Ministério Da Educação Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul
Ministério Da Educação Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul
Ministério Da Educação Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul
Porto Alegre
2008
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais –
PPGEM
Porto Alegre
2008
II
Esta Dissertação foi julgada adequada e aprovada para obtenção do título de
Mestre em Engenharia, área de concentração Processos de Fabricação e aprovada em sua forma
final, pelo Orientador e pela Banca Examinadora do Curso de Pós-Graduação.
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Francisco Ambrozio Filho (DEMM/FEI)
Prof. Dr. Fidel Romel Mallqui Espinoza (FURG)
Prof. Dr. Nestor Cezar Heck (PPGEM/UFRGS)
III
Dedico aos meus avôs
Neli Lourenço Bonaldi (in memorian)
e Orcy Souza de Oliveira (in memorian).
IV
AGRADECIMENTOS
V
SUMÁRIO
VI
3.1. Considerações Gerais ......................................................................................................... 27
VII
LISTA DE FIGURAS
VIII
Figura 4.6: Curva TG e DTG da carga de injeção utilizada. .......................................................44
Figura 4.7: Dificuldades encontradas na etapa de injeção. ..........................................................45
Figura 4.8: Peças injetadas, haste (a), concha (b) e conjunto canal, concha, haste e garfo (c). ..46
Figura 4.9: Micrografia da peça injetada (MEV). .......................................................................47
Figura 4.10: Densidade da peça verde injetada em 400 e 1200 bar. ..........................................47
Figura 4.11: Micrografia da peça após extração por imersão em solvente. ................................48
Figura 4.12: Corpos de prova com problemas de extração química. ..........................................49
Figura 4.13: Amostra com defeito de inchamento na extração térmica. .....................................49
Figura 4.14: Amostra sinterizada com defeito na extração térmica (a) longitudinal, (b) corte
transversal. ....................................................................................................................................50
Figura 4.15: Peças sinterizadas, (a) haste, (b) concha e (c) haste e concha. ...............................51
Figura 4.16: Micrografia de peça injetada a 400 bar, sinterizada a 1250oC, com ataque de água
régia. ............................................................................................................................................52
Figura 4.17: Micrografia de peça injetada a 1200 bar, sinterizada a 1250oC, com ataque de água
régia. ............................................................................................................................................52
Figura 4.18: Peça sinterizada a 1150oC, 2 horas, sem ataque. ....................................................53
IX
LISTA DE TABELAS
X
LISTA DE SÍMBOLOS
XI
RESUMO
XII
ABSTRACT
The goal of this work is to study the parameters and the possibility to obtain biopsy
forceps by means of flexible endoscopy obtained through the process of Powder Injection
Molding (PIM). This forceps is not currently produced in Brazil. This forceps has basically six
components, and the material used is 316L stainless steel powder, which is widely used in
medical instruments, because it has good corrosion resistance combined with good mechanical
properties and is considered biocompatible.
The feedstock used in the process was produced in the Metal Forming Laboratory.
Initially rheological studies of five types of binders were conducted, and after this step, one has
varied the size of the particle and loading of the powder of the gas atomized spherical 316L, in
which the best results presented a combination of 90% in 316L powder volume, with particle size
90% less than 27µm and 10% of the binder consisting of 50% polypropylene, 30% paraffin wax,
15% bee wax and 5% stearic acid.
The parameters of injection were defined according to the need presented during the
process, and the ideal pressure of injection was of 1200 bar. The chemical debinding was
performed by immersion in hexane at 40oC for 2 hours. The sintering was done at two
temperatures, 1150oC for 2 hours and 1250oC for 1 hour, both with hydrogen atmosphere, and the
thermal debinding was at 450oC for 1 hour. One has verified that sintering is more efficient with
a landing sintering at 1250oC for 1 hour, presenting an acceptable level of porosity, less than 5%
and hardness of 121,4 HV. But the pieces had loss of shape, which may be caused by the high
rate of thermal debinding heating during or even by any heterogeneity of the feedstock.
XIII
1. INTRODUÇÃO
O processo MPI possui uma grande vantagem em relação aos outros processos de
fabricação, pois é aplicado tanto para metais como cerâmicos. Esse processo combina uma
pequena quantidade de polímeros com um pó inorgânico para formar a carga injetável, para poder
ser moldado. Após a moldagem, o aglutinante polimérico e o aditivo são extraídos e o pó
metálico ou cerâmico é sinterizado1.
O processo de moldagem por injeção de pós metálicos, conhecido por Metal Injection
Moulding (MIM) vem crescendo devido a vários fatores, entre eles, produção de peças com
geometrias complexas, alta produtividade, produção de peças em séries, obtenção de
microestrutura uniforme e sem necessidade de uma etapa de acabamento. De acordo com o
relatório da Business Communications Co., Inc.2, o mercado global de moldagem e pós metálicos
por injeção foi estimado em 382 milhões de dólar em 2004. Este mercado esta projetado crescer
em uma taxa de crescimento anual média de 8,4% que deverá alcançar 571 milhões de dólares em
2009. A injeção de pós metálicos é uma tecnologia avançada do processo de metalurgia do pó e
as limitações que existem na compactação de peças com geometrias complexas.
