Linguagem Cognicao e Ensino
Linguagem Cognicao e Ensino
Linguagem Cognicao e Ensino
Linguagem,
cognição e ensino
Conceitos e possibilidades
1
Thalita Cristina Souza Cruz
Fernanda Moraes D’Olivo
(Orgs.)
Linguagem,
cognição e ensino
Conceitos e possibilidades
Campinas, SP
2021
Palavra dos editores
21 INTRODUÇÃO
As organizadoras
81 TRANSPONDO AS BARREIRAS DO
D I A G N Ó S T I C O : O PA P E L D A L I N G U A G E M
NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO
Michelli A. Silva
113 S Í N D R O M E D E W I L L I A M S E A I N T E R S E Ç Ã O
ENTRE COGNIÇÃO LINGUÍSTICA E
V I S U O E S PA C I A L
Marije Soto
Marina R. A. Augusto
Renata Oliveira
1 5 1 O U N I V E R S O C O N TA D O P E L A S C R I A N Ç A S
E A FORMAÇÃO DE CONCEITOS EM
V Y G O T S K Y : A P O N TA M E N T O S S O B R E A S
FA S E S D E D E S E N V O LV I M E N T O A PA RT I R
DA OBRA DE NARANJO
Thalita Cristina Souza Cruz
Diana Michaela do Amaral Boccato
1 9 1 O E N S I N O I N FA N T I L N A H I S T Ó R I A D A
CRIANÇA E SUA REPERCUSSÃO NA
ESCOLARIDADE
Sonia Sellin Bordin
2 1 5 O D I S C U R S O D A PAT O L O G I Z A Ç Ã O D A
INFÂNCIA: MOVIMENTOS DE LEITURA E
PRODUÇÃO DE SENTIDO
Laura Maria Mingotti Müller
Fernanda Moraes D’Olivo
253 O M É TO D O F Ô N I C O E A C O N S C I Ê N C I A
FONOLÓGICA: SOLUÇÕES OU
D I S P O S I T I V O S D E PAT O L O G I Z A Ç Ã O ?
Isabela Moutinho
2 9 1 L I N G U A G E M N A E D U C A Ç Ã O I N FA N T I L : A
INSTÂNCIA DO EU E A CONSTITUIÇÃO DA
SUBJETIVIDADE
Betina Rezze Barthelson
313 V I G I L Â N C I A E T R I A G E M D O
D E S E N V O LV I M E N T O D A L I N G U A G E M
E M C R I A N Ç A S C O M FAT O R E S D E R I S C O :
CONSIDERAÇÕES POLÍTICAS, TEÓRICAS E
PRÁTICAS
Maria Luciana de Siqueira Mayrink
Denyse Telles da Cunha Lamego
Andreia Mendes Tavares
351 S O B R E O S AU TO R E S
Introdução
21
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
22
Introdução
23
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24
Introdução
25
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AS ORGANIZADORAS
26
O CCazinho como lugar de
linguagem: fala, leitura e escrita
MARIA IRMA HADLER COUDRY
INTRODUÇÃO
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O CCazinho como lugar de linguagem
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O CCAZINHO
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O CCazinho como lugar de linguagem
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O CCazinho como lugar de linguagem
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O CCazinho como lugar de linguagem
Figura 1
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Figura 2
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O CCazinho como lugar de linguagem
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Figura 3
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O CCazinho como lugar de linguagem
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LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
laba é crucial para perceber suas hipóteses e para a análise dos dados,
um caminho para compreender o que o sujeito faz ou deixa de fazer
no início do processo de ler e escrever.
Figura 4.
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O CCazinho como lugar de linguagem
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Figura 5.
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O CCazinho como lugar de linguagem
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5 Este dado foi apresentado no 67º GEL, em 2019, e publicado na revista Estudos
Linguísticos, em 2020.
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O CCazinho como lugar de linguagem
Figura 6.
Figura 7
45
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Figura 8
Era uma noite assustadora quando Pietro chegou no acampamento com seu
amigo Pipo. De repente Pietro e Pipo oviram uma voz de um menino que não
tinha pernas e ele segurava um livro.
