2019 TCC Mcampos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CAMPUS RUSSAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MATEUS DE OLIVEIRA CAMPOS

INFLUÊNCIA DA CARBONATAÇÃO NO ENSAIO DE ESCLEROMETRIA

RUSSAS
2019
MATEUS DE OLIVEIRA CAMPOS

INFLUÊNCIA DA CARBONATAÇÃO NO ENSAIO DE ESCLEROMETRIA

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade Federal do
Ceará Campus Russas, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Dr. Esequiel Fernandes


Teixeira Mesquita.

RUSSAS
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
___________________________________________________________________________

C214i Campos, Mateus de Oliveira.


Influência da carbonatação no ensaio de esclerometria / Mateus de Oliveira Campos. –
2019. 74 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Campus de


Russas, Curso de Ciência da Computação, Russas, 2019.
Orientação: Prof. Dr. Esequiel Fernandes Teixeira Mesquita.

1. Estruturas de concreto. 2. Carbonatação. 3. Ensaio de esclerometria. I. Título.


CDD 005
__________________________________________________________________________
MATEUS DE OLIVEIRA CAMPOS

A INFLUÊNCIA DA CARBONATAÇÃO NOS ENSAIOS DE ESCLEROMETRIA

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade Federal do
Ceará Campus Russas, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof. Dr. Esequiel Fernandes Teixeira Mesquita (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________
Prof. Dr. Abrahão Bernardo Rohden
Universidade Regional de Blumenau (FURB)

_________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Silva Medeiros
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais,
Sebastião e Rosenir, e ao meu irmão, Thiago.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por sempre me dar saúde e motivação para conseguir buscar meus objetivos.
Aos meus pais, Sebastião e Rosenir, por todo o amor, carinho e apoio nos momentos
mais difíceis da minha vida. Vocês são a base mais importante da minha vida.
Ao meu irmão, Thiago, por sempre me incentivar, apoiar e contribuir para meu
crescimento pessoal. Agradeço por ter um irmão como você.
Aos meus familiares, por sempre me valorizarem e acreditarem em mim.
Ao meu orientador Prof. Dr. Esequiel Fernandes Teixeira Mesquita, por todas as suas
contribuições essenciais neste trabalho e por todo o auxílio durante a realização do trabalho.
Aos técnicos do Laboratório de Materiais de Construção, em especial Allisson e
Myckelle, pela atenção e ajuda durante a realização dos procedimentos do trabalho.
Ao pessoal da manutenção do campus, pela ajuda na preparação dos procedimentos do
trabalho.
Aos demais professores que tive durante o curso, pelos conhecimentos passados, pela
paciência e contribuição para meu crescimento profissional.
A senhora Fabíola e sua família, por me acolherem durante o período de realização do
trabalho, pela diversão e por me fazerem sentir em casa durante esse período. Serei
eternamente grato pelo que fizeram.
Ao senhor Raimundo e sua família, por toda a ajuda e acolhimento desde o começo do
curso.
Aos meus amigos que fiz durante o curso, em especial Gilson, Alane, Thales, Arthur,
Kaenna, Jayane, João e Thalyta, pela diversão, trabalho em equipe e pela grande contribuição
que me fizeram ter um crescimento pessoal e profissional.
Aos demais amigos, pelo incentivo, diversão e auxílio durante diversos momentos
durante o curso.
“Não antecipe os problemas, nem se preocupe
com o que talvez nunca aconteça. Aproveite a
luz do sol.”
(Benjamin Franklin)
RESUMO

A carbonatação trata-se de um processo físico-químico onde ocorre uma neutralização da


solução presente nos poros do concreto. No processo de carbonatação, ocorre a reação dos
íons alcalinos presentes no cimento com os gases presentes na atmosfera. Em virtude da
redução da alcalinidade do concreto, a reação tem como consequência a degradação da
película passivadora que envolve a armadura, podendo fazer com que o processo de formação
da corrosão se inicie. Este trabalho tem o objetivo de caracterizar a influência da carbonatação
no ensaio de esclerometria por meio da caracterização do índice esclerométrico, da resistência
à compressão e da análise da influência da carbonatação no ensaio de esclerometria realizados
nos corpos de prova produzidos. Neste trabalho foi realizado um programa experimental, no
qual produziu-se doze corpos de provas e estes foram separados em quatro grupos de três
amostras. Cada arranjo passou por diferentes períodos de exposição ao CO2, que foram
respectivamente: 0, 15, 30 e 120 minutos. O concreto foi produzido com cimento CP V - ARI
e não passou por um processo de cura, sendo o processo de exposição ao CO2 realizado após a
desforma dos corpos de prova. Os resultados obtidos indicam que, conforme a carbonatação
vai aumentando, o índice esclerométrico e a resistência à compressão diminuem. Entretanto, a
proporção de aumento na carbonatação e redução no índice esclerométrico e resistência à
compressão é bem maior nos primeiros trinta minutos da exposição ao CO2. Para o índice
esclerométrico, da redução total que ocorreu, 55,9% ocorreu nos primeiros trinta minutos. Já
para a resistência à compressão, 83,8% da redução total ocorreu neste período. Dentre as
conclusões presentes neste trabalho, é importante destacar que a maior taxa de redução do
índice esclerométrico e a resistência à compressão ocorreu durante o período de maior difusão
do CO2.

Palavras-chave: Estruturas de concreto. Carbonatação. Ensaio de esclerometria.


ABSTRACT

Carbonation is a physicochemical process where there is a neutralization of the solution


present in the concrete pores. In the carbonation process, occurs the reaction of alkaline ions
present in cement with gases present in the atmosphere. Due to the reduction of the concrete
alkalinity, the reaction results in the degradation of the passivating layer that surrounds the
reinforcement, which may cause the corrosion formation process to begin. This work aims to
characterize the influence of carbonation on the sclerometer test by characterizing the
sclerometric index, the compressive strength and the analysis of the influence of carbonation
on the sclerometer test performed on the produced specimens. In this work, an experimental
program was carried out, in which twelve specimens were produced and divided into four
groups of three samples. Each group was exposed to CO2 for different periods, which were
respectively 0, 15, 30 and 120 minutes. The concrete was produced with CP V - ARI cement
and did not undergo a curing process, and the CO2 exposure process was performed after the
specimens were deformed. The results indicate that as carbonation increases, the sclerometric
index and the compressive strength decrease. However, the proportion of the increase in
carbonation and the reduction in the sclerometric index and compressive strength are highest
in the first thirty minutes of exposure to CO2. For the sclerometric index, 55.9% of the total
reduction occurred in the first thirty minutes. While for compressive strength, 83.8% of the
total reduction occurred in this same period. Among the conclusions presented in this paper, it
is important to emphasise that the highest reduction rate of the sclerometric index and the
compressive strength occurred during the period of greatest CO2 diffusion.

Keywords: Concrete structures. Carbonation. Sclerometer test.


LISTA DE FIG0URAS

Figura 3.1  Uso de fenolftaleína para medição da profundidade de carbonatação........... 20

Figura 3.2  Fotomicrografia de um concreto obtida em microscópio ótico com


polarizador....................................................................................................... 21

Figura 3.3  Exemplo de termografia de um concreto com cimento CP V - ARI .............. 22

Figura 3.4  Difração de raios X de concreto produzido com CP V - ARI ........................ 23

Figura 3.5  Difusão do CO2 nos poros de concreto ......................................................... 24

Figura 3.6  Processo de carbonatação do Ca(OH)2 ...........................................................25

Figura 3.7  Leitura do coeficiente de difusão o O2 em função do fator água/cimento


para cimento Portland .....................................................................................27

Figura 3.8  Cobrimento do concreto em função do ambiente ...........................................29

Figura 3.9  Aplicação do método de ultrassom em estrutura de concreto ....................... 35

Figura 3.10  Ensaio de pacometria aplicado em uma estrutura de concreto .......................36

Figura 3.11  Termografia infravermelha em uma estrutura de concreto ............................ 37

Figura 3.12  Geo Radar Proceq GPR sendo aplicado a uma estrutura de concreto ............38

Figura 3.13  Aplicação do método de penetração de pinos ............................................... 39

Figura 3.14  Tomógrafo A1040 - MIRA..............................................................................39

Figura 3.15  Tomógrafo 3D de uma amostra do estudo de Lorenzi et al (2016) ................ 40

Figura 3.16  Ensaio de esclerometria aplicado a uma estrutura de concreto ...................... 42

Figura 4.1  Arranjo de peneiras para ensaio de granulometria ........................................ 44

Figura 4.2  Peneiramento individual para o ensaio de granulometria .............................. 45

Figura 4.3  Curva de Abrams para obter a relação água/cimento ..................................... 48

Figura 4.4  Separação dos materiais para produção do traço ............................................51

Figura 4.5  Mistura do concreto em betoneira ................................................................. 51

Figura 4.6  Aparelhagem utilizada no ensaio de slump test ..............................................52


Figura 4.7  Abatimento do concreto produzido ................................................................ 53

Figura 4.8  Medição do abatimento do concreto produzido ............................................. 53

Figura 4.9  Preparação das formas para a moldagem dos corpos de prova ...................... 54

Figura 4.10  Moldagem dos corpos de prova .................................................................... 54

Figura 4.11  Processo de exposição das amostras ao dióxido de carbono.......................... 55

Figura 4.12  Observação de carbonatação no corpo de prova com o uso de indicador de


pH ................................................................................................................... 56

Figura 4.13  Separação dos pontos de aplicação dos impactos .......................................... 57

Figura 4.14  Máquina utilizada para realizar a compressão dos corpos de prova .............. 58

Figura 4.15  Rompimento do corpo de prova a partir de uma aplicação de carga


contínua ......................................................................................................... 59

Anexo A.1  Malha de 4x4 para impactos do esclerômetro ................................................ 70

Anexo A.2  Concreto degradando superficialmente após impactos do esclerômetro ........70

Anexo A.3  Posicionamento para execução do impacto com o esclerômetro ................... 71

Anexo A.4  Aspersão de fenolftaleína para verificar carbonatação após o rompimento


dos corpos de prova ....................................................................................... 71

Anexo A.5  Rompimento do corpo de prova para avaliar a resistência à compressão ...... 72

Anexo A.6  Corpos de prova após um período de exposição ao CO2 ............................... 72


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 4.1  Curva granulométrica do agregado miúdo..................................................... 46

Gráfico 4.2  Curva granulométrica do agregado graúdo.................................................... 47

Gráfico 5.1  Redução da resistência à compressão x Redução índice esclerométrico ...... 60

Gráfico 5.2  Comparativo da redução do índice esclerométrico em função do tempo de


exposição ao CO2 .......................................................................................... 61

Gráfico 5.3  Comparativo da redução da resistência à compressão em função do tempo


de exposição ao CO2 ..................................................................................... 62

Gráfico 5.4  Comparativo da profundidade carbonatada em função do tempo de


exposição ao CO2 .......................................................................................... 62

Gráfico 5.5  Redução do índice esclerométrico em função da profundidade de


carbonatação .................................................................................................. 63

Gráfico 5.6  Redução da resistência à compressão em função da profundidade de


carbonatação .................................................................................................. 64
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1  Exemplos de indicadores de pH utilizados para medição da frente de


carbonatação .................................................................................................. 20

Tabela 3.2  Proposta de caracterização do tempo de iniciação por carbonatação ........... 31

Tabela 4.1  Dados obtidos a partir do ensaio de granulometria do agregado miúdo ....... 45

Tabela 4.2  Dados obtidos a partir do ensaio de granulometria do agregado graúdo ...... 47

Tabela 4.3  Determinação do consumo de água da dosagem de concreto ....................... 48

Tabela 4.4  Determinação do volume compactado seco de agregado graúdo ................. 49

Tabela 4.5  Quantitativo do traço para produzir o volume requerido ............................. 50

Tabela 4.6  Medições da carbonatação dos corpos de prova ........................................... 56

Tabela 4.7  Resultados obtidos pelo ensaio de esclerometria .......................................... 57

Tabela 4.8  Resistência à compressão dos corpos de prova ............................................. 59

Tabela 5.1  Valores médios dos ensaios para cada agrupamento das amostras ............... 60

Tabela 5.2  Índices esclerométricos antes e depois da exposição ao CO2 ....................... 64


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14
2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 17
2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 17
2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 17
3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 18
3.1 Carbonatação ..................................................................................................... 18
3.1.1 Etapas do processo de carbonatação ................................................................. 23
3.1.2 Modelos de carbonatação ................................................................................... 26
3.1.2.1 Tuutti (1982) ........................................................................................................ 26
3.1.2.2 Papadakis, Vayenas e Fardis (1989, 1991) ......................................................... 27
3.1.2.3 Helene (1997) .................................................................................................. 28
3.1.2.4 Izquierdo (2003) .................................................................................................. 30
3.1.2.5 Hyvert (2009) ...................................................................................................... 32
3.2 Ensaios não destrutivos ..................................................................................... 33
3.2.1 Ultrassom ............................................................................................................ 34
3.2.2 Pacometria .......................................................................................................... 36
3.2.3 Termografia infravermelha ................................................................................ 36
3.2.4 Radar ................................................................................................................... 37
3.2.5 Penetração de pinos ........................................................................................... 38
3.2.6 Tomografia ultrassônica .................................................................................... 39
3.2.7 Esclerometria ...................................................................................................... 40
3.2.8 Outros métodos de ensaio ................................................................................... 42
4 PROGRAMA EXPERIMENTAL .................................................................... 43
4.1 Produção dos corpos de prova ......................................................................... 43
4.1.1 Ensaio de granulometria dos agregados ........................................................... 43
4.1.1.1 Agregado miúdo .................................................................................................. 44
4.1.1.2 Agregado graúdo ................................................................................................. 46
4.1.2 Dosagem do concreto ......................................................................................... 47
4.1.3 Ensaio de abatimento do tronco de cone e produção do concreto ................... 50
4.1.4 Concretagem e moldagem dos corpos de prova ................................................. 53
4.2 Carbonatação dos corpos de prova .................................................................. 55
4.3 Ensaio de esclerometria .................................................................................... 56
4.4 Ensaio de resistência à compressão dos corpos de prova .............................. 58
5 RESULTADOS .................................................................................................. 60
6 CONCLUSÕES ................................................................................................. 65
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 67
ANEXO A ........................................................................................................... 70
14