1
instrumentos médicos 4. Uma das técnicas indicada é o processo de Micromoldagem de Pós por
Injeção (µMPI), no qual foi utilizado neste trabalho.
2
É necessário que o tipo de aço utilizado na fabricação destes componentes que formam a
pinça seja um material biocompatível, sendo o mais comum o aço inoxidável austenítico AISI
316L, pois a aplicação destes componentes é no interior do corpo humano, conforme figura 1.2.
A figura 1.3 mostra com detalhe a retirada da amostra para biópsia.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4
Figura 2.1: Etapas necessárias para obtenção de peças através do processo de MPI 1.
Esse processo quando utilizado para injeção de pós metálicos é chamada de Moldagem de
Pós Metálicos por Injeção. A figura 2.2 mostra um esquema do processo.
5
Figura 2.2: Esquema do processo de moldagem de pós metálicos por injeção.
6
O processo de moldagem de pós metálicos por injeção embora seja muito utilizado em
larga escala industrial em alguns países, ainda não é muito dominado no Brasil. Alguns exemplos
de peças produzidas por esse processo são apresentados pela figura 2.4.
Figura 2.4: (a), (b) e (c) exemplos de peças produzidas pelo processo moldagem de pós
metálicos por injeção.
7
dois grupos, os endurecidos por precipitação, que possui o mecanismo de endurecimento por
precipitados e duplex, híbrido de austenítico e ferrítico.
Os aços inoxidáveis têm várias características que os diferem dos demais aços fabricados.
A seguir segue uma relação destas características 18:
- Resistência ao calor e à oxidação superficial, para as classes com altos teores de cromo e
níquel;
- Aparência estética, devida sua superfície brilhante, a qual pode ser facilmente mantida,
tornando-o aplicável em arquitetura e ornamentação;
- Resistência mecânica, sobretudo no caso dos aços austeníticos que pelo encruamento
adquirem maior resistência e nos aços dúplex de alta resistência;
Esses aços caracterizam-se por serem aços-cromo, contendo 11,5-18,0%; eles tornam-se
martensítico e endurecem pela tempera 18. As características principais desses aços são:
- São ferro-magnéticos;
8
- Podem ser facilmente trabalhados, tanto a quente como a frio, sobretudo quando o teor
de carbono for baixo;
Nesse grupo, o cromo ainda é o principal elemento de liga. O teor deste elemento pode,
neste caso, superar o máximo verificado nos aços martensíticos e como o carbono não ultrapassa
0,35%, a austenita fica inteiramente eliminada. A estrutura desses tipos e aço, à temperatura
ambiente, com qualquer velocidade de resfriamento, é sempre ferrítica e esses aços inoxidáveis
são também chamados endurecíveis. As principais aplicações para esse tipo de aço são: tubos
irradiadores, caldeiras, recipientes para industria petrolífera, sistemas de exaustão de automóveis,
etc 18.
O uso em grande escala do aço inoxidável austenítico justifica-se por sua melhor
combinação entre custo, propriedades mecânicas, resistência à corrosão, biocompatibilidade e
trabalhabilidade (conformabilidade por deformação e por usinagem) 19.
O aço inoxidável austenítico utilizado no presente trabalho é do tipo AISI 316L em pó,
que segundo a norma possui composição química conforme tabela 2.1:
9
Tabela 2.1: Composição química do aço AISI 316L:
Mn P S Si outros
Elemento C Cr Ni Mo
máx máx máx máx elementos
0,03
(%) 2,00 0,045 0,030 1,00 16/18,5 11/14 2,5/3 -
máx
O termo “L” é destinado às versões com baixo teor de carbono. Os aços inoxidáveis
austeníticos são não magnéticos. Esse comportamento é resultado da adição de níquel, que
estabiliza a fase austenítica na temperatura ambiente.
Moldagem de pós metálicos por injeção, produz componentes quase totalmente denso,
principalmente a partir de pós finos atomizados a gás, devido à sua baixa porosidade e baixo teor
de oxigênio. Aços inoxidáveis produzidos por MPI exibem significativamente melhor resistência
à corrosão e propriedades mecânicas em comparação com os aços inoxidáveis produzidos por
metalurgia do pó convencional. Atualmente, o aço inoxidável 316L é o mais amplamente
10
utilizado em MPI. Esse material é escolhido quando a resistência à corrosão é a principal
exigência. A tabela 2.2 mostra os aços inoxidáveis mais utilizados comercialmente em MPI.
Tabela 2.2: Composição química dos aços inoxidáveis para MPI 20.
