Apostila Empresarial
Apostila Empresarial
Apostila Empresarial
1 – EVOLUÇAO DA EMPRESA
1.1. DO DIREITO COMERCIAL AO DIREITO EMPRESARIAL
Classificação
doutrinária do
direito empresarial
Evolução
a) Fase subjetivista: Ainda que a atividade comercial seja antiga, o Direito do Comércio é de
construção recente, datando da Idade Média. Com a criação dos grandes centros comerciais
na Europa, os chamados burgos, os mercadores (mais tarde denominados mercadores ou
comerciantes) levavam suas mercadorias até esses centros para que pudessem negociar,
sendo que tais profissionais eram registrados nas chamadas Corporações de Comércio.
As Corporações eram entidades que, além de efetuarem o registro desses profissionais, que
gozavam, a partir daí, de tutela jurídica, tinham por missão decidir as divergências negociais
entre os comerciantes, cuja solução era dada pelos cônsules, que eram funcionários
pertencentes às corporações.
Esse conjunto de soluções acabou por criar um arcabouço de regras, baseadas nos usos e
costumes, que serviam para regrar a atividade mercantil.
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Nesta fase eram reputados comerciantes somente aqueles que praticavam atos de
intermediação com o objetivo de lucro, mas que estivessem registrados nas Corporações,
de maneira que o elemento identificador da qualidade de comerciante era o registro
efetuado nas Corporações de Comércio.
Esta fase do Direito Comercial se denominou subjetivista, uma vez que se sujeitavam ao
regime jurídico comercial somente aquelas pessoas que faziam parte de uma classe especial
de profissionais, sendo estes os comerciantes devidamente registrados nas corporações.
A lei regulamentou quais os atos reputados “de comércio”, sendo que aquele que praticasse
tais atos sujeitava-se ao regime jurídico comercial. Enfim, não importava mais para
caracterizar o comerciante a sua matrícula em determinado órgão ou entidade, mas sim a
característica da atividade que realizasse, isto é, a natureza de seus atos.
O Código Comercial do Brasil de 1850 adotou um sistema misto a esses dois sistemas
mencionados, pois, consoante o que dispunha o art. 4º do Código Comercial, era reputado
comerciante, para fins de sujeitar-se ao regime jurídico comercial, aquele que fosse
matriculado no Tribunal de Comércio e fizesse da mercancia sua profissão habitual.
Segundo o dispositivo legal, eram reputados comerciantes todas as pessoas registradas nos
Tribunais do Comércio que, com habitualidade e com fito de lucro, praticassem os seguintes
atos: compra e venda ou troca de bem móvel ou semovente, para sua revenda, por atacado
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ou varejo, industrializado ou não, ou para alugar o seu uso; as operações de câmbio, banco e
corretagem; as empresas de fábricas, de comissões, de depósito, de expedição, consignação
e transporte de mercadorias, de espetáculos públicos; os seguros, fretamentos, riscos;
quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo e à armação e expedição de navios.
Posteriormente, com superveniente legislação, ainda se reputou ato de comércio: quaisquer
atividades desenvolvidas por sociedades por ações (Lei 6.404/1976, art. 2º, § 1º); empresas
de construção de imóveis (Lei 4.068/1962).
Assim, aproximou-se o Código Comercial do sistema francês, porquanto o comerciante era
aquele que praticava a mercancia com profissionalidade, isto é, praticava atos de comércio
com habitualidade e com o fito de lucro.
c) Teoria da empresa: o novo Código Civil de 2002, ao dispor em seu art. 966 que “considera-
se empresário quem exerce profissionalmente a atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens e serviços”, implantou no direito brasileiro a chamada
teoria da empresa. Este sistema é denominado de “sistema italiano”, porquanto fora na Itália,
com o advento do Código Civil Italiano de 1942, que se adotou tal teoria.
O direito brasileiro, ao adotar a teoria da empresa, abandonou a figura restritiva do antigo
comerciante, considerando hoje como tal, na verdade, como empresário, a pessoa que
exerce profissionalmente atividade econômica organizada, articulando trabalho, matéria-
prima e capital, com escopo de produzir ou circular mercadorias ou prestar serviços para o
mercado.
Comércio Aproximação
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1.2. A EMPRESA
O Código Civil brasileiro vigente, editado no ano de 2002 e inspirado no estatuto civil italiano,
trouxe a base legislativa do Direito Civil e do Direito Empresarial no mesmo Código. Essa
unificação, entretanto, não significou a perda de autonomia do Direito Empresarial, que se
mantém intacta, com princípios e regras próprias.
A disciplina da matéria empresarial no Código Civil não afeta em absolutamente nada a sua
autonomia, não havendo nenhuma razão para a inserção de seu conteúdo como parte de
obras de Direito Civil.
A área empresarial possui princípios próprios, por se tratar de uma atividade profissional
que exige eficiência técnica em sua organização, e elementos que definem a empresa como
principal item para a construção da economia.
O Direito Empresarial tem características muito próprias, como o dinamismo proveniente de
uma economia globalizada, em que as relações econômicas exigem atos praticados com
extrema rapidez e agilidade, além do internacionalismo, pois o nosso ramo sempre buscou
normas que uniformizassem regras além das fronteiras, como é o caso dos títulos de crédito,
regulados, em boa parte, pela Convenção de Genebra, inserida em nosso ordenamento
jurídico.
Tal evolução inseriu na legislação de nosso país a relevância da empresa como atividade
econômica organizada, e o empresário como aquele que a exerce, individualmente, por uma
pessoa natural, é o que chamamos de empresário individual ou, ainda, pessoa jurídica, por
meio da EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
Vale o alerta de que não é razoável chamar sócios de empresários, pois a empresa é
explorada por uma pessoa natural ou pessoa jurídica. No primeiro caso, o exercente da
atividade econômica se chama empresário individual e, no segundo, será a Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI ou Sociedade Empresária.
A principal característica do Código Civil se deu sobre a relevância da empresa como
atividade econômica organizada, de acordo com os seguintes requisitos:
Organização
requisitos
Empresa Atividade
profissional
Busca de lucro
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Organização: O mais importante ato do empresário é o que reúne os elementos mão
de obra (própria ou alheia) e capital. Esse é o principal elemento para a caracterização
da empresa. Tal elemento é muito importante, pois é o que melhor define a empresa
como uma organização para produzir ou comercializar em escala.
Por último, a sua finalidade é organizar todos os elementos de tal maneira que consiga
o lucro. Enquanto o talento do intelectual é artístico, literário ou científico, o talento
do empresário se dá na organização, significando a sua própria atividade-fim.
Atividade Profissional: Esse elemento pode ser explicado pela habitualidade, seja
pelo exercício frequente da atividade empresarial praticada de forma reiterada e em
nome próprio, ainda que indiretamente, pois é o empresário, de forma individual ou
societária, que responde por todos os atos de seus prepostos.
EMPRESA
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A legislação não se contentou em trazer somente características a respeito de quem é o
empresário, buscando também conceituar os que não podem assim ser considerados. As
atividades expressamente excluídas da condição de empresário são apontadas no parágrafo
único do art. 966, que conceitua os intelectuais. Sobre a exclusão das atividades intelectuais
do conceito de empresa:
As atividades intelectuais excluídas são as de natureza científica (medicina ou ciências
contábeis), literária (escritor) ou artística (pintor de quadros), ainda que com a contribuição
de auxiliares ou colaboradores, ressalvados os casos em que o exercício da profissão
constitua elemento de empresa, o que significaria a absorção da atividade intelectual pela
empresarial, assumindo os requisitos acima pontuados.
Intelectuais
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1.2.1.1. Atividade intelectual absorvida pelo elemento empresa
O mesmo parágrafo único do art. 966 do Código Civil, que traz os profissionais liberais, em
regra, afastados dos atos empresariais, ao analisar a presença de atividade organizacional
com práticas empresariais que absorvam a intelectualidade, o faz abrangido pelo conceito
de empresa, situação em que a sua profissão é absorvida pela empresarialidade.
Dessa forma:
•Natureza científica,
Atividade literária ou artística
Intelectual •TALENTO
Elementos de •Organização/Estrutura
Empresa empresarial
•Atividade organizacional
Atividade com práticas empresariais
Empresarial que absorvam a
intelectualidade
Advogado
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1.2.2. Perfil poliédrico de empresa
Na doutrina Italiana nasce a Teoria da Empresa e, a partir disso, uma série de doutrinadores
buscando explicá-la de maneira científica. Alberto Asquini trouxe a empresa como fenômeno
econômico poliédrico, significando as diversas faces de um mesmo rosto, logo, multifacetado
definido em quatro perfis, quais sejam: subjetivo, objetivo, funcional e corporativo.
Subjetivo
Perfil Poliédrico de
Objetivo
Asquini
Empresa
Funcional
Corporativo
• Subjetivo: a empresa é vista como sujeito de direito, ou seja, o próprio empresário, aquele
que exerce a atividade econômica, de forma habitual, em nome próprio, assumindo os riscos
desta atividade, independentemente de se tratar da pessoa natural do empresário ou da
pessoa jurídica da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada ou de uma sociedade.
Aliás, esse fator é utilizado na vida prática ao se dizer “Fui contratado por uma empresa” ou
a “Empresa está em crise econômica”.
• Objetivo: também conhecido como patrimonial, está relacionado aos bens da empresa,
sejam estes materiais ou imateriais, diretamente relacionado ao estabelecimento previsto no
art. 1.142 do Código Civil Brasileiro (“considera-se estabelecimento todo complexo de bens
organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”).
Nesse sentido, as pessoas dizem “Essa empresa vale muita grana”.
• Funcional: esse é o perfil adotado pelo Código Civil Brasileiro, pois a empresa confunde-se
com a própria atividade econômica organizada por diversos fatores de produção ou
circulação de bens e serviços. O conceito é exatamente o encontrado na redação do art. 966
do Código Civil Brasileiro.
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• Corporativo: vê na empresa uma instituição, tal como a família, que busca reunir o
empresário e empregados com objetivos comuns. Pela teoria asquiniana, “o empresário e os
seus colaboradores dirigentes, funcionários, operários, não são de fato, simplesmente, uma
pluralidade de pessoas ligadas entre si por uma soma de relações individuais de trabalho,
com fim individual; mas formam um núcleo social organizado, em função de um fim
econômico comum, no qual se fundem os fins individuais do empresário e dos singulares
colaboradores: a obtenção do melhor resultado econômico na produção”/.
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responsabilidade pelo ambiente da
empresa.
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C) A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário
a partir do registro na Junta Comercial.
D) A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário,
independentemente de registro na Junta Comercial.
Comentários:
A alternativa “A” está incorreta, pois a habitualidade está inserida na situação-
problema do enunciado já que Roberto dedica-se exclusivamente à pousada e a
ausência de produção de bens não é motivo para que a atividade não seja considerada
empresária.
A alternativa “B” está incorreta, pois a prestação de serviços se insere na atividade
empresarial.
A alternativa “C” está incorreta, pois o registro não é elemento caracterizador da
atividade de Empresário.
A alternativa “D” está correta, pois a atividade destacada na situação-problema traz
todos os elementos do art. 966, CC, já que estamos diante do comércio de serviços de
forma organizada, profissional e com intuito lucrativo, além do fato de o registro não se
tratar de elemento caracterizador da atividade de Empresário.
Comentários:
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A alternativa “A” está correta, em vista do exercício da atividade de empresa de modo
organizado, profissional e com caráter lucrativo, nos termos do art. 966, CC. O Registro
empresarial não é elemento caracterizador da profissão do Empresário.
A alternativa “B” está incorreta, já que o registro não é elemento caracterizador da
atividade do empresário.
A alternativa “C” está incorreta, já que independentemente de sua formação
intelectual, desempenha atividade organizada nos termos do art. 966, CC.
A alternativa “D” está incorreta, pois a legislação civil desconhece a expressão
“empresário de fato”, muito embora de fato tenha havido descumprimento de
obrigação legal. Aliás, por amor ao debate, ainda que a questão não tenha sido
cancelada, consideramos “dúbio” o texto da alternativa para que, eventualmente,
pudesse também ser considerada correta, já que a expressão “empresário de fato” é
conhecida pela doutrina.
2 - EMPRESÁRIO
2.1. Empresário Individual
O empresário individual é aquele que exerce a empresa, utilizando-se da personalidade
jurídica de pessoa natural, a mesma que adquiriu no nascimento com vida. Nesse caso, a
empresa faz parte de seu patrimônio pessoal, e os bens pessoais e os bens empresariais se
confundem.
Ainda que os bens se confundam, em caso de execução, os bens empresariais devem ser
executados à frente dos bens pessoais, já que a execução deve seguir a forma menos gravosa
para o devedor como princípio processual.
Empresário
individual
- Utiliza "Firma"
- Nome empresarial presente no ato constitutivo;
- Título do estabelecimento presente na "Fachada".
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2.1.1. Capacidade para o exercício da atividade empresarial
O art. 972 do Código Civil dispõe que: “podem exercer a atividade de empresário os que
estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”.
Para tanto, devemos nos socorrer do Código Civil, que, em seu art. 3º, classifica os
absolutamente incapazes. Nessa condição, estão os menores de 16 anos, que devem ser
representados, sob pena de nulidade absoluta de seus atos.
O art. 4º do Código Civil classifica os relativamente incapazes como os maiores de 16 e
menores de 18 anos; os ébrios habituais; os viciados em tóxicos ou aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir a sua vontade, além dos pródigos. Os
relativamente incapazes devem ser assistidos, sob pena de anulabilidade de seus atos.
O menor emancipado antes de completar 18 anos, nos termos do art. 5º, parágrafo único,
do Código Civil, estará apto a exercer a atividade empresarial. A incapacidade cessará nos
seguintes casos:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
16 anos completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.
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Incapazes
• Menores de 16 anos.
• Devem ser representados, sob pena de nulidade absouta de seus atos.
Relativamente incapazes
Menor emancipado
Se, por um lado, tratamos da capacidade, por outro, estabelece o art. 973 do Código Civil
que “a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a
exercer, responderá pelas obrigações contraídas”.
Os casos de impedimento encontram-se em diversas leis esparsas. Podemos citar os
funcionários públicos; os militares do Exército, Marinha ou Aeronáutica; bem como os
auxiliares do empresário e o falido não reabilitado.
O art. 974 do Código Civil admite que o incapaz, devidamente representado ou assistido,
continue a exercer a atividade empresarial em duas situações:
Incapacidade superveniente
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atividade) e a conveniência de continuá-la. Essa autorização poderá ser revogada a qualquer
momento.
Além da autorização judicial, deverá o juiz separar os bens que o incapaz possuía no
momento da interdição ou da sucessão destinados ao exercício da atividade empresarial.
O Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das juntas comerciais, deverá registrar
contratos ou alterações contratuais da sociedade que envolva sócio incapaz, desde que
atendidos, conjuntamente, os seguintes pressupostos:
A exigência de integralização do capital social prevista no art. 974, § 3º, não se aplica à
participação de incapazes em sociedades anônimas e em sociedades com sócios de
responsabilidade ilimitada nas quais a integralização do capital social não influa na proteção
do incapaz.
Diante da possibilidade de o contrato social permitir o ingresso na sociedade do sucessor de
sócio falecido, ou de os sócios acordarem com os herdeiros a substituição de sócio falecido,
sem liquidação da quota em ambos os casos, é lícita a participação de menor em sociedade
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limitada, estando o capital integralizado em virtude da inexistência de vedação no Código
Civil.
Lei 11.101/2005
•Empresário irregular - •Empresário
arts. 966 e 967. capacidade relativa -
•Concordata preventiva •Revogação da não tem direito de
- atividade por mais de concordata preventiva participar de
2 anos •Recuperação de recuperação de
empresas - atividade empresa
por mais de 2 anos •Não tem atividade or
Enunciado 197 da III mais de 2 anos
Jornada de Direito Civil,
Entendimento
CJF
Ainda, vale ressaltar que o art. 978 do Código Civil esclarece que o empresário regularmente
inscrito pode alienar ou gravar de ônus real o imóvel incorporado à empresa.
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Militares
Servidores Juízes e
Públicos Promotores
Podem ser
sócios desde
que não
integrem a
administração
Comentários:
A alternativa “A” está correta, nos exatos termos do art. 974 e seguintes do código civil,
que oferece a possibilidade de autorização judicial para prosseguimento da empresa
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por incapaz. No caso, o seu pai, haveria de ser o representante, não fosse o
impedimento que traz a necessidade de nomeação de gerente ou gerentes.
A alternativa “B” está incorreta, pois a incapacidade não tem como efeito imediato a
extinção da empresa, sendo importante ressaltar, o princípios da preservação da
empresa como fonte de produção e manutenção do emprego dos trabalhadores.
A alternativa “C” está incorreta, pois o pai de Maria, José, não pode assumir o exercício
da empresa já que é considerada incapaz em vista do cargo público.
A alternativa “D” está incorreta, pois os bens estranhos ao acervo e não afetados pela
empresa ao tempo da interdição não ficam sujeitos ao resultado da empresa.
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Com tais considerações, ressalte-se que, da entrada em vigor de tal instituto em diante, o
sócio remanescente de sociedade empresária que, acidentalmente, se tornou unipessoal, a
título de exemplo, por morte do outro sócio, poderá, no prazo de 180 dias, transformar-se
em EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada em definitivo, por força do
parágrafo único do art. 1.033 do Código Civil, assim como poderá adotar a forma já prevista,
sanando a impessoalidade nesse mesmo prazo, conforme regra contida no inciso IV do art.
1033 do Código Civil.
Inclusive, admite-se a transformação do registro da sociedade anônima, na hipótese do art.
206, I, d, da Lei 6.404/1976, em empresário individual ou empresa individual de
responsabilidade limitada.
Aplicam-se à empresa de responsabilidade individual limitada, no que couber e for
compatível, subsidiariamente, as regras previstas para as sociedades limitadas, bem como a
desconsideração da personalidade jurídica.
Acrescente-se o art. 980-A no Código Civil vigente para trazer quatro requisitos básicos a
essa nova pessoa jurídica. Os requisitos exigidos pelo dispositivo são: (a) constituição por
única pessoa natural ou jurídica titular do capital social, que poderá figurar em uma única
empresa desse tipo; (b) integralização do capital; (c) capital superior a 100 vezes o valor do
salário mínimo vigente.
Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa individual de
responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de ulteriores
alterações no salário mínimo, valendo, inclusive, citar o Enunciado 4 da I Jornada de Direito
Comercial do STJ nesse sentido, significando a desnecessidade de futura adaptação.
Características
Pessoa Natural
única empresa
Pessoa jurídica
nessa
modalidade
Nome
Integralização
Separação empresarial:
mínima: 100
patrimonial FIRMA ou
salários mínimos
DENOMINAÇÃO
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A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) pode ser sócia ou acionista de
sociedade empresária, ponto que não nos parece duvidoso, assim como a EIRELI pode adotar
as formas de Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP).
O conteúdo do Enunciado 470, CJF é para explicar o óbvio, pois a EIRELI é pessoa jurídica
justamente para que haja a separação do patrimônio do empresário, sendo que o instituto
da desconsideração da personalidade jurídica é perfeitamente compatível com a hipótese,
e o seu afastamento não seria aceitável como modo de relativizar a autonomia empresarial
para que se evite fraudes e abusos.
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4. Não impedimento Os impedidos são aqueles que exercem
funções incompatíveis com a empresa,
segundo seus próprios estatutos
profissionais, além de proibições
constitucionais e supraconstitucionais,
como é o caso dos Deputados, Senadores,
Magistrados e membros do Ministério
Público.
Comentários:
A alternativa “A” está incorreta, pois a EIRELI é uma Pessoa Jurídica que se separa da
figura de seu titular, portanto, pode ser administrada por terceiros.
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A alternativa “B” está incorreta, pois a EIRELI exige integralização mínima de 100
salários-mínimos.
A alternativa “C” está correta, já que a EIRELI apenas adquire personalidade jurídica de
Pessoa Jurídica na Junta Comercial de seu respectivo Estado, vinculado ao Registro
Público de Empresas Mercantis.
A Alternativa “D” está incorreta, pois a EIRELI pode adotar firma ou denominação.
(FGV – XXI Exame de Ordem Unificado) Rosana e Carolina pretendem reunir esforços
para empreender uma atividade econômica, constituindo uma Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada (EIRELI).
Essa iniciativa será possível se observada a seguinte condição:
(A) Rosana poderá indicar Carolina como administradora, mas somente poderá figurar
em uma única empresa dessa modalidade.
(B) Rosana e Carolina poderão ser coproprietárias de todas as quotas, mas estas serão
indivisíveis em relação a EIRELI, salvo para efeito de transferência.
(C) não será cabível a desconsideração da personalidade jurídica da EIRELI, diante da
limitação de responsabilidade de Carolina ao valor do capital social.
(D) a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor, de que
sejam detentoras tanto Rosana quanto Carolina, vinculados à atividade profissional de
ambas, poderá ser atribuída à EIRELI constituída para a prestação de serviços.
COMENTÁRIOS:
A alternativa “A” está correta, pois a EIRELI pode ser constituída por um único titular,
jamais de modo societário ou condominial e Carolina poderá ser administradora, pois a
EIRELI é uma Pessoa Jurídica que separa da figura de seu titular.
A alternativa “B” está incorreta, pois não é possível a copropriedade de EIRELI, já que
não se compatibiliza com o instituto que foi criada para empresas individuais.
A alternativa “C” está incorreta, pois a Desconsideração da Personalidade Jurídica é
aplicável, principalmente, a empresas de responsabilidade limitada como a EIRELI.
A alternativa “D” está incorreta, pois aponta uma vez mais a sociedade, incompatível
ao instituto, muito embora individualmente seja possível a remuneração decorrente de
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cessão de direitos patrimoniais de autor, vinculados à atividade profissional de titular
de EIRELI, sempre individualmente.
EMPRESA
1 – OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO
O Código Civil traz determinadas obrigações específicas ao empresário. Logo, para que o
exercício de sua atividade seja considerado regular, é necessário dar cumprimento a
obrigações, como a inscrição no registro público de empresas mercantis, a escrituração de
seus livros, bem como o dever de levantar balanços patrimoniais e de resultado econômico,
além do que, estamos falando de um gênero identificador de um regime próprio para os
empresários e sociedades empresárias.
Obrigações do
Empresário
Escrituração de seus livros
Assim, da mesma forma que se exige da pessoa natural o registro de seu nascimento, bem
como dos atos mais importantes de sua vida civil, como o casamento e a morte, a fim de
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determinar o término de sua personalidade, o empresário ou a sociedade empresária
registra o seu início, os seus atos mais importantes, como uma alteração de capital, bem
como a sua extinção, determinando após a decretação da falência, por exemplo, o fim de sua
personalidade empresarial.
Diante disso, fica fácil impor que o registro tem natureza meramente declaratória,
envolvendo a publicidade de atos que podem ser realizados independentemente do registro,
ainda que de forma irregular, não significando condição para a eficácia da atividade
empresarial.
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Registro Empresarial
O empresário deve se inscrever nos órgãos registrais antes do início de sua atividade (arts.
967 e 968 do CC).
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1.1.1.2 Juntas Estaduais
A Junta Estadual é o órgão de registro do empresário individual, bem como das sociedades
empresárias, enquanto as sociedades simples terão seus atos constitutivos registrados no
Cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
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objeto), colocará o processo em exigência, para cumprimento em até 30 dias contados da
data da ciência pelo interessado ou da publicação do despacho. O inconformismo com a
exigência deve ser atacado por pedido de reconsideração, no mesmo prazo.
A Junta não aprecia o mérito do ato praticado, mas exclusivamente a observância das
formalidades exigidas pela lei. Após o pedido de reconsideração, recurso para o plenário e,
finalmente, para o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, resta a via
judicial.
Tais atos constitutivos somente podem ser arquivados mediante assinatura de advogado.
O empresário que não arquivar nenhum documento em um prazo de até dez anos deverá comunicar
à junta a continuidade de sua atividade (art. 60 da Lei n. 8.934/1994).
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1.1.1.2.1 Regimes de tramitação de processos na Junta
A Junta Estadual possui o regime ordinário de decisão colegiada para atos mais complexos,
como é o caso dos atos das sociedades anônimas, consórcios, grupos de sociedades e
transformações societárias, assim como é instância recursal para os demais órgãos da junta.
Tais atos devem ser de apreciação em cinco dias úteis.
O regime sumário comporta todos os demais atos, em vista de sua menor complexidade de
procedimentos. Tais atos devem ser apreciados em dois dias úteis.
A não apreciação dos atos nos prazos estabelecidos aprova o ato para registro e todos os
efeitos legais, automaticamente, por decurso de prazo.
Irregular está todo empresário que não arquivou seus atos constitutivos no órgão do registro
empresarial ou não cumpriu com alguma das formalidades tidas por obrigatórias.
A irregularidade do empresário faz que ele não possa usufruir dos benefícios que lhe são
reservados, trazendo certas restrições a seguir identificadas:
3. O empresário irregular não poderá ter seus livros empresariais autenticados no registro
das empresas mercantis, uma vez que não possui inscrição na junta estadual.
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Caso a sociedade empresária esteja irregular, o sócio passa a ter responsabilidade ilimitada
pelas obrigações da sociedade.
1. O empresário irregular não poderá participar de licitação pública – art. 28, II, III, IV e
V, da Lei 8.666/1993;
3. Ausência de matrícula junto ao INSS, o que acarreta pena de multa (Lei 8.212/1991, art.
49, § 3º, c/c o art. 92 da mesma Lei).
A personalidade jurídica confere capacidade para ter direitos patrimoniais, quer dizer,
autonomia patrimonial. Isso significa que a sociedade empresária com autonomia
patrimonial responde pelas obrigações que contrair. Apenas excepcionalmente seus
administradores ou sócios serão solidários por essas obrigações.
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As pessoas jurídicas podem ser de direito público ou de direito privado. As pessoas jurídicas
de direito público podem ser:
(a) de direito público externo: os estados estrangeiros e todas as pessoas regidas pelo direito
internacional público;
As pessoas jurídicas de direito público se submetem a regime distinto das pessoas jurídicas
de direito privado. As pessoas jurídicas de direito público têm as suas regras sujeitas ao
direito administrativo e se submetem ao princípio da estrita legalidade.
Interessa aos nossos estudos, particularmente, as pessoas jurídicas de direito privado, que se
dividem em pessoas jurídicas de direito privado estatais e pessoas jurídicas de direito
privado particulares.
(a) fundações; (b) associações; (c) sociedades; (d) partidos políticos; (e) entidades
religiosas; e (f) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI.
A sociedade e a EIRELI têm titularidade negocial, quando os negócios são realizados pela
sociedade e não pelos sócios; titularidade processual, tendo capacidade para estar em juízo;
responsabilidade patrimonial, que significa dizer que, em princípio, os bens dos sócios não
respondem pelas obrigações da sociedade, apenas os bens da sociedade.
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Pessoas Jurídicas
Interno:
Externo: União, Estados, Particulares:
Distrito Federal, Fundações,
Estados estrangeiros, Associações,
Territórios, Estatais: Sociedades
pessoas regidas pelo Sociedades, Partidos
Municípios, de Economia Mista,
direito internacional políticos, Entidades
autarquias e as Empresas Públicas
público religiosas, EIRELI
demais entidades de
caráter público
criadas por lei
Fundação
• afetação de um patrimônio para determinada finalidade
Associação
• união de esforços pessoais tendo em vista uma finalidade não
econômica
Sociedades
• união de esforços com finalidade econômica
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A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI nasce da afetação de parcela
do patrimônio da pessoa natural ou pessoa jurídica, que a titulariza para o exercício
empresarial. A mesma pessoa natural passa a titularizar dois patrimônios: o pessoal e o da
EIRELI.
A personalização das EIRELI e das sociedades se dá com o registro no órgão de registro das
empresas mercantis.
As sociedades simples têm seu registro realizado por meio de matrícula no cartório de
registro civil das pessoas jurídicas, já que não exploram atividade empresarial organizada
para a produção ou circulação de bens e serviços.
As sociedades empresárias têm seus atos constitutivos arquivados na Junta Estadual, órgão
subordinado ao registro público de empresas mercantis. A partir disso, a pessoa jurídica passa
a ser sujeito de direitos e obrigações, com legitimidade processual ativa e passiva, podendo
ser responsabilizada por dano na esfera civil e penal.
Não se pode confundir a pessoa jurídica com as pessoas que dela participam, inclusive a sua
autonomia patrimonial.
Teoria da Ficção – O Alemão Savigny compreende que a pessoa jurídica não assume
personalidade jurídica, visto que somente a pessoa natural é capaz de ser sujeito de direitos
e obrigações, significando a pessoa jurídica como mera ficção legal apenas para o exercício
de direitos patrimoniais. A teoria recebe críticas, pois, se o sujeito é mera ficção,
eventualmente, os direitos e obrigações relacionados a esse sujeito provavelmente também
o serão.
