeros lobos-marinhos.
O Curral das Freiras é a freguesia mais extensa do concelho. Esta povoação tem uma localização única
na ilha da Madeira, uma vez que se implanta num vale profundo que se assemelha à cratera de um
vulcão, mas que deve o seu aspeto à forte erosão.
209
O “Elucidário Madeirense” (1965) constitui uma valiosa fonte de informação, relativa à história local.
Sobre Curral das Freiras refere “Fica esta pequena paróquia situada no interior da ilha, e assenta no
fundo da cratera de um extinto vulcão, segundo vários geólogos o afirmam. Para alcançar este lugar,
mister é subir altas e ingremes montanhas e descer pelas declivosas ravinas que circuitam o profundo
vale, que se nos mostra como um horroroso e insondável abismo, ao ser observado dos píncaros da
serrania. É talvez o ponto da Madeira em que a natureza se apresenta mais notavelmente grandiosa e
de aspetos mais surpreendentes, pela grande elevação e forma caprichosa dos montes, pelo alcandorado
e aprumo das encostas, pelos desfiladeiros e abismos que se encontram disseminados por toda a parte,
pelo tom agreste e selvagem da paisagem.”
Em 1480 eram proprietários do Curral Rui Teixeira e a sua esposa Branca Ferreira e a 11 de Setembro
do mesmo ano esta foi vendida ao Capitão Donatário do Funchal João Gonçalves da Câmara. Foi sendo
desenvolvido o arroteamento e a cultura das terras e, segundo a mesma fonte, em finais do século XV já
ali estaria estabelecida uma pequena povoação, legalmente constituída. O isolamento manteve uma
população reduzida e em 1794 apenas contava com cento e dez habitantes.
O capitão destinara estas terras à doação que fez a suas filhas D. Elvira e D. Joana, quando estas
professaram em Santa Clara, mosteiro que este fundara em 1492 e onde entraram as primeiras religiosas
em 1497. Neste hiato de tempo o topónimo alterou-se para Curral das Freiras.
Cerca de 1566, perante ofensiva dos corsários franceses luteranos que invadiram a ilha e saqueou a
cidade do Funchal, as freiras do Convento de Santa Clara em fuga encontraram o abrigo ideal nesta
localidade escondida entre as montanhas, “sahiram por entre os canaviaes e se acolheram e não pararam
até ao seu Curral”.
Desconhece-se se terá sido neste período que as freiras de Santa Clara terão mandado construir a capela
de Santo António, que se manteve até meados do século XIX e que era pertença do mosteiro.
210
O Curral das Freiras é um dos poucos locais da ilha que não é visível do mar e é, por isso, mais protegido
e de difícil acesso. Ainda nos dias de hoje tem só um acesso de carro por uma estrada serpenteante a
partir do Funchal.
A base tradicional da economia da população residia na atividade agrícola. Para além da vinha, era
importante a produção de cereja, de castanha e de cidra.
A Igreja de Nossa Senhora do Livramento constitui o único património histórico do Curral das Freiras.
Edificada no século XIX, esta igreja foi alvo de importantes obras no início do século XX, quanto se
construíram altares laterais, em honra de Nossa Senhora do Livramento e do Sagrado Coração de Jesus
e também o altar-mor da igreja.
Em termos de inventário do património, apenas foram identificados na área de estudo elementos de cariz
arquitetónico religioso, embora a história de ocupação da freguesia e povoação de Curral das Freiras
indiciem potencial arqueológico moderna e contemporânea a ponderar na fase de construção do projeto.
O Quadro 6.27 integra uma síntese da informação relativa ao património identificado na área de estudo.
Quadro 6.27
Património documentado na área de estudo
N.º Designação Concelho Categoria Descrição
Freguesia Tipologia Fontes
Coordenadas* Cronologia
Área de projeto
A1 Igreja Paroquial Câmara de Lobos Arquitetónico Edificada no século XIX, no reinado de D. Maria I, esta
de Nossa igreja foi alvo de importantes obras no início do século
Curral das Freiras Igreja
Senhora do XX (1917-1918), onde se construíram altares laterais
Livramento 315753.00/ Contemporâneo em honra de Nossa Senhora do Livramento e do
3621981.00 Sagrado Coração de Jesus e também o altar-mor da
igreja.
211
212
A área de estudo do empreendimento implanta-se na zona do Curral das Freiras e parcialmente Jardim
da Serra, concelho de Câmara de Lobos, na região centro da ilha da Madeira.
¨ A estação de Curral das Freiras, a instalar no centro da vila, junto à estrada Cónego
Camacho.
Não existem condições em termos orográficos e de coberto vegetal do território compatíveis com a
realização de prospeção arqueológica sistemática em percursos lineares.
Os declives acentuados, penedias e matos densos são a característica geral da paisagem montanhosa.
Note-se que, Curral das Freiras localiza-se no Vale do Curral das Freiras, encaixado na Ribeira dos
Socorridos, à altitude de 640 metros, enquanto o Miradouro do Paredão, no Montado do Paredão, se
localiza a uma altitude de 1400 metros e o Miradouro da Boca da Corrida, situado no conjunto
montanhoso oeste que forma o vale do Curral das Freiras, se encontra a 1200 metros de altitude.
214
215
6.12.4 Síntese
Salienta-se o facto do Projeto se enquadrar histórica e geograficamente numa área de estudo na qual
não existem referências a achados ou intervenções arqueológicas, não sendo, no entanto, o potencial
arqueológico no subsolo negligenciável, sobretudo no núcleo antigo de Curral das Freira.
Em termos de inventário do património, apenas foram identificados na área de estudo elementos de cariz
arquitetónico religioso.
Trata-se de um território muito adverso para a adaptação das técnicas de prospeção arqueológica
tradicionais, mas em contrapartida, também é historicamente descrito como muito inóspito e as zonas de
mais difícil acesso também corresponderão às de menor potencial arqueológico.
6.13 SOCIOECONOMIA
A caracterização socioeconómica da área de estudo é feita com recurso aos dados disponíveis referentes
aos Censos 2001, 2011 e 2021 (resultados preliminares) disponíveis na plataforma do Instituto nacional
de Estatística, ao Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira – 2019, Edição 2020, publicado
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), aos dados disponibilizados pelo Instituto de Emprego da
Madeira (IEM), a fontes cartográficas e bibliográficas, bem como ao estudo da área de influência do
Projeto.
Nas freguesias onde se localiza a área de estudo, deu-se importância particular à identificação de
edificações, infraestruturas e equipamentos localizados quer na área prevista para a implantação do
Projeto, quer nas suas imediações, na medida em que a construção e a exploração do mesmo poderão
interferir com o quotidiano da população e das atividades que desenvolvem. Semelhante importância foi
dada às vias de circulação rodoviária, aos caminhos rurais e às características funcionais das edificações
e equipamentos existentes. Considerou-se ainda importante avaliar a situação turística da região pelo
impacte expectável que o projeto terá a esse nível.
A área onde será implementado o projeto encontra-se na freguesia de Curral das Freiras, pertencente
ao concelho de Câmara de Lobos, mas a área de estudo considerada abrange, marginalmente, para
além da freguesia já referida, a freguesia de Jardim da Serra, também no concelho de Câmara de
216
Lobos e, no concelho do Funchal, a freguesia de Santo António. Assim, do ponto de vista da análise
estatística, estes foram os concelhos e freguesias nos quais se considerou relevante focar a análise, com a
premissa de serem estas as que sentirão mais a presença do Projeto nos vários níveis socioeconómicos,
tais como acessos/mobilidade; alojamento; restauração; entre outros. No entanto, ao nível do turismo, são
também apresentados dados para toda a ilha da Madeira e RAM devido à sua extensão e impacte
expectável do projeto na zona.
A área de estudo está, como atrás se referiu, inserida nos concelhos de Câmara de Lobos e,
marginalmente, Funchal. A reorganização administrativa do território das freguesias, expressa na Lei n.º
11-A/2013 de 28 de janeiro, não teve impacte na região autónoma da Madeira pelo que não houve
qualquer alteração aos limites administrativos desta zona. Assim, em todos os dados retirados do INE,
independentemente do ano (2001, 2011 e 2021), será possível encontrar as freguesias e concelhos
referidos acima.
O concelho de Câmara de Lobos ocupa uma área de 53,06 km2 e situa-se na região Autónoma da
Madeira. É delimitado a norte pelos concelhos de São Vicente e Santana, a leste pelo Funchal, a oeste
por Ribeira Brava e a sul pelo Oceano Atlântico. Relativamente ao concelho do Funchal, este ocupa uma
área de 77,44 km2, situado também na região Autónoma da Madeira. É delimitado a norte e oeste por
Câmara de Lobos, também a norte por Santana, a leste por Machico e Santa Cruz e a sul pelo Oceano
Atlântico.
Para enquadrar os concelhos ao nível nacional apresenta-se no Quadro 6.28 a evolução e taxa de
variação da população residente entre 2011 e 2021. Câmara de Lobos apresentou uma queda do
número de residentes tendo uma taxa de variação negativa no valor de -9,8% (mais baixa do que as
taxas da Região Autónoma da Madeira e de Portugal), e a sua densidade populacional é 616,7 hab/km2
para 2021, sendo significativamente mais alta que o valor nacional. Ao nível do género, verifica-se que
a proporção de homens e mulheres é bastante semelhante em ambos os anos (48% homens), sendo o
número de mulheres, portanto, ligeiramente superior ao de homens. O concelho do Funchal, apresenta
uma taxa de variação da população com um valor também negativo de -5,3% e uma densidade
populacional de 1 389,6 hab/km2 para 2021. Apesar da sua taxa de variação de população abaixo
217
do valor nacional, a densidade populacional é, tal como em Câmara de Lobos, significativamente mais
alta do que a de Portugal. Também no Funchal, em ambos os anos, a percentagem de homens e mulheres
é semelhante, com as mulheres a representarem a maior fatia da população, com cerca de 53% em 2011
e 54% em 2021.
De acordo com os Censos 2021 (Resultados Preliminares), todas as freguesias de Câmara de Lobos
apresentavam também valores da taxa de variação da população negativos, com um valor de -20,8%
para Curral das Freiras e de -17,2% para Jardim da Serra. Em 2021, a percentagem de mulheres é de
54% em ambas as freguesias, tendo este valor aumentado em 1% na freguesia de Jardim da Serra,
relativamente a 2011.
No município do Funchal, a freguesia de Santo António apresenta também uma taxa de variação
negativa, com um valor de -5,2%, para o mesmo período. A população feminina aumentou ligeiramente
de 2011 para 2021, passando de representar 52% para representar 53% da população.
Das freguesias analisadas, em 2021, a freguesia de Santo António, no Funchal, é a que apresenta um
maior número de residentes, com 25 952 habitantes, assim como maior densidade populacional.
Quadro 6.28
População residente, nos anos de 2011 e 2021, por sexo, assim como, a respetiva taxa de variação e
densidade populacional
População Residente (hab) Taxa de
Região Densidade
2011 2021 Variação
Concelho populacional,
2011-
2021
Freguesia Total H M Total H M 2021
(hab/km²)
(%)
Portugal 10 562 178 5 046 600 5 515 578 10 347 892 4 917 794 5 430 098 -2,0 112,2
Região Autónoma
da Madeira (Ilhas
267 785 126 268 141 517 251 060 117 712 133 348 -6,2 313,4
Madeira e Porto
Santo)
Câmara de
35 666 17 221 18 445 32 175 15 350 16 825 -9,8 616,7
Lobos
Curral das Freiras 2 001 925 1 076 1 585 729 856 -20,8 63,3
Jardim da Serra 3 311 1 563 1 748 2 742 1 273 1 469 -17,2 372,6
Funchal 111 892 52 073 59 819 105 919 49 186 56 733 -5,3 1 389,6
Santo António 27 385 13 046 14 339 25 952 12 290 13 662 -5,2 1 171,1
Fonte: Censos 2011 e 2021(Resultados Preliminares), (INE, 2021)
Para além dos dados já apresentados, importa também analisar outros indicadores que melhor
caracterizem a distribuição e tendência da população, tal como o índice de envelhecimento. Este
estabelece a relação entre a população idosa e a população jovem, definida como o quociente entre o
número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 0 e
os 14 anos.
218
De acordo com os Censos 2011 (dados mais atuais disponíveis), quase todas as freguesias e municípios
onde se encontra a área de estudo, apresentavam um índice de envelhecimento abaixo do nível médio
Nacional e da Região Autónoma da Madeira, sendo o concelho do Funchal a exceção com um valor de
109,2 que se encontrava acima do valor da região. O concelho de Câmara de Lobos apresentava o
valor mais baixo com um valor de 48,3. (vd. Figura 6.33).
Santo António
Funchal
Jardim da Serra
Câmara de Lobos
Portugal
No Quadro 6.29 é analisada a estrutura etária da população, que permite verificar que, nos municípios
de Câmara de Lobos e Funchal, os grupos etários mais jovens (0 aos 14 anos e 15 aos 24 anos) perderam
população na década 2001-2011, enquanto os grupos etários dos 25 aos 64 anos e 65 e mais anos
tiveram um aumento de população. Em Câmara dos Lobos, o grupo etário que mais perdeu foi o dos 0
aos 14 anos com uma taxa negativa de 17,5%. Na sua freguesia de Curral das Freiras, a taxa de
variação apenas foi negativa para o grupo etários dos 0 aos 14 anos, com um valor de -14,6%. Nas
restantes faixas etárias o valor foi positivo, destacando-se a faixa dos 65 anos e mais com 42,1%. Na
freguesia de Jardim da Serra, à semelhança do que se verificou no concelho, as faixas dos 0 aos 14 anos
e dos 14 aos 24 anos apresentaram valores negativos enquanto as restantes apresentaram valores
positivos, sendo o valor mais baixo o da faixa dos 15 aos 24 anos (32,8%) e o valor mais elevado
também o da faixa dos 65 e mais anos. No concelho do Funchal, na freguesia de Santo António, apenas
a faixa etária dos 15 aos 24 anos apresentou valores negativos com -3,3% para o período de 2001-
2011. Novamente, a faixa dos 65 e mais anos apresentou o valor mais elevado, com 36%.
219
Quadro 6.29
Estrutura etária da população residente segundo os grandes grupos etários e taxa de variação 2001-
2011
Região
Taxa de variação da população residente (2001- 2011) (%)
Concelho
Freguesia Total 0 - 14 anos 15 - 24 anos 25 - 64 anos 65 e mais anos
Portugal 2,0 -5,1 -22,5 5,5 18,7
Região Autónoma da
9,3 -6,2 -14,9 20,0 18,8
Madeira
Câmara de Lobos 3,0 -17,5 -12,7 18,1 18,0
Curral das Freiras 19,6 -14,6 4,5 38,4 42,1
Jardim da Serra -10,7 -29,5 -32,8 0,2 29,6
Funchal 7,6 -7,1 -16,5 15,1 23,3
Santo António 24,9 8,2 -3,3 37,8 36,0
Fonte: Censos 2001e 2011 (INE, 2021)
Os dados da década 2011-2020 para os concelhos em estudo indicam que nos dois concelhos houve uma
diminuição demográfica devido aos valores negativos de saldo natural (diferença entre o número de
nados-vivos e o número de óbitos num dado período), e principalmente, do saldo migratório (diferença
entre o número de entradas e saídas por migração, internacional ou interna, para um determinado país
ou região, num dado período de tempo), indicando que, não só o número de óbitos foi superior ao de
nados-vivos no período de 2011 a 2020 (no caso do Funchal), como o número de pessoas a sair do
concelho foi também superior ao número de pessoas a entrar neste mesmo período (para ambos os
concelhos)(vd. Figura 6.34 e Figura 6.35).
Segundo a Figura 6.34, no concelho de Câmara de Lobos, constata-se que o saldo natural apresentou
algumas variações de ano para ano, com um valor máximo de 159 em 2011 e mínimo de -4 habitantes
em 2014. Em relação aos valores de saldo migratório, constata-se que, à semelhança do saldo natural,
houve variações de ano para ano havendo uma tendência a aumentar desde 2014 (com -312 habitantes,
o segundo valor mais baixo) até 2019, onde atingiu o valor -100 (o valor mais elevado), voltando de
seguida a diminuir em 2020 com um valor de -113. Este atingiu o valor mais baixo em 2011 com -623.
Como se verifica, apesar dos valores maioritariamente positivos do saldo natural, quando comparados
com os valores negativos do saldo migratório, estes últimos tiveram um peso superior nos números da
220
No concelho de Funchal (vd. Figura 6.35), contrariamente ao concelho de Câmara de Lobos, o saldo
natural apresenta valores negativos ao longo do período 2011-2020, apesar das variações ao longo
dos anos. O valor mais baixo é de 2014 com um -522 e o mais alto ocorreu em 2011 com -193.
Relativamente ao saldo migratório, os valores foram negativos de 2011 a 2017, passando a valores
positivos em 2018 e até 2020. O seu valor mínimo foi atingido, à semelhança de Câmara de Lobos, em
2011 com -1807, e o valor máximo ocorreu em 2019 com 387. Mais uma vez, apesar dos distintos
valores de saldo natural e migratório, o balanço dos últimos anos tem sido negativo, indo de encontro à
taxa de crescimento de população negativa já apresentada para este concelho.
Câmara de Lobos
200
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
-200
-400
-600
-800
Figura 6.34 – Saldo natural e Saldo migratório para o concelho de Câmara de Lobos (2011-2020)
Funchal
500
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
-500
-1000
-1500
-2000
221
Figura 6.35 – Saldo natural e Saldo migratório para o concelho de Funchal (2011-2020)
6.13.3 Ensino
A qualificação académica da população residente na área em estudo, à data dos Censos 2011, é
apresentada no Quadro 6.30 e revela que, no geral, a maior fatia da população tinha qualificações até
ao nível de ensino básico. No concelho de Câmara de Lobos, na freguesia de Curral das Freiras, 17,1%
da população não apresentava nenhum nível de escolaridade, 71,0% apresentava escolaridade ao nível
do ensino básico, 9,0% apresentava escolaridade acima do ensino secundário (inclusive) e cerca de 1,0%
tinha escolaridade ao nível do ensino superior. Na freguesia de Jardim da Serra, a maioria da população
tinha escolaridade ao nível do ensino básico, representando 66,7% da mesma, 14,3% não apresentava
nenhum nível de escolaridade, e apenas 3,7% tinha uma escolaridade ao nível do ensino superior. Por
fim, no Funchal, na freguesia de Santo António, 8,1% da população não apresentava nenhum nível de
escolaridade, 59,3% apresentava escolaridade ao nível do ensino básico, 29,5% apresentava
escolaridade acima do ensino secundário (inclusive) e cerca de 12,2% tinha escolaridade ao nível do
ensino superior.
Ao comparar os níveis de escolaridade das freguesias com os respetivos concelhos verifica-se que, no
caso do concelho de Câmara de Lobos, os valores eram da mesma ordem de grandeza. O mesmo se
verificou no Funchal.
Quadro 6.30
População residente e Nível de escolaridade, em 2011
222
No Quadro 6.31 caracteriza-se a população economicamente ativa em 2011, bem como a taxa de
desemprego associada. No que diz respeito ao concelho de Câmara de Lobos, este município
apresentava uma taxa de desemprego de 18,1%, sendo a freguesia de Curral das Freiras a que
apresentava um valor mais elevado de taxa de desemprego (19,7%). No Funchal, a freguesia de Santo
António apresentava uma taxa de desemprego de 15,9%, valor acima do valor do concelho do Funchal
(14,2%).
Quadro 6.31
População economicamente ativa em 2011 e taxa de desemprego
Região População ativa (N.º)
Taxa de
Concelho População
População desemprego
residente (N.º) População
Freguesia desempregada (%)
empregada (N.º)
(N.º)
Portugal 10 562 178 4 361 187 662 180 13,2
Região Autónoma da Madeira 267 785 108 808 18 676 14,7
Câmara de Lobos 35 666 13 316 2 946 18,1
Curral das Freiras 2 001 608 149 19,7
Jardim da Serra 3 311 1 134 209 15,6
Funchal 111 892 47 270 7 822 14,2
Santo António 27 385 11 709 2 221 15,9
Fonte: Censos 2011 (INE, 2021)
De acordo com os dados disponíveis no Instituto do Emprego da Madeira (IEM), no fim de 2020, a RAM
apresentava um total de 20 116 desempregados registados (vd. Quadro 6.32). Verifica-se que, apesar
da pequena diferença, a maioria eram mulheres (53,6%) e que a grande maioria dos desempregados
(92,0%) se encontrava à procura de um novo emprego. Relativamente à duração do desemprego, 46,9%
estava nessa situação há mais de 1 ano.
Quadro 6.32
Desemprego registado segundo o tempo de inscrição e a situação face à procura de emprego (fim de
2020)
Total de inscritos nos centros de Tempo de
Tipo de desemprego
emprego inscrição
Região
À procura de
À procura do Menos 1 1 ano
Total Homens Mulheres novo
1º emprego de ano ou mais
emprego
RAM 20 116 9 328 10 788 1609 18507 10687 9429
Fonte: EIM (2021)
Funchal, o número de desempregados registados era de 8 435, correspondendo a cerca de 41,9% dos
desempregados da região autónoma da Madeira.
Ao consultar os dados mais recentes disponibilizados pelo EIM, no Boletim Mensal por Concelhos, para o
mês de setembro de 2021, verifica-se que o número de desempregados em ambos os concelhos, diminuiu
relativamente ao fim do ano de 2020. O concelho de Câmara de Lobos representa cerca de 13,2% da
população desempregada da RAM e o concelho do Funchal representa cerca de 41,6%, ambos valores
mais baixos que em fim de 2020. Em ambos os concelhos, a população desempregada é maioritariamente
composta por mulheres e também em ambos os concelhos perto de 90% da população se encontra à
procura de um novo emprego. Em Câmara de Lobos, aproximadamente 58,0% da população está
desempregada há pelo menos 1 ano ou mais, e no Funchal a percentagem é de 60,2%.
Quadro 6.33
Desemprego registado segundo o tempo de inscrição e a situação face à procura de emprego
(setembro de 2021)
Total de inscritos nos centros de Tempo de
Região Tipo de desemprego
emprego inscrição
Concelho À procura de
À procura do Menos 1 1 ano
Total Homens Mulheres novo
1º emprego de ano ou mais
emprego
R. A. M. 16 441 7 315 9 126 1 602 14 839 6 573 9 868
Câmara de
2 170 941 1 229 234 1 936 911 1 259
Lobos
Funchal 6 835 3 077 3 758 634 6 201 2 721 4 114
Fonte: EIM e Portal de Dados Abertos (2021)
É possível, segundo as estimativas e as previsões do INE, retirar algumas conclusões relativamente ao ano
de 2020 e 2021 e à crise económica e sanitária que o país enfrenta devido ao estado atual de pandemia
(Covid-19). De facto, de acordo com as estimativas realizadas pelo INE para o 2º trimestre de cada ano
entre o período de 2011 a 2021 (vd. Figura 6.36), é possível verificar que o número de desempregados,
tanto a nível Nacional como a nível da região Autónoma da Madeira (região onde se encontra a área
de estudo) aumentou relativamente ao ano de 2019, e consequentemente, a taxa de desemprego
também.
224
Taxa de desemprego
25,0%
20,1%
20,0% 17,9% 17,0%
14,4% 14,6% 13,9%
15,0% 11,8% 11,2%
8,8% 9,1% 9,6%
8,4%
10,0% 7,4% 7,0%
5,9%
5,0%
0,0%
2.º 2.º 2.º 2.º 2.º 2.º 2.º 2.º 2.º 1.º 2.º 3.º 4.º 1.º 2.º
Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre
de 2011 de 2012 de 2013 de 2014 de 2015 de 2016 de 2017 de 2018 de 2019 de 2020 de 2020 de 2020 de 2020 de 2021 de 2021
Taxa de desemprego (Série 2011 - %) por Local de residência (NUTS - 2013); Trimestral
Fonte: Valores calibrados tendo por referência as estimativas da população calculadas a partir dos resultados definitivos dos Censos 2021, (INE, 2021)
Figura 6.36 – Previsões relativas à situação Nacional e regional e evolução anual da taxa de desemprego relativa ao 2º trimestre e anos de 2020 e 2021
225
Por forma a melhor compreender a estrutura económica da população, no Quadro 6.34, é apresentado
o índice de dependência total, de acordo com os dados dos Censos de 2011, que indica a relação entre
a população jovem e idosa e a população em idade ativa, sendo esta definida como o quociente entre
o número de pessoas com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos conjuntamente com as pessoas
com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos
(expressa habitualmente por 100 (102) pessoas com 15-64 anos).
Verifica-se que o índice de dependência total na região da Madeira é inferior ao valor de Portugal. Os
concelhos em estudo apresentam valores semelhantes, no entanto, é nas freguesias de Câmara de Lobos
que este valor é mais elevado, apresentando para Curral das Freiras um valor de 47,2 e para Jardim
da Serra um valor de 46,6.
Quadro 6.34
Índice de dependência total da população
Região
Índice de dependência
Concelho
total (N.º)
Freguesia
Portugal 51,3
Região Autónoma da Madeira 45,6
Câmara de Lobos 44,8
Curral das Freiras 47,2
Jardim da Serra 46,6
Funchal 44,2
Santo António 39,3
Fonte: Censos 2011 (INE, 2021)
No Quadro 6.35 pode observar-se a distribuição da população empregada, por setor de atividade,
segundo os censos de 2011, onde se constatou que nos dois concelhos em análise, Câmara de Lobos e
Funchal, o setor terciário (social e económico) era o que empregava o maior número de indivíduos, com
as percentagens de 71,1% e 86,5%, respetivamente. De forma semelhante, a freguesia de Câmara de
Lobos também registou o sector terciário (social e económico), como sendo o sector que mais empregava
nesta área, na freguesia de Curral das Freiras este sector empregava 63,8% da população. Na freguesia
de Jardim da Serra este valor era cerca de 66,8%. Na freguesia de Santo António (Funchal) era também
o sector terciário que mais indivíduos empregava, com um valor de 85,2%.
226
Quadro 6.35
População residente empregada, por setores de atividade económica em 2011
População empregada - Sector de atividade económica
Região
(N.º)
Concelho
Sector Sector
Sector Sector
Freguesia Total terciário terciário
primário secundário
(social) (económico)
Portugal 4361187 133386 1154709 1254273 1818819
Região Autónoma da Madeira 108808 3695 18302 38602 48209
Câmara de Lobos 13316 663 3190 3780 5683
Curral das Freiras 608 18 202 192 196
Jardim da Serra 1134 41 336 296 461
Funchal 47270 382 5999 18595 22294
Santo António 11709 84 1650 4351 5624
Fonte: Censos 2011, (INE, 2021)
Com base no Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira, para o ano de 2018, o concelho de
Câmara de Lobos tinha 2 847 empresas em atividade, o que correspondia a cerca de 10,21% do total
de empresas da região Autónoma da Madeira e o concelho do Funchal tinha 13 667 empresas,
correspondendo a cerca de 49,03% do total de empresas da região Autónoma da Madeira (vd. Quadro
6.36).
No concelho de Câmara de Lobos a categoria de empresas mais representativa com sede no município
estava relacionada com a categoria “Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca - (A)”, com
uma representatividade de cerca de 40%. Esta era seguida pela categoria “Atividades administrativas
e dos serviços de apoio - (N)” com uma representatividade de 13%. Já no concelho do Funchal, a
categoria de empresas mais representativa com sede no município pertencia a “Atividades administrativas
e dos serviços de apoio – (N)” com uma representatividade de 18%. Com uma percentagem de 17%
seguia-se a categoria “Comércio por grosso e a retalho - (G)” (vd. Quadro 6.36).
Estas empresas, representadas em número significativo, estão, em parte, associadas aos níveis de
empregabilidade no setor terciário, conforme já apresentado no Quadro 6.33, que indica que o sector
terciário é o sector que mais emprega nos municípios de Câmara de Lobos e Funchal.
227
Quadro 6.36
Empresas por município da sede, segundo a CAE Rev. 3, 2018
Região
Total A B C D E F G H I J L M N P Q R S
Concelho
Portugal 1 278 164 132 887 1 022 68 214 4 365 1 280 85 311 217 831 25 592 113 191 19 116 45 510 128 466 181 109 57 895 98 006 36 689 61 680
R. A. Madeira 27 875 4 828 15 715 70 21 1 217 3 650 884 3 747 332 913 2 229 4 485 847 1 937 936 1 049
Câmara de
2 847 1 137 2 72 4 2 171 317 91 208 15 34 81 380 51 117 65 100
Lobos
Funchal 13 667 956 11 309 34 13 511 1 964 397 1 727 245 663 1 584 2 460 491 1 244 535 523
Fonte: Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira– 2018, (INE, 2020)
228
229
A área de estudo encontra-se, na sua maioria, em solos de tipologia rústica com alguma zonas de
tipologia urbana, como já referido no capítulo 6.6. De acordo com o Decreto Legislativo Regional n.º
15/2017/M, que aprova o Programa de Ordenamento Turístico da RAM (Anexo I), estes espaços devem
ser vocacionados para atividades turísticas onde se inclui a observação da natureza e atividades e
desportos ao ar livre, desde que compatíveis com o meio.
No Anexo II do mesmo decreto, são introduzidos os “Programas e ações para a concretização dos
objetivos do POT e implementação do Modelo Territorial para o Turismo da RAM”, sendo apresentado
na Parte 2 o “Programa Temático 1 – Mais Natureza”, onde as áreas naturais da RAM se destacam como
contendo um importante conjunto de atrações turísticas associadas à sua rica e exuberante fauna e flora
endémicas, que “contribuem de forma muito significativa para a diferenciação e qualificação” da RAM
enquanto destino turístico. Ao longo dos últimos anos tem sido promovida, cada vez mais, a abertura
destes espaços naturais ao consumo turístico, divulgando os seus valores naturais e a importância da sua
salvaguarda. No entanto, a “valia económica desta abertura ainda não é completamente visível na medida
em que não se observam no terreno melhorias das condições de visitação e de acesso às áreas protegidas,
onde o rendimento gerado pela atividade turística não tem sido suficiente para satisfação das necessidades
de investimento e de manutenção dos equipamentos”. Desta forma, é referido como objetivo o melhoramento
da oferta turística de forma a gerar valor e contribuir “para a divulgação e salvaguarda dos importantes
valores naturais e da biodiversidade”.
Neste sentido, considera-se a análise do sector turístico bastante relevante. Para tal, foi considerada não
só a envolvente próxima da área de estudo, mas também toda a ilha da Madeira. Tal deve-se à
relativamente pequena extensão da ilha da Madeira e ao facto de se considerar que o projeto em causa
está a ser proposto para provocar um impacte significativo ao nível do turismo da mesma. Assim, são
apresentados os dados do Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira de 2019 tendo como
alvo de maior análise os municípios de Câmara de Lobos e Funchal.
É possível verificar a importância económica do sector do turismo na Madeira ao analisar o Quadro 6.37,
onde se verifica que o Valor Acrescentado Bruto (VAB) do sector “I – Alojamento, restauração e similares”
na RAM corresponde a cerca de 13,8% do VAB total da região e, corresponde ainda, a cerca de 13,2%
do emprego total da mesma região. Ao analisar esta atividade económica ao nível da RAM e de Portugal,
verifica-se que a RAM corresponde a cerca de 5,5% do total da VAB nacional. No que respeita ao
230
emprego criado, a RAM tem cerca de 4,6% dos empregos relacionados com Alojamento, restauração e
similares, quando comparada com Portugal.
Quadro 6.37
Valor acrescentado bruto e emprego total por NUTS II e atividade económica, 2018
Emprego Emprego
VAB
VAB (milhões total total
(milhões de
Atividade económica de euros) (milhares de (milhares de
euros)
pessoas) pessoas)
Portugal R. A. Madeira
Total 177 465,917 4 914,023 4 315,204 123,541
A - Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 4 178,636 420,566 80,042 17,733
B - Indústrias extrativas 603,410 11,871 3,203 0,088
C - Indústrias transformadoras 25 160,401 774,579 132,325 5,752
D - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 4 686,811 9,246 100,095 0,779
E - Captação, tratamento e distribuição de água;
1 684,645 42,226 38,116 1,255
saneamento, gestão de resíduos e despoluição
F - Construção 7 463,849 302,346 232,289 7,239
G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos
23 559,037 737,071 514,270 16,915
automóveis e motociclos
H - Transportes e armazenagem 8 799,814 183,085 293,164 4,273
I - Alojamento, restauração e similares 10 812,535 357,419 594,710 16,273
J - Atividades de informação e de comunicação 6 248,346 103,045 68,866 1,229
K - Atividades financeiras e de seguros 8 661,013 82,237 116,400 1,467
L - Atividades imobiliárias 22 209,788 38,537 510,703 1,090
M - Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares 7 169,295 206,656 221,647 3,549
N - Atividades administrativas e dos serviços de apoio 7 139,239 373,331 131,318 6,492
O - Administração Pública e Defesa; Segurança Social
12 274,680 288,631 575,938 15,099
Obrigatória
P - Educação 10 091,419 311,336 273,590 8,107
Q - Atividades de saúde humana e apoio social 11 552,617 400,202 314,292 9,107
R - Atividades artísticas, de espetáculos, desportistas e
1 641,878 52,031 35,346 1,663
recreativas
S - Outras atividades de serviços 2 369,869 109,035 51,111 2,478
T - Atividades das famílias empregadoras de pessoal
doméstico e atividades de produção das famílias para uso 1 158,635 110,573 27,778 2,953
próprio
U - Atividades dos organismos internacionais e outras
0,000 0,000 0,000 0,000
instituições extraterritoriais
Fonte: Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira – 2019, (INE, 2020)
Segundo a Estratégia para o turismo da Madeira – 2017-2021 (2016) o turismo foi responsável por um
contributo estimado para o PIB da RAM de cerca de 25%, sendo o principal motor e alavanca da
economia regional.
