2017 TCC Rtmendes
2017 TCC Rtmendes
2017 TCC Rtmendes
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
FORTALEZA
2017
RENAN TEIXEIRA MENDES
FORTALEZA
2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Prof. Dr. Joaquim Eduardo Mota (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________
Profa. Dra. Magnólia Maria Campêlo Mota
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________
Profa. Dra. Marisete Dantas de Aquino
Universidade Federal do Ceará (UFC)
A Deus.
Ao meu avô, Otacílio.
À minha família.
AGRADECIMENTOS
A fibra de carbono é um material que tem como principais características sua alta resistência e
seu baixo peso. Por essas características únicas esse material é vastamente utilizado na indústria
automobilística já desde o século passado, possibilitando grande redução de peso nos carros e
melhorando suas características aerodinâmicas. Na construção civil, o material já é utilizado no
Japão, Estados Unidos e na Europa desde a década de 1980 e é utilizado principalmente em
reforço de estruturas. No reforço para aberturas em lajes, a fibra de carbono pode se apresentar
como uma boa solução devido à sua facilidade de aplicação, que pode ser realizada por poucos
homens e sem ferramentas específicas, e não necessidade de escoramento da estrutura a ser
reforçada. Nesse trabalho, é feita, inicialmente, uma análise de esforços em lajes de diferentes
tamanhos com diferentes aberturas, com a finalidade de se analisar a influência das dimensões
da abertura com os esforços extras que surgem com ela. Além disso, a análise objetiva verificar
a dispensa de verificações de aberturas em lajes presentes na NBR 6118 (2014). Após a análise
das lajes, será apresentado um passo a passo de cálculo de reforço utilizando compostos de fibra
de carbono aderidos externamente ao concreto através de um estudo de caso, em que será
escolhida uma das lajes modeladas durante a análise. O reforço será calculado através de dois
métodos, o primeiro que desconsidera a deformação pré-existente na peça a ser reforçada, o que
remete à adoção de algumas ações antes da aplicação da fibra, e o segundo método que
considera essa deformação devido à utilização normal da estrutura.
The carbon fiber is a synthetic material that presents, as main features the high traction
resistance and low density. Because of these characteristics, carbon fiber is vastly used on the
automotive industry since last century, making possible huge weight reduction on high
performance cars and improving your aerodynamics. In the construction industry, carbon fiber
used already in Japan, United States and Europe since 1980s with the main application at
structures reinforce. On slab reinforcement, carbon fiber may presents as a good solution due
the facility to application, that can be done for a few men and without specific set of tools, and
because there is no need for shoring on the structure to be reinforced. On this study, initially an
analysis of bending moments on slabs with different sizes and different apertures with the point
of analyze the influence of the aperture dimensions on the extra moments that comes up with
it. Besides that, the analysis has the objective of verify the exemption from verification of the
apertures on slabs present on NBR 6118 (2014). After the slab analysis, a step by step of the
calculation of the reinforcement using carbon fiber composites externally adhered to the
concrete through a case study using a slab modelled during the analysis. The calculation of
reinforcement will be done through two methods, the first does not consider the pre-existing
deformation on slab, which lead the engineer to accomplish some tasks before the fiber
application, and the second does consider that deformation caused due the normal use of the
structure.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 13
1.1 Objetivos ...................................................................................................................... 14
1.1.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 14
1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 14
1.1.3 Estrutura da monografia ............................................................................................. 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 16
2.1 Introdução ................................................................................................................... 16
2.2 Técnicas de reforço estrutural ................................................................................... 16
2.2.1 Aumento da seção resistente........................................................................................ 17
2.2.2 Chapas metálicas aderidas ao concreto ...................................................................... 18
2.2.3 Protensão externa ........................................................................................................ 19
2.3 Polímero reforçado com fibra (PRF) ........................................................................ 20
2.4 Fibra de Carbono ........................................................................................................ 21
2.4.1 Constituição ................................................................................................................. 21
2.4.2 Disponibilidade no mercado ........................................................................................ 22
2.4.3 Aplicações realizadas ................................................................................................... 23