32
188
está no fato de confundir pessoas com coisas, compreendendo que os bens são sujeitos de
direitos e obrigações.
Teoria da Realidade Orgânica – De acordo com Gierke, as pessoas jurídicas têm existência e
vontade próprias distintas das de seus membros, assim como as pessoas naturais. A crítica
está na afirmação de que a pessoa jurídica tem vontade própria, porque o fenômeno volitivo
é peculiar ao ser humano, e não ao ente coletivo.
Teoria da Realidade Técnica – Essa teoria é a adotada pelo Código Civil, pois busca a
composição equilibrada entre as teorias anteriores, já que, muito embora compreenda a
pessoa jurídica como sujeito de direitos e obrigações, não a compara integralmente às
pessoas naturais.
Inicialmente, devemos tratar sobre o fato de que o direito reconhece a pessoa jurídica com
titularidade negocial, processual e, inclusive, patrimonial. O patrimônio das pessoas jurídicas
não se confunde com o patrimônio dos sócios.
A concessão de personalidade jurídica, tendo em vista seus efeitos, não em raros casos, leva
a cometimento de atos abusivos contra credores e terceiros.
Por tal razão, quando a personalidade jurídica é utilizada para fazer valer fraude em
detrimento de terceiros, considera-se ineficaz a personificação com relação aos atos
praticados de forma abusiva ou fraudulenta.
A lei admite o superamento da personalidade jurídica com o fim de atingir o patrimônio dos
sócios envolvidos na administração da sociedade.
O art. 50 do Código Civil determina que, “em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir,
a requerimento da parte, ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo,
que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
33
188
Assim, o Código Civil traz a considerada “Teoria Maior” da desconsideração da
personalidade jurídica para objetivamente considerar a confusão patrimonial e o desvio de
finalidade como hipóteses objetivas para a aplicação do instituto. A doutrina e a
jurisprudência também consideram a hipótese de fraude acompanhada da intenção de
prejudicar credores, o que demonstra a teoria subjetiva da desconsideração da
personalidade jurídica.
A teoria presente neste Código é também chamada de “teoria menor” por parte da
doutrina, que considera “maior” a teoria presente no Código Civil Brasileiro.
O Código de Processo Civil vigente faz a primeira inserção legislativa ao tema no momento
em que o § 2º de seu art. 133 vai no sentido de que as disposições processuais também se
aplicam à chamada desconsideração inversa da personalidade jurídica, até então com
significação de construção jurisprudencial.
34
188
1.1.3.5.2 Desconsideração da personalidade jurídica no CPC/2015
Finalmente, vale citar o art. 136, que segue na hipótese de considerar interlocutória a decisão
que resolve a questão da desconsideração, trazendo o agravo de instrumento para dar
solução de segundo grau à questão, conforme o art. 1.015, IV.
35
188
1.2 ESCRITURAÇÃO E LIVROS EMPRESARIAIS
1.2.1.1 Sigilosidade
Tal dispositivo limita a atuação do magistrado à exibição integral dos livros e documentos
de escrituração diante da necessidade em conflitos que envolvam sucessão, comunhão ou
sociedade, administração ou gestão a conta de outrem, assim como em caso de falência.
Vale observar que o juiz pode motivar a exibição em situações fora das acima elencadas ou
em questões de natureza fiscal, inclusive por força do que determina o art. 195 do Código
Tributário Nacional.
Ainda em vista da sigilosidade escritural, a Súmula 439 do STF adverte para que se dê
preferência à exibição parcial dos livros no que se relacionar com as partes envolvidas no
conflito, deixando a exibição integral para excepcionalidades.
36
188
Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado
o exame aos pontos objeto de investigação.
1.2.1.2 Fidelidade
37
188
• Limita a atuação do magistrado à exibição integral dos livros e documentos
de escrituração
• Súmula 439 do STF, “Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária
SIGILOSIDADE quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos da investigação”
Livros obrigatórios: são aqueles cuja escrituração é imposta ao empresário, pois sua ausência
implica sanções. Os livros obrigatórios podem ser:
Livros obrigatórios comuns: são livros de escrituração obrigatória a todos os empresários.
Atualmente, no Brasil, existe apenas um livro obrigatório comum: o Diário, por força do art.
1.180 do Código Civil. Independentemente do tipo de sociedade adotado ou do ramo de
atividade que explora, todos os empresários devem escriturar o livro Diário.
Livros obrigatórios especiais: a escrituração desses livros é imposta apenas a uma
determinada categoria de empresários. Tem-se como exemplo o Livro de Registro de
Duplicatas, obrigatório apenas para os empresários que emitem duplicatas, conforme o art.
19 da Lei 5.474/1968.
Livros facultativos: tais livros são escriturados para que o empresário possa melhor orientar-
se e controlar seus negócios. Sua ausência não implica qualquer sanção. Exemplo: Livro-caixa.
38
188
Livros fiscais: ao contrário de todos os outros, não têm a função de auxiliar o empresário na
administração de sua empresa, nem são de interesse dos sócios, acionistas ou credores. Esses
livros servem de orientação para o Fisco e são regidos por legislação específica.
Obrigatórios
Facultativos
• Comum: livro de
escrituração obrigatória a Fiscais
todos os empresários >> • Livros são escriturados
Diário. para que o empresário
possa melhor orientar-se e • Livros servem de
• Especiais: a escrituração controlar seus negócios. orientação para o Fisco e
desses livros é imposta são regidos por legislação
apenas a uma determinada específica.
categoria de empresários.
39
188
2. Não poderá valer-se da eficácia probatória que possuem os livros empresariais, nos
termos do art. 418 do Código de Processo Civil;
3. Não poderá propor recuperação de empresas;
4. Se requerida a exibição dos livros empresariais, e o empresário não os possuir, ou possuí-
los sem serem observados os requisitos de modo e segurança de escrituração, nos termos do
art. 399, I, do Código de Processo Civil, presumir-se-ão verdadeiros os fatos relatados pelo
requerente da exibição judicial.
O Código Civil determina que o balanço patrimonial exprima, com fidelidade e clareza, a
situação real da empresa. Atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das
leis especiais, o balanço patrimonial indicará, distintamente, o ativo e o passivo.
O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas,
acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei
especial, como dispõe o art. 1.189 do mesmo Código.
Do balanço constarão todos os bens, mercadorias, dinheiros e créditos, bem como dívidas e
obrigações passivas. O balanço será semestral para as instituições financeiras e anual para os
demais empresários. É um diagnóstico preciso do andamento dos negócios e condição
elementar para a obtenção de favores legais, dentre os quais o da recuperação de empresas.
Súmula 260, STF O Exame de Livros Comerciais, em ação judicial, fica limitado às
transações entre os litigantes.
Súmula 390, STF A Exibição Judicial de Livros Comerciais pode ser requerida como
medida preventiva.
Súmula 439, STF Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros
comerciais, limitado o exame aos pontos objeto de investigação.
40
188
Direito Empresarial
FGV - V EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2011.2)
Situação-Problema
Questão 1
Matias, empresário individual que explorava serviços de transporte de cargas pesadas,
faleceu em 8/3/2010, deixando cinco filhos, sendo dois – José e Carlos – fruto de seu
primeiro casamento com Maria (falecida em 30/7/1978) e três – Pedro, Fábio e Francisco
– de seu segundo casamento com Joana, atual viúva e inventariante do espólio dos bens
deixados por Matias. Por tal razão, Joana figura como administradora da empresa
exercida pelo espólio, enquanto sucessor do empresário falecido.
Ao visitar o estabelecimento onde se encontra centralizada a referida atividade
empresária, Carlos constata que, dos 48 caminhões anteriormente existentes, 13
encontram-se estacionados e outros 20 em funcionamento, sendo que os demais teriam
sido vendidos por Joana, segundo informações obtidas do supervisor do
estabelecimento, a quem cabe o controle dos veículos.
Por outro lado, Carlos verifica aparente enriquecimento súbito de Pedro e Fábio, os
quais, mesmo sendo estudantes sem renda, adquirem, respectivamente e em nome
próprio, imóveis no valor de R$ 300.000,00 e R$ 450.000,00.
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
41
188
A força probante dos livros empresariais é relativa, sendo afastada por documentos que
contradigam seu conteúdo (art. 378 do CPC ou art. 226, do CC). Desde que Joana apresente
documentos cabais da locação dos veículos e recebimento dos alugueres, prevalece a
prova baseada em tais documentos.
2 – ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
Estabelecimento empresarial, que é sinônimo de fundo de comércio, é o complexo de bens
reunidos para o desenvolvimento da atividade empresarial e possui um valor próprio,
distinto do valor dos bens que o compõem. Estabelecimento não é sinônimo de patrimônio.
O patrimônio é composto de todos os bens valorados economicamente e o estabelecimento
é composto, apenas, de bens utilizados para o exercício da atividade. Os débitos, por
exemplo, fazem parte do patrimônio, mas não do estabelecimento.
Estabelecimento
Fundo de comércio
empresarial
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188
Patrimônio: composto de todos Estabelecimento: composto de
os bens valorados bens utilizados para o exercício
economicamente da atividade
O Código Civil brasileiro, em seu art. 1.142, conceitua estabelecimento empresarial como
“(...) todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por
sociedade empresária”.
A união desses bens organizados para possibilitar o exercício da atividade empresarial faz que
eles tenham um valor próprio distinto do estabelecimento, considerado individualmente.
Portanto, o fundo de comércio ou estabelecimento empresarial constitui uma
universalidade de fato, um conjunto de bens que se mantêm unidos, destinados a um fim,
por vontade e determinação de seu proprietário.
2.1 ELEMENTOS
43
188
Observação importante se deve fazer ao fato de que o nome empresarial integra o
estabelecimento, mas não pode ser alienado, pois é personalíssimo. O nome empresarial
não pode ser objeto de alienação (art. 1.164 do Código Civil).
No entanto, o parágrafo único do art. 1.164 permite que o adquirente de estabelecimento
empresarial possa usar o nome do alienante, desde que previsto no contrato, precedido do
seu próprio, com a qualificação de sucessor.
Elementos do
estabelecimento empresarial
O imóvel integra os
elementos corpóreos,
assim integra o
estabelecimento
O nome empresarial
integra o
estabelecimento, mas
contudo como é
personalíssimo não pode
ser alienado
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188
2.2 ATRIBUTOS
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188
Clientela
Aviamento
Estabelecimento
2.3. TRESPASSE
46
188
Venda específica
Venda parcial
Venda integral
O trespasse irregular é ato de falência e ineficácia → Art. 94, III, e art. 129 da Lei nº 11.101/2005.
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188
do estabelecimento, o endereço, seja por transferência da propriedade ou por transferência
dos direitos decorrentes da locação, e os bens que traduzem a alma da empresa.
Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo
ponto se transmite automaticamente ao adquirente.
A sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração atinentes ao estabelecimento
adquirido, desde que não possuam caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de
locação.
A locação é contrato pessoal e a lei esclarece que tais contratos não se transmitem
automaticamente, cabendo aqui análise de grande importância, pois o trespasse pode se
tornar desinteressante ao adquirente que não puder se fixar no endereço em que aquela
determinada empresa já fixou bases de clientela e freguesia. Assim, a jurisprudência vem se
fixando para que a locação se transfira automaticamente.
Entenda-se como contratos pessoais aqueles celebrados tendo em vista a pessoa do
contratante, o que lhes retira aquela objetividade presa à atividade. Assim se classificam o
contrato de locação de imóvel e o contrato de uso da marca.
Concluímos que, durante as negociações de trespasse, é necessário, simultaneamente,
discutir com o locador sobre o interesse em manter vigente o contrato locatício, valendo
lembrar até da hipótese de cobrança de luvas nessa situação.
O nosso Código Civil tem previsão de que a eficácia quanto a terceiros, do trespasse, termo
utilizado pela doutrina para identificar a alienação substancial do estabelecimento empresarial,
está adstrita à averbação do contrato que tenha por objeto tal alienação, usufruto ou
arrendamento de estabelecimento no registro público de empresas mercantis à margem da
inscrição do empresário ou sociedade empresária, com a publicação na imprensa oficial.
48
188
Da assinatura
Da publicação
do contrato
Trespasse Eficácia no DOE para
para os
terceiros
contratantes
49
188
A Lei 11.101/2005 (recuperação judicial e falência), em seu art. 141, II, determina que,
quando houver alienação de estabelecimento empresarial em processo falimentar, o
objeto da alienação estará livre de qualquer ônus, inclusive trabalhista e fiscal.
Havia discussão quando a alienação do estabelecimento era realizada em recuperação
judicial, pois o art. 60, parágrafo único, da Lei 11.101/2005 não previa expressamente a
ressalva para as dívidas trabalhistas.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.934/2009 entendeu que, havendo alienação de
estabelecimento, em recuperação judicial, o adquirente não responde por quaisquer dívidas,
inclusive as trabalhistas.
O alienante de estabelecimento empresarial não pode, salvo cláusula contratual em sentido
contrário, fazer concorrência com o adquirente pelo prazo de cinco anos.
Como corolário da proteção contra a prática de concorrência desleal, o legislador civil previu
a proibição de o alienante do estabelecimento concorrer com o adquirente antes de
decorridos cinco anos da operação de trespasse, para que não haja desvio de clientela.
A regra é de bom grado, já que a criação de outro estabelecimento em local próximo atrairia
a clientela, atributo que tornou o negócio atrativo para o adquirente e que tem valor
econômico nunca dissociado do estabelecimento, representado pela capacidade de atrair
clientes do estabelecimento e, principalmente, a sua freguesia, que entendemos como os
clientes em concreto.
Como a regra proibitiva está condicionada ao silêncio do contrato, para que haja concorrência
legítima, é necessária autorização expressa, valendo lembrar que é possível adotar cláusula
contratual que estenda o prazo de não restabelecimento. O parágrafo único do dispositivo
50
188
em comento dá amplitude à proibição quando a transferência se dá por arrendamento ou
usufruto, quando tais efeitos perdurarão enquanto durar o contrato.
Cláusula de não
Cláusula contratual Extensão do Prazo
concorrência
Súmula 178, STF Não excederá de 5 (cinco) anos a renovação judicial de contrato de
locação fundada no Decreto 24.150, de 20.4.1934.
Súmula 363, STF A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio
da agência, ou estabelecimento em que se praticou o ato.
Direito Empresarial
FGV - XXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2017.3) Definitivo
Situação-Problema
Questão 2.
No contrato de trespasse do estabelecimento empresarial celebrado pela sociedade
Passa Tempo Materiais Esportivos Ltda. com o empresário individual Mário Couto,
constou, em anexo, termo de cessão de créditos referentes ao estabelecimento, que
atinge dezoito devedores da sociedade trespassante.
Sobre a hipótese, responda aos itens a seguir.
A questão tem por objetivo aferir o conhecimento do examinando sobre a necessidade de
publicização do contrato de trespasse na forma prevista no Art. 1.144 do Código Civil, ou
seja, averbação à margem da inscrição da sociedade empresária no Registro Público de
Empresas Mercantis e publicação no órgão oficial para que produza efeito em relação a
51
188
terceiros. Assim, a eficácia de cessão de créditos referentes ao estabelecimento depende
de tais providências, mas se o devedor pagar ao cedente ao invés do cessionário, mesmo
após a publicização do trespasse, ficará exonerado se estiver de boa-fé, como previsto no
Art. 1.149 do Código Civil.
A) Qual a providência a ser tomada para que a cessão dos créditos produza efeito em
relação aos respectivos devedores? (Valor: 0,65)
A) A providência a ser tomada para que a cessão produza efeito em relação aos devedores
é a averbação à margem da inscrição da sociedade empresária no Registro Público de
Empresas Mercantis E a publicação do contrato de trespasse na imprensa oficial, com base
no artigo 1.144 do Código Civil.
B) Se algum dos devedores da sociedade Passa Tempo Materiais Esportivos Ltda. pagar
a esta, e não ao cessionário, tal pagamento será válido? (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou
transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
B) Sim. Se algum dos devedores estiver de boa-fé ao pagar ao cedente (Passa Tempo
Materiais Esportivos Ltda.) e não ao cessionário, tal pagamento será válido, com base no
Art. 1.149 do Código Civil.
3- NOME EMPRESARIAL
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) pode ser sócia ou acionista de
sociedade empresária, ponto que não nos parece duvidoso, assim como a EIRELI pode adotar
as formas de Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP).
O Nome Empresarial da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) será formado pela
inclusão da expressão “EIRELI” após a firma (nome civil do empresário) ou da denominação, sendo
possível dizer que tal espécie poderá se valer de “elemento fantasia” na formação de seu nome
empresarial, sempre inerente aos tipos empresariais prestigiados com a separação patrimonial. Aliás,
por aplicação subsidiária das normas das sociedades limitadas, vale lembrar que a ausência de utilização
da expressão EIRELI ao final de seu nome atrairá responsabilidade para o patrimônio particular de seu
titular.
O conteúdo do Enunciado 470, CJF é para explicar o óbvio, pois a EIRELI é pessoa jurídica
justamente para que haja a separação do patrimônio do empresário, sendo que o instituto
52
188
da desconsideração da personalidade jurídica é perfeitamente compatível com a hipótese,
e o seu afastamento não seria aceitável como modo de relativizar a autonomia empresarial
para que se evite fraudes e abusos.
4 – PATENTES
4.1. Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI
O Instituto Nacional de Propriedade Industrial é uma autarquia federal, vinculada ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, responsável pela concessão
dos direitos de propriedade industrial, privilégios e garantias aos inventores e criadores no
território nacional.
De acordo com o art. 2º da Lei 5.648/1.970, criadora do INPI: “O INPI tem por finalidade
principal executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade industrial,
tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica, bem como pronunciar-se
quanto à conveniência de assinatura, ratificação e denúncia de convenções, tratados,
convênios e acordos sobre propriedade industrial”.
As decisões administrativas do INPI podem sempre ser revistas pelo Poder Judiciário em
atendimento à inafastabilidade do controle judicial dos atos do Poder Público, estampado no
art. 5º, XXXV, da Constituição Federal: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito”.
No que concerne às ações intentadas contra o INPI, a competência é da Justiça Federal e
devem ser ajuizadas na seção judiciária do Rio de Janeiro, local da sede do instituto.
Contudo, quando houver pluralidade de réus, segundo entendimento do Superior Tribunal
de Justiça, as ações podem ser ajuizadas tanto na seção judiciária do Rio de Janeiro quanto
no foro de domicílio do outro réu.
4.2 Invenção
A conceituação daquilo que vem a ser invenção não é nada fácil. Trata-se de um bem
incorpóreo, resultado da atividade humana e intelectual do inventor que define técnica até
então desconhecida de todos.
De acordo com o art. 9º da Lei 9.279/1996: “É patenteável como modelo de utilidade o
objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova
forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu
uso ou em sua fabricação”.
O homem toma uma série de procedimentos para chegar à invenção de um determinado
objeto, e esse conjunto de atos é que deve ser compreendido como invenção. O
direcionamento cultural para a invenção tem critério econômico para a produção em escala.
53
188
É a criação original do espírito humano. Os requisitos para que a invenção possa ter proteção
jurídica, além da atividade inventiva, são a novidade e a aplicação industrial. A patente dar-
se-á no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e se faz pelo depósito. A patente
dar-se-á no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e se faz pelo depósito.
Patente
A invenção é compreendida pela criação do ser humano. Enquanto mera descoberta, não
tem proteção. Ex.: O descobrimento de uma planta medicinal não confere ao descobridor
proteção, pois este não empenhou nenhum procedimento para a sua criação, que envolve
um processo natural. Em contrapartida, com a planta e uma série de outros procedimentos,
o homem pode inventar uma droga para a cura de determinada doença.
A novidade vem do fato de determinado produto não ser conhecido no estado da técnica,
assim, é importante salientar que a nossa lei é no sentido da divulgação ocorrida nos 12
meses precedentes à data do depósito ou da prioridade do pedido de patente, se promovida
pelo inventor, pelo INPI ou por terceiros.
A concessão de patentes é desautorizada para situações contrárias à moral, aos costumes e
à segurança, à ordem e à saúde pública; cuida-se da proteção a bens considerados superiores
a quaisquer outros interesses privados, dentro do ordenamento nacional e internacional.
Em conclusão, atendidos os requisitos básicos daquilo que se considera invenção segundo
a originalidade, novidade, atividade inventiva, aplicação industrial e licitude, com o devido
afastamento das proibições e o atendimento ao pagamento da retribuição devida ao INPI, a
patente será concedida para conferir proteção à invenção e modelos de utilidade.
Requisitos da Patente
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188
É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação
industrial.
55
188
É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de
aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que
resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.
A patente confere ao seu titular o direito de impedir que terceiro, sem o seu consentimento,
utilize de qualquer forma a invenção ou modelo de utilidade.
Caso o titular de uma patente opte por autorizar terceiros a utilizarem sua criação, poderá
fazê-lo por meio de um contrato de licença de exploração, que deverá ser averbado no
Instituto Nacional de Propriedade Industrial.
Os direitos de exploração da patente serão compulsoriamente licenciados a terceiros
basicamente quando: a) o titular exerce os direitos dela decorrentes de forma abusiva ou
pratica atos que configurem abuso de poder econômico; e b) pela não disponibilização da
invenção ou do modelo de utilidade diante das necessidades do mercado.
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188
patente, mediante negociação com o interessado ou conforme disposto em norma da
empresa, não se incorporando, a qualquer título, ao salário do empregado.
De outra parte, pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de
utilidade por ele desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e não
decorrente da utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamentos
do empregador.
Ademais, a propriedade de invenção ou de modelo de utilidade será titularidade comum
quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios,
materiais, instalações ou equipamentos do empregador.
A exploração do objeto da patente, na falta de acordo, deverá ser iniciada pelo empregador
dentro do prazo de um ano, contado da data de sua concessão, sob pena de passar à exclusiva
propriedade do empregado a titularidade da patente, salvo se por razões legítimas.
Por fim, no caso de cessão, qualquer dos cotitulares, em igualdade de condições, poderá
exercer o direito de preferência.
57
188
No mesmo sentido, o pedido de patente de modelo de utilidade terá de se referir a um
único modelo principal, que poderá incluir uma pluralidade de elementos distintos, desde
que mantida a unidade técnico-funcional e corporal do objeto.
O relatório deverá conter uma apresentação descritiva clara e suficiente do objeto,
possibilitando sua realização por técnico no assunto, e indicar, quando for o caso, a melhor
forma de execução.
Aqui há uma clara preocupação em identificar a aplicação industrial, requisito da
patenteabilidade de invenções e modelos de utilidade. Havendo material biológico essencial
à realização prática do objeto do pedido, e sendo impossível ou inviável apresentação
descritiva clara e suficiente, o relatório será suplementado por depósito do material em
instituição autorizada pelo INPI ou indicada em acordo internacional.
Havendo reivindicações, estas deverão ser fundamentadas no relatório descritivo,
caracterizando as particularidades do pedido e definindo, de modo claro e preciso, a matéria
objeto da proteção.
É possível que o pedido de patente seja dividido em dois ou mais pedidos, mediante ofício
ou a requerimento do depositante, até o final da análise das condições, desde que o pedido
dividido faça referência específica ao pedido original e não exceda à matéria revelada no
pedido original. O requerimento de divisão que não atender a essas condições será
arquivado.
Os pedidos divididos terão a data de depósito do pedido original e o benefício de prioridade
do original, se for o caso. Cada pedido dividido estará sujeito ao pagamento das retribuições
correspondentes. O pedido de patente retirado ou abandonado será obrigatoriamente
publicado. O pedido de retirada deverá ser apresentado em até 16 meses, contados da data
do depósito ou da prioridade mais antiga.
A retirada de um depósito anterior sem produção de qualquer efeito dará prioridade ao
depósito imediatamente posterior, evitando-se, assim, depósitos de patentes sucessivos com
o intuito de prorrogar o período de proteção.
A próxima fase é do processo de análise do pedido. O INPI guardará o pedido em sigilo pelo
prazo de 18 meses, ocorrendo a publicação após esse prazo. Há de se fazer ressalva quanto
à patente de interesse da defesa nacional na qual o pedido será processado em caráter
sigiloso e não estará sujeito às publicações, devendo o Poder Executivo, no prazo de 60 dias,
manifestar-se sobre o caráter sigiloso, o que, não fazendo dentro do prazo, será processado
regularmente.
A publicação de pedido ao INPI poderá ser antecipada por requerimento do depositante
que não precise do tempo de sigilo para organizar-se melhor no desenvolvimento de sua
criação.
A publicação deverá trazer dados identificadores do pedido de patente, ficando uma cópia
do relatório descritivo, das reivindicações, do resumo e dos desenhos à disposição do público
58
188
no INPI. A publicação é feita na Revista da Propriedade Industrial, publicação oficial do
Instituto Nacional de Propriedade Industrial.
Note-se que, a partir da publicação, todas as pessoas podem ter acesso ao invento e a todos
os detalhes de sua criação, isso porque alguns empresários preferem explorar o seu invento
em segredo de empresa, sob o risco de outra pessoa chegar ao mesmo invento e requerer a
proteção posteriormente, sendo que a proteção é assegurada àquele que primeiro requerê-
la.
Mesmo com a publicação do invento junto ao INPI, as pessoas continuam tendo acesso a ele,
por isso, cabe ao empresário que busca a proteção de seu invento diligenciar no sentido de
fiscalizar seu uso indevido por terceiros, assim como requerer as medidas judiciais cabíveis
para tanto.
Enfim, depois de publicado o pedido de patente, e até o final do exame, será facultada a
apresentação, pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem o exame.
O exame não será iniciado antes de decorridos 60 dias da publicação do pedido. O exame do
pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer interessado, no
prazo de 36 meses contados da data do depósito, sob pena do arquivamento do pedido.
Esse requerimento se faz necessário por conta da velocidade tecnológica que torna os
inventos obsoletos em curto prazo, assim, o INPI somente irá analisar o pedido de patente
que realmente continua sendo interessante ao inventor.
De outra parte, o pedido de patente poderá ser desarquivado se o depositante assim o
requerer, dentro de 60 dias contados do arquivamento, mediante pagamento de uma
retribuição específica, sob pena de arquivamento definitivo.
Uma vez requerido o exame, deverão ser apresentados, no prazo de 60 dias, sempre que
solicitado, sob pena de arquivamento do pedido:
a) objeções, buscas de anterioridade e resultados de exame para concessão de pedido
correspondente em outros países, quando houver reivindicação de prioridade;
b) documentos necessários à regularização do processo e exame do pedido;
c) tradução simples do documento hábil servido de comprovação de reivindicação de
prioridade, caso esta tenha sido substituída pela declaração do depositante.
Do exame técnico será elaborado o relatório de busca e parecer relativo a:
a) patenteabilidade do pedido;
b) adaptação do pedido à natureza reivindicada;
c) reformulação do pedido ou divisão; ou
d) exigências técnicas.
Se o parecer entender pela não patenteabilidade ou pelo não enquadramento do pedido na
natureza reivindicada ou formular qualquer exigência, o depositante será intimado para
manifestar-se no prazo de 90 dias.
59
188
Se o depositante não responder à exigência, o pedido será definitivamente arquivado.
Agora, se o depositante responder à exigência, ainda que não cumprida, ou contestada sua
formulação, e havendo ou não manifestação sobre a patenteabilidade ou o enquadramento,
dar-se-á prosseguimento ao exame.
Findo o exame, será proferida decisão pelo INPI, deferindo ou indeferindo o pedido de
patente. Dessa decisão não cabe recurso, contudo, o terceiro interessado poderá requerer a
nulidade administrativa da patente, assim como o autor poderá acionar o Poder Judiciário.
Sendo o pedido de patente deferido e paga a retribuição correspondente, será concedida a
patente e expedida a carta-patente, de acordo com o art. 38 da LPI: “A patente será
concedida depois de deferido o pedido, e comprovado o pagamento da retribuição
correspondente, expedindo-se a respectiva carta-patente.
O pagamento da retribuição e respectiva comprovação deverão ser efetuados no prazo de
60 (sessenta) dias contados do deferimento. A retribuição prevista neste artigo poderá ainda
ser paga e comprovada dentro de 30 (trinta) dias após o prazo previsto no parágrafo anterior,
independentemente de notificação, mediante pagamento de retribuição específica, sob pena
de arquivamento definitivo do pedido. Reputa-se concedida a patente na data de publicação
do respectivo ato”.
A carta-patente deverá apresentar o número, o título e a natureza do invento, o nome do
inventor, exceto se este requerer a não divulgação de sua nomeação, a qualificação e o
domicílio do titular, o prazo de vigência, o relatório descritivo, as reivindicações e os
desenhos, bem como os dados relativos à prioridade.