231
Ainda de acordo com os dados do Anuário, a região autónoma da Madeira representou cerca de 8,3%
dos proveitos de aposento, 5,5% dos hóspedes e cerca de 10,6% das dormidas de Portugal (vd. Quadro
6.38). Os estabelecimentos de alojamento turístico que mais contribuíram para os valores atrás referidos
foram os estabelecimentos de alojamento local, representando 47,2% dos estabelecimentos da Região e
os estabelecimentos de Hotelaria, correspondendo a 37,8%. No entanto, os estabelecimentos de
alojamento local representaram apenas cerca de 12,3% da capacidade de alojamento e a Hotelaria
representa 84,7% (vd. Quadro 6.39). O concelho de Câmara de Lobos apresentou cerca de 0,3% dos
proveitos de aposento relativamente à região Autónoma da Madeira, e o município de Funchal 12,6%.
De acordo com o Quadro 6.39, em 2018 o município de Câmara de Lobos dispunha na totalidade de
10 estabelecimentos turísticos, sendo 3 de Alojamento local, 3 de Hotelaria e 4 de Turismo no espaço
rural e Turismo de habitação. A capacidade de alojamento neste município apresentava um total de 905
camas. O município do Funchal dispunha, na totalidade, de 171 estabelecimentos turísticos, sendo 80 de
Hotelaria, 88 de Alojamento Local e 3 de Turismo no espaço rural e Turismo de habitação. A capacidade
de alojamento neste município apresentava um total de 22 246 camas.
232
Relativamente à envolvente próxima da área de estudo, que abrange os concelhos de Câmara de Lobos
e Funchal, importa destacar um total de 70 Hotéis e Hostéis e um estabelecimento de Turismo Rural (vd.
Figura 6.39 e Figura 6.40).
Destaca-se, pela sua proximidade à área de estudo, a Estalagem Eira do Serrado, que se encontra a
260 m da área de estudo, na direção sul da mesma (vd. Figura 6.39).
233
234
235
Quadro 6.38
Hóspedes, dormidas e proveitos de aposento nos estabelecimentos de alojamento turístico por município, 2019
Hóspedes Dormidas Proveitos de aposento
Região Turismo no Turismo no
Turismo no espaço
Concelho Alojamento espaço rural Alojamento espaço rural e Alojamento
Total Hotelaria Total Hotelaria Total Hotelaria rural e Turismo de
local e Turismo de local Turismo de local
habitação
habitação habitação
N.º milhares de euros
Portugal 27 142 416 21 594 041 4 599 938 948 437 70 158 964 57 993 577 10 200 612 1 964 775 3 229 880 2 794 758 340 580 94 542
R. A. Madeira 1 482 240 1 302 584 137 197 42 459 7 457 197 6 739 297 559 741 158 159 267 450 246 142 15 616 5 691
Calheta 75 632 61 503 4 800 9 329 347 725 278 332 24 250 45 143 13 171 10 545 723 1 903
Câmara de Lobos 27 181 16 834 5 057 5 290 138 806 92 179 30 991 15 636 4 150 2 381 838 931
Funchal 941 733 843 960 96 868 905 5 022 176 4 636 543 381 086 4 547 186 632 176 512 1 0022 99
Machico 53 361 49 918 2 741 702 200 938 188 781 8 292 3 865 5 285 4 930 262 93
Ponta do Sol 17 138 … … 1 111 83 685 ... … 5 491 3 139 … … 133
Porto Moniz 27 750 24 591 … … 65 524 58 389 … … 2 094 1 934 … …
Ribeira Brava 17 313 14 941 1 768 604 52 012 40 372 8 002 3 638 1 293 906 253 134
Santa Cruz 165 964 150 005 14 084 1 875 882 257 799 739 73 403 9 115 30 326 27 348 2 756 223
Santana 23 229 … 5 402 … 68 865 ... 13 829 … 1 815 … 324 …
São Vicente 32 296 19 394 2 033 10 869 135 225 101 105 6 906 27 214 2 993 2 029 122 842
Nota: … Valor confidencial
Fonte: Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira – 2019, (INE, 2020)
236
Quadro 6.39
Estabelecimentos e capacidade de alojamento por município, em 31.7.2019
Estabelecimentos (n.º) Capacidade de alojamento (n.º)
Região
Turismo no Turismo no
Concelho Alojamento espaço rural Alojamento espaço rural e
Total Hotelaria Total Hotelaria
local e Turismo de local Turismo de
habitação habitação
Portugal 6 833 1 923 3 223 1 687 443 157 328 577 87 997 26 583
R. A. Madeira 381 144 180 57 37 549 31 792 4 604 1 153
Calheta 48 6 23 19 1 888 1 245 358 285
Câmara de Lobos 10 3 3 4 905 670 147 88
Funchal 171 80 88 3 22 246 19 633 2 583 30
Machico 22 8 11 3 1 281 1 067 184 30
Ponta do Sol 8 3 1 4 354 … … 54
Porto Moniz 15 6 7 2 456 317 … …
Ribeira Brava 12 3 6 3 454 333 90 31
Santa Cruz 42 18 17 7 4 499 3 835 566 98
Santana 17 1 10 6 661 … 264 …
São Vicente 16 3 7 6 801 471 107 223
Nota: … Valor confidencial
Fonte: Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira – 2019, (INE, 2020)
237
6.13.8 Acessibilidade
A área de estudo é atravessada na zona este pelo túnel da Via Expresso n.º 6 (VE 6) e na zona central
pela Estrada Regional n.º 107. Destaca-se ainda, a oeste, a estrada da Corrida que dá acesso ao
Miradouro da Boca da Corrida. A área de estudo é também atravessada por diversos caminhos.
As principais vias de acesso à área de estudo a partir do Funchal são a VE 6 e a ER 107 para a zona
de Curral das Freiras. Para a estação do Paredão o acesso será efetuado pela estrada da Eira do
Serrado e Caminho Florestal das Serras de Santo António, ou a partir da ER 103. Já para o Miradouro
da Boca da Corrida, onde se localizará o Parque Aventura, o acesso principal será a estrada da Corrida,
VR 2 e VR 1.
Na sua envolvente localiza-se a Via Regional n.º 1, a cerca de 5 km na direção sul, e a VE 4 a cerca de
4 km na direção oeste.
A área de estudo do projeto caracteriza-se por ser um terreno de características florestais, com
predominância de espaços naturais. Na envolvente, há a referenciar zonas urbanizadas, que não revelam
densidades elevadas e algum tráfego pouco intenso.
Dentro dos limites considerados para a área do parque aventura, Zip Line e cabos dos teleféricos, tal
como apresentado no subcapítulo 6.9.3, foi possível encontrar um aglomerado populacional (Curral das
Freiras), e várias localidades:
¨ Curral das Freiras, localizada na envolvente da estação de Curral das Freiras (identificado
com n.º 2 na Figura 6.41);
¨ Achada, a norte da estação de Curral das Freiras (identificado com n.º 1 na Figura 6.41);
¨ Casas Próximas, a sudoeste da estação de Curral das Freiras, por baixo da Zip Line
(identificado com n.º 3 na Figura 6.41);
¨ Terra Chã, entre a estação do Paredão e a estação da Boca da Corrida, por baixo do cabo
do teleférico que liga estas duas estações (identificado com n.º 4 na Figura 6.41);
239
¨ Curral de Baixo, a sul do cabo do teleférico que liga a estação do Paredão e a estação da
Boca da Corrida (identificado com n.º 5 na Figura 6.41)
Dentro da área de estudo encontram-se diversas infraestruturas, uma vez que os cabos propostos passam
por cima do vale onde se encontra Curral das Freiras e diversas outras localidades. Recorrendo a
fotografias aéreas e à plataforma Google Maps, foram contabilizadas cerca de 554 edificações, das
quais aproximadamente 542 foram consideradas de habitação, quatro edifícios em ruínas, duas escolas
(EB123/PE do Curral das Freiras e EB1/PE Seara Velha) e ainda um campo de futebol, um pavilhão
gimnodesportivo, a piscina de Curral das Freiras, o centro de saúde de Curral das Freiras e uma igreja
pertencente à Paróquia de Nossa Senhora do Livramento.
A RAM apresenta, de forma geral, elevados níveis de turismo, apresentando os concelhos abrangidos
pela área de estudo também alguns estabelecimentos de alojamento e uma oferta diversificada a nível
de restauração e pontos de interesse.
240
Em relação à acessibilidade, a área de estudo é atravessada na zona este pelo túnel da Via Expresso
n.º 6 (VE 6) e na zona central pela Estrada Regional n.º 107. Destaca-se ainda, a oeste, a estrada da
Corrida que dá acesso ao Miradouro da Boca da Corrida. A área de estudo é também atravessada por
diversos caminhos. As principais vias de acesso à área de estudo são a VE 6 e a ER 107 para a zona de
Curral das Freiras. Já para o Miradouro da Boca da Corrida, onde se localizará o Parque Aventura, o
acesso principal será a estrada da Corrida. Na sua envolvente localiza-se a Via Regional n.º1, a cerca
de 5 km na direção sul, e a VE 4 a cerca de 4 km na direção oeste.
A área onde será implementado o projeto encontra-se na freguesia de Curral das Freiras, pertencente
ao concelho de Câmara de Lobos, mas a área de estudo considerada, abrange, para além da freguesia
já referida, a freguesia de Jardim da Serra também no concelho de Câmara de Lobos, e no concelho do
Funchal a freguesia de Santo António. Pelo que, do ponto de vista da análise estatística, estes foram os
concelhos e freguesias nos quais se considerou relevante focar a análise, com a premissa de serem estas
as que sentirão mais a presença do Projeto nos vários níveis socioeconómicos, tais como,
acessos/mobilidade; alojamento; restauração; entre outros. No entanto, ao nível do turismo, são também
apresentados dados para toda a ilha da Madeira e RAM devido à sua extensão e impacto expectável
do projeto na zona.
Em relação às características demográficas e económicas, de acordo com os censos, entre o ano 2011 e
o ano de 2021, o concelho de Câmara de Lobos apresentou uma queda do número de residentes tendo
uma taxa de variação negativa no valor de 9,8% (mais baixa que as taxas da região Autónoma da
Madeira e Portugal), e a sua densidade populacional é 616,7 hab/km2 para 2021, sendo
significativamente mais alta que o valor nacional. Ao nível do género, verifica-se que a proporção de
homens e mulheres é bastante semelhante em ambos os anos (48% homens), sendo o número e mulheres
ligeiramente superior ao de homens. Funchal, apresenta uma taxa de variação da população com um
valor também negativo de 5,3 e uma densidade populacional de 1 389,6 hab/km2 para 2021. Apesar
da sua taxa de variação de população abaixo do valor nacional, a densidade populacional é, tal como
em Câmara de Lobos, significativamente mais alta que a de Portugal. Também no Funchal, em ambos os
anos, a percentagem de homens e mulheres é semelhantes, com as mulheres a representarem a maior
fatia da população, com cerca de 53% em 2011 e 54% em 2021.
De acordo com os Censos 2021 (Resultados Preliminares), todas as freguesias de Câmara de Lobos
apresentavam também valores da taxa de variação da população negativos, com um valor de -20,8%
para Curral das Freiras e -17,2% para Jardim da Serra. No município do Funchal, a freguesia de Santo
António apresenta também uma taxa de variação negativa, com um valor de -5,2%, para o mesmo
241
período. Das freguesias analisadas, em 2021, a freguesia de Santo António, no Funchal, é a que
apresenta um maior número de residentes, com 25 952 habitantes, assim como maior densidade
populacional.
Ao nível do ensino verifica-se que a maioria da população daquela região tem o ensino básico, mas
ainda existe um número relevante de habitantes com nenhum nível de escolaridade.
De acordo com os dados disponíveis no Instituto do Emprego da Madeira (IEM), para fim de 2020, a
população desempregada registada no concelho de Câmara de Lobos era de 2 712 habitantes, e para
o concelho de Funchal, era de 8 435. Já em setembro de 2021, de acordo com dados do Portal Dados
Abertos da Madeira, o número de desempregados diminuiu em ambos os concelhos, apresentando um
valor de 2 170 desempregados para Câmara de Lobos e 6 835 para Funchal.
Dentro da área de estudo encontra-se o aglomerado populacional de Curral das Freiras e as localidades
de Achada, Casas Próximas, Terra Chã e Curral de Baixo. Nesta área localizam-se diversas
infraestruturas, tendo sido contabilizadas cerca de 554 edificações, das quais aproximadamente 542
foram consideradas de habitação, quatro edifícios em ruínas, duas escolas (EB123/PE do Curral das
Freiras e EB1/PE Seara Velha) e ainda um campo de futebol, um pavilhão gimnodesportivo, a piscina de
Curral das Freiras, o centro de saúde de Curral das Freiras e uma igreja pertencente à Paróquia de
Nossa Senhora do Livramento.
242
Na Avaliação da Saúde Humana exposta neste EIA apresenta-se uma análise ao nível dos principais
aspetos que podem ter influência na saúde humana no âmbito do Projeto, como a qualidade do ar e o
ambiente sonoro. Estes são os fatores ambientais cuja variação, em função dos impactes do Projeto,
poderão incidir direta ou indiretamente, na Saúde Humana. São ainda, abordados alguns aspetos e
aprofundados, algumas matérias relacionadas com a situação atual ao nível da Saúde Humana,
recorrendo-se para tal ao Perfil Local de Saúde na área geográfica de influência do Projeto.
6.14.2 Enquadramento
A definição de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1946) reconhece o seu vasto alcance,
enfatizando que a mesma vai além dos estados de doença: “A saúde é um estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”.
As ações para proteger e melhorar a saúde devem, portanto, ir além de oferecer serviços que reduzam
os efeitos da doença e estarem focadas na prevenção da doença e na promoção de uma boa saúde.
Como a saúde de uma população está inextricavelmente ligada ao estado do ambiente, ambos os
campos, saúde ambiental e saúde pública, são importantes para a saúde na avaliação ambiental.
Consequentemente, profissionais de saúde pública trabalham com outros profissionais de saúde para
prevenir doenças e promover boa saúde, bem como, com outros setores para abordar os determinantes
da saúde. Há, portanto, sobreposições entre as duas disciplinas, mas poucas ligações. Os especialistas
em saúde ambiental, incluindo especialistas em qualidade do ar, hidrologia e ambiente sonoro, têm muito
para contribuir e a receber de especialistas em saúde pública cujas preocupações incluem vigilância da
saúde e bem-estar da população, monitorização e resposta a riscos para a saúde e emergências,
proteção da saúde, promoção da saúde e prevenção de doenças.
243
A Avaliação dos Impactes na Saúde (AIS) não é uma abordagem recente ainda que nas últimas duas
décadas tenha merecido uma particular atenção. Desenvolvida, em norma, de forma isolada dos Estudos
de Impacte Ambiental, a AIS pode ser definida como uma combinação de procedimentos, métodos e
ferramentas que avaliam sistematicamente o potencial, e às vezes os efeitos não intencionais, de uma
política, de um plano, de um programa ou de um projeto, na saúde de uma população.
O âmbito das questões de saúde que podem ser abordadas por avaliações ambientais (com estudos de
impacte ambiental) é assim amplo, incluindo preocupações tão diversas quanto acidentes no trânsito,
coesão social, ou problemas psicológicos como o stress causado pelo deslocamento dos trabalhadores,
mas também podem ter reflexo na capacidade das políticas e instituições públicas.
Atualmente Portugal assim, como o resto do Mundo, encontra-se num cenário de pandemia, resultante do
aparecimento de um vírus designado por coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-
CoV-2). Os coronavírus são uma grande família de vírus que causam várias doenças respiratórias, desde
doenças ligeiras como a constipação até doenças mais graves como a síndrome respiratória aguda grave
(SARS). O surto inicial deu origem a uma pandemia global que à data de 28 e novembro de 2021 tinha
resultado em aproximadamente 1 143 707 casos confirmados em Portugal, 1 070 573 recuperados e
cerca de 18,4 milhares de óbitos. Face à relevância deste tema é importante que este seja abordado no
presente estudo (DGS, 2021).
A atividade da construção civil é uma atividade que pode propiciar o aumento de contágios do novo
coronavírus. Verificaram-se em Portugal alguns focos, e essa situação causou impactes localmente não só
por toda a logística associada à anulação do foco, mas também pelo stress que causa na população
local.
244
Também durante a obra em fases subsequentes, com as modificações que normalmente se associam à
introdução dos projetos, preocupações similares, devem ser tidas em conta. Isto, para além das óbvias
consequências diretas que um projeto pode ter, de forma negativa ou positiva, na saúde humana.
É por isso reconhecida a importância de os EIA considerarem e desenvolverem estratégias para minimizar
quaisquer impactes adversos que um projeto possa ter sobre a saúde humana e o bem-estar da
comunidade.
Conforme referido inicialmente, importa fazer uma caracterização geral da saúde humana na Área de
Estudo, recorrendo-se para tal aos dados de monitorização disponibilizados pelo Instituto de
Administração da Saúde (IAS), mais especificamente, à Avaliação Intercalar do Plano Regional Saúde
Extensão 2020 - 2º semestre 2019, elaborado à luz do Plano Estratégico do Sistema Regional de Saúde
(PESRS), e ainda, aos dados do Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira (2019),
disponibilizado pelo INE.
O Plano Estratégico do Sistema Regional de Saúde 2011-2016 (PESRS) e a sua extensão a 2020
apresentam orientações para a atuação estratégica do setor da saúde na RAM, identificando os objetivos
e prioridades da política regional de saúde e orientando o planeamento a nível do sistema regional de
saúde, observando a sua sustentabilidade financeira. O PESRS não é um documento estático, é
continuamente atualizado e é um instrumento que “visa integrar e focar a necessária responsabilidade
multissectorial, coletiva e individual e ainda promover o exercício fundamental de capacitação das
organizações e dos cidadãos” (IAS, s.d.).
De acordo com os dados do PESRS do 2º semestre de 2019, a RAM tinha uma população residente de
253 945 habitantes, representando 2,5% da população de Portugal. O índice de envelhecimento foi
inferior ao de Portugal. A esperança de vida à nascença (80,80 anos no período de 2016 a 2018) tem
aumentado e é superior à de Portugal. A taxa bruta de natalidade (7,6‰) tem sofrido oscilações ao
longo dos últimos anos, registando sempre valores inferiores aos de Portugal (vd. Quadro 6.40).
Quadro 6.40
Indicadores relativos à situação sociodemográfica da RAM e Portugal
Indicador Sexo Período Unidade Portugal RAM
245
No âmbito deste fator, considerou-se relevante analisar questões como, os principais equipamentos de
saúde existentes na envolvente da área em estudo assim como apresentar alguns dados do PESRS e do
INE.
Tendo por base o Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira - 2019, foi possível identificar o
número de hospitais presentes na envolvente próxima à área de estudo, assim como, alguns indicadores
de saúde. Nos concelhos onde se insere a área de estudo, Câmara de Lobos e Funchal, apenas existem
hospitais no Funchal, com um total de nove hospitais, sendo três públicos e seis privados (vd. Quadro 6.41).
Está ainda em fase de construção um décimo hospital, o Novo Hospital Central da Madeira, na zona de
Santa Rita no Funchal.
Quadro 6.41
Hospitais por município, 2018
Hospitais Camas Movimento de internados
Região Públicos e Salas de
Parcerias Hospitais Hospitais operação Internamentos Dias de
Total Privados Total
público- gerais especializados internamento
privadas
Concelho
2018 2018 Provisório (Po)
Portugal 230 111 119 35 429 27 107 8 322 891 1 155 056 10 300 565
Continente 213 105 108 32 103 25 564 6 539 859 1 099 135 9 307 151
R. A. Madeira 9 3 6 1 846 763 1 083 12 25 814 550 824
Câmara de Lobos 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Funchal 9 3 6 1 846 763 1 083 12 25 814 550 824
Fonte: INE, 2020 (Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira (2019))
Relativamente à mortalidade em geral, para o ano de 2018, por grandes grupos de causas de morte,
para todas as idades e ambos os sexos para a RAM. Destacam-se como principais grandes grupos de
causas de morte, doenças do aparelho circulatório, tumores malignos e doenças do aparelho respiratório
(vd. Figura 6.42).
246
35%
29% 29%
30%
25%
25% 22%
19%
20%
15% 12%
10%
4% 5% 4% 5%
5%
0%
Doenças do Tumores malignos Doenças Doenças do Diabetes mellitus
aparelho respiratórias aparelho digestivo
circulatório
Portugal RAM
Fonte: Avaliação Intercalar do Plano Regional Saúde Extensão 2020 - 2º semestre 2019
Figura 6.42 – Mortalidade proporcional por grandes grupos de causas de morte em 2018, para todas
as idades e ambos os sexos
Estão identificados como principais determinantes de saúde o abuso de tabaco e excesso de peso (vd.
Quadro 6.42).
Quadro 6.42
Proporção de inscritos (%) por diagnóstico ativo, dezembro 2018 – ordem decrescente (Morbilidade -
registo nos Cuidados de Saúde Primários)
247
Quadro 6.43
Indicadores do Inquérito Nacional de Saúde, segundo a Tipologia de áreas urbanas, por NUTS II, 2019
6.14.5 Qualidade do Ar
Dos poluentes analisados na estação de Santana, as PM10 e o Ozono apresentaram 5 excedências cada
aos limites afixados, encontrando-se ambos, no entanto, dentro dos limites de dias permitidos por ano.
As características rurais da região envolvente à área de estudo, ainda que com a existência de algumas
fontes poluição pontuais e/ou lineares (algumas indústrias e vias de comunicação), em conjugação com os
fatores climáticos (regime de ventos) e de relevo, leva a concluir que a qualidade do ar no local é muito
boa.
248
De acordo com a avaliação acústica apresentada no subcapítulo 6.11 do Relatório Síntese do EIA,
importa referir que a avaliação acústica relativa à caracterização da situação de referência foi
realizada com recurso a medições de ruído para a determinação do nível sonoro médio de longa duração
em dois recetores sensíveis localizados na envolvente da área de estudo. Os recetores sensíveis
identificados na envolvente do projeto localizam-se no município de Câmara de Lobos, o qual, à data do
estudo e de acordo com a informação disponível no sítio internet do município de Câmara de Lobos não
atribui classificação de zona ao local de medição.
Os valores dos indicadores de ruído Lden e Ln, determinados nos locais de medição utilizados para
caracterizar os recetores sensíveis potencialmente mais expostos ao ruído proveniente do projeto a
construir são inferiores aos valores limite de exposição.
No Mapa de Ruído do Município de Câmara de Lobos, verifica-se que apenas foi considerada na
envolvente do projeto a via de tráfego rodoviário Estrada regional n.º 107, permitindo verificar que esta
via de tráfego não afeta significativamente os níveis sonoros junto dos recetores sensíveis caracterizados
pelo locai de medição.
6.15 PAISAGEM
Procedeu-se assim, inicialmente, a uma caracterização objetiva com o estudo dos elementos estruturantes
do território e o estudo do funcionamento e da participação de cada elemento no espaço e,
posteriormente, a uma caracterização, mais subjetiva, correspondente à caracterização e à avaliação do
resultado visual do território - paisagem.
249
Segundo Cancela d’Abreu et al. (2002), a paisagem é um sistema complexo e dinâmico, que pressupõe
a interação e evolução conjunta de diferentes fatores naturais e culturais, determinando e sendo
determinados pela estrutura global, de que resulta a configuração particular, nomeadamente quanto à
morfologia, uso do solo, coberto vegetal, ocupação edificada, presença de água, à qual corresponde um
determinado carácter.
Esta análise teve por base os atuais usos do solo e ocupação de acordo com a análise da fotografia
aérea, Carta do Corine Land Cover de 2018, trabalho de campo, assim como os elementos hipsométricos
(curvas de nível e pontos cotados), declives e orientações de encostas (vd. Figura 6.43, Figura 6.44 e
Figura 6.45). Com base nos usos do solo atuais existentes procedeu-se a uma caracterização visual e
cénica da paisagem através dos seus elementos mais marcantes, da qualidade visual cénica, da
capacidade de absorção visual, dos seus principais componentes culturais e sensibilidade visual.
Na situação de referência, foi efetuada uma análise visual da paisagem à área de estudo (buffer de 3
km) que engloba todo o Projeto (Sistema de Teleféricos e Parque Aventura no Curral das Freiras).
A área de estudo da Paisagem apresenta um relevo vigoroso e diversificado, promovido pela constante
alternância de cumeadas bem demarcadas e com destaque para o vale encaixado na zona central da
área de estudo, que corresponde à ribeira do Curral das Freiras. Este vale apresenta uma superfície um
pouco mais plana a moderadamente movimentada (vd. Figura 6.43 e Figura 6.44). Devido ao relevo
vigoroso, este apresenta uma grande variedade de declives, e na sua maioria bastante acentuados, com
destaque para zonas mais escarpadas. No geral observa-se uma grande variedade de orientações de
encostas (vd. Figura 6.45).
A zona Este/Nordeste da área de estudo da paisagem apresenta a altimetria mais elevada entre o Pico
do Cedro (dentro da área de estudo da paisagem) e o pico do Areeiro (fora da área de estudo da
250
paisagem), em que as cotas mais altas variam entre os 1759 m (Marco geodésico Cedro) e os 1770 m.
A cota mais baixa, localiza-se no limite sul da área de estudo da paisagem, junto à ribeira do Curral das
Freiras com 250 m.
A área de estudo da paisagem encontra-se integrada, quase na sua totalidade no Parque Natural da
Madeira. Uma pequena parte do Monumento Natural do Maciço Montanhoso Central, encontra-se
integrado na zona Norte, Este/Nordeste da área de Estudo da paisagem, este classificado como
Monumento Natural, como Zona de Proteção Especial, ao abrigo da Diretiva Aves, e como Zona Especial
de Conservação, integrando a Rede Natura 2000 (vd. Figura 6.21).
Como principais povoações destacam-se as sedes de Freguesia de Curral das Freiras e o Jardim da Serra
do concelho de Câmara de Lobos. Estas sedes de freguesia apresentam uma pequena densidade
habitacional. Estão presentes ainda pequenas povoações e habitações dispersas ao longo do vale e das
encostas mais próximas da ribeira do Curral das Freiras.
Relativamente às ligações rodoviárias, destacam-se a Estrada Regional 107 (ER107), a Via Expresso 6
(VE6) através do túnel do Curral das Freiras e uma rede de estradas e caminhos que ligam as povoações
e habitações existentes.
Existe uma grande variedade de pequenas ribeiras e levadas, mas como principal linha de água,
destaca-se a ribeira dos Socorridos.
A área de estudo da paisagem, apresenta uma paisagem que permite provocar uma sensação sobretudo
de grandeza e profundidade, tal como de agressividade devido ao relevo ser muito acidentado, onde
predominam os declives escarpados.
251
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
Hipsometria (m)
200 - 300
3620000
300 - 400
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_43_psg_Hipsometria.mxd - A3 (420mm x 297mm)
400 - 500
500 - 600
600 - 700
700 - 800
800 - 900
900 - 1 000
1000 - 1 100
1100 - 1 200
1200 - 1 300
1300 - 1 400
1400 - 1 500
1500 - 1 600
1600 - 1 700
1700 - 1 800
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
252
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
Declives(º)
<5
3620000
5 - 10
10 - 15
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_44_psg_Declives.mxd - A3 (420mm x 297mm)
15 - 20
20 - 30
30 - 45
>45
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
253
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
Plano
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_45_psg_OrientEncostas.mxd - A3 (420mm x 297mm)
Norte
Nordeste
Este
Sudeste
Sul
Sudoeste
Oeste
Noroeste
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
254
Com interesse patrimonial natural e paisagístico, os percursos pedestres e os miradouros permitem que o
observador possa vislumbrar toda a envolvente de âmbito natural. Destacam-se parte dos percursos
pedestres: PR1 - Vereda do Pico do Areeiro; PR2 - Vereda do Urzal, PR3 - Vereda do Burro, PR4 -
Levada do Barreiro e PR12 - Caminho Real da Encumeada. Em termos de miradouros, destacam-se os
miradouros do Paredão, Boca da Corrida, Boca dos Namorados e Eira do Serrado.
Quanto aos locais das infraestruturas do Projeto, a Estação do Curral das Freiras, localiza-se na Povoação
Curral das Freiras, nomeadamente, estando esta povoação no vale da ribeira com o mesmo nome. Em
termos altimétricos, esta varia aproximadamente entre os 612 m e os 625 m, com a encosta virada a
sudoeste e de declive moderado a acentuado.
A Estação do Paredão, localiza-se junto ao miradouro do Paredão, entre este e a Fraga do Paredão
(ocorrência de interesse geológico). Em termos altimétricos, a localização desta Estação varia
aproximadamente entre os 1 435 m e os 1 440 m, de encostas viradas a oeste, noroeste e sudoeste, com
declives moderados a acentuados.
A Estação Boca da Corrida e Zip Line, localiza-se junto ao miradouro com o mesmo nome. Em termos
altimétricos, a localização desta estação varia aproximadamente entre os 1 220 m e os 1 200 m,
apresenta as encostas viradas a nordeste e de declives acentuados.
Quanto ao Parque Aventura situar-se-á junto ao miradouro da Boca da Corrida, a Oeste da estrada da
Corrida, junto ao Posto Florestal da Boca da Corrida. Em termos altimétricos, a localização do Parque
varia aproximadamente entre os 1 150 m e os 1 220 m, com encostas viradas maioritariamente para
Este e Sudoeste, numa zona de cabeceira de linha de água, afluente da ribeira do jardim.
255
Figura 6.46 – Imagem tridimensional das vertentes com indicação da área de intervenção (Fonte: Google Earth Pro)
Fotografia 6.9 - Vista para a povoação do Curral Fotografia 6.10 - Vista para o local da Estação do
das Freiras Paredão
Fotografia 6.11 - Acesso ao Miradouro do Paredão Fotografia 6.12 - Vista a partir do miradouro do
Paredão no sentido do Pico do Cedro
256
Fotografia 6.13 - Fragas do Paredão Fotografia 6.14 - Vista das Fragas do Paredão a
partir do Miradouro do Paredão
Fotografia 6.15 - Cartaz de apresentação no início Fotografia 6.16 - Vista para uma das zonas
do Percurso Pededestre PR12 Caminho Real da previstas para o Parque aventura
Encumeada
257
6.15.3.1 Metodologia
Neste subcapítulo procedeu-se à avaliação da paisagem do território em análise, tendo por base a
unidade mínima de análise (Pixel) de forma a refletir a variabilidade e diversidade espacial da
paisagem. Assim, serão definidos parâmetros de Qualidade Visual da Paisagem (QVP) e Capacidade
de Absorção Visual (CAV). Do cruzamento das classificações obtidas para os parâmetros QVP e CAV
resulta a Sensibilidade Visual da Paisagem (SVP).
A cartografia referida foi produzida através do software ArcGIS 10. Para o efeito criou-se um Modelo
Digital de Terreno (MDT), seguido de conversão para pixel. Cada pixel tem associado uma qualificação
da QVP e da CAV o que permite apresentar a distribuição espacial das diferentes qualificações e a
respetiva quantificação em termos de área.
Através de software aplicou-se a matriz de avaliação sendo gerado um valor de sensibilidade para o
novo pixel. Em resultado, a carta de Avaliação da Sensibilidade Visual da Paisagem permite identificar
a distribuição espacial e respetiva quantificação em termos de área da Sensibilidade Visual da Paisagem
do território.