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O CCazinho como lugar de linguagem
Figura 9
A cozinha de minha casa pegou fogo por causa de uma fela (vela).
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Figura 10
Série: The Thundermans: Phoebe cantarola cam os dedos; Max mesemos po-
deres; Nora: raios lazer nos olios; Billy: velosidade. Interessante a solução para
escrever a palavra mesmos, com uma coda na 1ª sílaba e a simplificação da 2ª
sílaba para CV. Ainda não está automatizada a diferença entre consoantes surdas
e sonoras, como em velosidate; e ainda ocorre a fala na escrita, com em olios.
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O CCazinho como lugar de linguagem
Figura 11
Figura 12
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Figura 13
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O CCazinho como lugar de linguagem
Figura 14
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O CCazinho como lugar de linguagem
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REFERÊNCIAS
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O CCazinho como lugar de linguagem
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LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
FOUCAULT, M. Arqueologia do Saber. Trad. de Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro:
Forense, 1987.
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O CCazinho como lugar de linguagem
RIBEIRO, I. Quais as faces do português culto brasileiro? In: ALKMIM, T. M. (org.) Para
a História do Português Brasileiro, vol. III: Novos Estudos. São Paulo: Humanitas, 2002.
59
Autismo e linguagem: uma
abordagem dialógica
MARCUS VINICIUS BORGES OLIVEIRA
LUCIA MASINI
LAINE DOS SANTOS PIMENTEL
INTRODUÇÃO
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Autismo e linguagem
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Autismo e linguagem
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Autismo e linguagem
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Autismo e linguagem
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Autismo e linguagem
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Autismo e linguagem
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Autismo e linguagem
T: Vou lhe contar uma história e você vai me dizer o que acontece
no final! Uma vez uma menina foi para a floresta buscar o seu
cachorro, quando chegou lá, ela não achou. Você acha que acon-
teceu o quê com o cachorro dela?
P: Cachorro dela.
P: Cachorro dela.
P: É é é é é.
P: Como assim?
T: Não…
P: ééééé
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Autismo e linguagem
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Autismo e linguagem
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-V. Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento et al. Revisão
técnica: Aristides Volpato Cordioli et al. 5. Ed. Porto Alegre : Artmed, 2014.
79
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
PONZIO, A. Procurando uma palavra outra. Pedro e João: São Carlos, 2010.
80
Transpondo as barreiras do
diagnóstico: o papel da linguagem
na constituição do sujeito
MICHELLI A. SILVA
81
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
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BARREIRAS DO DIAGNÓSTICO
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
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e sem patologia.
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
CASO PM
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
DADO 1:
Em sessão individual do dia 10 de junho de 2008, voltando do ho-
rário de almoço, perguntei o que PM (10 anos) havia comido; como
não respondeu, perguntei o que ele gostava de comer. Ele respon-
deu: “banana e maçã”. Em seguida PM pegou um lápis e um papel,
que estavam sobre a mesa, e começou a desenhar. Ao terminar, per-
guntei-lhe o que havia feito e, apontando para os respectivos dese-
nhos, ele disse: “banana e maçã”. Então, sugeri que escrevêssemos
os nomes das frutas. Fui soletrando as letras e PM foi escrevendo.
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LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
10 O termo refacção é entendido a partir dos trabalhos de Abaurre, Fiad e Mayrink-
Sabinson (1997), com dados de aquisição de escrita de crianças, como “indícios
privilegiados que dão visibilidade ao trabalho do sujeito em seu processo de
constituição de uma relação particular com a linguagem e sua representação escrita”
(p. 8). Nesse sentido, os processos de refacção são entendidos como operações
epilinguísticas de sujeitos da escrita, já que dizem respeito a uma ação reflexiva do
sujeito sobre a linguagem em funcionamento. Dessa forma, ainda que a refacção no
dado em análise tenha ocorrido a partir da intervenção da investigadora, PM percebe
a diferença acústica e visual entre as letras n e m e só, então, a partir dessa reflexão,
reescreve as palavras.
