Gulherme Magalhaes Martins
Gulherme Magalhaes Martins
Gulherme Magalhaes Martins
Sumário
1. Situação Geral do Tema. 2. O Instituto Anglo-Saxônico da Anticipatory
Breach of Contract – Reflexos na Legislação Estrangeira. 3. Adaptação do Instituto
ao Ordenamento Jurídico Brasileiro – Critérios para sua Incidência – Casuística
Jurisprudencial. 4. Principais Objeções na Doutrina Nacional. 5. Aplicação
Analógica do Artigo 477 do Código Civil – Efeitos do Inadimplemento Antecipado.
6. O Inadimplemento Antecipado como Quebra dos Princípios da Confiança e da
Boa-Fé Objetiva. Bibliografia.
* Membro do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Doutor e Mestre em Direito Civil pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ. Professor de Direito Civil da Faculdade Nacional de
Direito – UFRJ.
1
SAVI, Sérgio. Inadimplemento das obrigações, mora e perdas e danos. In: TEPEDINO, Gustavo (Coord.).
Obrigações; estudos na perspectiva civil-constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2005. p. 459-460.
2
Expressão cunhada por Agostinho Alvim, que afirma, numa perspectiva que nos dias de hoje soa um tanto
otimista, que “sem dúvida, o estado patológico é exceção ao estado fisiológico, ou normal. Não obstante,
é tal a frequência da enfermidade, que em nenhum indivíduo se encontra o estado fisiológico perfeito”.
ALVIM, Agostinho. Da inexecução das obrigações e suas consequências. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 1972.
3
AGUIAR JR., Ruy Rosado. Extinção dos contratos por incumprimento do devedor (resolução). Rio de Janeiro:
Aide, 1991. p. 18.
4
SCHREIBER, Anderson. A tríplice transformação do adimplemento; adimplemento substancial,
inadimplemento antecipado e outras figuras. Revista Trimestral de Direito Civil. Rio de Janeiro, v. 32, out./dez.
2007, p. 11: “Em um cenário marcado por relações contratuais duradouras, torna-se não apenas um direito, mas
um efetivo dever de ambas as partes diligenciar pela utilidade da prestação antes, durante e depois do seu
vencimento, para muito além do momento pontual de sua execução”.
Na visão crítica de Jorge Cesa Ferreira da Silva, “a forma tradicional de conceber a relação obrigacional,
organizada neste aspecto especialmente sob orientação escolástica, compreende o lapso de tempo entre
o nascimento da obrigação e o termo para o cumprimento como um espaço vazio, no qual o devedor não
é obrigado a atuar ou a proceder a algum comportamento particular. Concorreu para esta compreensão a
simplicidade de conteúdo vivenciada, em grande medida, nas relações econômicas. Estas, normalmente
classificáveis do ponto de vista obrigacional como relações de execução imediata e relativas a produtos já
acabados, não propiciavam um campo de provas severo para a manutenção da visualização do ‘espaço vazio’.
O atual desenvolvimento das relações econômicas, porém, desmentiu esta visualização, bastando lembrar a
complexidade de alguns adimplementos, como os relativos a processos industrializados de fabricação (e. g. o
de uma aeronave), ou relativos à realização de um grande projeto técnico. Há, nesses casos, um conjunto de
deveres instrumentais, existentes para possibilitar a realização do adimplemento”. SILVA, Jorge Cesa Ferreira
da. A boa-fé e a violação positiva do contrato. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 260.
Baseando-se na aplicação da teoria da causa, especificamente com relação aos negócios jurídicos de disposição,
observa Clóvis do Couto e Silva: “É que na vontade de criar obrigações, insere-se naturalmente a vontade de
adimplir o prometido. Não fora, assim, o negócio jurídico não teria as condições mínimas de seriedade que
o Direito exige. Daí, porque, quando alguém vende algo, demonstra, também, neste preciso momento,
vontade de adimplir o prometido. Essa vontade de adimplir é inseparável, no plano psicológico, da vontade de
criar obrigações. Faltaria seriedade à vontade criadora do dever, se, ao mesmo tempo, não se desejasse adimplir o
prometido” (g. n.) COUTO E SILVA, Clóvis. A obrigação como processo. São Paulo: Bushatsky, 1976. p. 56-57.
5
MARTINS-COSTA, Judith. Comentários ao novo Código Civil. vol. V. t. II. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 156
6
Idem.