¨ Qualidade Visual da Paisagem – é um indicador que traduz o maior ou menor valor cénico de
uma paisagem, atendendo aos seus atributos biofísicos (relevo, uso do solo e presença de água)
e estéticos (harmonia, diversidade e singularidade), bem como à forma como estes mesmos
atributos se conjugam; corresponde ao carácter, expressão e qualidade de uma paisagem e
como estes são compreendidos, preferidos e/ou valorizados pelo utilizador;
258
259
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
Elevada
Média a Elevada
Média
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_47_psg_QVP.mxd - A3 (420mm x 297mm)
Reduzida
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
260
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
Pontos de Observação
3620000
Média
Reduzida
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
261
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
Muito elevada
Elevada
Média
A:\MFA\01_PRODUÇÃO\Em curso\2021\T04321\04Peças_Desenhadas\MXD\T04321_01_V0_Figura_6_49_psg_SVP.mxd - A3 (420mm x 297mm)
Reduzida
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
262
A metodologia usada na análise da qualidade visual da paisagem para a área em estudo da paisagem
foi definida através de um critério de avaliação qualitativo por atribuição de pesos aos principais usos
do solo identificados (base Corine Land Cover 2018). Esta análise de maior detalhe é suportada em
análises visuais de caráter pericial e, deste modo, reforçada pela informação recolhida em trabalho de
campo, de forma a classificar o mais realisticamente possível o valor de Qualidade Visual absoluta da
paisagem atribuída.
Foi atribuído um maior peso às principais ocupações do solo/fisiografia do terreno que constituem uma
adequação às condições biofísicas e/ou potenciem o seu valor cénico, tal como as áreas de relevo
escarpado, os Picos (comuns nesta zona) e curso de água (ribeira do Curral das Freiras), que pela sua
naturalidade, permitem contribuir de forma a minimizar a subjetividade inerente à análise.
Deste modo, na avaliação da qualidade visual da paisagem, consideraram-se as seguintes classes (vd.
Figura 6.47):
No Quadro 6.44, apresentam-se as áreas totais e relativas das classes de QVP presentes na área de
estudo da paisagem.
263
Quadro 6.44
Classes de QVP presentes na área de estudo da paisagem
Classes de QVP Área (ha) Representatividade (%)
Elevada 100,39 1,98%
Média a Elevada 2851,97 56,33%
Média 2104,54 41,57%
Reduzida 5,87 0,12%
Total 5062,76 100,00%
No que se refere à análise espacial, a área de estudo manifesta uma qualidade visual tendencialmente
média a elevada (vd. Figura 6.47), função da reduzida humanização da paisagem desta zona da
Madeira, disponibilizando alguma diversidade e especificidade, mas sem a presença de elementos
dissonantes e prevalecendo uma matriz verde, respeitando as estruturas naturais da paisagem e
enquadrando e dissimulando o povoamento disperso e concentrado da sede de freguesia de Curral das
Freiras.
Destaca-se as vertentes rochosas abruptas na envolvente do vale da ribeira do Curral das Freiras, na
área de estudo da paisagem, tal como, as áreas de vegetação herbácea natural e os matos, que
apresentam um maior valor cénico (qualidade média a elevada), função da menor presença humana e,
sobretudo, do notável vigor do relevo, característica associada à identidade da paisagem deste território
insular.
Acrescem como pontos de valor cénico acrescido, devido ao seu interesse ecológico e geológico, o curso
de água (ribeira do Curral das Freiras) e os relevos residuais que pontuam as vertentes rochosas: picos
do Cedro, da Geada, do Cidrão, dos Galinheiros, da Ginda, do Cerco, Grande, Serradinho, do Cavalo,
da Cruz, Redondo, da Queda, da Malhada, das Pedras, dos Bodes e do Prado.
Considera-se com valor mediano, as áreas de presença humana, como as povoações e as áreas agrícolas,
tal como as florestas, que nesta zona se destacam com maior área as florestas de eucalipto, de pinheiro
e de castanheiros. Identifica-se apenas uma área de reduzida qualidade associada à ocupação industrial
de extração de inertes.
264
A Capacidade de Absorção Visual (CAV) tem presente vários fatores que influenciam um indivíduo de ter
ou não, segundo a sua localização, a capacidade e perceção de visualizar os elementos constituintes do
Projeto.
Na área de estudo da Paisagem foram selecionados 197 potenciais pontos de observação, localizados
nas povoações, rede viária e outros potenciais locais. Para cada ponto de observação foi gerada uma
bacia visual (raio de 3 km) à altura média de um observador comum, com uma altura média ao nível dos
olhos do observador de 1,65m, para analisar a sua capacidade de absorção visual da paisagem na
área de estudo (vd. Figura 6.48).
No Quadro 6.45, apresentam-se as áreas totais e relativas das classes de Capacidade de Absorção
Visual presentes na área de estudo da paisagem.
Quadro 6.45
Classes de Capacidade de Absorção Visual presentes na área de estudo da paisagem
Representatividade
Classes de CAV Área (ha)
(%)
Muito elevada 3366,72 66,50%
Elevada 1288,56 25,45%
Média 366,93 7,25%
Reduzida 40,55 0,80%
Total 5062,76 100,00%
265
Na área de estudo da paisagem evidencia-se uma maior área com CAV “Muito elevada” seguida de
“Elevada” às atividades humanas, em resultado das circunstâncias fisiográficas locais, de uma reduzida
exposição visual e reduzida frequência de observadores.
Relativamente à CAV (vd. Figura 6.48), constata-se que, embora se assista a uma maior concentração de
observadores na povoação de Curral das Freiras e pequenas povoações na envolvente mais próxima, na
maioria da área de estudo, existem poucas povoações e observa-se no geral uma reduzida presença
humana, uma vez que a elevada frequência de visibilidades é atenuada pela morfologia acentuada do
terreno, que evita o prolongamento das bacias visuais dos observadores presentes na generalidade do
território.
Dada a fisiografia existente, as áreas onde o relevo apresenta arribas e declives muito acentuados, com
as encostas mais expostas e orientadas no sentido das povoações (Curral das Freiras e envolvente), estas
apresentam uma CAV “Média” e “Reduzida”, ou seja, é onde o observador consegue obter uma maior
amplitude visual, tendo em conta o tipo de ocupação do solo.
Destacam-se relativamente à envolvente, em zonas mais altas das serras, os miradouros (miradouros do
Paredão, Boca da Corrida, Boca dos Namorados e Eira do Serrado), pela maior exposição visual que
apresentam, assumem uma média a reduzida capacidade de absorção visual.
A capacidade de absorção “Elevada” a “Muito elevada”, permite que as introduções de novos elementos
conduzam a conflitos visuais menores com a envolvente.
A este respeito importa salientar que a metodologia adotada aponta sempre para o cenário mais
desfavorável pois não considera, com exceção do relevo, a existência de outras barreiras visuais como
sejam elementos construídos, vegetação, acuidade visual do observador (muito influenciada também pela
distância observador/objeto observado), cor e forma do objeto que pode contribuir para a sua menor
ou maior dissimulação.
Com base no cruzamento da QVP e da CAV da Paisagem é possível determinar a maior ou menor
sensibilidade aos impactes visuais potenciais resultantes da implementação do projeto de Absorção Visual
da Paisagem obtida, que de acordo com o Quadro 6.46, é possível determinar a maior ou menor
sensibilidade aos impactes visuais potenciais resultantes da implementação do projeto. Desta forma,
apresenta-se a respetiva Matriz de Ponderação.
266
Quadro 6.46
Sensibilidade Visual da Paisagem (SVP) – Matriz de Ponderação
Muito elevada
QVP\CAV Elevada (2) Média (3) Reduzida (4)
(1)
Reduzida (1) Reduzida (2) Reduzida (3) Média (4) Média (5)
Média (2) Reduzida (3) Média (4) Média (5) Elevada (6)
Média a Elevada Elevada
Média (4) Média (5) Elevada (7)
(3) (6)
Elevada Muito
Elevada (4) Média (5) Elevada (6)
(7) elevada (8)
No Quadro 6.47, apresentam-se as áreas totais e relativas das classes de SVP presentes na área de
estudo da paisagem.
Quadro 6.47
Classes de SVP presentes na área de estudo da paisagem
Classes de Representatividade
Área (ha)
SVP (%)
Muito elevada 1,64 0,03%
Elevada 320,90 6,34%
Média 3402,31 67,20%
Reduzida 1337,92 26,43%
Total 5062,76 100,00%
Em síntese, a área de estudo da paisagem apresenta uma SVP maioritariamente “Média” e seguida de
“Reduzida” (vd. Figura 6.49). As áreas mais sensíveis coincidem com as zonas mais expostas, picos
proeminentes e áreas mais elevadas, nomeadamente, as vertentes abruptas e outras áreas de elevado
valor cénico, das quais se evidencia também o vale (ribeira do Curral das Freiras).
As áreas de intervenção coincidem maioritariamente com áreas de média sensibilidade, promovida pelo
médio a médio elevado valor cénico da ocupação dominante presente, da muito elevada a elevada
capacidade absorção visual do território, determinada pela pouca frequência de observadores numa
área de morfologia maioritariamente acidentada.
267
A área de estudo da Paisagem apresenta um relevo vigoroso e diversificado, promovido pela constante
alternância de cumeadas bem demarcadas e com destaque para o vale encaixado na zona central da
área de estudo, que corresponde à ribeira do Curral das Freiras. Este vale apresenta uma superfície um
pouco mais plana a moderadamente movimentada. Devido ao relevo vigoroso, este apresenta uma
grande variedade de declives, e na sua maioria bastante acentuados, com destaque para zonas mais
escarpadas. No geral observa-se uma grande variedade de orientações de encostas.
Como principais povoações destacam-se as sedes de Freguesia de Curral das Freiras e o Jardim da Serra
do concelho de Câmara de Lobos. Estas sedes de freguesia apresentam uma pequena densidade
habitacional. Estão presentes ainda pequenas povoações e habitações dispersas ao longo do vale e das
encostas mais próximas da ribeira do Curral das Freiras.
Relativamente às ligações rodoviárias, destacam-se a Estrada Regional 107 (ER107), a Via Expresso 6
(VE6) através do túnel do Curral das Freiras e uma rede de estradas e caminhos que ligam as povoações
e habitações existentes.
Existe uma grande variedade de pequenas ribeiras e levadas, mas como principal linha de água,
destaca-se a ribeira do Curral das Freiras.
Com interesse patrimonial natural e paisagístico, os percursos pedestres e os miradouros, permitem que o
observador possa vislumbrar toda a envolvente, principalmente, de âmbito natural. Destacam-se parte
dos percursos pedestres: PR1 - Vereda do Pico do Areeiro; PR2 - Vereda do Urzal, PR3 - Vereda do
268
Burro, PR4 - Levada do Barreiro e PR12 - Caminho Real da Encumeada. Em termos de miradouros,
destacam-se os miradouros do Paredão, Boda da Corrida, Boca dos Namorados e Eira do Serrado.
Na área de estudo da paisagem evidencia-se uma maior área com CAV “Muito elevada” seguida de
“Elevada” às atividades humanas, em resultado das circunstâncias fisiográficas locais, de uma reduzida
exposição visual e reduzida frequência de observadores.
Em síntese, a área de estudo da paisagem apresenta uma SVP maioritariamente “Média” e seguida de
“Reduzida”. As áreas mais sensíveis coincidem com as zonas mais expostas, picos proeminentes e áreas
mais elevadas, nomeadamente, as vertentes abruptas e outras áreas de elevado valor cénico, das quais
se evidencia também o vale (ribeira do Curral das Freiras).
269
Em termos da evolução da área de implantação do Projeto, na ausência do mesmo, não são expectáveis
alterações ao nível das variáveis mais estáveis do território, não se perspetivando, portanto, a ocorrência
de alterações no estado atual do ambiente nestas componentes. No entanto, ao nível das variáveis
circunstanciais do território, que resultam da intervenção humana, não é possível prever com rigor quais
as alterações que poderão eventualmente ocorrer, entre outros aspetos ao nível da ocupação do solo, e
consequentemente ao nível de outros fatores diretamente com ela relacionados como a paisagem e os
sistemas ecológicos, entre outros, mas poderá ter-se alguma ideia do que poderá vir a acontecer.
Dado carácter eminentemente natural da maior parte das áreas de intervenção (excetuando a área da
Estação do Curral das Freiras), não se espera que existam modificações sensíveis que possam influenciar
a análise suportada na caracterização da situação atual.
Além do descrito, desconhece-se para a área de estudo e envolvente próxima a existência de outros
projetos previstos a curto/médio prazo com alguma relevância, que possam de alguma forma influenciar
a normal dinâmica deste território.
270
A previsão dos impactes ambientais permite fundamentar a avaliação do impacte ambiental e a proposta
de medidas minimizadoras, que se apresentam no Capítulo 10, bem como as Medidas de Gestão
Ambiental previstas no Capítulo 11.
A identificação dos potenciais impactes ambientais do Projeto foi feita com base na consideração das
suas características intrínsecas e das inerentes ao respetivo local de implantação, tendo em conta a
experiência e o conhecimento dos impactes ambientais provocados por Projetos deste tipo, a experiência
anterior da equipa técnica na realização de estudos de impacte ambiental e, finalmente, as informações
e elementos recolhidos junto das entidades oficiais consultadas no âmbito deste Estudo.
A atividade de previsão de impactes tem sempre um determinado grau de incerteza associado, uma vez
que se estão a tentar prever situações futuras. Por outro lado, se para alguns sectores do ambiente
existem modelos matemáticos que permitem obter previsões mais ou menos precisas dos efeitos ambientais
esperados, existem outras áreas para as quais essa previsão é extremamente difícil de realizar, dado o
pouco conhecimento existente acerca da natureza das relações e o grande número de interações
envolvidas.
Cientes das dificuldades explanadas, no exercício efetuado no presente capítulo, procurou-se tornar a
análise o mais objetiva possível, tendo-se para isso efetuado uma abordagem muito focada nas
atividades inerentes ao Projeto em análise, o qual goza da vantagem de se ter um grande conhecimento
dos efeitos que causa, e definido claramente os parâmetros e critérios utilizados na avaliação, conforme
se detalha nos pontos seguintes.
Esta análise é crucial pois foi ela que permitiu fundamentar a proposta de medidas de minimização
apresentada no Capítulo 10.
271
As principais ações geradoras de efeitos ambientais fazem-se sentir ao longo da vida útil do Projeto,
ocorrendo desde o seu planeamento até à sua desativação ou possível reconversão. A magnitude e
intensidade destas ações é variável, sendo prática corrente diferenciá-las por diferentes fases,
nomeadamente: planeamento/projeto, construção, exploração e desativação/reconversão.
Na fase de projeto ou planeamento prevê-se uma perturbação muito reduzida, considerada sem
significado, pela ação dos técnicos implicados na conceção do projeto, na planificação da obra e na
elaboração do respetivo Estudo de Impacte Ambiental, e como tal, nem sequer é considerada na
avaliação de impactes ambientais.
As principais atividades potencialmente geradoras de impacte ambiental previstas nas restantes fases, e
que se descrevem nos pontos seguintes são apresentadas de acordo com as três grandes fases seguintes:
¨ Construção do Projeto;
¨ Exploração do Projeto; e
¨ Desativação/reconversão do Projeto.
As ações em cada fase serão identificadas por um número, sendo precedidas de uma letra que
referenciará a fase em que ocorrem as ações geradoras de impactes (C para a fase de construção, E
para a fase de exploração e D para a fase de desativação).
Fase de construção
¨ C6 - Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre outros);
¨ C9 - Construção de ETA
Fase de exploração
273
No que se refere ao seu potencial, os impactes foram classificados consoante a natureza da sua
consequência sobre determinado fator ambiental, ou seja, se o impacte em questão valoriza é positivo,
se pelo contrário desvaloriza, é negativo, podendo ainda ser neutro ou indeterminado.
Relativamente à magnitude dos impactes ambientais determinados pelo Projeto, foram utilizadas técnicas
de previsão que permitiram evidenciar a intensidade/dimensão dos referidos impactes, tendo em conta
a agressividade de cada uma das ações propostas e a sensibilidade de cada um dos fatores ambientais
afetados. Assim, traduziu-se, quando exequível, a magnitude (significado absoluto) dos potenciais
impactes ambientais de forma quantitativa ou, quando tal não foi possível, qualitativamente, mas de
forma tão objetiva e detalhada quanto possível e justificável. Nesta segunda opção a magnitude dos
impactes foi classificada como elevada, moderada, reduzida ou nula.
Os critérios que foram considerados para estabelecer a classificação referida são os seguintes:
274
275
Adicionalmente, os impactes identificados e analisados foram também classificados de acordo com o seu
âmbito de influência, a sua probabilidade de ocorrência, a sua duração, a sua reversibilidade, o seu
desfasamento no tempo, o seu tipo e a sua possibilidade de minimização, conforme se detalha em
seguida.
De acordo com o seu âmbito de influência os impactes podem ser classificados como locais, regionais,
nacionais ou transfronteiriços tendo em conta a dimensão da área na qual os seus efeitos se fazem sentir.
276
A probabilidade de ocorrência ou o grau de certeza dos impactes deverão ser determinados com base
no conhecimento das características de cada uma das ações e de cada fator ambiental, permitindo
identificar impactes certos, prováveis ou improváveis.
Para além disso, e sempre que se considerou justificável, distinguiu-se o tipo de impacte, ou seja, se se
estava perante um impacte direto - aquele que é determinado diretamente pelo Projeto ou um impacte
indireto - aquele que é induzido pelas atividades relacionadas com o Projeto.
277
Quadro 8.1
Avaliação de impactes ambientais. Classificadores utilizados
Características do Impacte Avaliação
Positivo
Negativo
Potencial
Neutro
Indeterminado
Elevada
Moderada
Magnitude
Reduzida
Nula
Muito significativo
Significativo
Importância
Pouco significativo
Insignificante
Local
Regional
Âmbito de influência
Nacional
Transfronteiriço
Certos
Probabilidade de ocorrência Prováveis
Improváveis
Temporário
Duração
Permanente
Reversível
Reversibilidade
Irreversível
Imediato
Desfasamento no tempo De médio prazo
De longo Prazo
Direto
Tipo
Indireto
Minimizável
Possibilidade de minimização
Não minimizável
Os impactes serão avaliados de forma descritiva, e no final da avaliação de cada fator ambiental é
apresentado um quadro síntese com o resultado da aplicação dos critérios anteriormente referidos, a
cada uma das ações identificadas como geradoras de impactes.
278
A análise de impactes na fase de desativação é efetuada capítulo próprio de uma forma sumária,
tomando-se como referência os impactes identificados para a fase de construção.
O corte de vegetação efetuado durante a fase de construção, será pouco significativo, tendo em conta
a reduzida área do projeto com necessidade de intervenção na vegetação. A principal estrutura do
projeto será aérea (cabo do teleférico) não necessitando de corte significativo de vegetação. O projeto
implicará corte de vegetação de reduzida escala, sendo apenas necessário nas estações de apoio, que
apresentam uma área pouco significativa.
A fase de exploração do projeto não apresenta impactes relevantes para o clima. Conclui-se que o
projeto apresentará um impacte pouco relevante no clima, em ambas as fases (construção e exploração).
Na fase de construção de qualquer tipo de projeto, existe naturalmente um aumento do tráfego associado
ao transporte de materiais, trabalhadores e stakeholders, e consequentemente de emissões de GEE
relativas à combustão de combustíveis fósseis. Estes representam os principais impactes no clima, na fase
de construção do projeto em estudo, no entanto apresentam-se como pouco significativos, tendo em conta
a reduzida dimensão do projeto.
No Quadro 8.2 encontra-se avaliado o impacte das ações de projeto C3-Movimentação de pessoas,
máquinas e veículos afetos às obras e C6-Transporte de equipamentos e materiais diversos para
construção (betão, aço, madeira, entre outros) nas alterações climáticas.
279
Quadro 8.2
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do Teleférico na componente das Alterações Climáticas – Fase de
Construção
280
A análise de impactes associados às alterações climáticas poderá ser feita sob o ponto de vista da
mitigação e da adaptação, ou seja, a influência do Projeto no clima, e por outro lado, o impacte das
alterações climáticas no Projeto e avaliando-se a necessidade de eventuais medidas de adaptação. Neste
capítulo irá analisar-se apenas a influência do projeto nas alterações climáticas.
Relativamente ao impacte do projeto nas alterações climáticas o projeto apresenta impactes pouco
significativos e indiretos. O principal impacte acorre via do efeito cumulativo na fase de exploração
através da ação E3 - Funcionamento/presença dos teleféricos, devido ao consumo energético necessário
para o funcionamento do teleférico, podendo o respetivo impacte ser reduzido se a energia for
proveniente de fontes renováveis e locais. Este impacte é pouco significativo num contexto regional e
nacional.
Um estudo sobre o impacte ambiental da implementação de teleféricos (Bendezú & Rowe, 2020) aponta
que benefícios ambientais significativos são alcançados quando os teleféricos substituem o transporte
rodoviário em condições orográficas complexas. A região em estudo apresenta uma orografia complexa,
de elevados declives, na medida em a utilização do teleférico em substituição do veículo próprio, por
parte de turistas e população local, poderá estar associado a benefícios ambientais. Neste sentido a
construção do teleférico poderá apresentar impactos positivos na mitigação às alterações climáticas.
281
Quadro 8.3
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do Teleférico na componente das Alterações Climáticas – Fase de
Exploração
Ação/ Identificação Âmbito de Desfasamento Possibilidade de
Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo
atividade do Impacte influência no tempo minimização
E3 -
Funcionamento Consumo
Positivo Reduzida significativo Regional Certo Permanente Irreversível Imediato Indireto Não Aplicável
/presença dos energético
teleféricos
282
O impacte das alterações climáticas na fase de construção do teleférico não será analisado, pois esta
fase iniciar-se-á a curto prazo e, mesmo sendo as alterações climáticas uma realidade já na atualidade,
o objetivo será avaliar a situação futura.
Através da análise efetuada no capítulo 6.2.2, relativo à caracterização da situação de referência das
alterações climáticas, e de uma análise dos possíveis impactes na infraestrutura e exploração do projeto,
pretende-se avaliar o impacto das alterações climáticas sobre o projeto.
Analisando as projeções de alteração das diferentes variáveis climáticas para a região em estudo, na
Madeira, verifica-se que a principal vulnerabilidade para o projeto em estudo são os episódios de vento
forte, que deverão aumentar de frequência de ocorrência, com a progressão das alterações climáticas.
(vd. Quadro 8.4). Estes fenómenos terão consequências como danos/condicionamentos para as
infraestruturas do projeto, como falhas no abastecimento de energia e nas comunicações, queda de ramos
de árvores, floreiras e muros (EMAACF, 2016).
283
Quadro 8.4
Identificação e avaliação dos impactes resultantes das Alterações Climáticas no Projeto do teleférico – Fase de Exploração
Identificação Âmbito de Desfasamento Possibilidade de
Ação/ atividade do Impacte Potencial Magnitude Importância influência
Probabilidade Duração Reversibilidade
no tempo
Tipo
minimização
E3 -
Aumento da
Funcionamento/ De médio prazo
ocorrência de Negativo Moderada Significativo Transfronteiriço Prováveis Permanente Irreversível Indireto Minimizável
presença dos e longo prazo
vento forte
teleféricos
284
Os principais impactes na geologia e geomorfologia das áreas de intervenção resultam das atividades
de escavação para a construção dos maciços de fundação das estruturas das estações e das fundações
das estruturas de betão armado de suporte e ancoragem dos cabos do Sistema de Teleféricos.
No entanto, salienta-se que o projeto se insere numa área de suscetibilidade aos movimentos de massa
relacionado com deslizamentos rotacionais de magnitude elevada de acordo com a Carta de
Suscetibilidade aos movimentos de Massa do Município de Câmara de Lobos, que corresponde à área
da depressão de Curral das Freiras e áreas circundantes. Por sua vez, esta área insere-se numa vasta
área montanhosa com suscetibilidade à ocorrência de quedas de blocos/desabamentos o que poderá
constituir um fator de risco para as infraestruturas a construir na proximidade do rebordo das vertentes
escarpadas onde se localizarão as estações do Paredão e de Boca da Corrida.
Quadro 8.5
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Geologia e Geomorfologia.
Fase Ação
Construção C7 - Construção de edifícios e estruturas de apoio
Exploração E2 - Presença das infraestruturas
285
As intervenções no local não constituem impacte geológico ou geomorfológico com significado dado
resumirem-se a reabilitação de um edifício existente e construção de uma galeria em escavação com 9
m de extensão de ligação à plataforma do teleférico.
As fundações das estruturas de betão armado de suporte e ancoragem dos cabos do Sistema de
Teleféricos não são suscetíveis de configurar impacte geológico ou geomorfológico com significado.
As plataformas dos teleféricos serão constituídas por paredes, pilares, maciços de ancoragem e lajes em
estrutura de betão armado. A estrutura da plataforma albergará os sistemas eletromecânicos de força
motriz, de sustentação e fixação dos cabos portadores e de tração dos teleféricos.
Para a definição do tipo e sistema de fundações a adotar para as novas estruturas a construir é
fundamental e imprescindível proceder à caraterização geológico-geotécnica dos estratos de fundação.
Especial atenção deverá ser dada às fundações da estrutura de betão armado de suporte e ancoragem
dos cabos do Sistema de Teleféricos, que mobilizam elevadas forças e tensões ao nível da fundação.
As fundações das estruturas de betão armado de suporte e ancoragem dos cabos do Sistema de
Teleféricos não são suscetíveis de configurar impacte geológico ou geomorfológico com significado dado
que as escavações para as fundações das sapatas e maciços de ancoragem têm pouca expressão local.
286
No entanto, como referido anteriormente, o local onde se insere a estação apresenta suscetibilidade à
queda de blocos/desabamentos, o que contribui para a evolução geomorfológica das vertentes através
do seu recuo progressivo. Neste sentido, a construção das duas plataformas dos teleféricos da estação
não configura impacte geomorfológico com significado, mas importa desenvolver os estudos geológicos-
geotécnicos com sondagens com vista a conhecer detalhadamente o estado de alteração e fraturação do
maciço e assim dimensionar com segurança os elementos de fundação de suporte e ancoragem dos cabos
do Sistema de Teleféricos.
Do conjunto das intervenções, a construção dos edifícios da plataforma da estação e do edifício de apoio
correspondem às principais ações que requerem escavações mais volumosas para as respetivas
fundações, com destaque para o edifício de apoio que contempla uma cave.
As estruturas dos edifícios na Boca da Corrida ficarão inseridas próximo do topo da vertente. Este setor
localiza-se em horizontes basálticos (escoadas lávicas), habitualmente menos alterados, com intercalações
de fácies mais alteradas. Segundo o estudo prévio, abaixo do local da plataforma da estação a vertente
apresenta vestígios de erosão acentuada.
No entanto, como referido anteriormente, o local onde se insere a estação apresenta suscetibilidade à
queda de blocos/desabamentos, o que contribui para a evolução geomorfológica das vertentes através
do seu recuo progressivo.
À semelhança do referido para as outras duas estações, será necessário em fase subsequente do projeto
realizar estudo geológico-geotécnico com sondagens para a definição do tipo e sistema de fundações a
adotar para as novas estruturas a construir, particularmente as fundações da estrutura de betão armado
de suporte e ancoragem dos cabos do Sistema de Teleféricos, que mobilizam elevadas forças e tensões
ao nível da fundação.
287
As intervenções no Parque Aventura não exigem mobilização de terreno e são executadas com materiais
e produtos naturais, com base na madeira, cordas e fixação ao terreno e às árvores por grampos e cabos
em aço, pelo que não se prevê impactes geológicos ou geomorfológicos.
No Quadro 8.6 sintetizam-se os impactes identificados sobre a geologia para a fase de construção e os
resultados da aplicação dos classificadores indicados no Quadro 8.1 a esses mesmos impactes.
288
Quadro 8.6
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do Teleférico na componente Geologia e Geomorfologia – Fase de
Construção
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
C7 (artificialização
Pouco Não
Construção de edifícios das formas no Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto
significativo minimizável
e estruturas de apoio topo da vertente
289
Na fase de exploração não são esperados impactes negativos com significado na geologia e
geomorfologia. Contudo, prevê-se um impacte negativo pouco significativo e de magnitude reduzida pela
presença das edificações e plataformas das estações, irreversível e de âmbito estritamente local.
A listagem das ações consideradas geradoras de impacte ao nível da componente Hidrogeologia nas
fases de construção e exploração é apresentada no Quadro 8.7.
Quadro 8.7
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Hidrogeologia
Fase Ação
C2 - Instalação e utilização dos estaleiros
C3 - Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
C5 - Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
Construção C6 - Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre outros)
C7 - Construção de edifícios e estruturas de apoio
C8 - Construção de reservatórios para água de abastecimento e combate a incêndios e outras
estruturas de apoio semelhantes
Exploração E2 - Presença das infraestruturas
Tendo em conta a tipologia do projeto, gerador de poucas substâncias poluentes e a natureza das
intervenções, não são esperados impactes significativos no meio hidrogeológico.
No caso da interseção do nível freático a interferência mais provável será na escavação da cave do
edifício na Estação do Miradouro da Boca da Corrida, na ETAR compactas da Boca da Corrida e poços
290
absorventes. Estes impactes poderão ocorrem sobretudo na fase de construção, não se prevendo que
constituam afetação significativa do sistema hidrogeológico.
A redução da infiltração das águas, quer seja pela redução da porosidade dos terrenos, em consequência
da compactação, quer seja pela diminuição da área de infiltração direta, provocará nesses locais uma
redução muito localizada da recarga do sistema hidrogeológico, exceto nas áreas que não serão
ocupadas após descompactação dos terrenos. Atendendo à pequena área das intervenções, o impacte
negativo será praticamente insignificante e de âmbito local, não se prevendo que o sistema
hidrogeológico seja globalmente afetado.
No Quadro 8.8 sintetizam-se os impactes identificados sobre a hidrogeologia para a fase de construção
e os resultados da aplicação dos classificadores indicados no Quadro 8.1 a esses mesmos impactes.
291
Quadro 8.8
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do Teleférico na componente Hidrogeologia – Fase de Construção
Identificação Âmbito de Desfasamento Possibilidade
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo
do impacte influência no tempo de minimização
Deterioração
C2
da qualidade Pouco Não
Instalação e utilização dos Negativo Reduzida Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto
das águas significativo minimizável
estaleiros
subterrâneas
Deterioração
C3 da qualidade Pouco Não
Negativo Reduzida Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto
Movimentação de pessoas, das águas significativo minimizável
máquinas e veículos afetos subterrâneas
às obras Compactação Pouco
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
dos solos significativo
C5
Movimentação de terras,
Compactação Pouco
depósito temporário de Negativo Reduzida Local Provável Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
dos solos significativo
terras e materiais, entre
outros
C6
Deterioração
Transporte de materiais
da qualidade Pouco Não
diversos para construção Negativo Reduzida Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto
das águas significativo minimizável
(betão, aço, madeira, entre
subterrâneas
outros)
C7
Compactação Não
Construção de edifícios e Negativo Nula Insignificante Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto
dos solos minimizável
estruturas de apoio
292
Relativamente à qualidade da massa de água, não se prevê qualquer afetação atendendo aos sistemas
de drenagem e tratamento das águas residuais previstos para as instalações das estações. Assim, não se
prevê que o empreendimento possa contribuir para alteração do estado global da massa de água
subterrânea, considerado Bom como salientado na caracterização da Massa de Água do Maciço Central.
No Quadro 8.9 listam-se as ações consideradas geradoras de impacte ao nível da componente Recursos
Hídricos Superficiais nas fases de construção e exploração.
Quadro 8.9
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Recursos Hídricos Superficiais
Fase Ação
C2 – Instalação e utilização dos estaleiros
C3 – Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
C4 – Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar
C5-Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
C6-Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre outros)
C7 – Construção de edifícios e estruturas de apoio
Construção
C8 – Construção de reservatórios para água de abastecimento e combate a incêndios e
outras estruturas de apoio semelhantes
C9 – Construção de ETAs
C10 – Montagem dos vários equipamentos dos sistemas de teleférico
C12 - Desmantelamento do estaleiro e recuperação paisagística das zonas
intervencionadas
E2 – Presença das infraestruturas
E7 – Ações de manutenção dos equipamentos e acessos
Exploração
E8 – Corte de vegetação nas áreas exteriores junto aos acessos e equipamentos
E9 – Abastecimento do reservatório de água por autotanques
293
Relativamente à instalação e utilização dos estaleiros (C2), considera-se que a área afeta ao(s)
estaleiro(s) não serão de grande dimensão, e os seu locais de implantação corresponderão a zonas mais
aplanadas, o que minimiza os impactes relacionados com a erosão.
Durante o transporte e manuseamento de óleos e combustíveis entre o estaleiro e a obra poderão ocorrer
derrames acidentais, suscetíveis de ser transportados para os cursos de água por intermédio do
escoamento superficial, em caso de ocorrência de chuvadas. Considera-se, porém, que uma eventual
ocorrência será imediatamente contida de acordo com as medidas e cuidados a considerar em fase de
obra, evitando-se assim a propagação de qualquer produto poluente. Esta eventual ocorrência constitui
um impacte negativo, dependendo a sua significância da quantidade e natureza das substâncias
envolvidas no derrame, e também do local, pois poderá haver derrame e não contaminar meio hídrico.