2.4.4 Propriedades particulares ............................................................................................ 24
2.4.5 Preparação do substrato .............................................................................................. 25
2.4.6 Aplicação do laminado ................................................................................................ 26
2.4.7 Considerações sobre o dimensionamento do reforço ................................................. 27
3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 29
3.1 Lajes ........................................................................................................................ 29
3.2 Análise e estudo de caso ............................................................................................. 30
4 RESULTADOS ........................................................................................................... 31
4.1 Lajes extremas ............................................................................................................ 31
4.2 Lajes intermediárias ................................................................................................... 35
4.3 Norma Brasileira ........................................................................................................ 39
5 ESTUDO DE CASO ................................................................................................... 41
5.1 Problematização .......................................................................................................... 41
5.2 Cálculo da armadura da laje ..................................................................................... 43
5.3 Cálculo do reforço com CFRP ................................................................................... 46
5.3.1 Método 1 ....................................................................................................................... 47
5.3.2 Método 2 ....................................................................................................................... 49
5.4 Aplicação do reforço ................................................................................................... 53
6 CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................... 56
6.1 Conclusão..................................................................................................................... 56
6.2 Sugestões para trabalhos futuros .............................................................................. 56
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 57
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Introdução
estipulação, com base nestes elementos, da nova vida útil da estrutura. Somente assim
poderá o proprietário estar apto a decidir, sempre aconselhado pelo especialista, pela
execução dos serviços de recuperação e/ou reforço, ou, por outro lado, pela não
intervenção, ou ainda pela demolição e reconstrução, total ou parcial, da estrutura.
(SOUZA E RIPPER, 1998, p. 106)
“Desde 1950 a protensão externa vem sendo largamente utilizada para o reforço de
vigas de pontes de diversos tipos: de concreto armado, de concreto protendido, de aço e mistas.”
(ALMEIDA, 2001, p.13). A protensão externa é uma técnica largamente utilizada para reforço
de vigas de pontes, pois nessas estruturas ocorrem, naturalmente, variações das cargas de
trabalho devido ao aumento da capacidade de carga dos veículos com o passar dos anos e uma
das características dessa técnica é a capacidade de reprotensão dos cabos, visto que os cabos de
protensão não são aderidos ao concreto.
Além disso, essa técnica apresenta outras características que a confere boa
capacidade de adaptação, são elas:
a) Possível alteração das posições dos cabos de protensão, possibilitando o
aumento ou diminuição da carga equivalente de protensão na viga;
b) Peso relativamente baixo do reforço;
c) Menores perdas por atrito que a protensão tradicional.
fibra de aramida) e de CFRP (Polímero reforçado com fibra de carbono). O sistema de reforço
que utiliza FRP aderido ao concreto mais presente na construção civil utiliza a fibra de carbono
como elemento resistente à tração devido a suas características mecânicas superiores aos outros
tipos de fibras devido ao seu grande módulo de elasticidade, variando de 220 a 240 GPa para
as fibras de alta resistência à tração e chegando até 650 GPa para as fibras de ultra-alto módulo,
ainda segundo o ACI-440.2R (2002).
2.4.1 Constituição
a) Matriz polimérica
b) Elemento estrutural
Para prevenir a ruptura frágil do sistema, - modo de ruptura que é indesejável para
as estruturas - a matriz polimérica deve apresentar ruptura dúctil, pois, como citado
anteriormente, a matriz atua mantendo as fibras resistindo à tração mesmo após a ruptura de
fibras isoladas que, por sua vez, apresentam ruptura frágil.
O elemento estrutural, no caso do CFRP é a fibra de carbono, que são materiais de
pequeno diâmetro e de orientação unidirecional e que possuem ótimas propriedades mecânicas
e físicas, tais como alta resistência à tração e baixo peso específico, respectivamente. “Possuem
os maiores módulos específicos e as maiores resistências específicas dentre todos os materiais
fibrosos de reforço, retendo seus elevados módulos de tração e suas grandes resistências mesmo
a temperaturas elevadas. ” (TESTONI, 2011).
direção longitudinal. ” (ARQUEZ, 2010), o que a torna mais atraente para o uso em reforço de
estruturas do que as outras formas.