1. INTRODUÇÃO

O concreto armado, apesar de ser uma associação inteligente de materiais, ser versátil
e durável, está sujeito a vários tipos de deterioração, que podem ser causados por um grande
número de mecanismos. (CARMONA, 2005). As manifestações patológicas nas estruturas
são decorrências dos mecanismos de deterioração do concreto. Os profissionais têm por
necessidade compreender e conhecer as manifestações patológicas para que possam entender
o desenvolvimento dos mecanismos de deterioração do concreto a partir de uma avaliação de
uma estrutura (SAHUINCO, 2011). A NBR 6118 (2014) menciona os diversos mecanismos
de degradação do concreto, dentre os quais pode-se citar os ataques de sulfatos, ataques de
cloretos, carbonatação do concreto, reação álcali-agregado, corrosão das armaduras, lixiviação
do concreto, fissuras, dentre outros.
Dentre os mecanismos de deterioração das estruturas de concreto, a corrosão das
armaduras tem se mostrado o de maior incidência e maiores prejuízos econômicos tem trazido
aos países (CARMONA, 2005). Dentre os principais agentes agressivos da corrosão em
estruturas de concreto, destacam-se os cloretos e o dióxido de carbono. O estudo realizado por
Levy e Helene (2000), citado por Carmona (2005), mostrou que a corrosão das estruturas de
concreto armado induzida pela carbonatação é um problema frequente nas grandes cidades.
Neste estudo foi realizado inspeções detalhadas em 27 escolas públicas na cidade de São
Paulo, no qual constatou-se que danos associados com a carbonatação em 96% dessas
estruturas.
A carbonatação trata-se de um fenômeno físico-químico entre os íons presentes nos
poros do concreto e alguns gases presentes na atmosfera que são difundidos na estrutura (a
maior parte das reações ocorrem com o dióxido de carbono presente no ar). A partir daí o
concreto, que inicialmente tem pH alcalino, começa a diminuir seu pH em decorrência do
processo de formação da carbonatação. Como consequência do processo ocorre a
despassivação da armadura, o que acaba deixando o ambiente presente na estrutura propicio à
formação do processo de corrosão da armadura do concreto. Entre os fatores que influenciam
na velocidade do processo de difusão do CO2, Pauletti (2009) cita a concentração do CO2 e
sua condição de acesso na estrutura, a distribuição dos poros, assim como a presença de água
nos poros.
Ferreira (2013) menciona que as estruturas de concreto podem acabar sofrendo muitos
problemas que influenciam na estabilidade global e na extensão dos danos da mesma em
virtude da carbonatação, visto que se trata de um processo que ocorre de forma generalizada
15

no material. Esses problemas ocorrem principalmente devido que o processo de carbonatação


acabam favorecendo também ao desenvolvimento continuado da corrosão das armaduras. Por
isso, é fundamental garantir que a estrutura tenha uma grande durabilidade na região do
cobrimento das armaduras, pois nessa região ocorre as reações formadoras da carbonatação.
Para caracterização da carbonatação e de outras patologias encontradas nas estruturas
de concreto podem ser utilizados diversos ensaios, dentre os quais podem ser divididos em
ensaios destrutivos, semi-destrutivos e não destrutivos. Como o próprio nome sugere, os
ensaios não destrutivos são aqueles em que não ocorre dano algum na amostra (ou tem algum
dano irrisório que não afeta a capacidade estrutural do material) utilizada no ensaio.
Os ensaios não destrutivos podem ser empregados na grande maioria das estruturas,
seja ela nova ou antiga. Para as estruturas antigas, os ensaios podem ser utilizados, por
exemplo, para avaliar a integridade e a capacidade de resistência do elemento. Já para as
estruturas novas, pode-se utilizar os ensaios, por exemplo, para monitorar a evolução da
capacidade de resistência da estrutura ou para caracterizar o concreto empregado para fins de
esclarecimento de dúvidas na execução dessas estruturas (EVANGELISTA, 2002). Diversos
ensaios podem ser considerados não destrutivos, dentre os quais pode-se citar os seguintes
métodos: ultrassom, esclerometria, penetração de pinos, auscultação, termografia
infravermelha, emissão acústica, fibra ótica, torque Stoll, dentre outros.
Neste trabalho, o ensaio não destrutivo empregado foi o ensaio de esclerometria, onde
trata-se de um método utilizado para medir a dureza superficial do concreto, no qual fornece
elementos para a avaliação da qualidade do concreto endurecido. De acordo com Evangelista
(2002), o ensaio de esclerometria consiste em submeter a superfície do concreto a um impacto
de um martelo com determinada massa e energia que é controlado por uma mola que se
movimenta por um pistão. O ricochete do impacto é medido e é conhecido como índice
esclerométrico (I.E.).
No Brasil, o ensaio de esclerometria é padronizado pela norma da ABNT NBR 7584
(2012) – Concreto endurecido: Avaliação da dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão.
Esta norma de maneira geral define todo a aparelhagem a ser utilizada no ensaio, prescreve
como devem ser tomados os devidos cuidados na organização da área de ensaio, mostra as
condições em que devem serem feitos os impactos realizados pelo esclerômetro de reflexão,
define as condições para que os elementos possam ser utilizados no ensaio e descreve como
devem serem feitos os resultados do ensaio.
Apesar de a norma NBR 7584 (2012) mostrar que a carbonatação é um dos fatores que
tem influência no ensaio de esclerometria, o tamanho dessa influência não é mensurado,
16

fazendo com que haja apenas um aspecto qualitativo da relação entre a carbonatação e o
ensaio de esclerometria. Este trabalho tem importância, pois além de confirmar a análise
qualitativa feita pela NBR 7584 (2012), também nele será quantificado o quanto a
carbonatação influencia os ensaios de esclerometria, através do uso de corpos de prova com
diferentes tempos de exposição ao CO2.
O estudo trata-se de um programa experimental que fará uma análise da influência da
carbonatação no ensaio de esclerometria. Também serão analisados a sua influência
relacionada a resistência à compressão. Para a produção deste programa experimental foi
realizado um levantamento bibliográfico sobre o processo de carbonatação e os ensaios não
destrutivos (com ênfase no ensaio de esclerometria). A partir daí foram produzidas as
amostras para obtenção dos resultados para caracterização da influência da carbonatação
nestes ensaios citados.
Este trabalho está dividido em seis seções. Na seção 1 é apresentado uma introdução
do trabalho, no qual aborda de maneira delimitada o tema deste trabalho. Nesta seção também
é apresentada a justificativa do tema e a metodologia que foi realizado o trabalho. Na seção 2,
é exposto o objetivo geral do trabalho, bem como seus objetivos específicos. Na seção 3 é
apresentado o referencial teórico acerca do tema proposto, para que possa dar um
embasamento teórico para compreensão do trabalho. Na seção 4 são apresentados os materiais
e métodos do trabalho, onde é explicado detalhadamente cada passo realizado da pesquisa. Na
seção 5, são apresentados os resultados e discussões acerca dos experimentos realizados. Por
fim, na seção 6 são apresentadas as conclusões do trabalho, bem como a sugestão de trabalhos
futuros.
17

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

 Caracterizar a influência da carbonatação no índice esclerométrico de concreto.

2.2 Objetivos específicos

 Caracterizar a resistência à compressão axial do concreto por meio do ensaio de


ruptura de corpo de prova;
 Caracterizar o índice esclerométrico através do ensaio de esclerometria;
 Analisar a influência da carbonatação na resistência à compressão do concreto;
 Analisar a influência da carbonatação no índice esclerométrico.
18

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Carbonatação

A carbonatação consiste na transformação de íons alcalinos presentes no cimento, tais


como os cátions de sódio, potássio e de cálcio em sais de carbonatos desses elementos, através
da ação ácida do dióxido de carbono (CO2) existente na atmosfera (CASCUDO; CARASEK,
2011). Ou seja, a carbonatação trata-se de um processo físico-químico onde ocorre uma
neutralização da solução presente nos poros do concreto. Além do dióxido de carbono, outros
principais constituintes presentes na atmosfera que produzem a neutralização dos compostos
alcalinos presentes no cimento são o dióxido de enxofre (SO2) e o gás sulfídrico (H2S)
(CADORE et al, 2008).
Ainda de acordo com Cadore et al (2008), o fenômeno recebe o nome de carbonatação
devido a reação de neutralização entre o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e o dióxido de
carbono, que acaba por resultar em carbonato de cálcio (CaCO3). Em virtude da redução da
alcalinidade do concreto, a reação tem como consequência a deterioração da película
passivadora que envolve o aço do concreto armado.
A redução da alcalinidade do concreto não é um fator nocivo ao concreto em si. No
entanto, no caso do concreto armado, a degradação da película passivadora pode acabar
criando um ambiente crítico para a formação corrosão, desde que determinadas condições
sejam reunidas, tais como presença de água, diferença de potencial e a presença de oxigênio
(PAULETTI, 2009). A carbonatação pode ser um fator para dar início ao processo de
corrosão, no entanto a carbonatação e a corrosão não estão inevitavelmente ligadas, visto que
a umidade relativa que mais favorece a carbonatação está em torno de 60% e a que mais
favorece a corrosão excede 80% (SILVA, 2002).
Conforme cita Fernandes Paris (1973, apud SILVA, 2002, p. 26), a carbonatação que
está atuando na superfície do concreto pode alterar suas propriedades, tais como:
permeabilidade, durabilidade frente a agentes salinos, porosidade, resistência mecânica, e de
maneira indireta a proteção das armaduras em concreto armado e protendido.
De acordo com Saetta et al. (1993), a carbonatação também é associada com a
mudança de volumes dos poros do concreto, que por consequência acabam causando
microfissuras e rachaduras, onde essas alterações podem acabar ocasionando diretamente
mudanças na permeabilidade e difusão dos gases presentes no processo de carbonatação. Por
isso, nos trabalhos relacionados a carbonatação, bem como a porosidade do concreto, é
19

necessário sempre levar em consideração esse fenômeno para o desenvolvimento do estudo,


uma vez que estes afetam nas equações de difusão dos gases formadores do processo de
carbonatação.

Em condições naturais de exposição (0,03% a 1% de CO2), o processo de formação da


carbonatação pode precisar de muitos anos para que se possa ter dados passiveis de análise.
Sendo que esse período de tempo é função da relação água/cimento e da composição química
do cimento. Para relações água/cimento altas (acima de 0,60), com um período de tempo de
aproximadamente um ano de exposição ao CO2, já pode-se obter dados da profundidade que
foi houve carbonatação. Já para concretos com relações água/cimento baixas (inferiores a
0,50), o período demandado para caracterizar a velocidade de carbonatação pode levar até
cerca de 20 anos (KOBUKU; NAGATAKI, 1989 apud PAULETTI et al, 2007, p.8).
Com o intuito de reduzir o período de análise da carbonatação, diversas pesquisas são
realizadas com teores de CO2 maiores que as concentrações encontradas nas condições
naturais de exposição, o que por sua vez acaba por acelerar o processo de carbonatação. Os
resultados alcançados nos ensaios acelerados realizados em laboratório, devido ao controle
das condições do ensaio, jamais ocorrerão em circunstâncias reais de degradação, visto que a
influência das variáveis é aleatória (PAULETTI, 2007). Um dos fatores que mais tem
influência no uso de ensaios acelerados é o fator econômico, visto que estes ensaios reduzem
o período de tempo que é necessário para que seja possível obter os resultados da análise, o
que consequentemente acaba por reduzir os custos das pesquisas.
Para a medição da frente de carbonatação do concreto, geralmente são utilizados
métodos colorimétricos, ou seja, a medição é realizada através do emprego de indicadores de
pH como a fenolftaleína, vermelho de cresol, azul de nil, dentre outros. Na utilização desse
tipo de técnica, o indicador, quando entra em contato com uma solução ácida, a estrutura
adquire uma coloração típica que varia de acordo com o tipo de indicador de pH utilizado no
processo. No caso da medição da profundidade de carbonatação do concreto, este tipo de
técnica acaba sendo muito prático, visto que o concreto, antes de entrar no processo de
carbonatação, apresenta um pH alcalino. Consequentemente, essa parte do concreto que ainda
apresenta alcalinidade acaba adquirindo a coloração típica do indicador de pH utilizado,
enquanto que a parte da estrutura que teve uma redução de pH se mantém incolor (ou outra
cor característica). A tabela 3.1 mostra as propriedades de alguns indicadores de pH
empregados na medição da frente de carbonatação.
20

Tabela 3.1: Exemplos de indicadores de pH utilizados para medição da frente de carbonatação.