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
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brar, esse dado mostra que o desenho feito por PM é utilizado pela
pesquisadora como meio para PM escrever. Além disso, possibilita a
PM que identifique, nesse processo inicial, diferentes entradas para
a escrita. Não se pode perder de vista, entretanto, que o tempo que
PM necessita para percorrer esse processo é maior do que levam
crianças que já entraram para o mundo das letras.
Dessa forma, salientamos a importância do papel da mediação
simbólica, isto é, da linguagem que, (re)estrutura a escrita, sua re-
lação com a fala e com outros sistemas semióticos: quando o outro
(pesquisadora) aponta as diferenças acústicas e visuais de letras
parecidas e seus usos nas palavras (VYGOTSKY, 1997), bem quan-
do utiliza o desenho como motivação para escrever. E é isso que
possibilita PM transitar por diferentes sistemas que se relacionam:
desenho, fala, escrita. É pela linguagem que esse processo de cons-
trução é possível: ao mesmo tempo em que nos utilizamos dela, re-
fletimos sobre ela para significar (FRANCHI, 1992).
A seguir, apresento mais um dado que ilustra o papel da escrita
pictográfica na criança que está entrando no mundo das letras, e a
relação constitutiva entre desenho, fala e escrita nesse processo.
DADO 2:
Em sessão individual do dia nove de setembro de 2008, levei uma
figura (retirada de uma revista) para que PM pudesse contar uma
história a partir do que estava vendo. Observa-se que PM desenha
(imagens circuladas em vermelho) o que notou, pela sua vivência
de mundo, que estava faltando, considerando o contexto da figura.
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
Transcrição
Era uma vez uma cidade com três prédios, um sol, um homem cortando grama,
uma mulher com o pé na água, um carro passando, duas meninas e três lixos.
(Trecho escrito por uma das pesquisadoras a partir do que PM relatava)
Havia um menino, uma menina e um robô que atravessavam a rua, mas não tinha
farol. Eles tiveram que esperar um carro passar.
O homem caiu da moto e chamaram uma ambulância que levou ele para o médi-
co. O médico disse que ele estava bem e mandou-o embora. Ele nunca mais caiu,
a noite ele foi para casa dele e dormiu. (Trecho escrito por uma das pesquisadoras
a partir do que PM relatava)
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
DADO 3:
Transcrição
UM LADRÃO GRAM-
PEOU O TELEFO-
NE DA ALVO-
RADA.
E HOUVE MISTE-
RIO.
E HCAMARAM
UM DETETIVE.
A DILMA OFERE-
CEU UMA RECOM-
101
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Transcrição
PENSA.
E PEGARM
O LADRÃO.
ELE FOI
PRESO NA JAU-
LA.
11 Veja o caso de RM, nove anos, cursando o 4º ano EF à época da produção do
dado, relatado no trabalho de Freire et al. (2013). RM inicialmente escreve recote para
recorte, o que só percebe pela fala/leitura, quando as investigadoras propõem reler o
que ele havia escrito. Com a intervenção das investigadoras seleciona a letra R e faz
uma série de tentativas, inserindo a letra em lugares possíveis como coda (recoteR)
e ataque ramificado (recotRe; recRote) até escrever recorte, acertando a posição de
coda na segunda sílaba, a única complexa (CVC).
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
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13 A teorização de Freud (1891) será desenvolvida posteriormente, nos dados de AS.
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
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Transpondo as barreiras do diagnóstico
REFERÊNCIAS
107
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108
Transpondo as barreiras do diagnóstico
FOUCAULT, M. Le jeu de Michel Foucault. Dits et écrits III. Éditions Gallimard, 1994,
p. 298 -329.
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LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
REISS, A. L.; LEE, J.; FREUND, L. Neuroanatomy of fragile X syndrome: the temporal
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SCARPA, Ester. (org). Estudos de prosódia. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1999.