7
Do inadimplemento antecipado do contrato. Rio de Janeiro: Brasília, 1977. p. 101
8
O caso é comentado pelos autores norte-americanos Thomas D. Crandall e Douglas J. Whaley: “quando
existe um contrato visando uma ação a ser praticada num dia futuro, existe uma relação constituída entre
ambas as partes nesse ínterim, e ambos implicitamente prometem que, a partir de então, não tomarão
qualquer atitude em prejuízo da outra e inconsistente com tal relação (...) Especialmente neste caso,
envolvendo um viajante e um mensageiro, a partir da contratação até o início da execução do contrato,
ambos se encontravam vinculados entre si, e parece haver uma quebra de contrato se qualquer um deles
renuncia ao compromisso assumido”. CRANDALL, Thomas D; WHALEY, Douglas J. Cases, problems and
materials on contracts. Aspen: New York, 2004. p. 748.
9
Inadimplemento antecipado do contrato. Revista de Direito do Consumidor. São Paulo, vol. 12, p. 70, out./
dez.1994. A mesma autora, ibid., p. 77, enfatiza que “o devedor tem o dever de não contradizer a própria intenção
de adimplir e de agir em tempo suficiente para preparar os meios necessários à execução da prestação”.
10
Ibidem, p. 71.
11
A quebra positiva do contrato. Ajuris. Porto Alegre, vol. 44, p. 150, nov. 1988.
12
Op. cit., p. 261.
13
É o caso dos Turnkey Construction Contracts, “pelos quais uma empresa de construção obriga-se a
completar determinado projeto, quase sempre de longa duração, conforme critérios previamente
especificados e por um preço fixado no momento da assinatura do contrato”, de modo que “o objeto
da prestação é desenvolvido em fases, mas cujo produto só é entregue ao final”. MARTINS, Raphael
Manhães. Inadimplemento antecipado: perspectiva para sua aplicação no Direito brasileiro. Revista
Forense. Rio de Janeiro, vol. 391, p. 166, maio/jun. 2007.
14
SILVA, op. cit., p. 261: “Quando, para a construção da aeronave, demanda-se um conjunto de atos
prévios, dedicados a preparar e a permitir o resultado final, é evidente que se está diante de deveres de
prestação. O resultado do não cumprimento desses deveres será ou a impossibilidade da construção ou
o atraso na entrega. O descumprimento, portanto, é de deveres secundários de prestação, passíveis de
ensejar inadimplemento absoluto ou mora.
Situação distinta, no entanto, é encontrada naqueles casos em que o descumprimento não provoca,
em cadeia causal necessária, a não realização futura da prestação, mas sim consubstancia desde
já um ataque à relação de confiança existente entre as partes. São os casos de declarações concretas
no sentido do inadimplemento, ou mesmo de atos concretos que demonstrem essa possibilidade.
Nestas circunstâncias, não será um dever de prestação que será violado, mas um dever lateral. Por isso,
a classificação desses casos não poderá realizar-se entre as figuras tradicionais do inadimplemento,
ligando-se assim diretamente à violação positiva do contrato”.
15
O princípio da boa-fé no Direito brasileiro e português. In: FRADERA, Vera Maria Jacob de. O Direito
Privado brasileiro na visão de Clóvis do Couto e Silva. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997. p. 37.
Ensina o autor: “Um aspecto não suficientemente salientado é a circunstância de a aplicação do princípio
da boa-fé, com a criação ou compreensão científica dos deveres secundários ou anexos, aproximar o
conceito de relação obrigacional vigorante no Direito germânico com o da common law. Começava a
reconhecer-se no princípio da boa-fé uma fonte autônoma de direitos e obrigações; transforma-se a
relação obrigacional. manifestando-se no vínculo dialético e polêmico, estabelecido entre devedor e
credor, elementos cooperativos necessários ao correto adimplemento”.
16
AZULAY, op. cit., p. 102-103.
17
Ibid., p. 104.
18
Idem.
19
O repúdio foi definido no julgado Tenavision, Inc. v. Neuman, 379, N.E. 2nd 1166,1168(N.Y. 1978),
transcrito em parte por E.Allan Farnsworth, William F.Young e Carol Sanger: “deve ser demonstrado
que o anúncio de uma intenção de não cumprir foi positivo e inequívoco(...)De modo a constituir um
repúdio, a linguagem da parte deve ser suficientemente segura, sendo razoavelmente interpretada
de modo a significar que a parte não quer ou não pode adimplir”. Cf. FARNSWORTH, E.Allan; YOUNG,
William F.; SANGER, Carol. Contracts; cases and materials. 6ª ed. New York: Foundation Press, 2001.p.