Os materiais, por não terem metais em sua composição, não apresentam risco de
corrosão devido à oxidação e apresentam bons desempenhos em relação a resistência ao fogo,
quando aplicadas as proteções necessárias.
Mão de obra e agilidade na execução
A quantidade reduzida de trabalhadores necessários para a aplicação do reforço,
juntamente com o tempo de execução são, por muitas vezes, o principal motivo da escolha desse
tipo de solução. Pode-se citar o exemplo do estádio maracanã já mencionado anteriormente em
que apenas duas pessoas reforçaram a estrutura de 14 mil metros quadrados de arquibancada
em apenas 22 dias.
1
Pull-test consiste em um ensaio em que uma placa metálica é aderida ao concreto e, após o tempo
de cura do adesivo, a placa é tracionada até que corra o descolamento do concreto aderido à placa do resto do
elemento. O resultado do teste é a resistência de arrancamento do concreto.
26
a) Primer
O primer funciona da mesma maneira que o imprimador asfáltico no caso da
aplicação de mantas de impermeabilização, ou seja, ele promove a melhor aderência
entre o concreto e o elemento que será “colado” externamente, através da
penetração do produto nos poros do concreto.
b) Massa reguladora
A massa é utilizada para a regularização da superfície, ela atua removendo as
depressões e elevações que podem ocasionar esforços não desejados no conjunto
reforço-substrato.
c) Primeira camada de resina saturante
Após a regularização do substrato, é aplicada a primeira camada da resina saturante,
que pode ser feita no substrato ou no próprio laminado, anteriormente posicionado
em mesas com essa finalidade. A resina saturante vai agir como uma cola, aderindo
a fibra de carbono ao concreto. Não se deve exagerar na aplicação de resina, visto
que, em excesso, ela acaba diminuindo a eficácia no reforço.
d) Aplicação da fibra de carbono
Enfim, a fibra deve ser aplicada imediatamente após a primeira camada da resina
saturante, podendo o aplicador corrigir sua posição e seguindo o projeto de reforço.
e) Segunda camada de resina saturante
Após a aplicação da fibra em si, deve ser aplicada uma segunda camada da resina
em cima da fibra (sempre deve ser aplicada após a aplicação da fibra), para,
finalmente, envolver completamente a fibra na resina ou preparar o local para a
aplicação de uma terceira camada de resina saturante, que servirá como base para
uma segunda camada de fibra.
f) Acabamento
Após a aplicação de todas as camadas de resina saturante, o acabamento pode ser
aplicado para proteger ainda mais o sistema CFRP de ações externas, como o fogo
ou dar o acabamento estético desejado.
27
A estrutura reforçada com sistemas CFRP, segundo Machado (2015), podem sofrer
ruptura de diferentes maneiras, são elas: esmagamento do concreto por compressão antes do
escoamento do aço das armaduras, escoamento do aço seguido pela ruptura do laminado de
fibra de carbono, escoamento do aço seguido do esmagamento do concreto, arrancamento do
concreto fixado ao sistema CFRP e descolamento do laminado do substrato de concreto.
No dimensionamento do reforço de vigas ou lajes com a fibra aderida externamente
ao concreto, é considerado que a fibra trabalha em conjunto com o concreto e o aço. Sendo
assim, é adotado que existe uma força resistente de tração na fibra que, na seção transversal,
vai trabalhar formando momento com um braço de alavanca igual ao do aço de armadura
passiva somado ao recobrimento desse aço, como indica a Figura 6.
Para a consideração ser real, deve existir uma área de colagem suficiente para a
transferência dos esforços de cisalhamento que existirão na superfície de contato concreto-
reforço. A ancoragem também deve ser calculada de modo que obedeça às recomendações
normativas vigentes, nesse caso, pode-se seguir o ACI 440-2R (2008).
