PrÉ Aula Anemia
PrÉ Aula Anemia
PrÉ Aula Anemia
4. 1. Anemias
A anemia é definida como a presença de eritrócitos, concentração de hemoglobina e/ou
hematócrito abaixo dos valores normais de referência.
Constitui-se raramente em uma doença primária; geralmente é o resultado de um
processo (doença) generalizado. Portanto, é necessário que se conheça a causa da anemia
para que o tratamento racional seja empregado, pois ele não é direcionado, por si só, para a
anemia, exceto como uma medida de emergência.
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos da anemia resultam da reduzida capacidade de o sangue carrear
oxigênio e de certos ajustes fisiológicos para aumentar a eficiência da reduzida massa de
eritrócitos circulantes e reduzido trabalho do coração. Assim, o desenvolvimento de vários
sinais clínicos depende do grau e da causa da anemia. Os mais comuns são dispnéia,
intolerância ao exercício, palidez das mucosas, aumento da freqüência cardíaca, algumas
vezes acompanhada de murmúrios (sopro sistólico), aumento da freqüência respiratória e
depressão. Na anemia hemolítica aguda incluem-se ainda icterícia, hemoglobinemia,
hemoglobinúria e febre. Na perda crônica de sangue, o organismo consegue manter a
homeostase circulatória e em alguns casos, mesmo com menos de 50% da hemoglobina
normal, o animal pode não apresentar sinais clínicos.
18
Manual de Patologia Clínica Veterinária
B. Classificação patofisiológica
19
Lopes, Biondo e Santos. Santa Maria, 2007
20
Manual de Patologia Clínica Veterinária
MACROCÍTICA
Anemias não regenerativas (diminuição do CHCM ainda não está
NORMOCRÔMICA presente)
Def. ác. fólico, FeLV (sem nenhuma reticulocitose),
eritroleucemia, def. Vitamina B12
21
Lopes, Biondo e Santos. Santa Maria, 2007
tóxica da medula (radiação, químicos, intoxicação por samambaia, infecção por vírus e
ricketsias como a Ehrlichia canis). São anemias normocíticas normocrômicas. Na anemia
arregenerativa não existem reticulócitos e nem policromasia.
4. 3. Policitemias
É o aumento do número de eritrócitos circulantes acima dos valores normais. Está
classificada em policitemia absoluta (primária ou secundária) e relativa.
Quando o hematócrito alcança 60%, suspeita-se de policitemia absoluta ou relativa.
Quando alcança 70%, suspeita-se de policitemia primária.
A. Policitemia Absoluta
Ocorre uma elevação do número de eritrócitos circulantes, causado pelo aumento da
massa total de eritrócitos, mas a concentração de proteína plasmática está normal. A cianose e
a congestão características das membranas mucosas são causadas pelo fluxo lento de sangue
desoxigenado que é exorbitantemente rico em células vermelhas. O excesso de massa de
eritrócitos aumenta a viscosidade sangüínea e a resistência vascular pulmonar e diminui o
débito cardíaco. Estas anormalidades levam a um fluxo sangüíneo reduzido, oxigenação
tecidual reduzida, distúrbios neurológicos e aumento do risco de trombose. A viscosidade
sangüínea e o grau de transporte de oxigênio alteram-se desproporcionalmente com aumentos
do hematócrito acima de 50%. A policitemia absoluta está classificada em primária e
secundária.
A policitemia primária, verdadeira ou Vera consiste em uma desordem
mieloproliferativa, caracterizada por uma proliferação anormal das células eritróides, dos
leucócitos e dos megacariócitos, levando a um aumento absoluto da massa de eritrócitos,
contagem de leucócitos e de plaquetas.
A policitemia secundária ocorre pelo aumento da taxa de eritropoietina, não é
acompanhada de aumento nas contagens de leucócitos e plaquetas nem de redução
significante no volume plasmático. Os níveis de eritropoietina aumentam como uma resposta
fisiológica compensatória pelos rins à hipóxia tecidual, ou como resultado de produção
autônoma independente de suprimento de oxigênio tecidual. É vista em animais levados a
grandes altitudes, doença cardíaca e pulmonar crônica, tetralogia de Fallot (provoca mistura
dos sangues arterial e venoso, diminuindo a oxigenação dos tecidos). Pode ocorrer também
devido à elaboração inadequada de eritropoietina, encontrada em alguns casos de
hidronefrose, cistos renais, tumores secretantes de eritropoietina (nefroma embrionário) e
certas doenças endócrinas como o hiperadrenocorticismo.
B. Policitemia Relativa
É comumente encontrada nos animais como resultado da redução do volume
plasmático causado pela desidratação. O consumo hídrico, por animais enfermos, geralmente é
inadequado para manter o conteúdo de água corporal normal. Doenças acompanhadas por
excessiva perda de água (diarréia, vômito, poliúria) podem rapidamente produzir desidratação.
22
Manual de Patologia Clínica Veterinária
4. 4. Modificações eritrocitárias
Tamanho
Anisocitose: diferença patológica de tamanho das hemácias. Quanto mais grave a anemia,
maior é a ocorrência de anisocitose.
Macrocitose: predominância de hemácias grandes. Geralmente hemácias jovens, recém
produzidas. Ocorrem nas reticulocitoses, hipertireoidismo, deficiência de fatores de
multiplicação (vit. B12, ácido fólico e cobalto), em cães da raça poodle, mas sem anemia e cães
jovens.
Microcitose: predominância de hemácias pequenas. Ocorre em anemia crônica,
principalmente ferropriva. É fisiológica em animais idosos e cães da raça Akita.
Forma
Bicôncava: normal.
Poiquilócitos: são alterações morfológicas indistintas da forma das hemácias.
23
Lopes, Biondo e Santos. Santa Maria, 2007
4. 5. Concentração de Hemoglobina
O método mais usado para determinar a concentração de hemoglobina é o cianometa-
hemoglobina, onde a margem de erro está próxima dos 5%. Para que esta técnica seja
realizada, é necessário um fotocolorímetro ou espectrofotômetro.
Aparelhos automáticos medem diretamente a densidade ótica da oxi-hemoglobina,
sendo bastante utilizados.
Outro método existente é o da hematina ácida, bastante simples e barato, porém a
margem de erro está dentro dos 12%. Para a sua realização utiliza-se o hemoglobinômetro de
Sahli. A hemoglobina corresponde, em média, a 1/3 do hematócrito.
24
Manual de Patologia Clínica Veterinária
4. 6. Determinação de hemoglobina
Método Cianometa-hemoglobina
Princípio: diluição do sangue em solução contendo cianeto de potássio e ferrocianeto de
potássio (Reativo de Drabkin), que convertem a hemoglobina em cianometahemoglobina.
Solução de Drabkin: Ferrocianeto de Potássio (20mg), Cianeto de Potássio (50mg) e água
(destilada ou deionizada) 1000mL.
Método:
• Tomar o frasco com sangue mais anticoagulante e homogeneizar;
• Preencher pipeta de Sahli com 20μL do sangue;
• Limpar o sangue da parte externa da pipeta com gaze, adicionar a 4mL de reativo de Drabkin
e agitar por inversão;
• Repousar por um mínimo de 10 minutos à temperatura ambiente;
• Ler em espectrofotômetro a 546 nanômetros, usando-se tubos específicos;
• Obtém-se o resultado visualmente no aparelho na unidade de g%.
25