740.
20
ATIYAH, Patrick Selim. An introduction to the Law of Contract. 5ª ed. Oxford: Clarendon Press, 2004. p. 402.
O autor faz referência ao caso Fercometal SARL v. Mediterreanean Shipping Co AS [1989] AC 788, no qual o
transportador marítimo de uma carga erroneamente repudiada antecipadamente anunciou que, diante
disso, não estaria preparado para a chegada da mercadoria na data avençada, recusa essa não aceita pela
outra parte. O Tribunal assegurou a permanência do contrato em vigor, permitindo aos proprietários
da mercadoria despachar a mercadoria até o porto, no aguardo do embarque. Este princípio, de que
a parte inocente pode cumprir e exigir o ajustado caso considere o contrato plenamente eficaz, é,
contudo, qualificado por outro princípio, de modo que, se a parte culpada permanece deixando claro
que não irá cumprir sua prestação, seria uma perda de tempo para o outro contratante preparar-se para
o adimplemento, podendo este abandonar tais preparativos.
21
Idem.
22
[1962]AC 413, Inglaterra, in: Mc KENDRICK, Ewan. Contract law. London: Macmillan, 1990. p. 239.
23
Inglaterra, 1872, in: BECKER, Anelise, op. cit., p. 72. A autora visualiza, no caso acima, uma forma implícita
de repúdio.
24
A obrigação fundamental é definida por Judith Martins-Costa, op. cit., p. 161-162, como “aquela, na
relação obrigacional, que tem o caráter de ‘irredutibilidade’, podendo ser detectada, nos casos concretos,
pelo exame funcional dos fatos em causa. O caráter ‘irredutível’ significa que, na economia contratual,
a obrigação fundamental, seja derivada da lei, seja da própria convenção, é aquela que não pode ser
quebrada, apagada ou extirpada sob pena de o contrato, enquanto regulação de interesses econômicos
dotada de sentido, deixar de ter um mínimo significado enquanto tal”.
25
MARTINS-COSTA, op. cit., p. 157.
26
Observa Vera Jacob de Fradera que “a França e os países que adotaram o sistema do Código Francês
ainda não atingiram, em matéria de direito obrigacional, o nível do direito alemão, do direito italiano
e do norte-americano. Existe uma inclinação para ser condescendente para com o devedor faltoso e
possibilitar-lhe a oportunidade de sanar sua ‘quebra’ do contrato. Parece que essa tendência prepondera
sobre a necessidade de proteger o credor contra a incerteza”.
27
AZULAY, op. cit., p. 104.
28
Ibid., p. 105.
29
Idem.
30
Idem. Para Araken de Assis, o inadimplemento antecipado “(...) se informa pela existência de época
propícia ao cumprimento ou ao início da atuação condizente do obrigado, dada pelo termo, final ou
inicial, e por dois comportamentos: a declaração de não querer/poder adimplir e a omissão da atividade
causal concernente ao futuro – obrigações de cumprimento instantâneo não importam à espécie
– adimplemento. Em ambos os casos, a conduta do obrigado só assume importância se ocorrida
com alguma antecedência em relação ao termo, pois, nas suas imediações, o credor se preserva dos
inconvenientes da espera infrutífera e da atrelagem a vínculo de antemão inútil” Cf. ASSIS, Araken de.
Resolução do contrato por inadimplemento. 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 107.
31
Em defesa da adaptabilidade do instituto ao nosso direito, sustenta Fortunato Azulay: “Parece
evidente, num confronto preliminar entre a doutrina do repúdio antecipado do contrato, como causa
e motivo determinante de sua resolução, e os dispositivos legais que regem a inexecução contratual
no direito brasileiro, que não há nenhum impedimento de sua aplicação entre nós (...) O direito das
obrigações, por ser a parte do direito privado que mais se presta à uniformidade, é também aquela que
regula as problemáticas do crédito – mola mestra dos principais contratos bilaterais. Por isso, a lei dos
contratos entre os vários povos da mesma corrente evolutiva (sic) não pode deixar de sofrer influência
recíproca. Não se trata de atingir uma uniformidade técnica, dada a própria diversidade de tradições
e situações econômico-jurídicas nacionais, mas uma inclinação para soluções análogas, decorrente da
limitação universal à liberdade de contratar e da necessidade de estreitar os laços de solidariedade entre
os homens e as instituições (...)”. AZULAY, op. cit., p. 111-112.