Indicadores Cores Ponto de viragem Formulação
Vermelho de cresol Amarelo / Vermelho 7,2 – 8,8 0,1g/100 ml de etanol
Fenolftaleína Incolor / Rosa 8,0 – 9,9 0,1g/100 ml de etanol
Timolftaleína Incolor / Azul 9,3 – 10,5 0,1g/100 ml de etanol
Amarelo de alizarina Amarelo claro / Amarelo 10,0 – 12,1 0,1g/100 ml de etanol
escuro
Alizarina Vermelho / Púrpura 10,1 – 12,1 0,1g/100 ml de etanol
Azul de nil Azul / Vermelho 10,1 – 11,1 0,1g/100 ml de ágia
Fonte: Pauletti (2009).
Dentre os indicadores de pH utilizados para a medição da profundidade de
carbonatação, o indicador à base de fenolftaleína é bastante conhecido e muito empregado no
uso desse tipo de técnica. Trata-se de um tipo de indicador de pH com ponto de viragem entre
8,0 e 9,9, que apresenta coloração vermelha carmim quando entra em contato com pHs iguais
ou superiores a sua faixa de viragem. A figura 3.1 mostra um exemplo do uso de fenolftaleína
para medição da frente de carbonatação do concreto.
Figura 3.1: Uso de fenolftaleína para medição da profundidade de carbonatação.

Fonte: Silva e Liborio (2005).


Com relação ao tempo que pode ser realizada a leitura da profundidade de
carbonatação depois que ocorre a aspersão do indicador de pH, a RILEM (1988) recomenda,
através da CPC-18, que o período de medição da carbonatação seja 24 horas depois da
aspersão do indicador de pH, para aumentar a nitidez entre as regiões carbonatadas e não
carbonatadas. No entanto, o estudo de Castro (2003), citado por Cascudo e Carasek (2011),
apresentou resultados de que não existe uma diferença significante entre uma medida feita dez
minutos depois da aspersão do indicador e uma leitura realizada após as 24 horas
recomendadas pela RILEM (1988).
21

Para uma análise maior da carbonatação é sempre importante observar além da


profundidade carbonatada, a espessura de cobrimento do concreto. O ideal é que a espessura
que foi carbonatada nunca chegue a espessura de cobrimento do concreto, pois quando a
carbonatação chegar nessa espessura, esta já pode ter atingido a armadura e iniciado o
processo de despassivação do aço.
Além da técnica de aspersão do indicador de pH, diversas outras técnicas mais
elaboradas para avaliar a profundidade de carbonatação do concreto são empregadas, no qual
além de quantificarem a frente de carbonatação, ainda podem caracterizar os tipos de
carbonatos formados a partir da reação. As técnicas que serão citadas neste trabalho são as
seguintes: análise petrográfica, densimetria por radiação gama, termogravimetria e difração de
raios X.
As técnicas acima são todas detalhadas no estudo de Cascudo e Carasek (2011). No
caso da técnica de análise petrográfica, algumas lâminas delgadas são preparadas com a
amostra de concreto e são observadas em um microscópio ótico que está sob um feixe de luz
polarizada. Na observação da frente carbonatada através da microscopia, é possível estimar a
quantidade de compostos carbonatados na amostra. A figura 3.2 ilustra como a técnica é
empregada.
Figura 3.2: Fotomicrografia de um concreto obtida em microscópio ótico com polarizadores paralelos.

Fonte: Cascudo e Carasek (2011).


No método de densimetria por radiação gama, é observado a absorção dos raios que
são emitidos por uma fonte radioativa e a partir daí é possível analisar a evolução da
densidade da amostra. Este tipo de técnica é mais utilizado em ensaios acelerados de
carbonatação, onde os corpos de prova não passam por uma secagem ao longo do tempo.
Assim, a frente de carbonatação é obtida através da diferença densidade da amostra não
carbonatada e a amostra carbonatada no instante da análise. Nesse caso é possível fazer essa
22

análise da densidade, pois a variação de densidade pode ser atribuída ao CO2 que foi fixado na
amostra.
Na análise da carbonatação através da termogravimetria, é detectada pelo uso da
técnica a perda de massa da amostra ocorrida a partir de uma variação de temperatura
controlada em laboratório. As reações que são provenientes da carbonatação acabam
consumindo a portlandita e deterioram os compostos hidratados (C-S-H, aluminatos e
compostos de magnésio) na formação do carbonato de cálcio. Neste procedimento de análise
da carbonatação, são retiradas amostras de concreto com profundidades conhecidas, nos quais
são moídas e são submetidas a um aumento contínuo de temperatura até chegar entre 1000°C
e 1100°C em uma termobalança. A figura 3.3 mostra um exemplo do emprego da técnica de
termogravimetria para analisar uma amostra carbonatada.
Figura 3.3: Exemplo de termografia de um concreto com cimento CP V - ARI.

Fonte: Hopper Filho (2008, apud Cascudo e Carasek, 2011, p. 876).


A avaliação da frente de carbonatação por meio da difração de raios X é bastante
utilizada nas análises em laboratório pois é uma técnica simples, rápida, não requer grandes
quantidades de amostra e pode diferenciar as formas alotrópicas do carbonato de cálcio. É
uma técnica em que as regiões carbonatadas são distinguidas das regiões não carbonatadas
através identificação da presença de carbonato de cálcio. Esta identificação é feita a partir da
detecção das fases cristalinas do concreto. A figura 3.4 mostra o emprego da difração de raios
X em uma amostra de concreto carbonatada e outra não carbonatada.
23

Figura 3.4: Difração de raios X de concreto produzido com CP V – ARI.

Fonte: Hopper Filho (2008, apud Cascudo e Carasek, 2011, p. 877).

3.1.1 Etapas do processo de carbonatação

O processo de carbonatação envolve gases dissolvidos e reagentes sólidos. Os sólidos


que reagem com o CO2 inclui além do Ca(OH)2, o 3CaO . SiO2 . 3H2O (C-S-H = silicato de
cálcio hidratado), que é o produto da hidratação de dois componentes do cimento Portland:
3CaO . SiO2 (C3S = silicato tricálcico) e 2CaO . SiO2 (C2S = silicato dicálcico). Estas duas
reações de hidratação também conduzem para a formação do Ca(OH)2. Consequentemente,
para formar o processo de carbonatação, é preciso também levar em consideração o processo
de hidratação, já que este último é a principal fonte da formação do Ca(OH)2 e seus reagentes
(C3S e C2S) e produtos (CSH) são também suscetíveis para reagir com o CO2 (PAPADAKIS
et al, 1989).
De acordo com Papadakis et al (1989), a água está sempre presente em maior ou
menor quantidade nos poros da pasta de cimento endurecida e desempenha um papel
fundamental no processo de carbonatação. O papel da água é duplo: primeiro, bloqueia os
poros e assim dificulta a difusão do CO2 através dos poros. Segundo, fornece um meio para a
reação entre o CO2 e o Ca(OH)2.
Justamente por isso, quando a umidade relativa do ar apresenta baixos níveis de
concentração, a difusão do CO2 pode ocorrer rapidamente, no entanto a maioria dos poros não
tem (ou tem muito pouca) presença de água e por isso a carbonatação da estrutura ocorre
lentamente. O contrário também ocorre quando a umidade relativa do ar apresenta níveis altos
de concentração: os poros estão preenchidos com água, e consequentemente a difusão do CO2
torna-se muito lenta.
24

De acordo com Pauletti (2004), a carbonatação trata-se de um processo onde os


elementos constituintes do cimento aos poucos vão sendo substituídos pelos carbonatos, por
meio de reações com o dióxido de carbono e outros gases. O processo ocorre de maneira lenta
de acordo com a seguinte reação principal:
Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O (Eq. 3.1)
As etapas para a formação do processo de carbonatação ocorrem no meio aquoso
presente nas paredes dos poros do concreto. A figura 3.5 mostra o esquema da difusão do CO2
nas paredes dos poros do concreto.
Figura 3.5: Difusão do CO2 nos poros do concreto

Fonte: Papadakis et al, 1989.


A descrição do processo geral de formação da carbonatação do hidróxido de cálcio,
conforme Thiery et al (2005) e Pauletti (2009) é apresentada nas seguintes etapas:
a) difusão do CO2, no qual se apresenta na fase gasosa, e a dissolução da solução presente nos
poros, onde a partir dessa reação, ocorre a formação ácido carbônico;
CO2 + H2O ↔ H2CO3 (Eq. 3.2)
b) dissociação do H2CO3, no qual ocorre o consumo dos íons OH- e consequentemente acaba
diminuindo o valor do pH da solução presente nos poros do concreto. O ácido carbônico na
água tem um comportamento de um diácido fraco e a dissociação do mesmo ocorre em duas
etapas;
H2CO3 + OH- ↔ HCO3- + H2O (Eq. 3.3)
HCO3- + OH- ↔ CO32- + H2O (Eq. 3.4)
c) dissolução do Ca(OH)2, com o intuito de reestabelecer a alcalinidade do meio provocada
pela íons consumidos de OH-;
Ca(OH)2 ↔ Ca2+ + 2OH- (Eq. 3.5)
25

d) os íons de cálcio resultantes da dissolução do Ca(OH)2 reagem com os íons de carbonato


resultantes do CO2, onde a partir dessa reação ocorre a precipitação do carbonato de cálcio
(CaCO3).
Ca2+ + CO32- ↔ CaCO3 (Eq. 3.6)
A figura abaixo mostra a representação das etapas do processo de carbonatação do
Ca(OH)2.
Figura 3.6: Processo de carbonatação do Ca(OH)2

Fonte: Pauletti (2009), baseado em Thierry (2005).


De acordo com Taylor (1997), citado por Ferreira (2013), além da reação com o
hidróxido de cálcio, o CO2 também pode reagir com o silicato de cálcio hidratado e os
aluminatos, conforme as seguintes equações:
3CaO . 2Si2O . 3H2O + 3CO2 ↔ 3CaCO3 + 2SiO2 + 3H2O (Eq. 3.7)
4CaO . Al2O . 13H2O + 4CO2 ↔ 4CaCO3 + 2Al(OH)3 + 10H2O (Eq. 3.8)
No caso da reação de carbonatação dos aluminatos, primeiramente eles se convertem
em C4ACHx e posteriormente em CaCO3 e gel de alumina. Enquanto que o monossulfato
(AFm) e a etringita (AFt), transformam-se em CaCO3, gel de alumina e sulfato de cálcio. Com
relação ao C-S-H, a carbonatação deste tem origem com a sua descalcificação.
Posteriormente, após o decréscimo da relação Ca/Si, ocorre a formação do gel de sílica
(CASCUDO; CARASEK, 2011).
Ainda de acordo com Cascudo e Carasek (2011), os álcalis do cimento (sódio e
potássio) também são suscetíveis à formação do processo de carbonatação. Estes álcalis se
apresentam na solução dos poros do concreto. O processo de carbonatação dos álcalis está
descrito nas equações a seguir.
2NaOH + CO2 ↔ Na2CO3 + H2O (Eq. 3.9)
2KOH + CO2 ↔ K2CO3 + H2O (Eq. 3.10)
26

Peter et al (2008, apud FERREIRA, 2013, p. 29-30), realizaram estudos sobre a


influência dos compostos da pasta de cimento no consumo de CO2, no que diz respeito ao
processo de carbonatação do concreto. Os compostos analisados em suas pesquisas foram o
Ca(OH)2, C-S-H, C2S e C3S. Conforme os resultados apresentados neste estudo, o Ca(OH)2
acabou por consumir cerca de três vezes mais CO2 que o C-S-H, vinte vezes maior que o C2S
e cinquenta vezes maior que o C3S. Esse consumo muito maior de CO2 pelo hidróxido de
cálcio pode ser explicado pelo fato de que este se faz presente em grande quantidade na pasta
de cimento hidratada e também por ser muito mais solúvel.

3.1.2 Modelos de carbonatação

Diversos modelos foram construídos tendo a finalidade de representar o processo de


carbonatação, no qual a previsão da profundidade da carbonatação natural é realizada a partir
de ensaios acelerados. Para realizar essa previsão, há vários parâmetros que influenciam na
definição dos coeficientes de ponderação que são relacionados aos ensaios acelerados. Pode-
se citar a umidade, temperatura do ambiente e a concentração de CO2 como alguns dos
parâmetros que podem ter influência na previsão da profundidade da carbonatação natural,
onde esses fatores variam dependendo do tipo de modelo de previsão analisado. Os modelos
que serão descritos a seguir têm sido empregados a nível mundial e cada um utiliza diferentes
metodologias para relacionar os ensaios acelerados com a carbonatação natural.
Os modelos de carbonatação que serão abordados neste trabalho são os seguintes:
 TUUTTI (1982);
 PAPADAKIS, VAYENAS E FARDIS (1989,1991);
 HELENE (1997);
 IZQUIERDO (2003);
 HYVERT (2009).

3.1.2.1 Tuutti (1982)

De acordo com o estudo de Tuutti (1982), a estimativa de profundidade de


carbonatação dos concretos pode ser calculada pelo produto do coeficiente de carbonatação
pela raiz quadrada do tempo, de acordo com a equação abaixo.