A proteção conferida pela patente tem caráter temporário, sendo certo que os prazos em
nossa legislação seguem a linha prevista no Acordo TRIPS, quais sejam:
a) a patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 anos, contados da data de depósito;
b) a patente do modelo de utilidade vigorará pelo prazo 15 anos, contados da data de
depósito.
No caso de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido por pendência
judicial comprovada ou por motivo de força maior, há previsão expressa de que o prazo de
vigência não será inferior a 10 anos para a patente de invenção e a 7 anos para a patente de
modelo de utilidade, a contar da data de concessão.
O teor das reivindicações, interpretado com base no relatório descritivo e nos desenhos,
determina a abrangência da proteção conferida pela patente.
Dessa forma, a patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o seu
consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com esses
propósitos o produto objeto de patente, o processo ou produto obtido diretamente por
processo patenteado, que ocorre quando o possuidor ou proprietário não comprovar,
mediante determinação judicial específica, que o seu produto foi obtido por processo de
fabricação diverso daquele protegido pela patente.
60
188
Tem direito à indenização o titular da patente que estiver diante de exploração indevida de
seu objeto, inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação do pedido
e a da concessão da patente.
Se o infrator obteve, por qualquer meio, conhecimento do conteúdo do pedido depositado,
anteriormente à publicação, contar-se-á o período da exploração indevida para efeito da
indenização a partir da data de início da exploração.
Quando o objeto do pedido de patente se referir a material biológico, o direito à indenização
será somente conferido quando o material biológico tiver se tornado acessível ao público. É
certo que o direito de obter indenização por exploração indevida, inclusive com relação ao
período anterior à concessão da patente, está limitado ao conteúdo do seu objeto.
O art. 43 da LPI estabelece os casos em que é permitida a exploração do objeto patenteado,
nestes termos:
a) em caráter privado e sem finalidade comercial, desde que não acarretem prejuízo ao interesse
econômico do titular da patente;
b) com finalidade experimental, relacionados a estudos ou pesquisas científicas ou tecnológicas;
c) para preparação de medicamento de acordo com prescrição médica para casos individuais,
executada por profissional habilitado, bem como ao medicamento assim preparado;
d) o produto fabricado de acordo com patente de processo ou de produto que tiver sido colocado no
mercado interno diretamente pelo titular da patente ou com seu consentimento;
e) a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, sem finalidade
econômica, o produto patenteado como fonte inicial de variação ou propagação para obter outros
produtos;
f) a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, ponham em circulação
ou comercializem um produto patenteado que haja sido introduzido licitamente no comércio pelo
detentor da patente ou por detentor de licença, desde que o produto patenteado não seja utilizado para
multiplicação ou propagação comercial da matéria viva em causa;
g) atos relacionados à invenção protegida por patente, destinados exclusivamente à produção de
informações, dados e resultados de testes, visando à obtenção do registro de comercialização, no Brasil
ou em outro país, para a exploração e comercialização do produto objeto da patente, após a expiração
dos prazos estipulados de vigência da patente.
Quando se trata de usuário anterior à concessão da patente, ou seja, a pessoa de boa-fé que,
antes da data de depósito ou de prioridade de pedido de patente, explorava seu objeto em
território nacional, terá seu direito assegurado de continuar a exploração, sem ônus, certo
de que o direito somente poderá ser cedido juntamente com o negócio ou empresa, ou parte
desta que tenha direta relação com a exploração do objeto da patente, por alienação ou
arrendamento.
61
188
Esse direito não faz jus a pessoa que tenha tido conhecimento do objeto da patente por meio
de divulgação, desde que o pedido tenha sido depositado no prazo de um ano, contado da
divulgação.
Vigência da Patente
5 – MARCAS
A marca surgiu como indicação de procedência do produto ou artigo. Adquire forma
nominativa, figurativa ou mista.
Para que uma marca possa ser registrada, é indispensável o atendimento de três
condições: a) novidade relativa; b) não colidência com marca notória; e c) não
impedimento.
Quanto à novidade relativa, a expressão linguística ou signo utilizado não precisa ser
necessariamente criado pelo empresário; o que deve ser nova é a utilização daquele signo
62
188
na identificação de produtos industrializados ou comercializados, ou de serviços
prestados.
O princípio da novidade relativa atende a dois subprincípios: a) subprincípio da
anterioridade; e b) subprincípio da especialidade ou especificidade de uma atividade.
O primeiro subprincípio não será relevante se não atendido o segundo. Assim, quando se
referir ao mesmo ramo de atividade, privilegia-se aquele que primeiro fez o registro do
signo ou expressão linguística.
Tratando-se de atividades distintas, pode coexistir o mesmo nome marcário, desde que
não se confundam as atividades e que não gere dúvidas para o consumidor.
Quanto à não colidência com marca notória, se alguém pretender apropriar-se de marca
que evidentemente não lhe pertence, seu pedido poderá ser indeferido pelo INPI,
mesmo que não exista registro anterior da marca no Brasil.
Essa prática consiste em requerer o registro de marcas ainda não exploradas, mas já
utilizadas por outro empresário, responsável pela criação e consolidação da marca no
exterior.
Caso esse empresário de marca exterior intencione expandir seus negócios para o
mercado brasileiro, encontrando-a já registrada em nome de outra pessoa, em princípio,
o titular do direito de exclusividade poderá requerer ao INPI a nulidade do registro
anterior, bem como a concessão do direito industrial em seu nome, desde que demonstre
a notoriedade de sua marca.
Quanto ao não impedimento, é importante considerar que a lei impede o registro, como
marca, de determinados signos.
O impedimento legal obsta o registro do signo como marca, como é o caso da proibição
de utilização da bandeira e do brasão das Forças Armadas, mas não a sua utilização na
identificação de produtos ou serviços.
A proteção da marca se restringe à classe a que pertence, salvo quando o INPI a declara
“marca de alto renome”. Nessa hipótese, a proteção é ampliada a todas as classes.
Súmula 143 do STJ: Prescreve em cinco anos a ação de perdas e danos pelo uso de marca
comercial.
O registro da marca estende-se por dez anos a partir da sua concessão. Ao contrário do prazo da
patente, é prorrogável por períodos iguais e sucessivos, devendo o interessado pleitear a prorrogação
sempre no último ano de vigência do registro.
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188
A ação de nulidade de marca pode ser proposta pelo INPI, ou qualquer pessoa com
legítimo interesse, nos autos da ação. Segundo o disposto no art. 173 da Lei 9.279/1996,
o juiz poderá determinar a suspensão dos efeitos do registro e do uso da marca.
Vejamos uma questão para verificar como esses assuntos foram cobrados em prova
Direito Empresarial
XVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2015.2)
Questão 3
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188
Sumidouro Alimentos em Conserva Ltda. é titular da marca de produto Areal registrada,
em 2004, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), nas classes 29
(cogumelos em conserva) e 31 (cogumelos frescos) da Classificação Internacional de
Marcas de Nice. O registro da marca expirou em 30 de setembro de 2014, mas a
sociedade empresária continuou empregando a marca nos produtos indicados nas
classes acima, tendo solicitado a prorrogação ao INPI, em 28 de novembro de 2014, com
pagamento de retribuição adicional.
65
188
SOCIEDADES
1 – SOCIEDADES LIMITADAS
1.1. CONCEITO
O Código Civil de 2002 regula a matéria, assegurando aos sócios a liberdade de adotar as
regras das sociedades simples ou das sociedades anônimas. Fábio Ulhôa Coelho, em sua obra
As sociedades limitadas no Código Civil, considera as sociedades simples instáveis, pois basta
notificação prévia de 60 dias para a retirada de sócio, enquanto nas sociedades anônimas a
retirada do sócio exige justa causa.
Em regra, as sociedades limitadas adotam, subsidiariamente, as regras das sociedades
simples, e a escolha pelas sociedades por ações para sanar as omissões sobre suas regras é
solução supletiva, em vista do disposto no art. 1.052 do Código Civil.
Verdade é que tal solução é supletiva e não regra geral, em vista da aplicação principal do
Código Civil a partir do art. 1.052. De acordo com o art. 1.053 do Código Civil, se o contrato
social for omisso e houver lacunas na lei, deve-se aplicar a regência supletiva das regras da
sociedade simples, que é uma sociedade de pessoas.
Regência
Tratando-se da responsabilidade limitada dos sócios pelas obrigações sociais, vejamos como
funcionam as regras para a determinação do limite da responsabilidade dos sócios.
Para que a sociedade possa funcionar, é imperioso que receba recursos de seus sócios. A
injeção de capital na sociedade poderá ocorrer à vista ou a prazo. O ato pelo qual o sócio
promete injetar capital na sociedade denomina-se subscrição. Na medida em que esse sócio
de fato ingressa com o capital, ele integraliza o que subscreveu. Equivale a dizer que paga à
sociedade o que prometeu. O pagamento realizado pelos sócios determina seu capital social.
66
188
Segundo o art. 981 do Código Civil, todos os sócios deverão contribuir para a formação do
capital social da sociedade com dinheiro, bens ou créditos, sendo “nula a estipulação
contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e perdas sociais”.
Não é possível a constituição de sociedade por apenas uma pessoa. Em se tratando de
unipessoalidade incidental temporária, por exemplo, no caso de falecimento de um dos
sócios, a pluralidade deve restabelecer-se no prazo máximo de 180 dias, devendo ser
dissolvida a sociedade caso sua reconstituição não ocorra nesse prazo.
A responsabilidade limitada nem sempre é benefício, como segue:
As sociedades limitadas são constituídas por quotas, de maneira que, ao contribuírem para o
capital social, os sócios transferem dinheiro ou bens à sociedade, adquirindo, em
contrapartida, quotas de participação, que perfazem a divisão do capital social. Ao subscrever
uma quota do capital social, o sócio adquire o direito de ser sócio. A seguir, trabalharemos a
possibilidade de cessão de tais quotas.
O capital social da sociedade limitada poderá ser integralizado, no todo ou em parte, com
quotas ou ações de outra sociedade, cabendo aos sócios a escolha do critério de avaliação
das respectivas participações societárias, diante da responsabilidade solidária pela exata
estimação dos bens conferidos ao capital social, nos termos do art. 1.055, § 1º, do Código
Civil.
As quotas podem ser iguais ou desiguais. Isso não quer dizer que as quotas possam ter valores
diferentes, mas que cada sócio pode ter quantidades diferentes de quotas.
67
188
O sócio que subscrever quotas e deixar de integralizá-las em prazo acordado no contrato
social é chamado de “remisso”. A sociedade pode, nesse caso, cobrar do sócio o valor não
integralizado, com juros e correção monetária, ou, se preferir, excluí-lo dos quadros
societários ou, então, reduzir as suas quotas.
Sócio Remisso
Nos demais países, com legislação de origem romana, é livre a cessão de quotas. Todavia, no
nosso direito, tal questão depende de análise, como aquela referente à norma supletiva
adotada pela sociedade limitada em seu contrato social. No silêncio do contrato, a cessão de
quotas é permitida, desde que não haja oposição de sócios que representem 25% do capital
social.
Ainda em relação à questão das quotas, tratemos agora sobre sua penhorabilidade, questão
sempre polêmica, que tem direcionado a doutrina, ao interpretar os arts. 1.057 e 1.058 do
Código Civil, a afirmar essa possibilidade. Vale consignar que o diploma civil se cala quanto à
cessão para a própria sociedade.
Na omissão do contrato social, a cessão de quotas sociais de uma sociedade limitada pode
ser feita por instrumento próprio, averbado no registro da sociedade, independentemente
de alteração contratual, nos termos do art. 1.057 e parágrafo único do Código Civil.
Quotas
68
188
a cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros a partir
da averbação do instrumento próprio no registro da
sociedade, subscrito pelos sócios anuentes.
2. SOCIEDADES LIMITADAS
A sociedade limitada é uma pessoa jurídica e, como tal, é dotada de vontade própria,
expressa pelos sócios em reunião ou assembleia. Assim, havendo pronunciamento por escrito
de todos os sócios, dispensa-se uma e outra. Nas sociedades compostas por poucos sócios,
as deliberações podem ser tomadas em reunião, desde que prevista no contrato social.
Quando a sociedade for constituída por mais de dez sócios, as deliberações deverão ser
tomadas por assembleia, observados todos os seus requisitos e formalidades.
Aliás, quando as deliberações sociais obedecerem à forma de reunião, na sociedade limitada
com até dez sócios, é possível que a representação do sócio seja feita por outras pessoas
além das mencionadas no § 1º do art. 1.074 do Código Civil (outro sócio ou advogado), desde
que prevista no contrato social.
D
e •Sociedades com até 10 sócios
l Reunião
•Representação: procurador sócio ou
i advogado, ou outra pessoa prevista no
contrato social
b
e
r
a
•Sociedades com mais de 10 sócios
ç
õ Assembleia
•Representação: procurador sócio ou
e advogado
s
69
188
Pode-se dispensar a reunião ou assembleia mediante pronunciamento por escrito de todos os
sócios.
A assembleia é necessária para sociedades que contêm mais de dez sócios. A obrigatoriedade
da assembleia começa nos primeiros quatro meses após o final do exercício social; tem por
finalidade apreciar as contas dos administradores, deliberar sobre o balanço, designar
administradores e quaisquer outras matérias, segundo deliberação dos sócios.
Tais assembleias devem ser convocadas pelos administradores, ainda que subsidiariamente
possam ser convocadas pelos sócios ou pelo Conselho Fiscal. Caso os administradores
retardem a convocação da assembleia por mais de 60 dias, os sócios poderão convocá-la.
Vale dizer que sócios que possuem mais de 20% do capital social também poderão convocar
assembleia, caso não atendido em oito dias o pedido de convocação fundamentado, com
indicação das matérias a serem tratadas. O Conselho Fiscal apenas o fará diante do
retardamento da convocação anual por mais de 30 dias ou quando ocorrerem motivos graves
e urgentes.
Finalidades
•Finalidade •obrigatoriedade
•Convocação da assembleia
•apreciar as contas dos administradores começa nos
•deliberar sobre o balaço primeiros quatro
•designar administradores meses após o final
do exercício social
•deliberar sobre quaisquer outras matérias
Assembleia Convocação
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188
Administradores: por
excelência
A convocação dar-se-á pela imprensa, procedimento que pode ser dispensado, desde que
compareçam todos os sócios ou que todos deem ciência de sua realização por escrito, o que
nos parece uma ótima solução, tendo em vista o alto custo desse método.
Caso o procedimento dos editais tenha seguimento, a publicação deverá ser feita por três
vezes na imprensa oficial, além da divulgação em jornal de grande circulação. Da data da
primeira publicação até a realização da assembleia, deve-se observar o prazo de oito dias.
Tomados todos esses procedimentos de convocação, a assembleia pode ser instalada,
exigindo-se, em primeira convocação, a presença de titulares de três quartos do capital social.
A segunda convocação, caso o quórum não tenha sido atingido, ocorrerá do mesmo modo,
porém com antecedência mínima de cinco dias entre a convocação e a realização da
assembleia. Essa assembleia realizar-se-á sem a necessidade de um quórum mínimo de
sócios. É presidida e secretariada por sócios escolhidos entre os presentes.
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188
Imprensa dispensada Imprensa
1ª convocação:
presença de titulares
de 3/4 do capital
observação do prazo de social
ciência, por escrito, de
8 dias da 1ª publicação 2ª convocação:
todos os sócios
até a realização
ocorrerá de
qualquer modo,
observado o prazo
mínimo de 5 dias
entre a convocação
e a realização
Os votos serão contados de acordo com a participação no capital social. o direito de voto
poderá ser exercido pessoalmente ou por procurador que seja sócio ou advogado.
2.2. DELIBERAÇÕES
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188
Deliberações
Quórum
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188
simples notificação com antecedência mínima de sessenta dias (art. 1.209),
dispensando a propositura de ação de dissolução parcial para tal finalidade.
3. Após o decurso do prazo, o contrato societário fica resolvido, de pleno direito, em
relação ao sócio retirante, devendo serem apurados haveres e pagos os valores
devidos na forma do art. 1.031 do CC, considerando-se, pois, termo final daquele prazo
como a data-base para apuração dos haveres.
4. Inexistindo acordo e propondo-se ação de dissolução parcial com fins de apuração
de haveres, os juros de mora serão devidos após o transcurso do prazo nonagesimal
contado desde a liquidação da quota devida (art. 1.031, § 2º, do CC). Precedentes.
5. Recurso especial da empresa parcialmente dissolvida parcialmente provido. Recurso
especial da sócia retirante improvido (REsp 1.602.240/MG, 3ª Turma, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, j. 06.12.2016, DJe 15.12.2016).
Se o contrato social permitir, poderá haver administrador que não seja sócio. Trata-se de
inovação trazida pelo Código Civil.
Existindo permissão no contrato social de administrador não sócio, este será escolhido por
deliberação dos sócios.
O administrador deverá ser investido no cargo mediante um termo de posse a ser assinado
no livro de atas da administração. Essa ata deverá ser registrada na junta comercial, para dar
publicidade ao ato. Se nos 30 dias seguintes após sua nomeação o administrador não
comparecer para assinar o termo de posse, este se tornará sem efeito.
A administração cessa pelo término do contrato, se ele não for reconduzido ao cargo.
Também cessa a administração pela destituição do administrador, que pode ocorrer a
qualquer tempo por deliberação dos sócios.
O Código Civil de 2002 admite a figura do administrador estranho ao quadro social, quando
exista permissão contratual. Caso o capital não esteja integralizado para a permissão de
administrador não sócio, é necessária a aprovação por, no mínimo, 2/3 dos sócios, segundo
o art. 1.061 do mesmo Código.
A nomeação dar-se-á no contrato social ou em ato separado. A distinção na escolha do
instrumento de nomeação traz efeitos na destituição. Exigem-se, no mínimo, dois terços do
capital social, caso a nomeação tenha sido realizada no próprio contrato social, e maioria do
capital social, se a nomeação tiver ocorrido por ato separado. Parte da doutrina não aceita a
pessoa jurídica como administradora, entendimento com o qual não coadunamos.
Em todo caso, o administrador deverá ser pessoa idônea, vedados aqueles condenados por
crimes contra a administração pública, falimentares, de prevaricação, corrupção ativa ou
passiva, concussão, peculato, crime contra a economia popular, contra o sistema financeiro
nacional, contra as normas de defesa da concorrência, as relações de consumo, a fé pública
74
188
ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação (§ 1º do art. 1.011 do
Código Civil).
Saliente-se que não são raras as vezes em que os administradores realizam atos que
extrapolam os limites, imputados ou não a eles, pois são órgãos que expressam a vontade da
sociedade. É também verdade que, se o administrador realizar atos que não extrapolem tais
limites, mas causem prejuízos a terceiros, a responsabilidade será exclusiva da sociedade.
Trabalharemos, daqui por diante, os atos dos administradores realizados em desobediência
à lei ou ao contrato social, não restando dúvida de que estaremos diante de situações em
que somente o administrador será responsabilizado.
A questão inicial está na “aparência”, pois não se pode exigir do terceiro de boa-fé que
sempre, ao contratar com uma sociedade, analise o contrato social e interprete as cláusulas
de poderes do administrador. Não nos parece justo dizer que tais restrições contratuais são
oponíveis a terceiros, pois isso seria uma exigência demasiada.
Se o ato parece regular, é dessa forma que ele deve ser tratado. A sociedade tem culpa in
eligendo, por ter escolhido mal seu gerente, devendo ela suportar tais prejuízos. Esses atos
praticados pelo administrador são conhecidos como atos ultra vires societatis.
Entendemos que o nosso Código Civil acolheu parcialmente a teoria ultra vires, já que o art.
1.015 traz algumas hipóteses em que a sociedade não será responsabilizada pelos atos de
seus administradores. Esses atos jamais poderão ser imputados a terceiros de boa-fé, quando
deverá ser observada a teoria da aparência, exceto nas relações perante fornecedores e
instituições financeiras e de créditos.
As três hipóteses ultra vires societatis, que devem ser aplicadas apenas da maneira já
explicada na presente obra e que estão elencadas no parágrafo único do art. 1.015 do Código
Civil, são as seguintes:
75
188
2) quando o terceiro conhecia do excesso de mandato;
Finalmente, deixamos claro, mais uma vez, que responderá perante consumidores se estes
estiverem de boa-fé e o ato gozar de aparência suficiente para vincular a sociedade, embora
exista entendimento no próprio STJ de que, em tais atos, existe inerência absoluta da má-fé,
entendimento com o qual não coadunamos.
É importante deixarmos claro, mais uma vez, que os terceiros de boa-fé não responderão
pelos atos excessivos do administrador ou da sociedade. a aparência é suficiente para vincular
a sociedade, embora o STJ entenda que a má-fé é absolutamente inerente a tais atos. Frise-se
que não participamos do entendimento do referido Tribunal.
No presente tópico, falaremos daqueles que dão origem às sociedades. Qualquer pessoa
pode ser sócia, inclusive os incapazes, que não poderão exercer direitos de gerência. O art.
977 do Código Civil também faculta a possibilidade de sociedade entre cônjuges, desde que
não estejam casados sob o regime de comunhão universal ou de separação obrigatória.
A sociedade entre cônjuges está proibida de ser constituída nos regimes da comunhão
universal de bens, situação em que há um único patrimônio, e na separação obrigatória,
buscando afastar hipóteses fraudulentas. Aliás, o instituto da sociedade entre cônjuges é
bastante fiscalizado pela legislação e jurisprudência, como a seguir:
76
188
sócio da sociedade empresarial, a singular administração da integralidade das cotas do
ex-casal.
Essa circunstância, que deprime, em nome da preservação da sociedade empresarial,
o pleno direito de propriedade do ex-cônjuge, não sócio, pode dar ensejo a
manipulações que afetem, ainda mais o já vulnerado direito à propriedade. Nessa
linha, forjou-se, para as hipóteses de abuso na gestão empresarial em detrimento de
ex-cônjuge não sócio, ou ainda, de indevida transferência patrimonial do ex-cônjuge,
sócio para a sociedade, a teoria da desconsideração inversa da personalidade jurídica.
Diante das sérias consequências da aplicação dessa teoria, o pedido de quebra de sigilo
bancário da pessoa jurídica, para que a ex-cônjuge consiga um mínimo de
conhecimento sobre o patrimônio imobilizado em cotas, constitui um minus que deve
ser deferido, mormente quando se verifica a ocorrência de vultosa quantia do ex-
cônjuge sócio para a pessoa jurídica.
Recurso conhecido e provido (REsp 1.626.493/SC, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi,
j. 22.09.2016, DJe 04.10.2016).
A solidariedade entre os sócios da sociedade limitada pela exata estimação dos bens
conferidos ao capital social abrange os casos de constituição e aumento do capital e cessa
após cinco anos da data do respectivo registro.
A condição de sócio traz uma série de deveres. De pronto, é imperioso falarmos no dever de
lealdade e de contribuir para a formação do capital social. Caso o sócio não cumpra com essa
obrigação, a sociedade deve notificá-lo para que assim o faça, sob pena de ser considerado
sócio remisso. A sociedade, nesse caso, poderá optar entre:
1) a cobrança dos valores, incluindo perdas e danos;
2) a redução de sua quota; ou
3) a exclusão do sócio remisso, com a consequente devolução de sua parte.
Podemos pensar a exclusão dos sócios da seguinte maneira:
a) Sócio remisso – é aquele que subscreveu, mas não integralizou suas quotas, conforme
pactuado. Nessa hipótese, a sociedade tem duas alternativas: intentar ação perante o sócio
remisso ou, se preferir, simplesmente excluí-lo do quadro societário.
b) Art. 1.085 do Código Civil – quando a maioria dos sócios, representando mais da metade
do capital social, entender que algum deles está pondo em risco a continuidade da sociedade,
por ato de inegável gravidade. Nesse caso, o sócio poderá ser excluído, mediante alteração
contratual, mas desde que no contrato social esteja prevista cláusula de exclusão por justa
causa.
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Para exclusão de sócio minoritário, são necessários três requisitos:
a) que mais da metade do capital social concorde e decida pela exclusão do sócio;
b) que exista previsão expressa de exclusão no contrato social;
c) e que haja justa causa para a exclusão.
Deve ser convocada reunião ou assembleia para esse fim, conferindo-se tempo hábil para a
defesa do acusado.
Contribuindo para a formação do capital social, o sócio adquire determinados direitos, como
o de participação nos lucros e no acervo social, caso haja dissolução da sociedade.
Os sócios ainda têm direito a fiscalização ampla dos negócios da sociedade e da própria
administração, lembrando-se principalmente do direito à participação nas deliberações da
sociedade, ao voto e, finalmente, ao direito de preferência, com conotação pessoal e
patrimonial, na aquisição de quotas da sociedade.
O sócio, não concordando com a modificação do contrato, fusão da sociedade ou qualquer
espécie de incorporação, tem direito de retirar-se da sociedade. Trata-se do chamado direito
de recesso, ato unilateral imposto à sociedade, como prevê o art. 1.077 do Código Civil. O
valor a ser pago ao sócio dissidente deverá ser apurado em balanço especial, nos termos do
art. 1.031 do Código Civil.
A responsabilidade de cada sócio nesse tipo de sociedade é restrita ao valor de suas quotas,
havendo solidariedade quanto à integralização do capital social.4 Após a integralização do
capital social, nada mais pode ser cobrado dos sócios, a não ser em casos excepcionais, como
a desconsideração da personalidade jurídica.
3. SOCIEDADES ANÔNIMAS
As sociedades por ações existem nas seguintes espécies: anônima e comandita por ações.
Ambas estão previstas na Lei 6.404/1976.
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Tais sociedades possuem o capital social dividido em ações; os sócios são chamados
acionistas e sempre será uma sociedade empresária, em razão do disposto no art. 2º, § 1º,
da Lei 6.404/1976.
Obrigatoriamente, a sociedade por ações adota uma denominação (nunca utiliza firma),
acompanhada da expressão S.A. no início, meio ou fim da denominação, ou da expressão Cia.
no início ou no meio da denominação, porém nunca no fim. Essa disposição visa impedir
eventuais confusões entre as sociedades previstas no Código Comercial.
Sociedades por
ações
Sociedades anônimas
Fechadas: seus valores
mobiliários não são negociados
na bolsa de valores ou mercado
de balcão
79
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A subscrição pública para a constituição das sociedades anônimas de capital aberto se dá pela
colocação das ações da sociedade para circulação na bolsa de valores e no mercado de
balcão. Analisemos o que é bolsa de valores e mercado de balcão e, em seguida, o que são
valores mobiliários.
A bolsa de valores e o mercado de balcão formam o mercado de capitais. O mercado de
capitais é regulado pelo Governo Federal, por meio de uma autarquia federal denominada
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), criada pela Lei 6.385/1976, que tem como funções
controlar o mercado de capitais, fiscalizar a emissão de valores mobiliários e autorizar a
constituição de companhias abertas, bem como a emissão e negociação de seus papéis.
Para o registro na comissão de valores mobiliários, o fundador deve procurar uma instituição
financeira e contratar a prestação dos serviços de underwriting, para que suas ações sejam
colocadas no mercado junto aos investidores.
O pedido de registro de emissão na Comissão de Valores Mobiliários, assinado pelo fundador
e por uma instituição financeira, deve ser instruído com o projeto do estatuto, o estudo de
viabilidade econômica e financeira do empreendimento e a minuta do prospecto.
Seguidamente, a constituição por subscrição pública consiste na colocação das ações junto
aos investidores por meio das instituições financeiras intermediárias e demais agentes do
mercado de capitais envolvidos na operação. No término dessa fase, todas as ações da
companhia em constituição devem ter sido subscritas.
Na assembleia de constituição, a validade de certas deliberações está sujeita a quórum
específico. A fundação da sociedade é aprovada desde que não haja oposição de subscritores
representantes de mais da metade do capital social.
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188
Instituição financeira
Sociedade Anônima
→ serviço de
Aberta
underwriting
→ Assinado pelo
fundador e instituição
financeira
→ projeto do estatuto Pedido de registro Subscrição pública
→ estudo de viabilidade
econômica e financeira
do empreendimento
→ Minuta do prospecto Aprovação: sem
Assembleia de oposição de
constituição subscritores
representantes de
mais metade do capital
social
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188
Assembleia de
Sociedade Anônima
Constituição se dá por fundação/ lavratura de
Fechada
subscrição particular escritura pública
Inscrição da sociedade
no Cadastro nacional de
pessoas Jurídicas (CNPJ)
e em cadastros estaduais
ou municipais etc.
82
188
Acionista diretor Acionistas comuns
Responsabilidade Responsabilidade
ilimitada limiada
Havendo mais de um
administrador, todos terão
responsabilidade solidária e
ilimitada
4. MERCADO DE VALORES
Um mercado de valores mobiliários é um “espaço” ou “organização” onde é efetuado o
encontro entre a oferta e a procura de valores mobiliários ou de outros instrumentos
financeiros, um verdadeiro “mercado” com diversas opções para investimento.