32
SILVA, op. cit., p. 263.
33
Ibid., p. 263-264.
34
La risoluzione del contratto der inadempimento. Napoli: Eugenio Jovene, 1950. p. 35.
35
Op. cit., p. 126-127.
36
MOSCO, op. cit., p. 37.
37
Ibid., p. 36
38
AGUIAR JR., op. cit., p. 126-127.
39
MARTINS, op. cit., p. 166.
40
AGUIAR JR., op. cit., p. 127.
41
Nas palavras do Ministro Ruy Rosado, op. cit., p. 132, “interesse é uma relação posta entre o sujeito credor
e a prestação prometida, servindo esta a suprir necessidade ou carência, daí dizer-se que o credor está
interessado na prestação do devedor. A prestação que desatender a esse interesse, porque já não tem
mais capacidade de suprir a necessidade do sujeito credor, é uma prestação inútil. É preciso, portanto,
estabelecer em que consiste este interesse a que a prestação está ligada. Certamente, é o interesse que
decorre do próprio sinalagma, onde existem prestações correspectivas em equivalência, podendo ser
objetivamente estabelecido qual o interesse que a prestação prometida iria satisfazer, de acordo com a
sua natureza e a experiência comum”.
42
Ibid., p. 130-132. O autor faz referência ao artigo 25 da Convenção de Viena (1980): “Uma violação do
contrato cometida por uma das partes é fundamental, quando causa à outra parte um prejuízo tal que
a prive substancialmente naquilo que lhe era legítimo esperar do contrato, salvo se a parte faltosa não
previu esse resultado e se uma pessoa razoável, com idêntica qualificação e colocada na mesma situação,
não tivesse igualmente previsto”.
43
Ibid., p. 134.
44
Ibid., p. 144.
45
Exceções substanciais: exceção de contrato não cumprido. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1959. p. 293.
46
Ibid., p. 294.
47
TJRS, 1ª Câmara Cível, apelação cível nº 582000378, j.8.2.83, Rel. Des. Athos Gusmão Carneiro, RJTJRS
49
O inadimplemento antecipado foi ainda referido na fundamentação do seguinte acórdão do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo: “COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. RESCISÃO. DEVOLUÇÃO DO VALOR
PAGO. RETENÇÃO PELO VENDEDOR DE VALOR PARA RESSARCIMENTO DE DESPESAS ADMINISTRATIVAS
E CORRELATAS. Rescisão de compromisso de compra e venda cumulada com devolução total do valor
pago proposto pelo promissário-comprador, alegando desemprego. Promitente-vendedora reitera a
manutenção do contrato. A rescisão contratual já está configurada pelo descumprimento do comprador”
(TJ-SP, apelação cível nº 141.647-4/6-00, 4ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Natan Zelinschi de Arruda,
j.26.6.2003). Passa-se a transcrever um trecho da fundamentação do mesmo acórdão: “(...) a discussão
se restringe sobre se pode o comprador inadimplente pleitear a resolução do contrato e a devolução
das prestações pagas, alegando dificuldades financeiras; contudo, a resposta é não, ante o disposto
no artigo 1092 do Código Civil (...). Se prevalecesse a tese acima, com rescisão de contrato de forma
unilateral, causaria profundo abalo nas relações comerciais, além do que a cláusula décima quarta prevê
que o contrato é irretratável, de acordo com o artigo 25 da Lei nº 6766/1979 (...). Não há dúvida de que
o inadimplemento se deu em razão de fato imputável ao devedor comprador, não se aplicando ao caso
a teoria da imprevisão, pois nada de anormal ficou demonstrado. Entretanto, no campo das relações de
consumo, o comprador está mais sujeito às variadas seduções das técnicas de venda, mas a imputação
de mera culpa ao contratar é a que se destaca, uma vez que a razão de empecilhos econômicos para
interromper o pagamento não está corroborada com malícia ou má-fé. Contudo, a culpa é suficiente
para deixar o devedor, ora apelado, em situação de responsabilidade, pois o caso caracteriza situação de
inadimplemento antecipado do contrato, o que inclusive é aceito pela doutrina (...). O contrato, em sua
essência, já está rescindido, faltando, apenas, a declaração judicial, pois houve a manifestação formal
do autor de descumprimento contratual, mesmo porque existe cláusula resolutiva expressa por falta de
pagamento (...).”(g. n.).