- os consumos de água durante a fase de construção. O abastecimento de água potável nas Estações do
Curral das Freiras e da Boca da Corrida será através da rede pública local. Nestes casos terá de se
recorrer a uma conduta elevatória que transportará a água desde o reservatório público até um
reservatório a construir. O abastecimento na estação do Paredão será através de água engarrafada
para consumo humano.
- a produção de efluentes domésticos no estaleiro, que constitui uma fonte poluente de matéria orgânica.
Contudo, uma vez que será utilizada uma fossa sética estanque para os efluentes gerados, com recolha
periódica ajustada às necessidades, conforme medida de minimização proposta para uma adequada
gestão dos resíduos e efluentes em obra, não serão sentidos impactes nos recursos hídricos superficiais.
294
Caso ocorra precipitação, o arrastamento de elevadas cargas de material sólido, poderá provocar a
colmatação dos leitos de cheia e a obstrução de passagens e estrangulamentos naturais ou artificiais das
linhas de água. O aumento da carga de resíduos sólidos nas linhas de água também afeta diretamente
a qualidade de água, pois interfere em várias características, como a turbidez.
A área de estudo é atravessada por numerosas linhas de água de dimensões variadas que formam uma
rede hidrográfica densa e complexa, sendo algumas delas bem encaixadas no terreno e classificadas
como massa de água pela DQA. As linhas de água de maiores dimensões têm um escoamento perene e
as de menores dimensões, um escoamento intermitente. O relevo acentuado da ilha contribui para que o
possível impacte resultante destas ações seja especialmente sentido na ribeira dos Socorridos.
Dado que o projeto assenta na instalação de infraestruturas associadas ao Sistema de Teleféricos, que
acompanham a morfologia do terreno sem estarem em contacto com o mesmo, as operações de
regularização do terreno far-se-ão localmente, sendo sobretudo nas áreas das estações, minimizando-se
desta forma a movimentação de terras.
Tal como já referido em relação ao estaleiro, a contaminação dos recursos hídricos superficiais, em
resultado de eventuais descargas acidentais ou derrames de óleos ou outras substâncias poluentes, ou
pelo seu armazenamento inadequado ou durante o transporte, é possível de acontecer, em caso de
chuvadas. É essencial o controlo rigoroso da deposição e manuseamento dos materiais de construção,
devendo ser aplicados todos os esforços de forma a evitar descargas acidentais, e não deverão utilizar-
295
se as zonas próximas de linhas de água como áreas de depósito de material ou qualquer outra atividade
que implique riscos de contaminação dos recursos hídricos.
Os impactes das ações descritas podem ser minimizados se forem aplicadas as medidas de minimização
preconizadas e as regras de boas práticas ambientais na gestão da fase de construção e instalação do
Projeto. No caso de não serem aplicadas as medidas de minimização preconizadas, as ações referidas
poderão induzir impactes de maior magnitude sobre os recursos hídricos superficiais.
Quanto à E7 – Ações de manutenção dos equipamentos e acessos, na fase de exploração não estão
previstos impactes significativos a nível dos recursos hídricos, tendo em conta que o Projeto em causa não
carece de consumos significativos de água.
296
propostas, as ações decorrentes da fase de exploração não afetarão a qualidade da água dos recursos
hídricos superficiais.
Durante a realização da ação E8 – Corte de vegetação nas áreas exteriores junto aos acessos e
equipamentos, é importante assegurar que a vegetação cortada não é temporariamente colocada nas
margens das linhas de água, de forma a evitar a ocorrência de situações de obstrução da secção por
resíduos e sedimentos que muitas vezes são arrastados, mas é uma situação ultrapassável, devendo nesse
sentido ser efetuada uma vigilância frequente em períodos de precipitação, e uma atuação de limpeza
de detritos sempre que se justifique. Se for cumprida a faixa non aedificandi estalecida durante a
realização desta ação, não é expectável a ocorrência de impactes negativos nos recursos hídricos
superficiais.
O Abastecimento do reservatório de água por autotanques (E9) será realizado recorrendo-se a veículos
pesados que circulam apenas nos caminhos existentes. Na eventualidade de ocorrências de acidentes,
como derrames acidentais, caso se verifique a aplicação correta das medidas de minimização propostas,
esta ação da fase de exploração não afetará a qualidade da água dos recursos hídricos superficiais.
297
Quadro 8.10
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Sistema de Teleféricos e Parque Aventura em Curral das Freiras na componente
Recursos Hídricos Superficiais – Fase de Construção e Exploração
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
C4 - Risco de erosão
Negativo Reduzida Pouco significativo Local Improvável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
Desmatação/decapagem hídrica
das áreas a
intervencionar e C5 -
Movimentação de terras, Aumento da
depósito temporário de carga sólida nas Negativo Reduzida Pouco significativo Local Improvável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
terras e materiais, entre linhas de água
outros
Aumento do
caudal de ponta Negativo Reduzida Pouco significativo Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
de cheia
Derrames
Negativo Variável Variável Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
C2 - Instalação e acidentais
utilização do estaleiro Descargas
acidentais -
Efluentes Negativo Reduzida Pouco significativo Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
domésticos do
estaleiro
Compactação do
C3 - Movimentação de
solo e
pessoas, máquinas e
consequente
veículos afetos às obras Negativo Reduzida Pouco significativo Local Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
aumento do
e CC6 - Transporte de escoamento
materiais diversos para
superficial
298
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
construção (betão, aço, Descargas
madeira, entre outros) acidentais ou Negativo Reduzida Pouco significativo Local Improvável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
derrames
Consumos de
Negativo Indeterminado Indeterminado Indeterminado Provável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
água
C7 – Construção de Compactação do
edifícios e estruturas de solo e
apoio; C8 – Construção consequente
Negativo Reduzida Pouco significativo Local Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
de reservatórios para aumento do
água de abastecimento e escoamento
combate a incêndios e superficial
outras estruturas de
apoio semelhantes; C9 –
Construção de ETAs; e Descargas
C10 – Montagem dos acidentais ou Negativo Reduzida Pouco significativo Local Improvável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
vários equipamentos dos derrames
sistemas de teleférico
C12 - Desmantelamento
Recuperação da
do estaleiro e
capacidade de
recuperação paisagística Positivo Reduzida Pouco significativo Local Certo Permanente Reversível Imediato Direto -
infiltração do
das zonas
solo
intervencionadas
Aumento da
velocidade de Negativo Reduzida Pouco significativo Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
escoamento
E2 - Presença das
infraestruturas Alteração das
condições de
Negativo Indeterminada Pouco significativo Local Provável Permanente Reversível Imediato Direto Minimizável
escoamento nos
cursos de água
299
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
E7 - Ações de
manutenção dos
equipamentos e acessos
Derrames
e E8 – Corte de Negativo Reduzida Pouco significativo Local Improvável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
acidentais
vegetação nas áreas
exteriores junto aos
acessos e equipamentos
Compactação do
solo e
consequente
Negativo Reduzida Pouco significativo Local Certo Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
E9 – Abastecimento do aumento do
reservatório de água por escoamento
autotanques superficial
Descargas
acidentais ou Negativo Reduzida Pouco significativo Local Improvável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
derrames
300
No Quadro 8.11 listam-se as ações consideradas geradoras de impacte ao nível da componente Solos e
Ocupação do solo nas fases de construção e exploração.
Quadro 8.11
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Solos
Fase Ação
C2 - Instalação e utilização dos estaleiros
C4 - Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar
C5 - Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
C7 - Construção de edifícios e estruturas de apoio
Construção
C8 - Construção de reservatórios para água de abastecimento e combate a incêndios e outras estruturas
de apoio semelhantes
C9 - Construção de ETA
C12 - Desmantelamento do estaleiro e recuperação paisagística das zonas intervencionadas
Exploração E2 - Presença das infraestruturas
8.9.2 Solos
Durante a fase de construção, prevê-se a ocorrência de diversas ações que poderão conduzir a efeitos
negativos nas diferentes classes de solos. Estas ações estão associadas à desmatação/decapagem e
limpeza das áreas a intervencionar, movimentação de terras, tornarão os solos mais suscetíveis à ação
dos agentes erosivos, podendo acentuar ou determinar processos de erosão, arrastamento de solos,
contaminação e a compactação de solos decorrente da passagem e manobra de máquinas afetas à obra.
Globalmente, os principais impactes nos solos são negativos e de âmbito local, resultam principalmente
da ocupação de solos Terreno Acidentado Districo (TAd) e Andossolos Úmbricos (ANu). Tendo em atenção
as áreas a afetar e a tipologia de afetação, não se considera que os impactes resultantes sejam
significativos ou que assumam qualquer magnitude de relevar. São, no entanto, impactes permanentes.
No Quadro 8.12 sintetizam-se os impactes identificados sobre os solos para a fase de construção e os
resultados da aplicação dos classificadores indicados no Quadro 8.1 a esses mesmos impactes.
301
A instalação das infraestruturas e dos equipamentos determinarão impactes de natureza reversível sobre
os solos. As áreas de implantação correspondem, essencialmente, aos locais de implantação das estações.
302
Quadro 8.12
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do Teleférico na componente Solos – Fase de Construção
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
Processos de
erosão e Pouco
C2 Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
arrastamento significativo
Instalação e utilização dos de solos
estaleiros
Contaminação Pouco
dos solos
Negativo Reduzida Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
Processos de
C5 erosão e Pouco
Movimentação de terras, arrastamento Negativo Reduzida
significativo
Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
depósito temporário de de solos
terras e materiais, entre
Contaminação Pouco
outros dos solos
Negativo Reduzida Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
Processos de
C6 erosão e Pouco
arrastamento
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
Transporte de materiais significativo
diversos para construção de solos
(betão, aço, madeira,
Contaminação Pouco
entre outros) dos solos
Negativo Reduzida Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
Processos de
erosão e Pouco
C7 arrastamento
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
Construção de edifícios e de solos
estruturas de apoio
Contaminação Pouco
dos solos
Negativo Reduzida Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
303
304
A área de projeto encontra-se ocupada: 1) Estações do Paredão e Boca da Corrida - por comunidades
arbustivas (giestal) e pontualmente Povoamento de Folhosas; 2) Estação Curral das Freiras – por Tecido
Urbano Descontinuo; e 3) Parque aventura – fundamentalmente por um povoamento de folhosas (vd.
Figura 6.20).
No Quadro 8.13 listam-se as ações consideradas geradoras de impacte ao nível da Ocupação do Solo
nas fases de construção e exploração do Projeto.
Quadro 8.13
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Ocupação do Solo
Fase Ação
C2 - Instalação e utilização dos estaleiros;
Exploração
E6 - Funcionamento/presença do parque aventura;
305
Fase Ação
Os impactes sobre a ocupação do solo da fase de construção serão essencialmente resultantes das
atividades que promovem a sua destruição, nomeadamente os infringidos no processo de preparação do
terreno para implantar o Projeto. Estas intervenções irão modificar a tipologia de ocupação.
De uma forma global (vd. Quadro 8.14), considera-se que os impactes serão negativos, pouco
significativos, direto/indiretos, de reduzida magnitude, certos, locais e reversíveis.
306
Quadro 8.14
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na componente Ocupação do solo - Fase de Construção
Possibilidade
Ação/ Identificação do Âmbito de Desfasamento
Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
atividade impacte influência no tempo
minimização
Modificação da
C2 tipologia de Negativo Reduzida Insignificante Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
ocupação
Modificação da
C3 tipologia de Negativo Reduzida Insignificante Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
ocupação
Modificação da
Pouco
C4 tipologia de Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto/indireto Minimizável
significativa
ocupação
Modificação da
Pouco
C5 tipologia de Negativo Reduzida Local Certos Temporários Reversível Imediato indireto Minimizável
significativa
ocupação
Modificação da
C6 tipologia de Negativo Reduzida Insignificante Local Certos Temporários Reversível Imediato indireto Minimizável
ocupação
Modificação da Minimizável
Pouco
C7 tipologia de Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto
significativa
ocupação
Modificação da Minimizável
Pouco
C8 tipologia de Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto
significativa
ocupação
307
Possibilidade
Ação/ Identificação do Âmbito de Desfasamento
Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
atividade impacte influência no tempo
minimização
Modificação da Minimizável
Pouco
C9 tipologia de Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto
significativa
ocupação
Modificação da
Pouco
C10 tipologia de Negativo Reduzida Local Certos Temporários Reversível Curto prazo Direto Minimizável
significativa
ocupação
Modificação da
Pouco
C11 tipologia de Negativo Reduzida Local Certos Temporários Reversível Curto prazo Direto Minimizável
significativa
ocupação
Melhoria da
Pouco Imediato/ Não
C12 ocupação Positivo Reduzida Local Provável Temporários Reversível Direto
significativa Médio prazo minimizável
resultante
308
Na fase de exploração não se esperam impactes negativos adicionais no âmbito da ocupação do solo.
8.10.1 Metodologia
Segundo a cartografia de ocupação do solo efetuada, a área prevista para a implantação do Sistema
de Teleféricos e Parque Aventura não revela a presença de formações florísticas que se encontrem
classificadas pela Diretiva n.º 2013/17/UE, do Conselho, de 13 de maio de 2013, que procedeu à
alteração da Diretiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de abril 1979 (a qual tinha sido transposta
para a ordem jurídica portuguesa pelo Decreto-Lei nº 49/2005, de 24 de fevereiro, relativa à
conservação das aves selvagens - Diretiva aves) e da Diretiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de
maio de 1992, relativa à preservação dos habitats naturais, flora e fauna selvagem. Em trabalho de
campo também não se registou a presença de nenhuma espécie com estatuto de ameaça nomeadamente,
não se identificou a presença das espécies Monizia edulis, Autonoe madeirensis e Musschia aurea.
A área de projeto encontra-se colonizada: 1) Estações do Paredão e Boca da Corrida - por comunidades
arbustivas (giestal); 2) Estação Curral das Freiras – por uma comunidade ruderal; e 3) Parque aventura
– por um povoamento de folhosas (vd. Figura 6.20).
Globalmente, as ações previstas irão decorrer sobre áreas com reduzido valor de conservação, cingindo-
se os impactes negativos à perturbação, de ordem temporária, causada no decorrer das obras,
309
No Quadro 8.15 listam-se as ações consideradas geradoras de impacte ao nível da flora e vegetação
nas fases de construção e exploração do Projeto.
Quadro 8.15
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Flora e Vegetação
Fase Ação
C2 - Instalação e utilização dos estaleiros;
E5 - Funcionamento/presença do restaurante e
estuturas de apoio (ETAs, entre outros);
310
Na análise do presente Projeto foi considerado como um impacte todas as modificações que induzem um
desvio à evolução da situação atual, podendo decorrer direta ou indiretamente da execução do Projeto.
Refira-se ainda que os impactes ambientais de qualquer intervenção humana dependem da sua natureza,
mas também da sensibilidade dos sistemas sobre os quais se atua.
A análise dos impactes foi realizada através de uma abordagem qualitativa, em que foram identificadas
as principais ações potenciadoras de impactes sobre a comunidade florística existente. Por se tratar de
áreas colonizadas por comunidades vegetais com reduzido valor de conservação, onde é manifesta a
forte perturbação antrópica, pode-se considerar que esta revela reduzida relevância ecológica e
conservacionista.
Seguidamente apresentam-se os impactes esperados, bem como a sua classificação para este descritor.
Na elaboração do presente Projeto foi dada particular atenção à ocupação do solo existente, tendo-se
eleito uma área de intervenção sem a presença de espécies e habitats que revelam valor de conservação.
Na sua totalidade projetou-se sobre áreas colonizadas por matos (giestais), por comunidades ruderais e
sobre uma com um povoamento de folhosas, comunidades vegetais com reduzido valor de conservação.
• Nas Estações Paredão e Boca da Corrida: A destruição de pequenas áreas atualmente colonizada
por matos (giestal), área referente aos locais onde se pretende construir;
• Na Estação Curral das Freiras: A destruição de uma pequena área atualmente colonizada por
uma comunidade vegetal ruderal, área referente ao local onde se pretende construir;
311
De uma forma geral, sentir-se-á ainda a antropização do coberto vegetal na área envolvente do Projeto.
Os níveis de perturbação sobre as formações vegetais na envolvente poderão aumentar ligeiramente
face ao que atualmente se observa, podendo produzir-se alguma diminuição na biodiversidade e um
aumento do desenvolvimento de espécies ruderais.
De uma forma global (vd. Quadro 8.16), considera-se que os impactes serão negativos, pouco
significativos, direto/indiretos, de reduzida magnitude, certos, locais e reversíveis.
312
Quadro 8.16
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na componente Flora, Vegetação e Habitats - Fase de Construção
Possibilidade
Ação/ Identificação do Âmbito de Desfasamento
Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
atividade impacte influência no tempo
minimização
Destruição da
C2 Negativo Reduzida Insignificante Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
vegetação
Pisoteio e
C3 produção de Negativo Reduzida Insignificante Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
poeiras
Destruição da Pouco
C4 Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto/indireto Minimizável
vegetação significativa
Pisoteio e
Pouco
C5 produção de Negativo Reduzida Local Certos Temporários Reversível Imediato indireto Minimizável
significativa
poeiras
Pisoteio e
C6 produção de Negativo Reduzida Insignificante Local Certos Temporários Reversível Imediato indireto Minimizável
poeiras
Pisoteio e
Pouco Não
C7 produção de Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto
significativa minimizável
poeiras
Pisoteio e
Pouco Não
C8 produção de Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto
significativa minimizável
poeiras
Pisoteio e
Pouco Não
C9 produção de Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto
significativa minimizável
poeiras
313
Possibilidade
Ação/ Identificação do Âmbito de Desfasamento
Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
atividade impacte influência no tempo
minimização
Pisoteio e
Pouco
C10 produção de Negativo Reduzida Local Certos Temporários Reversível Curto prazo Direto Minimizável
significativa
poeiras
Pisoteio e
Pouco
C11 produção de Negativo Reduzida Local Certos Temporários Reversível Curto prazo Direto Minimizável
significativa
poeiras
Restabelecimento
Pouco Imediato/ Não
C12 da vegetação Positivo Reduzida Local Provável Temporários Reversível Direto
significativa Médio prazo minimizável
autóctone
314
Na fase de exploração não se esperam impactes negativos adicionais no âmbito da flora e vegetação
(vd. Quadro 8.17).
Durante esta fase, alguns dos impactes negativos originados na fase de construção assumirão um carácter
definitivo ou por um tempo prolongado, é o caso dos espaços que se encontrarão edificados e que
promoveram a perda de território para colonizar. Relativamente à restante área, direta e indiretamente
perturbada no momento de construção, é expectável que a vegetação entre num processo de
recuperação, regenerando a vegetação a partir do banco de sementes que se encontrará presente na
camada superficial do solo.
A segurança dos edificados exigirá uma manutenção do porte do coberto vegetal na sua envolvente. Este
controlo terá impactes na flora e vegetação que aí se pretende estabelecer, considerando-se que sejam
maioritariamente de sentido negativo, pouco significativos, com reduzida magnitude, certos, locais e
reversíveis.
Durante a fase de exploração prevê-se ainda a ocorrência de impactes com carácter temporário sobre
a flora e vegetação existente, nomeadamente os resultantes da movimentação de veículos e pessoas
afetas à manutenção ou que utilizarão as infraestruturas construídas. O pisoteio e as poeiras produzidas
pela movimentação dos veículos, em particular durante a época seca, acumulam-se na vegetação
circundante, debilitando os indivíduos pela interferência nos seus processos fisiológicos, em particular na
taxa fotossintética.
315
Quadro 8.17
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na componente Flora e Vegetação - Fase de Exploração
Ação/ Identificação do Âmbito de Desfasamento Possibilidade de
Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo
atividade impacte influência no tempo minimização
Perda de território Pouco
E2 Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto Não minimizável
para colonizar significativo
Perda de território Pouco
E5 Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Longo prazo Direto Não minimizável
para colonizar significativo
Perturbação da Pouco
E6 Negativo Reduzida Local Certos Temporários Reversível Imediato Direto Minimizável
vegetação significativo
Perturbação da Pouco
E7 Negativo Reduzida Local Certos Temporários Reversível Imediato Direto Minimizável
vegetação significativo
Perturbação da
vegetação/
Pouco
E8 Estabelecimento Negativo Reduzida Local Certos Temporários Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
de comunidade
herbácea
316
Existem, essencialmente, três grupos de impactes sobre a fauna: a perturbação; a perda direta de
elementos ou mortalidade; e a perda de espaço biótico/habitat.
No que respeita à perda direta de elementos ou mortalidade (impacte também muito associado à fase
de construção), será esperado, especialmente para espécies com reduzida mobilidade, por
atropelamento ou esmagamento. A sua perda resulta, fundamentalmente, das movimentações de viaturas
pesadas, movimentações de terras ou desmatação.
A listagem das ações consideradas geradoras de impacte ao nível da componente Fauna nas fases de
construção e exploração é apresentada no Quadro 8.18.
317
Quadro 8.18
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Fauna.
Fase Ação
C2 - Instalação e utilização dos estaleiros
C3 - Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
C4 - Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar
C5 - Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
C6 - Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre outros)
C7 - Construção de edifícios e estruturas de apoio
Construção
C8 - Construção de reservatórios para água de abastecimento e combate a incêndios e outras
estruturas de apoio semelhantes
C9 - Construção de ETA
C10 - Montagem dos vários equipamentos dos sistemas de teleférico
C11 - Desenrolamento/instalação dos cabos do teleférico e zip-line
C12 - Desmantelamento do estaleiro e recuperação paisagística das zonas intervencionadas
E2 - Presença das infraestruturas
E3 - Funcionamento/presença dos teleféricos
E4 - Funcionamento/presença da zip-line
E5 - Funcionamento/presença do restaurante e estruturas de apoio (ETAs, entre outros)
Exploração E6 - Funcionamento/presença do parque aventura
E7 - Ações de manutenção dos equipamentos e acessos
E8 - Corte de vegetação nas áreas exteriores juntos aos acessos e equipamentos
E9 - Abastecimento do reservatório de água por autotanques
D3 - Recuperação paisagística
Durante a fase de construção das infraestruturas que compõem o Projeto, é prevista a ocorrência de
diversas ações que poderão conduzir a efeitos negativos para os diferentes grupos faunísticos em análise.
Estas ações estão associadas à desmatação e limpeza das áreas a intervencionar, à construção e
instalação das infraestruturas que constituem o projeto, bem como dos estaleiros e de outras estruturas
temporárias anexas à construção dos empreendimentos.
As ações previstas terão como efeitos principais a perda de habitat, a degradação dos habitats
adjacentes e o aumento do risco de mortalidade de algumas espécies por atropelamento, particularmente
devido ao incremento da perturbação dos padrões de calma e ao aumento da circulação de pessoas e
veículos. No entanto, considera-se que os padrões de calma atuais, tanto o local dentro da povoação de
Curral das Freiras, como perto do Miradouro do Paredão encontram-se já muito perturbados, visto
corresponderem a locais habitacionais e de turismo e lazer, respetivamente. Já o local da Boca da
318
As ações relacionadas com a instalação e utilização dos estaleiros e com a movimentação de pessoas,
máquinas e veículos afetos às obras (ações C2 e C3) levarão à perturbação da fauna presente,
nomeadamente devido à produção de ruído e vibrações, resultando num efeito de exclusão da fauna,
sobretudo de aves e mamíferos, diminuindo a sua diversidade. Este efeito não se limita à área
intervencionada, prolongando-se pelas áreas contíguas, o que, em conjunto com o aumento da emissão
de poluentes associada ao aumento de tráfego resulta na degradação dos habitats presentes na
envolvente das áreas a intervencionar. Tratando-se de áreas muito reduzidas, e com níveis médios de
perturbação atuais (pela presença de viaturas e pessoas diariamente), considera-se que o impacte é
pouco significativo.
As ações relacionadas com a construção e instalação de estruturas do Sistema de Teleféricos (C5, C6,
C7, C8, C9, C10 e C11) levam à perturbação, nomeadamente devido à produção de ruído e vibrações,
resultando num efeito de exclusão temporário da fauna, sobretudo de aves, mas também de répteis e
mamíferos, diminuindo a diversidade faunística. Este efeito não se limitará às áreas de intervenção,
prolongando-se pelas áreas contíguas, o que, em conjunto com a emissão de poluentes produzida pelas
máquinas e veículos afetos à obra, resultará na degradação dos habitats presentes na envolvente da
área intervencionada. Consideram-se pouco significativos os impactes referentes a estas ações, devido à
reduzida dimensão do projeto e ao pequeno intervalo temporal previsto para a sua construção.
No Quadro 8.19 sintetizam-se os impactes identificados sobre a fauna para a fase de construção e os
resultados da aplicação dos classificadores indicados no Quadro 8.1 a esses mesmos impactes.
320
Quadro 8.19
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do Teleférico na componente Fauna – Fase de Construção
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
Pouco Não
C2 Perda de habitat Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto
significativo minimizável
Instalação e utilização
dos estaleiros Degradação de Pouco Não
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto
habitats significativo minimizável
C3 Degradação de Pouco Não
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto
Movimentação de habitats significativo minimizável
pessoas, máquinas e Mortalidade por Pouco
veículos afetos às obras atropelamento Negativo Reduzida Local Provável Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
significativo
C4 Não
Perda de habitat Negativo Moderada Significativo Local Certo Permanente Reversível Imediato Direto
Desmatação/ minimizável
decapagem das áreas Degradação de Pouco Não
a intervencionar Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto
habitats significativo minimizável
C5
Movimentação de
Mortalidade por Pouco
terras, depósito Negativo Reduzida Local Provável Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
atropelamento significativo
temporário de terras e
materiais, entre outros
C6 Degradação de Pouco Não
Negativo Reduzida Regional Provável Temporário Reversível Imediato Direto
Transporte de materiais habitats significativos minimizável
321
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
diversos para
Mortalidade por Pouco Não
construção (betão, aço, Negativo Reduzida Regional Provável Temporário Irreversível Imediato Direto
atropelamento significativo minimizável
madeira, entre outros)
C7
Degradação de Não
Construção de edifícios Negativo Nula Insignificante Local Improvável Temporário Reversível Imediato Direto
habitats minimizável
e estruturas de apoio
C8
Degradação de Pouco Não
Construção de Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto
habitats significativo minimizável
reservatórios para água
Pouco Não
Perda de Habitat Negativo Reduzida Local Provável Permanente Irreversível Imediato Direto
C9 significativo minimizável
Construção de ETA Degradação de Pouco Não
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Irreversível Imediato Direto
habitats significativo minimizável
Degradação de Não
Negativo Reduzida Insignificante Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto
C10 habitats minimizável
Montagem dos vários Pouco Não
equipamentos dos Perda de Habitat Negativo Reduzida Local Provável Permanente Irreversível Imediato Direto
significativo minimizável
sistemas de teleférico
Mortalidade por Pouco
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
atropelamento significativo
C11
Desenrolamento/ Degradação de Pouco Não
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto
instalação dos cabos do habitats significativo minimizável
teleférico e zip-line
C12 Degradação de Pouco Não
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto
Desmantelamento do habitats significativo minimizável
322
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
estaleiro e recuperação
Recuperação de Pouco De médio
paisagística das zonas Positivo Reduzida Local Provável Permanente Reversível Direto Não aplicável
habitats significativo prazo
intervencionadas
323
Na fase de exploração, ainda que exista uma aproximação aos padrões de calma originais, é expetável
que o funcionamento do Sistema de Teleféricos e do Parque Aventura possa provocar alterações no
comportamento de algumas espécies que utilizam a área dando lugar a fenómenos de perturbação e de
afastamento. Ainda assim, prevê-se que a grande maioria das espécies se habituem à nova situação.
Prevê-se que, na fase de exploração, as perturbações sejam devidas ao funcionamento dos novos
elementos (teleférico e zip-line), ao aumento previsto de número de pessoas (funcionários afetos às
infraestruturas e turistas), a ações pontuais de manutenção e reparação de equipamentos e à gestão da
vegetação que possa interferir com o bom funcionamento dos diferentes elementos.
As ações relacionadas com a presença e funcionamento dos novos elementos (ações E2, E3, E4, E5 e E6)
levarão a uma perturbação da fauna, com o previsível aumento do ruído pelo funcionamento do
teleférico. Prevê-se que o impacte será particularmente evidente na comunidade avifaunística, sendo
expectável a sua habituação à presença das estruturas e à perturbação causada pelo funcionamento das
mesmas para a maioria das espécies de aves.
No entanto, a presença dos cabos (teleféricos e zip-line) poderá funcionar como um local de colisão para
aves (em especial, espécies migradoras) que, em determinadas condições meteorológicas (como nevoeiro
ou baixa visibilidade), resultará em mortalidade ou ferimentos dos indivíduos.
Apesar da bibliografia sobre os impactes da construção e funcionamento de teleféricos sobre as aves ser
escassa, dados recolhidos em Hong Kong (MTR, 2003) e na Irlanda (Roughan & O’Donovan, 2019)
mostram que os impactes do funcionamento dos teleféricos são muito reduzidos. Esta conclusão relaciona-
se tanto com a visibilidade tanto das cabinas dos teleféricos como dos cabos (permitindo às aves detetar
a sua presença), mas também com a baixa velocidade do funcionamento dos próprios teleféricos
(possibilitando o desvio atempadamente). Ambos os estudos revelam que a visibilidade é o fator decisivo
para a colisão, estando esta dependente dos fenómenos meteorológicos como nevoeiro, neblina ou chuva.
Por último, consideram que poderá ocorrer um potencial fenómeno de colisão com as cabinas do teleférico
devido à presença de vidro ou superfície espelhada (como se passa, por exemplo, com centrais solares
fotovoltaicas; Smith & Dwyer, 2016). Este impacte poderá ser minimizado pela colocação de marcas
adesivas nos vidros exteriores, permitindo sinalizar melhor a presença dos obstáculos às aves, sendo um
meio pouco dispendioso e eficiente (Klem, 1989; Mitrus & Zbyryt, 2018; Lopes, 2019).
324
Analisando os locais de nidificação das espécies de aves ameaçadas, conclui-se que não são coincidentes
com a localização das futuras infraestruturas. No entanto, desconhece-se se as áreas vitais (incluindo áreas
de caça) destas espécies atravessam o vale do Curral das Freiras. Justifica-se, em fase de RECAPE,
aprofundar esta análise.
As áreas vedadas, inerentes à presença do Parque Aventura (ação E6), podem ainda potencialmente
resultar na perda de espaço biótico para algumas espécies de mamíferos e de aves. No entanto,
aproximadamente metade do local já se encontra atualmente com uma vedação (Fotografia 8.1),
considerando-se o efeito-barreira como insignificante neste local.
As atividades relacionadas com a manutenção dos equipamentos e acessos (ação E7) e com o
abastecimento do reservatório de água por autotanques (ação E9) resultarão em episódios pontuais de
perturbação das espécies, nomeadamente devido à produção de ruído e vibrações, resultando num efeito
de exclusão da fauna, sobretudo de aves e mamíferos, diminuindo a diversidade faunística. Este efeito
não se limitará à área intervencionada, prolongando-se pelas áreas contíguas, o que, em conjunto com a
emissão de poluentes produzida pelas máquinas e veículos afetos a estas atividades, resultará na
degradação dos habitats presentes na envolvente da área a intervencionar.
325
Já o corte de vegetação nas áreas exteriores juntos aos acessos e equipamentos (ação E8) conduzirá
à perturbação da fauna, devido à produção de ruído e vibrações, resultando num efeito de exclusão das
espécies, sobretudo de aves e mamíferos, diminuindo a diversidade faunística. Este efeito não se limitará
à área intervencionada, prolongando-se pelas áreas contíguas, ainda que pontualmente. Considera-se
que estas intervenções serão muito esporádicas, e insignificativas sobre a fauna presente.