No passado, os mercados de valores mobiliários funcionavam em grandes salas onde os
corretores transmitiam, com o auxílio de gestos e sinais, as ordens dadas pelos seus clientes.
A entidade que geria o mercado registrava as diversas ordens de compra e de venda (as
chamadas ordens de bolsa), calculava a cotação de cada valor mobiliário e dava como
realizadas as operações, promovendo a sua liquidação. Atualmente, a negociação realiza-se
por meio de sistemas eletrônicos – os corretores atuam à distância, introduzindo as ordens
dadas pelos seus clientes nos sistemas informáticos de negociação no mercado; quando se
encontram duas ofertas de sentido inverso (uma de venda e outra de compra), o sistema
realiza a operação de compra e venda e informa aos corretores que as enviaram que as
ofertas foram executadas.
O mercado de valores mobiliários é composto por bolsas de valores, sociedades corretoras e
outras instituições financeiras autorizadas. Essas instituições negociam os principais ativos
mobiliários do mercado de capitais, que são:
Ações: títulos emitidos por sociedades anônimas, que representam fração do capital da
empresa, como explicaremos adiante. O investidor em ações é um sócio da sociedade
anônima da qual é acionista, participando dos seus resultados.
83
188
Títulos de financiamento: títulos emitidos para que a companhia possa se capitalizar, como
um dos recursos utilizados em um momento de crise ou mesmo de início de uma nova
atividade ou até por questão de suas atividades quotidianas. O investidor coloca o seu
dinheiro na companhia e recebe um documento que garante direito de crédito em relação à
companhia. Existem autores que acreditam se tratar de um título de crédito, mas preferimos
classificar somente como valores mobiliários, sendo o caso das debêntures.
O mercado de valores mobiliários é dividido em primário e secundário. Qualquer ativo
financeiro tem sua primeira negociação, não importa se uma ação, debênture ou Certificado
de Depósito Bancário (CDB). Um bom exemplo é o da própria ação que representa uma fração
da sociedade anônima que primariamente será subscrita pelos fundadores. Essa transação é
realizada no mercado primário.
Quando o primeiro comprador revende esse ativo a uma terceira pessoa, esta pessoa para
outra e assim por diante, desencadeando um processo de circulação do ativo, essas
operações ocorrem no mercado secundário. Vamos entender melhor sobre essas duas
divisões a seguir:
É onde ocorre a emissão inicial de um título e o seu primeiro negócio. É por meio dele que
empresas obtêm recursos financeiros para os seus investimentos e é também onde os bancos
obtêm capital para financiar as empresas. O patrimônio financeiro obtido é direcionado para
a empresa ou banco que lançou o ativo financeiro.
Também é onde acontece o IPO (Initial Public Offering), ou Oferta Pública Inicial, em que
ações de uma empresa são vendidas ao público na bolsa de valores pela primeira vez. Essa
operação também é realizada com o intuito de captar recursos para financiar os seus
projetos.
Muitos investidores apostam no IPO como uma forma de obter altos lucros, uma vez que as
ações podem ser lançadas em um valor baixo e disparar logo em seguida. Se você está
iniciando, é importante aprender e entender a bolsa de valores antes de apostar em uma
estratégia como essa.
O investidor inicia uma conta em uma corretora e, a partir disso, pode fazer a aquisição de
ações da Petrobras, Vale, Bradesco, Itaú-Unibanco, Kroton Educacional, entre outras.
A Bolsa de Valores tem por objetivo principal permitir a realização de transações de compra
e venda de títulos no mercado secundário, proporcionando liquidez ao mercado por meio
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188
dos pregões diários realizados em meio eletrônico. A bolsa de valores do Brasil é a
BMF&Bovespa, uma das maiores e mais modernas do mundo, que permite que os
investidores possam ter um ambiente mais bem estruturado para as negociações.
4.4. AÇÕES
A ação é uma parcela do capital social e atribui a seu detentor a condição de sócio. Essa
operação é denominada “capitalização”. A doutrina divide as ações, quanto à espécie, em:
ordinárias, preferenciais ou de fruição.
Ordinárias: oferecem direitos e vantagens comuns a todos os acionistas. São chamados
direitos essenciais e estão previstos no art. 109 da Lei 6.404/1976. Todos os acionistas têm
direito, independentemente do previsto no estatuto social ou em assembleia geral, a: 1)
participar dos lucros; 2) participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; 3)
fiscalizar a gestão dos negócios sociais; 4) subscrever, preferentemente, ações ou valores
mobiliários conversíveis em ações emitidos pela S.A.; e 5) retirar-se da sociedade.
A ação ordinária é de emissão obrigatória. O novo mercado de bolsa de valores, seguindo
diretrizes da chamada “governança corporativa”, preceitua que, para que seja possível
ingressar nesse mercado, as companhias devem ter o capital social representado por 100%
de ações ordinárias com direito a voto. A ação ordinária sempre dará direito a voto.
Preferenciais (art. 17): são aquelas que atribuem uma vantagem política e econômica ao seu
detentor, como:
O art. 111, § 1º, da Lei das Sociedades por Ações determina que as ações preferenciais sem
direito de voto adquirirão o exercício desse direito se a companhia, pelo prazo previsto no
Estatuto, não superior a três exercícios consecutivos, deixar de pagar as vantagens que as
ações preferenciais concedem a seu detentor, cessando somente após o pagamento dessas
vantagens.
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188
Existe um número máximo previsto em lei de emissão de ações preferenciais sem direito de
voto. O art. 15, § 2º, determina que companhia não pode emitir mais de 50% do capital social
de ações preferenciais sem direito de voto. A emissão de ações preferenciais é facultativa.
Determina, ainda, a lei que, para que as ações preferenciais possam ser negociadas no
mercado, elas devem atribuir pelo menos uma das seguintes vantagens: 1) direito de
participar do dividendo, em pelo menos 25% daquele a ser distribuído; 2) direito de
recebimento de dividendos, pelo menos 10% superiores àqueles atribuídos à ação ordinária;
ou 3) direito de participar do chamado Tag along (art. 254-A da Lei).
Quando esse acionista majoritário resolve alienar suas ações, estas possuem um sobrevalor,
pois, além de representar parcela do capital social, concedem ao adquirente o poder de
controle da sociedade anônima.
A legislação determina que o adquirente do poder de controle faça uma oferta pública de
aquisição de ações a todos os acionistas minoritários que possuam direito de voto, pagando,
no mínimo, 80% do valor pago ao acionista majoritário.
Poderá o adquirente do poder de controle oferecer aos acionistas minoritários o pagamento
de um prêmio equivalente à diferença entre o valor de mercado e o valor pago por ação
integrante do bloco de controle, desde que estes permaneçam na sociedade (art. 254-A, §
4º, da Lei 6.404/1976).
Nominativas (art. 3º): são representadas por um certificado, e sua transferência se opera por
meio de registro em livro próprio da S.A. (Livro de Transferência das Ações Nominativas). Essa
espécie de ação não é mais utilizada.
Escriturais: são transferidas por uma operação realizada por meio de instituição financeira.
Diferentemente das nominativas, essas ações não possuem cautela (certificado de emissão).
Quase a totalidade das ações encontradas hoje no mercado é escritural.
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188
4.5. FORMAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL
Como já observamos, a sociedade anônima pode obter recursos tanto no mercado financeiro
como no mercado de capitais, por meio da emissão de valores mobiliários. Para a formação
do capital social, vinculam-se somente as contribuições relacionadas à realização do objeto
social que devem ser subscritas pelos sócios. Ao subscrever uma ação, o sócio se compromete
a pagar o preço de emissão nela contido, que não pode ser inferior a seu valor nominal.
O capital social será formado por dinheiro ou quaisquer bens, desde que suscetíveis de
avaliação em dinheiro e fixados em moeda nacional. É possível integralizá-lo em créditos,
sendo proibido em nosso país falar em integralização por meio de serviços. É através dele
que a empresa adquire patrimônio para o exercício de sua atividade, garantindo os credores
e estabelecendo a responsabilidade dos sócios, que se limita ao preço de emissão das ações
que possui.
Por dinheiro
O aumento do capital social servirá para investir na expansão dos negócios, para adequar-se
à nova realidade patrimonial ou mesmo para sanear obrigações empresariais. Existem
algumas possibilidades para a obtenção de novos recursos, além da conversão de valores
mobiliários em ações, como as seguintes:
Emissão de novas ações: exige-se, inicialmente, a integralização de pelo menos 75% do capital
social. A emissão de novas ações deverá ser motivada. Para tanto, faz-se necessária uma
deliberação em assembleia geral extraordinária, permitindo aos acionistas em exercício o
direito de preferência.
87
188
Capital autorizado: caso o estatuto social preveja, para o aumento do capital social basta ato
dos administradores, independentemente de assembleia. O estatuto deve ser bem claro
quanto ao limite, valor, número, espécie e classe das novas ações, assim como quanto ao
órgão competente para deliberar, inclusive sobre o direito de preferência dos acionistas.
Redução
Tipo Aumento
Redução
Redução
Emissão de Capital Direito de facultativa:
Hipóteses novas ações autorizado retirada
compulsória:
capital
sócio remisso
excessivo
4.6. ACIONISTAS
Trataremos agora dos titulares das ações da companhia, admitindo-se, inclusive, acionista
incapaz, que pode ser o empreendedor interessado nos negócios da companhia ou não,
aquele meramente especulador. Acionista controlador é aquele que tem o poder de dirigir a
sociedade.
O art. 116 da Lei das Sociedades por Ações define o acionista controlador como a pessoa,
natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por meio de acordo de acionistas ou
sob controle comum, que possua direitos de acionista que lhe assegurem de modo
permanente a preponderância nas deliberações sociais e, consequentemente, o poder de
eleger a maioria dos administradores, exercendo o domínio sobre o funcionamento da
sociedade em função desse poder. Assim, para ser um acionista controlador, basta ter a
maioria dos votos nas deliberações, ainda que não atinja mais de 50%. O abuso do poder de
controle é tratado no artigo seguinte: 1) orientar a sociedade para fim estranho ao objeto
social ou lesivo ao interesse nacional; 2) favorecer outra sociedade em detrimento dos
minoritários; 3) liquidar companhia rentável; 4) praticar atos de cisão, fusão, incorporação
ou transformação a fim de obter vantagem indevida; 5) praticar atos alheios ao interesse da
companhia; 6) eleger administrador que saiba ser inapto, moral ou tecnicamente; 7) induzir
88
188
os administradores à prática de atos ilegais; 8) contratar com a companhia diretamente ou
por meio transverso em condições de favorecimento, não estendidas a outros; 9) aprovar
contas irregulares; 10) subscrever novas ações, com bens estranhos ao objeto social da
companhia.
•Controlador
Tipo
•Minoritários
Tipo
Primeiramente, impõe-se a contribuição para o capital social, que pode incidir sobre bens ou
dinheiro, podendo ocorrer no momento da aquisição da ação ou posteriormente. Na
hipótese de acionista remisso, a sociedade pode executá-lo ou promover a venda
extrajudicial de suas ações. Caso a sociedade não consiga fazê-lo integralizar suas ações, deve
apropriar-se destas em razão da decadência, já que o remisso decai de seus direitos
decorrentes das ações.
Ao acionista impõe-se o dever de lealdade para com a sociedade, na medida em que não
pode exercer seus direitos em detrimento dos direitos da sociedade.
89
188
4.6.2 Direitos dos acionistas
Os direitos essenciais dos acionistas estão reconhecidos no art. 109 da Lei das Sociedades por
Ações, quais sejam: participação nos lucros; direito à participação no acervo social, em caso
de liquidação; direito de fiscalização; direito de preferência; e direito de retirada.
Acionistas
Para financiar iniciativas a médio e longo prazos, como ampliar uma fábrica, comprar uma
nova linha de maquinário ou trocar a frota de veículos, uma empresa precisa de recursos
financeiros. Dentre as alternativas disponíveis para levantar esses recursos está a emissão de
um valor mobiliário.
4.7.1. Debêntures
Para emitir debêntures, a empresa deve ter seu capital representado por ações e ser uma
sociedade anônima. Sendo assim, a debênture tem uma característica especial em relação a
outros títulos de crédito: é uma alternativa de financiamento que precisa da aprovação dos
acionistas, pois sua emissão não pode ser decidida pela diretoria da empresa isoladamente.
Somente companhias abertas podem emitir publicamente debêntures, devendo, então,
seguir alguns procedimentos, como convocar uma Assembleia Geral dos acionistas para
autorizar a emissão, elaborar uma escritura de emissão registrada em cartório, efetuar o
registro dessa emissão na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), emitir e providenciar a
negociação das debêntures no mercado comprador. Além disso, a empresa emissora deve
90
188
pagar aos investidores as debêntures no vencimento, na forma prevista na escritura de
emissão.
Todas as emissões públicas de debêntures devem, obrigatoriamente, ser registradas na CVM.
As companhias de capital fechado só podem realizar emissões privadas com oferta a
acionistas ou a grupos restritos de investidores que atendam a requisitos previstos em lei e
estatuto.
Assim, a debênture é usada pelas empresas para captar recursos. Como é uma dívida, a
pessoa que a compra passa a ser credor da empresa e, quando a empresa paga a dívida, paga
também uma remuneração adicional, que é o seu prêmio pelo empréstimo.
Dentre esses institutos surgiram outros meios para as empresas se capitalizarem, como no
caso da emissão de ações e obrigações junto ao mercado de capitais. O Bônus de Subscrição
surgiu com a publicação da Lei 6.404/1976 e tornou-se um importante instrumento para
captação de recursos e viabilização de investimentos de implantação de novos projetos.
O bônus de subscrição, além de oferecer a alternativa de captação de recursos para as
companhias, é também uma ótima opção para os investidores.
A sua natureza é de valor mobiliário emitido por Sociedades Anônimas que atribuem aos seus
titulares, nas condições constantes do certificado, o direito de preferência para subscrever
novas ações na sociedade emissora, na hipótese de futuro aumento de capital. A emissão de
bônus de subscrição deve respeitar o limite de aumento de capital autorizado no estatuto
(art. 168 da Lei 6.404/1976).
Interessante observar que o bônus de subscrição não obriga seu titular à subscrição futura
de capital, na verdade, ele apenas lhe confere o direito, não a obrigação, de subscrever. Por
isso mesmo, caso o titular não exerça seu direito de subscrição, apenas perderá a preferência
a dita subscrição das respectivas ações.
O art. 75, caput, da Lei 6.404/1976 exige o pagamento do preço de emissão das ações a serem
subscritas, além da apresentação do título, atestando dessa maneira a cartularidade do
bônus. Caracterizando-se, assim, sua abstração e autonomia, distanciando-se do negócio que
lhe deu origem, para fazer com que circule por meio de sucessão de obrigações, ou seja, por
meio da transmissão de um direito novo e autônomo desprendido da relação original.
A emissão dos bônus de subscrição é competência da assembleia geral de acionistas, mas o
Estatuto Social da sociedade poderá atribuir ao conselho de administração essa faculdade,
desde que respeitado o limite do capital autorizado. É didático ressaltar que Capital
Autorizado é o limite que o estatuto da Sociedade Anônima (ou companhias) estabelece para
futuro aumento de capital, independentemente de reforma estatutária. Os acionistas da
companhia gozarão de preferência para subscrever a emissão de bônus, nos termos dos arts.
91
188
171 e 172 da Lei 6.404/1976, que dispõem sobre o direito de preferência e da exclusão desse
mesmo direito.
4.8.1. Forma
Os bônus de subscrição nominativos são aqueles em que o nome do seu titular consta
expresso no certificado, desse modo, a sociedade identifica no documento as pessoas que
possuem o direito de subscrever ações do capital social.
Lembramos que a emissão do certificado de bônus de subscrição somente será permitida
depois de cumpridas as formalidades necessárias ao funcionamento legal da sociedade, sob
pena de nulidade do certificado e responsabilidade dos infratores.
Os certificados de bônus de subscrição serão escritos em vernáculo e conterão as seguintes
declarações:
– o valor do capital social, a data do ato que o tiver fixado, o número de ações em que se
divide e o valor nominal das ações, ou a declaração de que não têm valor nominal
– o número de ordem
– o número, a espécie e a classe das ações que poderão ser subscritas, o preço de emissão
ou os critérios para sua determinação
– a época em que o direito de subscrição poderá ser exercido e a data do término do prazo
para esse exercício
92
188
A omissão de qualquer dessas declarações dá ao acionista direito à indenização por perdas e
danos contra a companhia e os diretores na gestão dos quais os certificados tenham sido
emitidos.
Como dito anteriormente, o bônus de subscrição são valores mobiliários, por isso mesmo,
podem ser livremente negociados em Bolsa de Valores ou em mercado de balcão, sempre
observando as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Do mesmo
modo que ocorre com as ações, o preço dos bônus pode ser livremente fixado, sendo assim,
são regulados pelas leis do mercado (Oferta e Demanda).
Na prática, a situação conjuntural da empresa será um dos fatores preponderantes da
variação ou estabilidade do preço do bônus de subscrição. As vantagens podem ser grandes
quando se compra bônus de companhias cujas ações são cotadas de forma muito volátil. O
aumento rápido na cotação das ações fará subir a procura pelo bônus de subscrição dessa
companhia e, consequentemente, haverá um aumento no preço deste. Os investidores
podem auferir grandes ganhos nessas condições.
São títulos negociáveis sem valor nominal e estranhos ao capital social da companhia, que
podem ser criados a qualquer tempo pelas Sociedades Anônimas de Capital Fechado. Esses
títulos podem ser negociados pela companhia ou cedidos gratuitamente aos acionistas,
fundadores ou terceiros, como os empregados e clientes, entre outros, em remuneração
pelos serviços prestados à companhia, de acordo com a vontade desta, nos termos de seu
Estatuto Social ou conforme deliberação em assembleia geral dos acionistas. O único direito
que o detentor desses títulos tem é a participação nos lucros anuais da companhia, que não
poderá ser superior a 10% do lucro apurado.
As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela companhia, nas condições determinadas
pelo Estatuto ou pela assembleia geral da companhia fechada, ou atribuídas a fundadores,
acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços prestados à companhia.
Advertência: “É vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias”.
Cabe ao Estatuto Social fixar o prazo de duração das partes beneficiárias, que não podem ser
emitidas por prazo indeterminado. Esse prazo não será superior a 10 anos, quando se
referirem a partes beneficiárias de atribuição gratuita, salvo se destinadas a sociedades ou
fundações beneficentes dos empregados da companhia.
Além disso, a criação desse título implica também a criação de uma reserva especial para
resgatá-lo ao termo de sua duração, ou seja, no seu vencimento. Findo o prazo de duração,
93
188
a companhia deverá recolher as partes beneficiárias para cancelamento, procedendo, logo
em seguida, ao pagamento do valor ao legítimo portador, utilizando para tanto os recursos
existentes na reserva especial criada.
O Estatuto Social da companhia poderá prever a conversão das partes beneficiárias em ações,
mediante capitalização de reserva criada para tal fim. O cálculo da quantidade de ações a
receber é feito de forma a não causar diluição injustificada da participação patrimonial dos
acionistas no capital social, porém a participação percentual sempre será reduzida, pois não
será permitido subscrever esse aumento.
4.9.4. Certificados
94
188
Por fim, registramos que as partes beneficiárias poderão ser objeto de depósito com emissão
de certificado, nos termos do art. 43 da Lei das SA.
Tendo em vista que é possível que no curso das atividades empresariais seja necessário
modificar ou reduzir vantagens conferidas às partes beneficiárias, a Lei contempla essa
hipótese, exigindo para tanto a aprovação de, no mínimo, metade dos seus titulares, reunidos
em assembleia geral especial. Dita assembleia deverá ser convocada, por meio da imprensa,
de acordo com as exigências para convocação das assembleias de acionistas, com um mês de
antecedência, no mínimo.
Se, após duas convocações, a assembleia deixar de se instalar por falta de número, somente
seis meses depois outra poderá ser convocada. Nesse caso, deliberará em primeira
convocação, com o quórum qualificado previsto no art. 136 da Lei das SA e, em segunda
convocação, decidirá com qualquer número.
Cada parte beneficiária dá direito a um voto, não podendo a companhia votar com os títulos
que possuir em tesouraria.
A companhia poderá usar dos serviços de agente fiduciário dos seus titulares para a emissão
de partes beneficiárias, observadas as normas que regem a ação do agente fiduciário dos
debenturistas, prevista nos arts. 66 a 71 da Lei das SA.
São títulos de curto prazo emitidos por empresas sociedades por ações, exceto as instituições
financeiras, as sociedades corretoras e distribuidoras de valores mobiliários e as sociedades
de arrendamento mercantil, com a finalidade de captar recursos no mercado interno para
financiar suas necessidades de capital de giro.
É uma alternativa às operações de empréstimos bancários convencionais, pois geralmente
permitem uma redução nas taxas de juros pela eliminação da intermediação financeira e,
diante da possibilidade de os tomadores negociarem diretamente com os investidores de
mercado, as commercial papers imprimem maior agilidade às captações das empresas.
As commercial papers podem ser transferidas de titularidade mediante endosso em preto, e
os custos de emissão são, em geral, formados pelos juros pagos aos aplicadores, comissões e
despesas diversas, tais como publicações, taxas de registro na CVM, entre outros.
O seu prazo mínimo de aplicação é de 30 dias e o máximo é de 360 dias. As empresas se
utilizam desse recurso para financiar atividades de curto prazo e necessidades de capital de
giro, por exemplo.
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188
Para o investidor, a rentabilidade é definida pelos juros pagos pela empresa, podendo ser
prefixados ou pós-fixados, com um indexador definido no contrato. Há também a emissão
em dólares.
A garantia da aplicação está vinculada à situação financeira da empresa. Assim como as
debêntures, há necessidade de registrar a emissão junto à CVM e de contratar uma
instituição financeira para a intermediação.
Há possibilidades de venda antes do vencimento para outro investidor, bastando transferir a
titularidade por meio de endosso, e vice-versa, mas, para isso, é preciso que tenha decorrido
o prazo mínimo de 30 dias.
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Assembleia Geral
Órgão deliberativo
máximo do qual todos
os acionistas podem
participar
Ordinária Extraordinária
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Conselho de Administração
4.11.3. Diretoria
É órgão de representação da sociedade por ações, sendo obrigatório, composto por dois ou
mais membros, pessoas naturais, acionistas ou não. Estes são escolhidos pelo Conselho de
Administração e, quando não houver um Conselho, pela Assembleia Geral e são destituíveis
a qualquer tempo por esses órgãos. A gestão dos membros será de três anos, permitindo-se
a reeleição.
Diretoria
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188
4.11.4. Conselho Fiscal
Conselho Fiscal
4.12.1. Deveres
Dever de diligência: está previsto no art. 153 da Lei das Sociedades por Ações; o
administrador, no exercício das suas funções, deve ter a diligência que todo homem ativo e
probo tem na condução de seus próprios negócios.
Dever de lealdade: o art. 155 da Lei das Sociedades por Ações dispõe que o administrador
não pode se valer de informações que obteve em razão de seu cargo, em proveito próprio ou
alheio, independentemente de causar prejuízo ou não à sociedade.
Dever de informação: o administrador tem o dever de informar à companhia se é acionista,
quanto recebe de dividendos, se possui ações em outras companhias, bem como tem o dever
de informar o mercado sobre fatos relevantes que possam influir na aquisição de valores
mobiliários.
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4.12.2. Responsabilidade dos administradores
O administrador, em atos regulares de gestão, não pode ser pessoalmente responsável pelas
obrigações que contrair em nome da sociedade; responderá civilmente, entretanto, pelos
prejuízos que causar quando proceder: 1) dentro de suas atribuições ou poderes com dolo
ou culpa; ou 2) violando a lei ou o estatuto. Quanto a esta última hipótese, existe discussão
na doutrina a respeito da espécie de responsabilidade, se objetiva ou subjetiva. Modesto
Carvalhosa entende que a responsabilidade é sempre objetiva, não se indagando a respeito
de dolo ou culpa do administrador.
Dever de diligência
Dever de
informação
Da leitura do art. 158 da Lei 6.404/1976, é possível visualizar duas hipóteses para a
responsabilização civil dos administradores. A primeira delas diz respeito aos eventuais
prejuízos que possam ser causados por culpa ou dolo do administrador, mesmo na hipótese
de não ter havido a extrapolação de suas atribuições e poderes, cabendo à sociedade
comprovar a atitude culposa de seu gestor. Outra hipótese se configura na violação de lei ou
mesmo do estatuto da companhia. Todavia, é importante ressaltar o texto do art. 158, que
prevê que o administrador não poderá ser pessoalmente responsável pelas obrigações
contraídas em nome da companhia e em virtude de ato regular de gestão. O termo “ato
regular de gestão” adquire extrema importância na definição da responsabilidade, trazendo
a necessidade de ampla avaliação do caso concreto para que se possa concluir sobre a
necessidade de responsabilização acerca dos institutos da negligência, imprudência e
imperícia, sendo necessário analisar o § 6º do art. 159 das Sociedades Anônimas, que prevê
100
188
a exclusão da responsabilidade do administrador caso tenha ele agido de boa-fé, visando os
interesses e objeto social da companhia.
Ainda, o § 2º do art. 158 da Lei 6.404/1976 prevê que os administradores respondem
solidariamente por prejuízos que decorram do não cumprimento dos deveres legais. O fato
de o estatuto da companhia não atribuir todas as responsabilidades a todos os
administradores não exime um administrador de responder solidariamente por algum dever
não cumprido que, contudo, não seja expressamente seu. Assim, caso o administrador tenha
conhecimento dos fatos de terceiros, contrários aos deveres legais, e não tome nenhuma
medida para impedir o ilícito, responderá solidariamente. Da mesma forma, responderá caso
seja conivente com os atos praticados por outro administrador, ou, então, caso seja
negligente ao descobrir os fatos já praticados ou na iminência de acontecer. O § 1º do art.
158 traz a possibilidade para que, mesmo que o administrador venha a ter conhecimento de
fatos desvantajosos ou contrários à empresa, para que possa se eximir de qualquer
responsabilidade, registre uma objeção em reunião do órgão de administração competente,
levando o fato a conhecimento do conselho fiscal da assembleia geral. Vale considerar
também que, mesmo estranho à administração da sociedade, caso venha a se beneficiar em
conjunto com um administrador, praticando ato que viole a lei ou o estatuto, responderá
solidariamente ao administrador por previsão constante no § 5º do art. 158 da Lei
6.404/1976.
A ação de responsabilidade ganha um capítulo próprio a partir do art. 159, que expressa:
“Compete à companhia mediante prévia deliberação da assembleia geral, a ação de
responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio”.
São duas espécies de ações: a primeira delas seria aquela em que a companhia tem prioridade
e, somente caso não exerça essa prioridade, poderá ser substituída por qualquer acionista. E
uma segunda espécie de ação teria características de ação individual, passível de interposição
pelos acionistas, considerando a ação proposta pelo substituto como a mesma proposta pela
companhia, conforme a previsão expressa da segunda parte do § 7º do art. 159. Retomando
a análise dos parágrafos do art. 159 da LSA, é justamente no seu § 3º que se encontra a
previsão da substituição da companhia por qualquer acionista para a propositura da ação de
responsabilidade contra o administrador. A regra diz que se, no prazo de três meses após a
deliberação da assembleia, a companhia não tomar as providências para que a ação seja
proposta, poderá, então, qualquer acionista formulá-la visando a garantia de seus direitos.
Pouco importa a porcentagem do capital social que detém esse acionista. Caso um acionista,
individualmente, não detenha essa porcentagem mínima de ações da companhia, poderá ele,
em conjunto com outros acionistas, compor um litisconsórcio para que os 5% necessários
sejam atingidos. Existe, ainda, outra hipótese em que poderá um acionista, ou um conjunto
que represente ao menos 5% do capital, formular o pedido de ação. “Será legitimado, ainda,
o acionista individualmente a propor a ação de responsabilidade civil, no caso de recusarem
os administradores a fazer constar da ordem do dia a deliberação sobre a matéria, ou se,
101
188
embora sendo consequência direta do assunto nela incluído, negar-se a mesa a reconhecê-
lo, trancando a discussão e deliberação a respeito.
A propositura da ação de responsabilidade, em face de um ou mais administradores de uma
determinada companhia, tem como objetivo restabelecer o seu bom funcionamento,
voltando, então, a buscar os fins para os quais ela foi constituída. Para que a ação de
responsabilidade seja proposta, conforme a regra do caput do citado artigo, deve ter havido
prévia deliberação da assembleia geral nesse sentido.