50
Na definição de Serpa Lopes, op. cit., p. 16, “a característica da exceção consiste em aduzir contra o
direito, do qual surge a ação e cuja abstrata existência não se impugna, um direito do réu; enquanto as
outras formas de oposição se limitam a excluir de fato o direito do autor. Por conseguinte, arguindo uma
exceção, o demandado opõe à pretensão do autor um direito seu, ao passo que, em havendo defesa,
se procura excluir o direito pretendido pelo autor. Assim, a defesa não se funda sobre um direito por si
mesmo, enquanto a exceção se funda num direito próprio e independente”.
51
Como decidiu a 4ª turma do STJ no julgamento do Recurso Especial nº 76.362-0-MT, Rel. Min. Ruy
Rosado, j.1º.04.1996, EJSTJ 6 (15) 77, em hipótese na qual o segurado somente inadimpliu a última parcela
do prêmio, não cabe à seguradora dar por extinto o contrato e negar a cobertura do sinistro, visto que
“a resolução do contrato deve ser requerida em juízo, quando será possível avaliar a importância do
inadimplemento, suficiente para a extinção do negócio”.
52
SCHREIBER, op. cit., p. 22-23.
53
Op. cit., p. 107.
54
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 175. A
jurisprudência, nesses casos, tem exigido a efetiva prova da má-fé do credor na cobrança antecipada, a
exemplo do que se faz com a cobrança de dívida já paga, agora contemplada no art. 940 do Código Civil
(STJ, 4ª t., REsp 466.338, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, j.4.11.2003).
55
Op. cit., p. 107.
56
THEODORO JÚNIOR, Humberto. A reforma da execução do título extrajudicial; Lei nº 11.382, de 06
de dezembro de 2006. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 14-15. Redação primitiva: “art. 580 Verificado
o inadimplemento do devedor, cabe ao credor promover a execução. Parágrafo único. Considera-se
inadimplente o devedor que não satisfaz espontaneamente o direito reconhecido pela sentença, ou a
obrigação, a que a lei atribuir a eficácia de título executivo”. Redação atual: “art. 580 A execução pode
ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em
título executivo”.
57
Idem.
Araken de Assis invoca ainda o art. 618, III do CPC, que comina de nulidade
a execução instaurada antes do implemento do termo. No entanto, este suposto
obstáculo de ordem formal igualmente não pode subsistir em face das hipóteses
de inadimplemento antecipado, em homenagem aos princípios da solidariedade
social e da justiça distributiva, erigidos em objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil, na forma do art. 3º, I da Constituição Federal.
Art. 477 Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes
contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer
ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra
recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a
que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
58
SCHREIBER, op. cit., p. 12-13.
59
TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloísa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin. Código Civil interpretado
segundo a Constituição da República. vol. II. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 129.
60
SCHREIBER, op. cit., p. 13.
61
Idem.
No nosso sistema, porém, não se pode dizer que o direito da parte não
inadimplente de pedir a resolução seja subsidiário. O nosso instituto
gira sobre dois eixos: de um lado, admite-se amplamente a resolução
dos contratos bilaterais por incumprimento da prestação, com
culpa ou, em alguns casos, até sem culpa do devedor, o que facilita
a incidência do instituto; mas, de outro lado, impõe-se à resolução
legal a formalidade do processo judicial, o que é um expediente a
dificultar a sua utilização. O balanceamento dessas regras enseja a
configuração de um sistema harmônico, do qual não se pode dizer
seja a resolução expediente excepcional e subsidiário, pois a opção
do credor não sofre restrições de monta, que levam a induzir a
existência de uma subsidiariedade na opção resolutiva; ao mesmo
tempo, a exigência de sentença judicial permite adequado controle
na escolha efetuada pelo credor em utilizar-se da via resolutiva,
onde joga importante papel (até hoje inaplicado, em nosso meio,
convenientemente) o princípio da boa-fé e suas derivações, com o
fim de cercear o uso incorreto do direito de extinção.
62
Código Civil Brasileiro Interpretado. vol. XV. 7ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1964. p. 242.
63
Op. cit., p. 50-51.
64
L´eccezione d´inadempimento. Milano: Giuffrè, 1955. p. 112. Porém, esclarece o autor, idem, que,
Embora a norma do art. 477 forneça, em diversos casos, remédio eficaz para
a tutela do interesse do contratante obrigado a prestar em primeiro lugar, isso nem
sempre ocorrerá, especialmente nos casos em que o inadimplemento antecipado
resulta da conduta do devedor, que declara, expressamente ou mesmo tacitamente,
que não irá cumprir sua prestação.