Tipo Fe C Cr Ni Mo Cu Si Mn Outros
0,03 1,0 2,0
316L bal 16,0-8,0 10,0-14,0 2,0-3,0
(a) (a) (a)
0,03 1,0
316L bal 16,0-18,5 10,0-14,0 2,0-3,0
(a) (a)
0,07 1,0 1,0 Nb+Ta:
17-4PH bal 15,5-17,5 3,0-5,0 3,0-5,0
(a) (a) (a) 0,15-0,45
0,07 1,0 1,0 Nb+Ta:
17-4PH bal 15,0-17,5 3,0-5,0 3,0-5,0
(a) (a) (a) 0,15-0,45
0,05 1,0 1,5
430L bal 16,0-18,0
(a) (a) (a)
440C bal 0,95-0,2 16,0-18,0
1,5
310S bal 0,26-0,4 24,0-26,0 19,0-22,0
(a)
420J bal 12,0-14,0
0,03 21,6 24,8 4,47 0,02
904L bal
(a) (a) (a) (a) (a)
312 0,03 1,0 2,0
bal 24,0-26,0 5,5-6,5 1,2-2,0
duplex (a) (a) (a)
(a) máximo.
- Processos Mecânicos
- Processos Químicos
11
A técnica utilizada influência diretamente no pó, como, tamanho, forma, microestrutura,
composição química e custo do pó, influenciando diretamente no processo de moldagem de pós
por injeção. A tabela 2.3 apresenta uma comparação entre as algumas técnicas de produção de pó
metálico.
12
injetável. Cinco fatores determinam as características da carga injetável 1: característica do pó,
composição do ligante, relação pó/ligante, método de mistura e técnica de peletização.
Para a confecção de uma carga injetável ideal, devem ser consideradas a facilidade de
moldagem e a necessidade do controle das dimensões finais. Para alcançar esse balanço, a carga
injetável normalmente utiliza polímeros com baixo peso molecular, reduzindo a viscosidade e
facilitando a moldagem.
13
Wp
ρp Eq. 2.1
Φ=
Wp WB
+
ρp ρB
A faixa típica de mistura para moldagem de pós por injeção é mostrada pelo gráfico da
figura 2.6 sugerido por German1, onde mostra a carga critica em relação a densidade da mistura.
14
composição e as técnicas utilizadas para remoção desse sistema aglutinante requer um estudo
mais amplo, pois influenciam nas próximas etapas e características do produto final.
A equação 2.2 1 permite prever o valor de viscosidade, com base em dados da literatura,
conforme a tabela 2.5.
E 1 1
η B = η 0 exp − Eq. 2.2
T T0
R
15
Tabela 2.5: Viscosidade típica de componentes do sistema aglutinante1.
Material ηo, Pa.s E, kJ/mol To, K Temp. Fusão, oC
Parafina 0,009 4,4 373 60
Cera Carnaúba 0,021 12,3 383 84
Cera Polietileno 0,81 19,0 383 >100
Polipropileno 420 33,0 503 140 a 200
Ácido esteárico 0,007 --- 383 74
2.5.2.1. Ceras
O uso de cera natural tem algumas vantagens em relação aos demais polímeros sintéticos.
A sua decomposição não libera gases tóxicos ou odor desagradável e causam menos problemas
ambientais. As ceras naturais mais conhecidas são: cera de carnaúba, cera de abelha, cera de
ouricuri, cera de candelilla e cera Montan 22. No entanto, a sua decomposição é muito lenta.
2.5.2.2. Polímeros
16
diferentes cadeias. As interações de Van der Waals' entre cadeias longas do hidrocarboneto
podem fornecer suficiente energia atrativa total para esclarecer um grau elevado de regularidade
dentro dos polímeros. Os polímeros podem ser termoplásticos ou termorrígidos. Os termorrígidos
foram ligações cruzadas, quando aquecidos permanecem rígidos, não amolecem quando
reaquecidos, mas decompõe-se em altas temperaturas.
2.5.2.3. Aditivos
Grande parte dos sistemas aglutinantes contem aditivos como função de melhorar a
lubrificação do molde, a viscosidade da carga, a molhabilidade do pó, e contribuir na operação de
remoção de aglutinantes. Geralmente o aditivo é usado para cobrir o pó, criando uma espécie de
ponte química entre pó e aglutinante. Um dos aditivos mais utilizados e usado nesse trabalho é o
ácido esteárico.
17
Figura 2.8: Molécula do aditivo ácido esteárico.
Figura 2.9: Viscosidade aparente em função da taxa de cisalhamento do ferro com ligante de
cera-polímero a 150oC, mostrando o efeito na adição de 1% de ácido esteárico 1.
A moldagem por injeção pode ser considerada uma das etapas mais importante. Pois
vários defeitos aparecem nesta etapa, como bolhas, segregação de fases, formação de linhas de
solda, empenamento, vazios, baixo controle dimensional e marcas de rechupes, que certamente
serão aumentados nas etapas posteriores. Geralmente esses defeitos podem ser eliminados através
de ajustes no ciclo de moldagem (tempo, temperatura e pressão) 1. A injeção é realizada por uma
máquina de injeção, que pode ser de baixa ou alta pressão. A utilizada no presente trabalho é uma
injetora de alta pressão, conforme mostra a figura 2.10.
18
O processo de injeção inicia-se com o aquecimento da carga injetável, numa temperatura
suficiente para fundir o material. Este é forçado através de um fuso dentro do tubo de injeção,
conforme a figura 2.11, assumindo o formato da matriz ou molde, que na seqüência é resfriado,
mantendo esse formato. Nesta etapa, a peça produzida é chamada de “peça verde”.
