Modelo Negocio Da Musica Superado
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RESUMO
ABSTRACT
This study analyzes the historical and recent influences of technology in music to support the
response on the repositioning of the music industry about the scenario of its transition from the
traditional business model to the digital music model. And as this market addressed the crisis
in the face of the growth of various digital technologies, the change in the behavior of the artist
as independent producers, change in consumer behavior of end customers and new players
as music streaming. The research is based on the premise of the initiatives and opportunities
that the record companies sought so that their repositioning before the digital platforms could
be leveraged so as not to lose their leading position in the market. The applied methodology
involved a quantitative research with 443 end consumers of music and a qualitative research
with Sony Music Brasil, a company of the phonographic market.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Noênio Spinola (2016), a música (do grego musiké téchne, a arte das
musas) é composto por 3 elementos: melodia, harmonia e ritmo; o que forma uma
combinação de frequência de vibrações que se encontra dentro do intervalo
perceptível pelo ouvido humano. É uma das expressões artísticas mais antigas do
mundo e também uma das mais presente no cotidiano da sociedade que, de acordo
com Fernanda Negreiros (2000), consegue englobar todas as classes sociais, de
qualquer cidade, de diversos estilos e, sobretudo, consumida por diferentes faixas
etárias.
Segundo Ian Michael Dobie (2001), ao longo do século XX, a construção da indústria
da música ocorria, tradicionalmente, em eventos sociais como concertos, óperas,
cerimônias religiosas, festas e outros nos quais músicos são contratados para
apresentar determinado repertório. Antes da inovação da criação de aparelhos
fonográficos como gravadores e reprodutores de sons, era intrínseca a presença de
ao menos um músico no ambiente. No entanto, a presença in loco de um músico não
é mais fundamental, a partir do momento em que houve a substituição por maquinários
que reproduzem o som do repertório, mas gravado em algum momento anterior e em
outro local. Neste cenário, a mudança não foi somente social, mas também houve a
transferência e/ou substituição de profissionais in loco para a formação de novos
profissionais, como por exemplo, profissionais ligados à gravadoras, produção
musical, editoras, publicidades, distribuição, vendas de maquinários e a fins. Logo,
começam as primeiras mudanças no aspecto da criação da indústria da música.
Esse modelo de negócio faz parte da história da indústria desde o início do século XX
até o presente momento, razão pela qual pode estar superado, motivando o
questionamento que orienta este estudo. Isto é, a questão de pesquisa que direciona
esse estudo diz respeito ao arcabouço da indústria da música no contexto atual, que
tenta responder: Qual o modelo de negócio mais adequado para esta indústria?
O objetivo geral que orienta este trabalho é: Identificar o modelo de negócio adequado
para indústria da música no Brasil.
Objetivos específicos:
2. REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com Salazar (2015), o negócio da música está estruturado por diversos
tipos de profissionais; compositores, artistas, especialistas, técnicos, produtores,
empresários, profissionais liberais e os veículos de comunicação. Há também
empresas que fornecem produtos e serviços, e consequentemente, órgãos e
entidades reguladores deste mercado. Essa estrutura de pessoas, processos,
produtos e serviços, além do cliente final (os consumidores), formam o que
conhecemos por: Indústria da Música.
Os pilares descritos por Tschmuck (2012), como sendo a base da indústria tradicional:
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• O impacto do marketing: não faz parte dos interesses das grandes editoras que os
artistas encontrem formas de se autopromover, pois isso constitui parte das suas
funções;
Segundo Govert Vroom e Issac Sastre (2016), até 2011, as quatro maiores gravadoras
da indústria da música, Sony Music, EMI Group, Warner Music Group e Universal
Music Group, comandavam 70% do mercado. Essas marcas, tentam desde então,
desenvolver plataformas técnicas para a distribuição digital entre elas e hesitaram em
vender as músicas para o maior concorrente do momento: o iTunes. No entanto, a não
participação da EMI Group nesse acordo abriu um vácuo para que a Apple, com o
iTunes, se tornasse a mais poderosa no mercado.
As gravadoras se viram forçadas a mudar sua estratégia, assim como seu modelo de
negócio. De acordo com Vroom e Sastre (2016), as gravadoras passaram a cooperar
com novos atores e competidores na distribuição de direitos autorais baseado no novo
formato da indústria. Apesar das mudanças tecnológicas, desafios na produção
musical, marketing e mudança de estratégia dos patrocinadores, as gravadoras ainda
XIV Jornada de Iniciação Científica e VIII Mostra de Iniciação Tecnológica - 2018
detêm 40% da fatia do mercado fonográfico. Vroom e Sastre (2016) aborda como o
fluxo livre de informações fornecido pela internet ajudou os novos artistas, mas sem o
investimento das grandes gravadoras certamente não se criaria rápido um astro de
porte mundial. Ainda segundo Vroom e Sastre (2016), sem a atuação dos executivos
de marketing do mundo fonográfico, muito artistas não teriam evoluído de forma
impactante. Por outro lado, esse é o momento em que as gravadoras sequer justificam
o próprio nome. Os artistas gravam cada vez mais por conta própria e os CDs vendem
cada vez menos (enquanto os LPs ressurgem como produto de luxo) obrigando as
outras grandes gravadoras a buscarem novos negócios.