Neste último caso, a simples retenção da prestação mostra-se inócua,
mostrando-se mais eficaz o recurso à execução específica da obrigação, ou, caso
esta se mostre impossível, à resolução do contrato.
O primeiro efeito do inadimplemento antecipado é o dever de indenizar os
danos causados, devendo-se, com base na figura dos danos emergentes e lucros
cessantes, “verificar qual o valor do benefício que a parte prejudicada teria com
o cumprimento da obrigação e, deste valor, deduzir os eventuais custos e gastos
que ela incorreria (por exemplo, com o pagamento da outra parte, com custos
operacionais etc.)”. 65
Além disso, confere-se ao credor a possibilidade de resolução do contrato,
conforme o artigo 475 do Código Civil, podendo o interessado, ainda, optar pela
execução específica da obrigação, na forma dos artigos 461 e 461-A do Código de
Processo Civil e dos artigos 249 a 251 do Código Civil. 66
Conforme a atual sistemática das obrigações de fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação, ou, se procedente o pedido, determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. Entre tais medidas,
poderão ocorrer a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão,
remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade
nociva, se necessário, com requisição de força policial (CPC, art. 461, § 5º).
Trata-se, na superação do dogma da intangibilidade da vontade humana,
de medidas substitutivas (atividades) capazes de, prescindindo da vontade do
obrigado, produzir a mesma situação física final (resultado) que ao credor era lícito
esperar deste. 67
contrariamente à resolução, quando se trata da aplicação do princípio inadimplenti non est adimplendum,
nenhum prejuízo resulta de um sucessivo adimplemento do contrato ou da sua resolução. Em se tratando
de um remédio puramente temporário, basta a simples declaração de não querer adimplir para legitimar
o inadimplemento da outra parte.
65
MARTINS, op. cit., p. 181.
66
Anelise Becker considera que “a regra da antecipated breach of contract só não é aplicável onde a
indenização por perdas e danos não é remédio adequado para a violação, i.e. onde o contrato mostra-
se próprio para uma execução específica ou onde o que foi realizado e a parte faltante são em grande
medida interdependentes. Isto ocorre quando a prestação a cargo do devedor já foi iniciada e se encontra
de tal modo completa que seria impraticável estimar os danos por ele sofridos; ou quando terminar os
trabalhos diminuiria os danos do proprietário da obra ou, pelo menos, não os agravaria. Em tais hipóteses,
a parte, não obstante a recusa da outra, deve continuar e completar a sua prestação”. BECKER, op. cit., p.
74. Em face da atual sistemática da execução específica das obrigações de fazer e de dar, porém, não se
visualiza qualquer antagonismo em relação ao instituto do inadimplemento antecipado.
67
DINAMARCO, Cândido Rangel. A reforma do Código de Processo Civil. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 1996.
p. 152-153. Baseia-se o celebrado processualista na “distinção entre o resultado que constitui objeto das
obrigações de fazer ou não fazer e as atividades mediante as quais esse resultado pode ser obtido”.
68
MARTINS, op. cit., p. 186.
69
Idem.
70
Idem.
71
Acerca das astreintes, instituto criado pelos tribunais franceses e positivado pela primeira vez naquele
país através da Lei de 5 de julho de 1972, ensina Mário Júlio de Almeida Costa que “trata-se de uma figura
intermédia entre a prevenção e a repressão, talvez com alguma prevalência do primeiro aspecto (...).
Sintetizando, constituem expedientes meramente compulsivos e não executivos, cominatórios, enquanto
tendem a intimidar o devedor através da simples ameaça de uma condenação, e indeterminados, na medida
em que a expressão concreta da providência se apresentará maior ou menor, consoante a atitude do
obrigado”. Cf. COSTA, Mário Júlio de Almeida. Direito das obrigações. 6ª ed. Coimbra: Almedina, 1994, p. 932.
72
Da boa-fé no Direito Civil. Coimbra: Almedina, 1997. p. 1234. E prossegue (Idem, p. 1250): “Nas suas
manifestações subjectiva e objectiva, a boa fé está ligada à confiança: a primeira dá, desta, o momento
essencial; a segunda confere-lhe a base juspositiva necessária quando, para tanto, falte uma disposição
legal específica. Ambas, por fim, carreiam as razões sistemáticas que se realizam na confiança e justificam,
explicando, a sua dignidade jurídica e cuja projecção transcende o campo civil”.
73
Metodologia da ciência do direito. Tradução de José Lamego. 2ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkiam, p. 515.
