Rev 78
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EXTERIOR
REVISTA DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
3ª REGIÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.1-692, jul./dez.2008
CONSELHO EDITORIAL
Desembargador PAULO ROBERTO SIFUENTES COSTA - Presidente do TRT
Desembargador LUIZ OTÁVIO LINHARES RENAULT - Diretor da Escola Judicial
Juíza ADRIANA GOULART DE SENA - Coordenadora da Revista
Desembargador EMERSON JOSÉ ALVES LAGE - Coordenador da Revista
Juíza MARIA CRISTINA DINIZ CAIXETA - Coordenadora da Revista
Juiz ANTÔNIO GOMES DE VASCONCELOS
Juíza FLÁVIA CRISTINA ROSSI DUTRA
Desembargador JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA
Desembargador MÁRCIO TÚLIO VIANA
Juíza MARTHA HALFELD FURTADO DE MENDONÇA SCHMIDT
Ministro MAURICIO GODINHO DELGADO
DEPARTAMENTO DA REVISTA:
Ronaldo da Silva - Assessor da Escola Judicial
Bacharéis:
Cláudia Márcia Chein Vidigal
Isabela Márcia de Alcântara Fabiano
Jésus Antônio de Vasconcelos
Maria Regina Alves Fonseca
Editoração de texto - Normalização e diagramação:
Patrícia Côrtes Araújo
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 7
3. DOUTRINAS
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.5-6, jul./dez.2008
6
5. JURISPRUDÊNCIA
7. O R I E N TA Ç Õ E S J U R I S P R U D E N C I A I S D A S 1 ª E 2 ª S E Ç Õ E S
ESPECIALIZADAS DE DISSÍDIOS INDIVIDUAIS E SÚMULAS DO
TRT DA 3ª REGIÃO .................................................................................... 657
9. ÍNDICE DE JURISPRUDÊNCIA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.5-6, jul./dez.2008
7
APRESENTAÇÃO
Boa leitura!
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.7-7, jul./dez.2008
9
BIÊNIO: 2008/2009
PRIMEIRA TURMA
Desembargadora Maria Laura Franco Lima de Faria - Presidente da Turma
Desembargador Manuel Cândido Rodrigues
Desembargador Marcus Moura Ferreira
SEGUNDA TURMA
Desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira - Presidente da Turma
Desembargador Luiz Ronan Neves Koury
Desembargador Jales Valadão Cardoso
TERCEIRA TURMA
Desembargador César Pereira da Silva Machado Júnior - Presidente da Turma
Desembargador Bolívar Viégas Peixoto
Desembargador Irapuan de Oliveira Teixeira Lyra
QUARTA TURMA
Desembargador Júlio Bernardo do Carmo - Presidente da Turma
Desembargador Antônio Álvares da Silva
Desembargador Luiz Otávio Linhares Renault
QUINTA TURMA
Desembargadora Lucilde D’Ajuda Lyra de Almeida - Presidente da Turma
Desembargador José Murilo de Morais
Desembargador José Roberto Freire Pimenta
SEXTA TURMA
Desembargador Anemar Pereira Amaral - Presidente da Turma
Desembargador Jorge Berg de Mendonça
Desembargador Emerson José Alves Lage
SÉTIMA TURMA
Desembargador Paulo Roberto de Castro - Presidente da Turma
Desembargadora Alice Monteiro de Barros
Desembargadora Maria Perpétua Capanema Ferreira de Melo
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10
OITAVA TURMA
Desembargador Márcio Ribeiro do Valle - Presidente da Turma
Desembargadora Denise Alves Horta
Desembargadora Cleube de Freitas Pereira
NONA TURMA
Desembargadora Emília Facchini - Presidente da Turma
Desembargador Antônio Fernando Guimarães
Desembargador Ricardo Antônio Mohallem
DÉCIMA TURMA
Desembargador Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello - Presidente da Turma
Desembargadora Deoclecia Amorelli Dias
Desembargador Márcio Flávio Salem Vidigal
ÓRGÃO ESPECIAL
Desembargador Paulo Roberto Sifuentes Costa (Presidente)
Desembargador Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello (Vice-Presidente Judicial)
Desembargadora Maria Lúcia Cardoso de Magalhães (Vice-Presidente Administrativo)
Desembargador Eduardo Augusto Lobato (Corregedor)
Desembargador Antônio Álvares da Silva
Desembargadora Alice Monteiro de Barros
Desembargador Márcio Ribeiro do Valle
Desembargadora Deoclecia Amorelli Dias
Desembargadora Maria Laura Franco Lima de Faria
Desembargador Manuel Cândido Rodrigues
Desembargador Luiz Otávio Linhares Renault
Desembargadora Emília Facchini
Desembargadora Cleube de Freitas Pereira
Desembargadora Lucilde D’Ajuda Lyra de Almeida
Desembargador José Roberto Freire Pimenta
Desembargador Anemar Pereira Amaral
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11
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12
VARAS DO TRABALHO
TRT/ 3ª REGIÃO
MINAS GERAIS
CAPITAL
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13
INTERIOR
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14
Vara de Diamantina
1ª Vara de Divinópolis Sueli Teixeira
2ª Vara de Divinópolis Simone Miranda Parreiras
Vara de Formiga Graça Maria Borges de Freitas
1ª Vara de Governador Valadares Luciana Nascimento dos Santos
2ª Vara de Governador Valadares Hudson Teixeira Pinto
3ª Vara de Governador Valadares Flávia Cristina Rossi Dutra
Vara de Guanhães
Vara de Guaxupé Jairo Vianna Ramos
Vara de Itabira Paulo Gustavo de Amarante Merçon
Vara de Itajubá Gigli Cattabriga Júnior
Vara de Itaúna Orlando Tadeu de Alcântara
Vara de Ituiutaba
Posto Avançado de Iturama
Vara de Januária Anselmo José Alves
1ª Vara de João Monlevade Márcio José Zebende
2ª Vara de João Monlevade Newton Gomes Godinho
1ª Vara de Juiz de Fora José Nilton Ferreira Pandelot
2ª Vara de Juiz de Fora Vander Zambeli Vale
3ª Vara de Juiz de Fora Martha Halfeld Furtado de Mendonça Schmidt
4ª Vara de Juiz de Fora Léverson Bastos Dutra
5ª Vara de Juiz de Fora Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim
Vara de Lavras Fernando Sollero Caiaffa
Vara de Manhuaçu Jacqueline Prado Casagrande
Vara de Matozinhos Luís Felipe Lopes Boson
Vara de Monte Azul Maria Raimunda de Moraes
1ª Vara de Montes Claros Cristina Adelaide Custódio
2ª Vara de Montes Claros Gastão Fabiano Piazza Júnior
3ª Vara de Montes Claros João Lúcio da Silva
Vara de Muriaé Marcelo Paes Menezes
Vara de Nanuque Paula Borlido Haddad
Vara de Nova Lima Lucas Vanucci Lins
Vara de Ouro Preto Luciana Alves Viotti
Vara de Pará de Minas Weber Leite de Magalhães Pinto Filho
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revista está boa, mas cuidem de fazer uma revista que fique de pé na estante.”
Na verdade, não havia como deixar de reconhecer que o volumoso caderno não
conseguia ficar de pé. Garanti-lhe, então, que o próximo número teria a forma de
livro, que, acrescentei, haveria de honrar o Tribunal.
A partir daí, a revista ganhou novos bons colaboradores: Sérgio de
Magalhães Drummond, Maria Beatriz de Magalhães Drummond, Paulo Márcio
Aleixo Ângelo, Otávio José Maldonado, J. Magalhães Drummond Neto e Ari Pimenta
Portilho. Paulo Márcio Aleixo Ângelo é magistrado da Justiça mineira. E Otávio
José Maldonado é juiz do TRT de Goiás.
E foi assim que surgiu, com a aprovação dos juízes, dos advogados e dos
membros do Ministério Público, a Revista do TRT da 3ª Região, que tem história,
completando, neste ano de 2008, quarenta e três anos de profícua existência.
Registre-se que ela nada custou e persistiu por algum tempo nada custando aos
cofres públicos.
Fiquei à testa da Revista do TRT da 3ª Região até o mês de abril de 1967,
quando fui empossado no cargo de Juiz Federal. Saí, levando da Casa e dos
colegas gratas recordações. É com saudade que me lembro daqueles bons
tempos, em que éramos jovens e pensávamos que poderíamos salvar o mundo.
A revista foi em frente, sob a criteriosa direção do Dr. Manoel Mendes de Freitas.
O Tribunal compreendeu a sua importância, na divulgação de sua jurisprudência
e da doutrina trabalhista. Ela se tornou órgão oficial da Justiça do Trabalho da 3ª
Região, passando a ser dirigida por ilustres juízes. Hoje, a sua direção é exercida,
com proficiência e lustre, pelo eminente Juiz Luiz Otávio Linhares Renault, notável
magistrado, garantia de que a Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região continuará a sua luminosa trajetória entre as melhores revistas jurídicas
do Brasil, para gáudio de todos quantos lidam com o Direito do Trabalho.
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obstáculos e a Revista finalmente saiu. E depois que saiu a número 1, que saiu
como número 1 e 2, tornou-se mais fácil. Sempre o primeiro passo, como disse
o astronauta, é sempre o mais difícil. Posteriormente houve um caso curioso,
apenas para dizer das dificuldades da época. O Carlos Velloso já tinha saído. Eu
era assessor administrativo também, os juízes substitutos queixavam-se de que
não recebiam diárias. Foi-me pedido. Eu fiz um parecer, uma proposição, que foi
levada ao Tribunal. Naquela época ele atuava sempre em composição plenária
e um juiz chegou a dizer que ele então iria ser juiz substituto, porque ele estaria
ganhando mais que como juiz do Tribunal. Foi uma notícia terrível para nós, que
julgávamos muito importante a criação das diárias. Eu tive então uma ideia. Eu
pedi a um juiz que era favorável que elaborasse uma emenda propondo a criação
das diárias num valor ínfimo, praticamente simbólico, quase mais ou menos dez
reais por dia, ao câmbio de hoje. E com essa fórmula nós conseguimos que
fossem aprovadas as diárias. A segunda parte era a atualização do valor delas.
Então vencemos mais este obstáculo. E eu não me lembro, mas a 3ª Região
também ficou à frente, nesse ponto, da maioria das regiões. Lembro-me,
finalmente, de outra matéria em que também a 3ª Região se distinguiu: havia nas
secretarias das Juntas um cofre. Ali eram depositadas as importâncias em
dinheiro recebidas dos executados. Em pouco tempo, começaram a surgir
problemas e, um dia, um advogado muito rigoroso foi receber a importância que
fora depositada em favor de seu cliente, que era o exequente, e não havia no
cofre a importância necessária. Não vou entrar em detalhes porque o momento
não é adequado. Mas daí me veio a ideia de propor a criação de um posto da
Caixa Econômica Federal no prédio do Tribunal para receber as condenações,
de modo tal que ninguém mais pudesse manusear dinheiro do trabalhador que
fosse recebido em cumprimento a uma decisão em execução. E por incrível que
pareça, houve relutância da Caixa em aceitar a nossa proposta. Eu, que nunca fui
banqueiro, disse ao representante da Caixa, ao representante regional: Eu acho
que será uma das melhores agências, se assim se pode dizer; seria um mero
posto da Caixa, mas certamente ficariam grandes importâncias em depósito
aguardando o destinatário, quase sempre integrante da denominada mão-de-
obra rotativa.
São algumas reminiscências e curiosidades da minha época. Eu não
gostaria de deixar de realçar, porém, a importância de Carlos Mário Velloso para
a criação da Revista, para a criação da Assessoria que até hoje desponta como
uma das melhores da região. E quanto à Revista, eu me orgulho mais ainda de
pertencer à 3ª Região - porque eu ainda, sentimentalmente, não consigo me
desligar - quando eu vejo, por exemplo, este número 76 da Revista, que é
simplesmente primoroso. Artigos de grandes juristas do Brasil, acórdãos da 3ª
Região que são famosíssimos, acórdãos, sentenças, como não poderia deixar
de ser, dos nossos eminentes juízes de primeiro grau. A propósito, eu estou com
Vossa Excelência, eminente Desembargador Renault, os eminentes juízes de
primeiro grau devem sempre merecer atenção especial, pois são eles que
enfrentam o embate maior, mais cansativo da Justiça. Eu li uma vez o livro de
memórias do Marechal Montgomery. As tropas inglesas estavam destroçadas
pelas tropas alemãs comandadas pelo Marechal Homell. Ele foi destacado para
tentar soerguer o 8º exército inglês e, então, quando voltou, fez um relatório e
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DOUTRINAS
31
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 URGÊNCIA PARA A QUESTÃO DO IDOSO
3 A DISCRIMINAÇÃO DO TRABALHADOR IDOSO
4 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS
5 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO ESTADO
6 A INSERÇÃO DOS IDOSOS NO MERCADO DE TRABALHO
7 CONCLUSÃO
1 INTRODUÇÃO
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32
1
BOMFIM, Benedito Calheiros. Estatuto do idoso. Revista Jurídica Consulex, Ano VII, n.
162, 15 de outubro/2003.
2
BRASIL terá 32 milhões de idosos em 2005. Fonte: Agência JB - 26.03.2004.
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muitas vezes criticamos, mas nada fazemos para que a mudança aconteça. Entendo
que não cabe só ao Estado dar as soluções nas questões relativas ao envelhecimento
e à velhice. Acredito que, se trabalharmos a mudança de pensamento dentro de
cada lar, daqui a alguns anos, conseguiremos mudar as visões e situações após a
vivência da fase adulta. A partir da mudança de pensamento, tenho certeza que a
velhice começará a ser vista de forma diferente, terá outra conotação.5
3
RAMOS, Paulo Roberto Barbosa. A velhice na constituição. Revista de Direito
Constitucional e Internacional: caderno de direito constitucional e ciência política. São
Paulo, n. 8, p. 201, jan./mar.2000.
4
ARRUDA, Kátia Magalhães. Direito constitucional do trabalho: sua eficácia e o impacto
do modelo liberal. São Paulo: LTr, 1998, p. 84.
5
FOGAÇA, Cristina. O envelhecer sob um novo olhar. Adicionado em 21.08.03 ao site
Artigo doutrinário. Direito do idoso.
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os direitos devem representar uma compensação pelas perdas e limitações por que
passam as pessoas ao envelhecer, em particular nos aspectos físicos e psicológicos.
Representam uma etapa que é ao mesmo tempo sociocultural e econômica. Em
momento em que ponderável grupo se torna menos produtivo e reclama atenções e
cuidados que a família, sozinha, nem sempre tem capacidade e/ou condições de
proporcionar.
6
FERNANDES, Flávio da Silva. As pessoas idosas na legislação brasileira. Direito e
Gerontologia. São Paulo: LTr, 1997.
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35
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36
7
RAMOS, Paulo Roberto Barbosa. O direito à velhice: análise de sua proteção constitucional
(Tese de doutorado - PUC São Paulo 2001), p. 23.
8
BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994, p. 256.
9
LINDOSO, Mônica Bezerra de Araújo. A discriminação do idoso no acesso e manutenção
do emprego. Rev. TRT - 16ª Reg. - São Luís, v. 11, n. 1, p. 127/8, jan./dez.2001.
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37
10
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Proteção constitucional dos interesses trabalhistas: difusos,
coletivos e individuais homogêneos. São Paulo: LTr, 2001. p. 170.
11
SANTOS, Silvana Sidney Costa. Programa de preparação para a aposentadoria - PPA:
compromisso da empresa com o funcionário. Disponível em http://www.uol.com.br/cultvox/
novos_artigos/aposentadoria.pdf.
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(re)inserção dos empregados com mais de quarenta e cinco anos. Dentro das
propostas apresentadas aos países estão os sistemas de prestações sociais
que fomentam ativamente a capacidade dos trabalhadores parados,
principalmente aqueles com maiores dificuldades de arranjar emprego.12
Urge, portanto, que as empresas e não só o Governo e a sociedade se
empenhem na busca de programas viáveis de inclusão dos idosos no setor
produtivo.
desde a década de 1960, várias empresas passaram a ter uma postura ativa na
comunidade, voltando-se para a área social, ou, então, abstendo-se de realizar
atividades nocivas à comunidade em que está sediada.
12
PETRONI, Emma. O grupo PPE e a valorização da terceira idade no século XXI. Janeiro/
1999. Disponível em http://epp-ed.europart.eu.int/Activities/pinfo/info39_pt.asp.
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Há muitos direitos sociais que têm que ser propiciados pelo Poder Público
como o art. 34, que assegura aos idosos, a partir dos 65 anos, e que não possuam
meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, o
benefício mensal de um salário mínimo nos termos da Lei Orgânica da Assistência
Social (LOAS), uma vez que esse benefício representará a solução imediata para
as dificuldades financeiras enfrentadas pelos idosos.
Contudo, há outros que dependem da atuação das empresas como o art.
23 que assegura a participação dos idosos em atividades culturais e de lazer
mediante descontos de no mínimo 50% nos ingressos para eventos artísticos,
culturais e esportivos.14
13
TOMACEVISIUS FILHO, Eduardo. A função social da empresa. In Doutrina Jurídica
Brasileira. Editora Plenum.
14
BERALDO, Leonardo de Faria. Sobre o estatuto do idoso. Revista Del Rey Jurídica.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.31-43, jul./dez.2008
40
15
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.31-43, jul./dez.2008
41
Artigo 6º - 1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada
equitativa e publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial,
estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos e
obrigações de caráter civil, quer sobre o fundamento de qualquer acusação em
matéria penal dirigida contra ela. [...] (grifo nosso).
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.31-43, jul./dez.2008
42
16
TURCATO, Sandra. Idosos levam qualificação ao mercado. Revista ANAMATRA, 1º
Semestre de 2008, p. 45.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.31-43, jul./dez.2008
43
7 CONCLUSÃO
17
BRAGA, Pérola Melissa Viana. Os cuidados com os idosos na cultura norte-americana.
Adicionado em 10.06.2003 ao site Direito do idoso.
18
CAIXETA, Maria Cristina Diniz. Combate à discriminação. Revista Mens Legis, Ano 2008,
p. 44-45.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.31-43, jul./dez.2008
45
1 INTRODUÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
46
5
Idem, ibidem, p. 514.
6
BONAVIDES, Paulo. Ob. cit., p. 518.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
47
7
SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos sociais. In: Dicionário brasileiro de direito constitucional.
Coord. geral DIMOULIS, Dimitri, São Paulo: Editora Saraiva, Instituto Brasileiro de Estudos
Constitucionais - IBEC, 2007, p. 132/133.
8
BONAVIDES, Paulo. Ob. cit., p. 520-521.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
48
9
Idem, ibidem, p. 522.
10
GRAU, Eros Roberto. In: A ordem econômica na Constituição de 1988. São Paulo:
Malheiros, 2007, p. 55/59, assim trata da globalização e do neoliberalismo:
11
A propósito do neoliberalismo, vide nota anterior.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
49
12
BONAVIDES, Paulo. Ob. cit., p. 525.
13
PASQUINO, Gianfranco. Revolução. In: Dicionário de política, BOBBIO, Norberto,
MATTEUCCI, Nicola, PASQUINO, Gianfranco, Brasília: LGE Editora, Editora UnB, 2004, p.
123, afirma que
14
BONAVIDES, Paulo. Ob.cit., p. 527.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
50
15
BONAVIDES, Paulo. Ob.cit., p. 528.
16
“Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.”
17
“Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
[...]
III a dignidade da pessoa humana;”
18
MASCARO, Alysson Leandro. Lições de sociologia do direito. São Paulo: Editora Quartier
Latin, 2003, p. 39:
19
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do direito e filosofia política. A justiça é possível.
São Paulo: Editora Atlas, 2003, p. 35.
20
BARCELLOS, Ana Paula de. Ob. cit., p. 29 e 30.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
51
21
Pode-se dizer que as normas de eficácia plena sejam de aplicabilidade direta, imediata e
integral sobre os interesses objeto de sua regulamentação jurídica, enquanto as normas
de eficácia limitada são de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente
incidem totalmente sobre esses interesses após uma normatividade ulterior que lhes
desenvolva a eficácia, conquanto tenham uma incidência reduzida e surtam outros efeitos
não-essenciais, ou , melhor, não dirigidos aos valores-fins da norma, mas apenas a
certos valores-meios e condicionantes, como melhor se esclarecerá depois. As normas
de eficácia contida também são de aplicabilidade direta, imediata, mas não integral, porque
sujeitas a restrições previstas ou dependentes de regulamentação que limite sua eficácia
e aplicabilidade.
(SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais. São Paulo: Malheiros,
2000, p. 83)
22
Tais direitos sociais são os de segunda dimensão, já tratados anteriormente.
23
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à
saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial. In:
Constituição e efetividade constitucional. Coord. LEITE, George Salomão e LEITE, Glauco
Salomão, Salvador: Editora Podium, 2008, p. 221/249.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
52
ao longo do século XX, em vários momentos e por várias razões, o homem não
apenas foi funcionalizado, como também imobilizado brutalmente nos altares do Estado-
nação, Estado-partido, da ideologia da segurança nacional, dentre outras variações
sobre temas semelhantes. As Constituições, nesse meio tempo, foram ignoradas ou
manipuladas em seu aspecto estritamente positivo-formal. O Estado nazista alemão,
embora não tenha sido a última dessas experiências, foi certamente a mais chocante,
tanto por estampar a barbárie em tons e formas quase inacreditáveis, como por sua
constrangedora convivência formal com a Constituição de Weimar de 1919.
Desse modo, o fim da Segunda Guerra Mundial apresentou à humanidade um prato
de difícil digestão: a banalidade e a proximidade do mal, cuja ingestão produziu
efeitos variados nas diferentes áreas do conhecimento humano. No direito em geral,
e no constitucional em particular, esses eventos representaram o ápice do processo
de superação do positivismo jurídico, que havia se tornado dominante nas primeiras
décadas do século, e o retorno à ideia de valores. Voltou-se a reconhecer,
humildemente, que o direito não surge no mundo por si só, mas relaciona-se de
forma indissociável com valores que lhe são prévios, ideais de justiça e de
humanidade que se colhem na consciência humana.
O reflexo mais visível desses efeitos nas Constituições, novas ou reformadas, foi a
introdução nos textos de cláusulas, juridicamente obrigatórias para todas e qualquer
maioria de plantão, veiculando de forma expressa a decisão política do constituinte
(i) por determinados valores fundamentais orientadores da organização política e
(ii), em maior ou menor extensão, por certos limites, formas e objetivos dirigidos à
atuação política do novo Estado, com a finalidade de promover a realização desses
valores. A política passou, assim, a estar vinculada a tais disposições constitucionais,
como já antes estivera pelos direitos de liberdade e pela separação de poderes.
24
BARCELLOS, Ana Paula de. Ob. cit., p. 25/26.
25
“Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.”
Vale citar também, a título exemplificativo, o artigo 7º da CF/88, in verbis, onde uma série
de incisos busca especificar os direitos dos trabalhadores:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
53
Ressalte-se que isso foi uma boa iniciativa do legislador constituinte originário
- embora criticada à época - já que, passados vinte anos de promulgação do Texto
Constitucional, o mesmo já foi objeto de uma série de emendas e outras tantas
tentativas, sempre com o intuito de diminuir direitos daqueles que mais precisam.
Pois, como pondera o Professor Paulo Bonavides27, globalizar direitos
fundamentais “interessa aos povos da periferia” e sobre tal globalização “não
tem jurisdição a ideologia neoliberal”.
Mas essa globalização não tem sido a prevalente...
Ana Paula de Barcellos, nesse sentido, acrescenta que, ao judicializar os
princípios, o legislador constituinte colocou a serviço de tais princípios um
instrumental existencial e outro operacional e explica ela:
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
54
enquanto as normas são aplicadas na plenitude de sua força normativa - ou, então,
são violadas - os princípios são ponderados.
A denominada ponderação de valores ou ponderação de interesses é a técnica pela
qual se procura estabelecer o peso relativo de cada um dos princípios contrapostos.
Como não existe um critério abstrato que imponha a supremacia de um sobre o
outro, deve-se, à vista do caso concreto, fazer concessões recíprocas, de modo a
29
Idem, ibidem, p. 36.
30
BARROSO, Luís Roberto. Ob. cit., p. 223.
31
Idem, ibidem, p. 226.
32
BARROSO, Luís Roberto. Ob. cit., p. 225.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
55
Qual melhor interpretação poderá ser dada pelo Poder Judiciário em tais
casos?
Necessário frisarmos que estamos tratando de direitos fundamentais
sociais - a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados - portanto, direitos essenciais para uma vida digna.
33
BARROSO, Luís Roberto. Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito constitucional
brasileiro (pós-modernidade, teoria crítica e pós-positivismo). In: Revista de Direito
Processual Geral (54). Rio de Janeiro, 2001, p. 68.
34
“Tal discussão, acerca do fenômeno econômico da limitação dos recursos disponíveis
diante das necessidades a serem supridas, tem sido identificada através da expressão
‘reserva do possível’.” In: BARCELLOS, Ana Paula de. Ob. cit., p. 258.
35
Idem, ibidem, p. 233 e seguintes.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
56
36
LOPES, José Reinaldo de Lima. Direitos sociais: teoria e prática. São Paulo: Editora
Método, 2006, p. 224.
37
SANTOS, Boaventura de Sousa. Que formação para os magistrados nos dias de hoje? In:
Revista do Ministério Público, 3º trimestre de 2000.
38
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à
saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial. Ob.
cit., p. 228.
39
Idem, ibidem, p. 241.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
57
40
Idem, ibidem, p. 233, informa que a Portaria n. 3.916/98 do Ministério da Saúde “estabelece
a Política Nacional de Medicamentos. De forma simplificada, os diferentes níveis federativos,
em colaboração, elaboram listas de medicamentos que serão adquiridos e fornecidos à
população.”
41
“Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.”
42
BARCELLOS, Ana Paula de. Ob. cit., p. 263.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
58
E, acrescenta:
43
LOPES, José Reinaldo de Lima. Ob. cit., p. 234 e 235.
44
Idem, ibidem, p. 236/237.
45
José Murilo de Carvalho coloca que a cidadania tem três dimensões, correspondentes
aos direitos civis, políticos e sociais, sendo que, no Brasil, estes últimos vieram antes dos
direitos políticos, nos anos 30-45, com a legislação protetiva do trabalho. In: CARVALHO,
José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2007, p. 110/126.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
59
46
Artigo 126 do Código de Processo Civil: “O juiz não se exime de sentenciar ou despachar
alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as
normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios
gerais de direito.”
47
BARCELLOS, Ana Paula de. Ob. cit., p. 277/333, por ela denominado “O mínimo existencial
como núcleo sindicável da dignidade da pessoa humana. Uma proposta de concretização
a partir da Constituição de 1988.”
48
MORO, Sérgio Fernando. O judiciário e os direitos sociais fundamentais. In: Curso de
especialização em direito previdenciário. Curitiba: Juruá Editora, 2006, p. 269/292.
49
Idem, ibidem, p. 277.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
60
50
MORO, Sérgio Fernando. Ob. cit., p. 291.
51
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à
saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial. Ob.
cit., p. 231 e seguintes.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
61
Sustenta o autor supra que ao Ministério Público incumbe zelar pelo efetivo
respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
constitucionalmente assegurados, a teor do disposto no inciso II do artigo 129
da Constituição Federal de 1988.
E, em relação à reserva do possível, teoria trazida do sistema alemão, a
qual, segundo ele pode ser argumentada em duas dimensões, a saber, falta de
recursos e/ou necessidade de prévia dotação orçamentária, acrescenta, in verbis:
6 CONCLUSÃO
52
ALMEIDA, Gregório Assagra de. Manual das ações constitucionais. Belo Horizonte:
Editora Del Rey, 2007, p. 58/64.
53
Artigo 126 do Código de Processo Civil: “O juiz não se exime de sentenciar ou despachar
alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as
normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios
gerais de direito.”