(Eq. 3.11)
Onde:
27

X = profundidade de carbonatação (m);


kCO2 = Coeficiente de carbonatação (m/s0,5);
t = período de exposição da estrutura ao CO2 (s).
Para aplicação desse modelo, é necessário inicialmente saber o coeficiente de difusão
do CO2, visto que o coeficiente de carbonatação é dependente do coeficiente de difusão do
CO2. Para facilitar a determinação em laboratório, o autor usa uma simplificação de o
coeficiente de difusão do CO2 ser igual ao coeficiente de difusão do O2. Apesar do uso dessa
simplificação, o autor ressalta que os dois gases não são equivalentes. O coeficiente de
difusão do O2 pode ser determinado a partir da figura 3.7, no qual este depende da relação
água/cimento.
Figura 3.7: Leitura do coeficiente de difusão do O2 em função do fator água/cimento para cimento Portland.

Fonte: TUUTTI (1982).


De acordo com o estudo Carmona (2005) e Ferreira (2013), apesar de o modelo de
Tuutti ser bastante completo, este não informa como determinar o coeficiente de difusão (e
consequentemente o coeficiente de carbonatação k), o que acaba por dificultar a aplicação
prática do modelo. Carmona (2005) também pondera que o uso da simplificação descrita
acima levou a conclusões erradas em análise de concreto com adições.

3.1.2.2 Papadakis, Vayenas e Fardis (1989, 1991)

O modelo de Papadakis et al. parte do princípio de considerar a química da formação


da carbonatação, onde a formulação do modelo é baseada nas equações de equilíbrio de massa
do CO2, Ca(OH)2, C-S-H, C3S e C2S. Estas equações estão elencadas abaixo, conforme
Pauletti (2009).
Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O (Eq. 3.12)
28

(3CaO . 2SiO2 . 3H2O) + 3CO2 → (3CaCO3 . 2SiO2 . 3H2O) (Eq. 3.13)


(3CaO . SiO2) + 3CO2 + υH2O → SiO2 . υH2O + 3CaCO3 (Eq. 3.14)
(2CaO . SiO2) + 2CO2 + υH2O → SiO2 . υH2O + 2CaCO3 (Eq. 3.15)
A equação para previsão da frente de carbonatação no tempo é dada em função da
concentração ambiente de CO2, difusividade do CO2 e a concentração total de CaO, conforme
está descrita abaixo.

(Eq. 3.16)
Onde:
ec = profundidade de carbonatação;
DCO2 = coeficiente de difusão efetivo do CO2 no material carbonatado;
t = tempo (s);
[CO2] = concentração molar do CO2;
[Ca(OH)2] e [CSH] = concentração molar dos hidratos;
[C3S] e [C2S] = concentração molar dos anidros;
O índice 0 é relativo às concentrações iniciais (t = 0).
É importante ressaltar que este modelo foi validado pelos autores para ensaios
acelerados. Apesar de ser um modelo de simples aplicação, alguns fatores como a mudança de
porosidade causadas pela formação da carbonatação e a umidade relativa são
desconsiderados. De acordo com Carmona (2005), o modelo leva em conta o consumo de
cimento para o cálculo da reserva alcalina de concreto, o que acaba por ser uma ação errônea.
Ainda assim, trata-se de um método bastante completo e contempla a influência de diversos
parâmetros. Além disso, o método de cálculo da reserva alcalina por esse modelo também é
limitado somente ao cimento Portland comum (CP I).

3.1.2.3 Helene (1997)

No modelo de previsão proposto por Helene (1997), o coeficiente de carbonatação


(kCO2) depende da temperatura ambiente, dos ocasionais ciclos de molhagem e secagem do
concreto, da quantidade retida de CO2 em função da composição, da difusividade do CO2, do
gradiente de concentração de CO2 no ambiente, eventuais adições ao cimento, etc.
Neste modelo é proposto a adoção de ábacos que, embora determinem o cobrimento
das armaduras em função do ambiente, também é possível realizar a dedução dos valores do
coeficiente de carbonatação de diferentes tipos de concreto. Além de ser dependente do
29

cobrimento indicado pelo ábaco, a dedução do kCO2 também depende da idade da estrutura,
que é indicada no projeto. Esta dedução é feita utilizando a equação abaixo.
c = kCO2 . t0,5 (Eq. 3.17)
Onde:
c = extensão percorrida pelo agente agressivo;
kCO2 = coeficiente de carbonatação;
t = vida útil.
A figura 3.8 mostra o ábaco para a obtenção da espessura de cobrimento às armaduras em
função do ambiente.
Figura 3.8: Cobrimento do concreto em função do ambiente.

Fonte: Helene (1997)


Helene (1997) cita também que no caso de serem usados cimentos Portland com
escórias de alto forno, o cobrimento deve ser aumentado em pelo menos 20%, pois a
profundidade carbonatada também aumenta nessa ordem. Já para os cimentos Portland com
uso de pozolanas, deve-se aumentar em 10%.
Conforme o estudo de Carmona (2005), a previsão de kCO2 do modelo de previsão de
Helene (1997) pode ser feita de acordo com as seguintes equações:

kCO2 = (6,7882 – 0,1131 . fck) . (Eq. 3.18)

kCO2 AF = 1,2 . (6,7882 – 0,1131 . fck) . (Eq. 3.19)

kCO2 POZ = 1,1 . (6,7882 – 0,1131 . fck) . (Eq. 3.20)


Onde:
kCO2 = coeficiente de carbonatação (mm/ano0,5);
kCO2 AF = coeficiente de carbonatação para cimentos com uso de escória de alto forno;
30

kCO2 POZ = coeficiente de carbonatação para cimentos com uso de pozolanas;


fck = Resistência característica do concreto (MPa);
CS = Concentração ambiente de CO2 (% volume).

3.1.2.4 Izquierdo (2003)

No trabalho de Izquierdo (2003), foi proposto um modelo matemático de ingresso dos


agentes agressivos (CO2 e cloretos) no concreto. O modelo foi feito a partir de uma extensa
base de ensaios, no qual se propôs a eliminar as variáveis que afetam o problema e a
caracterização estatística.
De acordo com Izquierdo (2003), todos os modelos apresentados em seu estudo, que
estão baseados no fenômeno de difusão, têm a mesma formulação matemática, que é corrigida
empiricamente para ajustar o modelo teórico aos resultados experimentais encontrados por
cada autor. De maneira geral se trata de empregar a raiz quadrada do tempo com três
parâmetros básicos que regem o comportamento da difusão e basicamente se tratam das
concentrações de cada espécie difusiva: Concentração de CO2 no exterior (CS), reserva
alcalina do concreto (a) e coeficiente de difusão do concreto (DCO2).
A partir dos modelos apresentados em seu estudo, Izquierdo (2003) formulou uma
equação que englobou todos os modelos de forma aproximada.

(Eq. 3.21)
A partir da equação 3.21, Izquierdo (2003) inseriu alguns fatores para calibração do
seu modelo de carbonatação e a equação para o modelo de carbonatação ficou da seguinte
maneira.

(Eq. 3.22)

(Eq. 3.23)
Onde:
A = coeficiente de regressão;
B = coeficiente de regressão;
ε = termo de erro;
Kt = coeficiente da raiz do tempo;
31

Ke = fator de umidade relativa do ambiente na velocidade de carbonatação;


Kp = fator geral de ajuste do modelo;
n = fator de idade do concreto;
CS = concentração superficial de CO2 (kg/m³);
a/c = fator água/cimento;
a = reserva alcalina do concreto (kg/m³);
t0 = tempo de cura (s);
t = tempo (s);
Para o cálculo da reserva alcalina do concreto (a), conforme Carmona (2005), o autor
formulou uma equação baseada no modelo de Tuutti (1982), diferindo apenas o fato de que
Izquierdo (2003) propôs uma equação linear de interpolação do grau de hidratação do cimento
(GH).

(Eq. 3.24)
Onde:
C = consumo de cimento (kg/m³);
%CaO = teor de CaO no cimento (%);
a/c = relação água/cimento;
MCO2 = massa molar do CO2 (kg);
MCaO = massa molar do CaO (kg);
No estudo do modelo, também foi proposta uma caracterização estatística das
variáveis do modelo, conforme consta na tabela 3.2.
Tabela 3.2: Proposta de caracterização do tempo de iniciação por carbonatação.
Coeficiente de
Variável Descrição Unidade Distribuição Média
variação (%)
Primeiro coeficiente
A - Normal -15,156 5
de regressão
Segundo coeficiente
B - Normal 4,7213 24
de regressão
Ε Termo de erro - Normal 1 70,10
Modelo da raiz do
Kt - Normal 1 15
tempo
Fator de Umidade
- Beta 0,85 14
relativa (70%)
Ke
Fator de Umidade
- Beta 0,52 40
relativa (80%)
Fator de ajuste geral
Kp - Normal 1 30
do modelo
n Fator de idade do - Log normal 0,13 80
32

concreto truncada
Concentração de
CS kg CO2/m³ Normal 0,00066 15
CO2 no ar
a/c Fator água/cimento - Normal Nominal 5
Consumo de
C kg/m³ Normal Nominal 5
cimento

Fonte: Izquierdo (2003).


De acordo com Carmona (2005), a caracterização das variáveis do modelo de
Izquierdo (2003) é uma importante contribuição para o avanço das aplicações dos modelos de
previsão da carbonatação. No entanto, por ser um modelo extremamente complexo, só pode
ser utilizado com auxílio de programas computacionais específicos para análises de
confiabilidade.

3.1.2.5 Hyvert (2009)

O modelo de Hyvert (2009) tem uma formulação simplificada, devido a não levar em
considerações as movimentações de água na estrutura que está sofrendo processo de
carbonatação. Ferreira (2013) cita que o modelo de Hyvert (2009) parte do princípio que o
processo de carbonatação progride como uma frente e que na região carbonatada, os
aluminatos, a etringita e a portlandita são totalmente consumidos em baixas pressões (0,03%)
e altas (50%) de CO2. A equação formulada pelo modelo é apresentada a seguir.

(Eq. 3.25)

Onde:
ec = profundidade carbonatada;
P0 = pressão parcial de CO2 na superfície do material;
Patm = pressão atmosférica;
t = tempo (t);
R = constante dos gases perfeitos;
T = temperatura;
D0CO2 = coeficiente de difusão do CO2 na zona carbonatada para uma exposição em pressão
natural de CO2;
Q1 = número de moles de cálcio contidos nos três tipos de hidratos (a portlandita, a etringita e
os aluminatos);
33

α = parâmetro em função do tipo de cimento. Reflete a influência sobre a difusão do CO2, na


diminuição da porosidade devida à carbonatação do C-S-H.
n = parâmetro em função do tipo de cimento. Afinidade química dos compostos C-S-H com
vistas à pressão de CO2;
De acordo com Pauletti (2009), trata-se de um modelo simples de se utilizar, devido
permitir predizer a carbonatação natural a partir de um ensaio acelerado. Apesar a principal
característica do modelo ser a desconsideração das transferências termo-hídricas, acaba por
ser uma limitação ao modelo para a predição da carbonatação in situ. Ainda assim, o modelo
pode classificar os materiais cimentícios quanto à sua durabilidade frente à carbonatação.
Possan (2010), citado por Ferreira (2013), ponderou que apesar das simplificações, o modelo
tem resultados positivos em suas simulações.

3.2 Ensaios não destrutivos

Ensaios não destrutivos, como o próprio nome sugere, são aqueles ensaios realizados
que não causam danos (ou tem um dano muito pequeno) no material a ser ensaiado e que não
provocam diminuição da resistência da estrutura. Podem ser empregados em estruturas novas
ou antigas. Para estruturas novas, os ensaios não destrutivos podem ser adequados no
monitoramento da resistência ou na análise da qualidade do concreto. Já para as estruturas
mais antigas, os ensaios permitem avaliar o estado que se encontra a estrutura e a capacidade
de resistências aos esforços solicitantes da estrutura (EVANGELISTA, 2002).
De acordo com Helal et al. (2015), os ensaios não destrutivos têm a finalidade de
designar a qualidade e integridade dos materiais, sem que a capacidade de resistência da
estrutura analisada seja comprometida. É importante ressaltar que, apesar de os ensaios não
destrutivos causarem dano irrisório na estrutura, eles não devem serem confundidos com
ensaios não invasivos. Os ensaios não destrutivos podem, por exemplo, serem invasivos,
desde que não degradem os elementos estruturais, a ponto de afetar a utilidade dos mesmos.
Dentre as propriedades do concreto que tem a possibilidade de serem analisadas
através dos ensaios não destrutivos, pode-se citar a resistência, modulo de elasticidade, massa
especifica, dureza superficial, condições de umidade, absorção, permeabilidade, etc.
(EVANGELISTA, 2002).
Os ensaios não destrutivos foram criados para que fosse possível ser realizada a
identificação e prevenção dos danos estruturais. Tratam-se de métodos que têm utilizações
bastante viáveis, devido que estes são ensaios baratos e não tem comprometimento na
34

segurança do operador. Os ensaios não destrutivos permitem diagnosticar a estrutura em todo


o período de sua vida útil, que vai desde a fase construtiva até o período de operação e
manutenção dessa estrutura. Sendo assim, tratam-se de técnicas que tentam prever e erradicar
os problemas que estão relacionados com a durabilidade da estrutura (HELAL et al., 2015).
Os ensaios não destrutivos são empregados para a obtenção de informações que
possam colaborar para o processo de tomada de decisão quando não se nota a presença de
degradação aparente na estrutura, quando não há a deterioração extrema da estrutura ou
quando o desempenho estrutural seja insatisfatório (SAHUINCO, 2011).
A aplicação dos ensaios não destrutivos na monitoração de estruturas de concreto
armado tem se constituído como uma estratégia interessante, devido ser um tipo de análise
que evita que a investigação provoque danos que podem acabar tendo um grande custo para
realizar a correção, ou ainda que o reparo resulte em um ambiente mais vulnerável à
deterioração do elemento, ocasionando assim, uma redução da vida de serviço da estrutura
(LORENZI et al, 2016).
Os ensaios não destrutivos são apropriados para realizar a localização e determinação
da extensão de fissuras, determinar a uniformidade do concreto, avaliar o potencial de
durabilidade do concreto, monitorar a mudança das propriedades do concreto ao longo do
tempo, realizar o controle tecnológico em pré-moldados, esclarecer dúvidas envolvidas na
mistura, lançamento, compactação, cura e transporte do concreto, verificar a degradação do
concreto resultante de ataque do meio ambiente, sobrecarga, incêndio e fadiga, dentre outros.
(EVANGELISTA 2002).
De acordo com Carino (1992, apud CÂMARA, 2006, p. 7), os ensaios não destrutivos
podem ser divididos em dois grupos, dentre os quais pode-se citar os seguintes ensaios:
 Para avaliação da resistência do concreto: ultrassom, ensaio de torque Stoll, método da
maturidade, esclerometria, ensaio de penetração de pinos, ensaio de aderência, etc.
 Para avaliação de estruturas: termografia infravermelha, auscultação, métodos
magnéticos e elétricos, emissão acústica, inspeção visual, fibras óticas, etc.
A seguir são descritos alguns tipos de ensaios não destrutivos.