74
Pensamento sistemático e conceito de sistema na ciência do direito. Tradução de Antonio Menezes
Cordeiro. Lisboa: Calouste Gulbenkiam, 1989, p. 79. Para Judith Martins-Costa, “Como um bem cultural
que é, dotado de existência necessária à ordem jurídico-social, a confiança é dotada do caráter de
realizabilidade típico dos fenômenos culturais. Isso significa dizer que, em cada Ordenamento, a confiança
encontra particular e concreta eficácia jurídica como fundamento de um conjunto de princípios e regras
que permitem, de um lado, a observância do pactuado, conforme as circunstâncias da pactuação, e, de
outro, a coibição da deslealdade (em sentido amplo), nesta hipótese possuindo eficácia limitadora do
exercício de direitos subjetivos e formativos”. MARTINS-COSTA, op. cit., p. 29.
75
FRADA, Manuel António de Castro Portugal Carneiro da. Teoria da confiança e responsabilidade civil.
Coimbra: Almedina, 2004, p. 62. Para o mesmo autor, op. cit., p. 91, o princípio da confiança envolve toda
uma teoria jurídica, ou seja, “um conjunto articulado de enunciados através dos quais se persegue uma
ordenação dogmática de certas situações jurídicas, se procura explicitar o conteúdo de justiça material
que lhe é subjacente e se proporciona um enquadramento de solução para outras situações, nisto se
materializando a sua dimensão heurística”.
Ensina Luiz Edson Fachin que a confiança pode se revelar num duplo aspecto: “A revalorização da
confiança como valor preferencialmente tutelável no trânsito jurídico corresponde a uma alavanca
para repensar o Direito Civil brasileiro contemporâneo e suas categorias fundamentais. Expressando
o abrigo jurídico de intenções e negociações tendentes à formação de um contrato, a confiança pode
mostrar-se numa configuração jurídica de dupla possibilidade. De um lado, a conclusão de contrato por
comportamento concludente, cujo rompimento unilateral afeta o interesse contratual positivo ou de
adimplemento mediante a quebra de dever jurídico.
De outra parte, ainda mais importante, a violação da confiança pode atingir o interesse negativo ou da
boa-fé, gerando em ambas as hipóteses efeitos jurídicos, especialmente indenização, compreendendo
danos emergentes e lucros cessantes” Cf. FACHIN, Luiz Edson. O “aggiornamento” do direito civil
brasileiro e a confiança negocial. In:____ (Coord.). Repensando fundamentos do Direito Civil brasileiro
contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 1998. p. 116.
76
BORDA, Alejandro. La teoria de los actos propios. 3ª ed. Buenos Aires: Abeledo Perrot, 2000.p. 55.
77
Acerca do denominado investimento de confiança, discorre Raphael Manhães Martins: “(...) é importante
que, quem quebra a confiança que lhe foi depositada por outra, deve restabelecer a ordem anterior,
responsabilizando-se pelo ressarcimento dos prejuízos causados. E, a contrario sensu, aquele que investe
seus bens materiais, em determinada relação jurídica, que é quebrada pelo comportamento contraditório
da outra parte da relação, tem o direito de ser ressarcido, mesmo como uma forma de restabelecer o status
quo ante. Neste sentido, o que pode parecer um termo vago, como é o caso de ‘investimento de confiança’,
ganha um caráter bastante objetivo e aferível. Se, do ponto dogmático, o ‘investimento de confiança’ é a
opção inconsciente daquele que confia em não se resguardar de todas as possíveis condutas que possam
ser contraditórias à conduta inicial de outrem, equivalendo ao sujeito que ‘abaixa suas guardas’, por outro
lado, ela representa um elemento concreto e objetivo da relação. Assim, a proteção do ‘investimento da
confiança’ vem a ser, justamente, a busca deste equilíbrio material que existia antes do comportamento, de
quem abusou da confiança de outrem”. MARTINS, op. cit., p. 176-177.
78
Op. cit., p. 128.
79
FRADA, op. cit., p. 664: “Resulta nessa medida de uma confiança que foi depositada. Coerentemente,
a indemnização visará agora colocar o sujeito na posição que ele teria se não tivesse contratado
(rectius, se não tivesse chegado a acreditar no cumprimento da obrigação convencionada)”. O autor
utiliza a expressão dano de confiança, sustentando a emancipação de tal figura, ligada à proteção das
expectativas, em relação aos deveres contratualmente fundados”; na sua visão, tratar-se-ia de um tertium
genus, distinto da responsabilidade contratual ou delitual.
