Processo Penal
Processo Penal
Processo Penal
CITAO
Conceito: o chamamento do ru a juzo, dando conhecimento da ao ajuizada contra sua pessoa, a qual imputa uma infrao penal, bem como lhe oferecendo a oportunidade de se defender pessoalmente e atravs de defesa tcnica. Desta forma, a citao deve: * cientificar do inteiro teor da acusao; * chamar o acusado para vir se defender no processo. Caso alguma destas finalidades no for cumprida, a citao ser considerada nula. No Processo Penal a citao feita somente uma nica vez, devendo ser determinada pelo juiz competente, a ser cumprida pelo Oficial de Justia (via de regra). A citao deve ser cumprida junto ao acusado, porm se este for mentalmente enfermo, a citao ser feita ao seu curador ou responsvel. Em caso de pessoa jurdica a citao ser cumprida junto a seu representante legal.
Falta: o acusado no pode ser processado sem ser citado, ou seja, a falta da citao gera nulidade absoluta do processo (Art 564, inc. III, alnea "e", CPP), exceto se o
acusado comparecer em juzo antes do trmino do prazo estabelecido em lei (geralmente 10 dias).
Conhecimento prvio da acusao: nos procedimentos abaixo citados o acusado notificado da propositura da ao penal para que oferea contestao antes do recebimento da pea acusatria: * competncia originria dos tribunais (Lei 8038/90); * Lei de Drogas (Lei 11343/2006); * crimes de responsabilidade dos funcionrios pblicos da competncia do juiz singular (Arts. 514 e seguintes CPP).
Efeito da citao: completa a relao jurdico-processual triangular entre juiz - acusao - defesa, passando a vigorar todos os direitos e deveres processuais aos sujeitos processuais.
Formas: existem as chamadas: * citaes reais: por mandado, carta precatria, carta de ordem, carta rogatria, citao do militar, citao do funcionrio pblico, citao de ru preso; * citaes fictas ou presumidas: por edital, por hora certa.
Obs:. No possvel a citao por meio eletrnico (e-mail, redes sociais, etc...), mesmo com o advento da Lei 11.419/2006 (informatizao do processo judicial).
* Citao por Mandado ou Pessoal: a mais usual, onde o Oficial de Justia (meirinho) vai atrs do acusado, dandolhe cincia pessoalmente do contedo da acusao (Art 351 CPP), estando o ru em lugar dentro da Comarca do juiz competente do processo. Esta forma de citao personalssima, no se aceitando que seja citado o advogado do acusado, por exemplo. A nica exceo quando o acusado inimputvel (ex: doente mental), onde o curador ou responsvel do ininmputvel quem deve ser citado. A citao pessoal deve ser feita em todos os endereos onde possivelmente o acusado possa ser encontrado dentro da Comarca de origem do processo, quer os endereos estejam ou no nos autos. O Art 352 CPP traz o contedo da citao por mandado, sendo que a no observncia deste artigo causa a nulidade relativa do processo (Art 564, inc. IV, CPP), gerando a chamada circunduo da citao (citao nula). (Art 357 CPP) O Mandado deve ser lido pelo meirinho ao acusado, entregue uma cpia do mandado e da pea acusatria ao ru e sua certificao na via que fica com o oficial de justia. Caso o meirinho no deixar uma cpia da citao e da acusao com o ru, haver nulidade.
* Carta Precatria, Carta Rogatria e Carta de Ordem: caso o acusado esteja em outro pas faz-se necessrio o envio de carta rogatria (Arts. 368 e 369, ambos do CPP), porm se estiver somente em outra Comarca ou em outro Estado do Brasil, expede-se carta precatria para que seja dado cabo da citao pessoal (Art 353 CPP). Os requisitos da carta precatria e da carta rogatria e os procedimentos para sua realizao encontram-se nos Arts. 354 a 356 do CPP.
Na rogatria, para que no haja prescrio, o processo ficar suspenso at que a carta seja cumprida e juntada aos autos. Para o cumprimento da precatria, o juiz deprecado deve colocar o "Cumpra-se" na citao (Art 355, caput, CPP). A situao de "Precatria Itinerante" se encontra prevista no Art 355, 1, CPP. Em caso de ocultao do acusado, no mais se aplica a citao por edital e sim a citao por hora certa (Art 362 CPP), a ser feita pelo prprio juiz deprecado, ou seja, no h necessidade de se devolver a citao ao juiz deprecante (Art 355, 2, CPP encontra-se ab-rogado). As cartas de ordem so citaes determinadas pelos tribunais nos processos de sua competncia originria para que outro tribunal ou o magistrado monocrtico cumpra.