3.2.1 Ultrassom

O ensaio de ultrassom, um dos ensaios não destrutivos mais utilizados na engenharia


civil ao lado do ensaio de esclerometria, trata-se de um ensaio não destrutivo que utiliza a
propagação de ondas ultrassônicas em estruturas de concreto, no qual é medido o período de
35

tempo necessário para que a onda saia do ponto inicial até chegar ao ponto final definido pelo
operador do equipamento. Lorenzi et al. (2016) cita que a velocidade de propagação da onda
depende de diversos fatores, tais como a porosidade, natureza do material e a presença de
água nos poros da estrutura.
A partir das características da propagação das ondas, é possível, por exemplo, detectar
falhas na estrutura de concreto analisada, bem como determinar o tamanho do dano causado
por essas falhas. Com o uso do ensaio de ultrassom, também é possível, por exemplo,
caracterizar a estrutura, no qual pode-se determinar, a partir de correlações, modelos
conhecidos e relações matemáticas, a sua composição, densidade, geometria e propriedades.
(HELAL et al., 2015).
Lorenzi et al. (2016) cita que os resultados obtidos na análise do ensaio podem ser
utilizados para corrigir o processo tecnológico e dar um prognóstico da qualidade do concreto
analisado. Como vantagem do ensaio, por se tratar de um processo rápido e não destrutivo,
pode-se fazer um controle total da estrutura ao longo do tempo. Naik et al. (2004), citado por
SPÍNDOLA (2017, p. 7), menciona que os tipos de agregados, o tipo de cimento, fator
água/cimento, adições e a idade do concreto interferem na velocidade de propagação da onda
em estruturas de concreto.
No Brasil, o método de utilização do ultrassom é normatizado pela ABNT NBR 8802
– Concreto endurecido – Determinação da velocidade de propagação de onda ultrassônica
(2013). O método se aplica à realização de ensaios de ensaios em corpos de prova e
testemunhos de estruturas, além de verificação da homogeneidade do concreto de elementos
estruturais (NBR 8802, 2013). A figura 3.9 mostra uma aplicação do ensaio de ultrassom em
estruturas de concreto.
Figura 3.9: Aplicação do método de ultrassom em estrutura de concreto.

Fonte: www.cimentoitambe.com.br/ensaios-nao-destrutivos-penetram-concreto-a-dentro. Acesso: 07/10/19.


36

3.1.2 Pacometria

De acordo com Santos (2008), citado por Sahuinco (2011), trata-se de um ensaio não
destrutivo que tem base na leitura da interação entre as armaduras e a baixa frequência de um
campo eletromagnético criado pelo pacômetro. Com os dados obtidos de intensidade e
frequência, pode-se detectar a localização das armaduras de aço presentes no concreto
armado. Além disso, é possível estimar a espessura das barras de aço presente na armadura e o
cobrimento das mesmas. O método do ensaio é descrito em ACI 228 2R-98.
Depois de realizada a calibração do pacômetro, é necessário marcar com uma sonda os
pontos que serão percorridos. A partir daí as armaduras são identificadas, caso estejam
presentes na estrutura, por meio de um sinal sonoro e é realizada a leitura do cobrimento, bem
como o espaçamento da armadura. (SAHUINCO, 2011).
SPÍNDOLA (2017) cita que o ensaio de pacometria deve ser feito antes de todos os
outros ensaios não destrutivos utilizados em uma análise de uma estrutura de concreto
armado, para que possa ser realizada a marcação da armadura que está presente na estrutura,
fazendo com que os resultados encontrados não fiquem fora da realidade. A figura 3.10
apresenta um ensaio de pacometria em uma estrutura de concreto.
Figura 3.10: Ensaio de pacometria aplicado em uma estrutura de concreto.

Fonte: www.solucao.eng.br/novo/ensaios-nao-destrutivos-em-concreto.html. Acesso: 07/10/19.

3.1.3 Termografia infravermelha

Lorenzi et al. (2016) menciona que a termografia infravermelha baseia-se no


pressuposto de que o fluxo de calor que percorre por algum material é afetado por alguma
anormalidade que está abaixo da superfície desse material. Daí, é possível que sejam
localizadas diferenças de temperatura da superfície. A localização dessas anormalidades pode
37

ser feita medindo-se o fluxo de calor presente na superfície. Uma área que apresenta
anomalias na estrutura, possui condutividade térmica distinta e esta região é mostrada nos
termógrafos infravermelhos como sendo uma área resfriada ou com manchas quentes,
dependendo da superfície que está sendo analisada.
Os resultados obtidos pelos termógrafos são representados em forma de termogramas,
que resumidamente são imagens que medem a intensidade de calor emitida por alguma
estrutura e estas são convertidas pelos termógrafos. Na construção civil, o ensaio é utilizado
para destacar anomalias presentes nas estruturas de concreto. A figura 3.11 mostra um
exemplo de aplicação do ensaio em uma estrutura de concreto.
Figura 3.11: Termografia infravermelha em uma estrutura de concreto.

Fonte: www.acessopercon.com.br/percon/termografia-com-infravermelho. Acesso: 07/10/19.

3.1.4 Radar

De acordo com Evangelista (2002), o uso do radar na construção civil se baseia no


princípio da reflexão de ondas eletromagnéticas pelas estruturas de concreto. Esse ensaio pode
detectar vazios na estrutura, assim como medir a espessura de pavimentos. O uso dessa
técnica tem como grande desvantagem o fato de o equipamento de radar ser muito oneroso.
Além disso, é necessário realizar um ótimo planejamento de ensaio e prática para análise dos
resultados.
DA SILVA FILHO et al. (2011) diz que para o uso desta técnica, é utilizado uma
antena alocada na superfície da estrutura que vai ser analisada, no qual irradia energia para
captação do sinal por uma antena receptora. A partir daí é realizada a caraterização geométrica
do trecho analisado. Alguns estudos estão sendo feitos com o intuito de relacionar os
resultados obtidos pelo radar com algumas condições próprias do concreto, para que seja
38

possível estimar riscos de patologias na estrutura. A figura 3.12 mostra uma aplicação do
ensaio.
Figura 3.12: Geo Radar Proceq GPR sendo aplicado a uma estrutura de concreto

Fonte: www.proceq.com/pt/compare/proceq-gpr-live. Acesso: 07/10/19.

3.1.5 Penetração de pinos

O método de penetração de pinos consiste em uma técnica que utiliza uma pistola que
dispara pinos (figura 3.13) e estes penetram no concreto até que a energia cinética do disparo
seja dissipada. Através de curvas de correlação, a resistência do concreto pode ser estimada a
partir da profundidade que os pinos penetraram. Além disso, pode-se estimar a compressão, a
uniformidade do concreto e analisar o desenvolvimento da resistência do concreto nas
primeiras idades. (CÂMARA, 2006).
O método apresenta como vantagens o fato de o equipamento ser simples de operar,
que necessita de pouca manutenção, é durável, além de possuir dispositivo de proteção contra
disparos acidentais. Deve-se evitar a utilização em zonas que tenham a presença de barras de
aço, o que acaba dificultando o uso desta técnica em estruturas antigas (CÂMARA, 2006).
39

Figura 3.13: Aplicação do método de penetração de pinos.

Fonte: www.solucao.eng.br/novo/ensaios-nao-destrutivos-em-concreto.html. Acesso: 08/10/19.

3.1.6 Tomografia ultrassônica

De acordo com Lorenzi et al. (2016), este método permite ser feita uma avaliação do
concreto que pode aprimorar o controle de qualidade e auxiliar na reabilitação de estruturas de
concreto. Para fazer o diagnóstico do concreto, são utilizados tomógrafos que permitem uma
representação em 3D dos defeitos que se encontram no interior da estrutura. A partir daí, é
possível, por exemplo, detectar fissuras, heterogeneidades e falhas de concretagem na
estrutura. A tomografia ultrassônica também pode ser utilizada para determinar a integridade
da estrutura. Apesar disso, o uso deste método requer que o operador tenha bastante
experiência com o aparelho para detectar os defeitos nas estruturas. A figura 3.14 mostra um
exemplo de tomógrafo e a figura 3.15 sua aplicação no estudo de Lorenzi et al. (2016).

Figura 3.14: Tomógrafo A1040 – MIRA.

Fonte: Lorenzi et al. (2016).


40

Figura 3.15: Tomografia 3D de uma amostra do estudo de Lorenzi et al. (2016).

Fonte: Lorenzi et al. (2016).

3.1.7 Esclerometria

Dentre os ensaios não destrutivos citados, um dos mais difundidos dentre todos é o
ensaio de esclerometria, que é um método utilizado para medir a dureza superficial do
concreto, no qual fornece elementos para a avaliação da qualidade do concreto endurecido. O
ensaio de esclerometria foi desenvolvido em 1948 pelo engenheiro suíço Ernst Schmidt e
também é conhecido como Schmidt Rebound Hammer (KOLEK, 1969 apud SPÍNDOLA
2017, p. 7). De acordo com Evangelista (2002), o ensaio de esclerometria consiste em
submeter a superfície do concreto a um impacto de uma forma padronizada, no qual tem-se
uma determinada massa e uma determinada energia. A partir desse impacto, o ricochete do
mesmo é medido. Essa medição é conhecida como índice esclerométrico (I.E.).
A NBR 7584 (2012), que se trata da norma que estabelece o método para o ensaio de
esclerometria, define o índice esclerométrico como sendo o valor obtido por meio de um
impacto do esclerômetro de reflexão sobre uma determinada área de ensaio, fornecido pelo
aparelho, que corresponde ao número de recuo do martelo.
A resistência do concreto pode ser estimada a partir de curvas de calibração presente
no aparelho utilizado no ensaio. Focaoaru (1984, apud EVANGELISTA, 2002, p. 61) diz que
não há uma correlação única entre o valor do índice esclerométrico e a resistência à
compressão, devido a influência de vários fatores, tais como a natureza do agregado, a
maturidade e teor de umidade do concreto, o tipo e a quantidade de cimento.
Conforme diz Evangelista (2002), o ensaio de esclerometria tem grandes vantagens
quando comparado aos outros ensaios, dentre os quais pode-se citar o equipamento barato, de
operação simples e leve, além dos danos ocasionados na superfície serem praticamente
inexistentes. Vale ressaltar também que, quando comparado com os outros ensaios não
destrutivos, o ensaio de esclerometria é o que requer menor habilidade mecânica do operador.
41

Apesar dessas vantagens, o ensaio apresenta com limitação o fato de que os resultados estão
relacionados somente a uma zona de cerca de 30mm de profundidade.
Conforme a NBR 7584 (2012) mostra, os seguintes itens são os principais fatores que
têm influência nos resultados do ensaio:
 Tipo de cimento: a influência do tipo de cimento tem grande relevância na obtenção do
índice esclerométrico, onde quando houver alteração do tipo de cimento, faz-se
necessário proceder a novas correlações;
 Tipo de agregado: diferentes tipos de agregados podem fornecer concretos com a
mesma qualidade, porém com diferentes índices esclerométricos. Quando se
empregam agregados leves ou pesados, esta variação é ainda mais acentuada;
 Tipo de superfície: o estado da superfície onde o ensaio é realizado normalmente é o
que mais ocasiona a variabilidade dos resultados;
 Condições de umidade da superfície: superfícies úmidas podem acabar provocando
uma estimativa abaixo do esperado da qualidade do concreto;
 Carbonatação: a influência da carbonatação na dureza da superfície do concreto é
significativa e promove a superestimação da resistência. Devem ser definidos
coeficientes corretivos, a fim de minimizar o efeito da carbonatação;
 Idade: ocorre devido a fatores, como a diferença de cura, carbonatação e outros.
Fatores específicos devem ser considerados para cada concreto em questão,
corrigindo-os quando necessário;
 Operação do esclerômetro: deve ser operado por indivíduo qualificado para o
procedimento, onde deve transmitir, durante a operação, pressões que sejam uniformes
sobre a superfície de ensaio.
A NBR 7584 (2012) recomenda que para que o ensaio seja realizado, deve-se fazer
inicialmente os preparos para que a área de ensaio apresente o mínimo possível de
rugosidades. Além disso, a área de ensaio deve estar afastada de regiões afetadas por
segregações, exsudação, concentração excessiva de armadura, juntas de concretagem, cantos,
arestas, etc. Por isso, é apropriado que se evitem regiões próximas a bases e topos dos pilares,
regiões inferiores de vigas, quando no meio do vão e regiões próximas dos apoios.
A NBR 7584 (2012) também recomenda que as peças de concreto utilizadas no ensaio
devem ter dimensões maiores que dez centímetros na direção do impacto, para que sejam
suficientemente rígidos, afim de que se evite fenômenos como vibração e ressonância,
fazendo com que não haja interferência nos resultados. Para as peças que tiverem dimensões
42

inferiores a dez centímetros, deve-se colocar apoios no encontro da face oposta à área de
ensaio.
Apesar de poder estimar a resistência à compressão do concreto por meio de
correlações empíricas fornecidas por curvas de conversão presentes no aparelho, a NBR 7584
(2012) recomenda que este método não seja um ensaio que substitua os ensaios de resistência
à compressão, devendo ser apenas um ensaio adicional ou complementar para fins de
comparação dos resultados. A figura 3.16 mostra o ensaio de esclerometria sendo aplicado a
uma estrutura de concreto.
Figura 3.16: Ensaio de esclerometria aplicado a uma estrutura de concreto.

