Aula Dir. Societário 1
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DIREITO SOCIETÁRIO
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direito depois da queda do Império Romano, na idade média, com o objetivo de
dar maior segurança à atividade mercantil”. Veja-se que o direito societário
compõe o direito comercial (este mais amplo, porque trata de todos os elementos
que impactam na atividade negocial).
No Brasil, pode-se considerar que a norma que marcou o início e o
desenvolvimento do direito societário foi o código comercial de 1850, fortemente
influenciado pelos Códigos Francês, Espanhol e Português.
Graficamente, Bertoldi e Ribeiro (2020, p. 32) oferecem um resumo do
surgimento e evolução do direito societário, aqui considerado como direito
comercial.
Direito romano
Código Napolêonico de
Teoria dos atos de comércio
1807
Teoria da empresa
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nações cristãs, iluminadas e polidas, que com elas estavam resplandecendo na
boa, depurada e sã jurisprudência. Com isso, segundo ainda os ilustres
doutrinadores (2020), eram aplicadas aqui a legislação comercial francesa e
espanhola.
O Código Civil Brasileiro, Lei n. 10.406/2002, que entrou em vigor em
janeiro de 2003, trouxe significativas mudanças no Direito das Empresas e na
regulamentação das sociedades em geral, inclusive seus tipos societários; dentre
eles, a Sociedade Limitada, Conta de Participação, Nome Coletivo, Comandita
Simples, Sociedade Anônima e Comandita por Ações.
A revogação da primeira parte do Código Comercial (Lei n. 556/1850), que
adotava a Teoria dos Atos do Comércio, com a introdução do Direito de Empresa
pelo já citado Código Civil, representou um considerável avanço, pois classifica
juridicamente o comerciante como “empresário”, ou seja, aquele exerce a
empresa, sinônimo de atividade econômica, e que estrutura todo o conceito legal
de empresário e sociedade empresária. É o que define o art. 966 da Lei n.
10.406/2002, como se vê:
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a) Atos de comércio por natureza comerciais ou profissionais, que são
aqueles negócios jurídicos referentes diretamente ao exercício normal da
indústria mercantil;
b) Atos de comércio por conexão ou dependência, que são aqueles atos
praticados pelo comerciante no interesse e em virtude do exercício do seu
comércio, mesmo que de forma graciosa;
c) Atos de comércio por força ou vontade da lei, que são todos aqueles atos
que, independentemente de sua essência ou da qualidade da pessoa que
o pratica, é tido como comercial porque assim a Lei determina.
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Graficamente, pode-se compreender as características da teoria dos atos
de comércio conforme a exposição do professor André Santa Cruz:
Todos os que
praticassem
algum dos Sujeição ao regime
atos de jurídico comercial
comércio
Teoria dos Adoção de critério
Atos do formal para
Comércio enquadramento dos Exceção:
agentes econômicos Prestadores
de Serviços e Não sujeição ao regime
Negociadores jurídico comercial
de Imóveis
Fica claro, portanto, que, na teoria dos atos de comércio, havia uma certa
restrição ao enquadramento de atividades cuja natureza não fossem direta ou até
mesmo indiretamente classificadas como comerciais.
Esse era um aspecto que, ao longo do tempo, levou a uma crescente crítica
por parte de especialistas do direito e de empreendedores em geral.
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Graficamente, um resumo da teoria da empresa:
Art. 966 CC
Regra: Adoção de Profissionalmente
critério material para
Atividade econômica
enquadramento dos
agentes econômicos Organizada
Produção/circulação de
bens e serviços
Teoria da
Empresa
Regra
Atividade Regra
rural
Exceção: Quando
optar por
registro na junta
comercial
Cooperativas
Sujeição ao
regime jurídico
Sociedades empresarial
por ações
Não sujeição ao
Sociedades regime jurídico
de advogados empresarial
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Embora possa parecer mais complexa, ao adotar a teoria da empresa, o
legislador brasileiro trouxe conceitos já há tempos adotados em outros países e,
ao privilegiar a atividade econômica como marco de classificação, pacificou as
controvérsias existentes.
(...) 2. O novo Código Civil Brasileiro, em que pese não ter definido
expressamente a figura da empresa, conceituou no artigo 966 o
empresário como ‘quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços’ e, ao
assim proceder, propiciou ao intérprete inferir o conceito jurídico de
empresa como sendo ‘o exercício organizado ou profissional de
atividade econômica para a produção ou circulação de bens ou de
serviços’. 3. Por exercício profissional da atividade econômica, elemento
que integra o núcleo do conceito de empresa, há que se entender a
exploração de atividade com finalidade lucrativa. (...) (STJ, REsp
623.367/RJ, 2. Turma, Rel. João Otávio de Noronha, DJ 09.08.2004. p.
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lucro do empreendimento. A empresa, portanto, não é sujeito de direito e sim o
empresário, que exerce a empresa como seu titular, tanto podendo ser o
empresário individual como a sociedade empresária. Portanto, o sócio de uma
sociedade não é empresário!
I. As associações;
II. As sociedades;
III. As fundações.
IV. As organizações religiosas;
V. Os partidos políticos;
VI. As empresas individuais de responsabilidade limitada.
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TEMA 5 – TEORIA CONTRATUALISTA E ANTICONTRATUALISTA
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contratual, forma prescrita ou não proibida pela lei e a capacidade dos
contratantes.
Cumpridos esses requisitos, é possível a realização de um contrato. Na
sociedade empresária, há um acordo de vontades entre os sócios, envolvendo-se
também a pessoa jurídica (sujeita de direitos) que foi criada pela vontade dos
sócios. Nesse sentido, não se obriga a considerar que haverá antagonismo entre
os sócios e nem que esse embate deve estar presente em todos os contratos. Os
sócios contratam entre si e com a sociedade na busca de um objetivo comum,
para satisfação de seus desejos de lucro e crescimento. Nas lições de Tullio
Ascarelli (citado por Bertoldi e Ribeiro, 2020), o contrato de sociedade é de
natureza plurilateral, o que é efetivamente a essência dos interesses
convergentes dos contratantes.
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REFERÊNCIAS
MARTINS, F. Curso de direito comercial. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
REQUIÃO, R. Curso de direito comercial. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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