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Micobacterias (Mycobacterium tuberculosis), um resumo.

Prof. Jorge Timenetsky

Apesar de ser uma bactéria originária dos bacilos Gram + e se corada


pelo método de Gram, também adquire coloração violeta escura. No
entanto é mais adequando chamá-lo de Bacilo-Álcool-Ácido-
Resistente (BAAR) porque pode ser revelado presuntivamente no
material clínico (escarro) pela Coloração de Ziehl-Neelsen (outro tipo
de coloração/consultar). Apesar de existirem centenas de micobactérias,
M. tuberculosis é a principal espécie causadora da tuberculose
pulmonar (TB). Robert Koch em 1882, descreveu inicialmente esta
bactéria (conhecido também como BK/ Bacilo de Koch). A tuberculose
pulmonar, atualmente causa cerca de 1,6 milhões de mortes anuais e
aproximadamente, 30% da população mundial está infectada com este
micro-organismo.

As micobacterias possuem parede celular rica em lipideos e açucares que


podem ativar resposta imunológica diferenciada, dificultar a penetração
de nutrientes, antibióticos e a ação de desinfetantes.

Estas bactérias podem ser divididas em Micobacterias Tuberculosas


(Grupo/ MTB) e não Tuberculosas (grupo / NTB / ambientais). Entre
as MTB , M. tuberculosis , é a mais frequente, mas entre as NTB, algumas,
causam infecções diversas (cutâneas são as mais frequentes) incluindo
os indivíduos imunossuprimidos (ex.: pacientes HIV + , principalmente
no desenvolvimento de doença pulmonar).

Mycobacterium Leprae , causa a Hanseníase (antigamente chamada


de Lepra). O micro-organismo ainda não é cultivável. Apenas reproduzido
por inoculação em pata de uma espécie de Tatu para fins de pesquisa e
obtenção de reagentes.
A doença é mais frequente no Brasil do que em outros países
principalmente na região norte onde as pessoas caminham mais
frequentemente descalças em áreas pantanosas, lama ou ingerem carne
de alguns animais silvestres como o tatu.
A doença possui evolução lenta, pode ser de evolução ”benigna” ou
“maligna”. Ocorre o comprometimento dos nervos periféricos. A
antibiótico-terapia leva a cura, mas os danos celulares prévios, não
revertem.

O desenvolvimento da doença tuberculosa (TB) depende da bactéria


e da capacidade de resposta imunológica (celular) do hospedeiro.
Basicamente a resposta imune diferenciada usualmente forma o chamado
granuloma (consultar) é o que principalmente causa a doença. Assim
depende do hospedeiro, a doença pode ser controlada logo no início,
haver uma infecção que se resolve através do chamado complexo
primário curado (consultar) com capacidade de reincidir ou ocorre a
doença desde o primeiro contato e evoluir para doença pulmonar e as
vezes atingir outros órgãos. Assim, apesar da forma respiratória ser a
mais frequente, podem ocorrer as formas; ósseas, gástricas, urinárias,
meningites ou mesmo a miliar (generalizada).

A infecção primária, ocorre pela inalação de gotículas de saliva


(fomites) infectadas, provenientes de indivíduos doentes. Instaladas
no pulmão, as bactérias causam uma reação de hipersensibilidade
(tipo celular) formando tubérculos (agregados de macrófagos). A
infecção é geralmente localizada, inaparente e regride rapidamente.
No entanto a reinfecção da TB bem como o tratamento demorado ou
incorreto, tem sido o maior problema no controle da TB. Neste
contexto vale lembrar a ocorrência de estripes multirresistentes aos
antibióticos específicos.

Em laboratórios de segurança nível 2 (os mais utilizados) são


realizados apenas os exames bacterioscópicos de matérias clínicos. A
cultura do material clínico para estas bactérias está autorizada apenas
para laboratórios de nível 3 de segurança.

O exame baciloscópico pela coloração de Ziehl-Neelsen é a mais


utilizado para evidenciar a presença de BAAR (não é possível
evidenciar a espécie) no escarro do paciente. Apenas o laboratório
pode confirmar a espécie. Em pacientes doentes, o método detecta
BAAR em 70% dos pacientes.

As bacterias crescem mais lentamente do que a maioria das bactérias


de importância médica. A chamadas de crescimento rápido
(usualmente as ambientais) formam colônia em aproximadamente 5
dias, mas as go grupo MTB, em 15 a 90 dias. A pigmentação das
colônias (fotocromogenicas, escotocromogenicas e não
fotocromogenicas) pode contribuir no diagnóstico laboratorial, mas
incluem-se outras provas fenotípicas.

Pela demora ou dificuldade de crescimento das micobacterias e para


fins de diagnóstico rápido, os métodos moleculares como a PCR tem
sido mais aplicados na rotina, incluem métodos automatizados de
antibiograma e programas do governo em desenvolvimento para
diagnostico molecular a beira do leito.
Teste de tuberculina ou PPD:é um teste cutâneo que revela no
paciente o desenvolvimento da hipersensibilidade tipo tardio para este
agente. Inocula-se intra-dermicamente uma pequena porção do extrato
de proteico de M. tuberculosis. Após alguns dias, pode ocorrer o
endurecimento e inchaço da pele. Isto revela pelo menos o contato prévio
com o agente etiológico. Logo, este paciente é denominado tuberculina
ou PPD-positivo. Na atualidade, pelo avanço no conhecimento da
doença, este teste é bastante polêmicos para sua interpretação.

Os profissionais que estão em contato com pacientes com TB devem ter


alta proteção, sendo o uso de máscara com filtro de alta eficiência
obrigatórios. Já os pacientes, devem ser internados em quartos com
pressão negativa.

O tratamento consiste em terapias antimicrobianas, com destaque para


a isoniazida (INH), que possui baixo custo, é relativamente atóxica, de
fácil absorção via oral e que afeta a síntese de ácido micólico, componente
da parede celular. A resistência a INH está aumentando, especialmente
em pacientes com AIDS. Neste caso, utilizam-se de fármacos mais tóxicos
e menos eficazes.

Há imunização em alguns países, com linhagens atenuadas de


Mycobacterium bovis (importância em bovinos) conhecido como Bacilo
Calmet Guerin-BCG. No entanto todos que tomam vacina BCG tornam-se
tuberculina-positivos.

Na atualidade a vacinação deve ocorrer até os 2 anos de idade, no entanto


após a adolescência esta proteção diminui. Este contexto continua
polemico.
Obs.: Micobactérias são álcool-ácido resistentes à fucsina devido ao seu
constituinte ceroso em grande quantidade. O ácido micólico, entre
outros componentes presente na parede celular, conferem diversas
propriedades de resposta imunológica no hospedeiro. A álcool-ácido
resistência permite revelar usualmente apenas este grupo bacteriano em
materiais clínicos pela coloração de Ziehl-Neelsen.

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