326
Quadro 8.20
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do Teleférico na componente Fauna – Fase de Exploração
Âmbito Possibilidade
Identificação do Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância de Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte no tempo
influência minimização
Aumento da
E2
perturbação nas Pouco Não
Presença das Negativo Reduzida Local Provável Permanente Reversível Imediato Direto
comunidades da significativo minimizável
infraestruturas
fauna
Alteração das
Pouco Não
E3 comunidades de Negativo Reduzida Local Provável Permanente Reversível Imediato Indireto
significativo minimizável
Funcionamento/ avifauna
presença dos
teleféricos Mortalidade por Pouco
Negativo Reduzida Local Provável Permanente Irreversível Imediato Direto Minimizável
colisão significativo
Alteração das
Não
E4 comunidades de Negativo Reduzida Insignificante Local Provável Permanente Reversível Imediato Indireto
minimizável
Funcionamento/ avifauna
presença da zip-line Mortalidade por Pouco
Negativo Reduzida Local Provável Permanente Irreversível Imediato Direto Minimizável
colisão significativo
E5
Funcionamento/
presença do Alteração das Pouco Não
Negativo Reduzida Local Provável Permanente Reversível Imediato Indireto
restaurante e comunidades significativo minimizável
estruturas de apoio
(ETAs, entre outros)
E6 Alteração das Pouco
Negativo Reduzida Local Provável Permanente Reversível Imediato Indireto Minimizável
Funcionamento/ comunidades significativo
presença do parque Não
aventura Efeito barreira Negativo Reduzida Insignificante Local Certo Permanente Reversível Imediato Direto
minimizável
327
Âmbito Possibilidade
Identificação do Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância de Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte no tempo
influência minimização
E7 Mortalidade por
Negativo Reduzida Insignificante Local Provável Permanente Irreversível Imediato Direto Minimizável
Ações de atropelamento
manutenção dos
equipamentos e Degradação de Não
Negativo Reduzida Insignificante Local Provável Permanente Reversível Imediato Direto
acessos habitats minimizável
E8 Não
Perda de habitat Negativo Reduzida Insignificante Local Provável Permanente Reversível Imediato Direto
Corte de vegetação minimizável
nas áreas exteriores
juntos aos acessos e Degradação de Negativo Reduzida Insignificante Local Provável Permanente Reversível Imediato Direto
Não
equipamentos habitats minimizável
E9
Abastecimento do
Mortalidade por Pouco
reservatório de Negativo Reduzida Local Provável Permanente Irreversível Imediato Direto Minimizável
atropelamento significativo
água por
autotanques
328
Quadro 8.21
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Qualidade do ar
Fase Ação
C2 - Instalação e utilização dos estaleiros
C3 - Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
C4 - Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar
C5 - Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
Construção C6 - Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre outros)
C7 - Construção de edifícios e estruturas de apoio;
C8 - Construção de reservatórios para água de abastecimento e combate a incêndios e outras
estruturas de apoio semelhantes
C9 - Construção de ETA
E3 - Funcionamento/presença dos teleféricos;
E5 - Funcionamento/presença do restaurante e estruturas de apoio (ETA, entre outros);
Exploração E7 - Ações de manutenção dos equipamentos e acessos
E8 - Corte de vegetação nas áreas exteriores juntos aos acessos e equipamentos;
E9 - Abastecimento do reservatório de água por autotanques;
Durante a fase de construção ocorrerão impactes negativos na qualidade do ar, quer devido ao processo
construtivo e movimentação de máquinas, quer devido ao aumento do tráfego de veículos necessário ao
transporte de materiais e trabalhadores. Os impactes serão sentidos nas zonas envolventes ao estaleiro
e frentes de obra e nas zonas envolventes aos percursos para transporte de materiais e trabalhadores.
A área de implantação dos teleféricos, respetivas estações e restaurante caracteriza-se por ser um
terreno de caraterísticas florestais, maioritariamente ocupada por vegetação natural, seminatural, com
afloramentos rochosos, onde não existem fontes de poluição significativas, quer fixas, quer pontuais.
Os aglomerados populacionais que se encontram na área de estudo são Curral das Freiras, localizada
na envolvente da estação de Curral das Freiras; Achada, a norte da estação de Curral das Freiras; Casas
Próximas, a sudoeste da estação de Curral das Freiras, por baixo da Zip Line; Terra Chã, entre a estação
do Paredão e a estação da Boca da Corrida, por baixo do cabo do teleférico que liga estas duas
329
estações; e Curral de Baixo, a sul do cabo do teleférico que liga a estação do Paredão e a estação da
Boca da Corrida.
Importa salientar que estão projetadas três estações em localizações distintas (Curral das Freiras,
Miradouro do Paredão e Miradouro da Boca da Corrida) que, apesar de terem a maioria das ações
geradoras de impactes em comum, apresentam diferentes caraterísticas (da estação em si e da zona
envolvente) que levam a ações diferentes das restantes estações.
Nas três estações as ações Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar (C4); Movimentação de
terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros (C5), estarão ligadas à ocorrência de
impactes negativos significativos, principalmente, resultantes da emissão de partículas que, pela sua
granulometria grosseira, se depositarão no solo, a curtas distâncias do local. A Construção de edifícios e
estruturas de apoio (C7) também emitirá partículas, gerando um impacte negativo, moderado e pouco
significativo.
Dado que na envolvente próxima desta Estação de Curral das Freiras existem vários edifícios de
habitação e serviços (num raio de 300 m), estes impactes terão maior significado nesta área, mas
maioritariamente durante a fase de construção e em determinados períodos do dia.
No caso da Estação no Miradouro do Paredão, uma vez que não existem infraestruturas públicas de
abastecimento de água, irá ser necessário proceder à construção de reservatórios de água para
abastecimento e combate a incêndios e outras estruturas de apoio semelhantes (C8) e ainda será
necessária a construção de uma ETA (C9). Estas ações terão um impacte negativo, pouco significativo
também de caráter temporário
Já a instalação e utilização dos estaleiros (C2); a movimentação de pessoas máquinas e veículos afetos
às obras (C3) e o transporte de materiais diversos para construção (C6), vão criar um aumento temporário
de tráfego de veículos no local de implementação da estação, que contribuirá também para um aumento
das emissões de poluentes, típicos deste tipo de fontes (NOx, CO e partículas principalmente), para a
atmosfera. Ao longo da empreitada a circulação de veículos apresentará oscilações, prevendo-se, no
entanto que os primeiros meses, face ao transporte dos materiais para os estaleiros e parques de
materiais, coincidam com o maior volume de tráfego associado à empreitada.
Estes impactes são considerados negativos, ainda que pouco significativos, mas minimizáveis.
geram emissões de poeiras, controlo de velocidades dos veículos, entre outros. Importa também referir
que parte da minimização destes impactes passa pelo estabelecimento de uma faixa de proteção em
torno dos edifícios que se encontram nas imediações das estações, neste caso em específico, nos edifícios
de Curral das Freiras e o edifício que se localiza junto ao Miradouro da Boca da Corrida.
331
Quadro 8.22
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto dos teleféricos e restaurante na componente Qualidade do ar – Fase de
Construção
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
C2 - Instalação e utilização Emissão de Pouco
gases de efeito Negativo Reduzida Local Certos Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
dos estaleiros significativo
de estufa
C3 - Movimentação de Emissão de
Pouco Local /
pessoas, máquinas e gases de efeito Negativo Reduzida
significativo Regional
Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
veículos afetos às obras de estufa
C4 -
Emissão de
Desmatação/decapagem partículas
Negativo Moderada Significativo Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
das áreas a intervencionar
C5 - Movimentação de
terras, depósito temporário Emissão de
Negativo Reduzida Significativo Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
de terras e materiais, entre partículas
outros
C6 - Transporte de
Emissão de
materiais diversos para Pouco Local/
gases de efeito Negativo Reduzida Certos Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
construção (betão, aço, significativo Regional
de estufa
madeira, entre outros)
C7 - Construção de
Emissão de Pouco
edifícios e estruturas de Negativo Moderada Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
partículas significativo
apoio;
C8 - Construção de
reservatórios para água de
Emissão de Pouco
abastecimento e combate a partículas
Negativo Moderada
significativo
Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
incêndios e outras estruturas
de apoio semelhantes
Emissão de Pouco
C9 - Construção de ETA partículas
Negativo Moderada
significativo
Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
332
333
Não se esperam impactes negativos significativos associados à fase de exploração dos teleféricos e
restaurante, no que respeita à qualidade do ar. Apenas as ações de manutenção dos equipamentos e
acessos (E7) e o abastecimento do reservatório de água por autotanques (E9) são expectáveis de gerar
impactes devido ao tráfego de veículos associados a estas ações. No entanto, estes são considerados
pouco significativos devido à frequência com que estas ações ocorrerão.
Tal como referido em maior detalhe no subcapítulo 8.4 sobre impactes no clima, espera-se que o
funcionamento do teleférico possa causar um impacte positivo indireto ao nível da qualidade do ar, na
medida em que irá reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) ao diminuir o número de
veículos privados utilizados para a deslocação aos miradouros do Paredão e da Boca da Corrida. No
entanto, caso não sejam criadas condições para um aumento da utilização de transportes coletivos para
a deslocação à estação em Curral das Freiras, poderá ocorrer um aumento de tráfego a esta zona,
podendo a diminuição de emissões de GEE não ser tão evidente.
334
Quadro 8.23
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do teleférico e restaurante na componente Qualidade do ar – Fase de
Exploração
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
Redução da
E3 - emissão de
Pouco
Funcionamento/presença gases de Positivo Reduzida
significativo
Regional Provável Temporário Irreversível A médio prazo Indireto -
dos teleféricos efeito de
estufa
E7 - Ações de Emissões de
gases de Pouco Local /
manutenção dos efeito de
Negativo Reduzida
significativo Regional
Certo Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
equipamentos e acessos estufa
E9 - Abastecimento do Emissões de
gases de Pouco Local /
reservatório de água efeito de
Negativo Reduzida
significativo Regional
Certo Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
por autotanques estufa
335
Quadro 8.24
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Qualidade do ar
Fase Ação
C2 - Instalação e utilização dos estaleiros
C3 - Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
C4 - Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar
Construção C5 - Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
C6 - Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre
outros)
C7 - Construção de edifícios e estruturas de apoio
Exploração E7 - Ações de manutenção dos equipamentos e acessos
Durante a fase de construção ocorrerão impactes negativos na qualidade do ar, quer devido ao processo
construtivo e movimentação de máquinas, quer devido ao aumento do tráfego de veículos necessário ao
transporte de materiais e trabalhadores.
Os impactes serão sentidos nas zonas envolventes ao estaleiro e frentes de obra e nas zonas envolventes
aos percursos para transporte de materiais e trabalhadores.
Dado que na envolvente próxima desta Estação de Curral das Freiras (onde termina a Zip Line) existem
vários edifícios de habitação e serviços (num raio de 300 m), estes impactes terão maior significado nesta
área, mas maioritariamente durante a fase de construção e em determinados períodos do dia.
A instalação e utilização dos estaleiros (C2); a movimentação de pessoas máquinas e veículos afetos às
obras (C3) e o transporte de materiais diversos para construção (C6), vão criar um aumento temporário
336
de tráfego de veículos no local de implementação da Zip Line, que contribuirá também para um aumento
das emissões de poluentes, típicos deste tipo de fontes (NOx, CO e partículas principalmente), para a
atmosfera. Ao longo da empreitada a circulação de veículos apresentará oscilações, prevendo-se, no
entanto que os primeiros meses, face ao transporte dos materiais para os estaleiros e parques de
materiais, coincidam com o maior volume de tráfego associado à empreitada.
Estes impactes são considerados negativos, ainda que pouco significativos, mas minimizáveis.
337
Quadro 8.25
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da Zip Line na componente Qualidade do ar – Fase de Construção
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
C2 - Instalação e utilização Emissão de Pouco
gases de efeito Negativo Reduzida Local Certos Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
dos estaleiros significativo
de estufa
C3 - Movimentação de Emissão de
Pouco Local /
pessoas, máquinas e gases de efeito Negativo Reduzida
significativo Regional
Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
veículos afetos às obras de estufa
C4 -
Emissão de
Desmatação/decapagem partículas
Negativo Moderada Significativo Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
das áreas a intervencionar
C5 - Movimentação de
terras, depósito temporário Emissão de
Negativo Reduzida Significativo Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
de terras e materiais, entre partículas
outros
C6 - Transporte de
Emissão de
materiais diversos para Pouco Local/
gases de efeito Negativo Reduzida Certos Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
construção (betão, aço, significativo Regional
de estufa
madeira, entre outros)
C7 - Construção de
Emissão de Pouco
edifícios e estruturas de partículas
Negativo Moderada
significativo
Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
apoio;
338
Não se esperam impactes negativos significativos associados à fase de exploração da Zip Line, no que
respeita à qualidade do ar. Apenas a ação de manutenção dos equipamentos e acessos (E7) é expectável
de gerar impactes devido ao tráfego de veículos associados a estas ações. No entanto, estes são
considerados pouco significativos devido à frequência com que estas ações ocorrerão.
339
Quadro 8.26
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto da Zip Line na componente Qualidade do ar – Fase de Exploração
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
E7 - Ações de Emissões de
gases de Pouco Local /
manutenção dos efeito de
Negativo Reduzida
significativo Regional
Certo Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
equipamentos e acessos estufa
340
Quadro 8.27
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Qualidade do ar
Fase Ação
C2 - Instalação e utilização dos estaleiros
C3 - Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
C4 - Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar
Construção C5 - Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
C6 - Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre
outros)
C7 - Construção de edifícios e estruturas de apoio
Exploração E7 - Ações de manutenção dos equipamentos e acessos
Durante a fase de construção ocorrerão impactes negativos na qualidade do ar, quer devido ao processo
construtivo e movimentação de máquinas, quer devido ao aumento do tráfego de veículos necessário ao
transporte de materiais e trabalhadores.
Os impactes serão sentidos nas zonas envolventes ao estaleiro e frentes de obra e nas zonas envolventes
aos percursos para transporte de materiais e trabalhadores.
A instalação e utilização dos estaleiros (C2); a movimentação de pessoas máquinas e veículos afetos às
obras (C3) e o transporte de materiais diversos para construção (C6), vão criar um aumento temporário
de tráfego de veículos no local de implementação do parque aventura, que contribuirá também para um
aumento das emissões de poluentes, típicos deste tipo de fontes (NOx, CO e partículas principalmente),
para a atmosfera. Ao longo da empreitada a circulação de veículos apresentará oscilações, prevendo-
341
se, no entanto que os primeiros meses, face ao transporte dos materiais para os estaleiros e parques de
materiais, coincidam com o maior volume de tráfego associado à empreitada.
Estes impactes são considerados negativos, ainda que pouco significativos, mas minimizáveis.
342
Quadro 8.28
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da Zip Line na componente Qualidade do ar – Fase de Construção
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
C2 - Instalação e utilização Emissão de Pouco
gases de efeito Negativo Reduzida Local Certos Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
dos estaleiros significativo
de estufa
C3 - Movimentação de Emissão de
Pouco Local /
pessoas, máquinas e gases de efeito Negativo Reduzida
significativo Regional
Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
veículos afetos às obras de estufa
C4 -
Emissão de
Desmatação/decapagem partículas
Negativo Moderada Significativo Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
das áreas a intervencionar
C5 - Movimentação de
terras, depósito temporário Emissão de
Negativo Reduzida Significativo Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
de terras e materiais, entre partículas
outros
C6 - Transporte de
Emissão de
materiais diversos para Pouco Local/
gases de efeito Negativo Reduzida Certos Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
construção (betão, aço, significativo Regional
de estufa
madeira, entre outros)
C7 - Construção de
Emissão de Pouco
edifícios e estruturas de partículas
Negativo Moderada
significativo
Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
apoio;
343
Não se esperam impactes negativos significativos associados à fase de exploração do parque aventura,
no que respeita à qualidade do ar. Apenas a ação de manutenção dos equipamentos e acessos (E7) é
expectável de gerar impactes devido ao tráfego de veículos associados a estas ações. No entanto, estes
são considerados pouco significativos devido à frequência com que estas ações ocorrerão.
344
Quadro 8.29
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto da Zip Line na componente Qualidade do ar – Fase de Exploração
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
E7 - Ações de Emissões de
gases de Pouco Local /
manutenção dos efeito de
Negativo Reduzida
significativo Regional
Certo Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
equipamentos e acessos estufa
345
No Quadro 8.30 listam-se as ações consideradas geradoras de impacte ao nível da componente Gestão
de Resíduos nas fases de construção e exploração.
Quadro 8.30
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Gestão de Resíduos
Fase Ação
C2 - Instalação e utilização dos estaleiros
C4 - Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar
C5 - Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
C7 - Construção de edifícios e estruturas de apoio;
C8 - Construção de reservatórios para água de abastecimento e combate a incêndios e outras
Construção
estruturas de apoio semelhantes
C9 - Construção de ETAs
C10 - Montagem dos vários equipamentos dos sistemas de teleférico
C11 - Desenrolamento/instalação dos cabos do teleférico e Zip Line
C12 - Desmantelamento do estaleiro e recuperação paisagística das zonas intervencionadas
E3 - Funcionamento/presença dos teleféricos;
E5 - Funcionamento/presença do restaurante e estruturas de apoio (ETAs, entre outros);
Exploração
E7 - Ações de manutenção dos equipamentos e acessos
E8 - Corte de vegetação nas áreas exteriores juntos aos acessos e equipamentos;
Conforme já referido no capítulo 6.10, o regime das operações de gestão de resíduos resultantes de
obras (RCD), é regido pelo Decreto-Lei n.º 102-D/2020, de 12 de dezembro, na sua atual redação. Os
materiais que não sejam passíveis de reutilizar e que constituam RCD são obrigatoriamente objeto de
triagem na obra com vista ao seu encaminhamento, por fluxos e fileiras de materiais, para reciclagem ou
outras formas de valorização. Nos casos em que não possa ser efetuada a triagem dos RCD na obra ou
em local afeto à mesma, o respetivo produtor é responsável pelo seu encaminhamento para operador de
tratamento de resíduos. A deposição de RCD em aterro só é permitida após a submissão a triagem,
conforme mencionado anteriormente.
A gestão dos resíduos em fase de obra encontra-se contemplada nas medidas de minimização a
implementar na fase de obra, onde se prevê inclusive, a obrigatoriedade de implementar por parte do
Empreiteiro o Plano de Gestão de Resíduos que se apresenta no Anexo 4. Realça-se a importância que
a adequada gestão de resíduos na fase de obra deve ter, na prevenção da poluição do solo e dos
recursos hídricos.
346
Apesar de existirem algumas lacunas de informação do Projeto sobre esta temática dos resíduos, tendo
em conta o tipo e dimensão do Projeto, bem como os requisitos e as medidas contempladas no presente
EIA, e ainda o facto de a disponibilidade/possibilidade de destinos finais na região ser boa, são
esperados impactes pouco significativos ao nível deste descritor. Na prática, os resíduos que serão
produzidos e que são transportados para fora da zona afeta ao Projeto são pouco significativos, de
magnitude reduzida a moderada, não causando efeitos que possam ter influência no normal
funcionamento dos sistemas de gestão de resíduos existentes na região, e do ponto de vista financeiro, a
mais-valia para as empresas transportadoras e recetoras é considerada com algum significado. Existe
potencial para parte dos materiais manipulados durante a execução das obras serem reutilizados no
local, como é o caso dos inertes resultantes da movimentação geral de terras, e por isso não chegam a
ser considerados resíduos.
Os impactes causados na zona, decorrentes do manuseamento dos vários resíduos afetos à obra, são
avaliados/quantificados na avaliação dos impactes dos fatores ambientais que são afetados, como por
exemplo, nos solos, nos recursos hídricos, entre outros.
Ainda assim, descrevem-se em seguida os aspetos mais relevantes relacionados com a gestão de resíduos
na fase de obra.
A estação de Curral das Freiras terá como edifício de apoio uma construção já existente que se pretende
reabilitar totalmente. Esta ação poderá gerar RCD.
A área de estudo, tal como já referido, é predominantemente florestal com exceção da zona de Curral
das Freiras que se encontra urbanizada. Assim, numa fase inicial poderão ser produzidos resíduos com
origem na desmatação e desflorestação do terreno (C4) nas localizações das estações, podendo parte
destes serem valorizados pela sua incorporação na terra vegetal que irá ser reutilizada na recuperação
das áreas intervencionadas, sujeitas a requalificação.
Caso venha a ocorrer o abate de árvores esta deverá ser feita de acordo com a legislação em vigor
para as espécies em questão, quando tal se aplicar, recomendando-se que o mesmo seja realizado por
empresas especializadas e credenciadas que poderão também efetuar a limpeza dos resíduos
resultantes. Estes resíduos, dependendo da espécie, assim como os restantes resíduos provenientes da
desmatação deverão ser encaminhados para operador licenciado caso estes sejam considerados resíduos
ou então poderão ser considerados Biomassa e como tal, excluídos do âmbito do RGGR.
347
Dada a extensão do projeto e as áreas a intervencionar, espera-se que estas ações tenham um impacto
negativo pouco significativo.
No que respeita a balanço de terras, é recomendado que se faça a reutilização do maior volume possível
dentro da obra, usando, por exemplo, para o recobrimento de possíveis valas que venham a ser abertas,
e os restantes volumes utilizados/distribuídos pelo terreno, permitindo o nivelar das depressões que
possam existir (ações de aterro). Desta forma reduz-se o impacto desta ação.
Uma vez que está previsto betonagens na fase de construção, no caso de ocorrerem resíduos de betão
resultantes de lavagem de caleiras em local não autorizado para o efeito, e ainda que possam ser
adotadas as corretas técnicas de gestão, como o transporte e a deposição adequada destes resíduos,
estes, representarão um impacte negativo.
No caso dos óleos usados e solventes, resultantes de prováveis manutenções de equipamentos e veículos
de construção, ao constituírem resíduos perigosos, se descarregados inadequadamente, induzirão
impactes negativos ao nível dos solos/habitats e recursos hídricos. Nas operações de manuseamento
destes resíduos, deve ter-se em conta a possibilidade de ocorrência de derrames e acidentes. Estes riscos
de contaminação são substancialmente reduzidos com a adoção de medidas adequadas.
Durante a fase de construção esperam-se, também, resíduos equiparados a RU, resultantes da presença
dos trabalhadores (ação C2 - Instalação e utilização dos estaleiros). A quantidade destes resíduos é
dependente da quantidade e frequência de trabalhadores na obra. Os impactes associados à produção
destes resíduos são pouco significativos, tendo em conta que estes serão depositados em contentores
apropriados para o efeito e que serão recolhidos com periodicidade adequada. Esta recolha será
definida pelo empreiteiro no início da obra, em articulação com o município (ARM – Águas e Resíduos da
348
Os resíduos resultantes das obras devem ser devidamente armazenados em estaleiro no parque de
resíduos.
No que respeita aos resíduos gerados pela utilização de sanitários químicos portáteis, estes serão
geridos de acordo com o estipulado com a entidade fornecedora dos mesmos, nas respetivas
instalações.
Após a fase de construção as áreas de estaleiro deverão ser desmanteladas o que irá gerar alguns
resíduos, decorrentes da ação C12 - Desmantelamento do estaleiro e recuperação paisagística das
zonas intervencionadas. Estes deverão ser pouco significativos desde que encaminhados para o destino
adequado.
Não será possível, nesta fase, a identificação exata da tipologia de resíduos de construção, bem como
dos quantitativos, a serem produzidos durante a mesma. A experiência em obras semelhantes aponta
para a tipologia de resíduos potencialmente produzidos nesta fase, de acordo com o apresentado no
Quadro 8.31, classificados de acordo com o Código LER (Decisão 2014/955/UE).
Quadro 8.31
Resíduos potencialmente produzidos durante a fase de construção, classificados de acordo com o
código da LER - Lista Europeia de Resíduos
349
350
Quadro 8.32
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na componente Gestão de Resíduos – Fase de Construção
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do Impacte influência no tempo
minimização
Deposição e
destino final
de RCD
(perigosos e
C2 - Instalação e utilização não Pouco
Negativo Reduzida Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
dos estaleiros perigosos) e significativo
RU em local
(ais) não
autorizado (s)
para o efeito
Deposição e
destino final
de material
vegetal e
C4 -
terras
Desmatação/decapagem Negativo Reduzida Significativo Local/Regional Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
excedentes
das áreas a intervencionar
em local (ais)
não
autorizado (s)
para o efeito
Deposição e
C5 - Movimentação de
destino final
terras, depósito temporário Reduzida a
de resíduos Negativo Significativo Local/Regional Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
de terras e materiais, entre Moderada
(RCD) e
outros
terras
351
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do Impacte influência no tempo
minimização
excedentes
em local (ais)
não
autorizado (s)
para o efeito
Deposição e
destino final
de RCD
(perigosos e
C7 - Construção de edifícios Pouco
não Negativo Reduzida Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
e estruturas de apoio; significativo
perigosos) em
local (ais) não
autorizado (s)
para o efeito
Deposição e
destino final
C8 - Construção de de RCD
reservatórios para água de (perigosos e
Pouco
abastecimento e combate a não Negativo Reduzida Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
incêndios e outras estruturas perigosos) em
de apoio semelhantes local (ais) não
autorizado (s)
para o efeito
Deposição e
destino final
de RCD
(perigosos e Pouco
C9 - Construção de ETAs Negativo Reduzida Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
não significativo
perigosos) em
local (ais) não
autorizado (s)
352
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do Impacte influência no tempo
minimização
para o efeito
Deposição e
destino final
de RCD
C10 - Montagem dos vários (perigosos e
Pouco
equipamentos dos sistemas não Negativo Reduzida Local/Regional Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
de teleférico perigosos) em
local (ais) não
autorizado (s)
para o efeito
Deposição e
destino final
de RCD
C11 -
(perigosos e
Desenrolamento/instalação Pouco
não Negativo Reduzida Local/Regional Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
dos cabos do teleférico e significativo
perigosos) em
Zip Line
local (ais) não
autorizado (s)
para o efeito
353
Na fase de exploração espera-se que seja gerada uma quantidade significativa de resíduos,
principalmente ao nível do restaurante com resíduos de tipologia orgânica. É ainda expectável a
produção de resíduos associados às variadas atividades do projeto (bilheteira, instalações sanitárias,
etc.) e atividades de manutenção das infraestruturas e equipamentos (E5 - Funcionamento/presença do
restaurante e estruturas de apoio (ETAs, entre outros)).
No caso da manutenção dos equipamentos dos teleféricos e Zip Line (E7) resultará alguns óleos usados,
ou outras tipologias de resíduos nomeadamente resultantes da manutenção dos sistemas de rolamento,
das cabines, entre outros.
Estes resíduos serão encaminhados para entidade devidamente licenciada para o efeito. Com a adoção
das práticas corretas de gestão de resíduos, os impactes associados, embora continuem negativos, terão
a sua significância e magnitude bastante reduzidas. Os resíduos perigosos associados às atividades de
manutenção, deverão ser tratados e encaminhados a destino final devidamente licenciado, pelos
responsáveis pela sua gestão.
Durante a fase de exploração será necessário efetuar cortes de vegetação na envolvente das estações
e no parque aventura (E8) sendo que o material resultante terá que ter uma gestão e destino final
adequado. Espera-se que o impacto desta ação seja negativo pouco significativo.
Neste enquadramento, tendo como princípio a adoção de práticas corretas de gestão de resíduos, ou
seja, que os resíduos serão conduzidos a destino final adequado, e as frações enviadas para valorização,
que o transporte dos mesmos será efetuado por transportador autorizado, bem como os respetivos
destinos finais estarão licenciados para o efeito, os impactes associados são pouco significativos.
354
No Quadro 8.33 apresenta-se uma estimativa das diferentes categorias de resíduos que se prevê
poderem vir a ser produzidas com o funcionamento do Projeto. Estes resíduos, tal como os produzidos na
fase de construção, são classificados, de acordo com a Lista Europeia de Resíduos - LER, como resíduos
não perigosos e perigosos, sendo que estes últimos deverão ter circuitos próprios de gestão.
Quadro 8.33
Estimativa da tipologia de resíduos a ser produzidos com a exploração
DESCRIÇÃO CÓDIGO LER
Resíduos de embalagens; absorventes, panos de limpeza, materiais filtrantes e vestuário de proteção não
15 00 00
anteriormente especificados
Embalagens (incluindo resíduos urbanos e equiparados de embalagens recolhidos separadamente) 15 01 00
Embalagens de papel e cartão 15 01 01
Embalagens de plástico 15 01 02
Embalagens de metal 15 01 04
Embalagens de metal, incluindo recipientes vazios sob pressão, com uma matriz porosa sólida perigosa 15 01 11(p)
Absorventes, materiais filtrantes, panos de limpeza e vestuário de proteção 15.02.00
Absorventes, materiais filtrantes, panos de limpeza e vestuário de proteção contaminado 15 02 02(p)
Resíduos de equipamento elétrico e eletrónico 16 02 00
Outros
Óleos minerais, de motores transmissões e lubrificação 13 02 05(p)
Cobre, Bronze e Latão 17 04 01
Alumínio 17 04 02
Ferro e Aço 17 04 05
Cabos não abrangidos em 17 04 10 17 04 11
Resíduos Urbanos e equiparados (Resíduos domésticos, do comércio, Indústria e Serviços, incluindo as
20 00 00
frações recolhidas seletivamente:
Frações recolhidas seletivamente (exceto 15 01) 20 01 00
Papel e cartão 20 01 01
Vidro 20 01 02
Resíduos biodegradáveis de cozinhas e cantinas 20 01 08
Outros resíduos urbanos e equiparados 20 03 00
Resíduos produzidos, equiparáveis a Resíduos Sólidos Urbanos, incluindo misturas de resíduos. 20 03 01
(p) – resíduo perigoso
355
Quadro 8.34
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na componente Gestão de Resíduos – Fase de Exploração
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
Deposição e
destino final de
E3 - RU e (perigosos
Funcionamento/presença e não perigosos) Negativo Reduzida Insignificante Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
dos teleféricos; em local (ais)
não autorizado
(s) para o efeito
Deposição e
E5 - destino final de
Funcionamento/presença RU e (perigosos
Pouco
do restaurante e e não perigosos) Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
estruturas de apoio em local (ais)
(ETAs, entre outros); não autorizado
(s) para o efeito
Deposição e
destino final de
E7 - Ações de RCD (perigosos
Pouco Local/
manutenção dos e não perigosos) Negativo Reduzida Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo Regional
equipamentos e acessos em local (ais)
não autorizado
(s) para o efeito
Deposição e
E8 - Corte de destino final de
vegetação nas áreas material vegetal Pouco
Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
exteriores juntos aos em local (ais) significativo
acessos e equipamentos; não autorizado
(s) para o efeito
356
A previsão dos níveis sonoros resultantes das atividades associadas à fase de construção e à fase de
exploração foi efetuada através de modelação sonora e geração de mapa de ruído.
O Mapa de Ruído e as previsões dos níveis sonoros foram calculados considerando as Directrizes para
Elaboração de Mapas de Ruído definidas pela Agência Portuguesa do Ambiente (Guedes e Leite, 2011)
e ainda tidas em consideração as orientações constantes no documento “Good Practice Guide for
Strategic Noise Mapping and the Production of Associated Data on Noise Exposure, version 2” (WG-AEN,
2006).
O Mapa de Ruído e as previsões dos níveis sonoros foram obtidos através de um modelo de cálculo onde
foram aplicados os métodos de cálculo definidos no Anexo II da Diretiva (Métodos de avaliação dos
indicadores de ruído), ou seja, o método CNOSSOS-EU para o ruído industrial e para o ruído de tráfego
rodoviário.
O Mapa de Ruído foi obtido para os indicadores de ruído Ld calculado a uma altura acima do solo de 4
metros com uma malha de cálculo 20mx20m. As previsões dos níveis sonoros foram também obtidas para
o local de medição à respetiva altura de medição, de forma poder calcular os níveis sonoros através da
soma logarítmica do ruído residual ao ruído particular e a assim avaliar o critério de incomodidade.
Para a criação do modelo digital do terreno, a cartografia base incluiu a altimetria do terreno (curvas
de nível cotadas) e em termos meteorológicos adotaram-se as percentagens de ocorrência média anual
de condições meteorológicas favoráveis à propagação do ruído indicadas pelas Diretrizes para
Elaboração de Mapas de Ruído – Versão 3 (APA, 2011): 50% no período diurno; 75% no período
entardecer; e 100% no período noturno.
357
Relativamente à tipologia de solo, a envolvente da área do projeto é caracterizada por zonas de solo
macio (aglomerados florestais e agrícolas), para as quais, na modelação foi considerado solo poroso
(G=1) e solo duro (aglomerados populacionais) para as quais foi considerado solo duro (G=0).
A fase de obra corresponde à execução dos trabalhos de construção do projeto “Sistema de Teleféricos
e Parque Aventura em Curral das Freiras” consiste essencialmente na construção dos
equipamentos/infraestruturas bem como da preparação do terreno, englobando atividades de
movimentação de terras, pavimentação, circulação de máquinas e viaturas pesadas e operação de
diversos equipamentos ruidosos e construção/reabilitação de edifícios. O ruído gerado nesta fase
depende de vários fatores, nomeadamente as características e quantidade de equipamentos a utilizar,
regimes de funcionamento, quantidade de veículos ligeiros e pesados a circular para o local de
construção.
Não existem, contudo, nesta fase, informações sobre as especificações ou quantidades das máquinas e
equipamentos a utilizar, no entanto, previsivelmente, as atividades com maior emissão de ruído na
construção do projeto estarão associadas à fase de preparação do terreno com a utilização de
maquinaria pesada.
