2 - Mito e Filosofia
2 - Mito e Filosofia
2 - Mito e Filosofia
O MITO E A ORIGEM DE
TODAS AS COISAS
A multiplicidade de ideias e vertentes que formam
o mito pode aparecer, muitas vezes, como desordem. A
filosofia pode ser entendida como a tentativa de subordinar
a multiplicidade de expressões à ordem racional, de
enfrentar a dificuldade de entender os contrários
misturados que povoam a vida. Entre mito e filosofia têm-
se duas ordens ou duas concepções de mundo e a
passagem da primeira à segunda expressa uma mudança
estrutural da sociedade. Identificar ou pensar as várias
ordens seria como identificar as constelações na imensidão
do céu.
As narrativas míticas tentavam responder as
questões fundamentais, como: a origem de todas as coisas,
a condição do homem e suas relações com a natureza, com
o outro e com o mundo, enfim, a vida e a morte, questões
que a filosofia desenvolveu no decorrer de sua história.
Mas aqui podemos formular outra questão: a filosofia
nasceu da superação dos mitos, mas foi uma superação
gradual ou um rompimento súbito? Para tanto, temos que
primeiramente identificar algumas diferenças básicas entre
os mitos e a filosofia.
O Mito (Mythos) é narrado pelo poeta-rapsodo,
que escolhido pelos deuses transmitia o testemunho
incontestável sobre a origem de todas as coisas, oriundas
da relação sexual entre os deuses, gerando assim, tudo que
existe e que existiu. Os mitos também narram o duelo entre
as forças divinas que interferiam diretamente na vida dos
homens, em suas guerras e no seu dia-a-dia, bem como
explicava a origem dos castigos e dos males do mundo. Ou
seja, a narrativa mítica é uma genealogia da origem das
coisas a partir de lutas e alianças entre as forças que regem
o universo.
A filosofia, por outro lado, trata de problematizar o porquê
das coisas de maneira universal, isto é, na sua totalidade.
Buscando estruturar explicações para a origem de tudo nos
elementos naturais e primordiais (água, fogo, terra e ar)
por meio de combinações e movimentos.