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
62
54
O processo coletivo - que se difundiu após a Constituição Federal de 1988, sendo de se
destacar a ação civil pública (Lei n. 7.347/85) e o Código de Defesa do Consumidor (Lei
n. 8.078/90) - tem paradigma diferente: por mais importante que seja o acesso ao Poder
Judiciário, ele, por si só, não é suficiente, pois também deve ser pleno e só o será se as
demandas chegarem a uma solução definitiva, num prazo razoável. De nada adianta
poder livremente ajuizar uma ação se dezenas de recursos, prazos, preclusões e outros
tantos institutos processuais favorecerem a procrastinação da mesma por anos a fio.
A ação popular regulamentada pela Lei n. 4.717 de 29 de junho de 1965 já garantia a
qualquer cidadão o direito de pleitear a anulação ou declaração de nulidade de atos
lesivos ao patrimônio público. Também havia a Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, que
tratava da ação civil pública. Contudo o uso de tal instrumento tornou-se mais difundido
após 1988, não só em razão da referida Constituição da República veicular normas-
princípio e normas-regra voltadas para efetivação dos direitos, mas em face das
prerrogativas conferidas ao Ministério Público (artigos 127 e 129 da CF/88), que vem
utilizando intensamente a referida ação.
Além dos sindicatos mencionados pelo Texto Constitucional, em seu artigo 8º, III, o Ministério
Público também possui legitimidade para defender em juízo direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos, por força dos artigos 127 e 129 da CF/88.
55
RAWLS, John. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
63
7 REFERÊNCIAS
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.45-63, jul./dez.2008
65
RESUMO
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2 O DESENVOLVIMENTO DA POLÍTICA EUROPEIA DE EMPREGO: UMA
SÍNTESE
3 UMA REFERÊNCIA AO “LIVRO VERDE”: MODERNIZAR O DIREITO DO
TRABALHO PARA ENFRENTAR OS DESAFIOS DO SÉCULO XXI?
4 CONCLUSÕES
* Juiz do Trabalho (2ª Região - São Paulo) e professor da Escola Paulista de Direito e da
Fundação Escola da Magistratura do Trabalho do Rio Grande do Sul, pós-graduado em
Direitos Sociais e em Sociologia e Política, mestre em Direitos Sociais e Políticas Públicas
e doutorando em Direito e em História Social pela Universidad de Castilla - La Mancha e
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
66
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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67
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
68
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
69
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
70
1
RAVEAUD, G. La stratégie européenne pour l’emploi, p. 10.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
71
2
TERRADILLOS ORMAETXEA, E. La interacción entre las políticas activas de empleo y
políticas económicas en la Unión Europea, p. 60.
3
SANSONI, A.; TIRABOSCHI, G. I nuovi fondi strututali UE, p. 2-3.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
72
4
RAVELLI, F. Il coordinamento delle politiche comunitarie por l’occupazione e i suoi
strumenti, p. 21.
5
HOBBS, R.; NJOYA, W. Regulating the european labour market, p. 305.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
73
6
SZYSZCZAK, E. Experimental governance, p. 489.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
74
7
APARICIO TOVAR, J. Introducción al derecho social de la Unión Europea, p. 75 et seq.
8
JACOBSSON, K. Soft regulation and the subtle transformation of status, p. 358.
9
JACOBSSON, K. Op. cit., p. 356.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
75
10
KOHL, J.; VAHLPAHL, T. The open method of coordination as an instrument for
implementing the principle of subsidiarity?, p. 9.
11
DALY, M. EU social policy after Lisbon, p. 465.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
76
12
DAVOINE, L.; ERHEL, C. Monitoring employment quality in Europe.
13
DAVOINE, L.; ERHEL, C. Op. cit., p. 6.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
77
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
78
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
79
14
BAYLOS GRAU, A.; PÉREZ REY, J. Sobre el Libro Verde: modernizar el derecho laboral
para afrontar los retos del siglo XXI.
15
ARRIGO, G. Tutti i limiti della modernizzacione in um libero, p. 26.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
80
(que interfere tanto na direção dos fluxos de pessoas e capitais quanto nas
expectativas normais de permanência dos negócios ou de estabilidade do
emprego), e, por fim, a situação de pleno emprego (ou quase) que se registra em
muitas zonas do mercado europeu (que, como cabe supor, é fruto de um processo
de criação de riquezas experimentado nos últimos anos, apesar de todas essas
fissuras). É, por outra parte, equivocado e difuso tanto em sua terminologia como
na identificação de causas ou na fixação de objetivos, na medida em que incorre
em falácias e em lugares-comuns imprecisos (a bondade de tempos passados,
a excelência de normas antigas, etc.) e que dá a impressão de outorgar uma
confiança radical (verdadeiramente cega) em um receituário (flexissegurança,
transições profissionais, diálogo social, etc.) que parece mais corresponder ao
âmbito da criação acadêmica (sem que isso signifique que não sejam
necessariamente úteis, convenientes ou estimáveis) do que ao das verdadeiras
práxis e forças motrizes do desenvolvimento econômico e das oportunidades de
emprego.
Por fim, a noção de “flexissegurança” que defende o “Livro Verde” põe em
xeque alguns importantes elementos do nosso direito do trabalho e dos
mecanismos de proteção social, componentes que, apesar do infeliz título do
documento, vêm já há largas décadas ajustando-se, modernizando-se e tentando
dar respostas às atuais exigências dos mercados.16 Preceitua uma relação
claudicante de intercâmbio entre direitos dos trabalhadores e proteção por
desemprego, em que melhorias na proteção social devam fazer-se à custa dos
mecanismos protetores do contrato de trabalho. Põe em acento a “inclusão” no
mercado de trabalho frente à “exclusão” do mesmo, ou seja, enfatiza os fluxos de
entrada e de saída do mercado de trabalho, omitindo-se de atribuir direitos aos
trabalhadores no âmbito da própria relação. Expõe, de fato, um conceito de
“flexissegurança” extremamente injusto e sem um esforço comum e recíproco,
pois a flexibilidade para os empreendimentos econômicos se dá à custa do
sinalagma entre empresários e trabalhadores, com uma distribuição de poderes
e posições jurídicas entre ambos que reforça a posição do empresário em
detrimento da posição do trabalhador, e a segurança localiza-se nos extramuros
do contrato, no sistema de proteção contra o desemprego e, em geral, na rede de
proteção social: dito em outros termos, um direito do trabalho que confia a proteção
dos seus destinatários a instrumentos alheios a ele.
Vale lembrar que a ideia de proteção do trabalhador constitui o núcleo
axiológico do direito do trabalho, advinda da percepção de que o trabalhador
coloca-se sempre em uma posição desfavorável no âmbito dos mercados de
trabalho, pois as especificidades intrínsecas a esses mercados geram uma
verdadeira opressão ao trabalhador pelo capital antes mesmo que entre eles se
estabeleça o contrato e a relação de trabalho. Essa posição desfavorável dos
trabalhadores no mercado de trabalho é estrutural e decorre, entre outros, dos
seguintes fatores: (1) apesar de ser normalmente tratada como mercadoria, a
força de trabalho possui determinadas especificidades que não permitem sua
16
VALDÉS DAL RÉ, F. El Libro Verde de la Comisión Europea.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
81
4 CONCLUSÕES
17
OFFE, C. Capitalismo desorganizado: transformações contemporâneas do trabalho e
da política.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
82
“flexissegurança”, com tudo o que isso implica, a grande questão que se coloca
é: até que ponto é realmente possível conciliar flexibilidade para a empresa e
segurança para o trabalhador?
Como verificamos, nos últimos anos prevaleceu quase sempre na Europa
o aspecto quantitativo (em detrimento dos aspectos qualitativos) da política de
emprego, embora os aspectos de qualidade sempre tenham pugnado por aflorar
aqui e ali. O equívoco do “Livro Verde” consiste, hoje, em que a política de emprego
pretenda arrastar a política social, e não o contrário, como certamente seria mais
adequado. Se algumas das diretivas Europeias tendem a estabelecer marcos
mínimos comuns em relação aos trabalhadores “atípicos” e se certa
jurisprudência comunitária contribui com doutrinas devotadas à proteção desses
coletivos, há que concluir que as relações entre os contratos ordinários e os
outros, ditos “atípicos”, como os contratos temporários e a tempo parcial, constitui
um tema que não pertence apenas ao domínio do emprego.
No Brasil, recentemente, a FIESP e a Força Sindical iniciaram um diálogo
devotado à flexibilização; o patronato propôs a flexibilização das relações de
trabalho, mas não ofereceu a devida contrapartida, enquanto a central sindical
propôs certa garantia de manutenção dos contratos de trabalho em troca de
concessões como o corte parcial de salários. No entanto, diante da falta de
flexibilidade do patronato, que insiste na perspectiva da flex-flexibility, a Força
Sindical suspendeu, de forma muito compreensível, a negociação.
Como já sinalizamos, a ideia atual de “flexissegurança”, mesmo quando
foge à simples ideia de flex-flexibility, é essencialmente injusta: ela impõe
sacrifícios aos trabalhadores à custa do sinalagma entre empresários e
trabalhadores, com uma distribuição de poderes e posições jurídicas entre ambos
que reforça a posição do empresário em detrimento da posição do trabalhador, e
à sociedade, pois concentra a “segurança” em uma rede de proteção social
custeada por todos, inclusive pelos próprios trabalhadores que são os seus
destinatários em potencial. Aos empresários, nenhum sacrifício é exigido,
nenhuma contrapartida é oposta. Nessa onda, o pensamento neoliberal não tem
escrúpulos de consciência ao preceituar o reverso daquilo que é a sua ideologia
clássica, impondo ao Estado que cresça em tamanho para que possa arcar com
um auxílio-desemprego mais generoso tanto em termos de valor quanto de tempo
de cobertura e com os custos de treinamento dos trabalhadores.
A OIT tem sublinhado a necessidade de inserir-se a ideia da
“flexissegurança” em um contexto pautado por diversos apoios, nomeadamente
a formação que facilite o regresso ao emprego e o seguro-desemprego, mas
especialmente pelo respeito às leis laborais e pela negociação coletiva. Não
pode, portanto, ser imposta de cima para baixo, pois na base da flexibilidade
deve estar um diálogo eficaz entre o governo, sindicatos de trabalhadores e
empresários com o objetivo de melhorar a competitividade dos empreendimentos
econômicos sem prejuízo da questão social. Além disso, com poucas exceções
(notadamente Áustria e Luxemburgo), nos últimos anos os especialistas da OIT
verificaram que a aplicação de variados modelos de “flexissegurança” em diversos
países da Europa provocou um crescimento impressionante do trabalho precário,
temporário ou a tempo parcial, sem a contrapartida de segurança para os
trabalhadores. Será esse um modelo a aplicar-se no Brasil?
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
83
BREVE RESENHA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
84
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.65-84, jul./dez.2008
85
RESUMO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
86
1
Lei n. 556, de 25 de junho de 1850, disponível em <www.planalto.gov.br>, acessado em
25.12.2008.
2
Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916, disponível em <www.planalto.gov.br>, acessado
em 25.12.2008.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
87
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
I. Omissis.
XXIX. ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho (BRASIL, 2006).
3
A propósito, a seguinte decisão: “TRABALHO DOMÉSTICO - PRESCRIÇÃO. A omissão
legislativa demanda integração do direito pela analogia (LICC, art. 4º), que todavia não se
há de valer de norma arcaica, superada e totalmente estranha à natureza jurídica da
relação de trabalho e ao ordenamento em que está inserido o trabalho doméstico, impondo-
se a aplicação de norma que tenha elementos de identidade com a situação não prevista.
Tudo exige que se aplique aos domésticos o mesmo prazo de prescrição estabelecido
para os trabalhadores em geral. (TRT 2ª R. RO 20010188279 (20010553589) 1ª T. Rel.
Juiz Eduardo de Azevedo Silva .DOESP 18.09.2001).
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
88
4
Nesse sentido, acórdão proferido pelo TRT da 3ª Região, MG, no Processo 00351-2006-
084-03-00-1, em sede de RO, publicado em 08.11.06 , DJMG, p. 10; Órgão Julgador: Segunda
Turma; Juiz Relator: Sebastião Geraldo de Oliveira; Juiz Revisor: Anemar Pereira Amaral.
5
Conforme artigos 189, 197-202 do CCb - 2002 e inciso XXIX do art. 7º da CF/88.
6
DELGADO, 2008, p. 251.
7
O festejado doutrinador admite que “o usucapião pode ter efeitos na alteração subjetiva
do contrato empregatício (sucessão trabalhista), lançando um novo empregador no polo
passivo da relação de emprego.” Argumenta ele que a transferência de propriedade em
virtude da prescrição aquisitiva pode resultar na sucessão trabalhista quanto a eventuais
contratos empregatícios do antigo proprietário do imóvel usucapido.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
89
8
Artigos 197 a 199.
9
DELGADO, 2008, p. 258.
10
Idem, p. 258/259.
11
BARROS, 2006, p. 993. O art. 440 da CLT, que dispõe sobre essa causa impeditiva da
prescrição, não foi alterado pelo Código Civil de 2002, “...pois norma geral não poderá
revogar preceito especial, salvo se o fizer expressamente”.
12
Art. 402 da CLT.
13
A propósito o seguinte acórdão do TRT da 3ª Região, MG. “EMENTA: PRESCRIÇÃO MENOR
- HERDEIRO DO EMPREGADO FALECIDO - ART. 440 DA CLT. Não obstante o art. 440 da CLT
disponha que contra os menores de 18 anos não corre prescrição, é certo que referido
dispositivo legal está inserido no capítulo inerente à proteção ao trabalho do menor, não
podendo, por isso, ser interpretado isoladamente. Assim, de se entender que aquele comando
legal dirige-se ao empregado menor e não aos herdeiros menores do empregado falecido.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
90
Com efeito, quando a discussão se refere a direitos de menores herdeiros e não propriamente
do empregado menor, compete ao inventariante, que o representa, exercer o direito do
empregado falecido, observando-se o prazo prescricional.” Processo 00115-2003-096-
03-00-2 RO;Data de Publicação: 05.07.2003, DJMG, p. 11; Órgão Julgador: Quarta Turma;
Relator Júlio Bernardo do Carmo; Revisor Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello.
14
DELGADO, 2008, p. 260.
15
Idem, p. 261.
16
Idem, p. 261.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
91
trabalhista atual ou futura, sendo que nelas “[...] não se pede (nem se arrola) [...]
o conjunto de verbas trabalhistas lançadas na ação principal - o que inviabilizaria
a interrupção da prescrição”. Conclui dizendo que “A presente reflexão deixa claro
que a interrupção verifica-se com respeito às parcelas indicadas no petitório da
ação, exatamente porque a seu respeito é que pode haver [quanto ao mérito de
seu cabimento] pronunciamento judicial (art. 128, CPC).”
As outras causas interruptivas da prescrição, algumas delas aplicáveis
ao Direito do Trabalho, constam expressas nos incisos II, V e VI do artigo 202 do
CCb - 2002. Nesse contexto, “[...] a prescrição interrompe-se pelo protesto judicial
e pessoal feito ao devedor ou por qualquer ato judicial que o constitua em mora
(interpelações, notificações, medidas preventivas, etc.)”. 16 Embora rara tal
dinâmica processual trabalhista - por se configurar mais prático, ante à
possibilidade da propositura de procedimentos cautelares ou preparatórios,
esses poucos usuais no cotidiano trabalhista, o ajuizamento direto da reclamação
trabalhista - se adotado, deve observar a necessidade de que “[...] o protesto ou
congênere enuncie as parcelas sobre as quais se quer a interrupção da
prescrição, já que não é cabível a interrupção genérica e imprecisa.”17
Já na hipótese prevista no inciso VI do art. 202 do CCb - 2002 - “por
qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe o reconhecimento
do direito pelo devedor” - têm-se como exemplos, do magistério de DELGADO18
, “[...] o pedido formal de prazo, pelo devedor trabalhista ao empregado, para
acerto de contas, assim como a referência em nota oficial de que está
arregimentando recursos para pagar certo passivo especificado”. Cita, ainda,
“[...] a intimação expressa para retorno ao trabalho após transcorrido determinado
prazo (menos de dois anos, é claro) da prescrição extintiva do contrato de trabalho”.
Acrescemos a esse rol o acordo extrajudicial firmado entre o empregador e o
empregado para o pagamento de verbas decorrentes do contrato de trabalho,
seja o realizado no âmbito das Comissões de Conciliação Prévias/Núcleos
Intersindicais de Conciliação Trabalhista, seja particularmente entre os
acordantes, cujos instrumentos, à evidência, constituem ato inequívoco de
reconhecimento dos direitos deste por aquele e que, a rigor, constituem títulos
executivos extrajudiciais (artigos 625-E e parágrafo único, CLT; inciso II do art.
585 do CPC c/c art. 769 da CLT), e, portanto, plenamente executáveis perante a
Justiça do Trabalho (art. 876 da CLT).19
17
Idem, p. 261.
18
Idem, p. 261.
19
É de se observar, aqui, que o indigitado dispositivo inclui, no rol de “títulos executáveis”
perante a Justiça do Trabalho, “[...] os acordos, quando não cumpridos” (destacamos), sem
distinguir a sua natureza. Assim, é lícito concluir - até mesmo em atendimento aos princípios
da celeridade e economia processual - que os “acordos extrajudiciais” firmados,
particularmente, entre empregador e empregado na presença de, pelo menos, duas
testemunhas, fora do âmbito da CCP ou NINTER, ou, nas mesmas condições, entre prestador
e tomador de serviço em relação de trabalho alcançada, após a edição da EC n. 45/04, pela
competência da Justiça do Trabalho (inciso I do art. 114 da CF/88), possuindo natureza
jurídica de títulos executivos extrajudiciais (inciso II do art. 585 do CPC c/c art. 769 da CLT),
podem, perfeitamente, ser executados perante a Justiça do Trabalho, observada a regra
contida no art. 877-A da CLT. Nesse sentido o admite também ALMEIDA, 2008, p. 726.
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1.2.3.1 Legitimidade
20
Os dispositivos apontados tratam, respectivamente, em face das obrigações derivadas
do contrato de trabalho: 1) da responsabilidade solidária entre empresas coligadas que
constituem grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica; 2) da
responsabilidade do empreiteiro principal em relação ao subempreiteiro.
21
O item IV da Súmula n. 331 do TST dispõe sobre a responsabilidade subsidiária do
tomador dos serviços em relação às obrigações trabalhistas decorrentes da terceirização
lícita de atividades-fim (Trabalho Temporário, Lei n. 6.019/74), dos serviços de vigilância
(Lei n. 7.102/83) e de conservação e limpeza ou de outros serviços especializados
ligados à atividade-meio da empresa tomadora, desde que ausentes, por parte desta, na
execução dos serviços, relativamente aos empregados terceirizados, a pessoalidade e
a subordinação direta. (itens I e III da Súmula n. 331 do TST)
22
DELGADO, 2008, p. 277.
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23
Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em vigor a partir de 11 de janeiro de 2003 (art. 2.044).
24
DELGADO, 2008, p. 277.
25
Juízes do Trabalho, Juízes de Direito e TRTs quando atuando em sua competência originária;
arts. 111, incisos II e III, e 112, CF/88; inciso I do art. 678 da CLT.
26
Tribunais Regionais do Trabalho e TST, respectivamente, como instâncias revisoras das
decisões proferidas pelas Varas do Trabalho e TRTs; incisos I e II do art. 111 da CF/88;
arts. 678, inciso II e art. 702, II, da CLT.
27
DELGADO, 2008, p. 273.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
94
28
MARTINS.a., 2008, p. 95/96, em “Comentários à Súmula n. 153 do TST”.
29
DELGADO, 2008, p. 278.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
95
30
Artigo 769 da CLT.
31
CASSAR, 2007, p. 1198/1199.
32
LEITE, 2008, p. 528/529.
33
MARTINS.b., 2008, p. 296.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
96
34
DELGADO, 2008, p. 279.
35
Citado por Márcio Humberto Pazianotto no artigo “Pronunciamento de ofício da prescrição.
Aplicável no processo do trabalho?”, disponível no site <www.jusvox.com.br>, acesso
em 06.01.09, a respeito, em seu livro Direito processual do trabalho, 14ª edição, rev. e
atual., São Paulo: Saraiva, 2005, assim se manifesta:
36
ROMITA, 2008, p. 15/19.
37
Segundo ROMITA, 2008, p. 17, em coro com Francisco Antonio de Oliveira por ele citado,
rompe-se, com isso, toda uma estrutura milenar, cindindo-se o instituto da prescrição em
dois, ou seja, de ordem pública em todos os demais ramos do Direito e de natureza jurídica
privativa no Direito do Trabalho, argumento que considera insuperável. Ele conclui dizendo
que “A prescrição de ofício no Processo do Trabalho é injurídica, não pela referência à
‘questão social’, mas pela interpretação conforme a Constituição, a ser dada à norma
contida no art. 219, § 5º, do CPC.”
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
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Parece estreme de dúvida que a pronúncia de ofício da prescrição pelo juiz do trabalho
não se insere entre as medidas tendentes a melhorar a posição social dos trabalhadores.
Tal pronúncia, se ocorrente, beneficiará exclusivamente o empregador, no caso, devedor
inadimplente, afetando direito do trabalhador em detrimento de sua condição social.
E mais,
O citado dispositivo legal, contudo, tem aplicação restrita ao direito processual civil,
não se aplicando ao direito processual trabalhista [...] posto que [...] incompatível com
a norma constitucional que preconiza a melhoria da condição social dos trabalhadores.38
38
ROMITA, 2008, p. 19.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
98
39
Proteção que se revela, dentre outras situações, no princípio da intangibilidade salarial
ínsito nos artigos 459 e 462 da CLT e no privilégio concedido aos créditos trabalhistas até
o limite de 150 salários mínimos pelo inciso I do art. 83 da Lei n. 11.101/2005 - LRJ.
40
Prescrição intercorrente no processo do trabalho. São Paulo: LTr, 2008, p. 19.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
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3 DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
41
MARTINS.b., 2008, p. 294.
42
Segundo DELGADO, 2008, p. 278, torna-se incabível também a arguição de prescrição,
em qualquer instância, em sede de embargos de declaração (por ter este instrumento
objeto restrito, não sendo hábil, pois, para a veiculação de alegações novas) e, com
fundamento na Súmula n. 153 do TST, na instância especial (RR para o TST) e na instância
extraordinária (RE para o STF), visto já ter sido ultrapassada, nos termos do entendimento
sumulado do TST, a fase dita ordinária do processo.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
100
43
DELGADO, 2008, p. 278.
44
OLIVEIRA, 2008, p. 304/307.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
101
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
102
45
LEITE, 2008, p. 1008/1009.
46
Que diz, textualmente: “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.”
47
Com todo respeito equivoca-se aqui o autor na afirmação de um prazo único de dois anos
para a prescrição da ação de execução relativa a títulos executivos extrajudiciais,
decorrentes de acordos celebrados perante a CCP ou NINTER (parágrafo único do art. 625-
E da CLT) visto que, modestamente, entendemos que, vigente o contrato de trabalho, na
literalidade do inciso XXIX do art. 7º da CF/88, o prazo prescricional será o de cinco anos e
não o de dois anos, este só aplicável no caso de sua extinção. E nesse sentido o art. 625-
D da CLT menciona “qualquer demanda de natureza trabalhista”, sem fazer qualquer distinção
se o dissídio é resultante de um contrato de trabalho em vigor ou extinto.
48
LEITE, 2008, p. 1008/1009.
49
LEITE, 2008, p. 1008/1009. Aqui, também, acerca dessa afirmação, remete-se o leitor à
observação exarada no item 47, retro.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
103
Cabendo ao juiz dirigir o processo com ampla liberdade (art. 765, CLT), indeferindo
diligências inúteis e protelatórias (art. 130, CPC), e, principalmente, determinando
qualquer diligência que considere necessária ao esclarecimento da causa (art. 765,
CLT), não se pode tributar à parte os efeitos de uma morosidade a que a lei busca
fornecer instrumentos para seu eficaz combate. De par com isso, no processo do
conhecimento, tem o juiz o dever de extinguir o processo, sem resolução do mérito,
caso o autor abandone o processo, sem praticar atos necessários à sua condução
ao objetivo decisório final (art. 267, II e III e § 1º, CPC). A conjugação desses fatores
torna, de fato, inviável a prescrição intercorrente no âmbito do processo de cognição
trabalhista. Por isso o texto da Súmula 114 do TST.
50
Com redação dada pela Lei n. 11.051, de 21.12.2004, no seguinte teor: “Se da decisão
que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida
a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la
de imediato.”
51
DELGADO, 2008, 279/281.
52
DELGADO, 2008, p. 280.
53
DELGADO, 2008, p. 280. A propósito da arguição de ofício mencionada pelo autor, o § 4º
do artigo 40 da LEF, subsidiariamente aplicável aos trâmites da execução trabalhista por
força do art. 889 da CLT, já a autoriza expressamente.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
104
54
OLIVEIRA, 2008, p. 234/236.
55
Se extinto o contrato de trabalho, conforme inciso XXIX do art. 7º da CF/88.
56
O autor cita o RE 106. - 17, de 08.08.1986, RTJ 119/329.
57
ZANGRANDO, 2008, p. 1353/1355.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
105
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
106
58
Ou, uma vez proposta, seja impedida de prosseguir por omissão do exequente na prática
de ato processual de sua exclusiva alçada e que não possa ser suprida, de ofício, pelo
juiz. (parágrafo único do art. 202 da CCb - 2002)
59
OLIVEIRA, 2008, p. 234/236.
60
Consideramos, contudo, nesse caso, com todo o respeito à posição adotada pelo festejado
doutrinador, ser totalmente irrelevante o fato de estar o credor, na hipótese aventada, no
processo, representado ou não por advogado ou assistido por sindicato de sua categoria
profissional, isso porque, em quaisquer circunstâncias, em sendo o caso de cumprimento
da decisão, a providência poderá ser determinada, ex officio, pelo juiz da causa, ex vi do
disposto no art. 878 da CLT.
61
Nessa linha de raciocínio a “citação” de que trata o art. 880 da CLT só se faria por se tratar
de um processo autônomo nos casos de execução de título executivo extrajudicial
(parágrafo único do art. 625-E da CLT; inciso II do art. 585 do CPC). Em se tratando de
cumprimento de sentença, seria o mesmo intimado para tanto, sob pena de ver acrescido
o valor da condenação em 10%, nos termos do art. 475-J do CPC, perfeitamente compatível
com o processo trabalhista, iniciando-se, a seguir, em caso de descumprimento,
independentemente de “citação”, o procedimento executório, com a expedição do
competente mandado de penhora e avaliação.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
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que se interrompa a prescrição (art. 202, V c/c art. 880 da CLT). Esta, interrompida
que foi na fase cognitiva pela propositura da ação principal (incisos I e V do art.
202 da CCb - 2002; Súmula n. 268 do TST), tem o reinício da contagem de seu
prazo verificado a partir da data do trânsito em julgado da decisão ou do último
ato do processo para interrompê-la (parágrafo único do art. 202 da CCb - 2002).
E, nesse caso, transcorrido o prazo legal nas hipóteses previstas no inciso XXIX
do art. 7º da CF/88, e omitindo-se o credor quanto a fazer valer o seu direito, ter-
se-á por consumada a prescrição da pretensão executória (Súmula n. 150 do
STF), que poderá ser arguida em sede de embargos à execução (§ 1º do art. 884
da CLT) ou, em nome da celeridade e economia processuais, até mesmo de
exceção de pré-executividade.
Iniciado, contudo, o procedimento legal tendente a se exigir do devedor o
cumprimento da sentença, se a paralisação e a morosidade da “execução”
ocorrem por circunstâncias outras, alheias à vontade do credor, evidentemente,
não se lhe podendo imputar qualquer atitude negligente no trato com o seu
direito, não há, em princípio, que se falar na fluência de qualquer prazo
prescricional.
Entretanto, mesmo que não se possa imputar ao credor o ônus da
morosidade da execução ocasionada, por exemplo, pela ausência de bens
penhoráveis ou o desconhecimento do paradeiro do devedor, o certo é que,
atualmente, com a inserção do § 4º no artigo 40 da Lei n. 6.830/80, de plena
aplicabilidade no processo trabalhista, essa situação, a nosso ver, alterou-se
substancialmente.