Figura 2.11: Esquema do fuso e tubo de injeção de uma máquina injetora de alta pressão.
19
2.7. Ferramental de Injeção
Em MPI, o molde deve ter controle de temperatura para garantir o controle da dimensão
final do componente. Muitas cargas injetáveis de MPI requerem um molde aquecido durante o
preenchimento para retardar a taxa de resfriamento. Cada etapa reduz as tensões residuais e
melhora uniformidade da retração durante a sinterização. A figura 2.12 mostra as configurações
de uma matriz de MPI.
1
3
φ Eq. 2.3
Y = 1−
ρs
ρT
Após a moldagem, precisa-se retirar o sistema aglutinante, veículo temporário que tornou
possível a injeção. A extração do ligante é a etapa chave do processamento de peças moldadas
por injeção 21, pois remover o aglutinante sem afetar a forma final da peça é um processo muito
delicado, sendo uma grande fonte de defeitos. Já que o aglutinante sustenta a união das partículas
de pó, determinando o sucesso ou insucesso da peça final.
24
Há ainda o método de extração via plasma , o uso de processos assistido a plasma está
crescendo rapidamente na indústria, particularmente deposição física por vapor, revestimentos
21
por deposição química. A principal razão para o crescente interesse nestes processos reside no
fato de evitar ou minimizar a poluição da água e do ar, bem como resíduos sólidos, em
comparação com as técnicas convencionais.
Térmico Químico
Difusão Extração
vácuo imersão
Permeação Supercrítico
atmosfera Alta pressão
Capilaridade Condensação
envolvendo vapor
Oxidação Catalítico
ar Ácido nítrico
Estudo realizado indicou que o processo de remoção por solvente consiste de quatro
etapas. Primeiro, as moléculas do solvente penetram dentro do ligante, produzindo gel. Quando a
interação solvente-ligante é forte o bastante, o gel gradualmente desintegra, formando uma
verdadeira solução. A solução então difunde em direção à superfície e, finalmente, a solução é
removida da superfície. Portanto, nesse processo o que limita a remoção é a difusão da solução
solvente-ligante para fora do corpo 25.
22
O solvente pode ainda ser aquecido, tendo então uma extração química termicamente
assistida, o que reduz o tempo de extração.
A remoção térmica envolve o fluxo de fluído através dos poros como um líquido ou um
gás. No início da remoção, são formados pequenos poros dentro do corpo devido à decomposição
do ligante de baixo peso molecular. Como os poros são pequenos, a taxa de fluxo do ligante
fundido para a superfície é lenta. Portanto, a taxa de aquecimento deve ser muito lenta de modo a
permitir a difusão do ligante do interior para a superfície da peça, permitindo, assim, uma
abertura gradativa de poros. Um rápido aquecimento é catastrófico, visto que o ligante funde
completamente antes de dar início a sua degradação e, conseqüentemente, o corpo pode vir a
sucumbir ao seu próprio peso devido à ausência da força capilar.
2.9. Sinterização
ρG
ρS = 3
Eq. 2.4
∆L
1 −
L0
24
2.9.1. Estágios de Sinterização
Durante a sinterização, inicialmente o pó solto sofre uma transformação para ficar denso,
com estrutura policristalina e propriedades mecânicas e físicas semelhantes a outros materiais de
engenharia. A mudança estrutural à descrita esquematicamente pela figura 2.14. No estágio final
da sinterização tem alguns pequenos poros situados nos contornos de grão. Conseqüentemente
existe a possibilidade de manipular a densificação, controlando o tamanho de grão durante a
sinterização, para obter melhores propriedades.
25
Figura 2.15: Mecanismos de transporte de massa durante a sinterização 1.
26
3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
27
Figura 3.1: Fluxograma da metodologia experimental adotada neste trabalho.
Com os dados do comportamento reológicos das cargas injetáveis, foi possível selecionar
as carga mais indicada para o processo, que foi com o sistema aglutinante A3, com o pó P3 e
fração volumétrica de pó metálico V6, formando a carga P3.A3.V6. Após a seleção da carga
injetável, esta foi peletizada e submetida ao processo de moldagem por injeção. Onde durante a
29
injeção foram usadas duas pressões, 400 e 1200 bar . No ciclo de sinterização foram usados
dois patamares de sinterização, 1150oC por 2 horas e 1250oC por 1 hora.
28
As etapas dos procedimentos experimentais são detalhadas nos capítulos seguintes.
- pó metálico;
- polipropileno;
- parafina;
- cera de abelha;
- ácido esteárico.
O pó metálico utilizado foi o pó de aço inoxidável AISI 316L, com granulometria de d90:
5µm (P1), d90: 10µm (P2) e d90: 27µm (P3), os dois primeiros foram fornecidos pela Sandvik
Osprey Powders da Inglaterra, com composição química mostrada pela tabela 3.1. O terceiro pó
metálico foi doado pela empresa Steelinject Injeções de Aços LTDA. de Caxias do Sul.