No cálculo do reforço com fibra de carbono, ainda é utilizado um fator de redução
na resistência da fibra de carbono: “Esse fator de redução (𝛹𝑓 ) está definido na ACI 440 –
28
10.2.10 com base nas análises de confiabilidade (...) e que foram baseadas nas propriedades
calibradas estatisticamente da resistência à flexão, conforme Okeil et al. - 2007” (MACHADO
e MACHADO, 2015)
Ao se dimensionar o reforço com CFRP, a verificação de descolamento da fibra
aderida externamente é necessária. O ACI 440-2R (2008), no seu item 10.1.1, apresenta uma
equação para o cálculo da deformação limite das fibras aderidas ao concreto (Figura 7), para
esse trabalho será utilizado o limite superior também fornecido pelo ACI 440-2R (2008) igual
a 90% da deformação no estado limite último da fibra.
3 METODOLOGIA
3.1 Lajes
As lajes que serão criadas no software serão do tipo maciças com 12 cm de altura e
com uma sobrecarga de 5,0 kN/m². Quanto às condições de apoio das lajes, serão modeladas
como simplesmente apoiadas nos quatro lados, ou seja, não apresentam continuidade.
A análise de momentos será dividida, inicialmente, em duas partes. Primeiro será
realizada a análise de momentos antes das aberturas e depois ela será refeita após as aberturas.
Também serão considerados diversos tipos de lajes de modo que seja possível avaliar a
influência da retangularidade da laje em relação ao incremento de momentos gerados que
deverá acontecer com as aberturas. Além disso, será possível a simulação de dois tipos de lajes
diferentes, são elas:
Para a representação das lajes armadas em uma direção, será utilizada uma laje de
5 metros de largura por 10 metros de comprimento. Já para a modelagem das lajes armadas em
duas direções, serão consideradas uma laje quadrada de 5 metros de lado e lajes retangulares
com relação lx/ly variando em 0,2 a cada modelagem, da seguinte maneira:
4 RESULTADOS
As tabelas a seguir são os resultados obtidos com os modelos das lajes quadrada
(Lx/Ly = 1,0) e armada em uma direção (Lx/Ly = 2,0). Na primeira coluna está apresentado o
percentual de abertura em relação a dimensão da laje, onde S/F representa a laje plena (sem
furo).
A partir desses dados, é criado um gráfico para cada laje. Nos gráficos, o eixo das
abcissas representa o percentual dos lados da abertura em relação aos vãos da laje e o eixo das
ordenadas representa a relação Mn/M, onde Mn é o momento máximo em torno do eixo x para
o caso da laje com abertura correspondente a n% dos vãos da laje e M é o momento da laje sem
aberturas.
Lx/Ly 1,0
1,60
1,40
1,20
1,00
Mn/M
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Percentual de abertura
Lx/Ly 2,0
2,00
1,80
1,60
1,40
1,20
Mn/M
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Percentual de abertura
(𝑀/𝑀𝑚á𝑥 )𝑓 − (𝑀/𝑀𝑚á𝑥 )𝑜
𝑙𝑛 = (1)
%𝐴𝑏𝑓 − %𝐴𝑏𝑜
Onde:
𝑙𝑛 : Coeficiente de redução do incremento de momento;
(𝑀/𝑀𝑚á𝑥 )𝑓 : Incremento de momento da laje final;
(𝑀/𝑀𝑚á𝑥 )𝑜 : Incremento de momento da laje inicial;
%𝐴𝑏𝑓 : Percentual da abertura referente ao (𝑀/𝑀𝑚á𝑥 )𝑓 considerado;
%𝐴𝑏𝑜 : Percentual da abertura referente ao (𝑀/𝑀𝑚á𝑥 )𝑜 considerado.