Com efeito, consoante o disposto no caput do artigo 40 da LEF, não sendo
localizado o devedor - que será, no entanto, citado por edital na conformidade
dos incisos III e IV do art. 8º da Lei n. 6.830/80, subsidiário, interrompendo-se a
prescrição na conformidade do disposto no § 2º do mesmo dispositivo retrocitado
- ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, o juiz determinará
a suspensão do processo e, nesse caso, não correrá o prazo da prescrição que
estará impedido de fluir. Tal suspensão, como emerge do indigitado dispositivo
em seu § 2º, perdurará pelo prazo máximo de 1 (um) ano, findo o qual, não sendo
localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o
arquivamento dos autos. Ao término do período de suspensão do processo, a
partir da data em que se determinou o arquivamento dos autos, o prazo
prescricional previsto em lei começa a correr (inteligência do art. 40 e §§ 1º e 4º
da Lei n. 6.830/80 c/c art. 889 da CLT, parágrafo único do art. 202 do CCb - 2002
e Súmula n. 150 do STF).
Nessa condição, a qualquer tempo, localizado o devedor ou encontrados
os bens, serão os autos desarquivados para que se dê prosseguimento à
execução (§ 3º do art. 40 da Lei citada).
No entanto, se, da data da decisão que ordenou o arquivamento dos autos,
proferida ao final do prazo de suspensão do processo, e aquela em que se deu
o prosseguimento da execução com o desarquivamento dos autos respectivos,
tiver decorrido o prazo prescricional (inciso XXIX do art. 7º da CF/88), ter-se-á por
ocorrida a prescrição intercorrente que, nesse caso, poderá ser decretada de
imediato pelo juiz (decretação de ofício, autorizada pelo dispositivo citado mesmo
fora da realidade de eventuais embargos à execução), ou arguida como matéria
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
108
4 CONCLUSÃO
4.3 Tem seu prazo fixado no inciso XXIX do art. 7º da CF/88, sendo de 05
(cinco) anos na vigência do contrato de trabalho e de 02 (dois) anos após a sua
extinção, extensivo aos trabalhadores avulsos (inciso XXXIV do art. 7º da Lei n.
8.630/93). Embora não tenha sido assegurado à categoria dos trabalhadores
domésticos pela Constituição Federal (art. 7º, parágrafo único), aplica-se-lhes
por analogia (caput do art. 8º da CLT, 4º, LICC e 126 do CPC). Para o trabalhador
eventual, com ação perante a Justiça do Trabalho (art. 652, “a”, inciso III, CLT;
inciso I do art. 114 da CF/88), o prazo é o de cinco anos ( art. 206, § 5º, inciso I,
CCb - 2002; parágrafo único do art. 8º da CLT). Para a cobrança de créditos
resultantes de depósitos de FGTS não efetuados na vigência do pacto laboral, é
trintenária, observado o prazo de dois anos após a extinção do contrato de trabalho
(§ 5º do art. 23 da Lei n. 8.036/90; Súmula n. 362 do TST) e, para os depósitos
incidentes sobre parcelas controvertidas que só vierem a ser reconhecidas com
a decisão judicial, o prazo é de cinco anos, observado, igualmente, o prazo de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho (Súmula n. 206 do TST; inciso
XXIX do art. 7º da CF/88);
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
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4.6 Tem como principal causa de sua interrupção - o que se dará uma
única vez (caput do art. 202 do CCb - 2002) e somente em relação a pedidos
idênticos (Súmula n. 268 do TST) - o ajuizamento da reclamação trabalhista, que,
no procedimento ordinário, mesmo arquivada (art. 844 da CLT), produzirá tal
efeito. Interrompe-se, ainda, nas hipóteses previstas no art. 202, incisos II
(protesto judicial feito pelo credor ao devedor), V (por qualquer ato judicial que
constitua em mora o devedor) e VI (por qualquer ato inequívoco, ainda que
extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor) do CCb - 2002,
subsidiariamente aplicável. No procedimento sumaríssimo, contudo, a falta de
citação do reclamado pela incorreta indicação de seu endereço pelo reclamante
- que, no caso, não pode ser suprida pela citação por edital - e que gera o
arquivamento da reclamação com base no § 1º do art. 852-B da CLT, pode ser
entendida como impeditiva à consumação dessa interrupção, isso porque, no
caso, não se formou, para esses fins, uma relação processual válida (§ 4º do art.
219 do CPC, subsidiário). Nessas circunstâncias, inaplicável, na espécie, o
entendimento contido na Súmula n. 268 do TST;
4.7 Pode ser arguida na instância ordinária (Súmula n. 153 do TST), pela
parte a quem aproveita (art. 193 do CCb - 2002), ou seja, o devedor principal (arts.
300 e 333, II, CPC, subsidiário), o responsável solidário (arts. 2º, § 2º e 455, CLT),
ou o responsável subsidiário (item IV da Súmula n. 331 do TST), ou pelo Ministério
Público do Trabalho, mesmo quando atuando como fiscal da lei. Pelo
entendimento consubstanciado na Súmula n. 153 do TST, em pleno vigor mesmo
após o advento do CCb - 2002 - que em seu artigo 193 o admite em qualquer
grau de jurisdição - não pode ser objeto de arguição perante a instância especial
(TST, em nível de recurso de revista) e extraordinária (STF, em nível de recurso
extraordinário);
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
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4.9 Em face do impulso oficial dado pelo juiz trabalhista ao processo (art.
4º da Lei n. 5.584/70; art. 262 do CPC, subsidiário), não se admite a sua ocorrência,
de forma intercorrente, na fase cognitiva, entendimento que se harmoniza com
aquele consubstanciado na Súmula n. 114 do TST. Nessa fase, abandonando o
autor o processo, operar-se-á a extinção do processo sem resolução do mérito
com fincas nos incisos II e III do art. 267 do CPC, subsidiário, passando, a partir
de então, a correr o novo prazo da prescrição da pretensão que foi interrompido
com o ajuizamento da reclamação (inteligência do parágrafo único do art. 202 do
CCb - 2002; Súmula n. 268 do TST). Admite-se, contudo, com tal natureza, na
fase do cumprimento da decisão, conforme previsão expressa no inciso VI do art.
475-L do CPC c/c art. 769 da CLT e § 4º do art. 40 da Lei n. 6.830/80 c/c art. 889 da
CLT e § 1º do art. 884 da CLT, entendimento esse que se harmoniza com aquele
consubstanciado na Súmula n. 327 do STF.
ABSTRACT
REFERÊNCIAS
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Belo Horizonte: Del Rey, 2008.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
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- ________ .b. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense. 28. ed.,
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- OLIVEIRA, Francisco Antonio de. Comentários às Súmulas do TST. 9. ed. rev. e
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- PAZIANOTTO, Márcio Humberto in “Pronunciamento de ofício da prescrição.
Aplicável no processo do trabalho?” Disponível em: <www.jusvox.com.br>.
Acesso em 06.01.09.
- GIGLIO, Wagner, citado por Márcio Humberto Pazianotto no artigo
“Pronunciamento de ofício da prescrição. Aplicável no processo do trabalho?”
Disponível em: <www.jusvox.com.br>. Acesso em 06.01.09
- ROMITA, Arion Sayão. Revisitando a “Prescrição de ofício”, in Revista trabalhista:
direito e processo, Ano 7, n, 26 (abril/junho), Brasília: ANAMATRA; São Paulo:
LTr, 2008.
- VADE MECUM SARAIVA, Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a
colaboração de Antonio Luiz Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt
e Lívia Céspedes. 2. ed. atual. ampl., São Paulo: Saraiva, 2006.
- ZANGRANDO, Carlos Henrique da Silva. Curso de direito do trabalho. Tomo III,
São Paulo: LTr, 2008.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.85-111, jul./dez.2008
113
SUMÁRIO
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114
Com efeito, a justiça é a virtude completa no mais próprio e pleno sentido do termo,
porque é o exercício atual da virtude completa. Ela é completa porque a pessoa que
a possui pode exercer sua virtude não só em relação a si mesmo, como também em
relação ao próximo.3
3
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2005,
1129b, 29.
4
SALGADO, Joaquim Carlos. A ideia de justiça em Kant: seu fundamento na liberdade e
na igualdade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1995, p. 38.
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que se dará por meio da proporcionalidade. Afirma Aristóteles, aqui, o justo como
um meio-termo.5 No mesmo sentido, a justiça corretiva, contratual e legal, deve
ser norteada pelo critério de uma igualdade aritmeticamente estabelecida.
Deve-se ressaltar que o caráter relacional da justiça em Aristóteles está
presente em todas as suas acepções. Nesse sentido, esclarece Salgado:
Descrevo a ética, é o humano, enquanto humano. Penso que a ética não é uma
invenção da raça branca, da humanidade que leu os autores gregos nas escolas e
que seguiu certa evolução. O único valor absoluto é a possibilidade humana de dar,
em relação a si, prioridade ao outro.8
5
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, cit., 1131b.
6
SALGADO, Joaquim Carlos. A ideia de justiça em Kant, cit., p. 38.
7
LÉVINAS, Emmanuel. Humanismo do outro homem. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 104-105.
8
LÉVINAS, Emmanuel. Entre nós: ensaios sobre a alteridade. Trad. Pergentino Stefano
Pivatto et. al. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 149-150.
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a humanidade da consciência de ser pelo outro não está absolutamente nos seus
poderes, mas na sua responsabilidade, na passividade, na acolhida, no serviço, na
obediência, na obrigação e respeito de outrem: é o outro o primeiro.9
9
MELO, Nélio Vieira de. A ética da alteridade em Emmanuel Lévinas. Porto Alegre: EDIPUCRS,
2003, p. 284.
10
LÉVINAS, Emmanuel. Entre nós, cit., p. 294.
11
Os termos imigrante e estrangeiro são tomados, aqui, na mesma acepção. Alguns autores,
contudo, estabelecem uma distinção bem marcada. É o caso, por exemplo, de Abdelmalek
Sayad, que afirma
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117
12
TEXIDÓ, Ezequiel, BAER, Gladys. Inserción sociolaboral de los migrantes. In TEXIDÓ,
Ezequiel et al. Migraciones laborales em Sudamérica: el Mercosur ampliado. Genebra:
Oficina Internacional do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho, 2003, p. 107.
13
O quadro do desemprego em massa, na lição de Antônio Álvares da Silva, atinge
especialmente a mão-de-obra sem qualificação. Nesse sentido, pontifica o autor que
“quanto mais rude e desqualificado é o trabalhador, mais difícil se torna a sua permanência
ou, se dispensado, sua volta ao mercado de trabalho”. SILVA, Antônio Álvares da.
Flexibilização das relações de trabalho. São Paulo: LTr, 2002, p. 37.
14
SAYAD, Abdelmalek. A imigração ou os paradoxos da alteridade, cit., p. 54-55.
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15
SAYAD, Abdelmalek. A imigração ou os paradoxos da alteridade, cit., p. 19-20.
16
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, cit., 1130a.
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119
Entende-se que o trabalho não violará o homem enquanto fim em si mesmo, desde
que prestado em condições dignas. O valor da dignidade deve ser o sustentáculo
de qualquer trabalho humano.
17
WULF, Cristoph. O outro: perspectivas da educação intercultural. Trad. Marcos Demoro. In
MENDES, Candido (org.). Representação e complexidade. Rio de Janeiro: Garamond, 2003.
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Por esta razão é que se impõe a necessidade de que, pelo menos, os direitos
alçados à qualidade de indisponibilidade absoluta (e que sejam relacionados à
prestação de serviços) estejam assegurados a todo e qualquer trabalhador.18
4 REFERÊNCIAS
18
DELGADO, Gabriela Neves. Direito fundamental ao trabalho digno. São Paulo: LTr, 2006,
p. 207.
19
Nesse sentido, o apontamento de Luiz Otávio Linhares Renault:
O Direito do Trabalho não se convence do argumento corriqueiro, [...], de que todo homem
é livre e igual, capaz em direitos e obrigações, por isso apto a celebrar e a cumprir o
contrato que desejar com as cláusulas que bem entender, [...].
Para se ter uma serena compreensão, lúcida e honesta, dos ajustes contratuais no
âmbito trabalhista, não se pode desprezar a certeza de que a parte mais fraca se torna
uma presa muito fácil para a parte mais forte.
RENAULT, Luiz Otávio Linhares. Que é isto - O direito do trabalho? In PIMENTA, José
Roberto Freire et al. Direito do trabalho: evolução, crise, perspectivas. São Paulo: LTr,
2004.
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121
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123
1 INTRODUÇÃO
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124
Num mundo ainda sem letras - e mais tarde, durante muitos séculos,
com poucos letrados - a fala era virtualmente o único modo de transmitir saberes,
perpetuar experiências e assim garantir a vida do grupo. Entre os antigos hindus,
dizia-se, por isso, que
2
SANTOS, Moacir Amaral. Tratado da prova judiciária no cível e no comercial. Tomo III,
São Paulo: Max Limonad, 1952, p. 43.
3
BOUZON, E. O código de Hammurabi. Petrópolis: Vozes, 1976, p. 25.
4
SANTOS, Moacir Amaral. Tratado da prova judiciária no cível e no comercial. Tomo I,
São Paulo: Max Limonad, 1952, passim.
5
Tratado da prova judiciária no cível e no comercial. Tomo I, São Paulo: Max Limonad,
1952, p. 25 e segs.
6
Note-se que, depois de afogamentos, os cadáveres costumam espumar; e quando já
entrando em processo de decomposição, apresentam gases, o que os faz emitir ruídos
que podem talvez ser confundidos com um “esbravejar” (colaboração dos alunos
médicos Guilherme Augusto Carvalho Salgado, João Paulo Fonseca Nunes, Juliana Silva
Souto Rocha e Thiago Goulart Lovalho, matriculados em 2009 na turma do 8º período de
Direito do Trabalho da UFMG, e aos quais agradeço).
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125
7
Talvez em alusão a um episódio da Bíblia, quando Jeová apareceu a Moisés sob a forma
de uma sarça (espécie de espinheiro) em chamas (CALDAS AULETE. Dicionário
contemporâneo da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Delta, 1980, p. 3294).
8
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau/PUC Rio, 1999,
p. 60-62.
9
A propósito, escreve Paula Oliveira CANTELLI (O trabalho feminino no divã: dominação
e discriminação. São Paulo: LTr, 2007, p. 68) que até durante a Alta Idade Média as
mulheres eram tratadas com indiferença e até brutalidade; a partir dos séculos XII e XIII,
o ideal cavalheiresco as colocou num pedestal - embora ainda preconceituoso - iniciando-
se aí uma tendência crescente de igualização dos sexos. O costume acima referido
talvez possa ser interpretado assim.
10
FOUCAULT, Michel. Op. cit., p. 60-62.
11
SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., cit., tomo III, cit., p. 67.
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não correm o risco de perder as mãos, são obrigadas a depor. Pouco a pouco,
elas se destacam das partes para se aproximar do juiz - embora conservem,
ainda e sempre, um pouco do traço antigo.
Nasce o sistema do inquérito.12 Agora, o que se quer é reconstituir os fatos
fielmente. A verdade já não é revelada, mas investigada.13 A justiça se insere na
idade da razão, que implica o cálculo, a organização, a regra precisa - modos de
explicar e assim legitimar a sentença do juiz.
Um exemplo dessa evolução está justamente na prova testemunhal. Em
geral, no período anterior, as testemunhas apenas atestavam a credibilidade de
quem jurava. Já agora, como ensina REIS DE PAULA, elas próprias “[...] passaram
a ter de tomar posição com relação ao tema objeto da prova, submetendo-se a um
interrogatório para revelarem a ciência própria que tinham dos fatos”.14 É dentro
desse quadro que penetra, pouco a pouco, o sistema da prova legal ou tarifada.
Os autores contam quase 100 regras. Duas testemunhas valiam prova
plena. Um homem era igual a três mulheres. Um nobre valia cinco plebeus. Um
padre tinha o peso de sete. Contra o papa, nada se podia provar. Testis unus,
testis nullus.15 A prova testemunhal chega a superar até o documento escrito:
témoins passent lettres. O depoente que tergiversa é torturado. A partir do século
XV, a situação se inverte: lettres passent témoins. Mas não de todo, pois a
testemunha deve confirmar os documentos. As Ordenações do Reino proíbem a
prova apenas oral em vários casos, para evitar os “sangrentos conflitos”
provocados pelos falsos testemunhos.16
Ainda hoje - no sistema da persuasão racional17 - a prova oral, como
sabemos, é muito comum. Mas é sobretudo no foro trabalhista que as
testemunhas desfilam, intermináveis, à frente do juiz. É que a relação de emprego,
mesmo quando formal, contamina-se de informalismos; apesar dos limites da
lei, o contrato de trabalho se transforma tanto que, às vezes, “é reconhecível
apenas pelos seus sujeitos”.18 Ou talvez nem mesmo assim.19 Por outro lado, se
12
É verdade que as ordálias não desapareceram de todo. Mesmo hoje, em países como a
Libéria, elas persistem. Como denunciou o Committee for Peace and Democracy Advocacy,
uma das práticas consiste em deitar um ferro em brasa nas pernas do acusado. Se inocente,
suas pernas não se queimarão... (contribuição do pós-graduando Juliano Copello de Souza,
a quem agradeço, através de pesquisa na internet Fonte:http://images.google.com.br/
imgres?imgurl=http://liberian.tripod.com/trial43.jpg&imgrefurl=http://liberian.tripod.com/
Post85.html&usg=__lgijLL62cNOfI6S9jphwYj7yb6Y=&h=485&w=720&sz=118&hl=pt-
BR&start=3&um=1&tbnid=AoX- hqWOTGwU4M:&tbnh=94&tbnw=140&prev=/
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13
FOUCAULT, Michel. Op. cit., passim.
14
PAULA, Carlos Alberto Reis de. A especificidade do ônus da prova no processo do
trabalho. São Paulo: LTr, 2001, p. 48.
15
MALLET, Estevão. O novo código civil e o direito do trabalho, in Dallegrave Neto, J. A.;
Gunther, Luiz Eduardo (org.). O impacto do novo código civil no direito do trabalho, LTr,
2005, p. 65.
16
SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III, passim.
17
SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo I, passim.
18
RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de direito do trabalho. Porto Alegre: Konfino, 1988,
passim.
19
Na hipótese de sucessão.
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127
3 O PROCESSO INVISÍVEL
20
ALBUQUERQUE, Judith E. R. de. Considerações sobre a saúde mental do trabalhador,
mimeo.
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128
21
Nesse sentido, cf. CAMPOS, Ronaldo Cunha. Garantias processuais. In: TEIXEIRA, Sálvio
de Figueiredo (coord.). Mandados de segurança e de injunção, Saraiva, 1990, p. 3.
22
Op. cit., p. 136.
23
ZACCURI, G. Op. cit., p. 136.
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129
[...] uma testemunha que tomasse ao pé da letra o que lhe ordenam, isso é,
dizer a verdade, ver-se-ia certamente numa situação paradoxal: ciente de que
aquilo que pensa em relação ao fato objeto do testemunho não representa o exato
desenvolvimento dos eventos, mas (apenas) o modo como os percebeu, interpretou,
armazenou na memória e evocou, deveria jurar que aquilo em que acredita ser
verdadeiro é (de fato) verdadeiro.
24
FORZA, Antonio. Introduzione. In: op. cit., p. 94.
25
Idem.
26
Lembra o mesmo autor que Platão já ensinava que um certo tipo de ouvinte é mais
sensível a uma forma de argumentação do que a outra (Op. cit., p. 94).
27
NEUBURGER, Luisella de Cataldo. I fattori comunicazionali all´interno del processo. In:
FORZA, Antonio (org.). Op. cit., p. 110.
28
GULOTTA, Guglielmo. Verità e realtà processuale. In: FORZA, Antonio (org.). Il processo
invisibile: le dinamiche psicologiche nel processo penale. Veneza: Marsilio, 1997, p. 281.
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130
A realidade processual [...] deve ser lida [...] através desse segundo nível
da realidade: [...] o processo não se desenvolve sobre fatos acontecidos, mas
sobre aquilo que é dito sobre os fatos acontecidos.29
Tudo isso nos mostra como o juiz de primeiro grau - o único a ter contato com
a prova oral - está numa posição muito melhor para avaliar os depoimentos do que
o tribunal. Como, em regra, os autos só recolhem as palavras transcritas, o tribunal
29
Idem, p. 287.
30
Apud GULOTTA, Guglielmo. Op. cit., p. 287. Observa o mesmo GULOTTA que a verdade
do processo tem algo de convenção, de acordo - mas no sentido de que “as condutas
das partes são interdependentes e assim as suas escolhas, bem como as decisões
de cada uma, são tomadas em função das escolhas do outro”.
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não tem bons instrumentos para interpretá-las, ao contrário do que faz com o Direito.
De certo modo, é como se tivesse acesso apenas a uma parte da prova.
Aliás, ainda que quisesse, o juiz não conseguiria reproduzir com palavras
toda aquela linguagem não falada. Ele próprio nem sempre a percebe por inteiro,
no nível do consciente. Às vezes, entre dois testemunhos conflitantes, ele apenas
sente, confusamente, qual está dizendo a verdade. E essa linguagem invisível
pode estar reforçando ou desmentindo as palavras impressas, o que significa
que a prova que chega aos tribunais, além de menor, pode ser pior.
Enfim: o processo lida com seres vivos, e estes - ao contrário dos seres
inertes - não se sujeitam inteiramente às regras. Se chutarmos uma pedra -
exemplifica ZACCURI - podemos calcular a sua trajetória. Mas se chutarmos um
cachorro, já não teremos certeza de suas reações...31 Por outro lado, o processo,
ou a prática do processo, tem alguma coisa de jogo. Como no pôquer, entra em
cena o imponderável; mas quem conhece bem as regras, e sabe manipulá-las,
aumenta as suas chances.
Mas o processo também pode ser visto
[...] o advogado que despe a toga é como um ator que sai de cena. É um
ator, mas é também um diretor, ou ao menos um a mais entre os sujeitos que no
processo revestem esse duplo papel.33
31
ZACCURI, Giuseppe. La comunicazione verbale e non. In: FORZA, Antonio (org.). Op.
cit., p. 122.
32
ZACCURI, Giuseppe. Op. cit., p. 122.
33
A propósito, observa o mesmo autor que, no Processo Penal italiano, usa-se comumente
o verbo “celebrar”, que evoca a metáfora do rito religioso ou a do teatro. (Introduzione,
cit., p. 13).
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132
34
LANZA, Luigi. Il percorso della decisione. In: FORZA, Antonio (org.). Il processo invisibile:
le dinamiche psicologiche nel processo penale, Veneza: Marsilio, 1997, p. 15.
35
SANTOS, Moacir Amaral. Tratado…, tomo III, cit., p. 8.
36
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 14 e segs.
37
SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III, cit., p. 9.
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133
e ensinamos cada uma das infinitas invenções que têm marcado a nossa
experiência na Terra - do machado de pedra ao bebê de proveta. Mas na rotina da
audiência o amor à verdade não está tão presente assim.
E, no entanto, não deve ser muito fácil mentir numa audiência. Com
frequência, a testemunha que mente não consegue antecipar todas as dúvidas
que vão surgindo no juiz; e com isso tem de improvisar sempre novas inverdades,
na medida em que o depoimento avança.38 É curioso observar que algumas
experiências, relatadas por TESORO39, mostram que o depoimento escrito
costuma ser mais fiel que o falado. Mas é este e não aquele que permite uma
crítica mais apurada. O documento não treme, não vacila, não revela a sua alma.
Por outro lado, nem sempre é fácil desmascarar um mentiroso. “A verdade e a
mentira” - escreve MONTAIGNE - “têm rostos iguais, o porte, os gostos e as
maneiras idênticas; nós as vemos com os mesmos olhos”.40 Em compensação
- ele também afirma - “todo movimento nos descobre”.
Segundo uma vasta literatura citada por GULOTTA, uma pessoa descobre
a verdade ou falsidade de um depoimento apenas em 50% dos casos - o que
equivale ao percentual de uma adivinhação, pura e simples.41 Para tentar perceber
as mentiras através de reações do organismo, as primeiras décadas do século
passado viram surgir vários inventos. Um deles foi o automatógrafo, uma prancha
sobre bolas metálicas, onde a mão se apóia. O aparelho mostra como reagimos
aos menores impulsos cerebrais. Num dos testes, quando se pede a uma pessoa
para pensar numa letra, e se lhe apresenta o alfabeto, a mão tende a pressionar
a prancha tão logo a letra aparece. O retinoscópio age de modo análogo, mas
detectando o movimento dos olhos.
O esfigmógrafo registra as pulsações arteriais, que em geral se aceleram
e se enfraquecem com a dor, e se tornam mais fortes e rápidas com a excitação.42
Já o pneumógrafo mede a respiração, que supostamente seria mais débil e
rápida com o prazer, mais forte e lenta com a dor, mais fraca e lenta com a
indiferença, mais forte e rápida com a excitação. Segundo BENUSSI, quando o
depoente simula, a expiração dura mais tempo que a inspiração; se é sincero,
acontece o contrário: o esforço de mentir aumenta a expiração. Diz ele que todas
as tentativas experimentais para enganar o aparelho fracassaram.
A mais famosa das máquinas do gênero - e que talvez as sintetize - é o
Polígrafo de Berkeley. Muitos preferem chamá-lo de detector de mentiras. Mas o
próprio cientista que o aperfeiçoou, KEELER, repudia essa expressão,
argumentando que o aparelho detecta apenas sintomas, tal como outras
máquinas indicam sinais de doenças.43
38
Idem.
39
TESORO, Giorgio. La psicologia della testemonianza. Torino: Fratelli Bocca, 1929, p.
145.
40
Apud MIRA Y LÓPEZ, E. Op. cit., p. 38.
41
GULOTTA, Guglielmo. Verità e realtà processuale. In: FORZA, Antonio (org.). Il processo
invisibile: le dinamiche psicologiche nel processo penale. Veneza: Marsilio, 1997, p. 302.
42
MIRA Y LÓPEZ, E. Op. cit., p. 67-69.
43
VIANA, Lourival Vilela. A liberdade de prova em matéria penal. Belo Horizonte: Imprensa
Oficial, 1955, p. 72-76.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
134
44
Dados extraídos da dissertação de mestrado de Juliana Augusta Medeiros de Barros,
ex-aluna da PUC-Minas, orientada pelo colega José Roberto Freire Pimenta. A obra,
muito interessante, traz o título: A utilização de meios eletrônicos no ambiente de
trabalho: a colisão entre os direitos à intimidade e à privacidade do empregado e o poder
diretivo do empregador. Ainda não foi publicada.
45
Entre as decisões que rejeitam o polígrafo, destaque-se a seguinte:
46
Como o nosso ROBERTO LYRA.
47
VIANA, Lourival Vilela. Op. cit., p. 68.
48
Uma das torturas, o waterboarding, consiste (ou consistia)
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135
Por outro lado, a motivação para mentir aumenta, dentre outros fatores:
Narra o autor que um dos presos - Abu Zubayda - foi submetido a 83 sessões de
waterboarding, além de ter sido enfiado em um contêiner infestado de insetos. Diz ainda
que a CIA sempre usou técnicas de tortura como o walling, no qual
49
GULOTTA, Guglielmo. Op. cit., p. 289-290.
50
Idem.
51
GULOTTA, Guglielmo. Op. cit., p. 300.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
136
52
Idem.
53
GULOTTA, Guglielmo. Op. cit., p. 298-299.
54
EKMAN-FRIESEN, segundo SARTORI, FALCHERO E PECCI. La testemonianza: uma prova
critica. I processi di percezione e memória degli eventi. I più comuni errori di
attribuzione. In: FORZA, Antonio (org.). Il processo invisibile: le dinamiche psicologiche
nel processo penale. Veneza: Marsilio, 1997, p. 170.
55
Idem.
56
Naturalmente, também o empregado, não poucas vezes, sabe que não prestou tantas
horas extras como as que alega...
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137
57
COUTURE, Eduardo. Introdução ao estudo do processo civil. J. Konfino, 1986, p. 25.
58
MIRA Y LÓPEZ, E. Manual de psicologia jurídica. São Paulo: Saraiva, (s.d.), p. 37.
59
LANZA, Luigi. Il percorso della decisione. In: FORZA, Antonio (org.). Il processo invisibile:
le dinamiche psicologiche nel processo penale. Veneza: Marsilio, 1997, p. 46.
60
Como MIRA Y LÓPEZ, E. Op. cit., p. 5.