Todos foram atomizados a gás, portanto de geometria esférica. Essa escolha foi com base
na bibliografia, visto que pós atomizados em água apresentam densidade após sinterizado de
aproximadamente 97% e atomizado a gás 99% 30.
Tabela 3.1: Composição química (wt%) do pó de aço inoxidável 316L fornecido pela Sandvik.
C Cr Ni Mo Mn P S
0,019 16,7 10,7 2,1 1,2 0,027 0,005
29
14 31
sistemas aglutinantes foram baseados em experimento realizados no LdTM e bibliografia , ,
32
.
30
3.4. Caracterização da Carga Injetável
3.4.1. Caracterização Pó
A difração a laser opera em sistema ótico e com um ou mais feixes de luz possibilitando
medir a distribuição precisa de tamanho de partículas.
3.4.2. Viscosidade
O equipamento utilizado para realizar o estudo reológico dos sistemas aglutinante e cargas
injetáveis preparadas foi o viscosímetro Programável Brookfield DV-II+, conforme figura 3.5,
que mede a viscosidade de fluidos através do gradiente de cisalhamento (Shear Rate). O principio
31
de operação do equipamento é medir através de uma mola calibrada o torque provocado pelo
movimento rotacional de um sensor de cisalhamento imerso no fluido de teste. A resistência da
33
viscosidade do fluido contra o sensor é medida pela deflexão da mola . As temperaturas
estudadas no trabalho foram 180, 185, 190, 195 e 200oC.
32
Figura 3.6: Exemplo de curva de TG e sua derivada, DTG.
Foi realizado análise da carga injetável com o sistema aglutinante mais indicado pelo
ensaio de viscosidade, com os tamanhos de partícula de 27µm para definir a temperatura de
decomposição do polipropileno e assim definir a temperatura de extração térmica.
Para obtenção das micropeças, foi utilizada uma máquina injetora de alta pressão, marca
ARBURG modelo 220S que pode ser vista na figura 3.7. Com diâmetro de fuso de 22mm, com
tratamento superficial.
33
3.5.1. Molde de Injeção
O molde para a injeção dos componentes são mostradas pela figura 3.8 face A (a) e face B
(b). Na face A podemos observar um sistema de “gavetas” que proporciona os furos nas peças.
Ainda na face A, é indicado as cavidades de cada componente para formar a pinça de biópsia de
acordo com a figura 1.1. Algumas dimensões do molde são mostrados no desenho da figura 3.9.
Para facilitar o entendimento, cada componente foi denominado como:
Componente 1 Garfo;
Componente 4 Haste.
“GAVETAS”
2
4 1
(a) 3 (b)
Figura 3.8: Molde dos componentes da pinça de biópsia, face A (a) e face B (b).
34
Figura 3.9: Desenho do molde de injeção.
Visto isto, foi necessária uma nova usinagem, resultado verificado pela figura 3.10. A
diferença pode ser vista quando comparada com a figura 3.8 (a).
Para a medição de densidade foram injetados corpos de prova do tipo barra com
dimensões de 79,0x10,0x5,0mm, como mostra a figura 3.11, a partir da sua massa e volume. O
resultado é uma média de cinco amostras. Como os componentes da pinça são muito pequenos e
de massa muito baixa, não foi possível a mediação da densidade por métodos convencionais.
Neste trabalho foi utilizada a extração de sistema aglutinante por extração química por
imersão em solvente seguido de extração por degradação térmica.
Na extração química, foi usado um banho termostático como mostra a figura 3.12, marca
Nova Técnica modelo NT265 com capacidade para aquecimento de até 100ºC, na remoção de
ceras em cargas injetáveis produzidas no laboratório. A extração por degradação térmica foi
realizada no mesmo ciclo de sinterização no forno elétrico tubular com atmosfera controlada.
36
A extração por solvente foi realizada com hexano em temperaturas de banho de 40oC por
2 horas.
3.7. Sinterização
A etapa de sinterização foi realizada em um forno do tipo tubular, conforme figura 3.13,
com aquecimento por resistências elétricas, com temperatura máxima de 1300oC. O forno conta
com um controlador de temperatura programável onde são monitoradas as temperaturas, tempos e
taxas de aquecimento e pode ser utilizada atmosfera controlada. Neste trabalho foi utilizada uma
atmosfera de hidrogênio.
Foram utilizadas duas curvas de sinterização neste trabalho, mostradas na figura 3.14 (a)
com patamar de sinterização de 1250oC por 1 hora e (b) com patamar de 1150oC por 2 horas. Em
ambos os casos foram utilizados patamar de extração térmica de 450oC por 1 hora.
(a) (b)
Figura 3.14: Curva de sinterização com patamar de sinterização (a) 1250 oC e (b) 1150 oC.
37
A taxa de aquecimento até o patamar de extração térmica foi 2oC/min. A taxa de
aquecimento ate 950oC foi de 8oC/min. Até o patamar de sinterização foi com taxa de 3oC/min
para o ciclo da figura 3.14(a) e 2oC/min para o ciclo da figura 3.14(b).