Não possuindo informações rigorosas relativas a esta fase não é possível prever com exatidão os níveis
sonoros nos recetores sensíveis previsivelmente mais afetados na fase de construção. No entanto, e de
forma a ter uma estimativa dos níveis sonoros esperados nos recetores considerados mais afetados, foi
criado o respetivo cenário para modelação:
¨ Obra de construção com recurso a 1 equipamento com uma potência sonora de 100 dB(A)
(valor típico para equipamentos de construção a utilizar);
¨ Posicionamento das máquinas na área de projeto, com disposição na área mais próxima a
cada recetor sensível.
Os resultados da modelação efetuada correspondem aos valores de ruído particular, tendo os valores
de ruído ambiente sido calculados a partir da soma logarítmica dos níveis sonoros obtidos aquando da
358
caracterização da situação de referência (determinado por medições de ruído) com os níveis sonoros
correspondentes ao ruído particular (determinado por modelação). No Quadro 8.35 são apresentados
os resultados obtidos para a fase de construção.
Quadro 8.35
Níveis sonoros previstos, no local de avaliação da situação atual, para a fase de construção do projeto.
Níveis sonoros [dB(A)]
Ruído Ambiente (R.A)
Locais de Avaliação Ruído Residual (R.R.) Ruído Particular (R.P.)
R.A.=R.P. + R.R.1
LAeq LAeq LAeq
R1 44,3 65,7 65,7
(1) Soma logarítmica dos níveis sonoros.
Como se pode verificar pelos resultados obtidos, é previsível que os níveis sonoros influenciem, de forma
significativa, os recetores sensíveis, no entanto, os trabalhos construtivos serão temporários e apenas no
período diurno.
Assim, na fase de construção, o projeto em estudo contribuirá para emissões de ruído a nível local
afetando negativamente os recetores sensíveis mais próximos, o impacte deverá ser significativo, tendo
em consideração que os níveis sonoros nos recetores sensíveis mais próximos vão sofrer alterações
significativas, no entanto, essa alteração ocorrerá em um período curto de intervenção.
359
Quadro 8.36
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações associadas à construção junto dos recetores sensíveis caracterizados pelo local de
medição – Fase de Construção
Identificação Âmbito de Desfasamento Possibilidade de
Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo
do impacte influência no tempo minimização
Efeitos na
saúde
Negativo Elevada Significativo Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
humana e
fauna
360
Apenas junto da estação baixa existem recetores sensíveis na envolvente, assim e apesar de não existirem
sistemas motrizes nesta estação, teve-se em consideração a fonte de ruído associado ao rolamento nos
cabos do teleférico, dada a proximidade dos recetores sensíveis (localizados a cerca de 20 metros da
plataforma de passageiros).
Desta forma na presente modelação dos níveis sonoros considerou-se um nível de potência sonora por
metro linear de cabo teleférico de 63 dB(A). Este valor, baseado em informação do fabricante, segundo
o qual o nível de pressão sonora junto às cabines será de cerca de 60 dB(A), o que no caso corresponde
a um nível Lw,m ≈63 dB(A). Este nível refere-se a uma emissão em continuo, sem atender ao tempo que o
Sistema de Teleféricos não está em funcionamento entre viagens, ou seja, funcionamento em continuo.
Assim sendo, tendo em consideração os dados técnicos do Sistema de Teleféricos no Quadro 8.37 é
apresentado o tempo máximo de funcionamento por hora e o respetivo nível Lw,m considerado na
presente modelação. Para o cálculo do tempo máximo de funcionamento por hora teve-se em
consideração a capacidade máxima de transporte por hora e por viagem e a duração de cada viagem.
Na presente modelação foi considerado o pior cenário, ou seja, foi considerado uma emissão sonora em
continuo durante o tempo de funcionamento do Sistema de Teleféricos, sem atender aos intervalos entre
a passagem das cabines.
Nesta fase (estudo prévio) não existem informações sobre a potência sonora do sistema de Zip Line, assim
sendo, considerou-se a mesma potência sonora por metro linear do cabo teleférico, uma vez que, o ruído
emitido pelo sistema de Zip Line está igualmente associado ao rolamento nos cabos.
Quadro 8.37
Características técnicas e respetiva potência sonora do Sistema de Teleféricos e do Zip Line.
Tempo de
Capacidade de Capacidade de Duração
funcionamento
Sistema de transporte transporte transporte por de uma LW dB(A)
máximo por
máxima/hora viagem viagem
hora
30
Sistema de Teleféricos 140 pessoas/hora 5,2 minutos 25 minutos 59,2
pessoas/viagem
361
Tempo de
Capacidade de Capacidade de Duração
funcionamento
Sistema de transporte transporte transporte por de uma LW dB(A)
máximo por
máxima/hora viagem viagem
hora
2
Zip Line 40 pessoas/hora 2,3 minutos 46 minutos 61,8
pessoas/viagem
De acordo com a informação prestada pelo promotor do projeto o Sistema de Teleféricos funcionará das
09:00h até às 18:00h, assim sendo, a presente modelação foi efetuada tendo em consideração apenas
o funcionamento no período diurno.
Os níveis sonoros do ruído ambiente para a fase de exploração foram determinados pela soma
logarítmica dos níveis sonoros obtidos aquando da caracterização da situação de referência
(determinado por medições de ruído) com os níveis sonoros correspondentes ao ruído particular
(determinado por modelação).
O mapa de ruído calculado a uma altura de 4 metros relativo ao ruído particular da fase de exploração
(LAeq) é apresentado na Figura 8.1 – Mapa de ruído nível sonoro contínuo equivalente, LAeq do ruído
Particular.
No Quadro 8.38 e Quadro 8.39 são apresentados os resultados dos níveis sonoros e respetivos
indicadores de ruído previstos para a altura dos recetores sensíveis influenciados pelo funcionamento do
projeto, apresentando-se, no Quadro 8.40, os resultados relativos ao cálculo do critério de incomodidade.
Quadro 8.38
Níveis sonoros e indicadores de ruído previstos para a fase de exploração junto dos recetores sensíveis.
Níveis sonoros [dB(A)]
Ruído Residual (R.R.) Ruído Particular (R.P.) Ruído Ambiente (R.A)
Locais de Avaliação
(medido) (modelado) R.A.=R.P. + R.R.1
Ld Le Ln Lden LAeq Ld 2 Le Ln Lden
R1 44,3 39,3 38,4 46,1 45,6 48,0 39,3 38,4 47,8
(1) Obtido por soma logarítmica.
(2) Tendo em consideração o funcionamento durante o período diurno.
Quadro 8.39
Indicadores de ruído previstos para a fase de exploração e avaliação do critério de exposição.
362
FIGURA 8.1 – Mapa de ruído nível sonoro contínuo equivalente, LAeq do ruído Particular
Porto Moniz
Calheta Machico
Funchal
ÈUHDGH(VWXGR
Sistema de Teleféricos
(VWDomRGH&XUUDOGDV)UHLUDV
&DERV
Parque Aventura
ÈUHDGHLPSODQWDomRGR3DUTXH$YHQWXUD
/RFDOGHPHGLomR
/$HT
/$HT
/$HT
/$HT
6HUYLFH/D\HU&UHGLWV
2UWRIRWRPDSDVjHVFDODGD5HJLmR$XWyQRPDGD0DGHLUD
'LUHomR5HJLRQDOGR2UGHQDPHQWRGR7HUULWyULR P
6LVWHPDGH&RRUGHQDGDV375$870,75)
(OLSVyLGH*56
3URMHomR870 8QLYHUVDO7UDQYHUVH0HUFDWRU
363
Quadro 8.40
Avaliação do critério de incomodidade para a fase de exploração junto dos recetores sensíveis.
Ruído Ruído
Residual Particular LAR – LAeq
VALOR
PERÍODO DE (R.R.) (R.P.) K1 + K2 LAR DO RUÍDO
LOCAL LIMITE RESULTADO
REFERÊNCIA [dB(A)]1 [dB(A)] RESIDUAL
[dB(A)]
[dB(A)]
Ld Laeq
(1) Não é expectável que o ruído apresente características tonais e/ou impulsivas tendo em consideração as fontes sonoras caracterizadas.
(2) De acordo com o n.º 5 do artigo 13.º do Decreto-Lei 9/2007, de 17 de janeiro, os limites de incomodidade em locais exteriores apenas são
aplicáveis para valores de Laeq do ruído ambiente superiores a 45 dB(A).
NA – Não aplicável
De acordo com os resultados obtidos não é previsível que em nenhum dos recetores sensíveis avaliados
os níveis sonoros ultrapassem os valores limites de exposição para zonas não definidas (Lden=63dB(A);
Ln=53dB(A)) não sendo, assim, expectável que influenciem de forma significativa os recetores sensíveis.
Relativamente ao critério de incomodidade, e de acordo com a metodologia utilizada, é previsível que o
critério de incomodidade nos recetores sensíveis caracterizados pelo local de medição, seja cumprido.
Ainda, e uma vez que não existem informações relativas ao espetro de 1/3 de oitava da emissão sonora
e na incerteza da ocorrência de componentes tonais considerou-se um K=0 (sem componente tonal).
364
Quadro 8.41
Identificação e avaliação dos impactes ambientais nos recetores sensíveis caracterizados pelo local de medição – Fase de Exploração
Âmbito de Desfasamento no Possibilidade de
Identificação do impacte Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo
influência tempo minimização
Efeitos na saúde humana e
fauna Pouco
Negativo Reduzida Local Certos Permanente Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
365
A definição dos conceitos subjacentes aos critérios aplicados na atribuição do valor patrimonial dos sítios,
estruturas e monumentos em estudo é uma das tarefas inerentes à avaliação de impactes (vd. Quadro
8.42).
366
Quadro 8.42
Parâmetros qualitativos e quantitativos para aferição do valor patrimonial
Valores quantitativos e qualitativos
Reduzido Médio Elevado
3 – Sítios de grande
2- Existência de
pertinência científica,
1- Sem contextos contextos pertinentes e
Potencial científico contextualizados, com
preservados mediamente
estratigrafia e estruturas
preservados
preservadas
Significado histórico-cultural 1 – Ausência de significado 2- Associação a marcos 3- Ícone de um
histórico / cultural históricos determinado período
histórico
Interesse público 1- Reduzido interesse e 2 – Reconhecimento ao 3 – Interesse
conhecimento da nível local, mas não reconhecido local e
comunidade local e classificado nacional e respetiva
entidades classificação
Raridade/singularidade 1- Muito comum 2- Mediamente comum 3 – Raro
Antiguidade * 1- Época contemporânea * 2 -Período Baixo * 3 – Pré-história e
medieval e Época Época alta medieval
Moderna
Dimensão/monumentalidade 1- Reduzida dimensão e 2 Alguma dimensão e 3 -Grande dimensão e
ausência de elementos de integração de itens de exponentes de
monumentalidade monumentalidade monumentalidade
Padrão estético 1- Não evidentes / 2 -Mediamente 3- Grande preocupação
ausentes evidentes estética
Estado de conservação 1- Elevado grau de 2- Alguns indícios de 3- Bem conservado
destruição degradação
Inserção paisagística 1- Grau de alteração da 2- Grau de alteração 3- Preservação do
paisagem elevado da paisagem mediano enquadramento
paisagístico do
monumento
Classificação 1 – Sem classificação, 2 – Sem classificação, 3 – IIP, MN, IVC
inédito mas integrado em
inventários patrimoniais
* Não aplicar a valoração Reduzido / Médio / Elevado, mas sim pouco antigo / antigo / muito antigo
Os valores atribuídos aos distintos critérios a considerar na análise de cada ocorrência são adicionados,
permitindo o seu cômputo final a determinação do valor patrimonial correspondente.
367
¨ Médio = 15 a 22;
¨ Elevado = 23 a 30.
Quadro 8.43
Valor patrimonial das ocorrências inventariadas na área de estudo.
A1 A2
Valor patrimonial
Igreja Paroquial de Nossa Capela do Miradouro da
Critérios
Senhora do Livramento Boca Corrida
Potencial científico Médio (2) Reduzido (1)
Significado histórico-cultural Médio (2) Reduzido (1)
Interesse público Elevado (3) Reduzido (1)
Raridade/singularidade Médio (2) Reduzido (1)
Antiguidade Contemporâneo (1) Contemporâneo (1)
Dimensão/monumentalidade Elevado (3) Médio (2)
Padrão estético Elevado (3) Médio (2)
Estado de conservação Elevado (3) Médio (2)
Inserção paisagística Médio (2) Médio (2)
Sem classificação, mas
Classificação integrado em inventários Sem classificação (1)
patrimoniais (2)
Valor Patrimonial 23 – Elevado 14 – Reduzido
368
¨ A potencial afetação indireta pode resultar da localização das ocorrências patrimoniais até
uma distância de 50 metros da frente de obra.
As áreas a afetar pelas obras e mobilizações de solos necessárias para a implementação das
infraestruturas e analisados pelo descritor são:
¨ A estação de Curral das Freiras, a instalar no centro da vila, junto à estrada Cónego Camacho.
Apesar de o projeto implicar corredores de estudo relativos aos percursos do teleférico, estes
correspondem meramente a cabos de sobrepassagem do equipamento, não pressupondo a instalação no
terreno de quaisquer infraestruturas.
Quadro 8.44
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Património
Fase Ação
C2 – (ação com incidência sobre o solo, poderá afetar o potencial
arqueológico)
C3 – (ação com potencial implicação para o património arquitetónico
identificado)
C4 – (ação com incidência sobre o solo, poderá afetar o potencial
Construção
arqueológico)
C5 – (ação com incidência sobre o solo, poderá afetar o potencial
arqueológico)
C7 – (ação com incidência sobre o solo, poderá afetar o potencial
arqueológico)
369
Fase Ação
C8 – (ação com incidência sobre o solo, poderá afetar o potencial
arqueológico)
C9 – (ação com incidência sobre o solo, poderá afetar o potencial
arqueológico)
C12 – (ação com incidência sobre o solo, poderá afetar o potencial
arqueológico)
E2 – (enquanto alteração da qualidade cénica da paisagem à qual os elementos
Exploração
edificados se encontram associados)
A fase de construção é considerada a mais lesiva para o fator ambiental património, uma vez que
comporta um conjunto de intervenções e obras potencialmente geradoras de impactes genericamente
negativos, definitivos e irreversíveis.
Para a construção do Projeto, com base nas áreas e ações definidas no Quadro 8.1, ponderam-se
essencialmente as consequências resultantes do conjunto de ações que consiste na remoção do coberto
vegetal, na movimentação e revolvimento de terras, nas intrusões no subsolo associadas à implantação
das novas infraestruturas que compõem o Projeto.
Na área de implantação da estação de Curral das Freiras, a instalar no centro da vila, junto à estrada
Cónego Camacho, pondera-se a eventual afetação de potencial arqueológico inerente à ocupação da
povoação desde o século XV. Intervenções arqueológicas nos núcleos urbanos primitivos da ilha têm
revelado importantes resultados relativos às primeiras fases de estabelecimento do povoamento.
Na área da estação da Boca da Corrida, a instalar no Miradouro da Boca da Corrida, junto ao Posto
Florestal situa-se uma pequena capela de montanha.
Quadro 8.45
Avaliação de impactes sobre o Património Arqueológico, Arquitetónico e Etnográfico registado na área
de estudo
370
Concelho
Categoria
Freguesia Distância às
N.º Designação Tipologia Avaliação de Impactes
P*/ M* unidades de Projeto
Cronologia
Negativo
Reduzida
Pouco significativo
Igreja Câmara de Lobos
Arquitetónico A cerca de 75 m Local
Paroquial de
Curral das Freiras da área de Pouco provável
A1 Nossa Igreja implantação da
Senhora do 315753.00/ estação de Curral Permanente
Contemporâneo
Livramento 3621981.00 das Freiras Irreversível
Imediato
Indireto
Minimizável
Negativo
Média
Insignificante
Câmara de Lobos
Arquitetónico Sobreposição da Local
Capela do
Jardim da Serra área a Provável
A2 Miradouro da Capela infraestruturar da
Boca Corrida 313772.50 / estação da Boca Permanente
Contemporâneo
3620999.59 da Corrida Irreversível
Imediato
Indireto
Minimizável
371
Quadro 8.46
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na componente Património – Fase de Construção
Ação/ Âmbito de Desfasamento no Possibilidade de
Identificação do impacte Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo
atividade influência tempo minimização
Eventual afetação do potencial arqueológico Pouco
C2 Negativo Reduzida Local Improváveis Permanente Irreversível Imediato Indireto Minimizável
do subsolo significativo
Potencial afetação do edificado Pouco Pouco
C3 Negativo Reduzida Local Permanente Irreversível Imediato Indireto Minimizável
significativo prováveis
Eventual afetação do potencial arqueológico Pouco
C4 Negativo Reduzida Local Improváveis Permanente Irreversível Imediato Indireto Minimizável
do subsolo significativo
Eventual afetação do potencial arqueológico
do subsolo Pouco
C5 Negativo Reduzida Local Improváveis Permanente Irreversível Imediato Indireto Minimizável
significativo
372
373
Na fase de exploração, o impacte mais notório diz respeito ao efeito cénico / paisagístico da presença
do teleférico sobre o Património.
374
Quadro 8.47
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto na componente património – Fase de Exploração
Identificação Possibilidade
Ação/ Âmbito de Desfasamento
do impacte Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
atividade influência no tempo
minimização
Alteração da
qualidade
paisagística de
Pouco
E2 enquadramento Negativo Reduzida Local Prováveis Permanente Reversível Imediato Indireto Minimizável
significativo
do património
arqueológico e
edificado
375
8.16.1 Enquadramento
O projeto em análise visa criar um aumento no turismo que se espera que traga benefícios não só para
o local onde se vai encontrar, mas para a ilha da Madeira. É expectável que estas atrações tragam
benefícios económicos para a região pois irão incentivar a estadia na zona e consequente consumo local.
É ainda relevante salientar o emprego que este projeto irá gerar durante as fases de construção e
exploração.
Quadro 8.48
Ações consideradas na análise dos impactes na componente socioeconomia
Fase Ação
C1 – Arrendamento dos terrenos da área destinada à instalação das estações e
infraestruturas de apoio e parque aventura
C3 – Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
C6 – Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre
outros)
Construção C7 – Construção de edifícios e estruturas de apoio
C8 – Construção de reservatórios para água de abastecimento e combate a incêndios e
outras estruturas de apoio semelhantes
C9 – Construção de ETAs
C10 – Montagem dos vários equipamentos dos sistemas de teleférico
C11 – Desenrolamento/instalação dos cabos do teleférico e Zip Line
E1 – Arrendamento dos terrenos da área destinada à instalação das estações e
infraestruturas de apoio e parque aventura
Exploração
E3 – Funcionamento/presença dos teleféricos;
E5 – Funcionamento/presença do restaurante e estruturas de apoio (ETAs, entre outros);
376
As ações de Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras (C3), Transporte de materiais
diversos para construção (betão, aço, madeira, entre outros) (C6), e de Desenrolamento/instalação dos
cabos do teleférico e Zip Line (C11), irão aumentar o tráfego de veículos pesados e viaturas comerciais,
nos acessos às obras e nas vias de comunicação, conduzindo a um aumento de emissões de poluentes para
atmosfera, assim como de ruído, promovendo uma alteração generalizada da qualidade ambiental,
ainda que reduzida, na área de intervenção e na sua envolvente.
No caso das vias envolventes, destacam-se as estradas VE 6 e ER 107 que dão acesso ao local da Estação
de Curral das Freiras, a estrada da Eira do Serrado e Caminho Florestal das Serras de Santo António e
ainda a ER 103 para aceder à estação do Miradouro do Paredão e também, para aceder à Estação do
Miradouro da Boca da Corrida, a estrada da Corrida, a VR 2 e a VR 1.
Estes impactes são considerados negativos significativos poderão ser minimizados através da adoção de
medidas adequadas, tais como, a aspersão regular nos locais onde estarão a decorrer as atividades que
mais geram emissões de poeiras, controlo de velocidades dos veículos, entre outros. Importa também
referir que parte da minimização destes impactes passa pelo estabelecimento de faixas de proteção em
torno de edifícios habitacionais ou ruínas preservar.
As operações atrás referidas (C3 e C6) poderão conduzir a uma deterioração destas vias, afetando
assim indiretamente a sua normal utilização pelas populações locais. O aumento da circulação de
máquinas e veículos afetos à obra, conduzirá também a constrangimentos no fluxo de tráfego, pela
deslocação lenta que lhes é característica, com implicações nos padrões de mobilidade. Os
constrangimentos serão também sentidos pelos visitantes que se deslocarem para fazer turismo na
envolvente próxima.
Da mesma forma, espera-se que a construção dos diferentes edifícios e estruturas de apoio necessários
(C7, C8, C9, C10 e C11) afetem a zona envolvente, perturbando não só quem habita nas proximidades
(principalmente em Curral das Freiras), mas também os turistas que se desloquem à região, principalmente
377
a nível das construções nos Miradouros do Paredão e da Boca da Corrida. Estes impactes poderão ser
minimizados ajustando o horário de trabalho, estabelecendo faixas de proteção e adaptando as áreas
de obra de forma a afetar menos as zonas envolventes.
Por outro lado, será feito um investimento de aproximadamente 31milhões de euros, que é considerado
como tendo um impacte positivo na economia regional. Também o arrendamento das parcelas afetas ao
projeto terá um impacte positivo (C1). Ainda que seja um benefício direto apenas dos proprietários dos
terrenos afetos ao Projeto, de forma indireta é expetável que exista um benefício na socioeconomia local,
caso os proprietários dos terrenos vivam e/ou trabalhem na região, pois ao passarem a ter mais recursos
financeiros, é provável que façam mais investimentos localmente.
A criação de postos de trabalho poderá ter um efeito benéfico na estrutura social, nomeadamente, na
redução da taxa de desemprego e no aumento dos rendimentos de pessoas singulares e famílias, ainda
que de forma temporária, considera-se este impacte positivo. Estima-se que o número de trabalhadores,
de entre os vários empreiteiros (construção civil, eletromecânica, equipa de transporte, montagem),
equipas de fiscalização, Dono de Obra, Acompanhamento Ambiental e Arqueológico, seja de 50
trabalhadores, em média por mês.
A taxa de desemprego observada nas freguesias onde se insere o projeto (Curral das Freiras e Jardim
da Serra) é de 19,7% e15,6%, respetivamente. Ainda que seja expectável que a maior parte da mão-
de-obra seja obtida por trabalhadores já afetos ao empreiteiro responsável pela construção, existirão
novos postos de trabalho a serem preenchidos com mão de obra a ser contratada localmente, o que
constitui um impacte positivo. Face à grande dimensão desta empreitada, e consequentemente ao grande
número de meios humanos envolvidos, este aspeto será significativo.
Uma vez que é expectável a deslocação de mão-de-obra de fora, prevê-se que durante a fase de
construção haja uma dinamização da economia local/regional, com um aumento da atividade económica
nas freguesias abrangidas e adjacentes ao Projeto, em setores como a construção, restauração e
alojamento, traduzindo-se num impacte positivo significativo.
378
Quadro 8.49
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto do Teleféricos e restaurante na componente socioeconomia – Fase de
Construção
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
C1 – Arrendamento dos Aumento do
terrenos da área destinada rendimento
Pouco
à instalação das estações e do(s) Positivo Reduzida
significativo
Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
infraestruturas de apoio e proprietário(s)
parque aventura do(s) terreno(s)
Criação de Pouco Local /
Positivo Reduzida Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
emprego significativo Regional
Benefícios para
Pouco Local /
a economia Positivo Reduzida Provável Temporário Reversível De curto prazo Direto -
significativo Regional
local
Perturbação da
C3 – Movimentação de Local /
atividade Negativo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
Regional
pessoas, máquinas e turística
veículos afetos às obras Perturbação da
qualidade de
vida dos
habitantes das Negativo Reduzida Significativo Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
povoações
próximas à
empreitada
Perturbação da
C6 – Transporte de Local /
atividade Negativo Moderada Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
materiais diversos para Regional
turística
379
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
construção (betão, aço, Perturbação da
madeira, entre outros) qualidade de
vida dos
habitantes das Local /
Negativo Moderada Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
povoações Regional
próximas à
empreitada e
envolvente
Perturbação da
atividade Negativo Moderada Significativo Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
C7 – Construção de
turística
edifícios e estruturas de Benefícios para
apoio Pouco
a economia Positivo Reduzida Local Provável Temporário Reversível De curto prazo Direto -
significativo
local/regional
C8 – Construção de Perturbação da
Pouco
atividade Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
reservatórios para água de significativo
turística
abastecimento e combate a
Benefícios para
incêndios e outras estruturas a economia Pouco
Positivo Reduzida Local Provável Temporário Reversível De curto prazo Direto -
de apoio semelhantes significativo
local/regional
Perturbação da
Pouco
atividade Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
significativo
turística
C9 – Construção de ETAs
Benefícios para
Pouco
a economia Positivo Reduzida Local Provável Temporário Reversível De curto prazo Direto -
significativo
local/regional
Perturbação da
atividade Negativo Moderada Significativo Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
C10 – Montagem dos
turística
vários equipamentos dos
Benefícios para
sistemas de teleférico Pouco
a economia Positivo Reduzida Local Provável Temporário Reversível De curto prazo Direto -
significativo
local/regional
380
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
Perturbação da
Pouco
atividade Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
significativo
turística
C11 – Perturbação da
Desenrolamento/instalação qualidade de
dos cabos do teleférico e vida dos
Pouco
Zip Line habitantes das Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
significativo
povoações
próximas à
empreitada
381
Na fase de exploração do projeto, a nível socioeconómico, espera-se que apenas existam impactes
positivos. O arrendamento das parcelas afetas ao projeto terá um impacte positivo (E1), ainda que seja
um benefício direto apenas dos proprietários dos terrenos afetos ao Projeto, de forma indireta é
expetável que exista um benefício na socioeconomia local, caso os proprietários dos terrenos vivam e/ou
trabalhem na região, pois ao passarem a ter mais recursos financeiros, é provável que façam mais
investimentos localmente.
A criação de postos de trabalho poderá ter um efeito benéfico na estrutura social, nomeadamente, na
redução da taxa de desemprego e no aumento dos rendimentos de pessoas singulares e famílias, durante
o tempo de exploração do projeto, considera-se este impacte positivo. Estima-se que o número de
trabalhadores seja de 40.
A taxa de desemprego observada nas freguesias onde se insere o projeto (Curral das Freiras e Jardim
da Serra) é de 19,7% e15,6%, respetivamente. Espera-se que a maioria dos contratados sejam locais, o
que constitui um impacte positivo. Face à dimensão do projeto, e consequentemente ao grande número
de meios humanos envolvidos, este aspeto será significativo.
Uma vez que é expectável o aumento de turistas a deslocarem-se para a zona para usufruir dos serviços
prestados pelo projeto, prevê-se que durante a fase de funcionamento haja uma dinamização da
economia local/regional, com um aumento da atividade económica nas freguesias abrangidas e
adjacentes ao Projeto, em setores como a restauração e alojamento, traduzindo-se num impacte positivo
significativo.
382
Quadro 8.50
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto do Teleféricos e restaurante na componente socioeconomia – Fase de
exploração
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
E1 – Arrendamento dos Aumento do
terrenos da área destinada rendimento
Pouco
à instalação das estações e do(s) Positivo Reduzida
significativo
Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
infraestruturas de apoio e proprietário(s)
parque aventura do(s) terreno(s)
Criação de Local /
Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
emprego Regional
Aumento de
turistas –
Local /
E3 – Benefícios para Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
Regional
a economia
Funcionamento/presença local
dos teleféricos; Aumento de
turistas –
Local /
Benefícios para Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
Regional
a economia
local
Criação de Local /
Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
E5 – emprego Regional
Aumento de
Funcionamento/presença do
turistas –
restaurante e estruturas de Benefícios para Positivo Reduzida Significativo
Local /
Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
apoio (ETAs, entre outros); Regional
a economia
local
383
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
Maior aquisição
de produtos
alimentares
Local /
locais – Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
Regional
Benefícios para
a economia
local
384
Quadro 8.51
Ações consideradas na análise dos impactes na componente socioeconomia
Fase Ação
C1 – Arrendamento dos terrenos da área destinada à instalação das estações e
infraestruturas de apoio e parque aventura
C3 – Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
Construção C6 – Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre
outros)
C7 – Construção de edifícios e estruturas de apoio
C11 – Desenrolamento/instalação dos cabos do teleférico e Zip Line
E1 – Arrendamento dos terrenos da área destinada à instalação das estações e
Exploração infraestruturas de apoio e parque aventura
E4 – Funcionamento/presença da Zip Line;
As ações de Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras (C3), Transporte de materiais
diversos para construção (betão, aço, madeira, entre outros) (C6), e de Desenrolamento/instalação dos
cabos do teleférico e Zip Line (C11), irão aumentar o tráfego de veículos pesados e viaturas comerciais,
nos acessos às obras e nas vias de comunicação, conduzindo a um aumento de emissões de poluentes para
atmosfera, assim como de ruído, promovendo uma alteração generalizada da qualidade ambiental,
ainda que reduzida, na área de intervenção e na sua envolvente.
No caso das vias envolventes, destacam-se as estradas VE 6 e ER 107 que dão acesso ao local da Estação
de Curral das Freiras, e para aceder à estação do Miradouro da Boca da Corrida, a estrada da Corrida,
a VR 2 e a VR 1.
Estes impactes são considerados negativos significativos poderão ser minimizados através da adoção de
medidas adequadas, tais como, a aspersão regular nos locais onde estarão a decorrer as atividades que
mais geram emissões de poeiras, controlo de velocidades dos veículos, entre outros. Importa também
referir que parte da minimização destes impactes passa pelo estabelecimento de faixas de proteção em
torno de edifícios habitacionais ou ruínas preservar.
As operações atrás referidas (C3 e C6) poderão conduzir a uma deterioração destas vias, afetando
assim indiretamente a sua normal utilização pelas populações locais. O aumento da circulação de
máquinas e veículos afetos à obra, conduzirá também a constrangimentos no fluxo de tráfego, pela
deslocação lenta que lhes é característica, com implicações nos padrões de mobilidade. Os
constrangimentos serão também sentidos pelos visitantes que se deslocarem para fazer turismo na
envolvente próxima.
Da mesma forma, espera-se que a construção das estruturas de apoio necessárias (C7 e C11) afetem a
zona envolvente, perturbando não só quem habita nas proximidades (principalmente em Curral das
Freiras), mas também os turistas que se desloquem à região, principalmente a nível das construções no
Miradouro da Boca da Corrida. Estes impactes poderão ser minimizados ajustando o horário de trabalho,
estabelecendo faixas de proteção e adaptando as áreas de obra de forma a afetar menos as zonas
envolventes.
Por outro lado, será feito um investimento de aproximadamente 31 milhões de euros, que é considerado
como tendo um impacte positivo na economia regional. Também o arrendamento das parcelas afetas ao
projeto terá um impacte positivo (C1). Ainda que seja um benefício direto apenas dos proprietários dos
terrenos afetos ao Projeto, de forma indireta é expetável que exista um benefício na socioeconomia local,
caso os proprietários dos terrenos vivam e/ou trabalhem na região, pois ao passarem a ter mais recursos
financeiros, é provável que façam mais investimentos localmente.
A criação de postos de trabalho poderá ter um efeito benéfico na estrutura social, nomeadamente, na
redução da taxa de desemprego e no aumento dos rendimentos de pessoas singulares e famílias, ainda
que de forma temporária, considera-se este impacte positivo. Estima-se que o número de trabalhadores,
de entre os vários empreiteiros (construção civil, eletromecânica, equipa de transporte, montagem),
386
A taxa de desemprego observada nas freguesias onde se insere o projeto (Curral das Freiras e Jardim
da Serra) é de 19,7% e15,6%, respetivamente. Ainda que seja expectável que a maior parte da mão-
de-obra seja obtida por trabalhadores já afetos ao empreiteiro responsável pela construção, existirão
novos postos de trabalho a serem preenchidos com mão de obra a ser contratada localmente, o que
constitui um impacte positivo. Face à grande dimensão desta empreitada, e consequentemente ao grande
número de meios humanos envolvidos, este aspeto será significativo.
Uma vez que é expectável a deslocação de mão-de-obra de fora, prevê-se que durante a fase de
construção haja uma dinamização da economia local/regional, com um aumento da atividade económica
nas freguesias abrangidas e adjacentes ao Projeto, em setores como a construção, restauração e
alojamento, traduzindo-se num impacte positivo significativo.