61
Citado por MIRA Y LÓPEZ, E. Op. cit., p. 7.
62
CASTELLANI, P.; PAJARDI, D. La testimonianza. In: QUADRIO A. (org.). Psicologia e
problemi giuridici. Milano, 1991, p. 43.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
138
As falhas são tão variadas que muitos autores tentam classificá-las. Assim,
MIRA Y LÓPEZ se refere a erros por substituição, modificação, transposição,
fusão, dissociação, fracionamento, inflação, invenção etc. As causas dos erros
também são múltiplas, da ilusão ao delírio.63
GORPHE 64 divide em três os momentos da prova testemunhal: o da
percepção, o da fixação da percepção e o da reprodução do fato percebido e
fixado. Cada um deles tem os seus problemas, as suas falhas. São todos eles
condicionados tanto pelo ambiente como pelas circunstâncias do próprio sujeito.
No mesmo sentido, ensinam SARTORI, FALCHERO e PECCI65 que
5.1 Percepção
63
Numa das formas de ilusão, a testemunha, “em vez de se submeter ao fato, submete
esse fato à sua própria síntese, elabora-o e o reconstrói, com a ajuda da razão” (MIRA
Y LÓPEZ, op. cit., p. 48).
64
Segundo SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III , cit., p. 64.
65
SARTORI, G; FALCHERO, S.; PEDDI, S. La testemonianza: uma prova critica. I processi
di percezione e memória degli eventi. I più comuni errori di attribuzione. In: FORZA,
Antonio (org.). Il processo invisibile: le dinamiche psicologiche nel processo penale.
Veneza: Marsilio,1997, p. 167.
66
SARTORI, G; FALCHERO, S.; PEDDI, S. Op. cit., p. 167.
67
GULOTTA, Guglielmo. Op. cit., passim.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
139
68
TESORO, Giorgio. La psicologia della testemonianza. Torino: Fratelli Bocca, 1929, p. 26.
69
ZACCURI, Giuseppe. Op. cit., p. 123.
70
Segundo SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III , cit., p. 66; e MIRA Y LÓPEZ, op.
cit., p. 134.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
140
71
TESORO, Giorgio. Op. cit., p. 35.
72
Talvez com uma dose de exagero e outra de preconceito, MIRA Y LÓPEZ afirma,
inversamente, que “as anomalias dos sentidos vêm geralmente acompanhadas de outras
lacunas, principalmente do enfraquecimento da atenção e da memória” (op. cit., p. 49).
73
Nesse caso, os surdos têm demonstrado “capacidade de concentração mais intensa”,
segundo se lê na excelente tese de FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. O trabalho
da pessoa com deficiência e a lapidação dos direitos humanos: o Direito do Trabalho,
uma ação afirmativa (mimeo), Curitiba, 2005, p. 201. O que se pode observar (e talvez
criticar), aqui, é o uso da própria deficiência como forma de extrair maior volume de
trabalho.
74
O exemplo é de ALBERTO PESSOA, antigo professor de Coimbra, referido por MIRA Y
LÓPEZ. Op. cit., p. 96.
75
TESORO, Giorgio. Op. cit., p. 31.
76
Relatadas por SANTOS, M., e TESORO, G. (obras citadas, passim).
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
141
77
MIRA Y LÓPEZ. Op. cit., p. 49 e 194. O mesmo autor, reportando-se a VIBERT, narra o
episódio de um motorista de ônibus que atropelou um transeunte e, transtornado,
empalidece, cambaleia e vomita, transmitindo às testemunhas a “certeza” de que estava
embriagado, quando na verdade não tomara uma gota sequer de álcool.
78
MIRA Y LÓPEZ, E. Op. cit., p. 254. O autor fala de “atenção expectante”.
79
Idem, p. 282-283. A propósito da sugestão coletiva, escreveu MONTAIGNE, citado pelo
mesmo autor, que “Primeiro, o erro particular faz o erro público, e depois, a seu turno, o
erro público faz o erro particular.” E o erro se reproduz de mão em mão, de forma que a
testemunha mais distante parece mais informada do que a mais próxima.
80
Op. cit., p. 41.
81
Referido por TESORO, G. Op. cit., p. 41.
82
Segundo TESORO, G. Op. cit., p. 28. Ignoramos as conclusões mais recentes sobre o
assunto.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
142
83
Op. cit., p. 127.
84
Referido por SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III , cit., p. 82.
85
Segundo TESORO, G. Op. cit., p. 45.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
143
86
A propósito, interessante experiência de STERN mostrou o aparecimento progressivo
de erros, em intervalos sucessivos de 5, 14 e 21 dias e depois de 5 meses. Uma panela
atrás de um sofá se converte numa panela e um balde; depois, em panelas e plantas
num balde” e em seguida num “balde com plantas” e por fim num balde “de onde saem
várias largas plantas”, quando não havia plantas nem balde.
87
SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III , cit., p. 65.
88
BRIGHAM, J. et alii, segundo SARTORI, G; FALCHERO, S.; PEDDI, S. Op. cit., p. 167.
89
Op. cit., p. 271.
90
TESORO, G. Op. cit., p. 39.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
144
91
Apud SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III , cit., p. 75.
92
DAUBER realizou experiências interessantes, descritas por MIRA Y LÓPEZ (op. cit., p.
31-35). Ao entrar na sala, antes de começar a aula, trazia sempre os livros numa pasta
negra, deixava seu chapéu num cabide perto da porta e depois, com a pasta na mão, ia
à sua mesa e tomava algumas notas num caderno preto. Um dia, dirigiu-se diretamente
à mesa, depois guardou seu chapéu e (como não trazia caderno) escreveu suas notas
numa folha de papel branco. No dia seguinte, perguntou aos alunos quais tinham sido as
mudanças; 13 em 15 acertaram o fato mais visível (para onde ele se dirigira) e cerca da
metade errou os outros detalhes (se levava a pasta na mão e onde escrevera as notas);
os que erravam sempre descreviam as cenas que estavam habituados a ver. Em outra
experiência, DAUBER pediu para que os alunos apontassem a cor dos cabelos de dois
outros professores. Um deles era louro e o outro tinha cabelos pretos. O teste propunha
várias outras cores (cinza, ruivo, castanho etc.). A grande maioria acertou a cor dos
cabelos do segundo professor, mas nem tantos acertaram a cor dos cabelos do primeiro;
e vários disseram que também estes tinham aquela cor. Acontece que os estudantes
tinham cabelos predominantemente pretos. Um caso análogo, descrito pelo mesmo autor,
envolve um magistrado, que, ao chegar em casa, deu pela falta de sua pasta. Como
costumava levá-la consigo a um restaurante, perguntou aos amigos se o tinham visto
chegar ali com ela, e vários responderam que sim. No dia seguinte, encontrou-a na sala
de audiências.
93
Foi a conclusão de Lipmann, ao constatar, através de uma experiência, que 67% das
testemunhas que tinham se enganado a respeito de uma cor estavam ligados
habitualmente a ela. Tanto o relato dessa experiência como a frase de CLAPAREDE
estão em TESORO, G. Op. cit., p. 18.
94
TESORO, G. Op. cit., p. 130.
95
Op. cit., p. 55.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
145
Se a percepção tende a ser precária, e a memória tantas vezes nos trai, é claro
que a reprodução - pelo menos na maioria das vezes - não pode ser inteiramente fiel.
Certas falhas de percepção e de fixação são identificáveis durante a
reprodução. Assim é que, segundo TESORO, “o tipo realístico” se exprime mais
tranquilo, com palavras calmas e medidas, ao passo que o “tipo fantástico” fala
aos borbotões, sem medir gestos ou palavras.98 Quando as lembranças se
misturam com fantasias, o simples ato de verbalizá-las ou mesmo pensá-las já as
transforma em verdades. À força de repetir para si ou para o juiz a mesma versão,
a própria testemunha - a princípio indecisa - vai-se convencendo do que diz.
Por outro lado, nem sempre a testemunha entende a linguagem do juiz.
Lembro-me, por exemplo, de um homem já idoso, que era vizinho da reclamante
e, depois do trabalho, ia com ela para casa. “Mas o senhor sempre a
acompanhava?” - perguntei. “Não, seu juiz, isso não!” - ele respondeu, com
veemência - “sou um homem casado, não acompanho ninguém; eu só ia com
ela; e eu só ia porque era de noite, e a rua é perigosa!”
Em alguns grotões mineiros - talvez com um resto de pudor - os antigos
usam ainda a palavra “dama”, no lugar de “prostituta”. Aliás, se é verdade que
essas mulheres andam sempre perfumadas, talvez seja essa a razão do nome
de uma flor tão mineira - a “dama da noite”, de delicado aroma...
Por outro lado, testemunhas que dizem ter-se esquecido do fato não devem
ser vistas com suspeita. Ao contrário. Como escreve ALTAVILLA, o esquecimento
pode ser “uma manifestação de sinceridade”.99
96
CALDAS AULETE. Dicionário Contemporâneo da língua portuguesa, vol. IV, Rio de
Janeiro: Delta, 1980, p. 3192.
97
SARTORI, FALCHERO E PECCI (Op. cit., p. 168) citam o exemplo de mulheres estupradas
que, quando interrogadas, esquecem-se completamente dos fatos ocorridos logo antes
e depois do evento, mas acabam se lembrando até muito mais tarde, quando eles
afloram de modo espontâneo à superfície. Por outro lado, como anota ZACCURI (op. cit.,
p. 130), há fatos cujo registro também se perde - e para sempre. É o que ele chama de
“memória sensorial ou a breve termo”. O mesmo autor observa que o registro pode se
dar de formas diversas - como imagens, sons, cheiros, sensações tácteis etc.
98
Op. cit., p. 27.
99
ALTAVILLA, Enrico. Psicologia judiciária. São Paulo: Saraiva, 1945, tomo I, p. 87.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
146
[...] quem responde no sentido sugerido pela pergunta não se limita a fazer
sua a sugestão, mas elabora o material recebido, inventando particularidades
inexistentes.
100
MIRA Y LÓPEZ, E. Op. cit., p. 29.
101
Op. cit., p. 132.
102
Apud ZACCURI, G. Op. cit., p. 132.
103
SARTORI, FALCHERO E PICCI. Op. cit., p. 173.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
147
Em Veneza, já no fim da Idade Média, entendia-se que era tão difícil pôr em
acordo duas mulheres quanto três homens; por isso, as duas pesavam tanto
quanto os três.104 Mas em geral os depoimentos das mulheres eram menos
valorizados.
Entre os autores que estudaram o tema, BAEWALD prefere o testemunho
dos homens: “são mais reservados em seus julgamentos e apresentam maior
espírito de crítica”.105 Já BREURINK diz que a diferença entre os sexos é pequena;
mas os homens “notam melhor os objetos e as qualidades, e apreciam melhor
os números, enquanto as mulheres distinguem melhor as cores”; e elas são
mais sugestionáveis do que eles.106 HEYMANS concorda com isso, mas pondera
que a mulher tem mais amor à verdade. Para NEUBURGER e GULOTTA107, “os
homens tendem a mentir mais do que as mulheres, mas as meninas mais do
que os meninos”.
MIRA Y LÓPEZ entende que a mulher é mais perspicaz e rápida em relação
a tudo que se refere à esfera afetiva e sensual; mas seus pensamentos são um
pouco infantis, e “para a verdade lhe basta a aparência”. Acha também que as
mulheres - para compensar a discriminação - aprenderam a se aperfeiçoar nas
artes do engano.108 HEINDEL garante que a mulher percebe mais depressa, ao
passo que o homem é mais crítico. Outros, como SCHRAMM, dizem que o
depoimento da mulher, no saldo final, é superior.109
O nosso grande AMARAL SANTOS sustenta que os homens tendem à
síntese, as mulheres à análise.110
Já nos belos versos de GRABBE111,
104
TESORO, G. Op. cit., p. 9.
105
Segundo SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III , cit., p. 90.
106
Apud MIRA Y LÓPEZ, E. Op. cit., p. 127.
107
GULOTTA, Guglielmo. Op. cit., p. 289-290.
108
Op. cit., p. 126.
109
Segundo SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III, cit., p. 90.
110
Segundo SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III, cit., p. 90.
111
Idem.
112
Idem.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
148
113
Em sentido contrário à ideia de que as crianças tendem a dizer a verdade, MIRA Y
LÓPEZ argumenta que “o menino, até certa idade, não dá importância à verdade por si
mesma. Por que dizer o verdadeiro e não o falso? Só nós, os adultos, o compreendemos”
(Op. cit., p. 90).
114
TESORO, G. Op. cit., p. 59.
115
Op. cit., p. 105.
116
Idem, p. 105.
117
Op. cit., p. 302.
118
FURNO, Carlo. Op. cit., p. 36.
119
Para lembrar a conhecida frase de ORTEGA Y GASSET (“eu sou eu e a minha
circunstância”).
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
149
120
Op. cit., p. 59.
121
Op. cit., p. 16.
122
O art. 91 diz: “Juro, pela minha honra, dizer toda a verdade e só a verdade.”
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
150
mentiroso não gosta de ser chamado assim, o melhor é fazer de conta que se
trata de um engano - dizendo-lhe algo do gênero: “todos nós erramos, é natural
confundir uma coisa com a outra, vamos passar uma borracha no seu depoimento
e começar tudo de novo”.
Uma saída honrosa como essa é também importante na acareação. Nos
meus tempos, costumava acarear as testemunhas de modo bem informal,
pedindo que conversassem entre si, livremente, sobre o ponto de divergência;
mas evitando constranger aquela que admitisse o erro. É possível, ainda aqui,
tentar um “acordo” com as testemunhas, fixando uma espécie de média entre os
depoimentos de uma e outra.
Às vezes, quando sentia que a testemunha começava a mentir, preferia
lhe oferecer uma válvula de escape. Dizia-lhe, então: “se não se lembrar, não tem
importância; o que não pode é faltar com a verdade”. E a testemunha, aliviada,
dizia ter-se esquecido. Com isso, eu próprio lhe sugeria, nas entrelinhas, uma
mentira menor; mas na época não me fazia essa autocrítica. De todo modo, o
falso esquecimento talvez seja menos ruim do que uma falsa declaração.
Alguns autores, como CARVALHO, lembram a lição dos antigos romanos,
aconselhando o juiz a avaliar a testemunha antes do testemunho; assim, por
exemplo, um simples “tique, uma contração nervosa” seriam indícios de falsidade.
No mesmo sentido, recomendavam as Ordenações Filipinas:
Autores mais modernos tentam fixar critérios para decifrar essa linguagem
informal. Para GULOTTA125, seriam indícios de verossimilhança, entre outros,
123
SANTOS, Moacir Amaral. Tratado..., tomo III, cit., p. 204.
124
FORZA, Antonio. Op. cit., p. 97.
125
Apud FORZA, Antonio. Op. cit., p. 100-102.
126
ZACCURI, G. Op. cit., p. 140.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
151
Mas todos esses critérios são relativos. Assim, o temor reverencial diante do
juiz ou a simples timidez pode provocar na pessoa honesta reações análogas às de
quem mente. De modo inverso, pode acontecer que uma testemunha mentirosa se
mostre fria e segura. Em suas “Confissões”, SANTO AGOSTINHO ensinava que
[...] uma coisa não deve ser considerada verdadeira só porque afirmada em
belo estilo e dita com elegância, nem, de outro lado, se deve considerar falso aquilo
que é contado de modo confuso, com parolas desordenadas ou sem cuidado.127
[...] Por mais que o juiz, às vezes pareça simpático à causa do trabalhador,
quem se identifica com ele é o empregador: ambos falam a mesma língua,
vestem-se de forma semelhante, têm a chave para decodificar os símbolos.
Palavras, roupas e posturas lembram ao empregado, a cada momento, um
ambiente parecido com os teatros da cidade, a sala do antigo chefe, as lojas dos
shopping centers, os hotéis com piscina aquecida - lugares de um outro mundo,
cheio de mistérios e ameaças e que não foi feito para o seus pés.
127
Apud LANZA, Luigi. Op. cit., p. 45-46.
128
Segundo TESORO, G. Op. cit., p. 99.
129
MICHIELIN, Paolo. Gli eventi stressanti del processo e la gestione dello stress. In:
FORZA, Antonio (org.). Il processo invisibile: le dinamiche psicologiche nel processo
penale. Veneza: Marsilio, 1997, p. 219-220.
130
TESORO, G. Op. cit., p. 108.
131
O dia-a-dia do juiz e as discriminações que o acompanham. In: RENAULT, Luiz Otávio
Linhares; VIANA, M. Túlio (coord). Discriminação. São Paulo: LTr, 2000, p. 271.
132
TESORIERI, Giovanni. Lineamenti di diritto processuale del lavoro. Cedam: Padova,
1975, p. 4.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
152
133
RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de direito do trabalho. LTr, 2000, p. 115. Argumenta
o autor que “as mesmas razões de desigualdade compensatória que deram origem à
aplicação deste princípio justificam que se estenda à análise dos fatos já que, em geral,
o trabalhador tem muito maior dificuldade do que o empregador para provar certos fatos
ou trazer certos dados ou obter certas informações ou documentos.” No fundo, seria a
aplicação mais ampla, e sistemática, do princípio da aptidão para a prova, presente até
no Processo Civil. Para um estudo aprofundado sobre o ônus da prova, cf. ainda
MACHADO JÚNIOR, César Pereira da Silva. O ônus da prova no processo do trabalho.
São Paulo: LTr, 2001.
134
MARANHÃO, Délio. Direito do trabalho. Rio de Janeiro: FGV, 1978, p. 395.
135
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo:
LTr, 2008, p. 556-557. Em sentido contrário, o nosso CLEBER LÚCIO DE ALMEIDA, que se
diz ainda não convencido da viabilidade jurídica da tese (Direito processual do trabalho.
Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 575-576).
136
Como SHITTAR, Domenico Carponi. In: FORZA, Antonio (org.). Il processo invisibile: le
dinamiche psicologiche nel processo penale. Veneza: Marsilio, 1997, p. 191-193.
137
CAPPELLETTI, M. Acesso à justiça. Porto Alegre: Fabris, 1995.
138
BULLER, apud GULOTTA, G. Op. cit., p. 301.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
153
por sua conta verdadeiros argumentos a favor da parte. Naturalmente, isso não
impede que ainda assim pretenda dizer a verdade.
WERTHEIMER139 prefere o método que batizou de “constelatório”: jogar
algumas palavras-chave para a testemunha e lhe pedir que responda o que vier
à cabeça, talvez à procura de atos falhos.140
Mas o sistema é um tanto perigoso para leigos, e não me parece que
tenha suporte jurídico. De resto, como dizia o próprio FREUD, até um charuto, às
vezes, pode não ser mais do que um charuto...
De certo modo, o juiz também “julga” a testemunha, tal como “julga” (critica)
a própria lei, para em seguida decidir como aplicá-la. E também a testemunha,
por sua vez, vai “julgando” o juiz: controla os seus olhares, anota os seus
movimentos, tenta intuir o que ele pensa, avalia o seu risco. E então, como um
eco, a atitude do juiz se reflete na testemunha; e ela modula a sua voz, altera a
sua postura ou refaz a sua versão, a partir das reações que vai provocando - ou
imagina estar provocando. Sabendo disso, o juiz deve aprender a exercitar um
certo controle sobre si mesmo. Precisa “calibrar” as suas expressões.141
É bom também que o juiz faça um exercício constante de autocrítica,
relativizando as suas primeiras impressões. É possível, como eu já lembrava,
que uma testemunha comece a gaguejar apenas porque está tensa e não porque
esteja mentindo. Nesse sentido, o juiz deve tranquilizá-la com palavras amenas.
Um problema que dificulta o trabalho do juiz é a pressa. A prática da
audiência una, especialmente, constrange-o a reproduzir as perguntas de praxe
e a anotar as respostas mecanicamente, sem muito tempo para inovar, questionar,
criticar. Também fica mais difícil perceber e analisar as reações da testemunha.
Essa pressa na colheita da prova se liga, naturalmente, ao ideal de uma
prestação jurisdicional rápida - como recomenda a Constituição. Mas também
responde a um processo de deslegitimação da Justiça do Trabalho, que tenta se
defender exibindo uma boa performance à sociedade. Se a pressa é excessiva,
os ganhos de quantidade se transformam em perdas na qualidade. O processo
exige um tempo mínimo de maturação.
Outra estratégia que pode se revelar interessante é a fixação, pelo juiz, de
novos pontos incontroversos, já agora não mais com base no que disseram as
partes, mas no que afirmaram as suas testemunhas. Trata-se de um modo
informal não só de simplificar a sentença, como de buscar um consenso sobre
a interpretação da prova, evitando futuros recursos. Ainda que haja pontos de
dúvida, pode-se tentar (também aqui) uma espécie de acordo, envolvendo as
testemunhas ou as próprias partes.142
139
Segundo TESORO, G. Op. cit., p. 147.
140
JUNG narra o caso do ladrão que, ao ouvir a palavra “dinheiro”, respondeu com a palavra
“camisa”; e o dinheiro furtado estava debaixo da camisa... (MIRA Y LÓPEZ, E. Op. cit., p. 73).
Note-se que nem sempre os atos falhos se revelam pela fala. FREUD cita o exemplo de
domésticas que, insatisfeitas com a patroa, quebram sem querer taças ou outros objetos.
141
ZACCURI, G. Op. cit., p. 139.
142
Assim, por exemplo, se as testemunhas do empregador falam em duas horas extras, e
as do empregado em quatro, pode ser que todas concordem em fixá-las em três - em
seguida a uma espécie de acareação também informal.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
154
143
Se a testemunha, por exemplo, sabe precisamente o dia em que o reclamante foi admitido,
seria o caso de se lhe perguntar sobre a sua própria data de admissão. Mas também
podem ser úteis perguntas sobre datas de casamento, nascimento dos filhos etc.
Naturalmente, é de se esperar que, se uma testemunha consegue se lembrar de fatos
relacionados a simples colegas de trabalho, com mais razão há de se recordar daqueles
que dizem respeito a si mesmo ou à sua família.
144
V. supra, item 4.1.
145
Não queremos dizer, naturalmente, que só é empregado quem recebe ordens, pois
basta estar em condições de recebê-las; mas como o oposto é verdadeiro (quem
recebe ordens é empregado), essa é uma pergunta usual e importante quando se
discute a relação de emprego.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
155
BIBLIOGRAFIA
146
Apud FORZA, Antonio (org.). Il processo invisibile. Veneza: Marsilio, 1997, p. 5.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
156
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008
157
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 A EVOLUÇÃO NOMINATIVA E O MOVIMENTO DE REDUÇÃO
PROGRESSIVA DOS DIREITOS TRABALHISTAS
3 INDUÇÃO DO RACIOCÍNIO INVERTIDO EM MATÉRIA TRABALHISTA
4 REPERCUSSÕES NA EXPERIÊNCIA PROCESSUAL
5 A FUNÇÃO DA EXPRESSÃO PARASSUBORDINAÇÃO
6 REVERTENDO A LÓGICA REDUCIONISTA
7 A SUPERSUBORDINAÇÃO: INSTRUMENTALIZANDO A REVERSÃO
8 CONCLUSÃO
1 INTRODUÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.157-193, jul./dez.2008
158
1
A conhecida letra de uma das músicas do Chico Buarque, para os padrões oficiais atuais
e considerando também a falta de emprego, não seria mais “vai trabalhar vagabundo”,
mas sim “vai procurar emprego, vagabundo”...
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.157-193, jul./dez.2008
159
Por trás da queda gradativa dos juros não estão insegurança, timidez, excesso de
conservadorismo ou cautela. Trata-se apenas do reflexo de uma assimetria natural
entre a velocidade de um choque e o ritmo de reversão da política monetária à
posição de equilíbrio.
(Henrique Meirelles, Presidente do Banco Central, no jornal Folha de São Paulo,
29.07.03, p. B-10)
2
O nome do Delegado responsável, Protógenes, é mera coincidência. Não faz parte do
enigma...
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.157-193, jul./dez.2008
160
E para não ficar aqui falando só dos outros, nós, do meio jurídico, por óbvio,
há muitos e muitos anos, criamos as nossas pérolas nominativas, que vão, com o
tempo, institucionalizando-se: litispendência; preclusão; perempção; coisa julgada;
apelação; apelante; excepto; agravante; agravado; embargo; embargado...
Aliás, fica pior quando se quer arranjar um outro nome para os institutos.
Segundo o juiz do trabalho José Eduardo R. Chaves Jr. (Pepe), há uma espécie
de brega jurídico3, que constitui em nominar peças e atos processuais por
intermédio de expressões um tanto quanto esdrúxulas: peça vestibular; peça
exordial; peça inaugural; peça de arranque (e logo depois o processo emperra);
peça umbilical; peça de resistência; decisão guerreada; desabrochar da operação
cognitiva; digesto obreiro; entendimento turmário; escólio; juiz de piso; operador
do direito; perfunctório; remédio heróico; sodalício...
Isso sem contar as expressões latinas: sine die; iura novit curia; da mihi
factum, dabo tibi ius; causa petendi; quod non est in acti non est in mondo (“o que
não está nos autos não está no mundo”); ad argumentandum tantum; facienda
necessitas; intuitu personae; in natura; affectio societatis; in albis; ab initio; ab
ovo; quase sempre, quando faladas, pronunciadas de forma errada. Conta-se
que um juiz (ou advogado, não sei), para parecer mais intelectualizado, lendo a
expressão sine die, esclareceu para os presentes que a audiência estava adiada
saini dai, em inglês, claro.
Somos acostumados, também, a classificar as normas, a atribuir nomes
às classificações feitas, a identificar características comuns, fixando os nomes
correspondentes etc. Conhecer o direito não é apenas conhecer as leis, é saber,
também, como os juristas as organizam, leem-nas e preconizam sua aplicação,
sendo que, presentemente, ainda se deve aguardar o pronunciamento do STF
em suas súmulas vinculantes pelas quais o direito passa a ser aquilo que se diz
que ele é ainda que da forma dita não fosse para ser.
Não são poucas as criações terminológicas na área do direito: princípio
da “proporcionalidade”; princípio da “ponderação”4; princípio da “adequação
setorial negociada”; princípio da “marcação irrevisível”; subordinação “integrativa”;
subordinação “estrutural”; “teletrabalho”; “novos paradigmas”...
São nomes importantes, mas que muitas vezes se integram a uma lógica
comercial do direito. Tornam-se o paraíso de cursinhos, professores,
palestrantes... Funcionam como uma espécie de instrumento para reserva de
mercado, conferindo ar de intelectualidade para quem os pronuncia. Muitas
expressões transformam-se em autênticos modismos, como “novos
paradigmas”. Mas, depois de explicados, o espanto é quase inevitável: “Ué, mas
é pão com carne!”.
Lembro-me de uma prova de concurso para ingresso na magistratura
trabalhista da 3ª Região em que a pergunta era: “O que é princípio da marcação
irrevisível?” Foi uma rodada geral. Ninguém passou. Depois, descobriu-se que
nada mais era que preclusão.
3
http://www.pepe-ponto-rede.blogspot.com/2008/01/o-brega-juridico-em-2008.html
4
Que sugerem um bom tema para uma dissertação: Proporcionalidade, ponderação e
outras dissimulações.
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para uma quase desesperada defensiva são os sindicatos que não só já não se
sentem animados a lutar por melhorias nas condições de trabalho, mas aceitam,
inclusive, negociar concessões que reduzem os níveis de proteção e os benefícios
anteriormente conquistados.5
E, além disso,
os governos legítimos, sustentados por eleição, perderam toda inibição para enfrentar
o poder dos sindicatos e para adotar medidas legislativas ou administrativas
inequivocamente destinadas a destruí-los.6
5
BARBAGELATA, Héctor-Hugo. O particularismo do direito do trabalho. Revisão técnica
Dr. Irany Ferrari. Tradução de Edilson Alkmim Cunha. São Paulo: LTr, 1996, p. 141.
6
Idem, p. 141-142.
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163
Tudo isso tem gerado uma situação extremamente confortável para alguns
segmentos empresariais (pois não são todos, evidentemente) que se utilizam
de tais subterfúgios. E, quanto maior a perversão maior a vantagem, pois, afinal,
quanto mais se distancia da linha da normalidade (tomando-se como parâmetro
a eficácia dos direitos constitucionalmente consagrados) mais difícil se torna
retomar o padrão da legalidade.