80
Op. cit., p. 668.
81
Ensina Menezes Cordeiro, op. cit., p. 605: “os deveres acessórios de esclarecimento obrigam as partes
a, na vigência do contrato que as une, informarem-se mutuamente de todos os aspectos atinentes ao
vínculo, de ocorrências que, com ele, tenham certa relação, e, ainda, de todos os efeitos que, da execução
contratual, possam advir”.
82
Acerca do tema, é obrigatória a leitura da obra de Franz Wiacker, El principio general de la buena fe:” A
aplicação judicial do Direito é, como toda interpretação, realização de valor, isto é, uma eleição entre
várias valorações possíveis até cujos princípios aquela se orienta”. WIACKER, Franz. El principio general de
la buena fe. 2ª ed. Tradução de José Luis Carro. Madrid: Civitas, 1986, p. 39.
83
Raphael Manhães Martins procura distinguir as hipóteses de inadimplemento antecipado com
fundamento na violação da boa-fé objetiva e da confiança: “(...) estar-se-á diante de uma violação ao
princípio da boa-fé objetiva, quando o devedor violar algum dos deveres impostos pelo princípio,
como ocorre: i) quando o obrigado coloca-se em posição de impossibilidade de adimplir com a
prestação; ii) quando o devedor recusa tacitamente a realizar o cumprimento da obrigação. Por outro
lado, há uma violação do dever de confiança que permeia a relação jurídica quando o devedor: iii)
recusa, expressamente, cumprir a obrigação que lhe é imposta” Cf. MARTINS, op. cit., p. 177. Embora
reconhecendo o labor do autor, discordamos da classificação acima, visto que, nas hipóteses apontadas,
não se pode vislumbrar uma aplicação isolada da boa-fé objetiva ou da confiança.
84
Um princípio complementa o outro, a partir da sua combinação mútua, como observa CANARIS, op. cit.,
Isso justifica a adoção do instituto em nosso direito, ainda que inexista uma
disposição legal específica a permitir ao credor considerar resolvido o contrato
antes do seu termo final. O fundamento constitucional do vencimento antecipado
pode ser encontrado tanto no art. 1º, III (que prevê a dignidade da pessoa humana
como fundamento da República) como no art. 3º, I (que coloca entre os objetivos
fundamentais da República a construção de uma sociedade livre, justa e solidária),
ambos da Constituição da República.
p. 95-96: “A combinação mútua dos princípios conduz, no entanto, a certas dificuldades na formação do
sistema. Designadamente, surgem aspectos diferenciados, consoante se descrevam os diversos lugares
onde um princípio de Direito tem significado jurídico ou se elabore como actua ele num determinado
local. É certo, por exemplo, que o facto de os princípios da imputação do risco e da protecção do tráfego
não actuarem apenas no quadro da doutrina do negócio jurídico, mas também no enriquecimento
sem causa e na responsabilidade civil, constitui uma característica sistemática do Direito vigente. Mas
é igualmente próprio do sistema que eles tenham conduzido, no âmbito negocial, ao princípio da
interpretação objectiva, no enriquecimento sem causa, à conhecida proibição de ingerência em relações
tripartidas e na responsabilidade civil, à objectivação da bitola da negligência. Só os dois aspectos levam,
de algum modo, à representação plena do sistema, sem que se possam sempre reflectir ou até formular
simultaneamente. Eles actuam pois, complementarmente um perante o outro, para utilizar um termo que é
também empregue no domínio da teorização das Ciências naturais” (g. n.).
85
MARTINS-COSTA, Judith. A boa-fé no direito privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 384.
86
Op. cit., p. 1241 e 1250. Anderson Schreiber igualmente reconhece que a noção de confiança transcende o
âmbito de boa-fé, refletindo-se sobre todo o direito civil, e sobre o direito de uma forma geral, visto que “ao
impor sobre todos um dever de não se comportar de forma lesiva aos interesses e expectativas legítimas
despertadas no outro, a tutela da confiança revela-se, em um plano axiológico-normativo, não apenas como
principal integrante do conteúdo da boa-fé objetiva, mas também como forte expressão da solidariedade
social, e importante instrumento de reação ao voluntarismo e liberalismo ainda amalgamados ao direito
privado como um todo”. SCHREIBER, Anderson. A proibição de comportamento contraditório; tutela da
confiança e venire contra factum proprium. Rio de Janeiro: Renovar, 2005. p. 86 e 89-90.
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