Para a laje armada em uma direção (𝑙1) considera-se que o gráfico de incremento
de momentos pode ser representado por uma reta desde a abertura de 10% até a final de 50%,
resultando no seguinte cálculo:
(1,08 − 1,85)
𝑙1 =
(50 − 10)
𝑙1 = −0,01920
Mmáx Mmáx
Lx/Ly 1,2 M/Mmáx Lx/Ly 1,4 M/Mmáx
(kNm) (kNm)
S/F 5,64 1,00 S/F 5,47 1,00
5 8,79 1,56 5 8,76 1,60
10 8,77 1,56 10 8,86 1,62
15 8,51 1,51 15 8,36 1,53
20 7,69 1,36 20 7,71 1,41
25 7,11 1,26 25 7,17 1,31
30 6,62 1,17 30 6,64 1,21
35 6,00 1,06 35 6,06 1,11
40 5,62 1,00 40 5,65 1,03
45 5,22 0,93 45 5,32 0,97
50 4,80 0,85 50 4,99 0,91
Fonte: Autor (2017)
Mmáx Mmáx
Lx/Ly 1,6 M/Mmáx Lx/Ly 1,8 M/Mmáx
(kNm) (kNm)
S/F 5,20 1,00 S/F 4,95 1,00
5 8,71 1,68 5 8,69 1,75
10 9,15 1,76 10 9,04 1,83
15 8,24 1,59 15 8,15 1,65
20 7,61 1,46 20 7,50 1,51
25 7,10 1,37 25 6,99 1,41
30 6,58 1,27 30 6,47 1,31
35 6,13 1,18 35 6,05 1,22
40 5,65 1,09 40 5,55 1,12
45 5,26 1,01 45 5,43 1,10
50 5,04 0,97 50 4,96 1,00
Fonte: Autor (2017)
36
Lx/Ly 1,2
1,80
1,60
1,40
1,20
Mn/M
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Percentual de abertura
Lx/Ly 1,4
1,80
1,60
1,40
1,20
Mn/M
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Percentual de abertura
Lx/Ly 1,6
2,00
1,80
1,60
1,40
1,20
Mn/M
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Percentual de abertura
Lx/Ly 1,8
2,00
1,80
1,60
1,40
1,20
Mn/M
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Percentual de abertura
10,00
9,00
8,00
7,00
Momento (kN.m)
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
S/F 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Percentual de abertura
Lx/Ly 1,0 Lx/Ly 1,2 Lx/Ly 1,4 Lx/Ly 1,6 Lx/Ly 1,8 Lx/Ly 2,0
Lx/Ly Coef.
1,0 -0,01669
1,2 -0,01763
1,4 -0,01769
1,6 -0,01977
1,8 -0,02061
2,0 -0,01920
Fonte: Autor (2017)
Analisando, por fim, todas as lajes modeladas, verifica-se que o aumento nas
solicitações de momento fletor na laje tende a diminuir mais significativamente com o aumento
da abertura nas lajes retangulares que na quadrada. Excluindo-se o resultado obtido na laje
Lx/Ly = 2,0 pelo fato de que ela foge do padrão estabelecido pelos outros modelos, o coeficiente
tende a aumentar, em módulo, conforme aumenta a relação Lx/Ly das lajes.
39
5 ESTUDO DE CASO
5.1 Problematização
A análise das lajes, considerando a laje inicial e a laje com a abertura, pelo método
dos elementos finitos foi realizada com o software Midas Civil utilizando uma malha de
42
elementos quadrados com 25 cm de lado, a divisão dos elementos de ambos os casos está
indicada na Figura 8. Os resultados da análise estão mostrados nas Figuras 10 e 11.
A análise fornece o momento máximo presente na laje sem aberturas de 5,20 kNm
em torno do eixo x. Já para a laje com a abertura, a modelagem indica que o momento máximo
na laje será de 7,61 kNm, o que representa um aumento de 46% em relação ao original.
O modelo acima representado é recomendado pela NBR 6118 (2014) em seu item
17.2.2 assume que a aplicação da compressão na seção de concreto pode ser distribuída
uniformemente desde a fibra mais comprimida até uma profundidade de 80% da profundidade
da linha neutra, sendo assim, o centro de compressão na seção de concreto armado se localiza
0,4.X abaixo da fibra mais comprimida (para o caso de momento fletor positivo).