387
Quadro 8.52
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da Zip Line na componente socioeconomia – Fase de Construção
Identificação Âmbito de Desfasamento Possibilidade
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo
do impacte influência no tempo de minimização
C1 – Arrendamento dos Aumento do
terrenos da área destinada rendimento
Pouco
à instalação das estações e do(s) Positivo Reduzida
significativo
Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
infraestruturas de apoio e proprietário(s)
parque aventura do(s) terreno(s)
388
389
Na fase de exploração do projeto, a nível socioeconómico, espera-se que apenas existam impactes
positivos. O arrendamento das parcelas afetas ao projeto terá um impacte positivo (E1), ainda que seja
um benefício direto apenas dos proprietários dos terrenos afetos ao Projeto, de forma indireta é
expetável que exista um benefício na socioeconomia local, caso os proprietários dos terrenos vivam e/ou
trabalhem na região, pois ao passarem a ter mais recursos financeiros, é provável que façam mais
investimentos localmente.
A criação de postos de trabalho poderá ter um efeito benéfico na estrutura social, nomeadamente, na
redução da taxa de desemprego e no aumento dos rendimentos de pessoas singulares e famílias, durante
o tempo de exploração do projeto, considera-se este impacte positivo. Estima-se que o número de
trabalhadores seja de 40.
A taxa de desemprego observada nas freguesias onde se insere o projeto (Curral das Freiras e Jardim
da Serra) é de 19,7% e15,6%, respetivamente. Espera-se que a maioria dos contratados sejam locais, o
que constitui um impacte positivo. Face à dimensão do projeto, e consequentemente ao grande número
de meios humanos envolvidos, este aspeto será significativo.
Uma vez que é expectável o aumento de turistas a deslocarem-se para a zona para usufruir dos serviços
prestados pelo projeto, prevê-se que durante a fase de funcionamento haja uma dinamização da
economia local/regional, com um aumento da atividade económica nas freguesias abrangidas e
adjacentes ao Projeto, em setores como a restauração e alojamento, traduzindo-se num impacte positivo
significativo.
390
Quadro 8.53
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da Zip Line na componente socioeconomia – Fase de exploração
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
E1 – Arrendamento dos Aumento do
terrenos da área destinada rendimento
Pouco
à instalação das estações e do(s) Positivo Reduzida
significativo
Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
infraestruturas de apoio e proprietário(s)
parque aventura do(s) terreno(s)
Criação de Local /
Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
emprego Regional
E3 – Aumento de
Funcionamento/presença turistas –
Local /
dos teleféricos; Benefícios para Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
Regional
a economia
local
Criação de Local /
Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
emprego Regional
E4 – Aumento de
Funcionamento/presença turistas –
Local /
da Zip Line; Benefícios para Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
Regional
a economia
local
391
Quadro 8.54
Ações consideradas na análise dos impactes na componente socioeconomia
Fase Ação
C1 – Arrendamento dos terrenos da área destinada à instalação das estações e
infraestruturas de apoio e parque aventura
C3 – Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
Construção
C6 – Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre
outros)
C7 – Construção de edifícios e estruturas de apoio
E1 – Arrendamento dos terrenos da área destinada à instalação das estações e
Exploração infraestruturas de apoio e parque aventura
E4 – Funcionamento/presença do parque aventura
Apesar de junto à localização do Parque Aventura não haver habitações, para realizar o acesso a esta
área, é necessário passar junto a outras localidades e aglomerados, sendo estes afetados pelas ações
referidas. No caso das vias envolventes, destacam-se a estrada da Corrida, a VR 2 e a VR 1 para aceder
à zona do Miradouro da Boca da Corrida.
Estes impactes são considerados negativos significativos poderão ser minimizados através da adoção de
medidas adequadas, tais como, a aspersão regular nos locais onde estarão a decorrer as atividades que
mais geram emissões de poeiras, controlo de velocidades dos veículos, entre outros. Importa também
392
referir que parte da minimização destes impactes passa pelo estabelecimento de faixas de proteção em
torno de edifícios habitacionais ou ruínas preservar.
As operações atrás referidas (C3 e C6) poderão conduzir a uma deterioração destas vias, afetando
assim indiretamente a sua normal utilização pelas populações locais. O aumento da circulação de
máquinas e veículos afetos à obra, conduzirá também a constrangimentos no fluxo de tráfego, pela
deslocação lenta que lhes é característica, com implicações nos padrões de mobilidade. Os
constrangimentos serão também sentidos pelos visitantes que se deslocarem para fazer turismo na
envolvente próxima. Da mesma forma, espera-se que a construção das estruturas de apoio necessárias
(C7) afetem a zona envolvente, perturbando os turistas que se desloquem à região. Estes impactes
poderão ser minimizados ajustando o horário de trabalho, estabelecendo faixas de proteção e
adaptando as áreas de obra de forma a afetar menos as zonas envolventes.
Por outro lado, será feito um investimento de aproximadamente 31 milhões de euros, que é considerado
como tendo um impacte positivo na economia regional. Também o arrendamento das parcelas afetas ao
projeto terá um impacte positivo (C1). Ainda que seja um benefício direto apenas dos proprietários dos
terrenos afetos ao Projeto, de forma indireta é expetável que exista um benefício na socioeconomia local,
caso os proprietários dos terrenos vivam e/ou trabalhem na região, pois ao passarem a ter mais recursos
financeiros, é provável que façam mais investimentos localmente.
A criação de postos de trabalho poderá ter um efeito benéfico na estrutura social, nomeadamente, na
redução da taxa de desemprego e no aumento dos rendimentos de pessoas singulares e famílias, ainda
que de forma temporária, considera-se este impacte positivo. Estima-se que o número de trabalhadores,
de entre os vários empreiteiros (construção civil, eletromecânica, equipa de transporte, montagem),
equipas de fiscalização, Dono de Obra, Acompanhamento Ambiental e Arqueológico, seja de 50
trabalhadores, em média por mês.
A taxa de desemprego observada nas freguesias onde se insere o projeto (Curral das Freiras e Jardim
da Serra) é de 19,7% e15,6%, respetivamente. Ainda que seja expectável que a maior parte da mão-
de-obra seja obtida por trabalhadores já afetos ao empreiteiro responsável pela construção, existirão
novos postos de trabalho a serem preenchidos com mão de obra a ser contratada localmente, o que
constitui um impacte positivo. Face à grande dimensão desta empreitada, e consequentemente ao grande
número de meios humanos envolvidos, este aspeto será significativo. Uma vez que é expectável a
deslocação de mão-de-obra de fora, prevê-se que durante a fase de construção haja uma dinamização
da economia local/regional, com um aumento da atividade económica nas freguesias abrangidas e
393
394
Quadro 8.55
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto do Parque Aventura na componente socioeconomia – Fase de Construção
Identificação Âmbito de Desfasamento Possibilidade
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo
do impacte influência no tempo de minimização
C1 – Arrendamento dos Aumento do
terrenos da área destinada rendimento
Pouco
à instalação das estações e do(s) Positivo Reduzida
significativo
Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
infraestruturas de apoio e proprietário(s)
parque aventura do(s) terreno(s)
395
396
Na fase de exploração do projeto, a nível socioeconómico, espera-se que apenas existam impactes
positivos. O arrendamento das parcelas afetas ao projeto terá um impacte positivo (E1), ainda que seja
um benefício direto apenas dos proprietários dos terrenos afetos ao Projeto, de forma indireta é
expetável que exista um benefício na socioeconomia local, caso os proprietários dos terrenos vivam e/ou
trabalhem na região, pois ao passarem a ter mais recursos financeiros, é provável que façam mais
investimentos localmente.
A criação de postos de trabalho poderá ter um efeito benéfico na estrutura social, nomeadamente, na
redução da taxa de desemprego e no aumento dos rendimentos de pessoas singulares e famílias, durante
o tempo de exploração do projeto, considera-se este impacte positivo. Estima-se que o número de
trabalhadores contratados seja de 40.
A taxa de desemprego observada nas freguesias onde se insere o projeto (Curral das Freiras e Jardim
da Serra) é de 19,7% e15,6%, respetivamente. Espera-se que a maioria dos contratados sejam locais, o
que constitui um impacte positivo significativo.
Uma vez que é expectável o aumento de turistas a deslocarem-se para a zona para usufruir dos serviços
prestados pelo parque aventura, prevê-se que durante a fase de funcionamento haja uma dinamização
da economia local/regional, com um aumento da atividade económica nas freguesias abrangidas e
adjacentes ao Projeto, em setores como a restauração e alojamento, traduzindo-se num impacte positivo
significativo.
397
Quadro 8.56
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto da Zip Line na componente socioeconomia – Fase de exploração
Possibilidade
Identificação Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte influência no tempo
minimização
E1 – Arrendamento dos Aumento do
terrenos da área destinada rendimento
Pouco
à instalação das estações e do(s) Positivo Reduzida
significativo
Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
infraestruturas de apoio e proprietário(s)
parque aventura do(s) terreno(s)
Criação de Local /
Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
emprego Regional
E3 – Aumento de
Funcionamento/presença turistas –
Local /
dos teleféricos; Benefícios para Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
Regional
a economia
local
Criação de Local /
Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
emprego Regional
E4 – Aumento de
Funcionamento/presença turistas –
Local /
da Zip Line; Benefícios para Positivo Reduzida Significativo Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto -
Regional
a economia
local
398
A Avaliação de impactes dos teleféricos, Zip Line, restaurante e parque aventura para este descritor é
feita de forma conjunta.
No Quadro 8.57 listam-se as ações consideradas geradoras de impacte ao nível da componente Saúde
humana nas fases de construção e exploração.
Quadro 8.57
Ações consideradas na análise dos impactes na componente saúde humana
Fase Ação
C2 – Instalação e utilização dos estaleiros
C3 – Movimentação de pessoas, máquinas e veículos afetos às obras
C4 – Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar
C5 – Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
C6 – Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre
outros)
Construção
C7 – Construção de edifícios e estruturas de apoio
C8 – Construção de reservatórios para água de abastecimento e combate a incêndios e
outras estruturas de apoio semelhantes
C9 – Construção de ETAs
C10 – Montagem dos vários equipamentos dos sistemas de teleférico
C11 – Desenrolamento/instalação dos cabos do teleférico e Zip Line
E3 – Funcionamento/presença dos teleféricos
E4 – Funcionamento/presença da Zip Line
E5 – Funcionamento/presença do restaurante e estruturas de apoio (ETAs, entre outros)
Exploração E6 – Funcionamento/presença do parque aventura
E7 – Ações de manutenção dos equipamentos e acessos
E8 – Corte de vegetação nas áreas exteriores juntos aos acessos e equipamentos
E9 – Abastecimento do reservatório de água por autotanques
Importa referir que no âmbito deste estudo não foram considerados os impactes na saúde dos
trabalhadores. Esta temática é objeto de legislação específica não estando, nem podendo estar, assim,
abrangida pela legislação de Avaliação de Impacte Ambiental.
Importa destacar a emissão de partículas, resultante da desmatação, decapagem dos solos (C4), e
movimentação geral de terras (C5), construção de edifícios e estruturas (C7, C8 e C9), que pela sua
granulometria grosseira, se depositarão no solo, a curtas distâncias do local. Este impacte negativo é
minimizável através da adoção de medidas adequadas, tais como, a aspersão regular nos locais onde
estarão a decorrer as atividades que mais geram emissões de poeiras e controlo de velocidades dos
veículos, entre outros, conforme o proposto neste EIA. Estas ações terão impactes mais significativos quando
realizados na envolvente da estação da estação de Curral das Freiras dado ser a localização onde
existem habitações e comércio.
O aumento temporário de tráfego de veículos, para o local de implantação do Projeto, durante esta
fase, contribuirá também para um aumento das emissões de poluentes, típicos deste tipo de fontes
(partículas, NOx e CO principalmente), para a atmosfera. Ao longo da empreitada a circulação de
veículos apresentará oscilações, prevendo-se, no entanto que os primeiros meses, face ao transporte dos
materiais para os estaleiros, sejam aqueles em que ocorre um maior volume de tráfego associado à
empreitada. Novamente, irá impactar mais significativamente a população de Curral das Freiras.
Estes impactes negativos, já abordados em detalhe no descritor Qualidade do ar, poderão ser
minimizáveis através da adoção de medidas adequadas (vd. Capítulo 10).
Relativamente ao ambiente sonoro importa referir que o ruído gerado nesta fase depende de vários
fatores, nomeadamente as características e quantidade de equipamentos a utilizar, regimes de
funcionamento, quantidade de veículos ligeiros e pesados a circular para e no local de construção. Não
existem, contudo, informações sobre as especificações das máquinas e equipamentos a utilizar, nem a
quantidade de equipamentos, uma vez que tal informação é diretamente dependente da estratégia
implementada pelo empreiteiro que vier a ser selecionado para executar a obra.
Os impactes no ambiente sonoro, abordados no Capítulo 8.14, são considerados negativos e significativos
quando as ações se localizam próximas a recetores sensíveis, como acontece em Curral das Freiras.
Também ao nível dos aspetos sociais, pela tipologia de obra, características dos locais de intervenção e
hábitos associados aos envolvidos neste tipo de empreitadas, é expectável alguma afetação,
nomeadamente em Curral das Freiras e ainda na região no que respeita aos sistemas de saúde. O
elevado número de trabalhadores esperado bem como a tipologia das intervenções em causa, poderão
acarretar um impacte ao nível das infraestruturas de saúde existentes, especialmente se vierem a ocorrer
situações de trabalhadores infetados com Covid19.
400
401
Quadro 8.58
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto na componente saúde humana – Fase de Construção
Âmbito Possibilidade
Identificação Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância de Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte no tempo
influência minimização
Emissão de Pouco
gases poluentes Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
C2 – Instalação e utilização dos significativo
e partículas
estaleiros Perturbação do Pouco
ambiente Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
sonoro
Emissão de
Pouco
gases poluentes Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
significativo
e partículas
Perturbação do
C3 – Movimentação de pessoas, ambiente Negativo Moderada Significativo Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
sonoro
máquinas e veículos afetos às
Acidentes de
obras trabalho e
relacionados – Pouco
Reduzida a Local e
aumento da Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderada regional
afluência às significativo
estruturas de
saúde
Emissão de
Negativo Moderada Significativo Local Certos Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
partículas
Perturbação do
Pouco
ambiente Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
sonoro
C4 – Desmatação/decapagem das Acidentes de
áreas a intervencionar trabalho e
relacionados – Pouco
Reduzida a Local e
aumento da Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderada regional
afluência às significativo
estruturas de
saúde
402
Âmbito Possibilidade
Identificação Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância de Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte no tempo
influência minimização
Emissão de Pouco
Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
partículas significativo
Perturbação do
Pouco
ambiente Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
C5 – Movimentação de terras, sonoro
Acidentes de
depósito temporário de terras e
trabalho e
materiais, entre outros relacionados – Pouco
Reduzida a Local e
aumento da Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderada regional
afluência às significativo
estruturas de
saúde
Emissão de Pouco
Negativo Reduzida Regional Certo Temporário Reversível De curto prazo Direto Minimizável
partículas significativo
Perturbação do
Pouco
ambiente Negativo Reduzida Regional Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
C6 – Transporte de materiais significativo
sonoro
diversos para construção (betão, Acidentes de
aço, madeira, entre outros) trabalho e
relacionados – Pouco
Reduzida a Local e
aumento da Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderada regional
afluência às significativo
estruturas de
saúde
Emissão de Pouco
Negativo Moderada Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
partículas significativo
C7 – Construção de edifícios e
Perturbação do
estruturas de apoio ambiente Negativo Elevada Significativo Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
sonoro
403
Âmbito Possibilidade
Identificação Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância de Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte no tempo
influência minimização
Acidentes de
trabalho e
relacionados – Pouco
Reduzida a Local e
aumento da Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderada regional
afluência às significativo
estruturas de
saúde
Emissão de Pouco
Negativo Moderada Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
partículas significativo
Perturbação do
Pouco
ambiente Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
C8 – Construção de reservatórios significativo
sonoro
para água de abastecimento e Acidentes de
combate a incêndios e outras trabalho e
estruturas de apoio semelhantes relacionados – Reduzida a
Pouco
Local e
aumento da Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderada regional
afluência às significativo
estruturas de
saúde
Emissão de Pouco
Negativo Moderada Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
partículas significativo
Perturbação do
Pouco
ambiente Negativo Reduzida Regional Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
sonoro
Acidentes de
C9 – Construção de ETAs
trabalho e
relacionados – Pouco
Reduzida a Local e
aumento da Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderada regional
afluência às significativo
estruturas de
saúde
Emissão de Pouco
C10 – Montagem dos vários partículas
Negativo Moderada
significativo
Local Certos Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
404
Âmbito Possibilidade
Identificação Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância de Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
do impacte no tempo
influência minimização
equipamentos dos sistemas de Perturbação do Pouco
Reduzida a
teleférico ambiente Negativo significativo a Regional Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
moderada
sonoro significativo
Acidentes de
trabalho e
relacionados – Pouco
Reduzida a Local e
aumento da Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderada regional
afluência às significativo
estruturas de
saúde
Perturbação do
Pouco
ambiente Negativo Reduzida Regional Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
sonoro
Acidentes de
C11 – Desenrolamento/instalação trabalho e
dos cabos do teleférico e Zip Line relacionados – Reduzida a
Pouco
Local e
aumento da Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderada regional
afluência às significativo
estruturas de
saúde
405
Face à natureza do projeto e à localização do mesmo, os impactes criados durante a fase de exploração,
mesmo quando negativos, são considerados pouco significativos na saúde humana.
Tal como referido nos impactes na qualidade do ar (vd. Capítulo 8.12) espera-se que o funcionamento
do teleférico (E3) possa reduzir a número de veículos a circular na região, mais especificamente nos
acessos aos Miradouros da Boca da Corrida e do Paredão, reduzindo assim as emissões atmosféricas
poluentes causadas por estes e melhorando a qualidade de vida da população local.
Para os níveis de ruído, tal como indicado no capítulo 8.14, não é previsível que em nenhum dos recetores
sensíveis avaliados os níveis sonoros ultrapassem os valores limites de exposição nem do critério de
incomodidade, tornando assim o impacte sonoro do funcionamento do teleférico e Zip Line pouco
significativo. O mesmo se aplica às ações de manutenção, sendo estas ainda menos frequentes.
O funcionamento das atividades (teleférico, restaurante, parque aventura e Zip Line) bem como a sua
manutenção poderá originar acidentes que, dependendo da sua gravidade, poderão ser mais ou menos
significativos no que respeita à sobrecarga dos serviços de saúde locais.
406
Quadro 8.59
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do projeto na componente saúde humana – Fase de Exploração
Identificação Âmbito de Desfasamento Possibilidade
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo
do impacte influência no tempo de minimização
Redução da
emissão de Pouco
Positivo Reduzida Regional Provável Temporário Irreversível A médio prazo Indireto -
gases de efeito significativo
de estufa
Perturbação do Pouco
ambiente Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
E3 – sonoro
Funcionamento/presença Acidentes de
trabalho e
dos teleféricos relacionados
com o Pouco
Reduzida a Local /
funcionamento Negativo significativo a Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
moderado regional
– aumento da significativo
afluência às
estruturas de
saúde
Perturbação do
Pouco
ambiente Negativo Reduzida Local Certo Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
significativo
sonoro
Acidentes de
E4 – trabalho e
relacionados
Funcionamento/presença
com o
da Zip Line Pouco
funcionamento Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Indireto Minimizável
significativo
– aumento da
afluência às
estruturas de
saúde
407
408
409
8.18.1 Enquadramento
Com a construção deste Projeto surgirão alterações na paisagem que, direta ou indiretamente, se
traduzirão em impactes de magnitude e significância diversas. Os impactes sentidos dependem quer das
características da área a intervencionar (qualidade paisagística, capacidade de absorção visual e
sensibilidade paisagística), quer do tipo de intervenções a realizar, pelo que a análise destes fatores
permite prever os impactes ao nível da paisagem.
Assim, quer ao nível estrutural (alterações nos elementos que constituem as componentes básicas da
paisagem, causando perturbações ou mesmo alterações ao nível dos usos do solo), quer ao nível de
impacte visual, são esperados: impactes diretos numa primeira fase, por imposição de elementos estranhos
à paisagem, e depois, de forma indireta, impactes causados pela destruição de componentes constituintes
da paisagem que hoje contribuem para a sua harmonia e qualidade visual.
A análise de impactes apresentada considera uma avaliação detalhada das consequências da instalação
do Projeto sobre a Paisagem, identificando, caso a caso, os potenciais impactes que decorrerão das ações
do Projeto e de cada uma das fases em estudo (construção e exploração).
De uma forma geral, pode-se dizer que os impactes na paisagem fazem-se sentir com maior intensidade
durante a fase de construção, atenuando-se na fase de exploração, em resultado de algumas medidas
de recuperação das áreas intervencionadas, que visam a recuperação das áreas de estaleiros, acessos
e das áreas envolventes às frentes de obra. No entanto, embora minimizáveis, mesmo durante a fase de
exploração, os impactes visuais e paisagísticos não se podem anular, principalmente para o tipo de
Projetos em causa, dadas as dimensões e as respetivas normas de segurança, considerando-se como tendo
um efeito permanente. Contudo, com o passar do tempo, os observadores criam uma certa habituação às
novas estruturas construídas.
Estes impactes terão menor ou maior significado de acordo com a perceção visual dos observadores,
designadamente o número, a proximidade e a frequência, bem como as condições climatéricas existentes,
410
e também da Qualidade Visual e da Sensibilidade Visual da paisagem afetada. Estes serão maiores
quanto maior for a qualidade e a sensibilidade da paisagem.
A Avaliação de impactes dos teleféricos, Zip Line, restaurante e parque aventura para este descritor é
feita de forma conjunta. No Quadro 8.60 apresentam-se as ações que se consideram ter impactes na
paisagem.
Quadro 8.60
Ações consideradas na análise dos impactes na componente Paisagem
Fase Ação
C2 – Instalação e utilização dos estaleiros
C4 – Desmatação/decapagem das áreas a intervencionar
C5 – Movimentação de terras, depósito temporário de terras e materiais, entre outros
C6 – Transporte de materiais diversos para construção (betão, aço, madeira, entre outros)
C7 – Construção de edifícios e estruturas de apoio
Construção C8 – Construção de reservatórios para água de abastecimento e combate a incêndios e outras
estruturas de apoio semelhantes
C9 – Construção de ETA
C10 – Montagem dos vários equipamentos dos sistemas de teleférico
C11 – Desenrolamento/instalação dos cabos do teleférico e zip-line
C12 – Desmantelamento do estaleiro e recuperação paisagística das zonas intervencionadas
Exploração E2 – Presença das infraestruturas
As perturbações genéricas que potencialmente ocorrem durante a fase de construção do projeto são
determinadas por duas origens distintas, as quais são magnificadas pela pressão que tais ações poderão
exercer na paisagem, tendo em conta o âmbito de influência das mesmas:
¨ Ações, temporárias ou não, incidentes sobre o suporte biofísico e que conduzem a alterações
da paisagem.
¨ Ações que resultam dos próprios trabalhos de construção, com a inevitável introdução de meios
humanos e mecânicos com maior ou menor significado.
411
As alterações sobre a paisagem estão relacionadas diretamente com ações de construção das Estações
do Curral das Freiras, Paredão e Boca da Corrida, sistemas de transporte – teleféricos e Zip Line, Parque
Aventura, estaleiros e zonas de apoio. Considera-se que todas as ações na análise dos impactes na
componente paisagem apresentam efeito direto no solo, que poderão repercutir-se nos seguintes
impactes:
¨ Emissão de Poeiras;
¨ Alteração da morfologia;
¨ Desmatação;
A previsão, determinação e avaliação dos impactes paisagísticos mais significativos, a nível da fase de
construção, foi efetuada tendo em consideração as ações geradoras de impacte que irão alterar as
Características Visuais da Paisagem, a sua Qualidade Visual e o seu Valor Cénico.
Estas alterações são resultado da intrusão visual de novos elementos do Projeto, que se irão refletir na
paisagem atual através da modificação das características do relevo e do tipo da ocupação do solo, o
que irá provocar uma nova leitura da paisagem.
Estas modificações nas características atuais da paisagem são os fatores que implicarão alterações
pontuais, mais ou menos importantes, na perceção da paisagem e na apreciação do seu valor cénico.
Quadro 8.61
Identificação da Qualidade Visual da Paisagem (QVP) e Sensibilidade Visual da Paisagem (SVP), por
componente do Projeto
Elementos de Projeto QVP SVP
412
Refere-se que a vegetação presente nos locais das infraestruturas a construir apresentam um valor
ecológico reduzido a moderado ou de enquadramento cénico relevante, e que será implementado, após
a construção, um projeto de espaços exteriores (paisagismo) que enriquecerá visualmente e integrará a
nova volumetria dos edificados, com um elenco de espécies autóctones da Região Autónoma da Madeira.
Estas ações induzirão impactes visuais e estruturais negativos, diretos, locais, de magnitude reduzida, pela
reduzida presença de observadores na envolvente direta das áreas de intervenção, e de reduzida
significância, pelo seu caráter temporário e minimizável.
413
Quadro 8.62
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do Teleférico na componente Paisagem – Fase de Construção
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
Desorganização Pouco
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
C2, C4, C5, C6, C7, C8, da Paisagem significativo
C9, C10, C11 e C12 Modificação da Pouco
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Reversível Imediato Direto Minimizável
Paisagem significativo
414
No que se refere às características visuais do projeto verifica-se que o conjunto de edificados apresentam
uma volumetria variada, dadas as exigências funcionais do Projeto, alturas que variam aproximadamente
entre 2 m e os 11m metros relativamente ao terreno, cujas áreas de intervenção se localizam num vale
(Estação do Curral das Freiras) e em duas encostas com declives muito acentuados (Estações do Paredão
e Boca da Corrida).
Não se preveem alterações com significância na morfologia atual do terreno, o edificado e os passadiços
serão implantados de forma a manter a morfologia existente. Apenas poderá ser necessária, para as
estações, a criação de pequenas movimentações de terra decorrentes da necessidade de criação de
plataformas de nível para a implantação do conjunto edificado, contudo a modelação proposta assegura
uma nova topografia com formas harmoniosas, estabelecendo uma articulação regrada com a envolvente.
É ainda prevista na proposta de modelação do terreno para a criação de volumetrias adicionais
integradas no conceito para os espaços exteriores de integração paisagística, como forma de
reaproveitar o excesso de terras de escavação. A modelação proposta integra ainda um sistema de
passadiços e escadas em ferro e madeira de forma a minorar o impacto da construção de ligação dos
edificados das respetivas Estações no Paredão e na Boca da Corrida, estes serão construídos de forma
a manter a morfologia do terreno existente atualmente.
No que se refere à avaliação da intrusão visual promovida pela presença do Projeto, foram geradas
várias bacias visuais, tendo em conta a altura máxima prevista do volume do edificado e a altura média
de um observador (vd. Figura 8.2, Figura 8.3, Figura 8.4 e Figura 8.5). Estas bacias visuais permitem
aferir os focos de potenciais observadores expostos à presença destes elementos exógenos, ou seja, os
sujeitos ao impacte visual induzido pelo futuro conjunto edificados.
415
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Parque Aventura
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
416
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
417
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
418
Porto Moniz
3625000
Calheta Machico
Funchal
Área de Estudo
Sistema de Teleféricos
Estações
Cabos
Parque Aventura
Parque Aventura
Área de Estudo da Paisagem
Extrato da Carta Militar de Portugal, Arquipélago da Madeira, Folhas 5, 6, 8 e 9, esc. 1:25 000 0 500 1,000
m
Sistema de Coordenadas: PTRA08-UTM/ITRF93
Elipsóide: GRS80
Projeção: UTM (Universal Tranverse Mercator)
419
Foi efetuada uma bacia visual para o conjunto da Estação do Curral das Freiras e respetivo Zip Line (vd.
Figura 8.2). Não foi efetuada bacia visual para o edifício de apoio da Estação do Curral das Freiras,
uma vez que este já é um edifício existente e atualmente visível e que irá ter apenas melhoramentos
estruturais e arquitetónicos.
Foram ainda efetuadas bacias visuais para a Estação do Paredão (estação de 15 passageiros e estação
de 50 passageiros), Estação da Boca da Corrida (Estação de 50 passageiros e respetivo Zip Line) e
Parque Aventura (vd. Figura 8.3, Figura 8.4 e Figura 8.5). Os passadiços não foram considerados no
estudo da intrusão visual uma vez que devido à tipologia de materiais a utilizar e cor, adaptam-se à
morfologia existente, não originam taludes (bases através de estacas), e, sobretudo, por terem uma
expressão visual pouco relevante comparativamente com os restantes elementos de projeto.
Analisando as bacias visuais geradas, verifica-se que o Projeto em geral, apresenta uma bacia que
preenche aproximadamente cerca de 24% da área de análise de 3km (área de estudo da Paisagem).
A visibilidade do Projeto em geral, destaca-se mais nas encostas envolventes da ribeira de Curral das
Freiras, podendo ainda ser visível a maior distância em alguns dos Picos, onde serão elementos presentes,
mas que não chamam a atenção como ponto de focalização e também dadas as condições climatéricas
usuais de nevoeiros nesta zona. Efetivamente, dificilmente dos Picos mais afastados se conseguirá ter
visibilidade para o Projeto. Além disso, são zonas sem potenciais observadores, ou observadores
temporários.
A bacia visual da Estação do Curral das Freiras (vd. Figura 8.2), apresenta uma bacia que preenche
aproximadamente cerca de 9% da área de análise de 3km (área de estudo da Paisagem). Estando a
povoação de Curral das Freiras resguardada visualmente pela presença na sua envolvente próxima de
encostas elevadas e de declives acentuados, a área de visibilidade desta Estação cinge-se apenas até
estas encostas, uma vez, que estas criam barreiras visuais.
420
direita da ribeira do Curral das Freiras. O miradouro da Boca da Corrida, terá visibilidade para esta
Estação. Em termos de observadores permanentes, para esta Estação, apenas parte da povoação das
Casas Próximas e Seara Velha.
Quanto à bacia visual da Estação da Boca da Corrida (Estação de 50 passageiros e respetivo Zip Line)
(vd. Figura 8.4), esta apresenta uma bacia que preenche aproximadamente cerca de 16% da área de
análise de 3km (área de estudo da Paisagem). Esta Estação encontra-se mais exposta visualmente para
as encostas declivosas viradas a oeste, noroeste e sudoeste e localizadas na margem esquerda da ribeira
do Curral das Freiras. O miradouro do Paredão, terá visibilidade para esta Estação. Em termos de
observadores permanentes, para esta Estação, as povoações de Achada, Balseiras, Murteira, Casas
Próximas, Capela, Seara Velha, Lombo Chão e a sede de freguesia Curral das Freiras.
O Parque Aventura apresenta uma bacia visual muito pequena (vd. Figura 8.5), devido a este se encontrar
num vale mais encaixado da cabeceira de linha de água do afluente da ribeira do Jardim. Esta bacia
visual preenche aproximadamente cerca de 1% da área de análise de 3km (área de estudo da
Paisagem), sendo visualmente mais exposto às encostas envolventes mais próximas do local do Parque
Aventura.
Desta forma, a análise efetuada foi a mais desfavorável para o Projeto, uma vez que não se considerou
uma série de fatores atenuadores da capacidade visual dos potenciais observadores, como sejam a
existência de barreiras visuais decorrentes dos diferentes usos do solo da envolvente, a distância entre
observador/objeto observado, a acuidade visual dos potenciais observadores e as condições climatéricas
adversas à visualização do Projeto.
Os cabos dos sistemas de transporte teleférico e respetivas cabines, são um tipo de infraestruturas que
sobressaem na paisagem apenas a distâncias relativamente reduzidas.
Os locais dos miradouros (miradouros do Paredão, Boca da Corrida, Boca dos Namorados e Eira do
Serrado) presentes na área de estudo, terão visibilidade para parte do Projeto, mas nunca na sua
totalidade.
Na fase de exploração prevê-se que as medidas de minimização, das quais se destaca o projeto de
arquitetura paisagística nos espaços exteriores, já tenham sido implementadas e que a paisagem
degradada pelo decorrer da obra se encontre recuperada.
421
A vegetação presente no local das infraestruturas apresenta um valor ecológico ou cénico pouco
relevante, e que no âmbito do projeto de espaços exteriores (paisagismo), este permitirá integrar
visualmente o edificado com a vegetação atualmente presente.
Embora se prevejam pequenas alterações na morfologia do terreno, a modelação assegura uma nova
topografia com formas harmoniosas, estabelecendo uma articulação regrada com a envolvente.
Considera-se assim, que o Projeto implicará um impacte estrutural negativo, direto, certo, local, imediato,
permanente, irreversível, de magnitude reduzida, pelas alterações previstas na morfologia do terreno e
pela volumetria do conjunto edificado proposto, mas minimizável e de reduzida significância.
No entanto, o Projeto implicará um impacte visual e de enquadramento cénico positivo, direto, certo, local,
imediato, permanente, irreversível, de magnitude e significância moderada, pela oportunidade de o
observador poder usufruir da paisagem envolvente desta zona em estudo.