Por meio da figura 3, é possível analisar o ressurgimento dos LPs como produto de
luxo e com uma receita de aproximadamente $1 bilhão de dólares no ano de 2017, de
acordo com o relatório anual da RIAA (2018):
Por sua vez, Micael Hershmann (2008) diz que as adaptações do modelo tradicional
ao meio digital veem os intermediários, em especial as gravadoras, receberem uma
fatia muito maior do que receberam em três décadas de CDs. No modelo digital o lucro
da gravadora ultrapassa os 50% do valor total do disco, sem que existam despesas
com fabricação e transporte da mídia física.
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Por outro lado, Plácido Domingo (2014) analisa o novo modelo de negócio como novos
caminhos para o acesso à cultura. Ao mesmo tempo que fornece oportunidade a
jovens talentos sem a necessidade de um contrato vinculado a um grande Selo para
começar uma carreira. Mas Domingo (2014) ressalta a necessidade de um novo
formato de modelo de negócio para a proteção dos direitos autorais, pois a velocidade
das informações da era da internet ainda é incontrolável e mutável a todo instante.
Ademais, Jan Rivkin e Gerrit Meier (2005), argumentam que o grande perdedor do
compartilhamento de arquivos não é o artista, ao contrário do que a indústria
fonográfica argumenta: são os intermediários que até então eram relevantes ao
negócio da música.
Conforme dados apresentados em pesquisa feita por João Paulo Martins e Luis
Antonio Slongo (2014), indicam que quase 90% dos consumidores pesquisados já
tiveram alguma experiência com música digital, seja por meio de música/rádios online,
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De acordo com Martins e Slongo (2014), ouvir música pela internet - Music Streaming
- tem se tornando um hábito cada vez mais comum entre os brasileiros. O acesso a
música se tornou muito mais viável, e consequentemente, a facilidade em armazenar
música em nuvem ou no aplicativo são fatores de incentivo ao crescimento dessa
demanda. Ademais, o declínio de preços dos celulares com recursos avançados tem
fomentado esse comportamento. O problema a respeito da música digital no tocante
da conformidade com as leis, a maioria dos brasileiros não considera o comportamento
de baixar música sem pagar, como um ato ilegal. Segundo os autores, os
consumidores de música digital são aqueles cujo os perfis dizem respeito a
entretenimento e relacionamento. Já os consumidores que se mostraram favoráveis
ao pagamento consideram que simplesmente baixar uma música da internet é ilegal,
assim como aqueles que dão menos importância a internet.
Em 2013 foi sancionada a Lei 12.853 que alterou a Lei 9.610 de 1998 (Lei dos Direitos
Autorais) para dispor sobre a gestão coletiva de direitos autorais.
por acentuado declínio nas vendas físicas de CDs e DVDs musicais, cujo mercado
varejista demonstra sentir com mais força os efeitos da crise econômica do País. Em
compensação, a área digital continuou a apresentar elevação, com crescimento de
23,0% em 2016, comparado ao ano anterior. Determinante para o crescimento do
mercado de música digital no Brasil, assim como em praticamente todo o mundo, o
segmento de Music Streaming interativo cresceu 52,4%. A arrecadação de execução
pública de produtores e intérpretes (artistas e músicos) manteve-se praticamente
estável com 2,8%. (IMS BUSINESS REPORT, 2017)
Segundo Bruno Gomes (2016), diretor de Inovação da Firjan, a “Internet das Coisas”
(Internet of Things - IoT) compreende objetos interconectados por um sistema de rede
que permite a estes ter 'personalidade' e tomar decisões independentes. De acordo
com Gomes (2016) a IoT trará impactos profundos para o cenário industrial, e as
empresas que já começarem a se adequar a esse modelo terão diferenciais
competitivos. A IoT deverá gerar um aumento US$ 10,6 trilhões no PIB mundial em
2030. Para debater os impactos dessa tecnologia para a indústria do Rio de Janeiro,
o Sistema FIRJAN reuniu grupos de especialistas, composto por representantes da
academia, governo e empresários para aborda as variáveis que podem impactar a
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De acordo com Leonardo Ribeiro Cruz (2016), há uma questão que diz respeito ao
Music Streaming qual precisa ser melhor explicada e compreendida. Pois ainda há
pouco entendimento sobre funcionamento e dinâmica do mercado de streaming, o que
gera uma percepção negativa quanto aos rendimentos dos artistas, diversas vezes
considerados como insatisfatórios ou não confiáveis.