Fonte: www.solucao.eng.br/novo/ensaios-nao-destrutivos-em-concreto.html. Acesso: 07/10/19.

3.1.8 Outros métodos de ensaios

Além dos ensaios não destrutivos citados, ainda existem diversos métodos utilizados
para caracterizar as estruturas de concreto. Vale citar neste trabalho os métodos eletrônicos
que têm sido utilizados, por exemplo, para investigar a corrosão das armaduras. Os métodos
radioativos podem ser empregados para avaliar as condições das armaduras, segregações dos
materiais e as fissuras presentes no concreto. Os métodos nucleares são utilizados, por
exemplo, quando se necessita estimar os teores de cimento de uma estrutura de concreto
endurecida. Também merece destaque os ensaios de permeabilidade, que são muito
importantes em estruturas que devem impedir a passagem de água.
43

4. PROGRAMA EXPERIMENTAL

4.1 Produção dos corpos de prova

Para realizar os objetivos desse estudo, foi necessário a confecção de 12 corpos de


prova cúbicos com dimensão de 10 cm. Para a moldagem dos mesmos, foram confeccionadas
4 conjuntos de formas com madeira compensada, onde cada uma possui 3 espaços para a
moldagem dos corpos de prova. Essa separação foi feita em conjunto para fins de facilitar a
moldagem, visto que a cada 3 corpos de prova, as condições de ensaio dos mesmos serão
diferentes.
Para a produção dos corpos de prova utilizados no presente estudo, foi necessário
realizar o ensaio de granulometria para a caracterização dos agregados, a dosagem do
concreto, o ensaio de slump test para caracterizar a trabalhabilidade do concreto produzido e a
concretagem dos corpos de prova.

4.1.1 Ensaio de granulometria dos agregados

O ensaio de granulometria é utilizado para determinar a distribuição granulométrica


dos agregados utilizados na concretagem dos corpos de prova. Ou seja, determina a
distribuição da porcentagem em massa de cada faixa especifica de tamanho de grãos. No
Brasil, o ensaio é realizado de acordo com a NBR NM 248: Agregados – Determinação da
composição granulométrica. Para a determinação granulométrica dos agregados, foi realizada
a análise de 2 amostras de material para a caracterização de cada agregado. O método de
peneiramento utilizado no estudo foi o manual.
Para o ensaio realizado, foram utilizados os seguintes materiais:
 Bateria de peneiras (19,0/9,5/4,8/2,4/1,2/0,6/0,3/0,15/ Fundo)
 Balança com precisão de 0,1g;
 Escova de aço;
Para que a determinação granulométrica seja satisfatória, as amostras analisadas
devem atender os seguintes critérios que a NBR NM 248 exige que sejam satisfeitos:
 O somatório de todas as massas retidas nas peneiras e no fundo não pode diferir mais
que 0,3% da massa inicial da amostra;
44

 A porcentagem retida em cada peneira, por amostra, deve ser apresentada com
aproximação de 0,1%;
 As amostras devem apresentar necessariamente a mesma dimensão máxima
característica;
 Para uma mesma peneira, os valores da porcentagem retida não devem diferir mais de
quatro unidades entre as amostras;
 As porcentagens médias retida e acumulada devem ser apresentadas com aproximação
de 1%.

4.1.1.1 Agregado miúdo

Para a determinação granulométrica do agregado miúdo foi determinada inicialmente a


quantidade mínima a ser coletada de amostra, de acordo com a NBR NM 248. Para o estudo
em questão, decidiu-se ter uma amostra mínima de 1000g. Inicialmente realizou-se a pesagem
da primeira amostra e foi notado o peso da amostra. Após, todas as peneiras foram colocadas
umas sobre as outras, na ordem da maior para a menor abertura das malhas, colocando o
fundo posterior a peneira menor. A figura 4.1 mostra como ficou o arranjo inicial das peneiras.
Figura 4.1: Arranjo de peneiras para ensaio de granulometria.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Ao organizar as peneiras, foi acrescentado a massa pesada da primeira amostra no
topo das peneiras e foi realizada uma pequena vibração com todas as peneiras para a
passagem das partículas menores. Como o peneiramento realizado foi o manual, separou-se
cada peneira com um outro fundo para realizar o peneiramento individual de cada malha. O
tempo de peneiramento foi em torno de 1 minuto ou até se perceber visualmente que as
menores partículas conseguiram passar para o fundo.
45

O material que ficou retido na peneira foi separado para pesagem e anotado para
realizar a análise granulométrica da amostra. O material que passou para o fundo, foi
adicionado para a peneira seguinte e repetido o mesmo processo até que chegasse a última
peneira. A figura 4.2 mostra o processo descrito. O mesmo processo foi realizado para a
segunda amostra.
Figura 4.2: Peneiramento individual para o ensaio de granulometria.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Depois foi observado se as amostras atendiam as exigências da NBR NM 248. Os
resultados da análise estão na tabela e no gráfico abaixo.
Tabela 4.1: Dados obtidos a partir do ensaio de granulometria do agregado miúdo.
Agregado miúdo
Massa da amostra 1 (g) 1002,7
Massa da amostra 2 (g) 1002,7
Peneira Massa retida (g) Amostra 1 Amostra 2 Média
(mm)
Amostra Amostra % % % % % % % % %
1 2 Retida Acumulada Que Retida Acumulada Que Retida Acumulada Que
passa passa passa
19,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0 0 0 100
9,50 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0 0 0 100
4,80 1,4 0,9 0,1 0,1 99,9 0,1 0,1 99,9 0 0 100
2,40 67,3 61,4 6,7 6,8 93,2 6,1 6,2 93,8 6 7 93
1,20 172,3 190,6 17,2 24,0 76,0 19,0 25,2 74,8 18 25 75
0,60 393,5 429,6 39,2 63,3 36,7 42,8 68,1 31,9 41 66 34
0,30 292,0 260,7 29,1 92,4 7,6 26,0 94,1 5,9 28 93 7
0,15 63,4 51,1 6,3 98,7 1,3 5,1 99,2 0,8 6 99 1
Fundo 10,0 6,2 1,0 99,7 0,3 0,6 99,8 0,2 1 100 0
Total 999,8 1000,6
Dimensão máxima característica (DMC) 4,8
Módulo de finura (MF) 2,89
Fonte: elaborada pelo autor.
46

Gráfico 4.1: Curva granulométrica do agregado miúdo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.1.2 Agregado graúdo

Para a determinação granulométrica do agregado graúdo, de maneira semelhante ao


procedimento realizado para o agregado miúdo, foi determinada inicialmente a quantidade
mínima a ser coletada de amostra, de acordo com a NBR NM 248. Para o estudo em questão,
decidiu-se ter uma amostra mínima de 2000g. Inicialmente realizou-se a pesagem da primeira
amostra e foi notado o peso da amostra. Após, todas as peneiras foram colocadas umas sobre
as outras, na ordem da maior para a menor abertura das malhas, colocando o fundo posterior a
peneira menor.
Ao organizar as peneiras, foi acrescentado uma parte da massa pesada da primeira
amostra no topo das peneiras e foi realizada uma pequena vibração com todas as peneiras para
a passagem das partículas menores. Nas peneiras de maior abertura de malha, além do
peneiramento manual, após separou-se individualmente os agregados que conseguiam passar
na peneira, desde que não fosse forçado. Do mesmo modo, o tempo de peneiramento foi em
torno de 1 minuto ou até se perceber visualmente que as menores partículas conseguiram
passar para o fundo.
Repetiu-se o processo para o restante da amostra pesada inicialmente e o material que
ficou retido na peneira foi separado para pesagem e anotado para realizar a análise
granulométrica da amostra. O material que passou para o fundo, foi adicionado para a peneira
seguinte e repetido o mesmo processo até que chegasse a última peneira. O mesmo processo
foi realizado para a segunda amostra. Depois foi observado se as amostras atendiam as
exigências da NBR NM 248. Os resultados da análise estão na tabela e no gráfico abaixo.
47

Tabela 4.2: Dados obtidos a partir do ensaio de granulometria do agregado graúdo.


Agregado graúdo
Massa da amostra 1 (g) 2001,6
Massa da amostra 2 (g) 2001,0
Peneira Massa retida (g) Amostra 1 Amostra 2 Média
(mm)
Amostra Amostra % % % % % % % % %
1 2 Retida Acumulada Que Retida Acumulada Que Retida Acumulada Que
passa passa passa
19,0 101,2 100,5 5,1 5,1 94,9 5,0 5,0 95,0 5 5 95
9,50 73,4 54,0 3,7 3,7 96,3 2,7 2,7 97,3 3 3 97
4,80 1240,3 1242,1 62,0 65,6 34,4 62,1 64,8 35,2 62 65 35
2,40 487,8 466,3 24,4 90,0 10,0 23,3 88,1 11,9 24 89 11
1,20 47,9 60,5 2,4 92,4 7,6 3,0 91,1 8,9 3 92 8
0,60 13,4 18,0 0,7 93,1 6,9 0,9 92,0 8,0 1 93 7
0,30 0,0 0,0 0,0 93,1 6,9 0,0 92,0 8,0 0 93 7
0,15 0,0 0,0 0,0 93,1 6,9 0,0 92,0 8,0 0 93 7
Fundo 36,1 60,1 1,8 94,9 5,1 3,0 95,0 5,0 2 95 5
Total 2000,1 2001,4
Dimensão máxima característica (DMC) 25,0
Módulo de finura (MF) 5,32
Fonte: elaborada pelo autor.
Gráfico 4.2: Curva granulométrica do agregado graúdo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.2 Dosagem do concreto

Tendo em vista as particularidades dos materiais utilizados neste trabalho, procurou-se


definir uma melhor proporção entre os materiais utilizados para produzir o concreto. O
método para realizar a devida constituição foi o método da Associação Brasileira de Cimento
Portland, também conhecido como método de dosagem ABCP. Este método é uma adaptação
do método da American Concrete Institute (ACI) para os agregados utilizados no Brasil.
48

Para que os resultados do método fossem satisfatórios, algumas características dos


materiais constituintes do concreto (bem como alguns parâmetros desejados no concreto
produzido) foram elencadas:
 Cimento: tipo, massa específica, resistência à compressão em 28 dias;
 Agregados: granulometria, módulo de finura, dimensão máxima característica, massa
unitária, massa específica, composição mineralógica, inchamento e umidade;
 Concreto: consistência desejada no estado fresco, resistência à compressão desejada.
Para o procedimento de cálculo do traço do concreto, inicialmente calculou-se a
resistência de dosagem na idade de 28 dias. A resistência à compressão desejada foi de 25
MPa e o desvio padrão de dosagem utilizado nos cálculos foi de 4,0 MPa. Logo,
fc28 = fck + 1,65 x Sd = 25 + 1,65 x 4,0 = 31,60 (Eq. 4.1)
Onde:
fc28 = Resistência de dosagem na idade de 28 dias;
fck = Resistência à compressão característica do concreto;
Sd = Desvio padrão da dosagem.
Após o cálculo da resistência à compressão da dosagem, o fator de água/cimento foi
obtido, onde a escolha do fator é em função da curva de Abrams do cimento (figura 4.3).
Figura 4.3: Curva de Abrams para obter a relação água/cimento

Fonte: Método ABCP.