Se uma empresa registra seu empregado e lhe paga todos os direitos
regularmente, pecando apenas no aspecto, por exemplo, da concessão integral
do intervalo para refeição e descanso, um acordo judicialmente formulado sobre
esse aspecto traz a situação muito próxima do ideal, que é, por óbvio, o do pleno
respeito aos direitos. Assim, se a supressão do intervalo, mesmo com pagamento
respectivo, for habitual, não se pode considerar atingido o ideal, pois o intervalo
é preceito de ordem pública que visa preservar a saúde do trabalhador e a saúde
não está à venda.
Mas, se outra empresa, ao contrário, sequer efetua o registro do empregado
e os olhares externos consideram que o desrespeito a todos os demais direitos
é apenas uma consequência do primeiro ato, a formulação de um acordo, com
pagamento de um valor fechado, permite que se desconsidere a necessária
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7
E, conforme tem entendido a jurisprudência trabalhista, a arcar sozinho com os custos de
seu advogado, mesmo na hipótese de julgamento que declare a procedência de sua
pretensão.
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Considerando que a paz para ser universal e duradoura deve assentar sobre a
justiça social;
Considerando que existem condições de trabalho que implicam, para grande número
de indivíduos, miséria e privações, e que o descontentamento que daí decorre põe
em perigo a paz e a harmonia universais, e considerando que é urgente melhorar
essas condições no que se refere, por exemplo, à regulamentação das horas de
trabalho, à fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao
recrutamento da mão-de-obra, à luta contra o desemprego, à garantia de um salário
que assegure condições de existência convenientes, à proteção dos trabalhadores
contra as moléstias graves ou profissionais e os acidentes do trabalho, à proteção
das crianças, dos adolescentes e das mulheres, às pensões de velhice e de invalidez,
à defesa dos interesses dos trabalhadores empregados no estrangeiro, à afirmação
do princípio “para igual trabalho, mesmo salário”, à afirmação do princípio de liberdade
sindical, à organização do ensino profissional e técnico, e outras medidas análogas;
Considerando que a não adoção por qualquer nação de um regime de trabalho
realmente humano cria obstáculos aos esforços das outras nações desejosas de
melhorar a sorte dos trabalhadores nos seus próprios territórios.
AS ALTAS PARTES CONTRATANTES, movidas por sentimentos de justiça e
humanidade e pelo desejo de assegurar uma paz mundial duradoura, visando os
fins enunciados neste preâmbulo, aprovam a presente Constituição da Organização
Internacional do Trabalho.
8
Vide nesse sentido interessante passagem de Adam Smith:
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9
Falando de ilícito e da lógica de achar que direitos podem advir da prática ilícita, vale lembrar,
sobretudo no contexto deste estudo, do trabalho externo. Imagina-se que a previsão do
inciso I do art. 62 da CLT possa ser suficiente para negar ao trabalhador o direito
constitucional à limitação da jornada de trabalho, também assegurado na Declaração Universal
dos Direitos do Homem. A consciência desse pretenso direito é tão forte que muitas empresas,
em suas defesas apresentadas em reclamações trabalhistas, assumem, claramente, que o
reclamante, porque trabalhava externamente, mesmo que fosse dirigindo veículo com carga
de propriedade da reclamada, poderia fazer “o horário que bem entendesse”...
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10
Sem se desprezar, por óbvio, a importância dos movimentos operários reivindicatórios,
na busca de melhores condições de trabalho.
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11
SANSEVERINO, Riva. Curso de direito do trabalho. Tradução de Elson Guimarães
Gottschalk. São Paulo, LTr, 1976, p. 56-57.
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173
12
Idem, p. 57.
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174
13
Apud Marilena Chauí. Convite à filosofia. São Paulo: Ed. Ática: 1995, p. 407.
14
Idem, p. 57.
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O trabalhador que leva o trabalho para casa, por exemplo, quebra o ambiente
familiar, traz para si, sem perceber, parte dos custos da produção (conta de luz
etc.), e não vislumbra a responsabilidade daquele que explora economicamente
seu trabalho quanto ao meio ambiente do trabalho, no que tange ao aspecto
ergonômico e no que diz respeito à limitação da jornada de trabalho.
Esses novos arranjos acabam provocando novos problemas, mas sempre
ligados à mesma lógica. Isso explica, em certa medida, um efeito não previsível
da pretensa liberdade de trabalhar em casa, conforme noticia reportagem da
Revista Veja (edição n. 2072, de 06.08.08), “Saudosos do escritório”:
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15
Lembre-se de que a Constituição Federal consagrou em seu artigo 1º, como princípios
fundamentais da República, a proteção da “dignidade da pessoa humana” e os “valores
sociais do trabalho e da livre iniciativa”. No artigo 170, caput, estabeleceu que a ordem
econômica deve seguir os ditames da “justiça social”, observando o valor social da
propriedade (inciso III) e a busca do pleno emprego (inciso VIII). E fixou os direitos dos
trabalhadores, arts. 7º a 9º, como direitos fundamentais.
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Não se pode conceber que o ordenamento jurídico agasalhe um pretenso “direito a
desrespeitar direitos fundamentais”.
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181
17
Incentivada por uma política de baixos salários.
18
E largar emprego não é mesmo uma atitude muito sensata, ainda mais em um mundo onde
se difunde a ideia de que o emprego não mais existe.
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19
Ainda mais agora após decisão do Supremo Tribunal Federal, que declarou incompetente
a Justiça do Trabalho para cobrar as contribuições previdenciárias decorrentes da
sentença declaratória do vínculo empregatício, mesmo que se possa apontar a
inconstitucionalidade da decisão.
20
A noção jurídica da reincidência, vale lembrar, atrai a figura do dolo, do qual se pode
validamente extrair a má-fé, e foi trazida, expressamente, no art. 59 da Lei n. 8.078/90
(Código de Defesa do Consumidor) e, no Direito Penal, constitui circunstância agravante
da pena (inciso I do art. 61 do CP) e impede a concessão de fiança (inciso III do art. 323
do CPP).
21
A atitude deliberada e assumida de desrespeito à ordem jurídica é um valor jurídico, haja
vista o disposto no inciso LXVII do art. 5º da CF.
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com o autêntico capitalista, embora até possa ter prazer em ostentar a condição
de “empregador”.22
Adite-se, no que se refere ao empresário aparente, que sua exploração
embute, ainda, um aspecto ainda pior que é o de lhe ter sido transferida parcela
do risco econômico, que era própria da grande empresa, situação que, para ser
corrigida, requer uma indenização específica de cunho pessoal, além de outra
de natureza social, já que a formalização do negócio jurídico por parte da grande
empresa teve apenas o condão de evitar a sua responsabilidade com o custo
social do trabalho.
Destaque-se, por fim, que muitas vezes ao próprio trabalhador pode
parecer interessante ostentar a condição de pessoa jurídica ou empresário, seja
pelo aspecto da capitis diminutio que, culturalmente, atribuiu-se ao termo
empregado, seja por conta do proveito tributário que possa auferir, qual seja,
deixar de pagar imposto de renda referente à pessoa física, pagando apenas
imposto de pessoa jurídica, que possui, como se sabe, várias possibilidades de
descontos de despesas.
No entanto, como por várias vezes já manifestado, nem mesmo o interesse
do trabalhador pode ser invocado como causa excludente da relação de emprego,
já que o custo social do trabalho, que incide sobre a relação de emprego, serve
(ou deve servir) a toda sociedade, sobretudo àqueles que não conseguem se
inserir no mercado de trabalho.
Nessas situações, portanto, há de se reconhecer que esse “empresário”
é empregado da empresa que se vale da sua atividade, não inibindo tal
configuração o fato de executar esses serviços a mais de uma empresa,
integrando-se todas, para fins trabalhistas, ao conceito de grupo econômico. Por
consequência, os empregados do tal “empresário” serão, verdadeiramente,
empregados da empresa final.
A situação refletida na supersubordinação, nas hipóteses de
mascaramento da relação de emprego por intermédio de negócios jurídicos
fraudulentos, de mera ausência de registro, de desrespeito deliberado e contumaz
de direitos trabalhistas mesmo em relações de emprego assumidas como tais
e de transferência do risco econômico para parcela de trabalhadores,
transformados, formalmente, em falsos autônomos, pessoas jurídicas ou
empregadores aparentes, revela, portanto, claramente, um dano à dignidade
humana que deve ser reparado, além de um inquestionável dano de natureza
social
Na perspectiva da repercussão social, é evidente que o reconhecimento
da supersubordinação e a determinação de sua reparação não devem estar
sujeitos ao interesse particular do trabalhador lesado. Lembre-se de que a
fiscalização do trabalho é um dever do Estado, já instituído como direito
fundamental no Tratado de Versalhes, de 1919.
22
Quantos não são os “empresários”, proprietários de empresas de terceirização, por
exemplo, que se apresentam em reclamações trabalhistas completamente desprovidos
de capacidade econômica, embora tenham colocado inúmeros trabalhadores a serviço
de grandes empresas?
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23
“Verificando-se que as alegações feitas pelo reclamado versam sobre a não existência
de relação de emprego ou sendo impossível verificar essa condição pelos meios
administrativos, será o processo encaminhado à Justiça do Trabalho ficando, nesse
caso, sobrestado o julgamento do auto de infração que houver sido lavrado.
§ 1º - Se não houver acordo, a Junta de Conciliação e Julgamento, em sua sentença
ordenará que a Secretaria efetue as devidas anotações uma vez transitada em julgado,
e faça a comunicação à autoridade competente para o fim de aplicar a multa cabível.
§ 2º - Igual procedimento observar-se-á no caso de processo trabalhista de qualquer
natureza, quando for verificada a falta de anotações na Carteira de Trabalho e Previdência
Social, devendo o Juiz, nesta hipótese, mandar proceder, desde logo, àquelas sobre as
quais não houver controvérsia.”
24
“Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo e as
condições para o seu cumprimento.”
25
“Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:
[...]
d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência”.
26
LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor. São Paulo: LTr, 2002. p.
97-100.
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186
jurisdicional corretiva, ocorrido nos EUA. Trata-se do caso Gore vs BMW, do qual
se extraiu o princípio jurídico do desestímulo, que é “princípio oriundo do Direito
Penal, apropriado pela doutrina civilista que trata da responsabilidade por danos
metapatrimoniais”. Esclarece o autor que,
27
BUGARIN, Paulo Soares. “O direito do consumidor e o devido processo legal na moderna
jurisprudência constitucional norte-americana: o caso BMW of North America, Inc. V.
Gore”. Revista de Informação Legislativa, Brasília, DF, v. 36, n. 143, jul./set. 1999, p. 234.
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187
Toto bola. Sistema de loterias de chances múltiplas. Fraude que retirava ao consumidor
a chance de vencer. Ação de reparação de danos materiais e morais. Danos materiais
limitados ao valor das cartelas comprovadamente adquiridas. Danos morais puros
não caracterizados. Possibilidade, porém, de excepcional aplicação da função
punitiva da responsabilidade civil. Na presença de danos mais propriamente sociais
do que individuais, recomenda-se o recolhimento dos valores da condenação ao
fundo de defesa de interesses difusos. Recurso parcialmente provido.
1. Não há que se falar em perda de uma chance, diante da remota possibilidade de
ganho em um sistema de loterias. Danos materiais consistentes apenas no valor das
cartelas comprovadamente adquiridas, sem reais chances de êxito.
2. Ausência de danos morais puros, que se caracterizam pela presença da dor
física ou sofrimento moral, situações de angústia, forte estresse, grave desconforto,
exposição à situação de vexame, vulnerabilidade ou outra ofensa a direitos da
personalidade.
3. Presença de fraude, porém, que não pode passar em branco. Além de possíveis
respostas na esfera do direito penal e administrativo, o direito civil também pode
contribuir para orientar os atores sociais no sentido de evitar determinadas condutas,
mediante a punição econômica de quem age em desacordo com padrões mínimos
exigidos pela ética das relações sociais e econômicas. Trata-se da função punitiva
e dissuasória que a responsabilidade civil pode, excepcionalmente, assumir, ao lado
de sua clássica função reparatória/compensatória. “O Direito deve ser mais esperto
do que o torto”, frustrando as indevidas expectativas de lucro ilícito, à custa dos
consumidores de boa-fé.
4. Considerando, porém, que os danos verificados são mais sociais do que
propriamente individuais, não é razoável que haja uma apropriação particular de tais
valores, evitando-se a disfunção alhures denominada de overcompensation. Nesse
caso, cabível a destinação do numerário para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos,
criado pela Lei 7.347/85, e aplicável também aos danos coletivos de consumo, nos
termos do art. 100, parágrafo único, do CDC. Tratando-se de dano social ocorrido
no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, a condenação deverá reverter para o
fundo gaúcho de defesa do consumidor.
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A função punitiva, presente na antiguidade jurídica, havia sido quase que esquecida
nos tempos modernos, após a definitiva demarcação dos espaços destinados à
responsabilidade civil e à responsabilidade penal. A esta última estaria confinada a
função punitiva. Todavia, quando se passou a aceitar a compensabilidade dos
danos extrapatrimoniais, especialmente os danos morais puros, percebeu-se estar
presente ali também a ideia de uma função punitiva da responsabilidade civil. Para
os familiares da vítima de um homicídio, por exemplo, a obtenção de uma compensação
econômica paga pelo causador da morte representa uma forma estilizada e civilizada
de vingança, pois no imaginário popular está-se também a punir o ofensor pelo mal
causado quando ele vem a ser condenado a pagar uma indenização.
Com a enorme difusão contemporânea da tutela jurídica (inclusive através de
mecanismos da responsabilidade civil) dos direitos da personalidade, recuperou-se
a ideia de penas privadas. Daí um certo revival da função punitiva, tendo sido
precursores os sistemas jurídicos integrantes da família da common law, através
dos conhecidos punitive (ou exemplary) damages. Busca-se, em resumo, “punir”28
alguém por alguma conduta praticada, que ofenda gravemente o sentimento ético-
jurídico prevalecente em determinada comunidade.29
28
“Quanto à não exclusividade do direito penal para o exercício de funções sancionatórias,
veja-se Paolo Cendon, Responsabilità civile e pena privata, in: Francesco D. Busnelli e
G. Scalfi (org.), Le pene private, Milano, Giuffrè, 1985, p. 294, os estudos de Paolo Gallo,
especialmente Pene Private e Responsabilità Civile, Milano: Giuffrè, 1996, e Introduzione
al Diritto Comparato, vol. III, Analisi Economica del Diritto, Torino: Giappichelli, 1998, esp.
p. 91s., e Giulio Ponzanelli, La respnsabilità civile - profili di diritto comparato, Bologna,
Il Mulino, 1992, p. 30 e s. No direito francês, v. menção feita por Geneviève Viney, na sua
Introduction à la Reponsabilité, volume integrante do Traité de Droit Civil, dirigido por
Jacque Ghestin, Paris: L.G.D.J., 1995, p. 122 e 123. No direito norte-americano, na obra
coletiva Punitive Damages (Chicago: University of Chicago Press, 1992), v. especialmente
a introdução de Cass Sunstein, “To punish or not” (p. 75/76), além de Thomas H. Koenig
and Michael L. Rustad, In Defense of Tort Law, New York: New York University Press,
2003, esp. p. 23/28.”
29
“Trata-se de uma função frequentemente invocada pelos tribunais, do que serve de
exemplo o seguinte acórdão: ‘Responsabilidade civil. Dano moral. Acusação injusta de
furto em mercado. A injusta imputação de furto a cliente de mercado e a sua revista
causam constrangimento passível de indenização. A fixação do dano deve levar em
conta o caráter compensatório e punitivo’ (TJRS, 6a CC, CC 70001615152, j. em 11.04.01,
rel. Des. Cacildo de Andrade Xavier).”
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30
Segundo: http://www.1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u392014.shtml
31
Ou, ainda, ao Fundo de Garantia das Execuções Trabalhistas, tratado no art. 3º da
Emenda Constitucional n. 45: “Art. 3º A lei criará o Fundo de Garantia das Execuções
Trabalhistas, integrado pelas multas decorrentes de condenações trabalhistas e
administrativas oriundas da fiscalização do trabalho, além de outras receitas.”
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190
32
Para maiores considerações sobre o dano social vide SOUTO MAIOR, Jorge Luiz, “O
dano social e sua reparação”, in Revista LTr: Legislação do trabalho - v. 71, n. 11, nov.
2007, Revista Justiça do Trabalho, n. 228, dez./07, Revista IOB Trabalhista e
Previdenciária, ano 19, n. 225, março/08, p. 58-72.
33
Segundo relata o economista Márcio Pochmann, a economia mundial está concentrada
nas mãos de 500 empresas.
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191
8 CONCLUSÃO
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192
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193
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195
RESUMO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
196
2
Expressão do Prof. Dr. Ricardo Antunes.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
197
3
BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003,
p. 63.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
198
4
A volta dos dekasseguis ao Brasil em razão da crise é notícia na imprensa falada e
escrita. Na última sexta-feira, dia 01.05.09, foi matéria no programa “Globo Repórter”.
5
É importantíssima a preocupação de organismos internacionais e nacionais, assim como de
diversas ONGs a respeito da preservação do meio ambiente. Se, por um lado, a crise econômico-
financeira é assustadora, a ameaça ao meio ambiente, faz tempo, tornou-se real. Já fala-se do
“earth overshoot day”, isto é, do dia, digamos, em que a terra entrou em crise, porque ultrapassado
o seu limite de sustentabilidade, estimado em 40% de sua capacidade de reposição dos recursos
necessários à vida humana digna. A par dessa questão, outra precisa ser enfrentada: o
trabalhador não pode mais ser tratado como se fosse um bagaço do neoliberalismo. A pessoa
humana não é uma simples biomassa, renovável em cada crise mundial financeira, provocada
pelo capital especulativo. O homem possui uma dimensão divina, abraçado devendo ser por
uma vida minimamente condizente com a sua condição natural.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
199
Faltas ao serviço
Tempo de contratação Aviso prévio sem prejuízo do salário
integral
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
200
6
A referência à dispensa individual não significa que os autores, doutrinariamente,
concordem com o atual sistema brasileiro de controle da dispensa realizado a posteriori,
geralmente com repercussões de ordem patrimonial e raramente com efeitos de natureza
reintegratória. Ao revés, propugna-se pela plenitude do inciso I do art. 7º da Carta Magna,
cujo texto de aplicação imediata atribui a garantia de emprego ao empregado, exigindo da
empregadora a apresentação de um motivo socialmente justificável, seja ele de índole
pessoal, seja de natureza econômico-financeira. No fundo e em essência, qualquer
espécie de resilição contratual justrabalhista não pode ser tratada como se fosse o
exercício de mero poder potestativo empresarial.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
201
7
MANNRICH, Nelson. Dispensa coletiva: da liberdade contratual à responsabilidade social.
São Paulo: LTr, 2000, p. 532-538.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
202
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
203
5. BRASIL
8
No endereço eletrônico http://www.prt3.mpt.gov.br/novosite/pnoticias.php?id=170#not170
foi noticiada a realização de audiência pública pelo MPT em Minas Gerais para alertar
sindicatos e centrais sindicais sobre os limites que a legislação do trabalho fixa para a
negociação de direitos como redução de jornada, de salários, férias coletivas, suspensão
de contrato.
9
Arriscam-se conceitos doutrinários cujo ponto comum é a diferenciação entre o que vêm
a ser dispensas individuais plúrimas e dispensas coletivas oriundas de um único fato e
que se estendem a número significativo de empregados da mesma empresa.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
204
10
Em entrevista publicada na Revista Exame, edição 939, o Presidente da EMBRAER afirmou:
“Não me envergonho do que fiz.”
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
205
11
Para íntegra do voto, consultar <http://www.trt15.jus.br/voto/padc/2009/000/
00033309.rtf>.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
206
12
Em painel realizado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região sobre “Liberalismo
Econômico, Estado Social, Constituição e Poder Judiciário: Reflexões sobre Economia e
Poder Judiciário em tempos de crise econômica”, em 24.04.09, o eminente Ministro Mauricio
Godinho Delgado mencionou que, apesar de cristalizadas academicamente, as funções
normativa, interpretativa e integradora dos princípios não foram completamente
incorporadas pelo sistema judicial. Ressaltou a retomada da ideia de justiça social e o
importante papel atribuído ao Direito do Trabalho e aos demais direitos sociais para a
concretização dos pilares do Estado Democrático de Direito, que são, basicamente, o
respeito à dignidade da pessoa humana e a construção do Estado do Bem-Estar Social.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
207
13
A China encara a crise. Revista Exame, edição 937, ano 43, n. 3, 25.02.09, p. 25.
14
Idem, p. 22.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
208
[...] o impedimento de demissões a partir desta ordem até que sejam restabelecidos
os critérios para a dispensa em negociação com o sindicato profissional, com a
presença, se necessário, do Ministério Público do Trabalho. Da mesma forma, em
liminar, o pretendido na letra “c” da inicial, bem como que seja exibida a relação de
todos os demitidos, tempo de serviço deles e prazo para as respectivas
aposentadorias. [...].
15
Commodities são mercadorias primárias, em estado bruto ou com pequeno estágio de
transformação, que constituem produtos básicos para a economia mundial.
16
Notícia veiculada em 23.04.09. Para maiores detalhes, consultar <http://as1.trt3.jus.br/
pls/noticias/no_noticias.Exibe_Noticia?p_cod_noticia=2565&p_cod_area_noticia=ACS>.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
209
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
210
7. EBES - NEOKEYNESIANISMO
17
A discrepância entre o mundo dos valores reais e o mundo do capital especulativo era
tamanha que o Bank for International Settlements estimou em US$600 trilhões o valor dos
títulos mundiais, enquanto o PIB mundial pesquisado no mesmo período não ultrapassaria
US$65 trilhões.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
211
Quem vai pensar o destino comum da espécie humana e da única casa coletiva, a
Terra? Quem cuidará do interesse geral dos 6,3 bilhões de pessoas? O neoliberalismo
é surdo, cego e mudo a esta questão fundamental. Seria contraditório suscitá-la,
pois defende concepções políticas e sociais diretamente em oposição ao bem comum.
Seu propósito básico é: o mercado tem que ganhar e a sociedade perder. Pois é o
mercado que vai regular e resolver tudo. Se assim é, por que vamos construir
coisas em comum? Deslegitimou-se o bem-estar social.19
18
Uma causa adjacente da crise financeira mundial foi a “bolha da remuneração”
caracterizada pela deturpação dos valores pagos a título de bonificações aos altos
executivos americanos. Na era do “culto ao curto prazo”, as discrepâncias eram tantas
que a seguradora americana AIG, por exemplo, anunciou bônus de US$165 milhões aos
executivos da área financeira, embora, semanas antes, tivesse publicado prejuízo de
quase US$100 bilhões.
19
Idem, Ibidem, p. 64.
20
Apesar de a crise ter origem nos EUA e de esse país sofrer consequências danosas
decorrentes do fenômeno, a China não ocupará o posto de maior economia do mundo.
Pelo menos, por enquanto. É que, paradoxalmente, os títulos emitidos pelo governo
americano continuam sendo o melhor investimento na atualidade. Na qualidade de credora
desses títulos, a China é uma das grandes interessadas no reerguimento da economia
dos EUA. Finalmente, o dólar segue como moeda das transações internacionais. Assim,
nesse particular, os EUA não têm que se preocupar com a vulnerabilidade de outros meios
de troca; só precisam assegurar a estabilidade, a baixa oscilação e a valorização da sua
moeda.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
212
A mão pode ser invisível, mas suas impressões digitais não. Onde o Mercado bota
a mão fica a marca. Sobretudo quando tira a mão, deixando ao relento milhares de
desempregados, jogados na rua da inadimplência, enforcados em dívidas
astronômicas.21
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
21
BETTO, Frei. A mão invisível. Estado de Minas, 05 de março de 2009.
22
Expressão de Mario Vargas Llosa.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
213
REFERÊNCIAS
- ANTUNES, Luciene et al. A China encara a crise. Revista Exame, edição 937,
ano 43, n. 3, p. 20-29, 25 fev. 2009.
- BELLUZZO, Luiz Gonzaga. Tudo que é sólido... Revista Carta Capital, ano XV, n.
537, p. 38, 18 mar. 2009.
- BETTO, Frei. A mão invisível. Estado de Minas, 05 de março de 2009.
- BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis, RJ: Vozes,
2003.
- CASTRO, Marinella et al. Conheça as duas faces da crise econômica. Portal Uai,
Belo Horizonte, 19 fev. 2009. Disponível em: <http://www.uai.com.br/UAI/html/
sessao_4/2009/02/19/em_noticia_interna,id_sessao=4&id_noticia=99779/
em_noticia_interna.shtml> Acesso em 19 fev. 2009.
- COMERCIÁRIOS de São Paulo recebem recomendação sobre flexibilização de
jornada. Granadeiros Guimarães Advogados, São Paulo, 11 mar. 2009.
Disponível em <http://www.granadeiro.adv.br/boletim-mar09/N39-110309.php>
Acesso em 11 mar. 2009.
- COSTA, Antônio Luiz M. C. Tempos de fúria: crise, problemas econômicos
incentivam posturas políticas mais radicais em todo o mundo, à esquerda ou
à direita. Revista Carta Capital, ano XV, n. 537, p. 74-76, 18 mar. 2009.
- CRESCEM ações trabalhistas de executivos. Gazeta Mercantil. 06 abril 2009.
Disponível em <http://indexet.gazetamercantil.com.br/arquivo/2009/04/06/436/
Crescem-acoes-trabalhistas-de-executivos.html>. Acesso em 22 abril 2009.
23
No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES - que havia
perdido a qualidade de principal financiador das empresas frente ao mercado de capitais,
recebeu 120 bilhões de reais para conceder linhas de crédito às empresas interessadas
em se prevenir ou vencer o clima criado pela crise financeira mundial. No mundo, centenas
de bilhões de dólares estão sendo investidos na economia para “salvar” o capital.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
214
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
215
- NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica,
3. ed. , v. 1, São Paulo: Cortez, 2007.
- ONAGA, Marcelo. “Não me envergonho do que fiz”. Revista Exame, edição 939,
ano 43, n. 5, p. 50-53, 25 mar. 2009.
- POCHMANN, Márcio. Enfrentando a crise como oportunidade. Vermelho Online,
22 jan. 2009. Disponível em <http://www.vermelho.org.br/
base.asp?texto=49860>. Acesso em 22 jan. 2009.
- ________. Desemprego: o que fazer? Instituto Humanitas Unisinos, 19 mar.
2009. Disponível em <ttp://www.unisinos.br/ihu/
index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=20692>. Acesso
em 19 mar. 2009.
- QUADRUPLICA n. de empresas brasileiras que recorrem à Justiça para
continuarem abertas. Folha Online, São Paulo, 05 mar. 2009. Disponível em
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u529836.shtml>. Acesso em
05 mar. 2009.
- RIBEIRO, Erica. Um dia após prorrogação de redução do IPI, Peugeot Citroën
demite 250. Clipping Seleção de Notícias. 01 abril 2009. Disponível em <https:/
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20 abril 2009.
- RODRIGUES, Azelma. Governo reduz projeção de alta do PIB de 2009 a 2% . Valor
Online, 19 mar. 2009. Disponível em <http://www.valoronline.com.br/ValorOnLine/
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- ROLLI, Cláudia; FERNANDES, Fátima. Casos de assédio moral crescem na
crise . FolhaOnline. 23 mar. 2009. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/
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- ROUBINI, Nouriel. Para evitar o pior. Revista Carta Capital, ano XV, n. 537, p. 78,
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- SIMAS, Denis. Demissões na EMBRAER são consideradas abusivas; empresa
irá indenizar. 19 mar. 2009. Disponível em <http://www.trt15.jus.br/noticias/
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- TABUCHI, Hiroko. Japão paga para trabalhadores estrangeiros voltarem para
casa, para sempre. Uol Notícias. 23 abril 2009. Disponível em <http://
noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/04/23/ult574u9301.jhtm>. Acesso
em 23 abril 2009.
- TRABALHADOR tem direito de ser salvo também. OIT Brasil. 13.10.2008.
Disponível em <http://www.oitbrasil.org.br/news/nov/ler_nov.php?id=3218>.
Acesso em 20 abril 2009.