3. METODOLOGIA
4. RESULTADO E DISCUSSÃO
A análise dos dados obtidos nas entrevistas revelou que houve uma mudança no
modelo de negócio do mercado fonográfico. Atualmente a fonte de receita da indústria
da Música é o digital, na Sony Music Brasil é equivalente a 90%, além disso os seus
desafios atuais são focados em obter bons números de consumo de música digital
(música e vídeos). Houve o surgimento de novos departamentos, assim como houve
a extinção de escritórios e fábricas ao longo do tempo, por conseguinte o nicho de
música independente tem conquistado um espaço significativo, mas com o intermédio
das gravadoras, parceiros digitais e o fácil acesso à tecnologia. De acordo com a Sony
Music Brasil a mudança no modelo de negócio occoreu no mercado inteiro. A música
independente tem crescido cada vez mais e conquistado espaço através do digital,
pois esta permite um mercado mais democrático. Todavia, as grandes gravadoras têm
uma série de caminhos e investimentos que geralmente os independentes não
possuem, o que neste tocante confere grande vantagem competitiva às gravadoras.
Portanto, mesmo que o Music Streaming esteja se tornando default, muitos artistas
continuam receosos sobre este novo modelo de negócios. Por isso, a Sony Music
Brasil não enxerga os independentes como uma ameaça que irá substituir a sua
posição no mercado. Pelo contrário, os artistas independentes são vislumbrados, pois
o sucesso de um artista independente em plataformas digitais tornou-se um indicador
para a gravadora contratá-lo.
Para atingir o público-alvo, a Sony Music Brasil adotou dia oficial da música nova, o
oficial "New Music Friday”, isto é, a gravadora investe em lançamentos programados
de conteúdos nas plataformas de streaming que atingem públicos variados, com a
intenção de sempre ter novidade pra todos os segmentos.
O que ambas entrevistas revelaram foi o poder que o consumidor tem em mãos; ele
não precisa ficar preso em um CD com números limitados de música ou esperar por
um show para ter contato com o artista, tanto para bons resultados das gravadoras
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quanto para os artistas, sejam eles independentes ou não, o importante é fazer com
que o consumidor queira dedicar seu tempo em plataformas digitais para ouvir, gostar
e compartilhar o conteúdo produzido. Neste contexto, foi avaliada a possibilidade de
alguns motivos pelos quais os consumidores não pagariam por download de música
através da seguinte pergunta: “Por qual motivo você NÃO pagaria por download de
músicas? ” 58,7% dos entrevistados alegaram que não pagariam, pois, os valores são
exorbitantes; 19,4% alegaram, que de acordo com a opinião deles, não é justo pagar
por download de música. Hoje há vários meios disponíveis para consumir música e
com uma variedade de nichos praticamente ilimitada. No entanto, o negócio da Music
Streaming no Brasil, só se apresentaria de forma viável através de dois movimentos
interdependentes: a valorização por meios legais onde a música é acessada e a
efetividade das estratégias em disseminar a cultura da música digital.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
constante de novas tecnologias. A tecnologia não afeta apenas uma indústria, mas
também artistas, músicos, postos de trabalho, consumidores e um amplo setor criativo.
No entanto, esta mudança proporcionou a entrada de novos players e a evolução
competitiva da indústria da música e do entretenimento. Como observado nos dados
obtidos na pesquisa exploratória, mais de 40% dos consumidores ainda consomem
música através do rádio e sob a ótica da Sony Music Brasil, mais de 50% da população
brasileira ainda não tem internet no celular ou o acesso à internet é limitado, ou seja,
há um sério problema de infraestrutura que barra o evolução e distribuição de música
no formato digital para todos os nichos de consumidores.
6. REFERÊNCIAS
DOBIE, Ian Michael. The Impact of new Technologies and the Internet on the
Music Industry, 1997-2001. Thesis submitted to Institute for Social Research, School
Universidade Presbiteriana Mackenzie
of Music and Performance, University of Salford, Salford, UK. Sep 2001. Disponível
em: http://usir.salford.ac.uk/2027/1/DX218737.pdf> acesso em 31/mar/2017.
DOMINGO, Plácido. IFPI digital music report 2014. IFPI, 2015. Disponível em:
http://www.ifpi.org/downloads/Digital-Music-Report-2014.pdf. Acesso em:
31/mar/2017.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2009.
GOLDMAN SACHS. Music in the air: streaming drives industry comeback. Dec
2016. Disponível em: http://www.goldmansachs.com/our-thinking/pages/music-in-the-
air.html?mediaIndex=2&autoPlay=true&cid=scl%2Dnp%2Dfacebook%2Devergreen%
2Dpost%2D20171&sf55263635=1> acesso em: 31/mar/2017.
RIVKIN, Jan; MEIER, Gerrit. BMG Entertainment. Boston, USA: Harvard Business
School. Edition 705-P02, 2005.