Tuberculose + Associação Com HIV - Prova Módulo 1
Tuberculose + Associação Com HIV - Prova Módulo 1
Tuberculose + Associação Com HIV - Prova Módulo 1
Problema 3 - TB
Características gerais
Agente etiológico: A tuberculose pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que
integram o complexo Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum,
M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae. Do ponto de vista sanitário, a espécie mais
importante é a M. tuberculosis.
➢ Mais comumente adquirida pela inalação do bacilo. Somente as partículas muito finas,
contendo de 1 a 3 bacilos, alcançam os pulmões, onde geralmente são fagocitadas por
um macrófago nos alvéolos. Os macrófagos de pessoas saudáveis tornam-se ativados
pela presença dos bacilos, e, em geral, os destroem.
Alguns grupos populacionais, devido às suas condições de saúde e de vida, possuem maior
vulnerabilidade para adoecer por tuberculose
Patogenia e imunidade
Se a resposta imunológica for ineficaz, os bacilos poderão deixar o interior dos macrófagos e
disseminar para a corrente linfática até os linfonodos regionais. Os linfonodos hilares
enfartam-se, constituindo o complexo primário tuberculoso, composto pelo cancro de
inoculação, a linfangite e a adenomegalia hilar.
Imunidade celular
Além do IFN-γ, citocinas como a IL-12 e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) são
considerados importantes na imunopatogênese da tuberculose.
A infecção pelo M. tuberculosis cursa em etapas, da infecção inicial dos macrófagos até uma
resposta subsequente de TH1, com ambas contendo bactérias e causando danos teciduais.
Cedo na infecção, o M. tuberculosis se multiplica essencialmente de forma incontrolada
dentro dos macrófagos, enquanto mais tarde, na infecção, a resposta celular estimula os
macrófagos a controlarem a proliferação da bactéria. Os passos na infecção são os seguintes:
Resposta inflamatória
Geralmente tal forma primária assoma antes que se estabeleça a maturidade das defesas
imunológicas. Sendo assim, estes pacientes podem ainda não ter concluído sua resposta de
hipersensibilidade, tendo resposta negativa ao teste tuberculínico (fase pré-tuberculínica),
podendo apresentar viragem em um novo teste posterior, o que caracteriza claramente a
tuberculose primária.
A resposta à multiplicação dos bacilos provoca necrose caseosa, que amolece e se liquefaz,
provavelmente relacionados às enzimas produzidas por estímulo da hipersensibilidade. De tal
modo que, quanto maior a hipersensibilidade, maior a capacidade de liquefação das lesões e
maior a destruição tecidual. Os bacilos até então inibidos no seu desenvolvimento pela
formação do granuloma encontram condições favoráveis à sua multiplicação após liquefação
do cáseo e o aparecimento da cavidade, com um rápido crescimento das populações
bacilíferas. O desenvolvimento para a formação de lesões cavitárias pulmonares (caverna
tuberculosa) caracteriza a tuberculose pós-primária e dela pode se propagar material
infeccioso diretamente para dentro dos brônquios, resultando em contínua eliminação de
escarro. Evoluindo naturalmente, as lesões pós-primárias podem se disseminar e levar ao
óbito mais de 50% dos pacientes, ou se cronificar em cerca de 25 a 30% deles. Se a
imunidade está íntegra, pode haver cura natural do processo, em 20 a 25% dos doentes.
Como a tuberculose é uma doença de evolução crônica ou subaguda, os sintomas tendem a ser
indolentes e de intensidade crescente, podendo apresentar períodos de remissão e relativo
bem-estar. Assim, quase a maior parte dos pacientes, a demora para a procura por assistência
médica chega a até três meses.
A forma pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para a saúde
pública, especialmente a positiva à baciloscopia, pois é a principal responsável pela
manutenção da cadeia de transmissão da doença.
Tosse
A tosse está presente em praticamente todos os pacientes. Resulta do estímulo causado pelo
processo inflamatório alveolar ou pelo comprometimento granulomatoso das vias aéreas. No
início, é seca, podendo tornar-se produtiva com expectoração mucosa ou purulenta,
geralmente em pequena quantidade, e, às vezes, com sangue. É menos observada na forma
pleural da doença. Vale lembrar que a tosse tende a ser ignorada ou minimizada pelos
fumantes, circunstância em que a pesquisa de modificações na característica habitual desse
sintoma é de grande valor para a suspeita de doença pulmonar. A recomendação programática
para rastreamento da doença na comunidade é a de realização de exame baciloscópico em
pessoas que apresentam tosse produtiva e persistente por três ou mais semanas.
Hemoptise
Dispneia
Em virtude da destruição global do parênquima pelo processo inflamatório da tuberculose,
envolvendo alvéolos e vasos, não há grandes alterações na relação ventilação-perfusão, exceto
nas atelectasias, nas grandes cavidades e nas lesões com grande componente inflamatório
agudo. Dessa forma, a dispneia é um sintoma pouco comum, aparecendo, sobretudo, nas
lesões avançadas como consequência à restrição causada pelo padrão fibrótico da doença, ou
pela presença de derrame pleural ou pneumotórax. Na forma miliar, a dispneia é frequente em
função do comprometimento intersticial difuso, com consequente hipoxemia. Padrão
obstrutivo pode ser observado quando há doença das vias aéreas ou pela hiper-responsividade
brônquica que parece acompanhar a tuberculose e suas sequelas.