3.8.1. Metalografia
Para a preparação da amostra foi necessário o embutimento com baquelite e foram lixadas
com as seguintes granulometrias de lixas de 180, 240, 400, 600 e 1200 mesh e polidas com pasta
de diamante de 1µm. O Ataque químico foi realizado com água régia, composto de ácido nítrico
e ácido clorídrico. As imagens foram realizadas num microscópio ótico.
3.8.2. Dureza
38
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 4.1: Curva de distribuição de tamanho de partícula para o pó doado pela Steelinject.
De acordo com os resultados obtidos pelo ensaio a amostra possui mediana de 15,07µm.
Foi verificado também que 10% de sua massa possui diâmetro menor que 4,48µm, 50% menor
que 14,52µm e 90% menor que 26,47µm. A distribuição de tamanho das partículas é
relativamente larga, o que permiti um bom empacotamento. Para facilitar a denominação do
tamanho de partícula deste pó, foi denominado que a amostra é d90: 27µm, já que os outros dois
tipos de pó utilizados neste trabalho são denominados pelo fornecedor como d90: 5µm e d90:
10µm, ou seja, 90% de sua massa possui diâmetro menor que 5 e 10µm respectivamente.
39
(c) respectivamente, são escolhidas para mistura com o pó metálico, com composição mostrada
anteriormente na tabela 3.1.
180°C 180°C
Aglutinante 1 Aglutinante 2
185°C 185°C
50 190°C 50 190°C
195°C 195°C
40 40
200°C 200°C
30 30
Pa.s
Pa.s
20 20
10 10
0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 0 2 4 6 8 10 12 14
(a) 1/s
(b) 1/s
180°C
Aglutinante 3 Aglutinante 4
185°C
50 190°C 50
195°C
40 200°C 40
30 30
Pa.s
Pa.s
180°C
20 20 185°C
190°C
10 10 195°C
200°C
0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 0 2 4 6 8 10 12 14
Aglutinante 5 180°C
185°C
50 190°C
195°C
40 200°C
30
Pa.s
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14
(e) 1/s
Figura 4.2: Viscosidade em função da taxa de cisalhamento (a) aglutinante 1, (b) aglutinante 2,
(c) aglutinante 3, (d) aglutinante 4 e (e) aglutinante 5.
40
As análises dos sistemas aglutinantes misturados com os pós metálicos P1 (5µm), P2
(10µm) e P3 (27µm) são mostrados na figura 4.3 para o aglutinante A1 e figura 4.4 para o
aglutinante A3, variando o carregamento de pó metálico de 0, 15, 27, 35, 42 e 48% em volume
denominados como V1, V2, V3, V4, V5 e V6 respectivamente. Altos carregamentos de pó não
são aceitáveis, pois conduzirá a alta viscosidade da carga injetável, ocasionando defeitos na etapa
35
de injeção . Este ensaio foi realizado a temperatura de 180oC e variação de velocidade,
registrada em RPM (Rotações Por Minuto) para verificar o comportamento da carga injetável
com a variação de velocidade. A carga injetável utilizando o aglutinante A1 mostrou uma
viscosidade maior comparado a carga injetável utilizando o aglutinante A3, para todos os casos
de tamanho de partícula. Foi observado que quanto menor tamanho de partícula, maior a
viscosidade da carga injetável. Observa-se também que quanto maior a velocidade do ensaio,
menor é a viscosidade, propriedade interessante para as cargas injetáveis, pois permite obter
misturas com maior quantidade de sólidos.
5 RPM
Viscosidade, Pa.s
10 RPM 10 RPM
150 150
20 RPM 20 RPM
100 50 RPM 50 RPM
100
50 50
0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50
(a) Volume de Pó, % (b) Volume de Pó, %
200 5 RPM
Viscosidade, Pa.s
10 RPM
150
20 RPM
100
50 RPM
50
0
0 10 20 30 40 50
Figura 4.3: Comportamento das cargas injetáveis utilizando aglutinante A1 variando o tamanho
de partícula, (a) P1 (5µm), (b) P2 (10µm) e (c) P3 (27µm).
41
tamanho de partícula tão pequena possuem tendência a se aglomerar, dificultando sua mistura,
sendo um dos motivos de essa combinação ser descartada neste trabalho.
5 RPM
Viscosidade, Pa.s
10 RPM 10 RPM
150 150
20 RPM 20 RPM
100 50 RPM 50 RPM
100
50 50
0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50
(a) Volume de Pó, % (b) Volume de Pó, %
200 5 RPM
Viscosidade, Pa.s
10 RPM
150
20 RPM
100
50 RPM
50
0
0 10 20 30 40 50
Figura 4.4: Comportamento das cargas injetáveis utilizando aglutinante A3 variando o tamanho
de partícula, (a) P1 (5µm), (b) P2 (10µm) e (c) P3 (27µm).