Com isso, temos o seguinte esquema final:
45
Figura 13 - Resultante das forças na seção de uma viga de concreto armado submetida a
momento fletor positivo
1,91
𝑛= ∴ 𝑛 = 3,8𝜙8 𝑝𝑜𝑟 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 → 𝜙8𝑐/25
0,5
O reforço com laminado de fibra de carbono, nesse caso, deve ser aplicado na face
inferior da laje a ser reforçada, como indicado no item 5.4 deste trabalho, e o cálculo será feito
considerando que a fibra inferior do concreto da laje será aderida ao reforço de modo que eles
apresentem mesma deformação, que é a premissa básica para a utilização dessa técnica de
reforço. A área a ser reforçada será a que rodeia a abertura, pois essa é a área crítica de
incremento de momento fletor, como indica a Figura 14 a seguir.
No cálculo do reforço pode ser desconsiderado o peso do reforço em si, visto que,
como será apresentado posteriormente, ele possui um peso mínimo comparado ao da estrutura
em si, chegando até 300 g/m² de reforço do tipo CF-130.
47
5.3.1 Método 1
𝛽1 . 𝑋 𝛽1 . 𝑋
𝑀𝑅𝑑 = 𝐴𝑠 . 𝑓𝑠𝑑 . (𝑑 − ) + 𝛹𝑓 . 𝐴𝑓 . 𝑓𝑓 . (𝑑𝑓 − ) (10)
2 2
Onde:
𝑀𝑅𝑑 : Momento fletor resistente de cálculo da peça.
𝐴𝑠 : Área de aço na armadura positiva da laje.
𝑓𝑠 : Tensão de escoamento de cálculo do aço CA-50A.
𝑑: Distância entre a fibra mais comprimida de concreto ao centro de gravidade das
armaduras de tração.
𝛽1 : Coeficiente de simplificação das tensões presente no item 17.2.2 da NBR 6118
(2014). Para o caso de concreto de classe até C50: 𝛽1 = 0,8.
𝑋: Distância da fibra mais comprimida de concreto à linha neutra da seção.
𝛹𝑓 : Coeficiente adicional de redução da resistência do elemento de fibra de
carbono, no valor de 0,85, que foi apresentado no item 2.4.7.
𝐴𝑓 : Área da seção transversal do reforço aderido externamente ao concreto.
𝑓𝑓 : Tensão de ruptura do laminado de fibra de carbono.
𝑑𝑓 : Distância da fibra mais comprimida de concreto ao centro de gravidade do
reforço aderido externamente ao concreto.
𝑓𝑓 = 3800 𝑀𝑃𝑎
𝐴𝑓 = 𝑡 × 𝑙 (11)
Onde:
𝐴𝑓 : Área do reforço com CFRP;
𝑡: Espessura nominal do reforço;
𝑙: Largura do reforço (medida no sentido perpendicular às fibras).
5.3.2 Método 2
𝐸𝑠 𝐸𝑠
𝑏𝑤 . 𝑋𝐼𝐼 2 + 2. . 𝐴𝑠 . 𝑋𝐼𝐼 − 2. .𝐴 .𝑑 = 0 (12)
𝐸𝑐𝑠 𝐸𝑐𝑠 𝑠
Onde:
𝑋𝐼𝐼 : Profundidade da linha neutra no estádio II;
𝐸𝑠 : Módulo de elasticidade do aço;
𝐸𝑐𝑠 : Módulo de elasticidade secante do concreto;
𝑋𝐼𝐼 = 1,49 𝑐𝑚
𝑏𝑤 . 𝑋𝐼𝐼 3 𝐸𝑠
𝐼𝐼𝐼 = + . 𝐴 . (𝑑 − 𝑋𝐼𝐼 )2 (13)
3 𝐸𝑐𝑠 𝑠
𝐸𝑠 (𝑑 − 𝑋𝐼𝐼 )
𝜎𝑠 = . 𝑀𝑑0 . (14)
𝐸𝑐𝑠 𝐼𝐼𝐼
𝜎𝑠 147,79
𝜀𝑠 = = ∴ 𝜀𝑠 = 0,7 𝑚𝑚/𝑚
𝐸𝑠 210
Nesse momento pode ser feita uma semelhança de triângulos, de modo que seja
possível obter a deformação na face inferior da laje antes da aplicação do reforço:
𝜀𝑠 𝜀𝑓𝑖
= (15)
(𝑑 − 𝑋) (𝑑 − 𝑋 + 𝑐)
Onde:
𝑐: Cobrimento da armadura passiva;
𝜀𝑓𝑖 : Deformação da face inferior de concreto.
