Procedimentos
Procedimentos
Procedimentos
A todos os atos que serão praticados em juízo durante o tramitar da ação penal dá-se o nome
de procedimentos, estes devem ser previstos em lei para respeitar o princípio do devido
processo legal, dando anterior conhecimento aqueles que o utilizarão do que devem fazer para
o regular andamento do processo, trata-se de matéria de ordem pública e não pode ser
modificada pelas partas por entenderem que outra forma é mais benéfica aos autos e nem ao
menos pelo juiz, o que acarretará vício a ação penal, gerando então sua nulidade.
Para definição dos procedimentos, além do tempo de pena devem ser levadas em
consideração as qualificadoras e as causas de aumento e diminuição de pena, porque
influenciam no montante da pena máxima em abstrato, a tentativa diminui por exemplo a
pena máxima de diversos crimes por reduzir de 1/3 a 2/3 a pena aplicada.
Quanto a conexão de crimes, devemos analisar primeiramente se um dos crimes possui pena
para procedimento ordinário, ou seja, maior do que 4 anos, caso o tenha será adotado o rito
ordinário para os dois (crime de resistência e roubo). Mas caso haja dois crimes conexos que
nenhum dos dois possua pena máxima em abstrato maior que 4 anos, homicídio culposo e
embriaguez ao volante por exemplo, deve se utilizar ainda o procedimento ordinário, por ter
rito mais amplo que confere maiores possibilidade de defesa.
Lembrando-se que quando há conexão ainda é importante lembrar que havendo conexão com
procedimento especial, a competência sempre será do procedimento especial e não do
comum.
Citado artigo informa que o processo terá completado a sua formação quando realizada a
citação do acusado, ou seja, estará presente o trinômio fundamental para garantia da justiça,
acusação, defesa e juiz.
A falta de citação ou vícios insanáveis no ato citatório constituem causas de nulidade absoluta
do processo art. 564, III do CPP, salvo se o acusado comparecer em juízo dentro do prazo legal
e apresentar resposta escrita, por ter sido cientificado da acusação por outro meio. O vício de
citação é o pior a existir, invalida o lídimo direito de defesa, devendo os autos retornarem para
o último ato praticado antes daquele maculado expedindo-se em benefício do réu o
consequente Alvará de soltura.
Citação Real: é regra no processo penal e deve ser sempre tentada antes de se passar à
citação ficta ou com hora certa, ainda que o acusado não tenha sido localizado na fase do
inquérito. Ela é feita de diversas formas:
Citação por mandado: Feita por oficial de justiça quando o réu reside e está preso na mesma
comarca que corre o processo, ao localizá-lo deve ler o mandado e entregar-lhe a contrafé
(consiste em cópia do mandado e da denúncia ou queixa), na qual constará o dia e a hora em
que a citação se concretizou. O oficial prova que entregou a contrafé e efetivou a citação com
a elaboração de uma certidão, sendo desnecessário que o acusado a assine, também porque
ele pode se negar a fazê-lo o que deverá constar do documento, não impedido a concretização
da citação. Art. 357 CPP.
A citação pode ser feita a qualquer dia e a qualquer hora do dia ou da noite. Caso o oficial não
o encontre nos endereços constantes nos autos, fará certidão informado o juízo, ocasião em
que o juiz poderá determinar a citação por edital.
O réu preso também precisa ser citado pessoalmente no local em que estiver preso.
Art. 352, ao falar do mandado, em seu inciso VI, diz que deve constar a data e o local que o réu
deve comparecer, tal inciso fazia referencia ao regime processual anterior em que após a
citação interrogava-se o réu, hoje, após a citação abre-se o prazo de 10 dias para resposta à
acusação, devendo constar então o juízo a quem deve apresentar sua resposta escrita no
prazo de 10 dias, sob pena de nomeação do defensor dativo caso não o faça.
Se militar a citação será realizada por seu chefe de serviço, caso pratique crime comum artigo
358 CPP. O funcionário público, ao ter a audiência marca ou redesignada deve ter comunicado
o chefe de repartição do dia da ausência do serviço.