O § 1º do artigo vem para especificar que tanto a assembleia geral ordinária como a
extraordinária podem apreciar tal matéria, contudo, para que a apreciação ocorra em
assembleia geral extraordinária, ela deve ter sido prevista na ordem do dia ou então ter sido
consequência direta de algum assunto incluído na assembleia. Uma vez deliberado o assunto,
caso haja a confirmação da necessidade de propositura da ação de responsabilidade, o
administrador ou administradores que figurarão no polo passivo da demanda ficarão
impedidos do exercício de seus cargos, devendo, então, ocorrer as suas substituições
imediatas por outros administradores, ainda na mesma assembleia. O administrador
demandado, como consequência de sua destituição, se afasta de seus poderes inerentes à
administração. O administrador não poderá voltar a ocupar o cargo, independentemente do
resultado da ação. O § 5º do artigo regula, então, o direito do acionista de ser ressarcido dos
gastos decorrentes da defesa da companhia. Nesse caso, a companhia deverá efetuar o
pagamento dos valores, inclusive com correção monetária e juros aplicáveis.
O art. 116, parágrafo único, estabelece que “o acionista controlador deve usar o poder com
o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres
e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para
com a comunidade em que atua, cujos diretos e interesses deve lealmente respeitar e
atender”. O art. 117, § 1º, “a”, arrola como modalidade de exercício abusivo de poder do
acionista controlador a orientação da companhia “para fim lesivo ao interesse nacional, ou
levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dos
acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da economia nacional”.
102
188
TÍTULOS DE CRÉDITO
1 – REQUISITOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Fácil circulação:
agilidade nas
relações
cambiais
Atributos dos
Títulos de Crédito
Executividade:
ausência de
discussão sobre
existência/
exigibilidade
obrigação
103
188
A posse do título é o pressuposto para alguém exercer o direito nele mencionado. Não
basta, porém, a apresentação da fotocópia, ainda que autenticada. É preciso a exibição do
título de crédito original, pois só assim se tem a garantia de que não houve sua circulação.
Vale ainda ressaltar que o título de crédito é documento, isto é, um papel escrito, dotado de
conteúdo e identificação do signatário com valor probatório.
O escrito, para ser título de crédito, deve ser lançado em papel, não se admitindo gravações,
filmagens, nem pen drive ou similar. Não existe, também, título de crédito oral.
Sobre as exceções ao princípio da cartularidade, cumpre mencionar duas, a seguir:
A primeira é o protesto por indicações da duplicata, já que será possível protestar o título
mesmo sem tê-lo em mãos, já que o protesto se dará com a mera posse do comprovante de
entrega de mercadorias, cópia do livro de duplicatas ou uma segunda via do título.
A segunda é a possibilidade de se mover ação de execução com base em fotocópia,
comprovando-se que o original se encontra apreendido em inquérito policial ou processo-
crime, aguardando a realização da perícia.
LITERALIDADE: O direito que, por meio do título de crédito, se pretende exercer deve estar
literalmente nele mencionado. Aliás, qualquer relação jurídica relacionada com o título de
crédito só é levada em consideração quando nele constar expressamente.
O aval, por exemplo, quando lançado fora do título de crédito, ainda que por escritura
pública, não tem a natureza jurídica de aval, embora possa valer como fiança.
A quitação lançada em documento separado, isto é, fora do título, não produz efeitos.
Igualmente, o endosso em separado não surte efeito algum.
Pelo princípio da literalidade, só é levado em consideração o que está escrito no título de
crédito, e, por consequência, as obrigações inseridas em separado a ele não se integram.
Exceção a esse princípio verifica-se na duplicata, pois o § 1º do art. 9º da Lei 5.474/1968
admite a quitação, pelo legítimo possuidor do título, em documento separado.
AUTONOMIA: Esse princípio é explicado por intermédio de sub-princípios, a seguir:
A) ABSTRAÇÃO: o princípio da abstração consagra a irrelevância da causa que deu origem
ao título, em relação ao terceiro de boa-fé para o qual este fora transferido.
Se, por exemplo, um cheque obtido mediante extorsão é transferido pelo extorsionário a um
terceiro de boa-fé, este poderá descontá-lo validamente.
Outro exemplo: se o vendedor de carro roubado transfere a terceiro de boa-fé o título de
crédito que recebera em pagamento, este poderá cobrar o título do comprador que
desconhecia a origem criminosa do bem adquirido.
O princípio da abstração, porém, só é aplicado em relação ao terceiro, que de boa-fé
adquiriu o título de crédito de um dos contratantes. Não é aplicado entre os contratantes,
pois eles se obrigam pelo contrato, e, por consequência, o vício que o contamina é uma
defesa pessoal alegável para inibir o pagamento do título de crédito.
104
188
Nos exemplos acima, os contratantes que fora vítima de extorsão e o que emitiu o título de
crédito para comprar o carro roubado podem se recusar, perante o outro contratante, a
efetuar o pagamento do título de crédito, invocando, para tanto, a nulidade da obrigação
fundamental que originou a sua emissão.
Força convir, portanto, que o princípio da abstração só entra em cena quando o título de
crédito é posto em circulação, aplicando-se, tão somente, entre as pessoas que não
contrataram entre si.
B) INDEPENDÊNCIA: o princípio da autonomia consagra a independência das relações
jurídicas constantes no título de crédito.
Se, por exemplo, o emitente da letra de câmbio for incapaz, ainda assim o credor poderá
exigir o pagamento do devedor, isto é, do aceitante, sendo que este último, em razão do
princípio da autonomia, não poderá alegar a nulidade do título pelo fato de ter sido emitido
por incapaz.
Assim, a nulidade de uma obrigação lançada no título não contamina as outras obrigações
nele mencionadas, porque elas são autônomas, propiciando-se, destarte, que o possuidor de
boa-fé execute um direito próprio, assim, não pode ser restringido ou destruído em virtude
das relações entre os anteriores possuidores e o devedor, pois cada obrigação que deriva do
título é autônoma em relação às demais.
INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES AOS TERCEIROS DE BOA-FÉ: dispõe o art. 17 da Lei
Uniforme de Genebra:
As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador
exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os
portadores anteriores, a menos que o portador, ao adquirir a letra, tenha
procedido conscientemente em detrimento do devedor.
Assim, o princípio da inoponibilidade consubstancia-se na proibição de o devedor, no plano
processual, alegar, em face do portador do título de crédito, as defesas pessoais que poderia
sustentar contra os coobrigados anteriores.
Vê-se, assim, que o terceiro de boa-fé, quando adquire o título de crédito, o recebe
purificado, não tendo, pois, que se preocupar com os fatos modificativos ou extintivos
atinentes aos direitos de seus antecessores.
Se, por exemplo, a relação fundamental, isto é, que originou a emissão de um título de
crédito envolvendo “Marta” e “Cristiane”, diz respeito à venda de um automóvel, e este
apresenta algum vício redibitório, referido fato não poderá ser alegado pelo devedor ao
terceiro que, de boa-fé, houver adquirido o título.
105
188
Títulos de Crédito - Características
Materialização do Direitos e
Abstração: causa ou Inoponibilidade de
título: modelos obrigações devem
origem do título é exceções pessoais
livres e vinculados constar
irrelevante ao
expressamente do
terceiro de boa-fé
título
106
188
Comuns: inexistência, invalidade ou
inexigibilidade
A. Quanto ao modelo
MODELOS LIVRES: são aqueles que não possuem uma forma ou padrão preestabelecido pela
lei, portanto, podem ser confeccionados de forma livre, utilizando-se de modelo próprio,
desde que estejam presentes os requisitos legais que devem constar no conteúdo do título.
Ex.: letra de câmbio e nota promissória.
107
188
MODELOS VINCULADOS: são aqueles que possuem uma forma ou padrão predeterminado
pela lei, significando que o direito definiu um padrão para o preenchimento dos requisitos
específicos de cada um. Ex.: cheque e duplicata.
Ninguém pode confeccionar um impresso, constando tratar-se de cheque, pois cheque
somente será o título que o banco (sacado) fornece ao emitente (sacador), seguindo-se o
modelo estatuído pela lei.
Portanto, ainda que constem todos os requisitos do cheque num impresso de confecção
própria, o sacado (banco) deverá recusar o pagamento quando de sua apresentação.
CAUSAIS: são aqueles que somente podem ser emitidos se ocorrer o fato que a lei elegeu
como causa possível para sua emissão. Ex.: duplicata mercantil.
NÃO CAUSAIS (OU ABSTRATOS): são aqueles que podem ser criados por qualquer causa,
representando obrigação de qualquer natureza, já que o título, a partir do momento em que
é emitido, torna-se livre da causa que lhe originou. Ex.: letra de câmbio, cheque e nota
promissória.
AO PORTADOR: são aqueles que não identificam o credor, sendo transmissíveis por mera
tradição.
NOMINATIVOS: são aqueles que identificam o credor, isto é, o título é emitido em favor de
pessoa cujo nome conste no registro do emitente, sendo que sua transmissão pressupõe,
além da tradição, outro ato jurídico (endosso ou cessão de crédito).
Os títulos nominativos podem ser “à ordem” ou “não à ordem”. Os títulos nominativos à
ordem são aqueles que podem ser transferidos pelo beneficiário a um terceiro mediante
endosso.
108
188
1.2.5. Quanto ao conteúdo
TÍTULOS DE CRÉDITO PROPRIAMENTE DITOS: são aqueles que dão direito a uma prestação
de coisa fungível, isto é, coisas que podem ser substituídas por outras da mesma espécie,
quantidade e qualidade. Ex.: título representativo de uma quantia em dinheiro – cheque.
TÍTULOS DESTINADOS À AQUISIÇÃO DE DIREITOS REAIS SOBRE COISAS DETERMINADAS:
importam na aquisição de um direito real sobre a mercadoria depositada. Ex.: conhecimento
de depósito.
TÍTULOS QUE ATRIBUEM A QUALIDADE DE SÓCIO: são aqueles que permitem a seu titular
exercer determinadas funções ou praticar certos atos. Ex.: ações.
TÍTULOS IMPROPRIAMENTE DITOS, TAMBÉM CHAMADOS “DE LEGITIMAÇÃO”: são aqueles
que dão ao titular o direito de reclamar certos serviços. Ex.: bilhete de estrada de ferro.
1.3.1. Saque
1.3.2. Aceite
Aceite é o ato pelo qual o sacado concorda em pagar a dívida constante do título ao
portador ou àquele que estiver designado no título.
O aceite somente ocorre na letra de câmbio e na duplicata, já que na nota promissória e no
cheque este ato não ocorre. Aquele que aceita é chamado de aceitante.
109
188
O aceite de uma letra de câmbio não é obrigatório, portanto, ninguém é obrigado a aceitar
este título; porém, aceitando o título, tornar-se-á devedor da quantia nele mencionada.
Já na duplicata, o aceite é obrigatório, sendo que o sacado somente poderá recusar o aceite
se a mercadoria não foi recebida ou foi avariada, se houve vícios na qualidade ou quantidade
da mercadoria ou divergências nos prazos ou preços ajustados (art. 8º da LD), ou, tratando-
se de prestação de serviço, se o serviço não corresponde ao que foi efetivamente contratado,
por vícios ou defeitos na qualidade do serviço prestado devidamente comprovados, ou se
houver divergências nos prazos ou preços ajustados (art. 21 da LD). Nestas hipóteses acima,
é lícito ao sacado recusar o aceite.
O aceite resulta da simples assinatura do sacado lançada no anverso do título, podendo ser
firmada no verso, desde que identificado o ato praticado pela expressão “aceito” ou outra
equivalente.
O aceitante torna-se o devedor principal do título, significando que o beneficiário deste, no
vencimento, poderá procurá-lo, inicialmente, para cobrar o pagamento, sendo que, na recusa
deste, nada impede que o beneficiário cobre dos demais coobrigados (sacador, endossatários
e avalistas).
Na letra de câmbio, embora seja comportamento lícito a recusa do aceite, isso importa na
antecipação do vencimento da dívida, a fim de resguardar os interesses do tomador do
título.
É possível o aceite parcial na letra de câmbio. O aceite é parcial quando é limitativo ou
modificativo. No primeiro, o aceitante concorda com parte do valor do título. No segundo, o
aceitante adere ao título, porém as condições fixadas sofrem alterações. Daquela parte em
que houve recusa do aceite, considera-se antecipado o vencimento da dívida.
1.3.3. Endosso
Endosso é o ato pelo qual o beneficiário de um título opera sua transferência a outrem.
Evidente que a transferência do título a terceiro se efetiva mediante a tradição, já que é
necessária a apresentação do título para sua cobrança. (“cartularidade”).
Aquele que transfere o título é chamado de endossante (ou endossador). O adquirente do
título é chamado de endossatário. Não há limites para o número de endossos, podendo ser
endossado diversas vezes ou nunca ser endossado.
O endosso pode ser “em branco”, quando não identificado o endossatário, tornando-se
título ao portador, ou “em preto”, quando o endossatário é identificado, tornando-se título
nominativo.
O endosso resulta da simples assinatura do credor do título lançado no seu verso, podendo
ser feita sob a expressão “pague-se a ...” (endosso em preto) ou simplesmente “pague-se”
(endosso em branco), ou sob outra expressão equivalente, não podendo o endossador
limitar-se a assinar o título.
110
188
No endosso em branco, a transferência do título pode ser feita mediante mera tradição,
hipótese em que o credor do título que o transfere não ficará coobrigado. É nulo o endosso
parcial.
O endosso condicional, em que a transferência do crédito fica subordinada a alguma
condição, resolutiva ou suspensiva, não é nulo, mas referida condição será ineficaz, porque
a lei a considera não escrita.
Existem inúmeras espécies de endosso, como endosso-caução, endosso sem garantia,
endosso mandato, endosso póstumo e outros.
São efeitos do endosso:
a) o endossante transfere a titularidade do crédito representado pelo título;
b) o endossante continua codevedor do título, sendo que, na hipótese de inadimplemento
do sacado, o endossante pode ser chamado pelo beneficiário a fim de adimplir o débito.
Conforme já mencionado, a transferência de titularidade de crédito que não é representado
por título de crédito é chamada de cessão civil de crédito, que apresenta outros efeitos que
não o do endosso. Dentre as diferenças, destacamos:
a) o endossatário poderá executar o crédito contra o endossante caso o devedor não pague
a dívida; já o cedente responde, em regra, apenas pela existência do crédito pelo tempo que
o cedeu (art. 295 do CC), e não pela solvência do devedor (art. 296 do CC);
b) o devedor poderá defender-se, quando executado pelo cessionário, arguindo matérias
atinentes à sua relação com o cedente (art. 294 do CC), mas não poderá defender-se, quando
executado pelo endossatário, arguindo matérias atinentes à sua relação jurídica com o
endossante (princípio da autonomia das obrigações cambiais – inoponibilidade das exceções
pessoais aos terceiros de boa-fé).
Por fim, há endossos que produzem efeitos de cessão civil de crédito, isto é, endosso em
que o endossante não responde, em regra, pela solvência do devedor e em que o
endossatário não adquire obrigação autônoma. São duas hipóteses, a saber:
a) endosso praticado após o protesto por falta de pagamento ou do transcurso do prazo
legal para a extração desse protesto (endosso póstumo); e
b) endosso de título com a cláusula “não à ordem”.
1.3.4. Aval
Aval é o ato em que uma pessoa garante o pagamento do título em favor do devedor
principal ou de um coobrigado. Quem dá garantia de pagamento é chamado de avalista. A
quem é dada a garantia é chamado de avalizado.
O aval pode ser total ou parcial, e o avalista é responsável da mesma forma que o seu
avalizado, sendo sua obrigação autônoma em relação ao avalizado.
111
188
Portanto, eventual nulidade da obrigação do avalizado não compromete a do avalista. Em
face dessa autonomia, o avalista antecipado (aquele dado antes do aceite) responde pela
dívida ainda que não tenha ocorrido o aceite pelo avalizado.
O aval resulta da simples assinatura do avalista no anverso do título, sob alguma expressão
indicativa do ato praticado como “por aval” ou equivalente. Se o avalista quiser firmar no
verso do título, somente poderá fazê-lo identificando o ato praticado.
O aval pode ser “em branco”, quando não é identificado o avalizado, e “em preto”, quando é
identificado.
A garantia de um crédito dado sem efeitos cambiários é a fiança.
Distingue-se a fiança do aval no seguinte: a obrigação do fiador é acessória em relação ao
afiançado (arts. 824 e 837 do CC); a obrigação do avalista é autônoma, independente da do
avalizado.
Em decorrência dessa distinção, a lei concede ao fiador o benefício da ordem (art. 827 do
CC), o que não ocorre com o avalista, que pode ser executado independentemente de
eventual cobrança em face do avalizado.
Inovação trazida pelo Código Civil de 2002, no sentido protetivo da família, tem-se que tanto
a fiança quanto o aval devem ser dados mediante outorga uxória, exceto no regime de
separação absoluta de bens (art. 1.647, III, do CC), o que não ocorria no direito anterior, em
que somente a fiança exigia outorga uxória, qualquer que fosse o regime (art. 235, III, do
CC/1916).
1.4.1. Vencimento
1.4.2. Pagamento
112
188
os coobrigados posteriores. Se o pagamento é feito pelo devedor, extinguem-se todas as
obrigações.
O pagamento deve ser feito no vencimento. Caindo o vencimento no final de semana ou
feriado, o pagamento deverá ser feito no primeiro dia útil seguinte ao do vencimento, sendo
que, para fins cambiais, considera-se útil o dia em que há expediente bancário,
independentemente de ser ou não feriado local ou nacional.
O local do pagamento é aquele constante do título.
A prova do pagamento do título é feita mediante a quitação dada pelo credor ao devedor.
Assim, pago o título, este deverá ser entregue ao devedor, até porque, se tal título vier a ser
endossado a um terceiro de boa-fé, este poderá cobrar novamente o título e o devedor
acabará sendo compelido a proceder a um segundo pagamento.
1.4.3. Protesto
a) Conceito
O protesto é o ato formal de responsabilidade do portador do título caracterizado por ser
um ato público, solene, levado a efeito extrajudicialmente, pelo qual o devedor toma
conhecimento de que o portador do título de crédito líquido e certo exige seu aceite ou
pagamento e manifesta sua vontade de ressalvar seu direito regressivo contra os
coobrigados.
O protesto também é levado a efeito para as hipóteses de falta de aceite, por falta de data
do aceite. O protesto faz prova da mora do devedor, demonstrando que não houve
cumprimento da obrigação constante do título.
b) O protesto cria direitos ou é mero meio de prova?
O protesto extrajudicial não cria direitos, somente faz prova da mora do devedor e
resguarda o direito de cobrança em face dos coobrigados.
c) Qualidade de protestante e protestado
No protesto por falta de pagamento, o protestado é o sacado; no protesto por falta de
aceite, o protestado é o sacador, já que o sacado, por não haver aceitado o título, está livre
da obrigação constante deste.
d) Prazo para o protesto
A lei estabelece os prazos para apresentação do título para protesto. Descumprindo tal
prazo, o portador do título perderá o direito de crédito contra os coobrigados do título –
sacador, endossantes e avalistas.
e) Protesto facultativo e obrigatório
O protesto facultativo é aquele utilizado somente para caracterizar a impontualidade do
devedor, constituindo prova da existência de mora, portanto, não sendo imprescindível para
viabilizar o ajuizamento da ação executiva em face do devedor principal ou de seu avalista.
113
188
O protesto obrigatório é aquele utilizado para caracterizar a impontualidade do devedor,
sendo necessário para viabilizar o ajuizamento de ação executiva em face do sacador, dos
endossantes e seus respectivos avalistas, isto é, indispensável para o exercício da ação de
regresso.
f) Protesto especial
É o protesto necessário para se requerer a falência de um empresário por atos de
impontualidade, inclusive de títulos que normalmente não estão sujeitos ao protesto
comum, como a sentença judicial (art. 10 da Lei de Recuperação de Empresas e Falências).
Nos cartórios há um livro especial para o seu registro e segundo a Súmula 361, STJ, deve
indicar o nome de quem recebe a notificação sobre a hipótese de protesto.
g) Protesto judicial e extrajudicial
O protesto judicial é procedimento judicial disciplinado a prevenir eventuais
responsabilidades de terceiros, alertando-os a fazerem alguma coisa de determinada forma
ou a não fazerem, sob pena de responderem por perdas e danos.
Ex.: protesto por alienação de bens.
O protesto extrajudicial é aquele levado a efeito perante o Oficial de Registro de Protesto,
com a finalidade principal de provar a falta de aceite ou de pagamento do devedor,
ressalvando-se direitos em relação aos coobrigados.
h) Tipos de protesto
(1) Por falta de pagamento;
(2) Por falta de aceite;
(3) Por falta de devolução;
(4) Para determinar o vencimento extraordinário (antecipado) na ocorrência de falência do
aceitante;
(5) protesto especial (art. 10 da LF).
i) Local do protesto
Em regra, o local do protesto é aquele onde deve ser exigida a obrigação. As partes podem
eleger outro local, de comum acordo.
j) Intimação
Constitui-se num dos requisitos fundamentais, sendo que, se o devedor não for encontrado,
far-se-á pela imprensa.
A Lei 9.492/1997 regulamenta o protesto de títulos de créditos e outros documentos,
estabelecendo em seu art. 14 que o tabelião procederá da seguinte forma: intimação
pessoal, que será feita por portador do próprio tabelião (oficial do cartório); intimação por
outros meios (avisos, cartas, notificações), desde que comprovado seu recebimento
mediante protocolo, aviso de recebimento ou outro meio equivalente; intimação por edital
114
188
(será feita quando a pessoa indicada para aceitar ou pagar for desconhecida, de localização
incerta ou ignorada, quando o devedor for residente fora da competência territorial do
tabelionato ou quando ninguém se dispuser a receber a intimação no endereço fornecido
pelo apresentador do título).
k) Protesto por indicação
Ocorre na hipótese em que o título entregue ao devedor para dar seu aceite não foi devolvido
sem motivo justificado, sendo que o portador terá de tirar o protesto mediante simples
indicação feita ao Oficial de Protesto, uma vez que não dispõe do título para apresentá-lo ao
serventuário.
115
188
Contudo, nas duas hipóteses, é desnecessária a indicação da causa debendi como
fundamento fático para a cobrança do débito.
A Lei Uniforme (art. 70) fixou o prazo prescricional para a ação cambial. Assim, temos:
Todas as ações contra ao aceitante
•Seis meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele
próprio foi acionado
– Promessa:
– Nominativo: emitido em
emitente/sacador e
nome de pessoa natural ou
beneficiário/tomador –
jurídica – À ordem:
– Livre: não tem padrão Ordem de pagamento:
emitido em benefício da
definido – Vinculado: parte que dá ordem, parte
pessoa indicada ou a
padrão específico que deve cumprir a ordem
indicar – Mistos:
e parte beneficiária da
nominativos/ao portador
ordem
116
188
2. LETRA DE CÂMBIO E NOTA PROMISSÓRIA
2. 1. LETRA DE CÂMBIO
2.1.1. Saque
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento. Portanto, seu saque ou emissão geram três
relações jurídicas. O sacador emite a ordem para que o sacado pague e o tomador se
beneficie.
O saque autoriza o tomador a procurar o sacado para, ocorridas determinadas condições,
receber a quantia referida no título, e vincula o sacador ao pagamento da letra de câmbio.
Caso o sacado não pague ao tomador o valor mencionado na letra de câmbio, poderá este
cobrar o valor do sacador, na medida em que o sacador, ao praticar o saque, tornou-se
codevedor do título.
117
188
Requisitos da
Letra de Câmbio
Nome do
Nome do sacado
beneficiário
Lugar do Época do
pagamento pagamento
Os requisitos da letra de câmbio e dos demais títulos de crédito podem ser preenchidos até
o momento em que a cártula é apresentada para cobrança ou protesto, viabilizando-se,
destarte, a sua circulação em branco ou incompleta, estando, pois, o portador de boa-fé
legitimado a preenchê-la, ostentando a condição de mandatário tácito do sacador.
Sobre o assunto, dispõe a Súmula 387 do STF:
A cambial emitida ou aceita com omissão ou em branco pode ser completada pelo
credor de boa-fé, antes da cobrança ou do protesto.
Vê-se, assim, que é inadmissível a cobrança, a execução ou o protesto de título de crédito
que não esteja devidamente preenchido.
Cumpre ainda esclarecer que até mesmo o saque da letra de câmbio, e não apenas os demais
atos cambiários, pode ser realizado por procurador com poderes especiais.
Todavia, em conformidade com o art. 8º da Lei Uniforme, todo aquele que opuser a sua
assinatura numa letra, como representante de uma pessoa, sem que tenha poderes para
tanto ou então extrapolando os seus poderes, fica obrigado pela aludida letra, mas, em
contrapartida, se “A” pagar, passa a ter os mesmos direitos que o pretendido representado
teria. A mesma regra se aplica ao representante que tenha excedido os seus poderes.
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2.1.2. Aceite
O aceite é o ato cambial pelo qual o sacado de uma ordem de pagamento a prazo concorda
em se obrigar a efetuar o pagamento no vencimento do título que lhe é apresentado.
O sacado, antes do aceite, não é ainda devedor da letra. Aliás, na letra de câmbio, o aceite é
facultativo. Contudo, ao aceitá-la, o sacado passa a se chamar aceitante, tornando-se o
devedor principal do título.
Assim, a letra de câmbio a prazo é apresentada ao sacado duas vezes. A primeira é para o
aceite, a segunda, para o pagamento.
Aceite
É denominado “vista” ou “vista para aceite” o ato pelo qual o portador da letra a apresenta
ao sacado para que este dê sua anuência ao pagamento.
O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra “aceite” ou qualquer outra
palavra equivalente, como, por exemplo, a expressão “de acordo”. Vale, também, como
aceite, a simples assinatura do sacado aposta no anverso da letra.
Em resumo, o aceite, no anverso, pode se expressar com a mera assinatura do sacado, mas,
no verso, além dessa assinatura, é necessária a inserção escrita da palavra “aceite” ou outra
equivalente.
Aceite limitativo: é aquele em que o sacado aceita pagar apenas uma parte do valor do título.
Cláusula não aceitável: é a que traz a proibição do aceite antes da data de seu vencimento.
119
188
Recusa do aceite •Sacado se desobriga
•A obrigação vence antecipadamente contra o
sacador
•Proibição do aceite
Cláusula não aceitável •Título é apresentado ao sacado apenas na
oportunidade para pagamento
2.1.3. Endosso
No que se refere ao ato jurídico que opera a transferência da titularidade, os títulos de crédito
são obrigatoriamente nominativos, e poderão ser “à ordem” ou “não à ordem”.
Os títulos “à ordem” são aqueles cuja circulação ocorre mediante endosso; a cláusula “não
à ordem” inviabiliza o endosso, devendo a transferência da titularidade da letra de câmbio
operar-se pela via da cessão civil de crédito, conforme preceitua a segunda parte do art. 11
da Lei Uniforme.
Endosso é o ato cambiário que opera a transferência do crédito, representado por um título
“à ordem”. A cláusula “à ordem” é tácita. Dessa forma, para que um título de crédito seja
considerado “à ordem” e, portanto, transferível por endosso, basta que não contenha uma
cláusula “não à ordem”.
O endossante e o endossatário são as partes envolvidas no endosso. O primeiro é o
proprietário do título de crédito, ostentando, em razão disso, a qualidade de credor da
cártula. O segundo é a pessoa para a qual o título foi transferido, sendo, pois, o seu novo
proprietário, assumindo também a posição de credor.
É claro que apenas o proprietário do título de crédito desfruta de legitimidade para
endossá-lo, porquanto ninguém pode transferir direitos que não possui, distinguindo-se,
assim, do aval, que é uma garantia dada por terceiro estranho ao título.
Não há limite ao número de endosso. Este pode ser feito em favor de qualquer pessoa,
inclusive do próprio sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer outro coobrigado,
sendo que estas pessoas poderão endossar novamente a letra.
O primeiro endosso deverá ser efetuado pelo tomador, que é o primeiro credor do título. O
segundo endossador ou endossante é o endossatário do tomador, e assim sucessivamente.
Cada endossante, ao endossar o título de crédito a um endossatário, deixa de ser credor do
valor nele mencionado, passando a figurar como codevedor juntamente com os demais
endossadores e o sacado. Endosso em preto é o que identifica o nome do endossatário,
revelando-se pela expressão “pague-se a Fausto Silva”.
120
188
Endosso em branco é o que não identifica o endossatário, revelando-se por simples
assinatura do endossante no verso do título ou no anverso pela expressão “pague-se” ou
outra equivalente.
Com o endosso em branco, transforma-se o título em “ao portador”, podendo, desde então,
ser transferido com a mera tradição, prescindindo-se de um novo endosso.
No endosso em branco, porém, continua existindo a figura do endossatário, considerando-se
como tal o portador do título.