- VULCABRAS-Azaleia dá férias coletivas a 2,3 mil funcionários. Valor Online, 19
mar. 2009. Disponível em <http://www.valoronline.com.br/ValorOnLine/
MateriaCompleta.aspx?tit=Vulcabras-Azaleia+da+ferias+coletivas+a+23+mil+
funcionarios&codMateria=5420307&dtMateria=16+02+2009&codCategoria=181>.
Acesso em 19 mar. 2009.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
216
ANEXO A24
Fonte:OIT
24
Dados disponíveis em http://www.oitbrasil.org.br/download/get2009.pdf.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
217
ANEXO B25
Fonte:IBGE
25
Dados disponíveis em http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/
noticia_visualiza.php?id_noticia=1356&.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.195-217, jul./dez.2008
219
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
220
1
STF. Conflito de Jurisdição 6959. Relator Min. Sepúlveda Pertence. Julgamento: 23.05.1990.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
221
2
Art. 114 . Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público
externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;
[...]
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
3
BRANDÃO, Cláudio Mascarenhas. Justiça do Trabalho - Competência ampliada,
LTr / ANAMATRA.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
222
Art. 34 - A denúncia por qualquer das partes, sem causa justificada, do contrato de
representação, ajustado por tempo indeterminado e que haja vigorado por mais de
seis meses, obriga o denunciante, salvo outra garantia prevista no contrato, à
concessão de pré-aviso com antecedência mínima de trinta dias, ou ao pagamento
de importância igual a um terço (1/3) das comissões auferidas pelo representante,
nos três meses anteriores.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
223
4
Projeto de Lei n. 6.542, de 2005. Regulamenta o inciso IX do art. 114 da Constituição
Federal, para dispor sobre competências da Justiça do Trabalho referentes à relação de
trabalho e dá outras providências.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
224
Art. 652. f) Compete, ainda, ao Juiz do Trabalho processar e julgar os litígios decorrentes
de relações de trabalho que, não configurando vínculo empregatício, envolvam, dentre
outras, as ações:
I - cobrança de crédito resultante de comissões de representante comercial ou de contrato
de agenciamento e distribuição, quando o representante, agente ou distribuidor for pessoa
física.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
225
emprego. Dessa forma, em regra, o trabalhador deve ser pessoa natural, salvo os
casos de representantes comerciais e outros análogos, desde que se trate de uma
pequena organização empresarial, sem empregados próprios, atuando sozinho na
área de trabalho que lhe foi submetida(grifa-se), sendo este o caso dos autos.
(TRT-02008-2006-148-03-00-6 RO - Relator Desemb. Antônio Fernando Guimarães,
publicado em 14.04.07)
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
226
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
227
A Lei 8.420/92 (que modificara a Lei 4.886/65) revela uma intervenção do Estado na
economia do contrato de representação comercial autônoma. Embora a Lei 4.886/65
já o regulasse em minúcias, muitos campos ficaram abertos à autonomia da vontade,
à liberdade de contratar. Nada mais, neste aspecto. Ocorreu, entretanto, que a
autonomia de vontade funcionou quase sempre, em favor da empresa representada.
Contratos leoninos, abusivos, foram gerados, tornando difícil a convivência entre o
representante com o representado, dado o desequilíbrio manifesto entre o poder
econômico deste e a humilde condição do representante, incapaz de discutir ou
recusar reduções de comissões, (grifa-se) contratos com prazos determinados
diminutos, cláusulas del credere etc.
5
REQUIÃO, Rubens Edmundo. In Nova regulamentação da representação comercial
autônoma. 1. ed., Ed. JM Livraria Jurídica, 1993, p. 20/21.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
228
De outro lado, nada mais justo que uma lei de ordem pública e caráter
cogente, criada para proteger uma categoria infinitamente inferior àquela com
quem se relaciona profissionalmente, seja aplicada pela Justiça do Trabalho, de
índole também eminentemente social.
Defende-se, portanto, a competência da Justiça do Trabalho para conhecer
e julgar controvérsias entre representante comercial autônomo e representada,
decorrentes da não aplicação dos direitos assegurados pela Lei n. 4.886/65,
principalmente da pequena empresa ou empresa familiar, pois, na prática, vivencia
a mesma realidade do representante comercial pessoa natural e do empregado.
Registra-se que, somente após regular instrução do feito, é que se poderá
definir se o representante comercial, pessoa jurídica, é somente de direito ou
também de fato, se é empresa de pequeno porte ou familiar, razão pela qual a
competência da Justiça do Trabalho deve ser inquestionável.
Vale ponderar que a grande empresa de representação comercial, com
existência nos mundos de fato e de direito, via de regra, sequer tem interesse em
buscar guarida na Justiça Especializada do Trabalho.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
229
4 CONCLUSÃO
5 REFERÊNCIAS
6
LIMA FILHO, Francisco das C. Migalhas: Peso, de 24.10.07 - “Proteção ao trabalhador
juridicamente autônomo e economicamente dependente” (www.migalhas.com.br/mostra)
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.219-229, jul./dez.2008
231
Rodrigo Goldschmidt*
RESUMO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão
e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
2
O artigo 5º da CF assim dispõe:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
232
2 O DIREITO À IGUALDADE
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
233
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
234
Parece bem observar que não há duas situações tão iguais que não possam ser
distinguidas, assim como não há duas situações tão distintas que não possuam
algum denominador comum em função de que se possa parificá-las.
Essa relação tão íntima entre a igualdade e a proporcionalidade levou vários autores
a tentar unificar ambas as ideias sob um denominador comum. Não é estranho, em
face disso, que alguns tenham sustentado em alguma ocasião que o princípio da
igualdade consagra o princípio da proporcionalidade, o que não deixa de ser
verdadeiro, quando se toma em consideração a necessidade de invocá-la como
critério para a aferição da legitimidade da diferenciação de tratamentos a pessoas
até então tidas em idêntica posição.
Por seu turno, Celso Antonio Bandeira de Mello (1999, p. 37) registra que
o ponto nodular para exame da correção de uma regra em face do princípio isonômico
reside na existência ou não de correlação lógica entre o fator erigido como critério
de discrímen e a discriminação legal decidida em função dele.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
235
3
Nesse particular aspecto, a recente introdução do art. 442-A na Consolidação das Leis
do Trabalho procurou minimizar os efeitos da discriminação do jovem no mercado de
trabalho, ao dispor que:
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
236
4
Vide site www.mte.gov.br, acesso em 12.02.2008.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
237
Não há necessidade de lei que as fundamente. Podem ser previstas por um programa
de governo ou, mesmo sem este, por uma ação social. Desse modo, muitas vezes,
quando não previstas em sua norma legal cominatória, carecem de exigibilidade
jurídica e, não obstante, podem ter um grande efeito social. Mais que isso, podem
contribuir para a criação ou ampliação de uma cultura de solidariedade ou de
responsabilidade social. O trabalho voluntário é uma das suas alavancas, porém,
por outros meios, também, podem concretizar-se. Uma empresa pode desenvolver
ações afirmativas internas por sua iniciativa para implementar uma cultura propícia
de combate à discriminação em suas diversas formas.
Sexo
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
238
5
Artigo 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social: ... (omissis); XX - proteção do mercado de trabalho da
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
6
O inciso I do artigo 5º da CF assim dispõe:
Artigo 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos seguintes:
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
239
7
Vide Lei n. 10.224, de 15 de maio de 2001, que altera o Decreto-lei n. 2.848, de 07 de
dezembro de 1940 - Código Penal, para dispor sobre o crime de assédio sexual e dar
outras providências. A respeito, vide a seguinte ementa de acórdão, que versa sobre
assédio sexual:
8
A propósito, o artigo 373-A da CLT assim dispõe:
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
240
Idade
9
Vide o site: www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sepm/. Acesso em 13.02.2008.
10
Lei n. 10.748, de 22 de outubro de 2003, que cria o Programa Nacional de Estímulo ao
Primeiro Emprego para os Jovens - PNPE, acrescenta dispositivo à Lei n. 9.608, de 18 de
fevereiro de 1998, e dá outras providências. O artigo 5º da Lei n. 10.748/2003 assim
dispõe:
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
241
A par disso, vale menção o já citado art. 442-A da CLT, o qual estabelece a
proibição de exigência de prazo de experiência superior a seis meses no mesmo
tipo de atividade, para facilitar o ingresso do jovem no mercado de trabalho.
No tocante aos trabalhadores envelhescentes, os mesmos são atingidos
pelos efeitos da flexibilização, impostos pelo avanço tecnológico e pela
globalização da economia.
Assim, ditos empregados são considerados “velhos” e precocemente
despedidos, sob o argumento de que possuem altos salários e não são
suficientemente flexíveis para assimilar as novas tecnologias.
A tragédia é que a Constituição (art. 7º, inciso XXVII) prometeu proteger o
trabalho humano dos efeitos da automação. Todavia, até hoje, nenhuma lei
complementar foi editada nesse sentido.
Dessa forma, urge que o Estado regulamente o preceito constitucional
que determina a proteção do trabalho humano, criando, v.g., cotas de emprego
ou salvaguarda de direitos trabalhistas e sociais que coloquem a salvo a dignidade
da pessoa humana do trabalhador, garantindo os meios para lhe assegurar a
própria subsistência e de sua família.
Tal não implica “obstar” ou “impedir” o avanço tecnológico, até porque
isso seria impossível diante do poder criativo que marca a condição humana.11
Todavia, cumpre proteger o ser humano da tecnologia que ele mesmo criou.
A necessidade de tal proteção, para além do que prevê a Constituição, é
reconhecida até mesmo pela ficção científica, sintetizada nas três leis da robótica
de Isaac Asimov12, como bem lembra Paulo Dourado de Gusmão (1996, p. 388).
Assim, há que se editar leis e implantar políticas públicas que afirmem a
dignidade da pessoa humana do trabalhador, colocando a tecnologia a serviço
do homem e não o contrário, preservando os empregos e proporcionando
adaptações e treinamentos aos trabalhadores para que esses, gradativamente,
possam dominar as novas tecnologias e, diante da experiência acumulada,
sugerir novas possibilidades e melhorias no desenvolvimento do trabalho e do
processo produtivo em benefício da própria empresa. Trata-se de uma espiral
positiva e ascendente, calcada na valorização do trabalho humano, secundado e
potencializado pelas novas tecnologias, como de resto determinam o artigo 1º,
III, e artigo 170, ambos da Constituição.
11
Nas palavras de Comparato (2006, p. 435):
12
Segundo Asimov (1999, p. 9), as três leis da robótica são as seguintes: 1. Um robô não
pode prejudicar um ser humano ou, por omissão, permitir que o ser humano sofra dano;
2. Um robô tem de obedecer às ordens recebidas dos seres humanos, a menos que
contradigam a Primeira Lei; 3. Um robô tem de proteger sua própria existência, desde que
essa proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
242
Tais políticas públicas são possíveis e nada mais são do que a prática
daquilo que a própria Constituição promete: proteger e promover a dignidade da
pessoa humana. Nessa linha, Ingo Wolfgang Sarlet (2003, p. 111) observa:
13
Vide Lei n. 10.741 de 1º/10/2003, que institui o Estatuto do Idoso. Eis os artigos do
referido Estatuto que versam sobre proteção do trabalho e políticas públicas de inclusão:
Artigo 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas
condições físicas, intelectuais e psíquicas.
14
A propósito, vale citar trecho da matéria publicada na Revista “Tribuna 12”, do Tribunal
Regional do Trabalho da 12ª Região, SC, intitulada “Obstáculo do tempo”, redigida por
Clayton Haviaras Wosgrau, Letícia Cemim e Vanderlei Ricken:
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
243
Cor / Raça
fiscal do trabalho Ana Maria Costa. Ao invés de simplesmente punir as empresas, a DRT
gaúcha optou por uma solução pedagógica: a contratação reparatória. As empresas
fiscalizadas assumem um termo de compromisso com o órgão estatal que prevê a
contratação de uma pessoa acima de 50 anos para cada anúncio restritivo. ‘Os pré-
requisitos para essas contratações são os mesmos elencados no anúncio, só que sem
a limitação de idade’, explica a auditora. Só em 2006, foram firmados 56 termos de
compromisso e realizadas 309 contratações reparatórias. Em razão dessa iniciativa, a
DRT teve que autuar apenas cinco empresas no mesmo ano. (2007, p. 11)
15
ProUni. Vide site: http://prouni-inscricao.mec.gov.br/prouni/. Acesso em 13.02.2008.
16
Secretaria Especial de Políticas Públicas de Promoção de Igualdade Social-SEPPIR.
Vide site: www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/seppir/ Acesso em 13.02.2008.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
244
17
O art. 4º da Lei n. 9.394/96 - LDB - assim dispõe:
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a
garantia de:
[...]
III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;
18
O art. 2º da Lei n. 9.394/96 - LDB - assim dispõe:
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e
nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
19
Lei n. 7.853 de 24 de outubro de 1989, que dispõe, entre outros temas, sobre o apoio às
pessoas portadoras de deficiência e sua integração social. Decreto n. 3.298, de 20 de
dezembro de 1999, que regulamenta a Lei n. 7.853/89 e Lei n. 8.213, de 24 de julho de
2001, que, no seu artigo 93, obriga as empresas com 100 empregados ou mais a preencher
de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de
deficiência.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
245
20
De acordo com o artigo 194 da Constituição:
21
Nessa linha, Miranda (1979, p. 70): “Ao juiz só excepcionalmente, isto é, com permissão
pela lei, é dado julgar sem que haja iniciativa do interessado.”
22
A respeito, o artigo 128 do Código de Processo Civil assim estabelece:
O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de
questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
246
23
De acordo com Dinamarco (1994, p. 23):
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
247
sociedade.24
Necessita-se, nessa esteira de entendimento, de uma nova concepção
de jurisdição, pró-ativa, positiva, ágil e efetiva, que exerça uma atividade
transformadora, aproximando o Direito aos reais anseios e necessidades da
sociedade.
Não se quer com isso dizer que o Poder Judiciário possa agir sem
quaisquer limites. Não é disso que se trata. O que se quer dizer é que a jurisdição
deve efetivamente cumprir a sua missão constitucional, que é aplicar, com justiça,
o Direito ao caso concreto.
Só que, para atingir esse objetivo, tendo em vista a injustiça social que
marca o nosso país, a jurisdição tem de se libertar das amarras do formalismo
ainda exagerado que as normas processuais impõem, para ficar mais próxima
do povo e, aí então, promover as mudanças que este almeja e espera.
Os limites da jurisdição estão estampados na própria Constituição. De
fato, a Constituição determina que as decisões tomadas pelo Judiciário devam
ser fundamentadas25, justamente para se poder aquilatar se ditas decisões são
justas ou não.
Além disso, também como controle, a Constituição prevê o duplo grau de
jurisdição26, para que as decisões possam passar por uma revisão de justiça de
um órgão jurisdicional superior, figurando o Supremo Tribunal Federal, em última
instância, como órgão que avalia a constitucionalidade ou não da decisão tomada.
A Constituição, além de estabelecer limites à jurisdição, em verdade,
legitima-a a sair de sua inércia conceitual para ser mais pronta e efetiva na
redução das desigualdades e injustiças sociais.
24
A respeito, Norberto Bobbio (2004, p. 45) assevera
que o problema grave do nosso tempo, com relação aos direitos do homem, não era mais
o de fundamentá-los, e sim de protegê-los.
não se trata de saber quais e quantos são esses direitos, qual é sua natureza e seu
fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual
é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar de solenes declarações,
eles sejam continuamente violados.
25
O inciso IX do art. 93 da Constituição assim dispõe:
26
A propósito, o inciso LV do art. 5º da Constituição estabelece:
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248
27
Para ilustar a ideia que aqui se defende, cita-se o teor do Enunciado n. 12, aprovado pela
1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho, promovida pelo Tribunal
Superior do Trabalho - TST, Escola Nacional de Magistrados do Trabalho - ENAMAT,
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho - ANAMATRA e Conselho
de Escolas de Magistratura Trabalhista - CONEMATRA, ocorrida nos dias 21, 22 e 23 de
novembro de 2007, disponível em www.anamatra.org.br (acesso em 06.02.2008):
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.231-251, jul./dez.2008
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mantendo a boa-fé com relação ao passado. É, por último, uma atitude fraterna, uma
expressão de como somos unidos pela comunidade apesar de divididos por nossos
projetos, interesses e convicções. Isto é, de qualquer forma, o que o direito
representa para nós: para as pessoas que queremos ser e para a comunidade que
pretendemos ter.
28
Nessa linha, são as lições do professor Carvalho (2003, p. 41, 75 respectivamente):
1- Diz-se, pois, que o Juiz é neutro como se isso possível fosse. A única forma de uma
pessoa ser neutra é estar fora do mundo, como se as coisas acontecessem abaixo dela.
Na verdade ninguém, nem mesmo o cientista, pode ser neutro. Já se disse antes que o ato
sentencial é fruto da ideologia do julgador (mesmo o da lavra dos positivistas - Dennis
Lloyd, op. cit., p. 183) e todos sabemos que a visão de mundo que temos é comprometida
com a nossa história. Ao decidir, ou se está aplicando uma lei que não é neutra, ou se está
aplicando uma justiça que também não o é.
2- O jurista, desde que orgânico, contribuirá para o avanço social. Sua missão fundamental
é buscar utopicamente uma sociedade dirigida à solução dos problemas da maioria (ou
seja, mais justa). Seu instrumento de trabalho (o direito) é arma para consagrar conquistas
populares e para instrumentalizar conquistas futuras. Então, o direito não é
necessariamente conservador. Só o será, como mero instrumento que é, se a ideologia-
fim do jurista que com ele manipule for conservadora.
29
A respeito, Santos OFM (2007, p. 113) assevera:
Decisões judiciais mais humanas e com visão aberta são capazes de impulsionar políticas
públicas. Como exemplo, podemos citar que, graças a juízes corajosos e justos, milhares
de jovens estão estudando em universidades públicas e particulares, favorecidos pela
isenção de taxa do vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM -, que garante
vaga para o ProUni.
30
Cabe, aqui, a lição de Chaïm Perelman (1996, p. 84/85):
[...] nos campos jurídico, político, filosófico os valores intervêm como base de argumentação
ao longo de todo o desenvolvimento. Recorre-se a eles para motivar o ouvinte a fazer
certas escolhas em vez de outras e, sobretudo, para justificar estas, de modo que se
tornem aceitáveis e aprovados por outrem.
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250
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
9 REFERÊNCIAS
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251
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253
* Juíza da 12ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. Professora dos cursos de graduação e
de pós-graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais e
residente do IEAT- Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG. Doutora
em filosofia do direito.
1
EDELMAN, 2007, p. 159.
2
Na raiz dessas colocações está, como se percebe, uma parcela da tônica luhmanniana.
Cf. LUHMANN, 1996.
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254
3
Cf. sob o prisma da historicidade e sobre as várias etapas da seleção de notícias, cf.
KUNCZIK, 2002, p. 219-275 (O capítulo intitula-se A produção de notícias).
4
KURZ, 2002, p. 12.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
255
5
SCHMITT, 1999, p. 43.
6
SCHMITT, 1999, p. 46.
7
SCHMITT, Carl. O Führer protege o direito. Trad. Peter Naumann. In: MACEDO JÚNIOR,
2001, p. 219 e segs.
8
SCHMITT, 1999, p. 46.
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256
9
Notadamente pela figura do amicus curiae.
10
ECO, Umberto. Sobre a imprensa. In: ECO, 1998, p. 86.
11
O termo é usado em uma versão abrangente que alcança todos aqueles que têm habilitação
formal para expressar argumentos em torno do direito de forma escrita ou oral (bacharéis
em direito, juízes, advogados, promotores, procuradores, professores, teóricos).
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257
relação a todas as outras.12 Ela não se exaure. Ela exige cotidianidade e não está
a cargo exclusivamente do Estado.
Há uma palavra que une especialmente as atividades de juristas e de
jornalistas. Ela está no Houaiss, dividida em duas versões. Na versão de n. 1, a
palavra lide indica luta, combate, mas tem acepção jurídica de “pleito judicial
pelo qual uma das partes faz um pedido e a outra resiste; pendência, litígio”, do
latim litis. Na versão de n. 2, ela indica “linha ou parágrafo que apresenta os
principais tópicos da matéria desenvolvida no texto jornalístico; cabeça” e tem
raiz etimológica no inglês com lead. As origens são diversas, mas elas se
encontram na grafia e na fonética em português como conflitos registrados,
condensados em palavras, anunciados em versão reduzida e direta.
Na sociedade da ampla informação, juízes julgam, mas os veículos de
imprensa também conduzem sessões de julgamento, na informalidade com
que submetem os conflitos à visão da opinião pública. Portanto, jornalistas,
apresentadores de rádio e televisão também fazem justiça. Ou injustiça.
Em uma obra em torno das várias formas de narrativa pelo direito (a das
decisões, a das teorias etc.), Alejandro Nieto ressalta o cuidado que devem ter os
juristas com o modo como se expressam, dada a relevância que têm para
transmitir conhecimento. E ele aponta os desvios a evitar:
Hoje segue sendo importante, desde logo, a fanatização dos cidadãos para que
suportem a guerra exterior ou o despotismo interno; mas talvez seja ainda mais
importante fazê-los receptivos aos interesses dos vendedores, já que o mercado
depende tanto da qualidade e do preço da produção como das práticas de marketing,
e aqui se chegou a extremos inauditos que os clientes nem sequer suspeitam.13
12
Um retorno a Aristóteles pode dar a medida exata disso, especialmente no Livro I, em que
explica o sentido ativo das virtudes na cidade - ARISTÓTELES, 2002, p. 53-54.
13
NIETO, 2002, p. 288.
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258
expressão jurídica. Isso significa que ela pode ser vista, pesquisada e analisada
em toda a sua extensão. É a lei, são as decisões, os processos, a teoria. Não há,
porém, como escalonar e esquematizar todas essas manifestações. Elas
caracterizam-se pela variedade e pelo casuísmo, versados caótica e
simultaneamente com uma tendência à exaustiva repetição. Tornar pública a
coisa jurídica é diferente, no entanto, de fazer publicidade dela. Se a palavra
publicidade entra para o direito como um princípio14, com lastro inafastável na
prática democrática, ela não pode se afastar de sua conotação para a sociedade
de consumo. Aqueles que constroem os fenômenos do direito estão geralmente
conscientes da importância da publicidade de seus atos, mas não se preocupam
ou controlam quaisquer das técnicas de publicidade, ou seja, aquelas que criam
uma linguagem às vezes artificial para a difusão-venda da informação e para a
busca de um maior número de consumidores ou de adeptos num espaço que
não pode ficar vazio. O tempo no jornal e na televisão deve ser integralmente
preenchido, sem a possibilidade da pausa silenciosa ou do papel em branco.
Pode-se indagar se o direito deve ceder a essa pressão de ser como tudo
o mais. Pode-se perquirir que usos o direito pode fazer desses recursos da
sociedade onde se vende qualquer coisa. O fato é que a necessidade de se
comunicar com o público e de fazê-lo prestar atenção numa mensagem que é a
da lei e a da decisão judicial tende a não lograr êxito quando se mantêm os
métodos professorais e herméticos de formulação do texto jurídico. A sua
linguagem opera não apenas com os termos que funcionalmente denotam os
conceitos, mas também como uma construção de sinônimos sem lastro com a
técnica. Por que chamar o mandado de segurança de writ of mandamus, por
exemplo, se ele guarda apenas remota similitude com o instituto formado no
direito inglês e se esse fato, importante para o conhecimento acadêmico do
direito, não tem sentido ou utilidade na sua versão contemporânea mais imediata?
Esse é um dos pontos de estrangulamento da comunicação quando estão em
pauta a natureza e a dinâmica das soluções jurídicas como matéria para
tratamento jornalístico.
O dilema talvez esteja no que se pode chamar de acúmulo de palavras:
14
Cf., mesmo que ligeiramente, o caput do art. 37 da Constituição.
15
LAÉ, 2001, p. 21.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
259
16
RICOUER, Paul. Sanction, rehabilitation, pardon. In: RICOUER, 1995, p. 200.
17
Edelman reforça a montagem arquitetônica dessa caverna de modo a servir precisamente
ao fim descritivo a que se destina - cf. EDELMAN, 2007, p. 27-28.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
260
olhar para a parede onde as imagens são reproduzidas. A liberdade daquele que
sai e percebe a luz é descrita pela ênfase da dor que há em aprender: o
conhecimento dói nos olhos como a primeira luz para aquele que nunca a havia
experimentado.
Quando se fala do direito e das questões a ele conexas não se pode referir
apenas aos lances factuais que cercam o conflito. O modo de ser do próprio direito
se introjeta na cena vivida e dá a ela uma cobertura conotativa que transmuda os
fatos puros para uma versão que é jurídica. Por isso, há sempre o risco da frustração
quando a notícia o descreva sem a preocupação com o dado complexo e real que
o converte em fenômeno jurídico. De certa forma, essa narrativa livre, que busca
conquistar o leitor ou o telespectador, num vínculo imediato, traz o perigo de retomar
a ideia ancestral da vingança sem qualquer mediação.
Porque os problemas da prática efetiva do direito existem e devem ser
analisados em sua significação mais ampla, os percalços dessa faticidade
ultrapassam a vontade de quem apresenta a notícia e demandam a verificação
do contexto em que ela se dá. A apropriação imediata e absoluta da cena conflitual,
para a narrativa veloz da notícia, pode remeter à ideia da justiça com as próprias
mãos rejeitada pela racionalidade contemporânea.
O hermetismo da comunicação jurídica tem uma boa dose de culpa nos
desdobramentos desse processo. Na medida em que o conhecimento do direito
é apresentado como um flanco inacessível aos não versados e cuja malha
problemática não se expõe com a necessária clareza, abre-se a perspectiva de
se canalizar a frustração para outra dimensão.
O trabalho de jornalistas e de profissionais do direito (juízes, advogados,
promotores, delegados etc.) coincide na filtragem de fatos e na narrativa de uma
história reconstruída com o essencial respeito ao contraditório. É direito das
partes, no processo, que cada decisão expresse uma posição sobre as alegações
e as provas contrapostas. É direito de quem é citado na notícia ter sua versão
ouvida e apurada.
Jornalistas e juízes têm o dever de descobrir o que aconteceu e de se
expressarem com argumentos convincentes. As decisões judiciais fazem
forçosamente a valoração das ocorrências sob o prisma da legalidade. Elas são
necessariamente motivadas e podem não corresponder à expectativa da opinião
pública. O juízo de valor das notícias pode ser subliminar e se esconder no jogo
de palavras da manchete cujo objetivo principal é, tradicionalmente, atrair a atenção
do leitor. Se, de um lado, há o excesso de processos e de leis, de outro lado, está
a presunção inverossímil de que jornalistas dominem saberes múltiplos e
sintonizados em campos de incisiva complexidade técnica. A mesma dificuldade
acentua-se para os juízes que são obrigados a decidir sobre os fatos mais
variados, muitos deles de índole técnica, com destaque para a especificidade
terminológica que caracteriza as diversas faixas de interesse humano. Um juiz
do trabalho pode imaginar que cavalinho seja um cavalo pequeno ou muito
querido de seu dono. Mas ele não compreenderá o que esse animal estará
fazendo numa transportadora que faz carga de mercadoria pesada. Os dicionários
podem não registrar, mas, na linguagem de motoristas de caminhão, cavalinho
é parte da carreta. O exemplo é certamente prosaico, mas o objetivo dele é
exatamente acentuar a extensão natural ou real do desconhecimento.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
261
18
Para falar de apenas alguns, podem mencionar-se junto com o sistema recursal as
dificuldades estruturais na gestão dos processos, com as características históricas de
cada tribunal, os incidentes normais que ocorrem nos processos (a testemunha que não
pode comparecer, o perito que não conseguiu concluir o laudo), até os percalços variados
da execução.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
262
O estatuto epistemológico dos fatos coincide, então, com uma realidade que existe
por si mesma, sem outra mediação humana além do esforço por oferecer dela uma
19
GEBAUER, WULF, 2005, p. 493.
20
WOLCHER, Louis E. Thought’s prison: an image of images. In: LIPPENS, 2004, p. 27.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
263
21
CALVO, 1996, p. 70.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
264
22
EDELMAN, 2007, p. 162-163.