Citação por carta precatória: de acordo com artigo 353 do CPP, quando do réu tiver fora do
território da jurisdição do juiz processante será citado mediante carta precatória, trata-se da
pessoa que reside em comarca diversa de onde tramita a ação ou esta presa em outra
comarca. Só ocorrerá no caso de residência ou prisão em outra comarca, jamais quando ele
estiver por período curto em razão de férias ou trabalho, quando terá que se esperar.
O juiz deprecante, ou seja aquele da comarca onde corre ação irá expedir a carta precatória
para o juiz deprecado, o da comarca onde o réu está preso e deverá ser citado ou que lá
resida, quando ela for recebida o juiz deprecado expedirá o mandado citatório para ser
cumprido por oficial de justiça, o qual realizará a citação para que tenha conhecimento da
acusação e passe a correr o seu prazo de defesa escrita de 10 dias, cumprido pelo oficial de
justiça, a carta precatória retornará ao juízo de origem o deprecante.
Se no juízo deprecado verificar-se que o réu mudou-se para uma outra comarca, a precatória
será remetida diretamente a tal juízo, comunicando-se apenas o fato ao juízo deprecante, é a
chamada carta precatória itinerante.
Após a apresentação de respostas escrita, será marcada pelo juízo deprecante audiência de
instrução e julgamento, onde serão ouvidas as testemunhas e só após a sua oitiva será
expedida nova carta precatória para interrogatório do réu no juízo deprecado, salvo se ele
tiver comparecido no juízo deprecante na audiência de oitiva das testemunhas, hipótese em
que ele passará a ser ouvido no próprio juízo deprecante.
Citação por carta rogatória: 368 CPP, estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será
citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do processo até o seu cumprimento,
ou seja, não fluirá a prescrição, também será expedida carta rogatória no caso de ser cumprida
em legações estrangeiras (embaixadas ou consulados) art. 369 do CPP, caso em que terá que
ser dirigida ao Ministro da Justiça que solicitará o cumprimento ao Ministério das Relações
Exteriores.
Quando o réu estiver no estrangeiro em local desconhecido, deve ser citado por edital.
Citação por carta de ordem: quando o acusado goza de foro por prerrogativa de função , o
tribunal a quem incumbe o julgamento em grau originário emite carta de ordem determinando
que o juízo da comarca onde reside o réu providencie a citação. Em regra, são ordens
expedidas pelo STF, STJ, TSE, TRE’s, TRF’s ou Tribunais de Justiça estaduais, pelos processos
que têm competência originária.
Citação por hora certa: art. 362 do CPP, quando se verifica que o réu se oculta para ser citado
o oficial de justiça certificará a ocorrência e realizará a citação por hora certa na forma
estabelecida pela legislação processual civil art. 252 a 254 do CPC, é necessário inicialmente
que o oficial de justiça tenha procurado o acusado em sua residência ou domicilio por pelo
menos duas vezes sem encontrá-lo, se ele suspeitar que ele está se ocultando, deverá intimar
o vizinho ou alguém de sua família que no dia seguinte voltará em determinada hora para citá-
lo, no dia seguinte se o réu estiver fará a citação pessoal, caso não esteja dará o réu como
citado entregando ao vizinho ou familiar contrafé da denúncia, aperfeiçoando-se a citação
mesmo que ninguém queira assiná-la ou estejam todos ausentes. Após a efetivação da citação
o escrivaõ enviará ao réu no prazo de 10 dias, carta, telegrama ou correspondência eletrônica,
dando-lhe de tudo ciência. Caso ele não apresente resposta escrita em 10 dias, será nomeado
defensor dativo, não ficando suspensa a ação penal.
O réu não for encontrado para citação pessoal art. 363, parágrafo 1º, é necessário que ele
tenha sido procurado em todos os outros endereços que tenham constado dos autos, inclusive
locais de trabalho e nos números telefônicos existentes, sob pena de nulidade da citação por
edital, a prova de que ele está em local processual desconhecido é a certidão por oficial de
justiça, ainda que ele não tenha sido encontrado na fase de inquérito em todos os endereços
obtidos em órgãos públicos e outros, é necessário em juízo que se tente sua citação pessoal
em todos novamente antes da citação por edital.