Não obstante, o endosso em branco autoriza a transferência do título pela simples tradição,
transformando-o em “ao portador”, sendo certo que, por força do art. 1º da Lei 8.021/1990,
no momento do pagamento, é obrigatória a identificação do beneficiado, inserindo-se o seu
nome no espaço em branco em que se lançou o endosso.
Essa prática já era possível, nos termos do art. 14 da Lei Uniforme, mas tornou-se obrigatória
com a Lei 8.021/1990, funcionando como um mecanismo de controle fiscal.
Endosso em preto
•Identifica o endossatário
•"Pague-se a ..."
Endosso em branco
Endosso Mandato
121
188
De fato, o endossatário-mandatário não é o credor do título, mas mero representante do
credor, e, sendo assim, o devedor não pode se opor ao pagamento com as defesas que teria
perante esse endossatário.
O mandatário tem legitimidade para protestar o título e executá-lo judicialmente por meio
das expressões “por procuração” ou “pague-se por procuração”, “valor a cobrar”, “para
cobrança”, ou qualquer outra que implique em simples mandato.
De acordo com o art. 18 da Lei Uniforme, o mandato que resulta de um endosso por
procuração não se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandante,
excepcionando-se, destarte, a norma contrária prevista no Código Civil.
Convém, ainda, acrescentar que, no endosso-mandato, os poderes do mandatário
circunscrevem-se à cobrança da cártula e demais direitos emergentes do título de crédito,
podendo, inclusive, endossá-lo, como salientado anteriormente, e desfrutar de todos os
direitos emergentes da letra.
Súmula 476 do STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por
danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário.
122
188
Endosso Tardio
Súmula 475 do STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido, o endossatário
que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou
intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas.
2.1.4. Aval
Aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa garante o pagamento do título de crédito em
favor de outro coobrigado. Essa garantia é dada por um terceiro ou mesmo por signatário da
letra de câmbio (art. 3º da Lei Uniforme).
Vê-se, assim, que pessoas já coobrigadas, como o sacador, aceitante e endossantes, podem
avalizar o título, mas, em regra, não se visualiza utilidade prática em semelhantes avais,
porquanto elas já são, por força de lei, devedoras solidárias da cártula; referidos avais só não
serão inócuos quando forem em benefício de um coobrigado mais próximo, porque daí o
avalista poderá ser cobrado com antecedência. Isso ocorre, por exemplo, quando o sacador
ou endossante concede aval em favor do aceitante.
O avalista ou dador de aval é a pessoa que se responsabiliza pelo pagamento, tornando-se,
pois, coobrigado, da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada.
O avalizado, por sua vez, é a pessoa em favor de quem foi dado o aval. A propósito, o aval
deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação, entender-se-á pelo sacador (art.
31 da Lei Uniforme).
O avalista deve ser capaz, mas sua incapacidade limita-se a anular o aval, mantendo-se a
validade do título de crédito, por força do princípio da autonomia das obrigações cambiais
(art. 7º da Lei Uniforme). De fato, a obrigação do avalista é autônoma e independente das
obrigações assumidas pelos demais signatários do título, circunstância que levou Rubens
Requião a afirmar que o aval dado a uma assinatura falsa, ou a obrigação assumida por um
menor incapaz, não é atingido pela nulidade decorrente da falsificação ou da incapacidade
do menor.
123
188
Aval
Responsabilidade Solidária
Sobre o assunto, também dispõe o art. 32 da Lei Uniforme que a obrigação do avalista se
mantém, mesmo no caso de obrigação que ele garantia ser nula por qualquer razão que não
seja um vício de forma. Assim, somente o vício de forma, como, por exemplo, o aval dado em
documento separado, é capaz de excluir a obrigação do avalista.
Aval em branco é o que não identifica o avalizado, reputando-se como tal o sacador (art. 31
da Lei Uniforme).
Aval em preto, ao revés, é o que identifica expressamente o avalizado. Nesse caso, o
beneficiado pode ser qualquer coobrigado do título (aceitante, sacador, endossantes e
avalistas).
Avais simultâneos são os lançados por dois ou mais avalistas em favor do mesmo avalizado.
É quando o devedor tem mais de um avalista.
Avais sucessivos ocorrem quando um avalista garante o outro avalista. É quando um avalista
também tem avalista. De acordo com a jurisprudência, não se presume, dependendo, pois,
de cláusula expressa de sucessividade.
124
188
Em branco: é aquele que não identifica o avalizado, portanto
reputa-se o sacador
Aval
Os avais em branco, quando superpostos em linhas, isto é, com uma assinatura acima da
outra, são considerados simultâneos, em benefício do sacador, ainda que figurem em série,
com número de ordem (primeiro avalista, segundo avalista etc.), consoante dispõe a Súmula
189 do STF, cujo teor é o seguinte:
Súmula 189 do STF: Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e
não sucessivos.
2.1.5. Vencimento
125
188
são nulas. O vencimento poderá ser à vista, a certo termo da data, a certo termo da vista ou
a dia certo.
A certo termo da vista: é aquela em que o vencimento se opera num determinado período,
cujo termo inicial é a data do aceite ou a data do protesto por falta de aceite. As letras a certo
termo de vista devem ser apresentadas ao aceite dentro do prazo de um ano, a contar da
data do saque, mas o sacador pode reduzir esse prazo ou estipular um prazo maior, sendo
que esses prazos também podem ser reduzidos pelos endossantes (art. 23 da Lei Uniforme).
Se não for apresentado dentro desses prazos, o portador não poderá exercer o direito de
regresso contra os coobrigados anteriores. Na falta de data do aceite, por dolo ou negligência
do aceitante, o portador da letra de câmbio possui três opções: a primeira é inserir no título
a data do aceite, procedendo-se com boa-fé (Súmula 387 do STF). A segunda é providenciar
o protesto por falta de data do aceite, para que o aceitante seja intimado a datá-lo, sob pena
de ser considerada a data do protesto como sendo o dia do aceite. A terceira é considerar a
data do último dia do prazo para a apresentação ao aceite (art. 35 da Lei Uniforme).
A certo termo da data: tem-se o vencimento após o transcurso de um lapso temporal iniciado
na data do saque.
A data certa: tem-se por vencido o título em dia predeterminado pelas partes.
Vencimento
126
188
As regras de contagem do prazo de vencimento no direito cambiário estão dispostas no art.
36 da Lei Uniforme.
Ressalte-se que, para efeito de contagem de prazo, dia útil é aquele em que há expediente
bancário.
As obrigações de pagar, em geral, poderão ser quesíveis (quérable) ou portáveis (portable).
São quesíveis quando cabe ao credor a iniciativa de procurar o devedor para a satisfação de
seu crédito. São portáveis quando cabe ao devedor a iniciativa de procurar o credor para o
pagamento de seu débito.
2.1.6. Protesto
O protesto é um ato notarial que visa documentar, no próprio título, a ocorrência de um fato
que tem relevância para as relações cambiais. A letra de câmbio comporta três tipos de
protesto: por falta de aceite; por falta de data de aceite; e por falta de pagamento.
O protesto por falta de aceite é cabível quando o sacado, antes do vencimento da letra de
câmbio, se recusa a emitir o aceite ou não é encontrado para aceitá-la.
De fato, quando se trata de uma letra de câmbio à vista, não há que se falar em protesto por
falta de aceite. Referido título é apresentado ao sacado, no dia do vencimento, apenas para
pagamento, e não para aceite, sendo que a sua recusa enseja o protesto por falta de
pagamento contra o sacador e outros coobrigados.
Fran Martins ainda admite o protesto por falta de aceite quando o sacado se recusa a
devolver a letra de câmbio, em 24 horas, viabilizando-se o protesto mediante as indicações
da letra de câmbio ao oficial de protesto, descrevendo seus requisitos.
O protesto por falta de aceite é extraído contra o sacador, mas o cartório intimará o sacado
a manifestar se irá ou não aceitar a letra de câmbio. Aceitando-a, o protesto não se realiza.
Recusando-se o aceite, o protesto se concretiza na pessoa do sacador, tendo em vista que o
sacado não é obrigado a aceitar a letra de câmbio. O protesto por falta de aceite deve ser
feito nos prazos fixados para a apresentação do aceite (art. 44 da LU), que, grosso modo, é
de um ano a contar do saque, salvo se o sacador reduziu esse prazo, ou estipulou outro maior,
ou se esses prazos foram reduzidos pelos endossantes. Se a letra de câmbio for apresentada
para aceite no último dia do prazo fixado e o sacado houver pedido o prazo de respiro, para
que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte, o protesto ainda poderá
se realizar no dia seguinte ao último dia do prazo.
Convém, ainda, esclarecer que o protesto por falta de aceite dispensa o protesto por falta de
pagamento em relação ao sacador, viabilizando-se, desde logo, contra ele, a cobrança judicial
(art. 44 da LU).
127
188
• Antes do vencimento da letra
de câmbio
Por falta de aceite
• Sacado se recusa a emitir o
aceite ou não é encontrado para
aceitá-lo
• Facultativo em relação ao
aceitante e respectivo avalista
Por falta de
pagamento • Necessário para a cobrança
judicial em relação aos demais
coobrigados
A certo termo da data ou de vista e dia fixo: o protesto deve ser feito
num dos dois dias úteis seguintes àquele em que a letra de câmbio
é pagável.
À vista: o protesto deve ser feito dentro do prazo de um ano, a
contar da data do saque, salvo se fixado outro prazo.
2.1.7. Prescrição
128
188
diferentemente do estatuído pelo §1º do art. 204 do Código Civil, segundo o qual, a
interrupção efetuada contra devedor solidário envolve os demais devedores.
Prevalece, no entanto, para o direito cambiário, o art. 71 da Lei Uniforme, conforme já
salientado anteriormente.
O art. 48 do Decreto 2.044/1908 admite, após a prescrição, ação baseada na proibição do
enriquecimento sem causa, dispondo o seguinte:
Sem embargo da desoneração da responsabilidade cambial, o sacador ou
aceitante fica obrigado a restituir ao portador com os juros legais, a soma com a
qual se locupletou à custa deste. A ação do portador, para esse fim, é a ordinária.
3 anos, a contar da data do vencimento do título: contra devedor principal e seu avalista
Prescrição
É a promessa de pagamento que uma pessoa faz a outra. Vimos que, quando do saque das
letras de câmbio, surgem três situações jurídicas distintas: sacador, sacado e tomador.
Tratando-se de notas promissórias, surgem duas situações jurídicas distintas: aquele que
promete pagar determinada quantia e o beneficiário dessa promessa. A pessoa que
promete pagar denomina-se sacador, promitente ou emitente.
A pessoa em favor de quem é feita a promessa denomina-se sacado ou beneficiário.
Os requisitos essenciais das notas promissórias são:
129
188
a) denominação “nota promissória” expressa no idioma empregado no título;
b) promessa pura e simples de pagar quantia determinada;
c) pessoa a quem deve ser paga;
d) data de emissão;
e) assinatura do emitente.
Nota Promissória
3. CHEQUE
3.1. CARACTERÍSTICAS
Cheque é o título de crédito emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja
equiparada, contendo uma ordem de pagamento à vista.
130
188
1.Contrato
Sacador Sacado
(correntista) (Banco)
Beneficiário
(lojista)
3. Apresentação do título ao
2. Emissão
Banco para pagamento
O cheque é disciplinado pela Lei 7.357/1985, cujo art. 32 dispõe que ele é pagável à vista,
considerando-se não escrita qualquer menção em contrário. Não se admite, como se vê, a
cláusula de pagamento a prazo, mas a sua inserção não anula o cheque, sendo, pois, reputada
não escrita, isto é, inexistente.
A propósito, o parágrafo único do citado art. 32 preceitua que o cheque apresentado para
pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação.
Convém ainda frisar que o cheque é emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe
seja equiparada, sob pena de não valer como cheque (art. 3º). O sacador é o emitente do
cheque e o sacado é o banco, sendo o beneficiário aquele em favor do qual determinada
quantia é paga.
A falta de fundos disponíveis não prejudica a validade do título como cheque (art. 4º).
É da competência do Conselho Monetário Nacional expedir normas relativas à matéria
bancária relacionada com o cheque (art. 69 da Lei 7.357/1985). Dentre essas normas, merece
destaque a que transforma o cheque em título de modelo vinculado, cujo papel fornecido
pelo banco, em talão ou avulso, deve observar formato normativo.
131
188
O prazo de apresentação do cheque será de:
a) 30 dias, tratando-se de cheque da mesma praça;
b) 60 dias, tratando-se de cheques de praças diferentes.
O termo inicial para a contagem do prazo de prescrição do cheque é a expiração do prazo de
apresentação citado anteriormente, que será de seis meses.
Mesma Praças
praça distintas
30 dias 60 dias
+
6 meses
A prescrição da pretensão executória não atinge o próprio direito material ou crédito, que
podem ser exercidos ou cobrados por outra via processual, admitida pelo ordenamento
jurídico.
Após o transcurso do prazo prescricional, o cheque não será mais considerado título
executivo; porém, como título monitório, poderá consubstanciar prova escrita para o
ajuizamento da ação monitória.
Nesse sentido, as Súmulas 503, 504 e 505 do STJ também seguiram a orientação
jurisprudencial anterior e a seguir citada, principalmente para definir o prazo quinquenal e o
termo inicial da contagem prescricional, seja o dia seguinte ao vencimento do título:
132
188
3.2. CHEQUE CRUZADO
O cheque cruzado, por sua vez, é o que contém, no anverso, dois traços paralelos, inseridos
pelo emitente ou por qualquer portador.
A finalidade do cruzamento, que é evitar que o cheque seja pago diretamente no caixa da
agência bancária sem que se identifique o beneficiado, na verdade, é atingida por qualquer
cheque de valor superior a cem reais, independentemente de cruzamento, pois, a partir
desse valor, o cheque tem que ser nominativo.
Força, portanto, convir que a utilidade prática do cruzamento cinge-se aos cheques ao
portador, que, no Brasil, não pode ter valor superior a cem reais. Uma vez cruzado, veda-se
o saque direto no caixa, exigindo-se, pois, o depósito do cheque, realizando-se, destarte, a
identificação do beneficiado.
O cruzamento é em branco se entre os dois traços não houver nenhuma indicação do nome
do banco ou, então, existir apenas a indicação “banco”, ou outra equivalente.
O cheque com cruzamento geral pode ser pago pelo banco sacado a outro banco, ou a
cliente do sacado, mediante crédito em conta.
O cruzamento é especial ou em preto se entre os dois traços existir a indicação do nome do
banco. O cheque com cruzamento especial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado
ou, se este for o sacado, a cliente seu, mediante crédito em conta. Se o credor não tiver conta
no banco indicado, ficará impedido de depositar o cheque, restando-lhe, no entanto, a opção
de endossar o cheque.
O cruzamento é irretratável. A propósito, dispõe o § 3º do art. 44 da Lei 7.357/1985 que a
inutilização do cruzamento ou do nome do banco é reputada como não existente. O
cruzamento geral pode ser convertido em especial, mas este não pode converter-se naquele.
A Lei 7.357/1985, em seu art. 46, define cheque para ser levado em conta como aquele que
possui cláusula proibindo o seu pagamento em dinheiro.
Essa cláusula, que pode ser inserida pelo emitente ou por qualquer portador, é revelada pela
expressão “para ser creditado em conta”, ou outra equivalente, escrita de forma transversal
no anverso do título.
Nesse caso, o pagamento pelo sacado é feito por lançamento contábil, após o depósito do
cheque, consistente em crédito em conta do depositante ou transferência para outra conta,
a pedido do depositante, ou, ainda, por compensação, caso o depositante esteja em débito
com o banco no qual o cheque fora depositado.
Aludida cláusula é irretratável, reputando-se não escrita a sua eventual inutilização. O
depósito do cheque em conta de seu beneficiário dispensa o respectivo endosso.
133
188
Conquanto seja comum, se inserido nesse cheque o número da conta na qual se deve fazer
o depósito – exigência que não consta na lei –, basta a expressão “para ser creditado em
conta”; caso figure o número da conta, o cheque só poderá ser depositado nessa conta.
O cheque administrativo, por sua vez, é o emitido pelo banco contra o próprio banco
sacador. É também chamado de cheque bancário, ou cheque caixa, ou, ainda, cheque de
tesouraria.
Nesse cheque, o emitente é o próprio banco, figurando como sacado uma de suas agências
bancárias. Referido cheque é previsto no art. 9º, III, da Lei 7.357/1985, não podendo ser ao
portador. A exigência de que seja nominativo não implica, porém, em proibição do endosso.
Ex.: traveller check.
134
188
Espécies de cheque
Cruzamento especial ou em
Não à ordem: não haverá
preto: indica o banco a ser
transmissão por endosso
apresentado
A cobrança de um cheque sem fundos, pela lei, pressupõe o protesto do cheque dentro do
prazo de apresentação, sob pena de o credor perder seu direito de crédito contra os
endossantes e os avalistas.
A falta de pagamento do cheque pode ser comprovada de três formas:
a) protesto;
b) declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia da
apresentação, constando a insuficiência de fundos;
c) declaração escrita e datada por câmara de compensação, com menção da insuficiência de
fundos.
135
188
Comprovação da falta de
pagamento do cheque
Essas duas declarações acima dispensam o protesto, pois produzem os efeitos deste. A falta
de protesto e das declarações supramencionadas gera a perda do direito de execução
contra os endossantes e seus avalistas (inciso II do art. 47).
O protesto ou as declarações acima, porém, são dispensáveis para a execução nas seguintes
hipóteses:
a) execução contra o emitente e seu avalista (inciso I do art. 47);
b) cláusula “sem despesa”, “sem protesto”, ou outra equivalente. Se esta
cláusula é lançada pelo emitente, protesto ou declaração equivalente se tornam
facultativos para todos os obrigados. Se lançada por endossante ou por avalista,
produz efeito de dispensar o protesto ou declaração equivalente, somente em
relação ao que lançar. Aludida cláusula, contudo, não dispensa o portador da
apresentação do cheque no prazo estabelecido;
c) intervenção, liquidação extrajudicial ou falência do sacado (§ 4º do art. 47). Se
um desses fatos obstou a apresentação ou o pagamento do cheque, a execução
independe de protesto e das declarações de insuficiência de fundos.
O portador, nos quatro dias úteis seguintes ao protesto ou às declarações supra, deve dar
aviso da falta de pagamento ao seu endossante e ao emitente.
O aviso pode ser dado por qualquer forma, até pela simples devolução do cheque. Não
decai do direito de regresso o que deixa de dar o aviso no prazo estabelecido. Responde,
porém, pelo dano causado por sua negligência, sem que a indenização exceda o valor do
cheque.
136
188
Prescreve em seis meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação de
execução contra o emitente, endossantes e avalistas (art. 59 da Lei 7.357/1985).
Portanto, o prazo de seis meses não se conta da data da efetiva apresentação do cheque ao
sacado, e sim da expiração do prazo legal para a sua apresentação.
Se, por exemplo, o cheque da mesma praça é emitido no dia 4 de fevereiro, o termo inicial
da prescrição será o término do prazo de apresentação, que é de 30 dias, não se confundindo
com o prazo de um mês.
Logo, no exemplo, o termo inicial da prescrição será o dia 6 de março ou, se o ano for
bissexto, o dia 5 de março, podendo a execução ser ajuizada até o dia 6 ou 5 de setembro do
mesmo ano, respectivamente. Uma vez prescrita a execução, cabe, no prazo de até cinco
anos seguintes ao término do prazo prescricional, ação monitória.
Súmula 600 do STF: Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda
que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita
a ação cambiária.
Para todos os efeitos, emissão de cheque sem fundos é crime previsto no art. 171, § 2º, VI,
do Código Penal.
Não é considerada crime a emissão de cheque pós-datado sem fundos. Para que se
caracterize o crime, é necessário que tenha havido dolo.
No que se refere à conta conjunta, a responsabilidade dos titulares da conta não é solidária
quanto à emissão do cheque. É solidária apenas no que se refere ao contrato de abertura de
crédito com o banco.
4.1. CARACTERÍSTICAS
A duplicata é um título de crédito emitido para representar uma compra e venda mercantil
ou uma prestação de serviços.
Ambas as transações mercantis são regidas pela Lei 5.474/1968 e têm regime jurídico quase
idêntico, apresentando a praticidade de o sacado se vincular, ainda que não tenha assinado
o título, diferentemente do que ocorre com a letra de câmbio.
De fato, na duplicata o aceite é obrigatório, dispensando a assinatura do devedor, ao passo
que, em uma letra de câmbio, o aceite é facultativo.
A Lei 5.474/1968, em seu art. 1º, estabelece que todo empresário que realiza uma venda,
com prazo não inferior a 30 dias, deverá extrair uma fatura e apresentá-la ao devedor. A
fatura é um documento emitido pelo vendedor, relacionando as mercadorias vendidas,
discriminando-as, indicando sua quantidade e o respectivo valor.
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188
A fatura é um documento que tem o condão de facilitar a atividade do Fisco, aumentando
seu poder de controle sobre as atividades mercantis.
Para isso, foi criada a chamada nota fiscal-fatura. Por meio de um único documento, o
empresário cumpre duas obrigações: uma de caráter empresarial, emissão da fatura; e outra
de caráter fiscal, emissão de nota fiscal.
São duas as espécies de duplicata, também conhecidas como o princípio do direito brasileiro,
a saber:
a) duplicata mercantil ou duplicata de fatura ou conta assinada;
b) duplicata de prestação de serviços.
A duplicata pode, então, ser definida como uma ordem de pagamento emitida pelo
empresário com o escopo de documentar o crédito oriundo de uma operação de compra e
venda mercantil ou prestação de serviços.
Os requisitos da duplicata são encontrados no art. 2º, § 1º, da Lei 5.474/1968. A duplicata é
título de crédito de aceite obrigatório, o que significa que o comprador da mercadoria –
sacado – não poderá deixar de aceitar o título.
138
188
A recusa do aceite apenas poderá ocorrer em situações expressamente previstas em lei,
especificamente no art. 8º da Lei 5.474/1968.
I – Avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não
entregues por sua conta e risco. Assim, quando o transporte é por conta e risco do
vendedor, o comprador pode se recusar a aceitar a duplicata, se houver avaria ou
o não recebimento da mercadoria.
II – Vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias,
devidamente comprovados. O ônus da prova do vício de qualidade ou quantidade
é do comprador.
III – Divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
Fora dessas hipóteses, a eventual recusa do aceite será inócua, pois a simples emissão da
duplicata, acompanhada do comprovante da entrega da mercadoria, é suficiente para
vincular o comprador ao pagamento, presumindo-se o aceite, dispensando-se a sua
assinatura.
Vê-se, assim, que a emissão da duplicata é facultativa, mesmo quando a fatura for
obrigatória. Conquanto facultativa, a duplicata, em relação ao vendedor, é insubstituível, pois
ele não pode emitir outro título de crédito.
O protesto deverá ser efetuado nos 30 dias seguintes ao vencimento da duplicata, sob pena
de o credor perder seu direito de crédito contra os endossantes e seus avalistas, mantendo-
se, porém, em relação ao sacado e seu avalista.
A duplicata de prestação de serviço é a emitida pelo empresário individual ou sociedade
empresária, ou, ainda, por fundações e sociedade civis que se dediquem à prestação de
serviços.
Baseia-se numa fatura que deverá discriminar a natureza dos serviços prestados e a soma a
pagar em dinheiro, correspondente ao preço dos serviços prestados. É, ainda, obrigatória,
para emitir essa duplicata, a sua escrituração em livro de registro de duplicata.
Referida duplicata está sujeita ao mesmo regime jurídico da duplicata mercantil, a única
diferença é que o protesto por indicações, para ser tirado, depende da apresentação do
instrumento contratual e da efetiva comprovação da prestação dos serviços (§ 3º do art. 2º
da Lei 5.474/1968. Aliás, admite-se o aceite por presunção, pois o sacado só poderá deixar
de aceitar a duplicata nos seguintes casos, previstos no art. 21 da Lei 5.474/1968:
I – não correspondência com os serviços efetivamente contratados;
II – vícios na qualidade dos serviços prestados, devidamente comprovados;
III – divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
Fora dessas hipóteses, o sacado é devedor e poderá ser executado, ainda que não tenha
assinado o título.
139
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O documento para a propositura de ação de execução depende do tipo de aceite da duplicata:
a) se for aceite ordinário, o protesto é desnecessário;
b) se for por falta de aceite ou falta de devolução, deve ser apresentada a duplicata ou
triplicata (protestada), acompanhada do comprovante de entrega das mercadorias.
A doutrina e a jurisprudência têm entendido, acertadamente, que a ação também pode ser
ajuizada pelo credor pignoratício ou pelo endossatário mandatário, pois ambos podem
exercer os direitos emergentes da cambial.
140
188
5 CÉDULAS DE CRÉDITO
5.1. CONCEITO
Cédulas de crédito são títulos de créditos causais que representam promessa de pagamento
obtida por meio de operações de financiamento, ou seja, as cédulas têm por objeto
empréstimo fornecido por instituição financeira, ou a ela equiparada, e destina-se ao
estímulo de atividades de certas áreas econômicas especificadas em lei.
As cédulas de crédito permeiam relações jurídicas específicas, de maneira que surgem por
meio de uma operação financeira, tendo como credor obrigatório uma instituição financeira
ou a ela equiparada, e em razão de circunstâncias legais, não sendo possível aplicar tal
financiamento em finalidade diversa da prevista na legislação.
Cédula de Crédito
• Financeira •Rural
• Equiparada •Industrial
• Financiamento •Comercial
• Empréstimo •Exportação
•Imobiliário
•Bancário
Instituição Áreas
5.2 CLASSIFICAÇÃO
A finalidade das cédulas de crédito é estimular a produção em áreas específicas, sendo estas
classificadas nas seguintes categorias:
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5.2.1. Quanto à espécie de garantia
Quanto à espécie de
C garantia
Classificação das cédulas de
crédito
a) Cédulas de crédito comercial: são títulos causais emitidos pelos armazéns-gerais quando
do depósito de mercadorias. Destacam-se o conhecimento de depósito, que representa o
depósito da mercadoria, e o warrant, que é a promessa de pagamento cuja garantia é a
mercadoria depositada.
b) Cédulas de crédito industrial: são títulos causais, que representam promessa de
pagamento, obtidos por meio de financiamento requerido por empresas no mercado
financeiro com finalidade industrial. São disciplinadas pelo Decreto-lei 413/1969.
c) Cédulas de crédito à exportação: são títulos causais, que representam promessa de
pagamento, obtidos por meio de financiamento destinado à exportação ou à produção de
bens para exportação. São disciplinadas pela Lei 6.313/1975.
d) Cédulas de crédito rural: são títulos causais, que constituem promessa de pagamento ou
entrega de coisa certa, obtidos por meio de financiamento requerido por cooperativa,
empresa ou produtor rural. São disciplinadas pelo Decreto-lei 167/1967. Destaca-se a cédula
de produto rural.
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188
e) Cédulas de crédito imobiliário: são títulos causais, que constituem promessa de
pagamento, destinados à execução de empreendimentos imobiliários. Destaca-se a cédula
hipotecária.
f) Cédulas de crédito bancário: são títulos causais, que constituem promessa de pagamento,
obtidos por meio de financiamento destinado ao desenvolvimento de qualquer atividade.
Destacam-se as cédulas de crédito bancário.
Comercial
Industrial
Quanto às áreas
Exportação
específicas
Classificação das cédulas de crédito
Rural
Imobiliária
Bancária
5.2.3. Requisitos
5.2.3.1. Denominação
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188
5.2.3.3. Forma de pagamento
O nome do credor deve constar necessariamente na cédula de crédito, podendo ser emitida
de forma à ordem ou nominativa, pois as operações de financiamento são registradas na
instituição financeira.
A cédula de crédito deve trazer em seu corpo a indicação da finalidade a que se destina o
financiamento concedido pela instituição financeira e sua forma de uso. No caso de
pluralidade de beneficiários, o uso do crédito pode ser feito por qualquer deles, persistindo
a reponsabilidade solidária dos outros emitentes.
Facultativamente, pode-se vincular ao título um orçamento assinado pelo credor e devedor
no qual conste o emprego adequado do valor financiado e eventuais alterações
convencionadas em razão deste.
A garantia real será necessária às cédulas de crédito, quais sejam, hipoteca, penhor e
alienação fiduciária.
Na hipoteca deve ser mencionada a situação do imóvel, assim como suas dimensões,
confrontações, benfeitorias, data da aquisição do imóvel e anotações do registro imobiliário.
Essa pormenorização poderá ser substituída pela juntada do título de propriedade à cédula,
na qual se fará essa menção.
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5.2.3.9. Praça de pagamento
A praça de pagamento deve vir especificada no título, de modo que define, além do lugar
onde a obrigação deve ser cumprida, o foro competente para dirimir eventuais demandas
que se originem em razão da cédula de crédito.