Dor torácica
Rouquidão
Febre e sudorese
Acredita-se que a multiplicação bacilar, fenômeno que pode acontecer dentro ou fora do
macrófago, ocorra de forma mais intensa no pico plasmático do cortisol, ao redor das 11 às 12
horas (ritmo circadiano). As consequências são morte e ruptura do macrófago, seguidas da
liberação do seu conteúdo para o tecido, com início do processo inflamatório. Provavelmente
por isso, a característica da febre seja de ocorrência vespertina. Em função da lenta
multiplicação do M. tuberculosis, quando comparada à dos germes inespecíficos, o processo
inflamatório também não será muito intenso, determinando temperaturas não muito altas. A
resposta orgânica à febre, para a manutenção da temperatura corpórea, é a sudorese noturna.
Em circunstâncias em que há disseminação hematogênica maciça ou endobrônquica, a febre
pode ser alta, acompanhada de calafrios e não respeitar o horário clássico
Perda ponderal
Anorexia e perda ponderal são fenômenos frequentes, aparecendo em cerca de 69% dos casos.
A perda ponderal é proporcional ao tempo de existência e à extensão da doença. É
frequentemente acompanhada por adinamia. Outros fenômenos, como artralgias e mialgias,
são de ocorrência mais rara.
Todos esses sintomas e sinais são inespecíficos. Eles podem estar presentes em outras doenças
pulmonares de evolução arrastada, particularmente nas supurações broncopulmonares
inespecíficas, neoplasias e micoses profundas, além de outras doenças sistêmicas crônicas
com acometimento pulmonar.
Diagnóstico clínico
Quanto aos sinais específicos, a extensão e a forma da doença no parênquima pulmonar serão
os determinantes dos achados. Estertores na região das lesões, geralmente apicais e
posteriores, sibilos e roncos no comprometimento brônquico, propedêutica de condensação
nas formas de pneumonia caseosa, diminuição do murmúrio e da broncofonia quando o
derrame pleural está presente, além do clássico sopro anfórico nas cavidades, formam o
elenco de achados mais comuns. Hepatoesplenomegalia pode ocorrer nas formas
disseminadas.
Diagnóstico laboratorial
O paciente deve ser bem orientado quanto à obtenção do escarro, evitando a coleta de saliva;
o melhor material geralmente é conseguido pela manhã, preferencialmente antes das
refeições.
Existem várias razões para se justificar uma baciloscopia negativa em um caso de tuberculose
pulmonar, tais como a dificuldade para se obter o material, o tamanho da população bacilar e
as dificuldades técnicas quanto ao treinamento e supervisão de pessoal de laboratório.
Pacientes gravemente enfermos e muitos desnutridos têm dificuldade para tossir, dificultando
a coleta do material; fatores culturais, comuns principalmente entre as mulheres, podem
dificultar o ato de expectorar.
Por essa técnica, os germes aparecem, na objetiva de imersão, como estruturas cilíndricas
(bacilos), delgadas, de coloração vermelha, sobre fundo verde. O resultado é expresso em
cruzes (+, ++ ou +++), conforme a quantidade de bacilos encontrada por campo. Há duas
limitações básicas:
Mais sensível e específica do que a bacterioscopia, a cultura dos materiais consegue detectar
entre 10 e 100 germes na amostra. Exige maior cuidado e recursos técnicos na sua execução,
o que dificulta o uso mais disseminado.
Pode-se cultivar praticamente qualquer material, usualmente utiliza-se escarro, urina, material
de lesões abertas, aspirados e lavados. As indicações para a realização de cultura são: os casos
suspeitos e que apresentam baciloscopia negativa; as formas paucibacilares e
extrapulmonares; os pacientes HIV-positivos; os casos de retratamento após falência ou
abandono do tratamento; a recidiva da doença; a suspeita de resistência a drogas, seguida do
teste de sensibilidade; a suspeita de micobacteriose não tuberculosa.
O tempo médio de crescimento do bacilo nesse meio é de quatro semanas, sendo esse o seu
maior inconveniente. Embora não permita a identificação definitiva do M. tuberculosis, a
análise do tempo de crescimento e do aspecto das colônias permite considerar o método como
próximo do padrão de referência para o diagnóstico da doença.
Como também pode detectar bacilos mortos ou inviáveis, o TRM-TB não deve ser utilizado
para diagnóstico nos casos de retratamento (reingresso após abandono e recidivas). Nesses
casos, o diagnóstico da TB deve ser feito com baciloscopia de escarro e cultura para
micobactérias, seguida do teste de sensibilidade antimicrobiano (TS) para verificação de
resistência aos fármacos, e o TRM-TB poderá ser utilizado apenas para triagem da resistência
à rifampicina. Da mesma forma, o TRM-TB também pode ser utilizado para triagem de
resistência à rifampicina em pacientes com suspeita de falência ao esquema básico.
A associação de tuberculose e infecção pelo HIV tem repercussões negativas na evolução das
duas doenças. O diagnóstico precoce de infecção pelo HIV em portadores de tuberculose ativa
e o início oportuno da terapia antirretroviral reduzem a mortalidade na coinfecção TB-HIV.
Portanto, recomenda-se o teste para diagnóstico do HIV (rápido ou sorológico).
➢ Prova tuberculínica
No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT-23, aplicada por via intradérmica no terço médio
da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1mL, que contém 2UT (unidades de
tuberculina).