23
GUILLOT, 2008, p. 3.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
265
É aí que deve entrar a legenda escrita, que inclui a fotografia no âmbito da literalização
de todas as condições de vida, e sem a qual toda a construção fotográfica está
condenada a permanecer no limbo impreciso. [...] Mas não será cada canto das
nossas cidades um local do crime? Não será cada um de seus transeuntes um
criminoso? E não será função do fotógrafo - sucessor de áugures e arúspices -
revelar a culpa nas suas fotografias e apontar a dedo os culpados? “O analfabeto
do futuro”, disse alguém [Baudelaire, no ensaio O público moderno e a fotografia],
“será aquele que não sabe ler as fotografias, e não o iletrado”. Mas não será
praticamente um analfabeto o fotógrafo que não sabe ler as suas próprias
fotografias? Não se tornará a legenda parte essencial da fotografia?24
24
BENJAMIN, Walter. Estética e sociologia da arte. In: BENJAMIN, 2006, p. 261.
25
“Trial judges and juries, in trying to get at the past facts through the witness, are themselves
witness of what goes in the court-rooms” - FRANK, 1973, p. 22.
26
O mesmo acontece nos seriados que cuidam da investigação de fatos. Aliás, na sua
construção dramática, os paradoxos entre a exibição da mídia e a reconstrução do
quadro de fato são elementos constantemente explorados numa interiorização de uma
metalinguagem que digere a linguagem do sistema e o devolve em expressão cenográfica,
em linha de tensão teatralizada.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
266
País já perdeu o controle dos grampos judiciais: Mais de 33 mil linhas são legalmente
grampeadas a cada mês.27
27
O Globo, domingo, dia 13 de julho de 2008, p. 1.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
267
uma justa distância entre o conflito que libera a cólera privada e pública e a punição
infligida pela autoridade judiciária. Enquanto a vingança faz curto-circuito entre dois
sofrimentos, aquele a que se submete a vítima e aquele infligido pelo vingador, o
processo se interpõe entre os dois, instituindo a justa distância a que nos referimos.28
28
RICOUER, Paul. Sanction, rehabilitation, pardon. In: RICOUER, 1995, p. 195.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
268
29
RICOUER, Paul. Sanction, rehabilitation, pardon. In: RICOUER, 1995, p. 199.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
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Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.253-269, jul./dez.2008
DECISÃO PRECURSORA
273
DECISÃO PRECURSORA
Decisão*
RELATÓRIO
FUNDAMENTOS
Em princípio, cumpre frisar que o trabalho religioso, como tal, não configura
um contrato de emprego. Isto porque, este trabalho não é considerado
profissional, no sentido técnico do termo. Seus propósitos são ideais e o fim a
que se destina é de ordem espiritual, como bem salienta o Prof. Amauri Mascaro
* O texto foi mantido em sua versão original, excetuada a atualização ortográfica ao padrão
do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
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CONCLUSÃO
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Comentário*
SENTENÇA PIONEIRA
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276
5
Droit du Travail. Paris: Sirey, 1958, II, 57 e II, 94.
6
TRT-3ª R., RO 12 254/99. DO 05.02.2000. Rel. Eduardo Augusto Lobato.
7
V. Carlos Zangrando. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTr Editora, 2008, p. 527, 2º v.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.273-276, jul./dez.2008
JURISPRUDÊNCIA
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alegações do autor em sua petição de ele, mas sim a outrem), é ainda preciso
ingresso, mas sem, nesse momento, perquirir se está configurada, nos
perquirir-se da veracidade dos fatos ou presentes autos, a situação
do acerto das alegações de direito nela excepcional hipoteticamente prevista
constantes (considerações que só na lei ou na Norma Fundamental para
serão pertinentes quando do autorizar a atuação do substituto
julgamento do mérito da causa, ao final processual (no caso, o Ministério
do iter processual, ou seja, após a Público do Trabalho) na defesa dos
obtenção da certeza sobre a veracidade direitos e interesses de terceiros. No
dos fatos controvertidos da causa, entanto, tudo isso deverá ser feito,
decorrente da cognição plena e repita-se, sem se perquirir da efetiva
exauriente, e sobre o direito a eles existência, no caso concreto, dos
aplicável, com vistas a declarar a direitos sociais constitucionalmente
existência ou a inexistência dos direitos assegurados que aquele órgão visa
subjetivos disputados em juízo e a proteger por meio da ação civil pública
consequente procedência ou e cuja ausência levaria não à mera
improcedência dos pedidos iniciais). decretação de sua carência, mas sim
Nesse sentido é o ensinamento à sua improcedência.
definitivo de LIEBMAN, citado por José Em termos mais diretos: na
Carlos BARBOSA MOREIRA (em seu medida em que a Constituição da
trabalho “Legitimação para agir. República, em seu artigo 127, incumbe
Indeferimento da petição inicial”, ao Ministério Público em geral a defesa
publicado in Temas de direito dos interesses sociais e individuais
processual - 1ª série, São Paulo: indisponíveis e seu artigo 129 lhe
Saraiva, 2ª ed., 1988, p. 200): atribui de forma específica, em seu
inciso III, a função institucional de
...todo problema, quer de interesse promover a ação civil pública para a
processual, quer de legitimação ad proteção dos interesses difusos e
causam, deve ser proposto e coletivos em geral, basta, para repelir
resolvido admitindo-se, as arguições recursais de carência da
provisoriamente e em via hipotética, ação, verificar se as alegações de sua
que as afirmações do autor sejam petição inicial no caso presente
verdadeiras; só nesta base é que configuram, ainda que hipoteticamente,
se pode discutir e resolver a situação em que estejam em jogo
questão pura da legitimação ou do direitos e interesses metaindividuais
interesse. e de estatura constitucional dos
trabalhadores em geral.
É verdade que, nos casos como E a resposta, aqui, é afirmativa:
o presente, em que se trata da admitindo-se como verdadeira a
denominada legitimação extraordinária afirmação da peça inicial da presente
para a causa (em que, por razões de ação civil pública que a ora reclamada
política judiciária, a lei ou a própria está promovendo a execução
Constituição abrem a determinado permanente de sua atividade-fim
órgão ou pessoa a possibilidade de através de trabalhadores terceirizados,
agir em juízo em nome próprio, isto é, sendo que os mesmos assumem
como parte, na defesa de alegado todos os riscos da atividade de entrega,
direito que, se existir, não pertencerá a via motocicleta, dos produtos
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pecuária nos primeiros 6 meses, tendo cerca e eu falei com eles “eu vou
trabalhado posteriormente apenas numa máquina de esteira pedir para
com fruticultura, agricultura e pecuária, ela virar na direção nossa pra
e o sobredito engenheiro disse apenas encontrar os contrafogo”. Quando
que, normalmente, no curso de técnico estava na caminhonete, há uns 50
há matéria relativa a noções de metros onde estava aguardando, o
queimada controlada (f. 308), ou seja, José Carlos pediu prá mim levar o
trata-se de mera suposição de que facão que estava na caminhonete
havia aulas de meras noções quanto a para cortar ramos para apagar o
queimada controlada, o que é bem fogo. Quando lá cheguei ele pediu
diverso de uma queimada acidental ou para ir aonde estava a máquina que
criminosa numa propriedade de 5.000 eu ficasse a pé com os peões
hectares, em pleno fim de seca, com porque estava mais acostumado a
pastagens altas de braquiária lidar com fogo. Aí eu dei a direção
entremeada de árvores, sem aceiros da caminhonete para o Zé Carlos e
preventivos. Além disso, há uma ele foi sozinho encontrar a máquina
passagem no depoimento do gerente de esteira... [sic, gerente Gilberto
na qual deixa escapar que o de cujus José Caixeta, f. 303/304].
afirmou não ter experiência:
Veja-se que Zé Carlos, a vítima,
Que estávamos na sede todo mundo confessava ao seu gerente não estar
e aí apareceu uma fumaça há uns acostumado a lidar com fogo e, ciente
dois quilômetros da sede e nós da intenção do gerente de dar a ordem
saímos todos os funcionários em ao condutor do trator de esteira, pediu
uma caminhonete em direção ao que fosse ele, Zé Carlos, na
fogo. O vento estava trabalhando à caminhonete, levar o recado, saindo do
direita de onde o fogo apareceu e combate direto ao fogo. Por outro lado,
tinha uma casa na beira da estrada a fala do gerente mostra que tinha
e nós fomos defender primeiro a conhecimento prático de como
casa. O Sr. José Carlos estava junto combater o incêndio.
e os demais funcionários que A recorrida procura demonstrar
estavam na fazenda também. também que o falecido trabalhador
Conseguimos cercar o fogo antes tinha assumido a gerência da fazenda
de atingir a casa e voltamos para o em substituição a Gilberto, já
lado esquerdo de novo e descemos cumprindo aviso prévio, e que teria ele
para defender uma área de pasto. comandado o combate ao incêndio,
Aí, eu, o Zé Carlos mais seis mas essa tentativa, data venia, beira à
funcionários descemos pelo ingenuidade, pois a vítima havia sido
corredor à direita e uma máquina de contratada a título de experiência, como
esteira e um trator de pneu com uma admitiu o preposto à f. 307, fato esse
pipa de água desceu do outro lado que aconteceu em 09.07.07 (f. 58), ou
fazendo contrafogo, e nós, a pé, seja, 16 dias antes do incêndio,
também descemos fazendo o ocorrido no dia 25.07.07 (f. 70 e 82),
contrafogo. Nós descemos mais ou além do que foi encaminhado à Seção
menos uns 500 metros defendendo de Pessoal no dia 09.07.07 para
do fogo para onde ele estava admissão na função de “técnico
queimando. Paramos numa beira de agropecuário”, como se vê no verso da
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pois em tal boletim consta que o fogo foi caminhonete dirigida por Zé Carlos
efetivamente debelado às 16h40min, e quando lá chegou este estava de
sendo por isso que falou ao engenheiro pé ao lado de um tanque d’água, todo
às 17h que ele estava sob controle, queimado mas ainda vivo; que aí ele
entretanto o falecido somente foi colocou ele na caminhonete que foi
encontrado às 22h, aproximadamente, conduzida por outro empregado que
valendo transcrever, respectivamente, foi até Pirapora; que entretanto o
trechos dos depoimentos de José depoente depois contatou a firma
Felisberto de Souza e do gerente Gilberto que mandou uma ambulância; que a
José Caixeta: caminhonete e a ambulância
encontraram-se a aproximadamente
[...] o depoente abaixou a aceleração 70 quilômetros da fazenda e foi
e falou para o de cujus “abre o conduzido até Pirapora; que sabe
colchete que eu vou salvar que não que depois ele foi transferido para
tem jeito de fazer mais nada”; que Montes Claros... [sic, Gilberto José
chamou o de cujus para ir embora e Caixeta, f. 304].
ele não ouviu; que o depoente
desceu e foi na direção de uma O despreparo do gerente é
represinha, onde o depoente tamanho que, mesmo com cinco
conseguiu se salvar do fogo; que homens sumidos no meio do fogo,
quando chegou na estrada o Sr. somente depois de encontrar Zé
Gilberto estava procurando o de Carlos, já todo queimado, foi que
cujus; que o depoente falou para o acionou a empresa e esta mandou
Sr. Gilberto que não sabia onde uma ambulância. E a discrepância de
estava o de cujus e que o depoente horários? O que dizer dela? Será que
tinha conseguido se salvar por o falecido empregado ficou agonizando
pouco; que depois disso o depoente das 14h às 22h, sem ninguém dar falta
voltou para a fazenda e não sabe dele?, ou será que os dados do Boletim
informar mais nada... [sic, José de Ocorrência Policial estão
Felisberto de Souza, f. 307/308]. incorretos? Muitas dúvidas ainda ficam
no ar, mas não em relação à culpa da
[...] que foram embora pra sede a pé reclamada que, além de não adotar
sem o Zé Carlos, sem o veículo e medidas preventivas de alcance
sem as máquinas; que na sede coletivo, elegeu preposto tão
pegou outra caminhonete e voltou; incapacitado a ponto de por em risco,
que permaneceu na estrada desnecessariamente, doze vidas, sem
esperando o trator de pneu que prever as consequências; de não ter
estava vindo de dentro do fogo com adotado as medidas necessárias,
três empregados; que então viu acionando a recorrida, ambulâncias e
também a máquina de esteira saindo hospitais, quando saiu do fogo e viu
de dentro do fogo na direção onde que pelo menos cinco dos seus
estava; que conversou com o subordinados estavam em lugar
operador da esteira que lhe ignorado, no meio do incêndio; e de
transmitiu o relato acima; que isso já deixar de mobilizar todos que estavam
era 21h30/22h e já não havia mais a salvo para procurar José Carlos.
fogo mas apenas fumaça; que foi Assim, caracterizada a culpa da
até o lugar onde estava a recorrida, está ela obrigada a indenizar
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“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e eficazes de proteção aos seus
187), causar dano a outrem, fica empregados e usuários, sem se
obrigado a repará-lo.” olvidar, é claro, da necessidade
Esclareça-se que, para os imperiosa de fiscalização ininterrupta,
efeitos da lei, considera-se ilícito a fim de garantir a conservação e
aquele ato consistente numa ação ou funcionamento regular da rede elétrica
omissão voluntária, negligência ou e, por conseguinte, a segurança do
imprudência, que viole direito e cause público perante o qual responde e
dano a outrem, ainda que daqueles que manuseiam o sistema.
exclusivamente moral (artigo 186 do Nesse diapasão, a atividade
Código Civil de 2002), ao qual pode desenvolvida pela 2ª ré é considerada
ainda ser agregado o artigo 187 do atividade de risco, e, por essa razão, a
mesmo Diploma Legal. responsabilidade pela reparação dos
Não bastasse, o parágrafo danos causados à autora prescinde da
único do art. 927 do Código Civil lançou prova da culpa, o que dispensa, por si
a semente da responsabilidade sem só, maiores digressões acerca da
culpa, que, à hipótese, enquadra-se suposta conduta negligente da CEMIG
perfeitamente. quanto à situação da rede de alta
Prevê o parágrafo único do tensão no local do acidente.
citado artigo que Some-se, a tudo isso, que a
responsabilidade das
Haverá obrigação de reparar o concessionárias de serviço público,
dano, independentemente de culpa, conforme determina o § 6º do artigo 37
nos casos especificados em lei, ou da Constituição da República (TEORIA
quando a atividade normalmente DO RISCO ADMINISTRATIVO), é do tipo
desenvolvida pelo autor do dano objetiva, bastando a comprovação da
implicar, por sua natureza, risco para lesão e do nexo de causalidade entre
os direitos de outrem. (grifei) esta e a conduta da ré, para que reste
configurada a obrigação de indenizar.
É o que a jurisprudência e a Esclarecedor, na hipótese, o
doutrina classificam como “teoria do excerto jurisprudencial abaixo
risco criado”, espécie de colacionado, proferido pelo Egrégio
responsabilidade em que se leva em TJMG:
consideração apenas o quadro
resultante do próprio fato, como EMENTA: MORTE POR ACIDENTE
consequência do risco criado, sem RESULTANTE DE DESCARGA DE
indagar da conduta do agente, dolosa ALTA TENSÃO. COMPROVAÇÃO DO
ou culposa. Basta, pois, a prova do nexo NEXO CAUSAL ENTRE O RISCO
de causalidade com o fato e o dano, CRIADO PELA DISTRIBUIDORA DE
para se configurar a responsabilidade ENERGIA ELÉTRICA E MORTE DE
objetiva. OPERÁRIO. RESPONSABILIDADE
Na hipótese dos autos, não há OBJETIVA DE EMPRESA
dúvida de que a atividade de CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO
transmissão e distribuição de energia PÚBLICO. ART. 37, § 6º DA
elétrica envolve alto risco e, por essa CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CULPA
razão, a concessionária deve buscar, EXCLUSIVA DA VÍTIMA NÃO
a todo momento, a adoção de medidas COMPROVADA. IMPROCEDÊNCIA
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casa, o menor lhe disse “minha mãe residiu com ela, pois era obrigado;
não gosta de mim”, enquanto que, quando o menor passou a morar
chorava; que, apesar de com o depoente, o dinheiro ficava
conselheiro, não relatou o fato às para ele; que o menor chegou a
autoridades; que fez isso porque dispor a ajudar na casa do
entendeu que seria uma conversa depoente, tendo o mesmo deixado a
mais amigável, tendo sido procurado critério dele fazê-lo ou não.
como “uma pessoa para conversar” Perguntas dos réus; “que o menor
e não como conselheiro; que trabalhava somente para os réus
acredita que o reclamante não quando faleceu; que houve uma
dormiu na casa de sua mãe após época em que o menor residiu com
sua saída; que não se recorda de seu pai, em Buritis; que chegou a
visitas feitas entre autora e seu filho residir, também, com um
após tal saída; que seu contato empregador, em São Paulo; que,
cessou quando o reclamante residia certa vez, a autora esteve na casa
com o avô, sendo que aquele do depoente para agredir o menor,
trabalhava o dia todo; que, em sua que conseguiu escapar; que o
opinião, “não havia sentimento da menor teve o dedo quebrado pela
mãe em relação ao filho”; que o autora, numa ‘briga’, com o cabo de
marido da autora já procurou o vassoura; que a autora comemorou,
depoente, para, na qualidade de algumas vezes, o aniversário do
conselheiro, acompanhar o menor filho mais novo, mas nunca o de
que chegara bêbado e, quando isso Cristiano; que o menor se referia à
ocorreu, ficou agressivo; que, autora pelo nome, não a tratando
apesar de não conversar com o como mãe; que o menor não
menor, sabia que o mesmo residia sustentava a família da autora”.
com o avô, pois eram vizinhos e o Perguntas da autora: “que o
via no local; que o único contato mais depoente nunca interferiu nas idas
íntimo ocorreu quando o menor o e vindas do menor; que acompanhou
procurou nos moldes supra. (f. 172) o menor após a vinda de Buritis,
quando tinha 10 anos; [...] ; que o
A par disso, o pai da reclamante menor fumava e, de vez em quando,
e avô do de cujus, em depoimento bebia, e o depoente não podia dizer
prestado como informante, declarou, nada”. (f. 171)
ainda,
Da análise dos depoimentos
que, quando do acidente, Cristiano transcritos, embora ressaia evidente a
residia em sua casa; que passou a dificuldade de relacionamento entre
residir com o depoente em junho de mãe e filho, não se pode afirmar, com
2004; que o menor e a autora não certeza, que a mãe não nutrisse pelo
“se davam”; que parece que a filho, a seu modo, qualquer relação de
autora não gostava de seu filho, afeto, de carinho ou de amor.
tendo-o expulsado por quatro vezes; De fato, afirmou a testemunha
que, quando mais novo, o de cujus Maciel Vieira Luciano, servidor do
era problemático, tendo se Conselho Tutelar de Pedrinópolis, que
regenerado “80%”; que o menor “não havia sentimento da mãe em
auxiliava sua mãe no período em que relação ao filho”. Contudo, não se pode
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olvidar de que o Conselho Tutelar vítima residisse com o avô nos últimos
nenhum procedimento mais drástico quatro meses antes do acidente, o
adotou em relação a essa família, certo é que viveu, durante a maior parte
possivelmente por entender pela da vida, com a mãe e com o outro irmão.
viabilidade do convívio familiar e por ser Não se trata, portanto, de um caso de
essa a melhor opção para os filhos da abandono ou de total desinteresse da
autora. mãe para com o filho, mas, sim, de
Além disso, não é conclusiva a dificuldades de relacionamento,
prova quanto às alegações de que a provavelmente, de ambas as partes,
vítima não residia com a mãe à época decorrentes, certamente, do
do acidente e de que foi por esta despreparo da mãe para lidar com os
expulsa de casa. problemas do filho adolescente.
Veja-se que, ao contrário dos De fato, o tratamento agressivo
depoimentos da testemunha Maciel da reclamante para com o filho também
Vieira Luciano e do informante é confirmado pela testemunha
Eurípedes de Oliveira, as duas Regilaine, quando afirma que
testemunhas indicadas pela
reclamante, Regilaine Aparecida Dutra a polícia já foi até a casa da autora,
e Marlene Abadia de Almeida, não uma vez que o de cujus era
confirmaram a alegação dos réus de problemático, que “pegava coisas
que o de cujus havia sido expulso de dos outros”; que também foi porque
casa pela mãe e que estava morando a autora agrediu o menor na tentativa
com o avô à época do acidente. de educá-lo. (f. 170, grifos
A primeira depoente (Regilaine) acrescidos)
afirmou que,
Além disso, consta nos autos o
quando da morte, Cristiano residia Boletim de Ocorrência da Polícia Civil
com sua mãe em Pedrinópolis; que o (f. 65/66), em que o de cujus relatou ter
avô de Cristiano residia também em sido agredido com tapas pela mãe, e
Pedrinópolis, em um outro bairro; [...] os documentos de f. 176/183
que o menor ia para a casa de seu demonstram que a reclamante
avô, ficava algum tempo e voltando também é agressiva com o filho mais
para a casa da mãe, não o novo, o que até lhe ensejou um
abandonando [...]. (f. 170) processo criminal. Veja-se que,
embora ela tenha aceito a suspensão
A segunda, Marlene Abadia de condicional do aludido processo
Almeida, declarou que criminal (f. 183), admitiu à autoridade
policial que bateu no menor por ter ele
conhecia o menor há cerca de 06/07 realizado saques em sua conta
anos antes do falecimento; que, nesse bancária (f. 178). Tal agressão resultou
período, o menor sempre residiu com em edemas e 38 (trinta e oito)
a mãe; que, com a morte de Cristiano, hematomas no filho de 15 (quinze)
a autora estava conturbada, tendo anos à época dos fatos (f. 182).
sofrido muito. (f. 171) Com efeito, não obstante todos
esses relatos, não se pode
Nesse compasso, de qualquer desconsiderar o precário contexto
forma, ainda que se entenda que a econômico, social e cultural em que
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O 1/3 constitucional tem como base [...] o benefício é pago por mês e
o total da remuneração, e, in casu, não por dia, pois tem o valor mensal
sendo a verba alimentação fixado atualmente em R$305,58, não
componente da remuneração, sobre havendo desconto quando o
ela incidirá. Tanto é assim que a IN- empregado tem consignado
SIT/MTE n. 25/2001 indica o valor do qualquer afastamento do serviço,
terço constitucional das férias como tampouco na ocorrência de qualquer
parcela remuneratória para feriado.
recolhimento do FGTS e da Sendo assim, o valor mensal do
contribuição social (art. 12, IX). (f. benefício já contempla os dias de
1761, 9º v) repouso semanal remunerado, não
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descontos que deveriam ter sido até 31.08.1987, limitados ao lustro não
efetivados nas épocas próprias, prescrito, com marco inicial em
incidentes sobre a verba principal, 01.10.2002, fixado nos fundamentos
qual seja, o auxílio-alimentação pago suprarreferidos. Em relação às
pela CEF e que, agora, também são diferenças salariais referentes aos
executados na Justiça do Trabalho, reflexos do auxílio-alimentação nas
de acordo com a nova redação dada demais parcelas remuneratórias, cabe
ao artigo 876, parágrafo único, da a cada parte, empregador e
CLT (Lei 11.457/07), a empregado, a responsabilidade pelo
responsabilidade pelo seu pagamento da cota-parte que a cada
pagamento é apenas da primeira ré. uma couber, nos termos da lei.
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EMENTÁRIO
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ABANDONO DE EMPREGO
AÇÃO
Anulatória
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Civil pública
De cumprimento
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Declaratória
De prestação de contas
Rescisória
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Revisional
ACIDENTE DO TRABALHO
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aplicáveis a cada direito são aquelas das épocas dos fatos que lhes
deram origem), mas a teor, também, do artigo 2.028 do novel CCb que, ao
revés do que num primeiro momento possa parecer, estabelece duas
situações independentes, na esteira de iluminada tese explanada por
Raimundo Simão de Melo, ao defender que “o novo prazo de 10 anos
aplica-se apenas às ofensas perpetradas a partir da vigência do Código
Civil de 2002, que se deu em 10 de janeiro de 2003. Para os danos
ocorridos até o dia 09.01.2003 continuam sendo aplicadas as regras da
prescrição do Código anterior, com prazo de vinte anos, de acordo com as
normas do artigo 2.028 do novo Código”. Se a doença equiparada a
acidente do trabalho foi diagnosticada em 1993, muito antes da entrada
em vigor do novo Código Civil de 2002 (Lei n. 10.406, de 10.01.02), cuja
vigência se deu a partir de 10.01.2003, a prescrição aplicável ao caso é,
indiscutivelmente, a vintenária.
(00136-2008-073-03-00-9 RO - 4ª T. - Rel. Juiz Convocado José Eduardo
de Resende Chaves Júnior - Publ. “MG” 20.09.08)
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425
ACORDO
ACÚMULO DE FUNÇÕES
ADICIONAL
De insalubridade
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426
De periculosidade
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427
ADJUDICAÇÃO
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428
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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430
ADVOGADO
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431
AGENCIADOR DE PROPAGANDA
AGRAVO DE PETIÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
432
ALTERAÇÃO CONTRATUAL
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
433
APOSENTADORIA
Especial
Espontânea
Por invalidez
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435
ARREMATAÇÃO
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437
ASSÉDIO MORAL
ASTREINTES
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438
de reflexos sobre o 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, sempre que
pagos com o intuito de mascarar a remuneração efetivamente praticada.
(00619-2008-091-03-00-5 RO - 8ª T. - Rel. Desembargadora Cleube de
Freitas Pereira - Publ. “MG” 22.11.08)
AUTO DE INFRAÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
439
AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
440
AUXÍLIO-CRECHE
AVISO PRÉVIO
BANCÁRIO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
441
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
442
CERCEAMENTO DE DEFESA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
443
CITAÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
444
COISA JULGADA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
445
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
446
obstante a suspensão do prazo por dez dias, foi ele exercido após o
escoamento do biênio constitucional (art. 7º, XXIX).
(01032-2008-047-03-00-5 RO - 9ª T. - Rel. Desembargadora Emília
Facchini - Publ. “MG” 05.11.08)
COMISSIONISTA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
447
COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
448
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
449
refletem a vontade das partes convenentes. Por isso devem ser observadas
tal como pactuadas, sob pena de ofensa ao inciso XXVI do art. 7º da CF/88.
Não se admite que a própria parte, legalmente representada no ajuste
coletivo, negue a sua validade plena, máxime porque os acordos coletivos
preveem, concomitantemente à progressão salarial, reajuste através da
aprovação de novas tabelas salariais, estas sim plenamente aplicáveis
aos inativos, conforme norma regulamentar.
(00353-2008-027-03-00-8 RO - 6ª T. - Rel. Desembargador Ricardo Antônio
Mohallem - Publ. “MG” 23.08.08)
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
450
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
451
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
452
CONTRATO DE ARRENDAMENTO
CONTRATO DE TRABALHO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
453
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
454
A termo
De experiência
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
455
De safra
CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
456
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
457
do Trabalho.
(00684-2007-066-03-00-0 AP - 1ª T. - Rel. Desembargador Manuel Cândido
Rodrigues - Publ. “MG” 09.07.08)
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
458
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
459
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
460
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
461
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
462
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
463
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
464
DANO
Material
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
465
Moral
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
466
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
467
DEFENSOR DATIVO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
468
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
469
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
470
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
471
DEPOSITÁRIO INFIEL
DEPÓSITO RECURSAL
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
472
DIRIGENTE SINDICAL
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
473
EMBARGOS
À execução
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
474
De terceiro
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
475
EMPREGADO DOMÉSTICO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
476
ENQUADRAMENTO SINDICAL
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
477
EQUIPARAÇÃO SALARIAL
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
478
Minas Gerais.