0,7 𝜀𝑓𝐼𝐼
= ∴ 𝜀𝑓𝐼𝐼 = 0,99 𝑚𝑚/𝑚
(9 − 1,49) (9 − 1,49 + 3)
10 𝜀𝑓𝐸𝐿𝑈
= ∴ 𝜀𝑓𝐸𝐿𝑈 = 13,56 𝑚𝑚/𝑚
(9 − 0,57) (9 − 0,57 + 3)
Como 12,57 mm/m < 15,03 mm/m, então a ruptura acontecerá pelo escoamento do
aço antes do descolamento da fibra.
Sabe-se que a estrutura foi projetada para resistir a MRd0 = 7,29 kNm e agora
deverá resistir a MRd = 10,65 kNm. A diferença entre esses momentos deve ser resistida pela
fibra de carbono de reforço que será utilizada, sendo assim, utilizando a reação da fibra e seu
braço de alavanca em relação à linha neutra na ruptura, pode-se calcular a área necessária de
reforço:
𝑀𝑓 = 𝑅𝑓 × 𝑧𝑓 (16)
Onde:
𝑅𝑓 = 𝐸𝑓 × 𝜀𝑓 × 𝐴𝑓 (17)
𝑧𝑓 = 𝑑 − 𝑋 + 𝑐 (18)
53
Com a área necessária de 0,1 cm² de fibra, utilizando a equação 11 pode-se calcular,
finalmente, a largura do reforço.
A NBR 6118 (2014) indica, no item 20.2, o posicionamento do reforço para o caso
de bordas livres e aberturas em lajes. As bordas livres e as faces das lajes maciças junto as
aberturas devem ser protegidas por armaduras transversais e longitudinais, alguns detalhes
sugeridos pela norma estão disponibilizados na Figura 15.
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Como o reforço, neste caso, será feito não com barras de aço, mas com fibra de
carbono, as fibras devem ser dispostas de maneira semelhante, de modo que sejam capazes de
absorver os esforços gerados pela abertura. Um exemplo de aplicação da fibra de carbono em
abertura de laje está na Figura 16.
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𝐴𝑓,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2 × (𝑙 × 𝑎𝑥 ) + 2 × (𝑙 × 𝑎𝑦 ) (19)
Onde:
𝑎𝑥 : Comprimento da abertura no eixo x;
𝑎𝑦 : Comprimento da abertura no eixo y.
Método 1:
𝐴𝑓,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2 × (5,5 × 160) + 2 × (5,5 × 100) ∴ 𝐴𝑓,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2860 𝑐𝑚2 = 0,286 𝑚²
Método 2:
𝐴𝑓,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2 × (6,1 × 160) + 2 × (6,1 × 100) ∴ 𝐴𝑓,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 3172 𝑐𝑚2 = 0,317 𝑚²
6.1 Conclusão
Como recomendação para trabalhos futuros, pode-se analisar lajes com aberturas
de diferentes dimensões e com carga igualmente distribuída, assim como foi analisado nesse,
mas com diferentes condições de apoio, ou seja, com um, dois, três ou quatro bordos
engastados. Nesses estudos pode ser observado o aumento no momento fletor nos bordos das
aberturas e verificado se existe uma expressão analítica que represente fielmente o aumento
baseado nas dimensões das lajes e das aberturas. Além disso, pode-se verificar a mudança no
momento nos bordos das aberturas com casos em que surgem cargas distribuídas linearmente
nesses bordos, a influência de cargas pontuais na laje e a geração de momento extra no entorno
das aberturas. As aberturas também podem ser necessárias nas bordas da laje, pode ser
verificada também a ocorrência de momentos para esses casos.
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