Unidade 2
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Unidade 2
Olá, aluno(a)! Nesta unidade, iremos trabalhar as bases necessárias para que você
possa entender o Direito Empresarial, que será alicerce para o seu exercício
profissional. O Direito faz parte das nossas vidas, regula a sociedade desde o
nascimento das pessoas até a sua morte. Diariamente, nos envolvemos em
relações jurídicas, por isso é necessário conhecer o seu funcionamento para
tomada de decisões.
Introdução ao Direito
Empresarial (origem,
autonomia e fontes)
Primeiramente, pautamos nossa incursão na definição desta disciplina. Direito
Comercial ou Direito Empresarial? Qual a terminologia correta e mais adequada?
Vamos firmar que ambas as expressões estão corretas e podem ser utilizadas para
tratar do tema. Historicamente, Direito Comercial vem das origens básicas dos
atos de comércio. Em nossa legislação nacional, em 1850, tivemos a publicação
da Lei nº 556, “Código Comercial”, composta de duas partes: a primeira tratava
do comércio em geral, sua teoria de atos, suficiente à época; e a segunda parte
tratava do comércio marítimo, parte essa que segue em vigor.
Assim, surgiu na Itália a Teoria da Empresa, que pauta seu conceito e normativas
a partir do Empresário, que não pode ser definido como um comerciante
evoluído, mas sim uma visão mais amplas de todas as atividades que
movimentam a economia. Ou seja, regrar todos aqueles que exercem de alguma
forma atividade econômica organizada, passando a inserir as normativas da
empresa também no Direito civil, unificando a normativa de todas as relações
privadas, sejam as de regra civil como as de regra mercantil (CAMPINHO,
2018).
Embora hoje seja tratado dentro do Código Civil, segundo a doutrina majoritária,
isso não altera a autonomia do Direito Comercial como ramo científico e
legislativo.
O fato acima constatado, em nossa visão, não irá alterar a
autonomia do Direito Comercial, sob a nova veste de direito de
empresa, embora tenha ocorrido a sua unificação legislativa com o
Direito Civil. A uma, porque a Constituição Federal de 1988, ao
dispor sobre as matérias de competência privativa da união, segue
se referindo a autonomamente ao direito comercial (art. 22,I). A
duas, porque a autonomia didática e científica não vem afetada
pelo tratamento em um único diploma legal. A três, porque a
adoção da teoria da empresa não compromete essa autonomia, na
medida em que ao empresário e ao exercício empresarial da
atividade econômica se aplica toda legislação relativa à atividade
mercantil não revogada (código Civil, art. 2037) (CAMPINHO,
2018, p. 20).
Neste sentido, pode-se definir que a atividade empresária é a atividade de
articulação, organização dos fatores de produção, quais sejam insumo, mão de
obra, tecnologia e capital, visando a produção e ou circulação de bens e serviços
para gerar lucro (COELHO, 2011).
SAIBA MAIS
Quando falamos em fontes do Direito Empresarial, logo nos cercamos de dúvidas sobre
quais são as fontes, e é imperiosa uma consulta rigorosa todas as vezes que se for pautar
e conforme o ramo de atuação, isso porque temos um excesso de leis que cria a
sensação de ilegalidade constante. “Segundo estudo do Instituto Brasileiro de
Planejamento e Tributação (IBPT), divulgado em 2014, desde a promulgação da
Constituição de 1988, já haviam sido editadas 4,96 milhões de normas para regular a
vida do cidadão brasileiro, o que corresponde a uma média de 782 normas por dia. Essa
alta produção normativa refere-se não só ao Direito Tributário, mas a todas as áreas do
Direito”. Para saber saber mais, acesse o material disponível em:
<https://www.cartacapital.com.br/sociedade/excesso-de-leis-e-imprecisao-normativa-
como-mecanismos-de-excecao>. Acesso em: 02 ago. 2018.
Diante disso, podemos definir como fontes básicas de estudo a Constituição
Federal, o Código Civil, a lei das Sociedades Anônimas, as leis uniformes dos
Títulos de Crédito, a lei de Recuperação e Falência, entre tantas outras.