Na leitura, deve-se medir o maior diâmetro transverso da enduração palpável com régua
milimetrada transparente e registrar o resultado em milímetros. A interpretação do resultado e
a indicação do tratamento da ILTB dependem da probabilidade de infecção latente, do risco
de adoecimento por tuberculose, do tamanho da enduração e da idade.
Diagnóstico radiológico
Radiografia
➢ TB primária
Caracteriza-se por consolidação, com mais frequência, nos lobos inferiores ou até mesmo
atelectasia segmentar ou lobar e costuma ser homogênea. Pode ser acompanhada por
linfonodomegalia mediastinal ou hilar e derrame pleural ocasional.
O derrame pleural tem seu aparecimento mais comum no adolescente e no adulto jovem e
relativamente ausente nas crianças. A linfonodomegalia mediastinal pode ser encontrada em
até 96% das vezes e é menos comum nos adultos. A forma miliar é a mais rara, geralmente
acometendo crianças abaixo dos 2 anos de idade.
Em dois terços dos casos, a lesão parenquimatosa resolve-se sem sequelas radiológicas. No
terço restante, uma cicatriz calcificada, conhecida como foco de Ghon, pode ser encontrada.
Quando acompanhada por linfonodo hilar calcificado, forma o chamado complexo de Ranke.
Focos pulmonares secundários calcificados e apicais são denominados focos de Simon.
➢ TB secundária
Nesta forma também conhecida como reativação, o quadro radiológico tem as seguintes
apresentações: 1) opacidade parenquimatosa e cavidade; 2) doença de via aérea; 3) doença
pleural; e 4) tuberculoma.
Derrame pleural é descrito com mais frequência na tuberculose primária, mas ocorre em até
19,0% dos doentes com a forma pós-primária, normalmente em adultos abaixo dos 40 anos.
Embora possam atingir grandes volumes, os derrames geralmente são pequenos e associados à
doença parenquimatosa; na terça parte dos casos, pode aparecer como única manifestação da
doença.
Tomografia computadorizada
A TC melhora muito a visualização das lesões, permitindo a observação mais acurada das
características anteriormente descritas, além das lesões não visíveis à radiologia convencional.
Inclusive, revela com grande precisão a existência de linfonodomegalias mediastinais, assim
como alterações do espaço pleural.
Ultrassonografia
É possível a visualização de pequenos derrames não visíveis à radiologia convencional, a
diferenciação entre líquido livre e espessamentos pleurais, além da localização de lojas. Pode
ainda orientar punção por agulha para coleta e análise do líquido pleural.
Uma segunda camada de defesa vem de uma abundância de bombas de efluxo na membrana
celular. Estas proteínas de transporte bombeiam para fora agentes químicos potencialmente
prejudiciais do citoplasma bacteriano de volta no espaço extracelular e são responsáveis pela
resistência nativa das micobactérias aos vários antibióticos-padrões.
Uma terceira barreira é a propensão de alguns bacilos a se esconder no interior das células do
paciente, envolvendo-se dessa fonna com uma barreira fisicoquímica extra que deverá ser
atravessada pelos agentes antimicrobianos para que eles sejam eficazes.
Fase intensiva:
Fase de manutenção:
➢ TB meningoencefálica;
➢ Intolerância aos medicamentos antiTB incontrolável em ambulatório;
➢ Estado geral que não permita tratamento em ambulatório;
➢ Intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas relacionadas ou não à TB que necessitem de
tratamento e/ou procedimento em unidade hospitalar; e
➢ Situação de vulnerabilidade social como ausência de residência fixa ou grupos com
maior possibilidade de abandono, especialmente se for um caso de retratamento,
falência ou multirresistência.
Cada comprimido revestido contém: rifampicina (150 mg); isoniazida (75 mg); pirazinamida
(400 mg); cloridrato de etambutol (275 mg).
Farmacodinâmica:
Farmacocinética:
Contraindicação
➢ Rifampicina: a rifampicina é contraindicada em pacientes com histórico de
hipersensibilidade a qualquer uma das rifampicinas.
➢ Isoniazida: lesão hepática anterior associada à isoniazida; reações adversas graves à
isoniazida, como febre, calafrios e artrite; doença hepática aguda de qualquer
etiologia, histórico de reação de hipersensibilidade à isoniazida, incluindo hepatite
medicamentosa.
➢ Pirazinamida: a pirazinamida é contraindicada em pacientes que são conhecidos por
serem hipersensíveis à pirazinamida. Os pacientes devem ter um valor basal de ácido
úrico sérico e determinações de função hepática. Os pacientes com doença hepática
pré-existente ou aqueles pacientes com risco aumentado de hepatites relacionado ao
uso de drogas (ex: alcoólatras) devem ser acompanhados de perto. Por conter
pirazinamida, rifampicina, isoniazida e cloridrato de etambutol, o uso deste
medicamento deve ser interrompido e não deve ser reiniciado se houver sinais de dano
hepatocelular ou hiperuricemia acompanhada de artrite gotosa aguda. Caso ocorra uma
hiperuricemia acompanhada por artrite gotosa aguda sem disfunção hepática, o
paciente deve ser transferido para um esquema que não contenha pirazinamida.
➢ Etambutol: o etambutol é contraindicado em pacientes que são conhecidos por serem
hipersensíveis a este fármaco. É também contraindicado para pacientes com neurite
óptica conhecida, salvo julgamento clínico determinando que ele possa ser usado.
➢ Este medicamento é contraindicado para menores de 10 anos.