* Citao do militar: trata-se de uma providncia que visa resguardar a hierarquia e a disciplina nos Quartis, ento, para os militares, a citao enviada, via ofcio, ao Comandante da Unidade Militar, que proceder a citao do militar (Art 358 CPP). Este Comandante, por sua vez, ir enviar um outro ofcio ao juiz, dando conta da realizao da citao. O ofcio do juiz ao Comandante dever ter os mesmos quesitos do Art 352 CPP.
* Citao do funcionrio pblico: esta espcie de citao feita por oficial de justia, porm quando da intimao para acompanhamento dos atos do processo, esta dever ser enviada juntamente com uma requisio ao chefe do funcionrio, a fim de que tome cincia da ausncia do funcionrio em tal dia e hora, e ento, providencie substituto (Art 359 CPP).
Caso o juiz no faa esta requisio ao chefe do funcionrio e este venha a faltar, o ru no poder ser responsabilizado. Por evidente, caso o funcionrio esteja afastado das funes, no h necessidade desta requisio ao chefe do funcionrio.
* Citao do ru preso: dever ser feita pessoalmente atravs de oficial de justia - citao por mandado (Art 360 CPP).
* Citao por edital: tanto a citao por edital, quanto a citao por hora certa so consideradas citaes fictas, j que somente se presume que o acusado tomou conhecimento, pois no foi feita pessoalmente. A citao por edital realizada quando: * ru estiver em local incerto e no sabido (Art 363, 1, CPP): bastando que o oficial de justia lavre certido dando conta que esteve nos locais onde poderia ser encontrado o acusado e no o encontrou; * ru se encontra em local inacessvel (Art 231, inc. I, CPC): trata das situaes extremas como: guerra, epidemia, calamidade pblica, pas que se nega a cumprir carta rogatria ou qualquer outro motivo de fora maior.
A citao por edital se faz atravs da publicao da citao na imprensa oficial (onde circule dirio oficial), em jornais de grande circulao na regio onde presumidamente reside o acusado (caso haja dinheiro, no havendo obrigatoriedade para isso) ou afixa-se o edital no mural do Frum (seu descumprimento causa nulidade relativa), todas estas providncias, se empregadas, devendo durar 15 dias.
Para completa realizao da citao, alm da publicao do edital conforme descrito acima pelo prazo de 15 dias, o acusado deve comparecer em juzo para se defender, j que, caso no comparea, o processo ter que ficar suspenso. Atravs de sistemas informatizados, o juiz toma conhecimento se o acusado a ser citado encontra-se preso ou no, a fim de se evitar a indevida citao por edital de ru preso em Estabelecimento Prisional do mesmo Estado (Smula 351 STF). Uma cpia do edital deve ser juntado aos autos do processo.
Contedo do Edital: os elementos necessrios para o edital esto no Art 365 CPP.
* Citao por hora certa: empregada quando o acusado se oculta (se esconde) para no ser citado ( Art 362 CPP c/c Arts. 227 a 229 CPC). Ento, quando o oficial de justia for por 3 vezes ao domiclio do acusado e houver suspeita que o mesmo est se escondendo, dever intimar qualquer pessoa da famlia ou vizinho expondo que voltar no dia seguinte e com hora marcada, para efetuar a citao do acusado. Ao retornar no dia seguinte e na hora marcada, o ru no estando presente, lavra-se certido dando conta da possvel justificativa da ausncia do acusado e colhe-se a contraf de pessoa da famlia ou vizinho, dando por concretizada a citao. Caso o acusado no comparea em juzo para se defender, o juiz nomear defensor e o processo prosseguir.
Posteriormente, o escrivo judicial enviar uma carta ao acusado dando-lhe cincia das providncias que forma tomadas quanto a sua citao.