Se o réu está viajando é necessário aguardar seu retorno e não determinar a citação por edital,
a súmula 351 do STF ainda informa que é nula a citação por edital de réu preso na mesma
unidade da federação em que o juiz exerce sua jurisdição, sendo necessário ainda que ele
providencie a expedição de ofícios aos órgãos competentes da administração judiciária para
verificar se ele não está preso em seu estado.
Mas a nulidade da citação por edital atualmente não possui muito efeito pois o processo após
o réu ser citado por edital fica suspenso, não ocorrendo qualquer ato até sua localização ou
prescrição, só sendo útil então caso já tenha ocorrido produção antecipada de prova, quando
está deverá novamente ser produzida.
Quando inacessível o local que o réu se encontra, por exemplo no caso de guerra civil,
problemáticas com natureza que dificulte o acesso do oficial de justiça, poderá ser citado por
edital para suspender o processo nos termos do artigo 366 do CPP, o prazo do edital será
fixado entre 15 e 364 dias.
O artigo 365 do CPP, informa que deve constar do edital o nome do juiz que determinar a
citação, o nome do réu ou suas características físicas, residência, profissão e o que mais
relativo a ele constar do processo, o porquê está sendo citado, o juízo, o dia endereço que
deverá comparecer e o prazo do edital, que será contado da publicação na imprensa se houver
ou da sua afixação. Ainda deve conter menção ao fato criminoso, sem necessitar descrever a
denúncia, para que ele possa oferecer resposta à acusação segundo súmula 366 do STF, que
diz que não é nula a citação por edital quando só faz menção ao artigo de lei, sem fazer
menção a descrição do fato na denuncia.
Resposta Escrita:
Trata-se de ato obrigatório conforme artigo 396 – A, parágrafo 2º, e possui o prazo de 10 dias
para sua apresentação, só pode ser oferecida mediante advogado, sendo que caso não seja
apresentada subentenderá que o réu não o possui e nomear-se-á um defensor dativo para
tanto, que terá novo prazo de 10 dias para apresenta-la a partir da data que receber os autos
com vista.
Os fatos que interessa a defesa são: que o fato narrado na denúncia não é crime, que
não há indícios de crime imputado, que já ocorreu prescrição ou qualquer outra causa
extintiva de punibilidade e etc.
Suspensão do Processo: De acordo com o art. 366 do CPP se o réu citado por edital
não apresentar resposta escrita no prazo previsto e não constituir defensor, ficarão
suspensos o curso do processo e o prazo prescricional, esta regra se aplica a qualquer
que seja o crime apurado e a qualquer procedimento.
Absolvição Sumária:
Apresentada resposta escrita, caso tenha sido trazida alguma preliminar ou
apresentado documento, o Juiz dará vista para o Ministério Público para manifestação.
Poderá ainda ouvir o MP no caso de matérias não argumentadas pela Defesa mais
passíveis de decisões ex officio, em atenção a proibição de decisões surpresas arts. 9º
e 10 do NCPC.
Se a defesa tiver alegações apenas quanto a inocência do acusado pela ausência de
provas, os autos não serão encaminhados ao MP e estarão conclusos diretamente para
o Juiz para decisão, este baseado nas provas existentes absolverá sumariamente o réu
ou determinará o prosseguimento do feito.
A absolvição sumária será decreta nos termos do art. 397 do CPP quando:
I – verificar a existência de manifesta causa excludente da ilicitude do fato – prova
necessária de que o réu agiu em legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito, mas caso haja dúvidas
deve requerer que seja os autos enviados para instrução, onde as provas serão
produzidas na sua presença, se as dúvidas ainda continuarem a existir, deverá absolve-
lo com base no princípio in dubio pro reo.
III- Que o fato narrado evidentemente não constitua crime: No caso de crime de porte
ilegal de arma de fogo, sendo ele denunciado sem a juntada do laudo para atestar a
eficácia da arma, após a juntada verifica-se que não era armamento capaz de disparar,
tratando-se de um objeto decorativo, ocasião em que deve absolver sumariamente o
réu pois ele não praticou crime, ou quando o réu acusado de estelionato consiga a
prova depois da denuncia e antes da resposta a acusação que ele agiu de boa-fé,
afastando-se assim o estelionato.