Outro fator observado foi que com o aumento da carga de pó metálico, maior é a
viscosidade da carga injetável. É importante salientar que de acordo com a figura 2.8, a fração de
pó metálico ideal para se obter uma boa compactação do injetado é na faixa de 60%, neste caso
foi utilizado o valor máximo de 48% (V6), pois em experimentos práticos realizados no
laboratório observou-se que nesta faixa ocorre uma grande dificuldade de preenchimento das
cavidades do molde, principalmente com a diminuição do tamanho de partícula. Visto que a
viscosidade das cargas injetáveis é muito sensível ao conteúdo de sólidos e a temperatura. A
baixas temperaturas, a viscosidade da mistura é alta para condições padrão de moldagem. A altas
temperaturas, o sistema aglutinante pode degradar, e durante a moldagem pode ocorrer
segregação do pó, podendo resultar numa significativa tensão térmica no componente moldado e
conseqüente craqueamento 36.
42
Viscosidade em fução da taxa de cisalhamento
120
100
5µm
80
10µm
Pa.s
60 27µm
40
20
0
0 2 4 6 8 10 12 14
1/s
Pelos resultados apresentados, a carga injetável mais indicada para o processo é a mistura
utilizando o aglutinante A3, com o pó metálico P3. Apesar da literatura indicar tamanhos de
1, 38, 42, 39
partículas menores para µMPI , porém com os tamanhos de partícula de 5 e 10µm, na
prática apresentou grandes problemas de preenchimento. Esta análise é muito importante para
definir parâmetros de injeção e composição da carga injetável já que a viscosidade é a
propriedade reológica mais importante 40.
43
a 451,75oC, onde ocorre a degradação do polímero, no caso o polipropileno. Então este parâmetro
será utilizado na curva de sinterização.
Foram utilizados dois níveis de pressão de injeção, 400 e 1200 bar, visto que para injeção
de micropeças requerem maiores pressões 41, a temperatura do molde foi estabelecida em 100oC,
no qual apresentou melhores condições de preenchimento. A temperatura de injeção foi
estabelecida em 180oC, de acordo com os resultados de comportamento reológico da carga
juntamente com o observado nas condições de trabalho. Temperatura de injeção mais elevadas e
baixas velocidades de injeção são utilizadas em µMPI 42.
44
o molde não possui um sistema de extração. Em moldes mais comuns, de peças de dimensões
mais elevadas, o sistema de extração das peças é através de uma sistema e pinos, que empurrada a
peça para fora da cavidade, conforme mostrado na figura 2.14, no pino ejetor. Porém para peças
das dimensões dos componentes da pinça, esse sistema não pode ser utilizado, pois seria
necessário um pino muito fino, que perfuraria a peça. Devido a falta de informações em literatura
sobre projetos de moldes de injeção para micropeças, sendo que grande parte da bibliografia
sobre injeção de micropeças são baseadas em corpos de prova e não especificamente em peça
com uma devida aplicação, o molde utilizado no trabalho é necessário que as peças sejam
removidas do molde manualmente, assim induzindo alguns defeitos, até mesmo quebra das peças.
Foi encontrada uma grande dificuldade em remover as peças injetadas, sendo que algumas
componentes não foram possíveis a remoção, e outros apresentaram uma quebra após a abertura
dos moldes, como mostra a figura 4.7.
Quebra
Difícil Remoção
45
Algumas peças injetadas são apresentadas na figura 4.8.
(a) (b)
(c)
Figura 4.8: Peças injetadas, haste (a), concha (b) e conjunto canal, concha, haste e garfo (c).
Outro fator que pode contribuir pela dificuldade de remoção das peças do molde é o
acabamento superficial das cavidades usinadas. Pelo fato das cavidades terem algumas dimensões
menores que 1mm, ficando difícil um polimento, o que melhoraria a superfície.
Algumas peças injetadas foram analisadas por microscopia eletrônica de varredura, afim
de verificar a homogeneidade da injeção. A micrografia é mostrada pela figura 4.9, onde se
verifica uma homogeneidade da mistura.
46
Pó Metálico
Foi medida a densidade da peça após injeção nos dois níveis de pressão de injeção. O
resultado foi comparado com a densidade teórica de 5,17g/cm3 da peça moldada, considerando a
densidade do pó como 8,0g/cm3 e densidade do sistema aglutinante de 0,92g/cm3. Os resultados
são apresentados na figura 4.10.
3,0
2,0
1,0
0,0
27µm Densidade teórica
47
Com uma pressão de injeção de 1200 bar a densidade média foi de 4,94g/cm3, superior a
peça injetada com 400 bar, que foi de 4,69 g/cm3, facilitando a sinterização, ou seja, possui uma
compactação mais alta, diminuindo a quantidade poros a serem fechados. Porém ficou com
95,64% da densidade teórica.
A extração do sistema aglutinante por imersão em solvente foi mais eficiente a 40oC por 2
horas. Temperatura esta também utilizada por Resende 44. Nestas condições a extração mostrou-
se satisfatória, pois verificando a perda de massa durante o processo foi em torno de 5%,
quantidade de parafina, cera de abelha e ácido esteárico adicionada à carga anteriormente. Em
alguns casos a perda foi superior a 5%, muito provável a uma quebra da peça, pois estas são
muito delicadas, ou uma heterogeneidade da mistura. A figura 4.11 mostra uma micrografia
analisada por MEV, onde se observar caminhos livres deixados pela cera, parafina e ácido
esteárico dissolvidos.