(00784-2008-138-03-00-6 RO - 5ª T. - Rel. Desembargador José Murilo de
Morais - Publ. “MG” 20.12.08)
ESPÓLIO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
479
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
480
ESTABILIDADE
Decenal
Provisória
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
481
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
482
EXECUÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
483
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
484
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
485
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
486
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
487
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
488
Fiscal
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
489
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
490
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
491
Provisória
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
492
FALÊNCIA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
493
FALTA GRAVE
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
494
FÉRIAS
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
495
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
496
GESTANTE
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
497
GRUPO ECONÔMICO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
498
HIPOTECA JUDICIÁRIA
HONORÁRIOS
Advocatícios
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
499
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
500
De corretagem
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
501
Periciais
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
502
HORAS
Extras
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
503
In itinere
IMPOSTO DE RENDA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
504
INSTRUÇÃO PROCESSUAL
INTERVALO INTRAJORNADA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
505
INVENÇÃO
JORNADA DE TRABALHO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
506
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
507
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
508
JORNALISTA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
509
JUROS DE MORA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
510
JUS POSTULANDI
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
511
JUSTA CAUSA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
512
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
513
à atitude das partes, visando coibir atos que reputem litigância de má-fé e
práticas atentatórias à dignidade da justiça, impondo as penalidades
cabíveis quando se revelarem necessárias, inclusive com o propósito
educativo.
(00551-2008-078-03-00-4 RO - Turma Recursal de Juiz de Fora - Rel.
Desembargador Heriberto de Castro - Publ. “MG” 24.09.08)
LITISCONSÓRCIO
LITISPENDÊNCIA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
514
MASSA FALIDA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
515
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
516
MEDIDA CAUTELAR
MOTORISTA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
517
MULTA
1- MULTA. A multa, como cláusula penal que é, não pode ser motivo de
enriquecimento por parte do credor, sob pena de se transmudar sua
natureza original, importando em locupletamento indevido, à custa do
executado. Sua finalidade essencial é a otimização da prestação
jurisdicional, traduzindo-se em importante mecanismo para se evitar ou
diminuir expedientes inconsistentes e protelatórios, que afrontam o espírito
de justiça e o princípio de celeridade, inerente ao processo trabalhista em
razão do caráter alimentar das verbas que compõem o crédito exequendo.
A cominação deve guardar o critério da razoabilidade e da finalidade a que
se dirige, caminho do qual jamais haverá de se desviar o julgador. Agravo
a que se nega provimento.
(01394-2006-063-03-00-3 AP - 5ª T. - Rel. Juíza Convocada Rosemary de
Oliveira Pires - Publ. “MG” 26.07.08)
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
518
Administrativa
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
519
Do art. 475-J
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
520
NULIDADE PROCESSUAL
ORDEM DE SEQUESTRO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
521
PENA DE CONFISSÃO
PENALIDADE ADMINISTRATIVA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
522
PENHORA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
523
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
524
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
525
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
526
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
527
PETIÇÃO INICIAL
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
528
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
529
PODER EMPREGATÍCIO
PRESCRIÇÃO
PROCESSO DO TRABALHO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
530
PROFESSOR
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
531
PROVA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
532
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
533
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
534
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
RECURSO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
535
Ordinário
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
536
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
537
RELAÇÃO DE EMPREGO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
538
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
539
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
540
REPRESENTANTE COMERCIAL
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
541
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
542
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
543
Indireta
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
544
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
545
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
546
REVELIA
SALÁRIO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
547
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
548
SEGURO-DESEMPREGO
SENTENÇA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
549
SERVIDOR PÚBLICO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
550
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
551
interesses que devam por meio dele defender, estando definidos em seus
§§ 1º e 2º os serviços ou atividades essenciais inadiáveis da comunidade,
caso em que os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da
lei. Não obstante, o inciso VII do artigo 37 da CRF preconiza que, em relação
ao direito de greve do servidor público, ainda que submetido ao regime da
CLT, este será exercido nos termos e limites definidos em lei complementar.
Ante a ausência de autoaplicabilidade desse dispositivo constitucional,
aplica-se, in casu, a Lei n. 7.783, de 28.06.1989, viabilizando o exercício
do direito de greve aos servidores públicos, diante do vazio semântico.
(00086-2008-045-03-00-0 RO - 3ª T. - Rel. Desembargador Bolívar Viégas
Peixoto - Publ. “MG” 05.11.08)
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
552
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
553
SINDICATO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
554
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
555
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
556
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
557
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
SUCESSÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
558
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
559
SUSPENSÃO DO PROCESSO
TERCEIRIZAÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
560
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
561
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
562
TERMO DE ADESÃO
TESTEMNHA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
563
Ocorre que a mera simultaneidade das ações não induz, por si só, a
qualificação dos respectivos depoimentos como ato de favorecimento
recíproco, senão como cumprimento do dever legal equiparado à
prestação de serviço público (parágrafo único do art. 419 do CPC). Dessa
sorte, somente por impedimento ou suspeição (arts. 134, 135, 405 do
CPC), a testemunha poderá deixar de cumprir seu munus público. O fato
objetivo da coincidência de ações em que os respectivos autores se
tornam reciprocamente testemunhas um do outro se constitui em dado
objetivo não contemplado pela legislação dentre as vedações legais. A
“troca de favores”, in casu, somente tem os efeitos pretendidos pela
recorrente se comprovada, se decorrente inequivocamente da prova dos
autos, e não, de mera presunção. Especialmente no caso destes autos
em que a autora não dispõe de outra prova, o acolhimento da contradita
nessa circunstância configura-se obstáculo intransponível ao direito de
ação.
(01037-2007-064-03-00-2 RO - 3ª T. - Rel. Juiz Convocado Antônio Gomes
de Vasconcelos - Publ. “MG” 05.11.08)
TRABALHADOR
Avulso
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
564
Rural
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
565
TUTELA INIBITÓRIA
UNIÃO FEDERAL
VALE-REFEIÇÃO
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
566
VALE-TRANSPORTE
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
567
VALOR DA CAUSA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
568
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.415-568, jul./dez.2008
DECISÕES DE 1ª INSTÂNCIA
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Diz que o Clube Atlético Mineiro foi os salários de setembro /99 devem
intimado para comparecer em ser pagos, provavelmente até o
audiência datada de 09.12.98, ocasião próximo dia 12; que cerca de 30
em que o preposto confirmou as empregados ainda não receberam
irregularidades, sendo-lhe concedido os salários de agosto/99; que o 13º
o prazo até o dia 16.12.98 para salário/98 de alguns jogadores ainda
apresentar proposta para quitação dos não foi pago; que até o momento o
débitos. Aduz que, na segunda clube não conseguiu patrocinador
audiência datada de 16.12.98, o Clube para este ano; que o clube está
Atlético Mineiro e a Preto e Branco ciente das possíveis sanções, mas
afirmaram que ainda não tinha sido considera esgotada a possibilidade
possível elaborar uma proposta para de firmar Termo de Compromisso.
liquidação dos débitos e regularização
da conduta, sendo designada nova Pretende, assim, um
audiência para o dia 19.12.99, quando, provimento judicial cominatório no
mais uma vez, os réus deixaram de sentido de obrigar os réus a pagar os
apresentar qualquer proposta, sendo salários, o 13º salário, o acerto
deferido novo prazo para tanto. rescisório, bem como recolher o FGTS
Assevera que os réus nada ou comprovar o parcelamento do débito
apresentaram no prazo concedido, respectivo junto à Caixa Econômica nos
solicitando a sua dilação, o que motivou valores, na forma e nos prazos
o Ministério Público do Trabalho a estabelecidos na legislação.
apresentar uma minuta de termo de Os réus não impugnam, em
compromisso para apreciação dos momento algum, o alegado
réus que, regularmente notificados, descumprimento das obrigações
silenciaram-se a respeito. Esclarece deduzidas na exordial. A defesa de
que, nesse intervalo, a Delegacia mérito limita-se a declarar que a
Regional do Trabalho e Emprego - DRT/ pretensão posta em juízo é de tutela
MG - encaminhou cópia do relatório da de direitos subjetivos, que não se
última inspeção realizada no Clube, inserem no âmbito de defesa através
confirmando a manutenção da conduta de ação civil pública. Impugnam o valor
irregular, apresentando, ainda, os autos escolhido pelo Parquet a título de
de infração e NDFG lavrados naquela multa.
fiscalização. Explanam que ocorreram A Constituição da República
mais duas outras audiências, sendo estabelece um sistema de garantias
que, na quinta audiência, datada de aos chamados direitos sociais,
05.10.99, o preposto dos réus disse reservando ao Ministério Público do
que Trabalho, dentre outras atribuições, o
dever de ação na defesa de interesses
o Clube vem tentando equacionar difusos e coletivos dos trabalhadores
todos os problemas, mas que não brasileiros, como garantia ao efetivo
há possibilidade de firmar Termo de exercício dos direitos sociais. Dentre
Compromisso; que as rescisões tais direitos elencados no artigo 6º da
contratuais já voltaram a ser feitas Constituição da República, estão o
na DRTE/MG e que o FGTS dos trabalho e a previdência social. O
empregados dispensados tem sido trabalho e a previdência social são,
recolhido no ato da dispensa; que enquanto direitos sociais dos cidadãos
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Por outro lado, a defesa, em juízo, Tal situação vem se arrastando desde
dos titulares dos direitos lesados - 1994. Verifica-se às f. 11/22 que a
cujo pleito é decorrente de uma Delegacia Regional do Trabalho
realidade fática comum - pode ser realizou um relatório de fiscalização
feita individual ou coletivamente. junto ao Clube Atlético Mineiro, através
Por se tratar de ação civil pública do qual se constataram infrações
ajuizada pelo Ministério Público do concernentes ao não pagamento dos
Trabalho, cuja pretensão material e salários dentro do prazo legal, bem
tutela jurisdicional objetivam o como de não pagamento de gratificação
cumprimento da obrigação de fazer natalina (doc. à f. 16).
com relação ao futuro, são direitos Os procedimentos investigatórios
coletivos, de relevância social, em n. 379/98, 385/98, 387/98 e 393/98,
realidade, não obstante a r. decisão todos juntados com a inicial,
recorrida. E, regra geral, em razão constatam o pagamento dos salários
da semelhança dos direitos, a em atraso, não recolhimento de FGTS,
defesa é feita por meio da ação civil não pagamento de 13º salário e não
pública, a teor do disposto no artigo pagamento das verbas rescisórias no
81, III, da Lei n. 8.078/90 (Código de prazo prescrito no art. 477 da CLT.
Defesa do Consumidor). Restou provado
documentalmente que o Ministério
Com efeito, a hipótese dos Público do Trabalho tentou promover a
autos se ajusta ao conceito de adequação da conduta dos réus,
interesse coletivo, à medida que a ação concedendo-lhes dilação de prazo para
proposta visa à proteção de direitos ajustar a conduta, o que não ocorreu. É
fundamentais de um grupo, categoria de se registrar que até a presente data
ou classe de pessoas - os os réus não vêm cumprindo as suas
trabalhadores do grupo formado pelas obrigações trabalhistas, fato constatado
empresas rés - ligadas entre si ou com pelo ofício da Caixa Econômica Federal
a parte contrária por uma relação à f. 450 que comprova as irregularidades
jurídica base - os contratos de trabalho perpetradas pelos requeridos relativas
com tais empresas - cuja lesão ao ao recolhimento/parcelamento do FGTS
grupo adveio diretamente da própria relativos aos réus, denotando o
relação jurídica questionada no objeto descumprimento pelos demandados
da ação coletiva - o descumprimento com relação ao termo de confissão de
reiterado de direitos indisponíveis dos dívida celebrado junto à Caixa
referidos contratos de trabalho. Econômica Federal.
No caso sub judice, restaram Os documentos às f. 48/62
provadas documentalmente as consistem na cópia dos autos de
infrações ao ordenamento jurídico infração e das NDFGs (Notificação de
perpetradas pelos réus que Débito do FGTS) lavrados pela
reiteradamente vêm descumprindo Delegacia Regional do Trabalho, na
direitos justrabalhistas mínimos, ocasião da fiscalização, comprovando
cogentes, consistentes em atraso irregularidades perpetradas pelos réus
contumaz de salários, não pagamento no tocante à mora salarial, não
de 13º salário, não pagamento das pagamento de 13º salário e não
verbas rescisórias no prazo do art. 477 recolhimento dos depósitos fundiários
da CLT e não recolhimento do FGTS. na forma prescrita na legislação.
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Trabalho e não o Dr. Adolfo Silva Jacob. Procurador do Trabalho, tendo o réu
O Procurador do Trabalho em questão feito contraproposta.
não estava presente à audiência de Ademais, o documento tem fé
instrução e não é parte, pessoalmente, pública e foi assinado pelo
mas, sim, é membro de instituição da representante do Ministério Público,
União. Não cabe, portanto, tomar pelo réu e pela servidora Taísa
depoimento pessoal do representante Massimo de Souza.
do Ministério Público do Trabalho, autor Note-se, mais, que o réu não
da ação. Se não fosse o suficiente, produziu qualquer prova de que o
verifica-se, ainda, a impropriedade da conteúdo daquele documento não é a
reconvenção no presente caso, como fiel expressão do que ocorreu na
exposto alhures, a que a prova se audiência.
destinava, como disse o próprio réu (f. Portanto, rejeita-se o incidente
167). de falsidade oposto pelo réu.
Em seguida, também não é Tratando-se de ato incidental,
dado à parte requerer seu próprio nos próprios autos principais, não está
depoimento pessoal. Na forma do art. sujeito a custas processuais.
343 do CPC, cabe à parte requerer o
depoimento pessoal da outra. De mais 8. Ato ilícito e danos morais
a mais, por certo o réu disse tudo o coletivos
que queria, através de seu ilustre
advogado, ao elaborar sua defesa. Pretende o autor ver o réu
As decisões são sustentadas condenado a se abster da prática de
pelos arts. 130 e 400, inciso I, do CPC, atos que enumera, além de pagar
de aplicação subsidiária. indenização para reparação de danos
Destarte, rejeitam-se as morais coletivos.
preliminares de nulidade. Tem-se, portanto, que é dupla a
pretensão: inibitória e preventiva sob
7. Incidente de falsidade um primeiro aspecto; e reparatória dos
danos morais coletivos.
Pretende o réu, ainda, ver O réu, por seu turno, nega ter
declarada a falsidade de conteúdo de praticado os atos declinados na inicial,
documento extrajudicial tido como com as intenções ali descritas.
confissão. Sustenta que sempre respeitou os
Sem razão, mais uma vez. direitos de seus empregados e jamais
O documento de f. 94 (ATA DE pretendeu atentar contra a dignidade
AUDIÊNCIA, p. 133/208) resume da justiça.
audiência extrajudicial, realizada O deslinde da questão
perante o Ministério Público do demanda análise pormenorizada de
Trabalho, no procedimento todas as provas colacionadas.
preparatório que deu sustentação à Observa-se que a simulação de
presente ação. lides trabalhistas restou amplamente
Não se vislumbra em seu bojo comprovada nos autos.
confissão do réu. Naquela assentada, Os Srs. Raimundo Deusdeth
pelo que da referida ata consta, foi Silveira, Ezio Eduardo de Morais,
proposta a assinatura de termo de Geraldo Ferreira de Oliveira, José
ajustamento de conduta pelo Antônio dos Santos, José Divino
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Partes ausentes.
Vistos, etc.
A teor da Lei n. 9.957/00, que acrescenta dispositivos à Consolidação das
Leis do Trabalho, instituindo o procedimento sumaríssimo no processo
trabalhista, fica dispensado o relatório no presente feito, de acordo com o artigo
852-I da referida Norma.
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não será nunca suficiente para dar representação jurídica, haja vista o
vazão às inúmeras demandas em que disposto no inciso LXVII do art. 5º da
se busca, meramente, a CF.
recomposição da ordem jurídica na [...] Portanto, nas reclamações
perspectiva individual, o que trabalhistas em que tais condutas
representa um desestímulo para o forem constatadas (agressões
acesso à justiça e um incentivo ao reincidentes ou ação deliberada,
descumprimento da ordem jurídica. consciente e economicamente
Nunca é demais recordar que inescusável de não respeitar a
descumprir, deliberada e ordem jurídica trabalhista), tais como
reincidentemente, a legislação [...] trabalho em condições insalubres
trabalhista, ou mesmo pôr em risco e perigosas, sem eliminação
sua efetividade, representa um concreta dos riscos à saúde etc.,
descomprometimento histórico com a deve-se proferir condenação que
humanidade, haja vista que a vise à reparação específica
formação do Direito do Trabalho está pertinente ao dano social perpetrado,
ligada diretamente com o advento dos fixada ex officio (destaque e grifos
direitos humanos que foram meus) pelo Juiz da causa, pois a
consagrados, fora do âmbito da perspectiva não é a da mera
perspectiva meramente liberal do proteção do patrimônio individual.
século XIX, a partir do final da 2ª
Guerra Mundial, pelo reconhecimento Citam-se, como fundamentos da
de que a concorrência desregrada reparação do dano social, de ofício, o
entre as potências econômicas art. 404, parágrafo (sic) único, do Código
conduziu os países à conflagração. Civil e os arts. 832, § 1º, e 652, “d”, da
CLT, todos inseridos, aliás, no âmbito
Por fim o autor informa que das contendas individuais e o art. 84 do
Código de Defesa do Consumidor, que
[...] Como critério objetivo para garante ao juiz a possibilidade de proferir
apuração da repercussão social das decisão alheia ao pedido formulado,
agressões ao Direito do Trabalho, visando a assegurar o resultado
pode-se valer da noção jurídica da equivalente ao adimplemento.
reincidência, trazida, expressamente, Para o Prof. Dr. Jorge Luiz Souto
no art. 59 da Lei n. 8.078/90 (Código Maior,
de Defesa do Consumidor) e que, no
Direito Penal, constitui circunstância [...] a possibilidade de o juiz agir de
agravante da pena (art. 61, I, CP) e ofício para preservar a autoridade do
impede a concessão de fiança (art. ordenamento jurídico foi agasalhada
323, III, CP). Outro critério é o da pelo direito processual, e no que se
avaliação quanto a ter uma atitude refere ao respeito à regulamentação
deliberada e assumida de desrespeito do Direito do Trabalho constitui até
à ordem jurídica, como, por exemplo mesmo um dever, pois o não
[...]a utilização de mecanismos para cumprimento convicto e inescusável
fraudar a aplicação da ordem jurídica dos preceitos trabalhistas fere o
trabalhista, valendo lembrar que o ato próprio pacto que se estabeleceu na
voluntário e inescusável é, formação do nosso Estado
igualmente, um valor com Democrático de Direito Social, para
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montante que lhe foi pago a partir de contada a partir da data de publicação
outubro até a efetiva reintegração no da presente decisão, já que representa
cargo de analista jurídico, englobando valor atual quando do seu arbitramento.
o rateio de honorários advocatícios Descontos previdenciários e de
procedidos pela ASABB, sem prejuízo imposto de renda incidentes sobre as
do pagamento dos mesmos valores verbas objeto de condenação, na forma
(parcelas vencidas e vincendas) em da legislação aplicável, devendo o
face da sua reintegração no cargo, bem reclamado comprovar seu
como as despesas médicas recolhimento junto aos órgãos próprios,
representadas pelo recibo de f. 81 e sob pena de execução. Para efeitos da
aquelas futuras oriundas do Lei n. 10.035, de 25 de outubro de 2000,
adoecimento do obreiro em face do as contribuições previdenciárias não
quadro clínico atualmente instalado em devem incidir sobre as seguintes
decorrência da situação de estresse verbas: indenização por dano moral e
profundo, causado pela ilegal conduta material e multas por descumprimento
empresária, englobando também os de obrigação de fazer, que têm perfil
medicamentos que se fizerem indenizatório. Os juros e correção
necessários. monetária somente incidirão sobre as
Tendo em vista o assédio moral contribuições previdenciárias a partir do
que vem sofrendo o obreiro desde 2º dia do mês subsequente ao do
setembro/07, o que poderá se pagamento das verbas objeto de
intensificar a partir da presente demanda condenação, nos termos do art. 276 do
e decisão, determino que o reclamado Decreto n. 3.048/99.
se abstenha de praticar contra o O reclamado deverá reter o
reclamante qualquer ato de imposto de renda devido pelo obreiro,
discriminação, retaliação, coação, recolhendo-o aos cofres da Receita
violação ao Estatuto da OAB ou às Federal, sob pena de execução.
garantias contratuais, legais e O reclamante é beneficiário da
constitucionais, sob pena de multa diária justiça gratuita.
de R$2.000,00, revertida para o autor. Expeçam-se ofícios para a OAB/
Diante da reintegração do MG e Sindicato dos Bancários de Belo
obreiro ao cargo de analista jurídico, o Horizonte, que atuaram como
réu deverá retificar a ficha funcional do assistentes no presente feito,
obreiro, tão logo seja cumprido o encaminhando-lhes cópia da presente
mandado, comprovando o fato nos decisão, devendo ser expedido ofício
autos, sob pena de multa diária de também para o Ministério Público do
R$2.000,00, revertida para o autor. Trabalho, para que adote as
Incidem juros de 1% ao mês, providências que entender pertinentes,
não capitalizados, pro rata die, na forma em face das graves violações a direitos
da Lei n. 8.177/91, contados do fundamentais do reclamante.
ajuizamento da ação, e correção Custas no importe de
monetária com base no índice do mês R$10.000,00, calculadas sobre
subsequente ao trabalhado (Súmula n. R$500.000,00, valor arbitrado à
381 do TST), sendo certo que a condenação, pelo reclamado.
correção monetária incidente sobre a Intimem-se as partes e o INSS.
indenização por dano moral será Nada mais.
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como simples comerciários afronta os mercado, já que ele teria menor custo
longos anos de dedicação a estudos, (com menores salários de
necessários para a graduação de 3º empregados) para manter o
grau. estabelecimento (drogaria) do que
De outro ângulo, observa o juízo outras empresas congêneres. A rigor,
que a qualificação da reclamante como essa situação poderia ser considerada
farmacêutica foi condição para a concorrência desleal..., em um mundo
contratação pelo reclamado, porque cada vez mais competitivo.
respondeu a autora, nessa qualidade, Nesse passo, observa o juízo
pela drogaria do réu, no seu horário de que, se o reclamado resolvesse
trabalho, enquanto por ele contratada. “setorizar” suas atividades em várias
Foi por essa razão que houve empresas (de farmácia, panificação,
retificação do cargo na CTPS da móveis e eletrodomésticos), cada uma
reclamante (termo de audiência, f. 38), delas teria um objetivo social diverso e
segundo reconheceu o reclamado. uma atividade preponderante distinta
Ora, respondendo pela das outras. Se agisse assim, o réu, de
farmácia, na condição de farmacêutica acordo com a letra da lei, não poderia
(e não de simples gerente do argumentar - como o faz - com a
estabelecimento), inclusive perante o unicidade de “setores” diversos dentro
Conselho Regional de Farmácia, a do mesmo hiper ou supermercado,
reclamante se vinculou ao reclamado resumindo todas as atividades dos
não só perante a estrutura interna empregados sob o rótulo de
administrativa do réu, mas também “comerciais”.
diante de entidades que regem a Ainda sob esse ângulo, não se
profissão de farmacêutica, atraindo argumente com a inviabilidade ou
para a relação de trabalho vínculo dificuldade do empreendimento
resultante de sua qualificação reclamado (porque seriam várias as
profissional. normas trabalhistas a que estaria
Beneficiou-se, assim, o vinculado, sendo várias as CCTs a
reclamado desse vínculo. Por outro serem observadas), primeiro porque,
lado, observou a reclamante todas as de certa forma, isso já existe (por ex.,
condições para a sua contratação em se tratando de categoria
como farmacêutica; e o reclamado, diferenciada); segundo, porque não se
todas as normas administrativas defende a aplicabilidade de cada um
relacionadas à regular instalação e daqueles instrumentos coletivos
venda de medicamentos. Seguiu a diferenciados, mas apenas daqueles
autora as diretrizes fixadas para o que regem profissões liberais, cujo
exercício da profissão de farmacêutico; conhecimento técnico-científico é
seguiu o reclamado as diretrizes “diferenciado”.
fixadas para viabilizar a atividade de De certa forma, essa
venda de drogas e medicamentos. normatização poderia estimular o réu
Nada mais lógico que também o a conceder melhores condições de
salário da autora esteja também trabalho aos seus empregados,
vinculado à profissão exercida. elevando o status de seus empregados
Raciocínio diverso poderia mais qualificados, de modo a
resultar em dotar o reclamado de remunerá-los em níveis pelo menos
condição privilegiada diante do equivalentes aos mínimos indicados
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em julgado, ressaltando-se ainda que Pelo juízo foi dito que, tendo em vista
o processo de falência encontra-se a decisão de f. 407, na qual a massa
suspenso, aguardando julgamento falida foi excluída desta demanda,
de exceção de suspeição arguida mantenho a exclusão da massa,
contra juízo da falência, ressaltando devendo a Secretaria registrar a
que a massa falida foi excluída da referida exclusão. Fica concedido ao
lide, decisão essa devidamente MPT o prazo de 10 dias para
homologada”. Que em setembro de relacionar o endereço dos cartórios
2007 houve a paralisação definitiva em que estão registrados os bens,
da produção do parque industrial, o conforme pedido da inicial e de seu
qual, naquele período, vinha sendo aditamento. Encerrou-se a instrução.
gerido pelo falido, informação dada Razões finais orais pelo Ministério
pelo representante da massa. Com a Público: “considerando que, na
palavra o advogado da COFERGUSA: audiência ocorrida no dia 07.08.07,
“ressalta que encerrou as atividades procedeu-se ao encerramento da
em setembro de 2006, com todos os instrução processual, o Ministério
salários do período pagos”. Com a Público do Trabalho ora impugna
palavra o advogado assistente do todas as informações ora prestadas
sindicato: “que os créditos relativas a fatos e circunstâncias
trabalhistas não foram quitados na anteriores a esta data, propugnando
integralidade nem pela massa, nem pela aplicação, quanto a esses fatos,
pela COFERGUSA, pois apenas foram das regras legais de distribuição do
pagos os salários até outubro de ônus da prova”. Pela COFERGUSA:
2007, faltando as verbas rescisórias, “Por entender que a exclusão da
ressalta ainda que há débitos massa falida, conforme deferido
salariais relativos a novembro, neste ato, trará complicações em
dezembro e parte de janeiro de 2008; dificuldade na solução dos problemas
esclarece ainda que têm ocorrido tratados nestes autos, protesta pelo
decisões nesta comarca entendendo entendimento do juízo nesse
pela sucessão e pela particular. Além disso, como bem
responsabilidade da massa”. Com a ficou demonstrado na presente
palavra o réu Paulo de Aboim: audiência, a quase totalidade dos
“esclarece que a COFERGUSA processos que envolvem os
deixou passivo trabalhista, empregados e as rés que figuram
principalmente de FGTS, nesses autos tiveram julgamento no
relativamente ao seu período de sentido de inclusão da massa falida
atuação, ressaltando que, quando o para que a mesma responda pelos
falido assumiu novamente as débitos, como sucessora da
atividades, recolheu pontualmente a empresa falida, bem como da
tributação devida em relação aos COFERGUSA. Nada mais”. Pela ré
salários pagos do seu período, tendo Ivana Maria: “em relação à alegação
assumido o parque industrial em do Ilustre representante do MP quanto
17.07.06, saindo cerca de um mês ao encerramento da instrução em
após, retornando em 26.09.06 e agosto de 2007, saliento que alguns
encerrando novamente as atividades dos esclarecimentos prestados
em 06.09.07”. As partes declaram nesta assentada referem-se a fatos
que não têm mais provas a produzir. posteriores que poderiam ser
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Art. 169. Também não ocorre a 3
Art. 155. O menor, entre 16 (dezesseis) e
prescrição: I - contra os incapazes de que 21 (vinte e um) anos, não pode, para se
trata o art. 5º eximir de uma obrigação, invocar a sua
2
Art. 85. Nas declarações de vontade se idade, se dolosamente a ocultou, inquirido
atenderá mais à sua intenção que ao pela outra parte, ou se, no ato de se obrigar,
sentido literal da linguagem. espontaneamente se declarou maior.
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- ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS DAS 1ª E
2ª SEÇÕES ESPECIALIZADAS DE DISSÍDIOS
INDIVIDUAIS DO TRT DA 3ª REGIÃO
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ÍNDICE DE DECISÕES DE 1ª INSTÂNCIA
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DECISÕES DE 1ª INSTÂNCIA
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.669-669, jul./dez.2008
ÍNDICE DE JURISPRUDÊNCIA
ACÓRDÃOS
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.48, n.78, p.673-674, jul./dez.2008
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EMENTÁRIO
ÍNDICE ALFABÉTICO E REMISSIVO
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