Com o fator de água/cimento fixado, foi determinado o consumo aproximado de água
a partir da seguinte tabela.
Tabela 4.3: Determinação do consumo de água da dosagem de concreto.
Consumo aproximado de água (l/m³)
Dmáx agregado graúdo (mm)
Abatimento (mm)
9,5 19,0 25,0 32,0 38,0
40 a 60 220 195 190 185 180
49

60 a 80 225 200 195 190 185


80 a 100 230 205 200 195 190
Fonte: Método ABCP.
O abatimento requerido para o concreto produzido foi de 70 mm. Ao analisar a
dimensão máxima característica do agregado graúdo, que foi de 25 mm, percebeu-se que o
consumo de água (Ca) foi de 195 l/m³.
Com o consumo de água aproximado, foi realizada a determinação do consumo de
cimento a partir da seguinte equação.
Cc = Ca / (a/c) = 325 kg/m³ (Eq. 4.2)
Onde:
Cc = Consumo de cimento por metro cúbico de concreto;
(a/c) = Fator de água/cimento.
Após realizar os cálculos do consumo de cimento, foi calculado o consumo de
agregado graúdo, onde determinou-se primeiramente o volume compactado de agregado seco
por m³ de concreto. A determinação foi feita a partir da tabela 4.4, onde o módulo de finura
utilizado foi definido na seção 4.1.1.1.
Tabela 4.4: Determinação do volume compactado seco de agregado graúdo.
Módulo de finura Dmáx agregado graúdo (mm)
(MF) 9,5 19,0 25,0 32,0 38,0
1,8 0,645 0,770 0,795 0,820 0,845
2,0 0,625 0,750 0,775 0,800 0,825
2,2 0,605 0,730 0,755 0,780 0,805
2,4 0,585 0,710 0,735 0,760 0,785
2,6 0,565 0,690 0,715 0,740 0,765
2,8 0,545 0,670 0,695 0,720 0,745
3,0 0,525 0,650 0,675 0,700 0,725
3,2 0,505 0,630 0,655 0,680 0,705
3,4 0,485 0,610 0,635 0,660 0,685
3,6 0,465 0,590 0,615 0,640 0,665
Fonte: Método ABCP.
Foi necessário realizar uma interpolação para encontrar o volume compactado de
agregado seco por m³ de concreto (Vb). Assim, tem-se que: Vb = 0,685.
Ao encontrar esse volume, procedeu-se para encontrar o consumo em massa de
agregado graúdo (Cb). Esse cálculo é realizado a partir do produto entre o volume compactado
de agregado seco por m³ de concreto e a massa unitária compactada do agregado graúdo (Mb).
Cb = Vb x Mb (kg/m³) = 1027,5 kg/m³ (Eq. 4.3)
50

A partir dos cálculos realizados anteriormente, determinou-se o consumo de agregado


miúdo a partir do cálculo de seu volume. Para esse cálculo foi necessário determinar a massa
especifica do cimento, brita e água.
Vm = 1 – [(Cc/γc) + (Cb/γb) + (Ca/γa)] = 0,3 m³/m³ (Eq. 4.4)
Daí, foi feito o cálculo do consumo de agregado miúdo (Cm) através do produto da
massa especifica da areia utilizada e o volume de agregado miúdo encontrado na equação 4.4.
Cb = Vm x γm = 847,0 kg/m³ (Eq. 4.5)
Com todos os cálculos realizados, a apresentação do traço foi realizada, no qual a
ordem foi a seguinte: cimento, areia, brita, a/c. A apresentação do traço deve ser feita em
função do cimento: Traço calculado → 1,00: 2,61: 3,16: 0,60.
Por fim, foram feitos os cálculos da quantidade de material consumido para realizar o
ensaio de slump test e o material consumido para a confecção de todos os corpos de prova.
Foi utilizado um volume total de 30 litros de concreto. A partir desse volume calculou-se a
quantidade de cimento a ser consumido. O valor calculado foi de 9,49 kg.
Com a quantidade de cimento calculada, a partir do traço apresentado, multiplicou-se
o valor de cada material pela quantidade de cimento a ser utilizado. Todos os quantitativos
estão apresentados na tabela 4.5. Vale ressaltar que todos os materiais foram quantificados em
massa.
Tabela 4.5: Quantitativo do traço para produzir o volume requerido.
Material Traço Consumo de cimento (kg) Consumo de materiais
(kg)
Cimento 1,00 9,49
Areia 2,61 24,73
9,49
Brita 3,16 30,01
Água 0,60 5,69
Fonte: Elaborada pelo autor.

4.1.3 Ensaio de abatimento do tronco de cone e produção do concreto

O ensaio de slump test, também conhecido como abatimento do tronco de cone, de


acordo com a NBR NM 67, é um tipo de método utilizado para determinar a consistência do
concreto fresco por meio da medição do seu assentamento. Trata-se de um ensaio que tem
grande importância nas diversas obras, pois é um tipo de ensaio que pode trazer uma maior
segurança na produção do concreto que a obra requer.
51

O concreto produzido para ser utilizado no ensaio foi dosado previamente, conforme a
seção 4.1.2. Inicialmente foi realizado a pesagem dos materiais e separados em alguns
recipientes conforme a figura 4.4.
Figura 4.4: Separação dos materiais para produção do traço.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Com a pesagem dos materiais feitas, prosseguiu-se para produção do concreto em
betoneira. Nesta etapa, a adição dos materiais na betoneira para fabricação do concreto foi
realizada na seguinte ordem:
 Agregado graúdo;
 Cerca de 50% da água;
 Cimento;
 Agregado miúdo;
 Restante da água.
A medida que os materiais foram sendo adicionados, o tempo de mistura deles eram de
2 a 3 minutos. A figura 4.5 mostra o concreto produzido após a mistura dos materiais.
Figura 4.5: Mistura do concreto em betoneira.

Fonte: Elaborado pelo autor.


52

Com o concreto produzido, antes de moldar os corpos de prova, foi realizado o ensaio
de slump test para verificar se seria necessária alguma alteração na composição para que o
concreto tivesse o abatimento requerido inicialmente. A produção do concreto e o ensaio foi
realizado no dia 17 de setembro de 2019. A aparelhagem utilizada no ensaio, conforme a NBR
NM 67, estão mostrados na figura 4.6.
Figura 4.6: Aparelhagem utilizada no ensaio de slump test.

Fonte: www.didaticasp.com.br/conjunto-slump-test
Seguindo as recomendações da NBR NM 67, a respeito do procedimento do ensaio,
antes de iniciar o ensaio, o molde e a placa da base foram umedecidos. Para realizar o
preenchimento do molde com o concreto produzido, foi posicionado os pés sobre as aletas do
molde para que ele estivesse estável. O molde foi enchido em três camadas camadas com
cerca de um terço da altura da forma. Cada camada foi compactada com 25 golpes
(distribuídos uniformemente) da haste de socamento.
Depois de compactado todo o material, foi feito o rasamento da superficie do concreto
para que ele fica moldado conforme a forma. Posteriormente foi retirado o molde do concreto,
no qual foi levantado na direção vertical com muito cuidado. Após a retirada do molde, o
abatimento do concreto foi medido. A figura 4.7 mostra o abatimento do concreto produzido.
53

Figura 4.7: Abatimento do concreto produzido.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Para o ensaio em questão, a medição do abatimento deu um valor de 70 mm. Como o
valor medido foi igual ao requerido, não houve a necessidade de uma repetição do ensaio com
novas composições e o concreto produzido poderia ser utilizado na moldagem dos corpos de
prova. A figura 4.8 mostra a medição do abatimento realizado.
Figura 4.8: Medição do abatimento do concreto produzido.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.4 Concretagem e moldagem dos corpos de prova

Observando que o concreto utilizado no ensaio de slump test apresentava resultados


dentro do limite de tolerância, quando comparado o abatimento realizado em ensaio e o
requerido, preferiu-se não realizar mais nenhuma alteração na composição do traço que estava
rodando na betoneira. Assim, prosseguiu-se para realizar a moldagem dos corpos de prova.
Inicialmente passou-se uma fina camada de óleo em todas as formas (Figura 4.9). Esse óleo
foi utilizado para facilitar a retirada das formas dos corpos de prova.
54

Figura 4.9: Preparação das formas para a moldagem dos corpos de prova.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Após, foi realizado o lançamento do concreto nas formas através de um recipiente.
Procurou-se realizar o lançamento de maneira mais homogênea possível em todos os moldes.
Para realizar o adensamento do concreto, foi utilizado uma haste de cerca de 60 cm. Como os
corpos de prova tinham apenas 10 cm de profundidade, o adensamento foi feito em apenas
uma camada, com 25 golpes para cada corpo de prova. Os golpes foram executados de modo
que fossem distribuídos uniformemente sobre toda a camada.
Após o adensamento, nos moldes que tinham ficado espaços vazios, adicionou-se mais
concreto até completar as dimensões do corpo de prova. Também foi realizado uma raspagem
dos excessos de concreto nos moldes, para que o corpo de prova ficasse com as mesmas
dimensões da forma. A figura 4.10 mostra como ficaram os corpos de prova após o fim da
moldagem. Ao fim desse processo, os corpos de prova foram colocados em local apropriado,
para que eles adquirissem rigidez e fosse possível realizar a retirada das formas.
Figura 4.10: Moldagem dos corpos de prova.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Aproximadamente 24 horas depois, foi realizada a retirada das formas dos corpos de
prova. Para facilitar o procedimento, foram utilizados um martelo e uma talhadeira. Em
virtude do pouco tempo disponível, não foi possível realizar o processo de cura de 28 dias
submerso em tanque. Assim, após a retirada das formas, as amostras já foram preparadas para
55

realização dos ensaios, visto que o concreto foi produzido com cimento CP V – ARI, sendo
possível realizar os ensaios com uma resistência razoável para suportar os impactos.

4.2 Carbonatação dos corpos de prova

Nesta etapa do trabalho, os corpos de provas foram separados em quatro arranjos de


três corpos de prova, no qual cada arranjo foi parametrizado em períodos diferentes de
exposição ao dióxido de carbono. Para que o processo de carbonatação dos corpos de prova
fosse mais acelerado, alguns arranjos foram expostos a concentrações de dióxido de carbono
maiores que as concentrações presentes na atmosfera.
O processo de indução à carbonatação foi realizado por meio de uma fogueira, no qual
constantemente era alimentada com madeira e papelões para que as amostras ficassem
expostas a maiores quantidades de dióxido de carbono. Essas amostras ficaram suspensas em
uma grelha e o processo foi realizado de acordo com o tempo de cada agrupamento. A figura
4.11 mostra como o processo foi realizado.
Figura 4.11: Processo de exposição das amostras ao dióxido de carbono.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Cada arranjo foi exposto aos seguintes períodos de exposição ao CO2,
respectivamente: 0, 15, 30 e 120 minutos. Depois da exposição prosseguiu-se para os ensaios
de esclerometria e de resistência à compressão. Depois de realizados os ensaios, foi verificado
se o arranjo apresentava carbonatação através da aspersão de fenolftaleína e foi medido a
profundidade da carbonatação com o uso do paquímetro com precisão de 0,05cm. A figura
4.12 mostra um exemplo de um dos corpos de prova que apresentou carbonatação após a
aspersão do indicador de pH.
56

Figura 4.12: Observação de carbonatação no corpo de prova com o uso de indicador de pH.

Fonte: Elaborado pelo autor.


A tabela 4.6 mostra as medições da profundidade de carbonatação em todos os corpos
de prova.
Tabela 4.6: Medições da carbonatação dos corpos de prova.
Numeração dos Numeração dos corpos de Profundidade carbonatada Profundidade média do
arranjos prova (cm) arranjo
Corpo de prova 1
0,00
Arranjo 1 Corpo de prova 2 0,00
0,00
Corpo de prova 3
0,00
Corpo de prova 4
0,05
Arranjo 2 Corpo de prova 5 0,07
0,05
Corpo de prova 6
0,10
Corpo de prova 7
0,25
Arranjo 3 Corpo de prova 8 0,22
0,20
Corpo de prova 9
0,20
Corpo de prova 10
0,80
Arranjo 4 Corpo de prova 11 0,73
0,75
Corpo de prova 12
0,65
Fonte: Elaborado pelo autor.

4.3 Ensaio de esclerometria

Para proceder ao ensaio, foi realizado inicialmente o procedimento de limpeza e


retirada das imperfeições da superfície, para que os corpos de prova estivessem conforme a
NBR 7584 (2012) preconiza.
57

A área de ensaio foi executada na face vertical dos corpos de prova e foi desenhado
um reticulado no qual dividiu-se a área de ensaio em 16 regiões, de 2,5 centímetros cada,
conforme mostra a figura 4.13. Os impactos do aparelho para a medição do índice
esclerométrico foi realizado na posição vertical. A distribuição dos impactos foi realizada
uniformemente e limitada por cada região. A aplicação do esclerômetro foi feita de acordo
com o anexo B da NBR 7584 (2012).
Figura 4.13: Separação dos pontos de aplicação dos impactos.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Para que pudesse ser feita uma análise dos resultados, foi realizado uma média
aritmética dos 16 valores de índices esclerométrico de cada corpo de prova. Depois foi
desprezado os índices esclerométricos que estivessem 10% acima da média calculada
inicialmente. Após a retirada dos valores fora do limite de tolerância de 10%, foi recalculada a
média dos índices esclerométricos aceitos. O procedimento para determinação do índice
esclerométrico foi repetido para todos os corpos de prova. A tabela 4.7 mostra os índices
esclerométricos de cada área de ensaio, ou seja, o índice esclerométrico de cada corpo de
prova.
Tabela 4.7: Resultados obtidos pelo ensaio.
Numeração dos Numeração dos corpos de Índice esclerométrico Índice esclerométrico médio do
arranjos prova médio arranjo
Corpo de prova 1
16,88
Arranjo 1 Corpo de prova 2 16,60
16,60
Corpo de prova 3
16,33
Corpo de prova 4
17,25
Arranjo 2 Corpo de prova 5 15,97
16,67
Corpo de prova 6
14,00
Corpo de prova 7
Arranjo 3 14,50 14,99
Corpo de prova 8
14,67
58

Corpo de prova 9
15,80
Corpo de prova 10
12,00
Arranjo 4 Corpo de prova 11 13,72
14,25
Corpo de prova 12
14,90
Fonte: Elaborado pelo autor.