5.2.3.11. Registro
O registro será feito em livro próprio desta natureza existente nos cartórios. Antes da
inscrição a cédula obriga apenas os signatários. Após, o registro é oponível contra terceiros.
Será oferecida cópia idêntica ao original do título, junto da apresentação deste, que será
conferida pelo cartório e autenticada pelo tabelião.
A averbação do cancelamento da inscrição se dará mediante ordem judicial ou prova de
quitação, fazendo constar, no primeiro caso, a data do mandato, o juízo de que procede, o
nome do juiz etc., e, no segundo caso, o nome de quem pagou, quem recebeu e a data do
pagamento. Uma das vias, da ordem judicial ou quitação, será arquivada em cartório.
Valor do Praça de
Denominação crédito pagamento
Data, local e
Promessa de Finalidade do assinatura
adimplemento financiamento
Forma de Indicação do
pagamento credor
Definição da Encargos
garantia real financeiros
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188
5.2.4. Transferência
A cédula de crédito pode ser transferida por endosso em preto que será lançado no presente
título na via do credor, podendo, ainda, o endossatário se valer dos direitos oferecidos pela
cédula, inclusive cobrar os juros e demais encargos estabelecidos na cártula, dentro dos
limites legais.
O endosso deverá indicar o valor do crédito transferido, sob hipótese de se considerar o valor
indicado no título, acrescido de acessórios. O endossante é responsável solidário pelo
pagamento da cédula, ou seja, poderá ser chamado pelo endossatário, sendo desnecessário
o protesto para garantir o direito de regresso contra endossantes e avalistas.
A cédula de crédito pode, ainda, ser transferida por meio da cessão de crédito, podendo
inclusive o titular promover execução do título, se transferido por ato entre vivos.
Transferência da cédula
de crédito
Possível execução do
Lançado na via do credor Deve indicar o valor título, por ato entre vivos
transferido
5.2.5. Caracteríticas
Por expressa previsão legal, as cédulas de crédito são títulos líquidos, certos e exigíveis. Os
são tanto pelo valor delas constante como pelo eventual saldo devedor, acrescidos de seus
acessórios.
A cédula de crédito torna-se exigível na data do vencimento, que pode se dar em parcela
única ou em várias parcelas. Até o vencimento da única parcela, ou de cada uma delas, a
possibilidade de execução fica suspensa.
Note-se que, além do inadimplemento de qualquer parcela, a exigibilidade vem à tona com
o descumprimento de qualquer obrigação acordada no corpo do título ou em seus anexos, é
o que se denomina vencimento antecipado da dívida, por se tratar de relação jurídica
segundo a lei.
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188
Ainda trata do assunto o art. 1.425 do Código Civil, que diz que a dívida considera-se vencida
quando:
a) deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a
garantia, e o devedor, intimado, não a reforçar ou substituir;
b) o devedor cair em insolvência ou falir;
c) as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que desse modo se
achar estipulado o pagamento. Nesse caso, o recebimento posterior da prestação
atrasada importa renúncia do credor ao seu direito de execução imediata;
d) perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;
e) se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte
do preço que for necessária para o pagamento integral do credor.
Ademais, em se tratando de vencimento antecipado da dívida, não se compreendem os juros
correspondentes ao tempo ainda não decorrido.
O terceiro que presta garantia real por dívida de outrem não fica obrigado a substituí-la, ou
reforçá-la, quando há perda, deterioração ou desvalorização, sem culpa dele.
No tocante à prescrição, aplica-se a regra geral constante no art. 206, § 3º, VIII, do Código
Civil: prescreve em três anos a pretensão ao pagamento de título de crédito, a contar do
vencimento.
Características das Cédulas de Crédito
• Disposição legal
Liquidez • Determinado ou
determinável
• Disposição legal
Certeza
Certeza
• Documento
comprobatório
• Disposição legal
Exigibilidade
• Vencimento
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penhor, ou seja, utilizados como garantia real, por meio do endosso do título, conforme
dispõe o art. 18:
§ 2º O endosso dos títulos unidos confere ao cessionário o direito de livre
disposição da mercadoria depositada; o do “warrant” separado do conhecimento
de depósito o direito de penhor sobre a mesma mercadoria e do conhecimento
de depósito a faculdade de dispor da mercadoria, salvo os direitos do credor,
portador do “warrant”.
O “conhecimento de depósito” e o “warrant” devem ser emitidos à ordem e conter: sua
designação; a denominação da empresa do armazém geral e sua sede; nome, profissão e
domicílio do depositante ou de terceiro por este indicado; o lugar e prazo de depósito.
Ainda devem constar do título: a natureza e a quantidade das mercadorias em depósito,
designadas pelos nomes mais usados no comércio; seu peso; o estado dos envoltórios e todas
as marcas e indicações próprias para estabelecerem a sua identidade, ressalvadas as
peculiaridades das mercadorias depositadas a granel.
Em se tratando de mercadorias de mesma natureza e qualidade e de donos diferentes, deve
ser especificada a sua qualidade.
O título deve indicar o segurador da mercadoria e o valor do seguro, a declaração dos
impostos e direitos fiscais, dos encargos e despesas a que a mercadoria está sujeita, a data
da emissão dos títulos e assinatura do empresário ou pessoa devidamente habilitada por
este.
Os títulos serão extraídos de um livro de talão, que conterá todas as declarações exigidas e o
número de ordem correspondente.
No verso do respectivo talão, o depositante, ou terceiro por este autorizado, passará o
recibo dos títulos e as ocorrências que se derem com os títulos dele extraídos, como, por
exemplo, substituição, restituição, perda, roubo.
Os armazéns gerais são responsáveis para com terceiros pelas irregularidades e inexatidões
encontradas nos títulos que emitirem relativamente a quantidade, natureza e peso da
mercadoria.
O “conhecimento de depósito” e o “warrant” podem ser penhorados, arrestados por dívidas
do portador e transferidos, unidos ou separados, por endosso, e, se for em branco, o portador
do título terá direitos de cessionário.
O primeiro endosso do “warrant” declarará a importância do crédito garantido pelo penhor
da mercadoria, a taxa de juros e a data do vencimento, as quais serão transcritas no
“conhecimento de depósito” com assinatura do(s) endossatário(s) do título.
A mercadoria depositada será retirada do armazém geral contra a entrega do conhecimento
de depósito ou do “warrant” correspondente, liberta pelo pagamento principal e juros da
dívida, se foi negociado.
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188
O portador do “conhecimento de depósito” poderá retirar a mercadoria antes do
vencimento da dívida constante do “warrant”, consignando o armazém geral o principal e os
juros até o vencimento e pagando os impostos fiscais, armazenagens vencidas e mais
despesas.
Se o “warrant” não for apresentado ao armazém geral até oito dias depois do vencimento da
dívida, a quantia consignada será levada a depósito judicial por conta de quem pertencer. A
perda, o roubo, o extravio do “warrant” não prejudicarão o exercício do direito do portador
do conhecimento de depósito.
O portador do “warrant”, que no dia do vencimento não for pago, e que não achar
consignada no armazém geral a importância de seu crédito e juros, deverá interpor o
respectivo protesto nos prazos e pela forma aplicáveis ao protesto das letras de câmbio no
caso de não pagamento.
O oficial dos protestos entregará ao protestante o respectivo instrumento, dentro do prazo
de três dias, sob pena de responsabilidade e de satisfazer perdas e danos.
O portador do warrant venderá em leilão, por intermédio do corretor ou leiloeiro que
escolher, as mercadorias especificadas no título, independentes de formalidades judiciais.
O corretor ou leiloeiro, encarregado da venda depois de avisar o administrador do armazém
geral, ou o chefe da competente repartição federal, anunciará pela imprensa o leilão, com
antecedência de quatro dias, especificando as mercadorias conforme as declarações do
warrant e declarando o dia e a hora da venda, as condições desta e o lugar onde podem ser
examinadas aquelas mercadorias.
Efetuada a venda, o corretor ou leiloeiro dará a nota do contrato ou conta de venda ao
armazém geral, que receberá o preço e entregará ao comprador a mercadoria. O armazém
geral, imediatamente após o recebimento do produto da venda, fará deduções de créditos
preferenciais, e com o líquido pagará o portador do warrant.
O portador do warrant que ficar integralmente pago entregará, ao armazém geral, o título
com a quitação; caso contrário, o armazém geral mencionará no warrant o pagamento parcial
feito e o restituirá ao portador. Pago o credor, o excedente do preço da venda será entregue
ao portador do “conhecimento de depósito” contra a restituição desse título.
As quantias reservadas ao portador do warrant ou do “conhecimento de depósito”, quando
não reclamadas no prazo de 30 dias depois da venda da mercadoria, serão depositadas
judicialmente por conta de quem pertencer.
Se o portador do warrant não ficar integralmente pago, em virtude da insuficiência do
produto líquido da venda da mercadoria ou da indenização do seguro no caso de sinistro,
poderá, por meio de ação, haver o saldo contra os endossadores anteriores solidariamente.
O prazo para prescrição de ação regressiva corre do dia da venda.
Aquele que perder o título avisará ao armazém geral e anunciará o fato durante três dias pelo
jornal de maior circulação da sede daquele armazém. Se se tratar do conhecimento de
depósito e correspondente warrant, ou só do primeiro, o interessado poderá obter duplicata
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188
ou a entrega das mercadorias, garantindo o direito do portador do warrant, se este foi
negociado, ou do saldo à sua disposição, se a mercadoria foi vendida.
CONTRATOS
1 – TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
1.1.1. Princípios
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188
e) Princípio da obrigatoriedade dos contratos: representado pela assertiva de que o contrato
faz lei entre as partes (pacta sunt servanda), sem, contudo, ter aplicação absoluta, visto que
a avença pode deixar de ser cumprida no todo ou em parte em situações excepcionais (caso
fortuito ou força maior e outras circunstâncias que impeçam o cumprimento do negócio
jurídico ajustado).
f) Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva: diretriz que se contrapõe
à obrigatoriedade dos contratos, permitindo aos contratantes, em casos excepcionas,
pleitearem a intervenção do Poder Judiciário visando a alteração da convenção ou até mesmo
sua resolução.
No direito empresarial, a aplicação da onerosidade excessiva deve ser muito cuidadosa,
pois, em regra, tratamos com empresários que têm por característica a profissionalidade, o
que lhes retira a ingenuidade na contratação, a não ser em casos de distinta força econômica
entre um pequeno produtor e um grande grupo econômico.
A MP 881 da Liberdade Econômica insere o artigo 480-A Código Civil que determina que as
partes são livres para criar cláusulas acerca da revisão dos contratos.
O art. 480-B, confirma o que a jurisprudência já vinha aplicando, no sentido de que os
contratos interempresariais tem partes que se igualam na profissionalidade e organização,
delimitando a onerosidade excessiva em vista de as partes assumirem os riscos da
contratação.
g) Princípio da boa-fé objetiva: o nosso ordenamento jurídico, no art. 422 do Código Civil,
exige, não somente durante as tratativas, mas também na formação e no cumprimento dos
contratos, que as partes atuem com boa-fé, correção e honestidade (probidade).
Quando o homem usa de sua manifestação de vontade com a intenção precípua de gerar
efeitos jurídicos, a expressão dessa vontade constitui-se por meio de um negócio jurídico. Os
contratos empresariais também são regidos pela boa-fé objetiva.
O princípio da boa-fé objetiva importa no reconhecimento de um direito a cumprir em favor
do titular passivo da obrigação, como se houvesse uma cláusula implícita no contrato
exigindo que se paute com honestidade as relações ali firmadas.
Não se presume violação à boa-fé objetiva se o empresário, durante as negociações do
contrato empresarial, preservar segredo de empresa ou administrar a prestação de
informações reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em
risco a competitividade de sua atividade.
Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os
contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na
inexperiência.
h) Princípio da função social do contrato: previsto expressamente pelo art. 421 do Código
Civil, que preceitua: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato”.
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A função social do contrato constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da
relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do
crédito.
O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a direitos
ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da relação
negocial.
Princípios
Revisão dos
Obrigatoriedade dos contratos ou Função social do
Boa-fé objetiva
contratos onerosidade contrato
excessiva
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188
1.2. CONTRATOS EM ESPÉCIE
A compra e venda tem base no art. 481 do CC, sendo aquela em que uma das partes se obriga
a transferir o domínio de determinada coisa, pela qual a outra parte deverá pagar
determinado preço.
A compra e venda será empresarial se as partes envolvidas forem empresários, seguindo o
mesmo formato estabelecido para os contratos civis entre os arts. 481 a 532 do CC. O
contrato de consumo está excluído da hipótese empresarial.
É natural que essa seja uma modalidade bastante utilizada na área empresarial, em vista
da necessidade de fornecimento e aquisição de insumos para os diversos empreendimentos
que se desenvolvem no mercado.
Esse é um contrato que será utilizado em determinada situação momentânea ou regular,
como é o caso do contrato de compra e venda empresarial para o fornecimento.
Trata-se de um contrato consensual, bilateral e oneroso. Os contratantes chegam a um
consenso no que tange ao preço e à coisa, o que, de regra, explica a onerosidade.
A bilateralidade se relaciona às contraprestações e ao fato de que o contrato precisa cumprir
a função de ser vantajoso para ambas as partes.
Consensualidade,
bilateralidade e
onerosidade
Fornecimento e
aquisição de
Empresários insumos
Compra e
venda
empresarial
O contrato de compra e venda, sinalagmático que é, gera direitos e deveres para ambas as
partes, sendo que a mais elementar obrigação do comprador é pagar o preço correspondente
à coisa comprada assegurando-lhe o respectivo direito de recebê-la. De outra parte, cabe ao
devedor a obrigação de entregar a coisa vendida, bem como o direito de receber o preço dela.
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188
As despesas de escritura e registro ficam a cargo do comprador, e as da tradição ficam a
cargo do vendedor, salvo cláusula em contrário. O vendedor não é obrigado a entregar a
coisa antes de receber o preço, salvo na venda a crédito.
Os riscos da coisa correm por conta do vendedor até o momento da tradição, e os riscos do
preço correm por conta do comprador. A tradição da coisa vendida será realizada no lugar
onde ela se encontrava, ao tempo da venda, salvo estipulação em contrário.
Nos contratos de compra e venda há uma interdependência entre as várias atividades, seja
por meio da compra e venda específica, seja pela compra e venda sucessivas e regulares
(contratos de fornecimento), ou, ainda, pela compra e venda que ocorre internacionalmente
por meio de importações e exportações. Trata-se de um contrato complexo.
O contrato de compra e venda mercantil tem como características pontuais: ser celebrado
entre empresários (empresários individuais ou sociedades empresárias); a insolvência do
comprador (antes da entrega da coisa); a formulação do contrato de fornecimento (contratos
de compra e venda que se sucedem no tempo); e os termos de comércio internacional
(incoterms).
Atendido o princípio da especialidade, o vendedor, ainda que tenha conhecimento do estado
de insolvência do comprador ao fechar o negócio, não poderá atrasar a entrega das
mercadorias vendidas.
A constituição dos contratos de compra e venda, em regra, não depende do cumprimento
de formalidades na sua execução, salvo o contrato de compra e venda de imóvel, caso em
que se faz necessária a instrumentalização em documento escrito e regular registro,
conforme dispõe o art. 108 do Código Civil:
“Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que
visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País”.
Quanto ao prazo para cumprimento das obrigações nos contratos de compra e venda
mercantil, a execução pode ser imediata, quando as partes devem cumprir as obrigações
imediatamente depois da conclusão do contrato; pode ser diferida, quando as partes
marcam para o futuro o cumprimento das obrigações (como o contrato sobre uma safra); e
pode continuar quando se subdivide no tempo em sucessivos e diversos atos (contrato de
fornecimento).
Observe-se, porém, que, no contrato de compra e venda de coisa futura, este não produzirá
efeitos se essa coisa não existir, salvo se vendedor e comprador tiverem celebrado um
contrato que envolva o risco e quem o assumiu arcará com os prejuízos.
Todavia, no que diz respeito ao agronegócio, trata-se de estratégia plausível ao produtor de
safra futura o hedge, que nada mais é do que um seguro de preço, no qual se prevê um lucro
mínimo, já calculados todos os custos de produção, ou seja, antecipa-se um lucro esperado,
protegendo-se de eventual prejuízo se a safra for inferior aos custos de produção.
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188
O contrato de fornecimento é contrato de compra e venda mercantil com cláusula especial
relacionada a períodos que se repetem no tempo, ou seja, trata-se de uma sucessão de
contratos de compra e venda mercantil na qual há uma colaboração entre comprador e
vendedor, empresários ou sociedades empresárias, pois a regularidade dos contratos garante
o estoque do comprador, assim como a meta de produção do vendedor.
O contrato estimatório é o contrato de compra e venda futura que ocorre quando o
proprietário entrega a coisa para terceiro vendê-la, estipulando-se um prazo para a
conclusão da venda ou, em caso negativo, para a sua restituição, não se exonerando da
obrigação de pagar o preço se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível,
ainda que por fato a ele não imputável.
É o que explicita o art. 534 do Código Civil:
“Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a
vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a
coisa consignada”.
A cláusula especial de retrovenda nos contratos de compra e venda de bem imóvel é aquela
que assegura ao vendedor o direito de recobrar o bem vendido no prazo máximo de três
anos, após a venda.
No caso de o comprador não querer receber o dinheiro, colocando empecilhos para a
recompra do bem, caberá ao vendedor recorrer ao Judiciário efetuando o depósito judicial
do valor. Essa possibilidade de recompra do bem também se estende aos sucessores do
devedor, podendo ser exercido esse direito inclusive contra um terceiro adquirente.
No caso de existir mais de um direito de recompra sobre o mesmo bem imóvel, há prevalência
em favor de quem efetuou o depósito integral.
A venda a contento é a cláusula especial do contrato de compra e venda feito sob condição
suspensiva e está condicionada ao agrado do comprador em relação à mercadoria
adquirida, uma vez que o contrato só se aperfeiçoa quando o comprador manifesta o seu
contentamento com a mercadoria, a essa regra se sujeita também a venda a prova.
Contudo, o comprador deve manifestar-se em determinado prazo a ser estipulado no
contrato. Todavia, em não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o
vendedor terá direito a intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que se manifeste em
prazo improrrogável.
A preempção ou preferência é a cláusula especial do contrato de compra e venda que
assegura ao vendedor o chamado direito de prelação, segundo o qual, o comprador que
quiser vender ou dar em pagamento o bem que adquiriu do vendedor, tem que oferecer a
este, nas mesmas condições de preço, o direito de preferência, não podendo ser cedido ou
passado a herdeiros, pois se trata de um direito exclusivo do vendedor.
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A venda com reserva de domínio é cláusula especial do contrato de compra e venda que
assegura ao vendedor a reserva de domínio sobre a coisa vendida, até que o comprador
pague integralmente o preço ajustado. Essa cláusula é válida quando o bem objeto do
contrato for móvel e deve ser expressamente prevista no contrato, além de ser registrada
em cartório no local do domicílio do comprador.
É imprescindível que o bem móvel seja suscetível de caracterização perfeita. No caso de
inadimplemento do comprador, o vendedor tem duas saídas: cobrar as prestações com as
devidas correções e juros; ou tomar o bem de volta.
O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o
comprador em mora mediante protesto do título ou interpelação judicial. Se o vendedor
optar por tomar o bem de volta, deverá restituir ao comprador as prestações
eventualmente pagas por ele.
Contudo, é facultado ao vendedor reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a
depreciação da coisa, as despesas e o mais de direito que lhe for devido, sendo que o
excedente será devolvido ao comprador e o que faltar será cobrado deste.
A venda sobre documentos é cláusula especial do contrato de compra e venda permitida
pelo art. 529 do Código Civil:
“Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo
e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos. Achando-se a
documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de
qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado”.
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Essa alienação se faz em fidúcia, sendo que o credor tem apenas o domínio resolúvel e a
posse indireta da coisa alienada e o devedor fica como seu depositário e possuidor direto.
Com o pagamento da dívida, temos a devolução do dinheiro emprestado e o fiduciante volta
a titularizar a plena propriedade do bem dado em garantia. Neste sentido a Súmula 28 do
STJ:
O contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já integrava o patrimônio
do devedor.
Para que o contrato de alienação fiduciária possa alcançar o seu objetivo, é necessário que
se realize uma compra e venda, como a que acontece na aquisição de um automóvel.
O vendedor receberá a quantia, que representa o valor do automóvel, diretamente do banco,
em vista de um segundo contrato. Nesse caso, temos o contrato de alienação fiduciária, em
que o devedor comprador aliena em fidúcia o automóvel ao banco.
Pagamento $
Vendedor
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bem objeto do contrato e ao devedor-fiduciante a obrigação de pagar a dívida contraída
junto ao credor-financiador.
Classifica-se como contrato real, pois se realiza com a transferência do domínio resolúvel e a
posse indireta do bem alienado.
É oneroso e comutativo porque as partes do contrato sabem preliminarmente que ele prevê
proveito e ônus para ambas, ou seja, o credor-financiador deverá entregar do valor
corresponde a aquisição do bem alienado e o devedor-fiduciante deverá transferir o bem e o
pagar o respectivo financiamento.
A alienação fiduciária de bem imóvel é regulamentada pela Lei 9.514/1997, e trata-se o
negócio jurídico, pelo qual o devedor-fiduciante, com o intuito de garantia, contrata a
transferência ao credor-fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa imóvel.
A propriedade fiduciária de coisa imóvel é constituída mediante registro do contrato que
lhe serve de título, no competente Registro de Imóveis. Assim, o fiduciante torna-se
possuidor direto e o fiduciário torna-se possuidor indireto da coisa imóvel.
O contrato supramencionado conterá:
a) o valor do principal da dívida;
b) o prazo e as condições de reposição do empréstimo ou do crédito do fiduciário;
c) a taxa de juros e os encargos incidentes;
d) a cláusula de constituição da propriedade fiduciária, com a descrição do imóvel
objeto da alienação fiduciária e a indicação do título e modo de aquisição;
e) a cláusula assegurando ao fiduciante, enquanto adimplente, a livre utilização, por sua
conta e risco, do imóvel objeto da alienação fiduciária;
f) a indicação, para efeito de venda em público leilão, do valor do imóvel e dos critérios
para a respectiva revisão;
g) a cláusula dispondo sobre os procedimentos a serem adotados na hipótese de
ocorrência de leilão público.
A propriedade fiduciária do imóvel é resolvida com o pagamento da dívida e seus encargos
por parte do devedor-fiduciante, de maneira que a propriedade do bem imóvel é passada
definitivamente ao devedor.
Do contrário, uma vez vencida e não paga, no todo ou em parte, a dívida, terá o devedor,
ainda, a chance de satisfazê-la no prazo de quinze dias após a intimação pelo oficial do
competente Registro de Imóveis.
Não ocorrendo a satisfação da dívida, será o fiduciante constituído em mora e a
propriedade do imóvel será consolidada em nome do credor-fiduciário que, no prazo de
trinta dias, contados da data do registro da averbação de consolidação da propriedade,
promoverá público leilão para a alienação do imóvel.
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O montante arrecadado com a venda do bem no leilão servirá para satisfação da dívida em
relação ao credor fiduciário, e o sobejar será devolvido ao devedor-fiduciante.
A alienação fiduciária de bem móvel é regulamentada pelo art. 66-B da Lei 4.728/1965 e
pelo Decreto-lei 911/1969.
A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta
da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o
alienante ou devedor em possuidor direto e depositário do bem.
Ocorrendo inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais garantidas mediante
alienação fiduciária, o proprietário fiduciário ou credor poderá vender a coisa a terceiros,
independentemente de leilão, hasta pública, avaliação prévia ou qualquer outra medida
judicial ou extrajudicial, devendo aplicar o preço da venda no pagamento de seu crédito e
das despesas decorrentes e entregar ao devedor o saldo apurado, se houver, com a devida
prestação de contas, salvo disposição expressa em contrário prevista no contrato.
Contudo, se o credor, no caso de inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais,
preferir pela busca e apreensão, não pode depois vir à via executiva cobrar quantia do
devedor remanescente, isso porque não existe mais título para fundamentar tal intento.
Ainda assim, cabe ação monitória conforme o Enunciado sumular 384 do Superior Tribunal
de Justiça:
“Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem alienado
fiduciariamente em garantia”.
159
188
O arrendamento mercantil puro ou financeiro se caracteriza pela inexistência de resíduo
expressivo, e, para o exercício da opção de compra, o arrendatário desembolsa uma
importância de pequeno valor, devendo a soma das prestações correspondentes à locação
ser suficiente para a recuperação do custo do bem e o retorno do investimento da
arrendadora.
O tempo de duração do leasing financeiro não pode ser inferior a dois anos, caso a vida útil
do bem atinja até cinco anos; e não pode ser inferior a três anos, se a vida útil for de maior
prazo.
É importante ressaltar a matéria da Súmula 369 do STJ:
“No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é
necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora”.
1.2.4. Franquia
A franquia ou franchising surgiu em 1860 nos Estados Unidos, por iniciativa da sociedade
empresária Singer Sewing Machine, que resolveu expandir seus negócios por diversos pontos
do território de seu país, por meio de credenciamento de agentes cedendo a eles a utilização
de sua marca, publicidade, técnicas de vendas, know-how e produtos.
160
188
Porém, em escala mundial, foi a rede de lanchonetes McDonald’s, criada em 1955, que
evidenciou a franquia.
A franquia é uma opção de o franqueador expandir os negócios de forma mais econômica,
pois não terá despesas com estruturação de filiais, além do que, com o aumento das compras
com seus fornecedores, possibilitará uma melhor negociação de preços.
De outra parte, aproveitando a fama da rede franqueadora e outras vantagens decorrentes,
o franqueado empreendedor reduz os riscos inerentes à atividade empresarial, uma vez
que o produto ou serviço já foi testado no mercado.
Disciplinado pela Lei 8.955/1994, o contrato de franquia ou franchising é aquele por meio do
qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado
ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e,
eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração
de negócio ou sistema operacional, desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante
remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo
empregatício.
O contrato de franquia é consensual, bilateral e oneroso. Deve ser sempre escrito e assinado
na presença de duas testemunhas e terá validade independentemente de ser registrado em
cartório ou órgão público.
Contudo, o registro é necessário para que o contrato seja oponível contra terceiros, daí por
que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é competente para o registro de
contratos que impliquem transferência de tecnologia, contratos de franquia e similares.
O contrato de franquia deverá prever a remuneração devida ao franqueador, que geralmente
se dá por meio de taxas de ingresso à rede franqueada e pelo pagamento de royalties
incidentes sobre o faturamento do franqueado, além de outras formas que podem vir
previstas no contrato.
O contrato de franquia se desdobra em três outros contratos, a saber:
a) engineering: o franqueador orienta o franqueado no processo de montagem e
planejamento de seu estabelecimento;
b) management: o franqueador orienta o franqueado sobre o processo de
treinamento de sua equipe de funcionário e gerência;
c) marketing: o franqueador orienta o franqueado sobre divulgação e promoção
dos produtos.
Uma classificação que é adotada pela doutrina destaca a franquia de marca e de produto e a
business format franchising:
a) franquia de marca e de produto: concessão do uso de marca para venda de
produto de forma exclusiva;
b) business format franchising: concessão da marca e formatação minuciosa do
negócio, como normas operacionais, técnicas e de procedimento.
161
188
Outra classificação adotada pela doutrina leva em conta o tipo de atividade desenvolvida pelo
franqueador:
a) de serviços: franqueador oferece forma original de prestação de serviços
mediante padrões determinados;
b) de produção: franqueador produz os produtos que serão comercializados pelos
ranqueados;
c) de distribuição: franqueador determina os produtos fabricados por terceiros
que serão distribuídos pela rede franqueada;
d) de indústria: franqueador disponibiliza a tecnologia necessária para a
industrialização de produtos;
e) mistas: combinam dois ou mais tipos de atividade.
De acordo com o art. 3º da Lei 8.955/1994, se o franqueador tiver interesse na implantação
de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado
uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, contendo
informações de várias ordens, tais como balanços e demonstrações financeiras da empresa
franqueadora, relativos aos dois últimos exercícios; descrição detalhada da franquia;
descrição geral do negócio e das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado;
perfil ideal do franqueado no que se refere à experiência anterior, nível de escolaridade e
outras características que o franqueado, obrigatória ou preferencialmente, deve ter.
Além disso, a circular deve conter as especificações quanto ao total estimado do
investimento inicial necessário à aquisição, implantação e entrada em operação da
franquia; valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia e de caução e valor estimado das
instalações, equipamentos e do estoque inicial e suas condições de pagamento; indicação do
que é efetivamente oferecido ao franqueado pelo franqueador, no que se refere à supervisão
de rede, serviços de orientação e outros prestados ao franqueado.