Contedo e Formalidades do Mandado de Citao: os elementos necessrios esto no Art 352 CPP. Alm dos elementos do 352, existem formalidades a serem procedidas pelo oficial de justia quando da realizao da citao pessoal, como as descritas no Art 357 CPP. Para o cumprimento do Mandado de Citao no existe impedimento de dia e hora, cuidando-se somente da inviolabilidade que o domiclio possui. Nos procedimentos em que os tribunais tm competncia originria (Lei 8038/90) e na Lei de Drogas (Lei 11343/2006), onde o interrogatrio do ru o primeiro ato de instruo processual, a citao deve ser feita no mnimo com mais de 24 horas antes da oitiva. A citao criminal no possui os impedimentos que a citao civil tem, como as descritas no Art 217 CPC. O oficial de justia goza de f pblica, ento a citao por ele feita, tem presuno de veracidade. Com a realizao da citao, o acusado tem 10 dias para apresentar sua defesa prvia (Art 396 e 406 CPP), nos procedimentos comum e especial (regra).
Suspenso do processo e da prescrio: o Art 366 CPP diz que mesmo tendo sido feita citao por edital e o ru no comparea em juzo, o processo ficar suspenso enquanto durar sua ausncia (no apresentou defesa prvia, tampouco contratou advogado). Desta forma, suspende-se o prazo do processo e da prescrio. Neste interregno pode ser determinada a produo de provas
urgentes (com a nomeao de defensor e na presena do MP - geralmente so as percias e a oitiva de testemunhas) e pode ser decretada a preventiva do acusado. O nico crime que excepciona o aludido no pargrafo acima o da Lei 9613/98 (crime de lavagem de dinheiro), quando a citao por edital d condies para que o processo prossiga revelia do acusado. A prescrio deve ficar suspensa pelo prazo mximo em abstrato para o delito cometido, conforme Art 109, inc. V, CP. Contra a deciso que determina a suspenso do processo e da prescrio cabe Recurso em Sentido Estrito (Art 581, inc. XVI, CPP).
Revelia do acusado: caso o acusado seja citado pessoalmente e no venha a apresentar a defesa prvia, tampouco contrate advogado, ser decretada sua revelia, no havendo suspenso do processo e da prescrio, sendo o juiz incumbido de nomear um defensor ao acusado revel (Art 367 CPP). Com a revelia, o acusado deixar de ser comunicado dos atos processuais, porm no haver presuno de veracidade dos fatos que recarem sobre a sua pessoa. Mesmo revel, o acusado poder retomar o processo.
NOTIFICAO E INTIMAO Conceito: o ato processual pelo qual se d cincia parte da realizao de algum outro ato processual j realizado (intimao) ou a realizar-se (notificao), importando ou no na obrigao de fazer ou no fazer alguma coisa.
Por vezes, o CPP chama a intimao de notificao, sendo que alguns autores distinguem ambas da seguinte forma: *notificao: comunicao parte de ato processual futuro. Ex: depoimento; *intimao: comunicao parte de ato processual passado Ex: sentena.
Procedimento: o Art 370 CPP diz que "no que for aplicvel" emprega-se as regras da citao. A intimao por edital se faz de forma excepcional nas formas previstas no Art 392 CPP. Para efeitos de defesa do acusado, tanto o ru (exceto se for revel) quanto seu defensor devero ser intimados dos atos processuais, no bastando que somente um deles seja intimado. Em caso de advogado contratado pelo acusado, pelo querelante ou agindo como assistente de acusao, devese atentar para as intimaes feitas pelo Dirio Oficial da Justia, devendo o nome do acusado constar da publicao, sob pena de nulidade (Art 370, 1, CPP). Quando no houver a circulao de Dirio Oficial na Comarca, lana-se mo do mandado de intimao no escritrio ou residncia do advogado, via correio (AR - Aviso de Recebimento) ou ento no prprio Frum quando ele (advogado) l comparecer (Art 370, 2, CPP). Quando a parte for representada em juzo por vrios advogados, basta a intimao de um destes para que todos sejam considerados intimados. O acusado, o querelante (aes privadas), o representante do MP, o defensor pblico, o defensor nomeado e o assistente de acusao devem ser intimados pessoalmente, atravs do competente mandado de intimao.
Com a virtualizao dos processos (Lei 11419/2006), a intimao pode ser feita via internet. Inadmissvel a realizao dos atos processuais sem que as partes sejam intimadas.
Ausncia do acusado a ato processual: o ato processual no desmarcado quando o acusado injustificadamente no comparecer, o qual foi devidamente citado ou intimado (Art 367 CPP). Outra questo do Art 367 CPP, quando o acusado muda de endereo sem aviso prvio ao juzo, o qual impossibilita que seja intimado dos atos do processo, neste caso, o processo segue normalmente.