Carencia de Profissionais Da Area Metalmecanica

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A crescente carência

de profissionais qualificados
no setor metalomecânico
O setor metalomecânico debate-se há longos anos com uma forma adequado e isso compete essen-
crescente penúria de profissionais qualificados e isso é uma realidade cialmente aos departamentos dos recur-
que entre pelos olhos dentro de qualquer observador menos atento sos humanos das empresas.
e só não é mais ostensiva esta evidência porque já nos habituamos a Que caraterísticas dominantes apre-
esta reduzida produtividade. sentam os grandes profissionais do setor
metalomecânico? São sobretudo profis-
sionais que sabem identificar claramente
as competências que os tornam melho-
res profissionais e quando não as domi-
Departamento de Formação do CENFIM

nam, sabem ir à sua procura. No entanto


esta característica não é comum a maior
parte dos nossos profissionais e então
Engenheiro Mecânico – FEUP

nestes casos temos que ser capazes de


portugal 3d

traçar para cada um deles percursos de •


Américo Costa

vida profissional que os levem ao de-


senvolvimento de competências que
os vão tornar profissionais muito mais
qualificados.
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Existem alguns conceitos, áreas de


atuação e procedimentos que é necessá-
robótica

rio, urgentemente, prestar mais atenção


no setor metalomecânico:
• Automatização de tarefas: exis-
tem múltiplas tarefas na área do de-
senho e fabrico que podem e devem
ser automatizadas, com recurso ao
À míngua de profissionais qualificados O aumento da qualificação dos trabalha- desenvolvimento de aplicações e
devem-se a vários fatores, sendo um de- dores deste setor não pode, nem deve rotinas informáticas. Dotar os profis-
les, talvez o mais significativo, a fuga da estar dependente do anseio destes em sionais do nosso setor com conhe-
massa cinzenta deste país para outras procurar melhorar as suas competências, cimentos de algoritmia e de progra-
áreas mais "limpas” e atrativas. A ima- é urgente alguém pensar com eles e defi- mação é vital, perdemos demasiado
gem associada ao setor de “forte e feio" nir percursos profissionais e de formação tempo e cometemos múltiplos erros
tornou-o menos atrativo para os jovens, condizentes com a melhoria continua a executar tarefas repetitivas, conver-
levando a esta carência de profissionais das suas competências. Os recursos hu- tendo muitas vezes, tarefas de minu-
qualificados. No entanto convém frisar manos, de cada empresa, devem ser ca- tos ou até segundos, em horas ou
que o setor conta com muitos profissio- pazes de elencar, por exemplo, as 10 prin- dias de trabalho.
nais ao seu dispor e a pergunta que se cipais competências de cada profissão e • A exigência do rigor na execução
coloca é, o que é que feito para a quali- promover junto dos seus múltiplos cola- das tarefas: trabalhamos muitas
ficação desses profissionais? Não sendo boradores o seu domínio, através da defi- vezes de forma pouco rigorosa, num
um setor atrativo para os jovens, o que nição de percursos formativos personali- modo do mais ou menos, não é incu-
é que é feito para o aumento de compe- zados e cuidadosamente programados e tido nos nossos jovens a necessidade
tências dos que cá estão? também com percurso profissionais cui- de fazer bem à primeira. Por exemplo
A evolução tecnologia tornou a dadosamente pensados e programados executamos muita maquinação por
maior parte das tarefas do setor pouco no tempo. Excelentes profissionais não arranque de apara, mas continua-
visíveis, com muito dificuldade em ser es- aparecem de geração espontânea, salvo mos, apesar de todo o desenvolvi-
crutinado a sua produtividade e isso tem raríssimas exceções, é preciso saber criá- mento tecnológico, a fabricar muitos
conduzido a um desleixo da preparação -los, programando de forma assertiva o componentes num modo de tentati-
e da qualificação dos seus profissionais. seu percurso formativo e profissional de va e erro. Não sistematizamos a nossa
PUB
maneira de trabalhar, não compreendemos e nem identi-
ficamos os diferentes erros que os diferentes processos de
fabrico introduzem, e por isso não os anulamos de forma
criteriosa, ficando à mercê deles. Um trabalho bem feito
não pode ficar à mercê da sorte e do azar. Na maquinação
devemos incutir o hábito de programar e registar de for-
ma contínua os valores e tolerâncias obtidas na maquina-
ção para que possamos ao fim de algum tempo antecipar
os erros e os eliminar por antecipação.
• A digitalização do trabalho no setor metalomecâ-
nico: os nossos profissionais têm de começar a assumir
uma amplitude funcional muito superior, todas as tarefas
desenvolvidas por outros profissionais que sejam execu-
tadas antes ou depois das nossas atividades nos devem
interessar. A atitude de não querer saber o que outros
profissionais fazem a jusante ou a montante das nossas
atividades não continuar a reinar, temos que ser capazes
exigir mais e melhor informação a quem nos antecede e
fornecer mais e melhor informação a quem nos sucede
nas tarefas, é sobretudo desta forma que se concretiza a
verdadeira digitalização do trabalho e dos seus múltiplos
fluxos de informação gerados. Para um excelente profis-
sional, tudo o que o lhe antecede e sucede lhe deve me-
recer máxima atenção.
• As tendências e as mutações constantes nos pro-
cessos de fabrico: para a nossa indústria estará sempre
destinado uma função muito operatória, de execução de
algo, com recurso aos múltiplos processos de fabrico que
temos ao nosso dispor. Se temos esse desígnio atribuído
temos que ser capazes de o fazer cada vez melhor, de for-
ma mais rápida e mais barata, e por isso temos que ser ca-
pazes de extrair as suas mais valias e para isso precisamos
de incutir nos nossos jovens uma cultura de adaptação
mais rápida aos novos processos. Os processos de fabrico
aditivo vierem para ficar, mas para que seu uso seja mais
pleno, não podemos permitir que continuem subjugados
pelos os processos de fabrico subtrativo, necessitamos de
desenvolver um espirito criativo nos nossos jovem para
que estes desenvolvem formas geométricas e novos ajus-
tamentos que permitam que os processos de fabrico adi-
tivo possam assumir a sua liderança, se continuarmos a
desenvolver as mesmas formas geométricas e os mesmos
ajustamentos entre peças os processos convencionais de
fabrico continuarão dominantes e não promoveremos a
mudança tecnológica do setor.
• A formação superior em engenharia e o setor me-
talomecânico: a formação superior é vital para o de-
senvolvimento do setor metalomecânico, mas para que
isso aconteça de forma mais assertiva é urgente que os
novos profissionais de engenharia tenham um contato
mais precoce com a conceção, projeto, desenho e os di-
ferentes processos de fabrico. Não devemos permitir que
um jovem chegue aos 18 anos, e que ingresse num curso
de engenharia, sem um mínimo contato com todas as
tecnologias de desenho e de fabrico do nosso setor. De-
finitivamente não serão os 3 anos de licenciatura ou mais
2 de mestrado que lhes irão conferir as competências es-
sências para que possam assumir posturas profissionais
liderantes e de desenvolvimento do setor.

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