Comprometimento renal: Uma vez que o ajuste da dose pode ser necessário em pacientes com
comprometimento renal (depuração de creatinina ≤ 50 mL/minuto), é recomendável que
apresentações separadas de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol sejam
administradas.
Tuberculose Ativa
É importante que a infecção pelo M. tuberculosis seja diferenciada da doença ativa. A maioria
das infecções é adquirida pela transmissão de pessoa a pessoa de organismos veiculados pelo
ar, de um caso ativo para um hospedeiro suscetível. Na maioria das pessoas saudáveis, a
tuberculose primária é assintomática, apesar de poder causar febre e derrame pleural.
Geralmente, a única evidência da infecção, se alguma permanecer, é um nódulo pulmonar
pequenino e fibrocalcificado no local da infecção. Organismos viáveis podem permanecer
dormentes por décadas em tais lesões. Se as defesas imunes forem diminuídas, a infecção
pode ser reativada, causando uma doença transmissível e potencialmente com risco de morte.
O Mycobacterium tuberculosis possui em sua parede três componentes básicos, cada qual
com determinada função na reação inflamatória: (1) lipídeos, que são responsáveis pela
ativação de monócitos e macrófagos e sua posterior transformação em células epitelioides e
células gigantes multinucleadas; (2) proteína (tuberculoproteína), que confere sensibilização
ao bacilo e contribui para a formação de células epitelioides e células gigantes; (3)
carboidratos, responsáveis pela reação neutrofílica.
Dependendo da carga inalada, alguns bacilos escapam dos mecanismos habituais de defesa e
ganham acesso aos alvéolos, após vencerem os mecanismos defensivos usuais no trato
respiratório superior e nos alvéolos. Por serem aeróbios, os bacilos localizam-se
preferencialmente nas porções mais aeradas, podendo permanecer em estado latente nos
ápices pulmonares. Dessa região, pode haver disseminação linfática ou hematogênica para
outros órgãos, onde mais tarde pode surgir a tuberculose de órgãos isolados. Uma vez nos
alvéolos e com todas as condições de aeração, inicia-se a sequência de reações.
A infecção pelo M. tuberculosis cursa em etapas, da infecção inicial dos macrófagos até uma
resposta subsequente de TH1, com ambas contendo bactérias e causando danos teciduais.
Cedo na infecção, o M. tuberculosis se multiplica essencialmente de forma incontrolada
dentro dos macrófagos, enquanto mais tarde, na infecção, a resposta celular estimula os
macrófagos a controlarem a proliferação da bactéria.
O M. tuberculosis entra nos macrófagos pela fagocitose mediada por vários receptores
expressos no fagócito, incluindo a lectina ligada à manose e o CR3. Posteriormente inibe a
maturação do fagossomo e bloqueia a formação do fagolisossoma, permitindo que a bactéria
se multiplique de forma descontrolada dentro da vesícula, protegida dos mecanismos
microbicidas dos lisossomos. A bactéria bloqueia a formação do fagolisossoma pela inibição
dos sinais de Ca2+ e do recrutamento e montagem das proteínas que medeiam a fusão
fagossomo-lisossomo. Portanto, durante o estágio mais precoce da tuberculose primária (<3
semanas) em um indivíduo não sensibilizado, as bactérias proliferam nos macrófagos
alveolares pulmonares e nos espaços aéreos, resultando em bacteremia e semeadura de
múltiplos locais. Apesar da bacteremia, a maioria das pessoas nesse estágio é assintomática ou
possui uma doença branda semelhante à gripe.
Cerca de 3 semanas após a infecção, uma resposta T auxiliar 1 (TH1) é montada, a qual ativa
os macrófagos, permitindo que eles se tornem bactericidas. A resposta é iniciada pelos
antígenos micobacterianos, que entram nos linfonodos de drenagem e são apresentados às
células T. A diferenciação das células TH1 depende da IL-12, que é produzida pelas células
apresentadoras de antígenos que tiverem encontrado a micobactéria. A estimulação do TLR2
pelos ligantes micobacterianos promove a produção de IL-12 pelas células dendríticas.
Não está inteiramente claro porque algumas pessoas progridem da tuberculose latente para a
ativa. Estudos recentes demonstram que os neutrófilos no sangue de pessoas com tuberculose
ativa expressam um grupo de genes que são regulados de forma crescente por interferons tipo
I e tipo II. Os níveis de expressão desses genes responsivos ao interferon correspondem à
extensão da doença pulmonar, conforme avaliado pelo exame radiográfico. Além disso, os
níveis de expressão desses genes diminuem na resposta ao tratamento para a tuberculose. Esse
tipo de análise sugere que uma resposta precoce dos interferons é um indicador do
desenvolvimento da doença ativa, e isso apresenta uma utilidade potencial para o diagnóstico
de tuberculose ativa ou para monitorar o grau ou a resposta ao tratamento da doença ativa.
Uma ressalva que deve ser feita é que, enquanto a maioria dos pacientes com tuberculose
latente não possui esse padrão de expressão gênica, 10% a 20% deles o possuem.
➢ Primária
○ Exsudativa:
○ Produtiva:
Macrófagos contendo bacilos liberam IL-12, que estimula linfócitos T (Thl) a liberar
citocinas, sobretudo IFN-y, este torna os macrófagos ativados e capazes de matar os
microrganismos. Ao mesmo tempo, os macrófagos ativados liberam outras citocinas (p. ex.,
TNF-cx) e quimiocinas que comandam a reação de hipersensibilidade e a formação de
granulomas. Por ação do IFN-y, macrófagos ativados transformam-se em células epitelioides;
estas tendem a se aglomerar e a formar sincícios, originando células gigantes multinucleadas.