Ainda, treinamento do franqueado, especificando duração, conteúdo e custos; treinamento
dos funcionários do franqueado; manuais de franquia; auxílio na análise e escolha do ponto
onde será instalada a franquia; layout e padrões arquitetônicos nas instalações do
franqueado; e, por fim, a situação do franqueado, após a expiração do contrato em franquia,
em relação a know-how ou segredo de indústria a que venha a ter acesso em função da
franquia, ou pela implantação de atividade concorrente com a do franqueador; entre outras
importantes informações.
162
188
Direito de uso de
Sempre escrito e tecnologia de
Contrato de Franquia assinado por duas implantação
testemunhas
Direito de
Direito de uso de marca Terá validade mesmo administração de
ou patente sem registro em negócio ou sistema
cartório ou órgão operacional
públic
Por esse contrato, uma empresa mercantil ou civil, chamada faturizada, cede seus ativos
financeiros a outra, chamada faturizadora.
Há outra pessoa que, mesmo sem ser parte no contrato, está intimamente ligada a essa
operação: o sacado das duplicatas faturizadas. Ele deveria pagar ao sacador dessas
duplicatas, mas, com a operação de fomento comercial, deverá cumprir essa prestação
perante o faturizador.
$
Faturizada Faturizadora
Sacado
As relações jurídicas do setor são, assim, de três ordens: de fornecimento normal, a prazo, de
bens ou de serviços a clientes, mediante documentação correspondente; da empresa
faturadora com a factor, à qual cede os créditos correspondentes, mediante remuneração
163
188
consistente em desconto pela antecipação do numerário, nos valores respectivos; e da empresa
factor com os clientes do faturizado, seus devedores.
A faturização tem grande utilidade para as pequenas e médias empresas com dificuldade de
capital de giro.
No maturity factoring, há a negociação dos créditos, em que a faturizada resolve cedê-los à
faturizadora, que detém o encargo de cobrá-los em seus respectivos vencimentos, repassando à
faturizada, mediante comissão.
No conventional factoring, a negociação dos créditos é cedida pela faturizada à faturizadora, que
mantém o encargo de cobrá-los. nessa hipótese, a faturizadora adianta o valor desses créditos à
faturizada, mediante cobrança de juros ou deságio.
Jurisprudência correlata:
Agravo interno no agravo em recurso especial. Direito civil e empresarial. Contrato de factoring. Cessão
de crédito pro soluto (CC/2002, arts. 295 e 296). Duplicata emitida pela faturizada como garantia dos
títulos transferidos à faturizadora. Impossibilidade. Precedentes do STJ. Decisão mantida. Agravo não
provido.
1. A faturizadora não tem direito de regresso contra a faturizada sob alegação de inadimplemento dos
títulos transferidos, porque esse risco é da essência do contrato de factoring. Precedentes.
2. A duplicata, regulada pela Lei 5.474/1968, constitui título causal que só pode ser emitido para
documentar determinadas relações jurídicas preestabelecidas pela sua lei de regência, quais sejam: (a)
compra e venda mercantil; ou (b) contrato de prestação de serviços.
164
188
3. No caso, da moldura fática delineada no v. acórdão recorrido, fica claro que as duplicatas decorrem
de contrato de factoring, emitidas em face da inadimplência dos títulos objeto do contrato da
faturização.
4. Agravo interno não provido (AgInt no AREsp 638.055/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Raul Araújo, j.
17.05.2016, DJe 02.06.2016).
165
188
Pessoa jurídica ou natural
Representação
Realização de negócios mercantis
Comercial
Caso ocorra inadimplemento de compradores, ou se o negócio for desfeito por estes, ou, ainda,
se for sustada a entrega das mercadorias em razão da situação comercial do comprador, não será
devida nenhuma retribuição ao representante comercial.
Jurisprudência correlata:
Agravo interno no recurso especial. Contrato de representação comercial. Prequestionamento. Súmula
nº 211/STJ. Comissão por vendas. Base de cálculo. Súmula nº 83/STJ.
1. A falta de prequestionamento da matéria suscitada no recurso especial, a despeito da oposição de
embargos de declaração, impede seu conhecimento, a teor da Súmula nº 211 do Superior Tribunal de
Justiça.
2. A comissão deve ser calculada com base no preço da mercadoria no momento da venda intermediada
pelo representante, o que corresponde ao valor total do produto.
3. Agravo interno não provido (AgInt no REsp 1.419.461/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, j. 22.11.2016, DJe 01.12.2016).
Processual civil. Tributário. Recurso especial. Código de Processo Civil de 1973. Aplicabilidade. Ausência
de prequestionamento dos arts. 70, § 5º, da Lei n. 9.430/96, e 681, § 5º, do Decreto n. 3.000/99. Imposto
sobre a renda. Incidência sobre valores oriundos de rescisão imotivada de contrato de representação
comercial. Art. 27, j, da Lei n. 4.886/65. Natureza indenizatória. Hipótese de incidência afastada. Pedido
166
188
de restituição. Retorno dos autos à origem para julgamento da casuística da repetição do indébito.
Honorários advocatícios. Fixação pela Corte a quo.
I – Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal
será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in
casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 1973.
II – É entendimento pacífico desta Corte que a ausência de enfrentamento da questão objeto da
controvérsia pelo Tribunal a quo impede o acesso à instância especial, porquanto não preenchido o
requisito constitucional do prequestionamento, nos termos da Súmula n. 282 do Supremo Tribunal
Federal.
III – Na espécie, controverte-se acerca da incidência do Imposto de Renda sobre os valores oriundos da
rescisão unilateral imotivada de contrato de representação comercial, estabelecida pelo art. 27, j, da
Lei n. 4.886/65, com a redação dada pela Lei n. 8.420/92.
IV – Esta Corte possui entendimento segundo o qual não incide Imposto de Renda sobre a verba recebida
em virtude de rescisão sem justa causa de contrato de representação comercial disciplinado pela Lei n.
4.886/65, porquanto a sua natureza indenizatória decorre da própria lei que a instituiu. Precedentes.
V – Tratando-se de ação com pedido cumulado de repetição de indébito, impõe-se o retorno dos autos
à origem, a fim de que sejam examinados, sob pena de supressão de instância e de incorrer-se em
reexame fático-probatório, os consectários da modificação do entendimento firmado pela instância
ordinária, especialmente, mas não só, a prova do pagamento indevido.
VI – Honorários advocatícios que deverão ser fixados pelo Tribunal de origem após a conclusão do
julgamento do pedido de repetição do indébito.
VII – Recurso Especial parcialmente provido (REsp 1.317.641/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Regina Helena
Costa, j. 10.05.2016, DJe 18.05.2016).
O art. 710 do Código Civil entende agência como o acordo pelo qual uma pessoa assume de
forma permanente, mas sem vínculo de dependência, a obrigação de promover negócios
em determinada região a conta da outra parte, mediante remuneração.
Na distribuição se verificam os requisitos da agência cumulados com o fato de o agente ter
à sua disposição a coisa a ser negociada.
O contrato de distribuição previsto no art. 710 do Código Civil é uma modalidade de agência
em que o agente atua como mediador ou mandatário do proponente e faz jus à remuneração
devida por este, correspondente aos negócios concluídos em sua zona.
No contrato de distribuição autêntico, o distribuidor comercializa diretamente o produto
recebido do fabricante ou fornecedor, e seu lucro resulta das vendas que faz por sua conta e
risco.
167
188
Obrigação de promover negócios em determinada região
Mediante remuneração
168
188
Comissão • Comissário pratica atos Cláusula del credere: comissário que
Mercantil de compra e venda por tiver cedido seus direitos ao comitente
conta do comitente, responderá solidariamente com o
mas em nome próprio
terceiro contratante.
1.2.9 Corretagem
169
188
A conseguir negócios em
favor da parte contrária
Pagamento da comissão
pode ser condicionado:
Mediante remuneração
- à celebração do negócio
- à mediação útil ao cliente
Comercialização de bens
170
188
Uso gratuito de marca
O que caracteriza um contrato como empresarial é o fato de ter empresários nos dois polos da
relação, além de a finalidade ser aquela que se relaciona com as atividades de produção,
comércio ou prestação de serviços mercantis, por isso é importante frisarmos os contratos mais
importantes.
Os contratos de colaboração seriam aqueles que se definem por uma obrigação particular, em
que um dos contratantes (colaborador) assume, em relação aos produtos ou serviços do outro
(fornecedor), a criação ou ampliação do mercado; sua tipificação é encontrada a partir do art.
653 do Código Civil. Os contratos de colaboração são os de comissão, o de representação
comercial, o de concessão mercantil, o de franquia e o de distribuição.
Temos também o contrato de arrendamento mercantil ou leasing, sendo este um contrato
atípico; sua denominação na legislação brasileira é “arrendamento mercantil”. As partes desse
contrato são denominadas “arrendador” e “arrendatário”, conforme sejam, de um lado, um
banco ou sociedade de arrendamento mercantil e, de outro, o cliente. O objeto do contrato é a
aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário para sua utilização. O
arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a vigência
do contrato, são do arrendatário. O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a
opção de compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador.
O contrato de factoring ou faturização (fomento) é igualmente atípico. Consiste em um contrato
misto de compra e venda, desconto e cessão de crédito, pelo qual uma empresa vende a outra
seu faturamento a prazo, total ou parcial (faturizado), sem garantir o pagamento dos créditos
transferidos, recebendo como preço valor menor que o daqueles, consistindo essa diferença em
171
188
remuneração da empresa adquirente (faturizador). para o faturizado, significa a antecipação de
valores de seus créditos; para o faturizador, a compra de ativos por valor inferior.
FALÊNCIA
1 – FALÊNCIA
172
188
administrador judicial apresentará
suas contas ao juiz no prazo de 30
dias
Havendo impugnação ou parecer: o
administrador será ouvido
novamente, após suas contas serão
O juiz decidirá, por sentença, se julgadas
aprova ou não as contas
apresentadas pelo administrador
judicial
Concluída a realização de todo o
não havendo impugnação, o juiz
ativo e distribuído o produto entre
julgará
os credores:
Após julgado as contas, o
administrador apresentará
relatorio final em 10 dias
173
188
No que tange ao item b, devemos mencionar que o legislador alterou o percentual da lei
revogada, que era de 40%, passando agora para 50%. Ademais, a atual lei corrigiu a
imprecisão do Decreto-lei 7.661/1945, que determinava o pagamento de mais de 40% do
total dos créditos, enquanto que a nova lei exige o pagamento de mais de 50% somente dos
credores quirografários.
Com a extinção de suas obrigações, o falido estará autorizado a novamente exercer a
atividade empresarial. Entretanto, se o falido foi condenado por crime falimentar, terá
também que requerer sua reabilitação penal, que será tratada mais adiante.
Uma vez verificada a prescrição ou extinção das obrigações, o sócio de responsabilidade
ilimitada também poderá requerer que seja declarada a extinção de suas obrigações na
falência.
Autoriza o falido a
Extinção de exercer novamente
Obrigações a atividade
empresária
Seja pelo
pagamento ou pela
prescrição
174
188
reconhecimento da extinção daquelas suas obrigações, em menor extensão, sem
repercussão no campo tributário.
2. Sendo o art. 187 do Código Tributário Nacional – CTN taxativo ao dispor que a cobrança
judicial do crédito tributário não está sujeita a concurso de credores ou habilitação em
falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento, e não prevendo o CTN
ser a falência uma das causas de suspensão da prescrição do crédito tributário (art. 151), não
há como se deixar de inferir que o crédito fiscal não se sujeita aos efeitos da falência.
3. Desse modo, o pedido de extinção das obrigações do falido poderá ser deferido: I) em
maior abrangência, quando satisfeitos os requisitos da Lei Falimentar e também os do art.
191 do CTN, mediante a “prova de quitação de todos os tributos”; ou II) em menor extensão,
quando atendidos apenas os requisitos da Lei Falimentar, mas sem a prova de quitação de
todos os tributos, caso em que as obrigações tributárias não serão alcançadas pelo
deferimento do pedido de extinção.
4. Recurso especial parcialmente provido para julgar procedente o pedido de extinção das
obrigações do falido, em menor extensão, sem repercussão no campo tributário (REsp
834.932/MG, 4ª Turma, Rel. Min. Raul Araújo, j. 25.08.2015, DJe 29.10.2015).
175
188
deferimento do juízo, ou mesmo, conforme determinava a anterior lei falimentar, requerer o
processamento de concordata suspensiva.
– A sociedade falida perdura até que se promova o processo extintivo de suas obrigações, nos
termos dos artigos 134 e 135 da anterior Lei Falimentar. A expedição de ofício comunicando
o encerramento do procedimento falimentar à Junta Comercial não impede a cobrança dos
créditos remanescentes ou que o falido ou o sócio da sociedade falida requeira a declaração
judicial da extinção de suas obrigações.
Recurso especial a que se nega provimento (REsp 883.802/DF, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 27.04.2010, DJe 12.05.2010).
2. RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS
2. 1. RECUPERAÇÃO JUDICIAL
176
188
Nesse sentido jurisprudência correlata:
Recurso fundado no novo CPC/2015. Tributário. Agravo interno. Execução fiscal. Recuperação
judicial. Prosseguimento dos atos de execução. Impossibilidade. Princípio da preservação da
empresa.
1. As Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ, no que tange ao bloqueio de ativos
financeiros de sociedade empresária em recuperação judicial por meio do sistema Bacenjud,
firmaram a compreensão de que este procedimento não se mostra possível em respeito ao
princípio da preservação da empresa. Ademais, consignou-se inexistir prejuízo à Fazenda,
porquanto, ressalvadas as preferências legais, seu crédito estará assegurado pelo juízo
falimentar. Precedentes: AgRg no REsp 1.556.675/RS, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 13.11.2015; AgRg no REsp 1.453.496/SC, Rel. Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Turma, DJe 29.09.2014.
2. Não cabe ao Superior Tribunal de Justiça, ainda que para fins de prequestionamento,
examinar na via especial suposta violação a dispositivos ou mesmo princípios constitucionais,
sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal.
3. Agravo interno a que se nega provimento (AgInt no REsp 1.607.090/PR, 1ª Turma, Rel. Min.
Sérgio Kukina, j. 01.12.2016, DJe 16.12.2016).
ATENÇÃO!
177
188
A recuperação judicial da empresa pode ser requerida pelo empresário em crise; pela
sociedade empresária em crise; pelo cônjuge sobrevivente; pelos herdeiros; pelo
inventariante e pelo sócio remanescente.
178
188
Embora os créditos da União, Estado, Municípios e INSS não estejam sujeitos ao benefício
legal, é permitido o parcelamento das dívidas tributárias (art. 6º, § 7º, da Lei de Falências e
Recuperações, c/c o art. 155-A, § 3º, do Código Tributário Nacional; cf. Lei Complementar
118/2005).
Os créditos constituídos posteriormente à impetração do requerimento da recuperação
judicial também estão excluídos dos efeitos desta, e, por conseguinte, não serão
renegociados no plano de recuperação judicial. A justificativa é lógica. Se os credores já
soubessem com antecedência que seus créditos posteriores prontamente sofreriam
qualquer tipo de alteração ou novação, certamente se recusariam a concedêlos, e, sem
crédito, torna-se praticamente impossível a superação da crise econômica.
A título de incentivar ainda mais a concessão de crédito, bem como impulsionar a
manutenção do fornecimento, propiciando a preservação dos meios produtivos, é que a Lei
de Falências e Recuperações (art. 67), além de excluir os créditos posteriores ao
ajuizamento do pedido de recuperação judicial, considera esses créditos posteriores,
decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial,
inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e contratos de
mútuo, como créditos extraconcursais, em caso de decretação da falência, e, como tais, serão
pagos, com precedência, sobre todos os demais créditos mencionados no art. 83.
Como se não bastasse, para assegurar condições favoráveis à manutenção do fornecimento
à empresa em crise, os créditos quirografários sujeitos (anteriores ao pedido) à
recuperação judicial pertencentes a fornecedores de bens ou serviços que continuarem a
provê-los regularmente, após o pedido do benefício, terão privilégio geral de recebimento,
em caso de decretação da falência, no limite do valor do fornecimento do período da
recuperação.
Decretada a falência do devedor, haverá prestígio para os créditos de mútuo e fornecimento
decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial.
O parágrafo anterior vem elucidar que tais credores receberão seus créditos antes mesmo
dos credores trabalhistas. Os créditos derivados de obrigações contraídas antes do pedido
de recuperação judicial concorrerão com os de privilégio geral.
Por outro lado, como dito alhures, estão excluídos dos efeitos do benefício os créditos de:
proprietário fiduciário; arrendador mercantil (leasing); vendedor ou promitente vendedor de
imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade, inclusive incorporações imobiliárias; proprietário em contrato de venda
com reserva de domínio; titulares de ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio). O principal
fundamento para essa exclusão reside na criação de condições favoráveis à redução de juros.
O credor de ação que demandar quantia ilíquida, bem como o credor de ação de natureza
trabalhista, poderá requerer, no juízo em que tramita a demanda, a reserva da importância
que estimar devida, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe
própria.
179
188
O art. 50 da referida Lei prevê os meios pelos quais o empresário poderá restaurar a
normalidade de sua atividade econômica. Contudo, o rol apresentado na lei é apenas
exemplificativo, podendo o empresário, por meio de outras possibilidades, recuperar sua
empresa.
São meios de recuperação judicial, por exemplo, a alteração do controle societário, o
aumento do capital social e o trespasse ou arrendamento de estabelecimento empresarial.
a) a exposição de causas;
180
188
contratos e documentos firmados, o devedor deverá acrescentar, após o nome
empresarial, a expressão “em recuperação judicial”;
c) suspender todas as ações ou execuções contra o devedor, ressalvadas as ações que
demandarem quantia ilíquida; as ações de natureza trabalhista; execuções fiscais, caso não
realizado o parcelamento na forma da legislação específica a ser editada na forma do art.
155-A, §§ 3º e 4º, do Código Tributário Nacional; execuções cujo objeto sejam créditos que
não se submetem à recuperação judicial, já examinados no item, tais como proprietário
fiduciário, arrendador mercantil etc., que prosseguirão no juízo de origem;
d) ordenar ao devedor a apresentação mensal de contas demonstrativas;
e) intimar o Ministério Público e comunicar por cartas às Fazendas Públicas Federais e de
todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.
ATENÇÃO!
A recuperação judicial não se aplica a:
a) empresa pública;
b) sociedade de economia mista;
c) instituição financeira, pública ou privada;
d) cooperativa de crédito;
e) consórcio;
f) entidade de previdência;
g) sociedade operadora de plano de assistência à saúde;
h) sociedade seguradora;
i) sociedade de capitalização, outras entidades equiparadas às anteriores; e
j) sociedades simples.
2.2. PROCESSAMENTO
Após a análise do preenchimento dos requisitos dos arts. 48 e 51 da Lei em estudo, o juiz
deverá, ao exarar seu despacho deferitório, se for o caso, além de deferir o processamento
da recuperação, nomear o administrador judicial, ordenando também a suspensão
temporária de todas as ações e execuções pelo prazo improrrogável de 180 dias.
A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de
instrumento.
181
188
Determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto
perdurar a recuperação judicial e ordenará a intimação do Ministério Público e a
comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os estados e municípios em
que o devedor tiver estabelecimento.
Deferido o processamento da recuperação, o empresário ou a sociedade empresária não
poderá mais desistir dela, salvo se obtiver aprovação de sua desistência na assembleia geral
de credores.
O empresário ou a sociedade empresária deverá apresentar o plano de recuperação no prazo
improrrogável de sessenta dias da publicação da decisão que deferir o processamento de
recuperação judicial, sob pena de convolação em falência. O plano apresentará a
discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a serem empregados para superar
a crise; demonstração de sua viabilidade econômica; e laudo econômico-financeiro e de
avaliação dos bens e ativos do devedor.
O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do
plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções.
Apresentando-se objeção por parte de algum credor, o juiz deverá convocar a assembleia
geral de credores, para que esta delibere sobre o plano de recuperação, aprovando-o,
rejeitando-o ou modificando-o. A realização da assembleia não poderá exceder 150 dias
contados do deferimento do processamento da recuperação judicial. Caso o plano seja
aprovado, para que o empresário possa executá-lo é necessária, ainda, a apresentação de
certidões negativas de débitos tributários. Se tais certidões não forem apresentadas, o juiz
indeferirá desde logo o pedido de recuperação.
Na hipótese de o plano de recuperação de empresa não ter sido aprovado, o juiz decretará
a falência do empresário.
O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação
na assembleia geral de credores, desde que, na mesma assembleia, tenha o plano obtido, de
forma cumulativa:
a) o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os
créditos presentes à assembleia, independentemente de classes;
b) a aprovação de duas das classes de credores pelo quórum qualificado já estudado ou, caso
haja somente duas classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos uma delas; e
c) na classe que houver rejeitado o plano, tiver obtido o voto favorável de mais de 1/3 dos
credores, computados de acordo com as regras já estudadas no tópico referente ao “quórum
de deliberação”.
182
188
Recuperação
Judicial
Processamento
Deliberação do
Plano
Aprovação do Rejeição do
Plano Plano
Cumprimento Descumprido o
Falência
do Plano Plano
Encerramento
da Recuperação Falência
Judicial
ATENÇÃO!
Da decisão que concede a recuperação judicial cabe agravo de instrumento, que poderá ser
interposto por qualquer credor ou pelo representante do Ministério Público.
O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga
o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, salvo mediante
aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.
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2 – Controvérsia que se cinge em definir se a suspensão das ações e execuções individuais
movidas contra empresa em recuperação judicial pode extrapolar o limite legal previsto no §
4º do art. 6º da Lei 11.101/2005, ficando seu termo final condicionado à realização da
Assembleia Geral de Credores.
3 – Ausentes os vícios do art. 535 do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração.
4 – O mero decurso do prazo de 180 dias previsto no art. 6º, § 4º, da LFRE não é bastante
para, isoladamente, autorizar a retomada das demandas movidas contra o devedor, uma vez
que a suspensão também encontra fundamento nos arts. 47 e 49 daquele diploma legal, cujo
objetivo é garantir a preservação da empresa e a manutenção dos bens de capital essenciais
à atividade na posse da recuperanda. Precedentes.
5 – O processo de recuperação é sensivelmente complexo e burocrático. Mesmo que a
recuperanda cumpra rigorosamente o cronograma demarcado pela legislação, é aceitável
supor que a aprovação do plano pela Assembleia Geral de Credores ocorra depois de escoado
o prazo de 180 dias.
6 – Hipótese em que o Tribunal de origem assentou que a prorrogação é necessária e que a
recorrida não está contribuindo, direta ou indiretamente, para a demora na realização da
assembleia de credores, não se justificando, portanto, o risco de se frustrar a recuperação
judicial pela não prorrogação do prazo.
7 – A análise da insurgência do recorrente, no que se refere à existência ou não de
especificidades que autorizam a dilação do prazo de suspensão das ações e execuções em
trâmite contra a recorrida, exigiria o reexame de fatos e provas, o que é vedado em recurso
especial pelo enunciado n. 7 da Súmula/STJ.
8 – Recurso especial não provido (REsp 1.610.860/PB, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.
13.12.2016, DJe 19.12.2016).
Recurso fundado no novo CPC/2015. Tributário. Agravo interno. Execução fiscal. Recuperação
judicial. Prosseguimento dos atos de execução. Impossibilidade. Princípio da preservação da
empresa.
1. As Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ, no que tange ao bloqueio de ativos
financeiros de sociedade empresária em recuperação judicial por meio do sistema Bacenjud,
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firmaram a compreensão de que este procedimento não se mostra possível em respeito ao
princípio da preservação da empresa. Ademais, consignou-se inexistir prejuízo à Fazenda,
porquanto, ressalvadas as preferências legais, seu crédito estará assegurado pelo juízo
falimentar. Precedentes: AgRg no REsp 1.556.675/RS, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 13.11.2015; AgRg no REsp 1.453.496/SC, Rel. Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Turma, DJe 29.09.2014.
2. Não cabe ao Superior Tribunal de Justiça, ainda que para fins de prequestionamento,
examinar na via especial suposta violação a dispositivos ou mesmo princípios constitucionais,
sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal.
3. Agravo interno a que se nega provimento (AgInt no REsp 1.607.090/PR, 1ª Turma, Rel. Min.
Sérgio Kukina, j. 01.12.2016, DJe 16.12.2016).
Sentença que
Sentença que
denega o
encerra
encerramento
Agravo Apelação
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3. RECUPERAÇÃO ESPECIAL
A Lei Complementar 123/2006 determina que será considerada microempresa aquela que
atingir, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00. Considera,
ainda, empresa de pequeno porte o empresário ou a pessoa jurídica que aufira, em cada
ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,01 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00.
Vale lembrar que, a partir de 1º de janeiro de 2018, os valores de receita bruta passarão a
ser superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00, conforme alteração
trazida pela LC 155/2016.
O plano de recuperação judicial de microempresas e empresas de pequeno porte será
limitado às seguintes condições:
a) abrangerá exclusivamente os créditos quirografários, ressalvados os créditos que não se
submetem à recuperação judicial, já mencionados em nosso estudo;
b) preverá parcelamento em até 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, corrigidas
monetariamente e acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e
de Custódia – SELIC, podendo conter, ainda, a proposta de abatimento do valor das dívidas;
c) preverá o pagamento da primeira parcela no prazo máximo de 180 dias, contado da
distribuição do pedido de recuperação judicial; e
d) estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, depois de ouvidos o administrador
judicial e o comitê de credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.
O juiz poderá autorizar a recuperação especial sem a convocação de assembleia geral.
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Judiciário para negociar um plano de recuperação com seus credores. A esse procedimento
dá-se o nome de recuperação extrajudicial.
O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial se tiver pendente
pedido de recuperação judicial ou se tiver obtido recuperação, em qualquer de suas
modalidades, há menos de dois anos. O pedido de homologação do plano de recuperação
extrajudicial não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a
impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de
recuperação extrajudicial.
O procedimento poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação
extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e
condições com as assinaturas dos credores que a ele aderiram ou, no caso de plano que
obrigue a todos os credores, com as assinaturas de credores que representem mais de 3/5
de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos.
Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial, o juiz ordenará
a publicação de edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação nacional ou das
localidades da sede e das filiais do devedor, convocando todos os credores do devedor para
apresentação de suas impugnações ao plano de recuperação extrajudicial.
Quando a maioria dos credores concorda com o plano de recuperação extrajudicial, mas há
uma minoria de credores que discorda e se nega a sofrer as consequências do plano, o
devedor poderá também requerer a homologação do plano, o que obrigará a todos os
credores por ele abrangidos. Desse modo, as condições previstas no plano são impostas aos
credores que não o assinaram e discordaram expressamente do planejamento de superação
da empresa em crise. Nesse sentido, embora tenham rejeitado o plano, estarão
compulsoriamente sujeitos aos seus efeitos.
Para tanto, o plano extrajudicial deverá ser assinado por credores que representem mais
de 3/5 de todos os créditos de cada espécie, por ele, envolvidos.
Os credores terão um prazo de 30 dias, contado da publicação do edital, para impugnar o
plano, juntando a prova de seu crédito. Sendo apresentada impugnação, será aberto prazo
de cinco dias para que o devedor sobre ela se manifeste. Posteriormente, os autos serão
conclusos imediatamente ao juiz para apreciação de eventuais impugnações, decidindo no
prazo de cinco dias acerca do plano de recuperação extrajudicial, homologando-o por
sentença, se entender que não implica prática de atos que visem a lesar seus credores e que
não há outras irregularidades que recomendem sua rejeição. Da sentença cabe apelação,
sem efeito suspensivo.
O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua homologação judicial.
Contudo, é ilícito que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação,
desde que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma de pagamento dos
credores signatários. Na hipótese de não homologação do plano, o devedor poderá,
cumpridas as formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de
recuperação extrajudicial. Tal sentença de homologação do plano de recuperação
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extrajudicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 515 do Código de
Processo Civil.
A recuperação extrajudicial não altera minimamente os direitos de algumas categorias de
credores. São sujeitos que não podem renegociar os créditos que detêm perante
empresário ou sociedade empresária por meio do expediente da recuperação extrajudicial.
Não serão atingidos pelo plano de recuperação extrajudicial os credores trabalhistas, os
credores tributários e os credores titulares de posição de proprietário fiduciário de bens
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de
imóveis, cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade, e de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio de
crédito decorrente de adiantamento de contrato de câmbio para exportação.
A sentença de homologação judicial constitui um título executivo judicial, porém não
suspende direitos, ações ou execuções, e não impede o pedido de decretação de falência
pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial.
Da sentença que defere ou denega o pedido de recuperação extrajudicial, cabe o recurso
de apelação sem efeito suspensivo, conforme a redação do art. 164, § 7º.
Recuperação
Extrajudicial
Negociação Homolagação
Particular Do Plano
Extrajudicial Extrajudicial
Credores
Abrangios
Quorum
Aprovação
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