Seguem-se algumas fotografias dos locais das infraestruturas de Projeto e previsão de supostas
perspetivas das vistas a partir dos sistemas de transporte dos teleféricos.
Fotografia 8.2 – Edifício de apoio a reabilitar da Fotografia 8.3 – Vista para o local da Estação do
Estação do Curral das Freiras Curral das Freiras
422
Fotografia 8.4 – Vista para o local da Estação do Fotografia 8.5 – Vista para o local do Zip Line
Paredão (estação de 15 passageiros e estação de 50 (Miradouro da Boca da Corrida)
passageiros)
Fotografia 8.6 – Vista para o local da Estação da Fotografia 8.7 – Posto Florestal na área prevista para
Boda da Corrida o Parque Aventura
Fotografia 8.8 - Vista no sentido do percurso do Fotografia 8.9 - Vista para jusante do sistema de
Sistema de Teleféricos Miradouro do Paredão – transporte teleférico, ou seja, sentido sul da ilha (vista
Miradouro da Boca da Corrida para o mar)
423
424
Quadro 8.63
Identificação e avaliação dos impactes ambientais resultantes das ações do Projeto do Teleférico na componente Paisagem – Fase de Exploração
Possibilidade
Identificação do Âmbito de Desfasamento
Ação/ atividade Potencial Magnitude Importância Probabilidade Duração Reversibilidade Tipo de
impacte influência no tempo
minimização
Modificação da Pouco
Negativo Reduzida Local Provável Temporário Irreversível Imediato Direto Minimizável
Paisagem significativo
E2 Melhoria da
Presença do Projeto possibilidade de Medianamente
Positivo Média Local Provável Temporário Irreversível Imediato Direto -
usufruir da significativo
Paisagem
425
A ação de desativação do Projeto considera-se muito pouco provável, dada a tipologia do mesmo e o
elevado investimento previsto.
De facto, após a remoção de todo o equipamento e a cobertura com terra vegetal das áreas
intervencionadas, essas áreas irão naturalmente recuperar as suas características, permitindo que, a curto
prazo, os terrenos que tinham ficado previamente ocupados, fiquem disponíveis, e recuperem as suas
características naturais.
Com a desativação do Projeto há a assinalar o cessar dos impactes negativos resultantes da sua presença,
com especial relevância ao nível da paisagem. Salienta-se que com a remoção das infraestruturas serão
nas áreas que estavam ocupadas retomadas as características naturais pré-existentes, após as devidas
ações de recuperação.
Considera-se, também, que a recuperação das áreas intervencionadas após o desmantelamento das
infraestruturas resulta num impacte positivo.
Importa também referir que durante a fase de desativação, deverá ocorrer a implementação de um
plano de recuperação paisagística de cariz ambiental que permitirá tornar reversíveis alguns dos
impactes referidos anteriormente. A implementação de um plano de recuperação paisagística, que
deverá incluir o desmantelamento de todo o equipamento e instalações inerentes ao Projeto e a posterior
426
recuperação de todas as áreas afetadas pela sua exploração, irá promover a recuperação do coberto
vegetal, facto que será potenciado pelo elenco vegetal preconizado nesse plano.
Por último, a desativação acarretará o fim dos impactes positivos que resultarão da exploração do
Projeto.
427
9 ANÁLISE DE RISCO
A análise que se apresenta reflete situações extremas de origem externa, de efeitos negativos, mas
também aborda os riscos associados às atividades de construção e exploração do Projeto. A análise que
se apresenta aborda as seguintes vertentes:
Riscos com origem em fenómenos e ações externas, naturais e humanas, e não imputadas diretamente ao
Projeto, traduzindo-se em impactes com uma determinada significância para o ambiente, e;
Riscos com origem direta no Projeto, em resultado da consequência dos fenómenos e ações externas
avaliados no ponto anterior, e em ações resultantes da construção e manutenção do Projeto imputadas a
erro humano.
Refira-se que a análise dos riscos na saúde humana, tal como previsto no Decreto-Lei n.º 151-B/2013,
de 31 de outubro, alterado e republicado pelo Decreto-lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro
encontra-se desenvolvida em capítulo próprio.
Importa salientar que a presente análise de risco não inclui referências aos riscos de segurança relativos
à execução dos trabalhos na fase de construção, uma vez que este tipo de preocupações se encontra
devidamente regulamentado, bem como a segurança interna e respetivas medidas, associadas à
atividade de exploração e manutenção que deverá salvaguardar os trabalhadores e eventuais visitantes,
aspetos alvo de legislação e enquadramento próprios fora do âmbito da avaliação de impacte
ambiental.
428
identificados, tendo presente quer a probabilidade de ocorrência desses perigos quer a severidade dos
danos que esse evento, quando ocorre, pode causar.
A avaliação de risco conduz ao estabelecimento de prioridades dos riscos - de acordo com determinadas
escalas, que podem ser definidas por métodos simples - através de uma matriz que utiliza conjuntamente
a classificação quanto à probabilidade de ocorrência dos perigos com a classificação quanto à
severidade das suas consequências.
A análise de risco efetuada destina-se, assim, a identificar os incidentes passíveis de gerar impactes no
ambiente e a qualificar, comparar e hierarquizar os riscos a eles associados para as atividades
significativas inerentes a cada fase do Projeto, permitindo, consequentemente, estruturar as medidas de
minimização correspondentes.
¨ Avaliação do risco;
Neste enquadramento foram identificados os Perigos para as fases de construção e exploração, podendo
cada um deles ser imputados a causas externas ou internas ao Projeto, sendo alguns perigos comuns à
fase de exploração e construção.
429
Quadro 9.1
Perigos para as fases de construção e exploração, podendo cada um deles ser imputados a causas
externas ou internas ao Projeto
Fases vs origem Fase de Construção Fase de Exploração
• Ocorrência de fenómenos
naturais (sismos, deslizamentos • Ocorrência de fenómenos
de vertentes, desprendimento naturais (sismos, deslizamentos
de rochas, incêndios, ventos, de vertentes, desprendimento
ondas de calor e secas); de rochas, incêndios, ventos,
• Atos de vandalismo/ Atentados ondas de calor e secas);
Externo terroristas; • Atos de vandalismo/ Atentados
• Acidentes devido à circulação terroristas;
de veículos (camiões, máquinas • Acidentes devido à circulação
da obra e veículos ligeiros) no de veículos de transporte de
exterior das áreas de turistas nas áreas de projeto
implantação do projeto (ocorrência de incêndios,
(ocorrência de incêndios, derrames).
derrames).
• Acidentes devido à circulação
de veículos (camiões e máquinas
de obras) no interior da área
de implantação do projeto
(ocorrência de incêndios, • Acidentes devido à circulação
derrames); dos teleféricos e de veículos de
manutenção (camiões, máquinas
• Utilização, manuseamento e da obra e veículos ligeiros) nas
operação de equipamentos e áreas de projeto (ocorrência de
Interno máquinas relacionadas com a incêndios, derrames).
especificidade da obra
(ocorrência de incêndios, • Falhas durante as ações de
derrames, degradação de manutenção (ocorrência de
linhas de água); incêndios, derrames,
degradação de linhas de água).
• Armazenamento e
manuseamento de combustíveis,
óleos e outros produtos químicos
na obra.
A análise de risco que se segue é efetuada de acordo com a probabilidade de ocorrência desse risco e
a sua gravidade.
430
Quadro 9.2.
Quadro 9.2
Critérios de avaliação dos riscos ambientais
431
Os impactes ambientais, resultantes das situações de risco serão, assim, classificados de acordo com os
critérios do Quadro 9.3.
Quadro 9.3
Critérios de classificação dos riscos ambientais
Interpretação dos Resultados Classificação do Risco Ambiental
R < 10 Não Significativo
R ≥ 10 Significativo
Todos os riscos ambientais classificados como significativos, ou outros considerados pertinentes, deverão
ser sujeitos a uma análise e planeamento de ações com vista a controlar, minimizar e/ou eliminar a sua
origem.
De acordo com a classificação dos riscos deverão ser implementadas as medidas adequadas, de forma
a atingir os objetivos definidos.
No Quadro 9.4 apresenta-se o tipo de medidas a tomar, função da classificação de impactos obtida.
Quadro 9.4
Nível de Ação, em função da classificação dos riscos ambientais
Classificação do Risco Ambiental Descrição da Acão
Não significativo Manter boas práticas e medidas para controlo de riscos
Significativo Controlar, minimizar e/ou eliminar até risco controlado
Apresenta-se no Quadro 9.5 uma síntese da identificação dos perigos e a respetiva classificação de
riscos para as infraestruturas do atual projeto, descritos na avaliação dos subcapítulos seguintes.
432
A área de estudo localiza-se num setor sujeito a instabilidade dos terrenos, em que a evolução
geomorfológica facilitada pelas elevadas escorrências devidas à precipitação e pela natureza branda
e alterada de algumas formações geológicas, propicia o recuo das vertentes, através de movimentos de
massa como deslizamentos.
A possibilidade de existência de pedras ou blocos que possam vir a desprender-se e que no seu
movimento descendente possam causar vítimas, danos materiais ou mesmo danificar as estruturas de
suporte do Sistema de Teleféricos é também de considerar.
A sismicidade registada na Ilha da Madeira é fraca e sentida com baixa intensidade. O principal perigo
decorrente destes sismos é a possibilidade de poder despoletar movimentos de massa em locais que
poderão estar já em risco iminente.
Não existem dados que permitam assumir um aumento da ocorrência de ondas de calor e secas. No
entanto, consideram-se nulas as consequências para o Projeto e, como tal, o risco é considerado nulo, não
se apresentando igualmente no Quadro 9.5.
No entanto, será de salientar a contribuição das ondas de calor e secas para a criação de condições
favoráveis à ignição e propagação de incêndios, sendo que este risco se encontra descrito e avaliado
autonomamente, sendo considerado como significativo.
¨ Ventos
Verifica-se que as velocidades médias mensais do vento nesta estação climatológica mantêm-se
sensivelmente constante ao longo do ano, apresentando um valor médio de 7,6 km/h. A velocidade do
vento é maior no mês de dezembro (10 km/h) e menor nos mês de julho (5,6 km/h).
Atos de vandalismo
A ocorrência de atos de vandalismo nas infraestruturas, para além de poderem resultar em situações de
destruição de materiais e equipamentos, podem causar situações de incêndio com as consequências
inerentes aos mesmos. Caso se venha a verificar algum, deverá ser assegurada a sua deteção e atuação
imediata e eficaz no foco de origem do incêndio.
433
Consideram-se, igualmente, os incêndios com origem no exterior ao Projeto, que poderão ter origem em
atos de vandalismo, mas também em causas naturais, especialmente potenciados pelo aumento das
temperaturas médias, ocorrência de ondas de calor e períodos de seca, sendo esta uma região onde
historicamente se procede a queimadas.
As consequências de um incêndio, quer em obra, quer durante a exploração, são graves, resultando em
contaminações da qualidade do ar, solo e qualidade da água, danos materiais graves e consumos de
recursos, podendo mesmo causar danos irreversíveis na saúde humana.
Este risco é, assim, classificado na sua globalidade como significativo, na fase de exploração uma vez
que a sua probabilidade de ocorrência é de nível 2 e as suas consequências são, na sua globalidade,
consideradas como de nível 5 (vd. Quadro 9.5), com danos graves para o Ambiente e Saúde Humana.
Já na fase de construção não é considerado significativo uma vez que apesar das consequências serem
elevadas nível 4, a probabilidade é menor (nível 1).
Acidentes devido à circulação de veículos (camiões, máquinas da obra e veículos ligeiros) no exterior
da área de implantação dos Projetos
Por outro lado, da ocorrência de colisões entre os veículos podem resultar acidentes vários que colocam
em risco o ambiente circundante, nomeadamente:
¨ Perigo de derrame de combustível, com contaminação dos solos em que este incidir, o que,
dependendo da área afetada e da quantidade de combustível derramada, pode originar um
efeito significativo;
¨ Perigo de incêndio, com consequente explosão do tanque de combustível, que poderá pôr em
risco a saúde dos trabalhadores da obra, bem como a integridade das estruturas construídas
até então.
Neste enquadramento, este risco é considerado como significativo na fase de construção, uma vez que se
considerou com uma probabilidade de nível 3 e com severidade de nível 2 (vd. Quadro 9.5).
434
Na fase de exploração também se verificará circulação de veículos, embora com menor frequência,
podendo ocorrer situações de acidentes que provoquem o derrame de combustíveis ou a ocorrência de
explosões, embora estas últimas com menor probabilidade. Considera-se este risco como não significativo,
uma vez que se considerou com uma probabilidade de nível 2 e com severidade de nível 2 (vd. Quadro
9.5).
Por outro lado, da ocorrência de colisões entre os veículos podem resultar acidentes vários que colocam
em risco o ambiente circundante, nomeadamente:
¨ Perigo de derrame de combustível, com contaminação dos solos em que este incidir, o que,
dependendo da área afetada e da quantidade de combustível derramada, pode originar um
efeito significativo;
¨ Perigo de incêndio, com consequente explosão do tanque de combustível, que poderá pôr em
risco a saúde dos trabalhadores da obra e comunidade envolvente, bem como a integridade
das estruturas construídas até então.
Neste enquadramento, no caso da construção das infraestruturas do projeto, este risco não é significativo,
uma vez que se considerou uma probabilidade de nível 1 e uma severidade de nível 3.
435
Por outro lado, os combustíveis, líquidos ou gasosos, são materiais que apresentam elevado risco de
incêndio e explosão, podendo também, em certas circunstâncias, constituir um foco de intoxicação. Estes
riscos são interdependentes uns dos outros, podendo desencadear o vulgarmente denominado “efeito de
dominó”.
Para além dos riscos associados ao armazenamento, podem ser igualmente considerados os riscos
decorrentes de um eventual derrame. As características do solo no local, nomeadamente a
permeabilidade, poderão potenciar a contaminação dos solos e de recursos subterrâneos locais e recursos
hídricos superficiais. O grau de contaminação induzido dependerá, obviamente, das propriedades e
quantidade da substância derramada.
Estes derrames, quando efetuados perto de fontes de ignição, poderão ainda ocasionar pequenos
incêndios e consequentemente explosões, dependente das substâncias envolvidas.
Deste modo, os perigos associados à armazenagem de combustíveis e óleos e outros produtos químicos
podem dividir-se em perigo de ocorrência de incêndios e explosões e perigo de ocorrência de derrames
das substâncias no meio.
Os riscos associados aos perigos anteriormente referidos são distintos, pelas consequências inerentes a
cada um deles. Assim, considera-se que a ocorrência de incêndios e explosões tem uma probabilidade
mais baixa (nível 2), mas consequências mais gravosas (nível 4), resultando num risco significativo (Quadro
9.5).
Estes riscos são significativamente reduzidos pela adoção de medidas de minimização que estão
apresentadas no Quadro 9.4 e referidas no final do presente capítulo 10.
436
¨ Ocorrência de incêndios
Assim, os riscos associados à ocorrência de um incêndio são de probabilidade muito baixa (nível 1),
contudo com consequência elevadas (nível 5), uma vez que em caso de acidente, todas as infraestruturas
poderão ser danificadas, com danos às comunidades que se encontram na proximidade das
infraestruturas, resultando num risco significativo (vd. Quadro 9.5).
Durante as ações de possíveis manutenções nas infraestruturas poderão ocorrer situações de derrames
decorrentes do mau manuseamento de materiais e produtos. Estas situações consideram-se de
probabilidade reduzida (1) e severidade também reduzida (2) uma vez que os derrames, a ocorrerem,
não serão de dimensão significativa face ao tipo de equipamento envolvido, resultando num risco não
significativo.
437
Quadro 9.5
Síntese da Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos
Avaliação do
Tipo de Fase de risco
Atividade Perigo Consequências Significância Medidas
causa Projecto
P S CR
Ocorrência de Destruição de estruturas; Elevados danos Procedimentos de Emergência; Observância e
Externo Construção NA deslizamento de materiais; Danos graves na saúde 1 5 10 S cumprimento dos critérios legais e regulamentares
encostas humana relativos aos processos construtivos a adotar.
Ocorrência de
Rotura de estruturas; Elevados danos Procedimentos de Emergência; Observância e
desprendimento
Externo Exploração NA materiais; Danos graves na saúde 2 5 20 S cumprimento dos critérios legais e regulamentares
de rochas
humana relativos aos processos construtivos a adotar.
costeira
Actos de
Danos graves para a saúde humana; Plano de Segurança e Saúde em Obra; Sistema de
Vandalismo e Ocorrência de
Externa Construção Contaminações de solo, água e 1 4 8 NS vigilância da Obra. Procedimentos de atuação em caso
Causas incêndios
atmosfera; Danos materiais graves de emergência. Acompanhamento Ambiental da Obra.
Naturais
Actos de
Danos graves para a saúde humana; Sistema de combate a incêndio; Plano de emergência
Vandalismo e Ocorrência de
Externa Exploração Contaminações de solo, água e 2 5 20 S incluindo os procedimentos para prevenção e combate
Causas incêndios
atmosfera; Danos materiais graves a incêndios e minimização dos impactos ambientais.
Naturais
Acidentes e Derrames resultantes de situações
Circulação de
colisões entre acidentais entre veículos e situações de
veículos e
veículos; Mau mau funcionamento, resultando em Plano de Segurança e Saúde em Obra;
Externa Construção funcionamento 3 2 12 S
funcionamento contaminações do solo, da água e do ar; Acompanhamento Ambiental.
de
dos veículos e Danos materiais e até, eventualmente,
equipamentos
equipamentos danos para a saúde humana
438
Avaliação do
Tipo de Fase de risco
Atividade Perigo Consequências Significância Medidas
causa Projecto
P S CR
Derrames resultantes de situações
Acidentes e
acidentais entre veículos e situações de
colisões entre
Circulação de mau funcionamento, resultando em Plano de Gestão Ambiental (incluindo o
Externa Exploração veículos; Mau 2 2 8 NS
veículos contaminações do solo, da água e do ar; Acompanhamento Ambiental)
funcionamento
Danos materiais e até, eventualmente,
dos veículos
danos para a saúde humana
Derrames resultantes de situações
Acidentes e
acidentais entre veículos e situações de
Acidente com colisões entre
mau funcionamento, resultando em
Internas Construção equipamento veículos; Mau 1 3 6 NS Plano de Manutenção.
contaminações do solo, da água e do ar;
circulante funcionamento
Danos materiais e até, eventualmente,
dos veículos
danos para a saúde humana
439
Avaliação do
Tipo de Fase de risco
Atividade Perigo Consequências Significância Medidas
causa Projecto
P S CR
440
O Projeto já contempla vários equipamentos integrados num Sistema de Segurança e Vigilância que
asseguram uma adequada vigilância, bem como dispositivos de segurança tais como tanques de recolha
dos óleos dos transformadores, para-raios, câmara de vigilância, sistemas de disparos de alarme em
caso de intrusão, sistemas de disparos de alarme em caso de incêndio. Neste âmbito está previsto a
implementação de um Sistema de Segurança e Vigilância.
Para além do referido, está proposto nas medidas de minimização que se apresentam no capítulo seguinte
a obrigatoriedade de implementação de um Plano de Emergência Interno (para a fase de construção e
exploração) da Instalação com vista à segurança de pessoas, bens e ambiente, contribuindo-se dessa
forma para a minimização dos riscos.
A este respeito, a legislação em vigor também já obriga à implementação de determinados planos como
é o caso do Plano de Segurança e Saúde, estando, portanto, o promotor do Projeto/ Dono de obra,
obrigado à sua definição e implementação na fase de construção e exploração. Este Plano deverá ser
seguido pelo empreiteiro na fase de construção.
A este respeito também se recomenda que o Promotor/Dono de Obra implemente um Sistema de Gestão
Ambiental que permita gerir de forma integrada os diferentes planos indicados neste EIA como de
implementação obrigatória, em articulação com outros planos que pretenda implementar, que decorram
ou não de obrigatoriedade do cumprimento da legislação em vigor, não só para a fase de construção,
como também para as fases de exploração e desativação ou reconversão.
441
As medidas de minimização propostas neste capítulo visam reduzir a magnitude e a importância dos
impactes e compensar os seus efeitos negativos, sempre que tal for possível. Algumas das medidas
propostas são do tipo estrutural, podendo envolver construção de obras acessórias ou complementares,
enquanto outras são do tipo não estrutural, envolvendo apenas regras que devem ser observadas durante
a execução do Projeto de Execução, a fase de construção e a fase de exploração.
Os principais aspetos associados à minimização de impactes sobre grande parte dos descritores,
decorrentes da fase de construção do Projeto, encontram-se associados à correta gestão das frentes de
obra e estaleiros, aplicando-se transversalmente a vários descritores. Assim, este tipo de medidas é
compilado em Capítulo próprio, sendo, no entanto, as mesmas também referidas para cada um dos
descritores em que tal é relevante.
As populações mais próximas deverão ser informadas sobre o projeto, devendo a informação
de divulgação incluir a sua natureza e objetivo, a localização da obra, as principais ações a
realizar, respetiva calendarização e eventuais afetações à população, especialmente no que
Socioeconomia
respeita à afetação das acessibilidades. Esta informação deverá ser divulgada em locais
públicos, nomeadamente nas Juntas de Freguesia onde se insere o Projeto e nas Câmaras
Municipais de Câmara de Lobos e Funchal
Obter o Título de Utilização dos Recursos Hídricos (TURH) para as linhas de água em que o
Recursos hídricos;
Domínio Público Hídrico venha a ser afetado provisoriamente ou definitivamente pelo Projeto Requisito legal
442
Elaborar um Plano de Trabalhos de todos os trabalhos afetos à empreitada que inclua, entre Socioeconomia;
Ecologia; Recursos
outros aspetos relevantes da empreitada, as fases previstas para as movimentações de terras,
Hídricos; Paisagem
para as ações de desarborização e desmatação e para os atravessamentos de linhas de água.
443
Assegurar que os caminhos ou acessos nas imediações da área do projeto não fiquem obstruídos
Socioeconomia
ou em más condições, possibilitando a sua normal utilização por parte da população local
Construção de valetas de drenagem para recolha de águas pluviais das coberturas dos
edifícios e afastamento do ponto de descarga em relação às edificações e plataformas das Geologia e
estações de modo a evitar o ravinamento no topo da vertente adjacente às instalações do Geomorfologia
empreendimento.
capacidade erosiva
As áreas complementares de apoio ao estaleiro, que não forem identificadas nesta fase de
EIA, terão de ser previamente sujeitas a prospeção arqueológica sistemática, e só se nada for Património
identificado, é que poderão ser utilizadas
444
Assinalar e vedar, se necessário, caso se localizem muito perto das frentes de obra, os elementos
naturais, patrimoniais, nomeadamente a ocorrência A2 - Capela do Miradouro da Boca Corrida
poços, entre outros, como elementos a salvaguardar, de modo que qualquer trabalhador
compreenda a importância da sua salvaguarda. Deverão ser dadas instruções ao pessoal da Património
obra para a obrigatoriedade da sua proteção, não só do ponto de vista da sua integridade
estrutural e funcional, mas também evitando possíveis focos de contaminação. A sinalização
deve ser mantida durante o período em que a obra decorre
As operações construtivas que comportem potencial risco de acidente, como a abertura de Usos do solo;
fundações, devem ser devidamente sinalizadas e, se necessário, vedadas, para assegurar a Ecologia;
Socioeconomia
proteção de pessoas, culturas e gado
445
Deverão ser salvaguardadas todas as espécies arbóreas e arbustivas que não condicionem a
Ecologia
execução da obra
Durante as ações de escavação a camada superficial de solo (terra vegetal) deverá ser Solos; Ecologia;
cuidadosamente removida e depositada em pargas Paisagem
de recuperação
A carga e descarga da terra vegetal armazenada nas pargas deve ser efetuada, de forma Solos; Ecologia;
que os veículos afetos a essas operações não calquem as pargas Paisagem
Saneamento de blocos ou pedras instáveis na vertente adjacente aos locais previstos para as Geologia e
estações do Miradouro do Paredão e Miradouro da Boca da Corrida. Geomorfologia
Assegurar que o escoamento natural das linhas de água não será afetado em todas as fases
de desenvolvimento da obra, procedendo, sempre que necessário à desobstrução e limpeza de
Recursos hídricos
todos os elementos hidráulicos de drenagem e linhas de água que possam ter sido
acidentalmente afetados pelas obras de construção
446
Deverá ser designado, por parte do Empreiteiro, o Gestor de Resíduos. Este será o responsável
Gestão de
pela gestão dos resíduos segregados na obra, quer ao nível da recolha e acondicionamento
Resíduos;
temporário no estaleiro, quer ao nível do transporte e destino final, recorrendo para o efeito a Requisito legal
operadores licenciados
O material inerte proveniente das ações de escavação, deverá ser depositado provisoriamente
Geologia/Geomor
na envolvente dos locais de onde foi removido, para posteriormente ser utilizado nas ações de fologia; Solos
aterro
O material inerte que não venha a ser utilizado (excedente) poderá ser espalhado na Geologia/Geomor
envolvente do local de onde foi retirado ou transportado para destino final adequado fologia; Solos
Não poderão ser instaladas centrais de betão na área de implantação do projeto nem na Recursos hídricos;
envolvente próxima. O betão necessário deverá vir pronto de uma central de produção de Qualidade do ar;
Ambiente sonoro;
betão devidamente licenciada
O armazenamento temporário dos óleos usados e combustíveis deverá ser efetuado em local
impermeabilizado e coberto, com bacia de retenção de derrames acidentais, separando-se os
óleos hidráulicos e de motor usados para gestão diferenciada. Os contentores deverão ter
claramente identificado no exterior os diferentes tipos de óleo. De modo a evitar acidentes, na
armazenagem temporária destes resíduos, dever-se-á ter em consideração as seguintes
Recursos hídricos;
orientações: Solos
•Assegurar uma distância mínima de 15 metros em relação a margens de linhas de água
permanentes ou temporárias;
•Armazenamento em contentores, devidamente estanques e selados, não devendo a taxa de
enchimento ultrapassar 98% da sua capacidade;
•Instalação em terrenos estáveis e planos; e
•Instalação em local de fácil acesso para trasfega de resíduos
447
A circulação nas vias que atravessam as localidades deverá ser efetuada a velocidade muito
Socioeconomia
reduzida
Os veículos e restante equipamento onde sejam detetadas fugas de óleo e/ou combustíveis ou
Recursos hídricos;
outras substâncias perigosas, não poderão circular ou serem utilizados em obra até à resolução
Solos
da situação
448
Proceder à desativação da área afeta aos trabalhos para a execução da obra, com a
desmontagem dos estaleiros e desmobilização de todas as zonas complementares de apoio à
Todos
obra, incluindo a remoção de todos os equipamentos, maquinaria de apoio, depósitos de
materiais, entre outros, e limpeza destes locais
Efetuar a reparação das estradas e caminhos pré-existentes caso estes tenham ficado
Socioeconomia
danificados em resultado da circulação das viaturas pesadas afetas à obra
Instalar dispositivos de sinalização de aviso à navegação aérea (balizagem aeronáutica) e Requisito Legal;
para minimizar o risco de colisão por parte da avifauna Ecologia
Gestão de
Encaminhar os diversos tipos de resíduos resultantes das operações de manutenção e reparação resíduos;
para os operadores de gestão de resíduos licenciados Requisito legal
Verificação dos sistemas de drenagem da envolvente dos edifícios e plataformas das estações
por forma a evitar a erosão regressiva no topo das vertentes adjacentes aos locais de Geologia e
intervenção e assim minimizar a possibilidade de potenciação do desprendimento e queda de Geomorfologia
blocos na vertente.
Verificação dos sistemas de retenção e estabilização da vertente (caso tenha sido considerados Geologia e
na fase de projeto). Geomorfologia
449
450
O presente Capítulo é referente aos aspetos relacionados com a monitorização e gestão ambiental do
Projeto, nas suas diferentes fases de desenvolvimento.
O PAAO inclui as medidas de minimização para a fase de construção (exceto as medidas especificas
relacionadas com a gestão de resíduos). O PGR integra todas as medidas de minimização relativas à
gestão de resíduos na fase de construção, sendo, conforme referido, um complemento do PAAO.
O empreiteiro poderá apresentar o seu próprio PGR, desde que o mesmo cumpra o preconizado nas
medidas do PGR integrado no presente EIA.
O Acompanhamento Ambiental da Obra em si irá consistir num serviço de assistência técnica ambiental,
dirigido fundamentalmente para a fiscalização da aplicação, por parte do Empreiteiro, das medidas de
451
minimização durante a fase de execução da obra. Esta fiscalização abrange também o acompanhamento
arqueológico.
O Acompanhamento Ambiental da Obra deverá iniciar-se na fase que antecede a obra, aquando do
planeamento desta, e estender-se até à conclusão da construção, incluindo todos nos trabalhos de
requalificação ambiental.
Relativamente à monitorização, importa reter que existem domínios onde a aquisição de informação de
um modo sistemático e controlado, através de ações de monitorização específicas, assume especial
importância no sentido de um controlo da evolução da situação ao longo do tempo. Este controlo deverá
ser mantido no âmbito de um plano de vigilância ambiental com vista à identificação de potenciais
impactes decorrentes da implementação do um determinado projeto, no sentido de se proceder à
eventual aplicação de medidas minimizadoras adequadas de forma progressiva e ajustada à realidade,
de acordo com a magnitude desses impactes. A obtenção de conhecimentos no âmbito dos planos de
monitorização pode ainda contribuir para a adoção de técnicas e metodologias de análise de fatores
ambientais mais ajustadas em futuros EIA.
452
12 LACUNAS DE INFORMAÇÃO
Não foram, ao longo da elaboração do presente EIA, identificadas lacunas de conhecimento
imprescindíveis à correta avaliação dos impactes decorrentes do Projeto e proposta das respetivas
medidas mitigadoras.
Os dados existentes, incluindo estudos de especialidade elaborados especificamente para este Projeto,
e os adquiridos em termos de trabalho de campo, foram considerados suficientes para uma boa
caracterização da situação de referência e consequente análise de impactes e proposta de medidas de
minimização.
Realça-se, todavia, que se trata de uma avaliação feita em fase de estudo prévio, razão pela qual,
existem questões, nomeadamente de desenvolvimento do Projeto, que terão de ser aprofundadas, para
a próxima avaliação ambiental em fase de RECAPE.
453
13 CONCLUSÕES
A análise efetuada no presente Estudo, permitiu identificar os principais impactes ambientais que
resultarão da implementação do Projeto do Sistema de Teleféricos e Parque Aventura do Curral das
Freiras.
Foi feita uma caracterização da situação referencial e analisadas as afetações – negativas e positivas –
resultantes do Projeto, relembrando-se que o mesmo se encontra em estudo prévio, havendo por isso,
lugar a um maior desenvolvimento futuro do mesmo, devendo esse desenvolvimento contar com as
conclusões deste Estudo e do procedimento de Avaliação Ambiental que se seguirá.
Da análise efetuada foi possível identificar a existência de uma justificação para o Projeto, justificação
essa suportada numa aposta de diversificação turística de atração para uma área da Ilha que tem sido,
de alguma forma, menos procurada. A oferta de um produto diferenciado justifica, igualmente, a
proposta deste Projeto.
Do ponto de vista da caracterização de referência feita, foi possível verificar que a área a intervencionar
é marcada por um relevo vigoroso e diversificado, promovido pela constante alternância de cumeadas
bem demarcadas e com destaque para o vale encaixado na zona central da área de estudo, que
corresponde à ribeira do Curral das Freiras.
Numa área que se apresenta fortemente povoada, destacam-se as sedes de Freguesia de Curral das
Freiras e o Jardim da Serra do concelho de Câmara de Lobos. Relativamente às ligações rodoviárias,
destacam-se a Estrada Regional 107 (ER107), a Via Expresso 6 (VE6) através do túnel do Curral das
Freiras e uma rede de estradas e caminhos que ligam as povoações e habitações existentes.
Relativamente aos impactes ambientais analisados e não obstante as afetações negativas que
necessariamente ocorrerão (muito centradas na fase de construção), não foram identificadas afetações
negativas com significado relevante, mas, as identificadas justificaram, mesmo assim, a definição de
medidas de mitigação e de propostas de gestão ambiental.
Importa, do ponto de vista das recomendações em fase de obra, salientar a necessidade de concretizar
estudos geológicos-geotécnicos com realização de sondagens geofísicas que permitam caraterizar e
avaliar localmente as formações geológicas e o seu estado de alteração e fraturação, assim como a
454
estabilidade dos terrenos na envolvente das estruturas a construir por forma a prevenir comportamentos
do maciço que possam conduzir a deslizamentos, erosão interna, subsidência e cavidades devidas a
erosão. Também se salienta a importância de estudar a necessidade de saneamento de eventuais blocos
ou pedras instáveis que possam constituir risco de movimentação durante as obras.
455
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