Com a organização dessas células, a inflamação adquire o padrão granulomatoso. Na
tuberculose, os granulomas contêm uma ou mais células gigantes no centro, ao redor das
quais existem células epitelioides; na periferia, encontram-se linfócitos, macrófagos e poucos
plasmócitos. Como regra geral, no centro do granuloma há necrose caseosa de extensão
variada
○ Produtivo-caseosa:
○ Cicatrização:
Com a morte dos bacilos e o controle da multiplicação bacteriana, o granuloma segue o curso
natural de reparação de toda reação inflamatória, que é sua colagenização induzida pelo fator
de crescimento de fibroblastos secretado por macrófagos. Com isso, a lesão entra em processo
de cicatrização, hialinização e calcificação.
O complexo primário pode ter dois destinos: (1) cura, que ocorre na maioria dos casos. A cura
se dá pela destruição dos microrganismos e pelo processo reparativo de cicatrização e
calcificação das lesões, tanto no parênquima pulmonar quanto nos linfonodos. Neste caso, a
infecção deixa apenas uma pequena cicatriz, indicativa de que algum dia o indivíduo entrou
em contato com o bacilo, desenvolveu hipersensibilidade, conseguiu controlar o crescimento
bacteriano e não desenvolveu a doença. Em certas pessoas, alguns bacilos podem permanecer
dormentes (viáveis) nesses locais por muito tempo, mas sem provocar lesões. Se, por qualquer
motivo, o ni divíduo sofre queda de suas defesas, os microrganismos voltam a se multiplicar e
originam doença; (2) evolução para a doença tuberculose. Quando não há cura da infecção, os
bacilos persistem nos tecidos, multiplicam-se e podem disseminar-se para os próprios
pulmões (pelas vias respiratórias), ou para outros órgãos (pela via sanguínea). Tudo isso
constitui a tuberculose progressiva da infância, que se apresenta nas formas de pneumonia
caseosa ou de tuberculose miliar, ambas muito graves.
➢ Secundária
Por qualquer condição que resulte em queda da imunidade, os bacilos dormentes voltam a se
multiplicar e dão origem a novos granulomas e a novas lesões (tuberculose por reativação -
endógena). Outras vezes, o indivíduo que teve a primo-infecção curada bacteriologicamente
sofre uma nova infecção pelo bacilo, a partir do ambiente. Por tudo isso, a tuberculose
secundária é também conhecida como tuberculose do adulto ou tuberculose de reinfecção,
podendo esta ser endógena ou exógena. As lesões da tuberculose secundária apresentam-se
em quatro formas macroscópicas: apical, cavernosa, ácino-nodosa e miliar.
A reativação dos bacilos dá origem a granulomas produtivos, granulomas produtivo-caseosos
e nódulos fibrocalcificados, em decorrência de surtos repetidos de ativação, formação de
granulomas e neoformação conjuntiva. Por essa razão, nesses casos são frequentes extensas
lesões fibrocaseosas nos ápices pulmonares.
Quando se forma extensa necrose nos locais atingidos, o material necrótico se liquefaz e é
drenado por um brônquio, dando origem a grandes cavitações macroscópicas conhecidas
como cavernas tuberculosas. Quando há destruição também de vasos sanguíneos, surge
hemoptise. O número, o tamanho e a forma das cavernas variam bastante. Com a fibrose que
se forma na sua parede e no parênquima adjacente, às vezes podem surgir outras lesões
pulmonares (obstrução brônquica, bronquiectasia, enfisema cicatricial etc.).
A partir da lesão apical ou de reativação de lesão primária, pode haver proliferação dos
bacilos e sua disseminação pelas vias respiratórias. O transporte dos bacilos através dos
brônquios por ação dos movimentos respiratórios leva ao aparecimento de lesões axiais
peribrônquicas que acompanham a histoarquitetura pulmonar. Nesse caso, a inflamação
granulomatosa compromete caracteristicamente ácinos pulmonares inteiros, podendo ser
reconhecida macroscopicamente como condensação parenquimatosa com a forma acinar.
Quando ácinos adjacentes são acometidos, formam-se as lesões em trevo. Se os bacilos
atingirem a pleura, forma-se pleurite tuberculosa, com derrame pleural.
A penetração dos bacilos nos vasos pulmonares leva ao implante do agente em outras áreas do
pulmão e em outros órgãos, formando as lesões miliares. Conforme se pode depreender das
formas anatomopatológicas descritas, a tuberculose pode simular praticamente qualquer
pneumopatia, desde infecções até tumores, devendo, portanto, fazer parte do diagnóstico
diferencial de praticamente toda doença pulmonar.
A tuberculose pulmonar pode disseminar-se também para outros órgãos. Por contiguidade,
pode atingir a pleura, causando pleurite tuberculosa. Pela via respiratória, pode provocar
infecção da laringe. Bacilos deglutidos passam pelo estômago e chegam ao intestino delgado,
onde provocam tuberculose intestinal. Por via sanguínea, além da forma miliar, pode haver
disseminação dos bacilos para diversos órgãos (rins, ossos, sistema nervoso, órgãos genitais
etc.), constituindo a tuberculose de órgãos isolados .