Então, o Código Civil, em seu Livro II, trata do Direito de Empresa, em seu título
primeiro, a partir do art. 966, que define o empresário e lhe atribui uma série de
direitos e obrigações que o legitima, sendo o primeiro capítulo o que define a
caracterização e a inscrição do Empresário.
Vejamos:
Com isso, fazemos uma definição técnica: quem exerce a empresa é a sociedade,
por isso denominada sociedade empresária, os sócios de uma sociedade,
independente de qual modalidade societária adotada (sociedade de quotas de
responsabilidade limitada, sociedade anônima ou outras). Os administradores ou
gestores não são empresários.
Destaca-se que estamos tratando dos conceitos jurídicos, mas o uso do termo
empresário com sua semântica coloquial não é errado. A língua permite a
significação, e a nossa língua portuguesa é amplíssima em sentidos. Se você
consultar um dicionário e verificar os significados de empresa e empresário, verá
seu uso comum e não jurídico de expressão. Mas, para quem busca uma
formação especialista, ater-se aos termos técnicos e científicos é imperioso.
Ainda, destaca-se o parágrafo único do art. 966 do Código Civil, que destaca que
os que exercem atividades intelectuais (científicas, literárias e artísticas) não são
considerados empresários.
Ainda, podemos, dentro das novas dinâmicas de mercado, pensar nas clínicas
odontológicas, que hoje atuam sob a modalidade de franquia, onde uma série de
dentistas contratados lá exercem seu ofício, mas o paciente procura a clínica pela
estrutura e possibilidade de atendimento, não pelo profissional específico, pois o
paciente pode, inclusive, nem saber por quem será atendido. Este dentista é,
nessa estrutura, a mão de obra (um dos 4 fatores de produção organizados pelo
empresário).
Essa clínica será registrada como uma sociedade empresária, porque o que define
empresa é a organização dos fatores de produção para o exercício de uma
atividade lucrativa, onde a mão de obra é apenas um dos fatores, e não o objeto
principal.
Podemos perceber que há na empresa esse entrelaçar com produções de massa
em que não se individualiza a personalidade do cliente, e sem produtos e serviços
em série atrelados ao objeto organizado.
Assim, uma vez estabelecido o objetivo de exercício de uma empresa para sua
formalização, o Direito atribui diversas obrigações. A primeira delas é o registro
devido no órgão responsável, tema do próximo tópico.
Da capacidade
O empresário precisa estar em pleno gozo da capacidade civil, e não ser
legalmente impedido dos exercícios da empresa. Lembrando, conforme
destacamos, que as proibições aplicam-se aos empresários, logo não implicam na
impossibilidade de ser sócio de sociedade empresarial.
Empresário Irregular
Analisadas em geral as regras de registro e escrituração para o exercício da
empresa, menciona-se, então, a consequência para quem não cumpre
devidamente todas suas obrigações. É o chamado empresário ou sociedade
empresária irregular, informal ou de fato.
Nome empresarial
O nome empresarial é o nome que identifica o empresário ou a sociedade
empresarial perante a junta comercial. Este nome precisa seguir os princípios da
novidade, veracidade e unicidade, ou seja, cada empresário precisa ser um nome
que o identifique unicamente, seja verdadeiro com relação ao objeto que exerce e
seja o único perante o registro na junta. Assim, antes do registro é necessário se
fazer um estudo de viabilidade de nome.
Prepostos
Vimos que a empresa não se confunde com o empresário nem com seus sócios. A
concretização da empresa se faz por meio de pessoas que a ela se ligam, como
administradores, gerentes, empregados, contadores entre outros. A lei também
define os prepostos do empresário, sendo que estes podem ser obrigatórios ou
facultativos.
Com esses temas encerramos nossa primeira unidade, que buscou trazer
conceitos essenciais e, principalmente, os fundamentos legais do Direito
Empresarial e do empresário. Destacamos que a cada tipo de empresa, objeto a
ser exercido, existirá um emaranhado de normativas específicas de âmbito
federal, estadual e municipal. Assim, o profissional deve se inteirar e buscar estar
sempre atualizado sobre todas as especificidades de atuação.