Recursos: A absolvição sumária faz coisa julgada material, de modo que o surgimento
de novas provas não possibilita a reabertura. Os recursos cabíveis contra ela no caso
dos incisos I, II e III é a apelação, enquanto a hipótese do inciso IV é o recuso em
sentido estrito art. 581, VIII.
No caso de não reconhecimento da absolvição sumária, a única opção é o Habeas
Corpus para o trancamento da ação penal.
Revelia: Se o réu intimado para comparecer a qualquer ato do processo não o fizer e
não justificar, bem como mudar de endereço sem comunicar o juízo terá sua revelia
decreta nos termos do art. 367 do CPP.
A revelia no processo penal não possui semelhança com a revelia no processo civil, o
réu neste caso não confessa os fatos, em virtude do princípio da verdade real, ou seja
trata-se de dever da acusação provas os fatos por ela imputados, e caso não prove terá
o réu que se absolvido. Ademais, a única consequente que possui é deixar de ser
intimado pessoalmente para os atos do processo, todavia seu advogado continua o
sendo e podendo exercer livremente a ampla defesa. A revelia ainda pode ser
levantada a qualquer tempo, caso ele justifique sua ausência ou volte a comparecer
aos atos do processo mesmo não intimado. Ex: Marcada audiência de instrução e
julgamento, ele não aparece, não obstante a audiência de instrução e julgamento seja
una, pela impossibilidade de se achar uma das testemunhas a remarcam, ocasião que
mesmo revel, se aparecer na nova audiência remarcada poderá ser ouvido, visto que
lhe foi levantada a revelia.
Mesmo que ele não venha a comparecer os atos do processo, jamais perderá o direito
de ser intimado pessoalmente da sentença.
Audiência de instrução e julgamento:
Se houver testemunha que tenha que ser ouvida por carta precatória o juiz
dará tempo razoável para que seja cumprida e devolvida, e intimará as partes
de sua expedição. A expedição de carta precatória não suspende a instrução.
Findo o prazo concedido pelo juiz, o julgamento poderá ser realizado, mas a
todo tempo, sendo a precatória devolvida será juntada aos autos – art. 222
CPP
1) Oitiva da vítima,
2) Oitiva das testemunhas de acusação,
3) Oitiva das testemunhas de defesa,
4) Interrogatório do réu,
5) Oportunidade para requerimentos,
6) Debates orais,
7) Julgamentos.
Se o juiz verificar que a presença do réu pode causar qualquer efeito na vítima
que prejudique o seu depoimento e a colheita de um testemunho real pode
requer que seu depoimento seja feito por vídeo conferencia ou, senão tiver o
equipamento, que seja feito sem a presença do réu, o mais comum, artigo 217
do CPP.
Procedimento Sumário
Ele é mais simplificado, objetivo, célere, possui quase as mesmas fases do anterior,
com algumas sendo supridas ou reduzidas.
Número de testemunhas: art 532 CPP – 5 testemunhas arroladas por cada parte – no
ordinário são 8 testemunhas
Inexistencia da fase de diligencia: após a conclusão da audiência de instrução e
julgamento, as partes devem necessariamente oferecer as suas alegações finais.
Artigo 535, nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível a prova faltante,
determinando o juiz a condução coercitiva de quem tenha que comparecer, a
testemunha que comparecer será inquirida independente da suspenção da audiência.
A sentença também será oral, e no caso de haver sentença escrita não acarreta
nulidade mas cabe relaxamento de prisão.
Nos procedimentos do juizado especial criminal, quando forem encaminhados para
adoção de outro procedimento, sempre será o sumário independente da somatória das
penas artigo 538 do CPP. Isso ocorre quando: I – se o réu não for encontrado para ser
citado, pois não cabe citação por edital no juizado especial criminal, II se a causa for
complexa necessitando demais procedimentos para propositura da denuncia, o MP e o
querelante podem pedir a remissão ao procedimento comum, Art. 77 da Lei 9099/95.