Tuberculose Latente
HIV/AIDS
Na fase inicial das infecções virais, o controle dessas infecções é feito pelos interferons tipo I
(IFN-α e IFN-β), pelos macrófagos e pelas células NK.
Os interferons tipo I são produzidos por células infectadas por vírus e, ao interagir com uma
célula não infectada, têm a propriedade de protegê-la contra a infecção, além de colaborar
com a resposta imune adaptativa. O IFN-γ também atua contra as infecções virais mediante a
ativação dos macrófagos com destruição dos vírus e também das células NK (células
citotóxicas naturais), as quais, pela liberação de granzima e perfurina, destroem as células
infectadas. Adicionalmente, a IL-12 possui participação importante na fase inicial, sendo
produzida por macrófagos e outras células apresentadoras de antígenos, estimulando as
células NK a exercer citotoxicidade e a produzir mais IFN-γ, que por sua vez aumenta o
potencial microbicida dos macrófagos.
A imunidade adaptativa contra os antígenos virais ocorre com ativação de células TCD8+ que
vão exercer citotoxicidade pelo reconhecimento de antígenos virais via MHC classe I nas
células alvo, e conseqüente liberação de granzima e de perfurinas com lise das células
infectadas e também dos vírus. Durante a resposta imune adaptativa há também ativação das
células TCD4+, que vão colaborar com as células B na produção de anticorpos. A despeito de
os vírus serem agentes intracelulares, os anticorpos têm papel importante no combate às
infecções virais, desde que, por ocasião da propagação da infecção viral, após
multiplicarem-se em células infectadas, os vírus rompem essas células, ficando livres até a
penetração em outra célula. Nessa fase extracelular os anticorpos podem ligar-se aos vírus e,
por meio do mecanismo de neutralização, impedir que eles penetrem uma célula não
infectada. Alternativamente, anticorpos podem ser adjuvantes no mecanismo de
citotoxicidade celular dependente de anticorpos, ao se ligar às células infectadas, permitindo a
ação das células NK. Em várias doenças, o anticorpo tem papel fundamental na proteção
contra a infecção quando se trata de um hospedeiro previamente sensibilizado, seja por uma
infecção prévia ou por imunização. Isso porque, em indivíduos já sensibilizados, a presença
de anticorpos pode interceptar os vírus, impedindo sua ligação com a célula do hospedeiro.
Em virtude dos múltiplos mecanismos de defesa contra os vírus, grande parte das infecções
virais é assintomática ou tem uma apresentação subclínica com manifestações inespecíficas,
como febre e rash cutâneo. Todavia, várias infecções virais progridem, e dano tecidual
importante pode ocorrer. A patologia associada à infecção viral pode estar relacionada com
um efeito citopático do vírus, reação de hipersensibilidade e fenômenos auto-imunes.
Enquanto o HIV pode infectar muitos tecidos, os dois maiores alvos da infecção por HIV são
o sistema imunológico e o sistema nervoso central.
O ciclo de vida do HIV consiste na infecção das células, integração do provírus ao genoma
das células do hospedeiro, ativação da replicação viral e produção e liberação dos vírus
infectivos.
Como na infecção pelo HIV os linfócitos B de memória estão funcionando, anticorpos são
produzidos, e o mecanismo de defesa contra agentes extracelulares não é prejudicado em
grande escala. Essa ausência de maior susceptibilidade para infecções bacterianas
extracelulares observada em pacientes com Aids é, entretanto, observada em adultos nos quais
o repertório de anticorpos produzido por células B e dependente de células T já estava
formado antes da infecção pelo HIV. Em crianças infectadas, como a alteração do
funcionamento das células TCD4+ é precoce, a cooperação celular é prejudicada, havendo
também anormalidade na síntese de anticorpos. Por esta razão, infecções por bactérias
extracelulares são comuns em crianças com HIV.
Uma vez internalizado, o RNA genômico do vírus sofre transcrição reversa, levando à síntese
do DNA complementar de dupla fita (cDNA). Nas células T em repouso, o cDNA do HIV
pode continuar no citoplasma em uma forma epissomal linear. Nas células T que estão se
dividindo, o cDNA torna-se circular, entra no núcleo e é então integrado ao genoma do
hospedeiro. Depois dessa integração, o provírus pode ficar em silêncio por meses ou anos,
uma forma de infecção latente. Alternativamente, o DNA proviral pode ser transcrito com a
formação de partículas virais completas que brotam da membrana celular. Tal infecção
produtiva, quando associada a extenso brotamento viral, leva à morte das células infectadas.