Em µMPI, o tamanho das peças são menores que 1 mm, assim o tempo de extração de
aglutinante é diretamente proporcional ao tamanha da peça moldada, e terá um tempo reduzido
48
significativamente. Desde que as peças são tão pequenas, os principais desafios do sistema
aglutinante para µMPI são manter a resistência da peça verde para a desmoldagem e
manipulação, retenção de forma durante a extração de aglutinante, retração homogênea durante a
sinterização 3.
Também foi realizada extração a 60oC, porém não apresentou resultados satisfatórios,
como é visto na figura 4.12, onde ocorreu quebra nas peças, devida a acelerada remoção de
material dissolvido.
49
A figura 4.14(a) e (b) mostra o resultado da sinterização com uma taxa de aquecimento
elevada de extração térmica.
(a) (b)
Figura 4.14: Amostra sinterizada com defeito na extração térmica (a) longitudinal, (b) corte
transversal.
Com base nesses resultados, foi definida uma taxa de aquecimento no ciclo de extração
térmica de 2oC/min.
As peças sinterizadas nos patamares de 1250oC por 1 hora e 1150oC por 2 horas,
apresentaram resultados semelhantes quanto a perda da forma inicial do componente, alguns
exemplos são mostrados na figura 4.15. Embora a etapa de sinterização seja a consolidação dos
experimentos, a variação de parâmetros, não resolvera os problemas gerados nas etapas
anteriores. Acredita-se que a perda de forma provavelmente ocorreu durante a extração térmica,
pois mesmo com uma taxa de aquecimento muito lenta, o aquecimento do forno não possui um
comportamento completamente linear, ocorrendo picos de temperatura, seguido de estabilização.
O que é prejudicial principalmente no inicio do ciclo, fazendo com que a peça não suporte seu
próprio peso e assim perdendo sua forma inicial.
50
(b)
(a)
(c)
Figura 4.15: Peças sinterizadas, (a) haste, (b) concha e (c) haste e concha.
Outro fator que pode contribuir para a perda de forma da peça sinterizada é uma eventual
heterogeneidade da carga injetável, que pode ocorrer durante a etapa de mistura, ou ainda durante
o processo de injeção, quando a carga é submetido a tempos elevados a exposição de calor, pois
possibilita a degradação de alguns componente ou ainda a segregação de pó metálico.
51
respectivamente, o que esta dentro do padrão da Metal Powder Industries Federation (MPIF),
20
que estabelece uma dureza mínima de 67HRB para aço 316L obtido por MPI com densidade
de 95% da densidade teórica. Vale salientar que, como o ensaio foi de microdureza, não esta
sendo avaliado a microestrutura total, mas sim apenas a fase metálica. Não foi medida dureza
pelo método Rockwell B, devido as dimensões da peça, o que não respeitaria as distâncias entre
as medidas e distância da superfície da peça.
Figura 4.16: Micrografia de peça injetada a 400 bar, sinterizada a 1250oC, com ataque de água
régia.
Figura 4.17: Micrografia de peça injetada a 1200 bar, sinterizada a 1250oC, com ataque de
água régia.
52
A figura 4.18 mostra a micrografia sem ataque da peça sinterizada a 1150oC por 2 horas.
O nível de porosidade observado pelo programa foi de 16,2%. Observa-se que os poros não são
arredondados, como nas micrografias das figuras 4.16 e 4.17, mostrando que o ciclo de
sinterização não foi eficiente, mesmo com tempo de sinterização maior, já que a temperatura
apresenta uma influência das mais profundas nas taxas de difusão 45.
53
5. CONCLUSÕES
A carga injetável que apresentou melhores propriedades reológicas para a obtenção dos
componentes da pinça de biópsia, foi a combinação utilizando próximo de 50% em volume de pó
de aço inoxidável austenitico AISI 316L, com tamanho de partícula de 90% menor que 27µm e
de geometria esférica. Sendo que o restante formado pelo sistema aglutinante, que por sua vez é
composto de 50% em peso de polipropileno, 30% de parafina, 15% de cera de abelha e 5% de
ácido esteárico.
54
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
• O projeto de molde de injeção deve ser revisto, com intuito de facilitar a remoção
de todos os componentes da pinça, projetando um sistema de extração das peças do molde.
• A extração térmica deve ser realizado em um forno separado da sinterização, para
evitar contaminações do carbono residual do aglutinante e ser realizado num forno com maior
precisão da taxa de aquecimento, afim de evitar a distorção das peças.
• Estudar um método para manuseio das peças entre a extração térmica e
sinterização, já que as peças ficam muito frágeis.
• Realizar ensaios de corrosão nas peças sinterizadas, visto que essa propriedade e
imprescindível para a aplicação da pinça de biópsia.
• Realizar um estudo econômico da produção da pinça no Brasil, visando a
diferença entre o produto importado e produzido no Brasil e conseqüentemente os custos dos
exames.
55
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