4.4 Ensaio de resistência à compressão dos corpos de prova

O ensaio de resistência à compressão foi realizado depois que os arranjos foram


submetidos às condições de cada um. Todos os corpos de prova foram também previamente
nivelados tanto para utilizar no ensaio de resistência à compressão, como no ensaio de
esclerometria. Para o ensaio, necessitou-se de uma máquina de ensaio à compressão (figura
4.14), onde os corpos de prova foram arrumados de tal maneira que o seu eixo coincidiu com
o eixo da máquina, para que as forças aplicadas passassem pelo centro dos corpos de prova.
Figura 4.14: Máquina utilizada para realizar a compressão dos corpos de prova.

Fonte: Elaborada pelo autor.


Conforme os corpos de prova foram submetidos ao ensaio, a prensa utilizada ia
aplicando uma carga continuamente até que os corpos de prova rompessem (figura 4.15) e o
procedimento do trabalho prosseguiam para a medição da profundidade de carbonatação
destas amostras.
59

Figura 4.15: Rompimento do corpo de prova a partir de uma aplicação de carga continua.

Fonte: Elaborada pelo autor.


Para calcular a resistência à compressão destes corpos de prova, foi necessário
também saber a área em que a carga estava atuando. No caso dos corpos de prova
confeccionados, que foram moldados em um formato cúbico de dez centímetros de dimensão,
a área de atuação da carga era de 100 cm². Posteriormente, foi calculado a tensão de
compressão dos corpos de prova, que corresponde ao quociente da força aplicada até o
rompimento do corpo de prova pela área de atuação dessa força, conforme demonstra a
equação a seguir.
τ = F / Ac (Eq. 4.6)
Foi necessário ficar atento também se as unidades de força e área estavam se
compatibilizando. A tabela 4.8 mostra os valores de resistência de cada corpo de prova.
Tabela 4.8: Resistência à compressão dos corpos de prova.
Numeração dos Numeração dos Carga aplicada Área de atuação da Resistência à
arranjos corpos de prova (kgf) carga (cm²) compressão (MPa)
Corpo de prova 1 125,28 12,53
Arranjo 1 Corpo de prova 2 140,64 100 14,06
Corpo de prova 3 147,26 14,73
Corpo de prova 4 130,80 13,08
Arranjo 2 Corpo de prova 5 139,59 100 13,96
Corpo de prova 6 96,06 9,61
Corpo de prova 7 109,40 10,94
Arranjo 3 Corpo de prova 8 122,87 100 12,29
Corpo de prova 9 118,71 11,87
Corpo de prova 10 99,87 9,99
Arranjo 4 Corpo de prova 11 110,33 100 11,03
Corpo de prova 12 128,69 12,87
Fonte: Elaborado pelo autor.
60

5. RESULTADOS

Através dos resultados obtidos pelo ensaio de resistência à compressão e o ensaio de


esclerometria, verifica-se que à medida que as amostras passavam mais tempo expostas ao
CO2, tanto o índice esclerométrico como a resistência à compressão da amostra reduziram. A
tabela 5.1 mostra os valores médios obtidos pelos ensaios realizados neste trabalho.
Tabela 5.1: Valores médios dos ensaios para cada agrupamento das amostras.
Numeração Tempo de Índice Redução Resistência à Redução Profundidade
dos arranjos exposição esclerométrico índice compressão resistência carbonatada
ao CO2 esclerométrico (MPa) à (cm)
(min) (%) compressão
(%)
Arranjo 1 0 16,60 0,0% 13,77 0,0% 0,00
Arranjo 2 15 15,97 3,8% 12,22 11,3% 0,07
Arranjo 3 30 14,99 9,7% 11,70 15,1% 0,23
Arranjo 4 120 13,72 17,4% 11,30 18,0% 0,73
Fonte: Elaborada pelo autor.
A partir da tabela 5.1, pode-se criar um gráfico (gráfico 5.1) para verificar o
comportamento das amostras a medida que passavam mais tempo expostas ao CO2.
Gráfico 5.1: Redução da resistência à compressão x Redução índice esclerométrico.

Fonte: Elaborado pelo autor.


É importante verificar por meio do gráfico 5.1 que durante os primeiros quinze
minutos de exposição ao CO2, ocorreu uma redução significativa na resistência, sendo essa
queda de quase 63% da redução total da resistência após as exposições ao CO2. Já com
relação ao índice esclerométrico, embora haja uma redução de cerca de 4% nos valores
obtidos nos primeiros quinze minutos iniciais, a maior parte da redução ocorre após este
61

período, principalmente nos quinze minutos posteriores, que corresponde a aproximadamente


34% da redução total após todo o período de exposição.
O gráfico 5.2 mostra a redução do índice esclerométrico à medida que o tempo de
exposição ao CO2 aumentava. É importante observar através da tabela 5.1 que o índice
esclerométrico reduziu 2,88 unidades durante todo o período de exposição ao CO2. Ou seja,
houve uma redução do índice esclerométrico de pouco mais que 17%. Dessa redução
mencionada, aproximadamente 55,9% ocorreu nos primeiros 30 minutos de exposição ao
CO2.
Gráfico 5.2: Comparativo da redução do índice esclerométrico em função do tempo de exposição ao CO2.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Do mesmo modo, o gráfico 5.3 mostra a redução da resistência à compressão no
decorrer do tempo de exposição ao CO2. As amostras do arranjo 1, que são aquelas nas quais
não foram expostas a carbonatação acelerada, tiveram resistência média de 13,77 MPa,
enquanto que as amostras expostas durante 120 minutos, apresentaram uma resistência média
de 11,30. O que quer dizer que houve uma redução de quase 18% da resistência à compressão
em cerca de duas horas de exposição à carbonatação acelerada. Desta redução ocorrida, cerca
de 83,8% ocorreu nos primeiros 30 minutos. O gráfico 5.3 ilustra de maneira clara o
comportamento dos resultados obtidos descritos acima.
62

Gráfico 5.3: Comparativo da redução da resistência à compressão em função do tempo de exposição ao CO2.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Com relação à profundidade de carbonatação em função do tempo de exposição ao
CO2, nos primeiros trinta minutos ocorreu uma carbonatação de cerca de 30% da
profundidade carbonatada após os 120 minutos de exposição ao CO2. Essa carbonatação
maior no período inicial pode ser explicado devido que o ambiente apresentava uma umidade
relativa nos poros maior, fazendo com que o processo de difusão do CO2 fosse mais
acelerado. O gráfico 5.4 ilustra o comportamento da frente de carbonatação obtidas nas
amostras.
Gráfico 5.4: Comparativo da profundidade carbonatada em função do tempo de exposição ao CO 2.

Fonte: Elaborado pelo autor.


O gráfico 5.5 mostra um comparativo do aumento da profundidade de carbonatação
com a redução do índice esclerométrico. Embora que os resultados obtidos mostrem que a
medida que a frente de carbonatação aumenta, o índice esclerométrico diminui, é importante
observar que a redução ocorre em sua maioria nos primeiros trinta minutos. Após esse período
a carbonatação aumenta cada vez mais e o índice esclerométrico reduz quase que de uma
maneira linear. Essa redução inicial pode ser explicada pelo fato de que o processo de
63

carbonatação trata-se de um processo físico-químico que inicialmente altera a estrutura


interna dos poros presentes na superfície do concreto, causando microfissuras que além de
propiciarem a difusão dos gases mais rapidamente, ainda acaba diminuindo a dureza
superficial do concreto. Além disso, foi observado durante o programa experimental que os
corpos de prova que passavam pela exposição ao CO2 durante trinta minutos se degradavam
mais com os impactos do ensaio de esclerometria, quando comparados com as outras
amostras.
Gráfico 5.5: Redução do índice esclerométrico em função da profundidade de carbonatação.

Fonte: Elaborado pelo autor.


De maneira semelhante à análise da influência da carbonatação no ensaio de
esclerometria, a resistência à compressão vai sendo reduzida conforme a carbonatação vai
aumentando. No entanto, a redução nos primeiros trinta minutos ocorre de maneira muito
mais expressiva, enquanto que nos noventa minutos restantes, a redução não chega nem a
20% do total reduzido. O gráfico 5.6 pode sugerir que se o estudo fosse realizado em um
período de carbonatação acelerada muito maior, a proporção da redução da resistência à
compressão e a profundidade de carbonatação seria significativamente menor, provavelmente
chegando a valores quase que irrisórios, quando comparado aos períodos iniciais de grande
redução na resistência, que foram citados acima. Essa redução seria cada vez menor, enquanto
que a frente de carbonatação teria uma profundidade muito maior.
64

Gráfico 5.6: Redução da resistência à compressão em função da profundidade de carbonatação.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Além da análise entre os períodos de exposição ao CO2, foi verificado o índice
esclerométrico antes e depois da exposição ao CO2. A tabela 5.2 mostra os valores obtidos e
comprova o que foi mencionado acima. Esta tabela mostra que no período de exposição de
quinze minutos, ocorreu uma variação na leitura de quase 15%, enquanto que nos outros
períodos ocorreu uma variação de aproximadamente 10%.
Tabela 5.2: Índices esclerométricos antes e depois da exposição ao CO2.
Índice esclerométrico
Período de exposição
Numeração do arranjo Antes da exposição ao Depois da exposição ao
(min.)
CO2 CO2
Arranjo 2 15 13,93 15,97
Arranjo 3 30 13,66 14,99
Arranjo 4 120 12,50 13,72
Fonte: Elaborada pelo autor.
65

6. CONCLUSÕES

Este trabalho possibilitou o estudo através de uma análise quantitativa da influência da


carbonatação no ensaio de esclerometria. No trabalho também foi possível analisar a
influência da carbonatação na resistência à compressão do objeto de estudo. O programa
experimental realizado nesse estudo evidenciou importantes comportamentos do concreto
frente ao andamento do processo de carbonatação, nos quais pode-se estabelecer as seguintes
conclusões:
 O processo de carbonatação dos corpos de prova influenciou no índice esclerométrico
de cerca de 17% em um período de duas horas em exposição ao CO 2, demonstrando
que a carbonatação (e também o processo de exposição ao CO2) influencia na redução
da dureza superficial do concreto.
 A resistência à compressão possui um pico de redução nos primeiros quinze minutos
do processo de indução à carbonatação, enquanto o índice esclerométrico possui sua
maior redução no intervalo entre quinze e trinta minutos após o início do processo;
 Os corpos de prova não sofreram um processo de cura de 28 dias submerso em tanque
para atingir próximo a resistência calculada na dosagem e por isso o concreto não
apresentou uma rigidez suficiente para suportar os impactos do esclerômetro em
alguns pontos específicos da área de ensaio de algumas amostras;
 O comportamento da redução da resistência à compressão e do índice esclerométrico,
em que a maior parte reduziu nos primeiros trinta minutos do experimento, é
condizente com o período de maior difusão do CO2 nos interstícios presentes no
concreto. Além disso, ocorre o início das reações que ocorrem no processo de
carbonatação, sendo grande parte dos íons alcalinos sendo consumidos pelos gases
difundidos nos poros do concreto. Assim, também pode-se concluir que o consumo
dos íons afeta diretamente na redução da dureza superficial do concreto.
Vale ressaltar que o estudo atingiu de forma satisfatória os objetivos deste trabalho,
fazendo com que assim, fosse possível caracterizar o índice esclerométrico, a resistência à
compressão e analisar quantitativamente a influência da carbonatação e da resistência à
compressão conforme o período de exposição ao dióxido de carbono ia aumentando.
Com o programa experimental realizado neste trabalho, foi possível observar
quantitativamente a influência da carbonatação no ensaio de esclerometria. Entretanto,
66

algumas questões ainda podem ser mais estudadas e consequentemente abordadas em


trabalhos futuros, dentre os quais pode-se citar os seguintes pontos:
 Utilizar amostras com dimensões maiores para que todas as recomendações da NBR
7584 (2012) sejam respeitadas;
 Realizar o estudo com concentrações de CO2 controladas, para analisar mais
detalhadamente a faixa de concentração de CO2 que favorecem uma maior redução no
índice esclerométrico e na resistência à compressão;
 Caracterizar e comparar a carbonatação (e a consequente influência no índice
esclerométrico e resistência à compressão) dos corpos de prova produzidos com e sem
adensamento;
 Analisar quantitativamente a influência da carbonatação no ensaio de esclerometria
com a utilização de amostras com diferentes períodos de cura;
 Caracterizar e comparar a influência da carbonatação no ensaio de esclerometria com
diferentes dosagens de concreto, analisando principalmente a porosidade do concreto.
67

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da dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão - Procedimentos. ABNT: Rio de
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Agregados – Determinação da composição granulométrica. ABNT: Rio de Janeiro, 2003.

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69

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70

ANEXO A

Anexo A.1: Malha de 4x4 para impactos do esclerômetro.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Anexo A.2: Concreto degradando superficialmente após impactos do esclerômetro.

Fonte: Elaborado pelo autor.


71

Anexo A.3: Posicionamento para execução do impacto com o esclerômetro.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Anexo A.4: Aspersão de fenolftaleína para verificar carbonatação após o rompimento dos corpos de prova.

Fonte: Elaborado pelo autor.


72

Anexo A.5: Rompimento do corpo de prova para avaliar a resistência à compressão.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Anexo A.6: Corpos de prova após um período de exposição ao CO 2.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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