A finalização do ciclo de vida viral em células infectadas de forma latente ocorre somente
depois da ativação celular e, no caso da maioria das células T CD4+, a ativação viral resulta
em lise celular. A ativação das células T por antígenos ou citocinas regula para cima vários
fatores de transcrição, incluindo NF-κB, que estimulam a transcrição dos genes que codificam
citocinas como a IL-2 e seu receptor. Nas células T em repouso, o NF-κB é mantido inativo
no citoplasma em um complexo com a proteína IκB (inibidora de κB). A estimulação das
células por antígenos ou citocinas ativa cinases citoplasmáticas que fosforilam a IκB e
tornam-a alvo da degradação enzimática, liberando assim NF-κB e permitindo que ele se
transloque para o núcleo. No núcleo, o NF-κB liga-se a sequências no interior de regiões
promotoras de vários genes, incluindo as de citocinas que são expressas nas células T
ativadas. As sequências de repetição terminais longas que ficam ao lado do genoma do HIV
também contêm locais de ligação do NF-κB que podem ser estimulados pelos mesmos fatores
de transcrição. Imagine agora uma célula CD4+ com infecção latente que encontra um
antígeno ambiental. A indução do NF-κB nessa célula (uma resposta fisiológica) ativa a
transcrição de DNA proviral do HIV (um resultado patológico) e leva, em última análise, à
produção de virions e à lise da célula. Além disso, o TNF e outras citocinas produzidas por
macrófagos ativados também estimulam a atividade de NF-κB e, desse modo, levam à
produção do RNA do HIV. Assim, parece que o HIV se desenvolve quando as células T e
macrófagos do hospedeiro estão ativados fisiologicamente, um ato que é mais bem descrito
como “subversão partindo de dentro”. Tal ativação in vivo resulta da estimulação antigênica
pelo próprio HIV ou por outros microrganismos infectantes. As pessoas infectadas pelo HIV
apresentam um risco aumentado de exposição recorrente a outras infecções, o que leva ao
aumento da ativação dos linfócitos e produção de citocinas pró-inflamatórias. Estas, por sua
vez, estimulam ainda mais a produção do HIV, a perda adicional de células T CD4+ e mais
infecções. Desse modo, é fácil visualizar como, em indivíduos com AIDS, pode ser
estabelecido um círculo vicioso que culmine na destruição inexorável do sistema
imunológico.
Definições de caso
Indivíduo com tosse com duração de 3 semanas ou mais, acompanhada ou não de outros
sinais e sintomas sugestivos de tuberculose. Trata-se do sintomático respiratório.
O tempo de tosse para suspeição de um caso de tuberculose varia de acordo com os grupos
mais vulneráveis para o adoecimento (Quadro 12).
Confirmado
• Critério laboratorial – Todo caso que, independentemente da forma clínica, apresenta pelo
menos uma amostra positiva de baciloscopia ou de cultura ou de teste rápido molecular para
tuberculose.
• Critério clínico – Todo caso suspeito que não atendeu ao critério de confirmação laboratorial
mas
A confirmação de casos de tuberculose pelo critério clínico, sem a oferta de exames para o
diagnóstico laboratorial, representa falha no acesso aos serviços de saúde.
Descartado
É todo aquele que não atende aos critérios de confirmação acima descritos, principalmente
quando há diagnóstico de outra doença.
Obs.: Situações não previstas nos critérios acima devem ser tratadas individualmente.
Notificação
• caso novo – é o caso de tuberculose ativa que nunca utilizou medicamento antituberculose
ou o utilizou por menos de 30 dias. Deve-se verificar insistentemente, com o paciente e seus
familiares, se não houve tratamento prévio para tuberculose por 30 dias ou mais;
• recidiva–éocasodetuberculoseativaquefoitratadoanteriormenteerecebeualtaporcuracom-
provada ou por ter completado o tratamento;
• reingresso após abandono – é o caso de tuberculose ativa, tratado anteriormente por mais de
30 dias, mas que deixou de tomar o medicamento por 30 dias consecutivos ou mais;
• não sabe – refere-se ao caso com tuberculose ativa e com história prévia desconhecida. Deve
ser registrado apenas quando esgotadas todas as possibilidades de investigação da história
anterior do paciente;
• pós-óbito – É o caso de tuberculose ativa que nunca foi registrado no Sinan e foi notificado
após a morte, em decorrência da realização de investigação epidemiológica.
Os dados devem ser obtidos diretamente com o paciente e complementados por meio de seu
prontuário, de resultados de exames e de outras fontes. Além de determinar as principais
características epidemiológicas da tuberculose, a investigação pode ensejar a descoberta de
novos casos ou ainda de contactantes com infecção latente.
Algumas estratégias devem ser assumidas pela equipe da vigilância epidemiológica, visando
ao aumento da sensibilidade do sistema de vigilância da tuberculose, como, por exemplo, o
monitoramento de outros sistemas de informação em saúde, nos quais o diagnóstico de
tuberculose pode ser registrado. Des- tacam-se os seguintes sistemas: Sistema de Informações
Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/ SUS), Sistema de Informação em Saúde para a
Atenção Básica (Sisab/e-SUS), Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), e o
Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL).
Tratamento
Acompanhamento
Uma vez confirmado o diagnóstico, o caso de tuberculose deve ser acompanhado até o seu
encerramento. Algumas estratégias de acompanhamento do tratamento são recomendadas:
O fluxo de registro da investigação contempla, pelo menos, quatro instrumentos (Figura 1).
Encerramento
• Cura – paciente que apresentar duas baciloscopias negativas, sendo uma em qualquer mês de
•Abandono– paciente que fez uso de medicamento por 30 dias ou mais e interrompeu o
tratamento por 30 dias consecutivos ou mais.
• Abandono primário – paciente que fez uso de medicamento por menos de 30 dias e
interrompeu 30 dias consecutivos ou mais, ou quando o paciente diagnosticado não iniciar o
tratamento.
• Óbito por tuberculose – quando o óbito apresentar a tuberculose como causa básica, a qual
deve estar de acordo com as informações contidas no SIM. A tuberculose corresponde aos
códigos A15 ao A19 da 10a Classificação Internacional de Doenças (CID).
• Óbito por outras causas – quando a causa básica não foi a tuberculose, mas a tuberculose
consta como causa associada. As causas de morte devem estar de acordo com as informações
contidas no SIM.
• Transferência – quando o doente for transferido para outro serviço de saúde. A transferência
deve ser processada por meio de documento que contenha informações sobre o diagnóstico e
o tratamento realizado até aquele momento. É de responsabilidade da unidade de origem a
confirmação de que o paciente compareceu à unidade para a qual foi transferido.
• Mudança de diagnóstico – quando ocorrer alteração no diagnóstico e for elucidado que não
se tratava de um caso de tuberculose.
• Os casos com diagnóstico de resistência à rifampicina pelo teste rápido molecular para
tuberculose (TRM-TB) devem ser encerrados no Sinan como TBDR e notificados no
SITE-TB
• Falência – será registrada nas seguintes situações:
Investigação de contatos
Essa ação também permite a identificação dos casos de infecção latente da tuberculose, o que
possibilita a prevenção do desenvolvimento da tuberculose ativa.
• Contato – é toda pessoa que convive no mesmo ambiente como caso índice ou, ainda, como
caso fonte, no momento do diagnóstico da tuberculose. Esse convívio pode ser em casa, em
ambientes de trabalho, em instituições de longa permanência ou na escola.
A vigilância da ILTB será monitorada pela esfera nacional, por meio de relatório anual dos
estados com o número de pacientes em tratamento da ILTB e seu perfil epidemiológico, com
as seguintes informações: número de casos em tratamento; distribuição por sexo, idade,
raça/cor; exames realizados para exclusão da tuberculose ativa; indicação principal do
tratamento da ILTB; distribuição por tipo de tratamento; e desfechos.
As PVHA estão mais vulneráveis à tuberculose, sendo essa a principal causa associada
definida de óbito entre as doenças infecciosas nesse grupo, o que justifica especial atenção às
pessoas com coinfecção TB-HIV. Devido ao risco aumentado de adoecimento por
tuberculose, em toda visita do paciente aos serviços de saúde, a presença de tosse
(independentemente do tempo de evolução) deve ser questionada, uma vez que indica a
possibilidade de tuberculose ativa, demandando investigação.
Outros sintomas, como febre, sudorese noturna ou emagrecimento (associado ou não à tosse),
também podem indicar tuberculose e demandam investigação. Deve-se solicitar, para essas
pessoas, bacilos- copia ou teste rápido molecular para tuberculose e cultura com teste de
sensibilidade.
As ações prioritárias destinadas aos pacientes com tuberculose e às PVHA estão relacionadas
a seguir.
- acesso precoce ao diagnóstico da infecção pelo HIV por meio da oferta da testa-gem,
preferen- cialmente utilizando-se o teste rápido;
- acesso oportuno ao tratamento antirretroviral nos SAE, em casos positivos para HIV, às
PVHA. • Garantir às PVHA:
- Os casos de tuberculose que iniciaram tratamento com esquema especial, seja por
comorbidades ou resistência, devem ser notificados no Sinan, encerrados como mudança de
esquema ou TBDR e notificados no SITE_TB.
- Os casos de MNT não devem ser notificados no Sinan. No entanto, se isso ocorrer, eles
devem ser encerrados como “mudança de diagnóstico” no Sinan antes de serem notificados no
SITE-TB.
- Os casos com diagnóstico de resistência à rifampicina pelo teste rápido molecular para
tuber- culose (TRM-TB) devem ser encerrados no Sinan como TBDR e notificados no
SITE-TB, inde- pendentemente do esquema de tratamento utilizado, e mesmo antes da
confirmação do tipo de resistência pelo teste de sensibilidade.
- Os casos de coinfecção TB-HIV em que a rifampicina for substituída pela rifabutina por não
serem considerados tratamentos especiais.
- Os casos com algum tipo de complicação durante o tratamento com o esquema básico que
farão a introdução do esquema droga a droga. Esses casos só deverão ser notificados no
SITE-TB após a definição do esquema especial definitivo.
O acompanhamento desses casos deve ser feito no Sinan até seu encerramento.
- Casos encerrados no SITE-TB como cura ou tratamento completo que apresentarem recidiva
deverão ser notificados e encerrados novamente no Sinan, mesmo que o caso inicie o
tratamen- to com esquema especial e precise ser renotificado no SITE-TB.
• tuberculose com esquema especial (TB) – qualquer caso de tuberculose sensível ou sem
compro-
vação laboratorial de resistência, que utilize outro tratamento, diferente do esquema básico ou
rifabutina na coinfecção TB-HIV;
No Quadro 13, são apresentados os tipos de entrada dos pacientes de TB, TBDR e MNT no
SITE-TB.
A unidade de saúde receptora deverá aceitar a transferência do caso e dos medicamentos e dar
conti- nuidade ao tratamento. Nesse caso, é necessário remover a medicação do estoque atual
e transferi-la para o serviço que irá receber o paciente
Recomenda-se que a dispensação dos medicamentos no sistema para cada paciente seja
registrada, no mínimo, mensalmente.
Os casos de TB, TBDR e MNT serão encerrados no SITE-TB como “cura”, “tratamento
completo”, “abandono”, “falência”, “óbito por tuberculose”, “óbito por outra causa”,
“transferi-do para outro país”, “mu- dança de esquema”, “TBDR”, “mudança de diagnóstico”
ou “outras”. Os encerramentos desses casos estão contemplados no Quadro 15.
Acompanhamento pós-cura