110
Transpondo as barreiras do diagnóstico
______ A Formação Social da Mente. São Paulo, SP: Martins Fontes, 1998 (Tradução
inglesa dos originais russos de 1934).
111
Síndrome de Williams e a
interseção entre cognição
linguística e visuoespacial
MARIJE SOTO
MARINA R. A. AUGUSTO
RENATA OLIVEIRA
INTRODUÇÃO
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Síndrome de Williams e a interseção entre cognição [...]
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LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
6 Enquanto a replicação de DNA faz uma cópia exata do DNA, uma duplicação
de gene envolve a repetição (uma ou mais vezes) de uma parte da gene, levando a
mutações.
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Síndrome de Williams e a interseção entre cognição [...]
9 A Imagem por Ressonância Magnética (IRM) é feita por uma técnica não invasiva,
que permite visualizar a anatomia cerebral. Já a IRM funcional é um outro tipo de
exame que permite visualizar a intensidade e distribuição da ativação neuronal
relativa a uma tarefa cognitiva, por exemplo. A Eletroencefalografia (EEG) coleta
pequenas modulações elétricas no couro cabeludo em decorrência de atividade
sináptica de populações neuronais. Desse modo, podem ser analisados padrões
típicos ou atípicos de ondas cerebrais no EEG contínuo, ou podem ser comparadas
respostas neurofisiológicas associadas a eventos específicos, como os de eventos
específicos (ex. ver rostos vs. ver casas) a fim de caracterizar, principalmente, o curso
temporal de respostas neuronais envolvidos nos processos cognitivos.
10 O córtex cerebral é a parte mais superficial do cérebro. Ele tem cerca de 2
a 5 mm de espessura e cobre o encéfalo em forma de dobras, das quais as partes
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LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
bojudas são chamadas de giros, e as fissuras entre essas dobras, de sulcos. O córtex
pode ser dividido nos lobos frontal, temporal, parietal e occipital, que se apresentam
espelhados em ambos os hemisférios. Algumas estruturas anatômicas importantes
são encontradas na parte interior do córtex, como a amígdala e o hipocampo, que
estão localizados subcorticalmente, no lobo temporal, outras (como o hipotálamo) se
encontram em outra parte do cérebro chamada de diencéfalo. A substância cinzenta,
que também pode ser vista na superfície cortical é composta na maior parte por
núcleos neuronais e células gliais, enquanto na substância branca encontram-se os
axônios (´caudaś ) desses mesmos neurônios.
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Síndrome de Williams e a interseção entre cognição [...]
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Síndrome de Williams e a interseção entre cognição [...]
PROCESSAMENTO VISUAL
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Figura 1. Modelo de duas vias: a ventral conecta o lobo occipital ao lobo temporal, a dor-
sal conecta o lobo occipital ao lobo parietal; a linha vermelha marca o sulco intraparietal;
a linha rosa marca o sulco parieto-occipital.
Fonte: Elaboração própria
Fonte: Elaboração própria
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LINGUAGEM
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
140
Síndrome de Williams e a interseção entre cognição [...]
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Síndrome de Williams e a interseção entre cognição [...]
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149
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
150
O Universo contado pelas crianças
e a formação de conceitos em
Vygotsky: apontamentos sobre as
fases de desenvolvimento a partir
da obra de Naranjo
INTRODUÇÃO
Um tanto quanto poética, esta epígrafe pode nos dizer muito so-
bre como a criança compreende e significa o mundo a sua volta.
O excerto acima integra a obra publicada por Javier Naranjo, em
2018, intitulada Casa das Estrelas: o mundo contado pelas crianças. O
livro, em formato de um dicionário – conceitos separados pela letra
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LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
ra-se como uma fase de destaque por revelar uma propriedade im-
portante do pensamento por complexo: a impossibilidade de definir
seus contornos.
Já a quinta e última fase – uma fase de transição para o pen-
samento por conceito em si – lança luz sobre o processo tanto
retrospectiva quanto prospectivamente: no primeiro caso, reve-
lando-nos o caminho e os enlaces que estão na base da formação
dos conceitos, no segundo, o caminho que ainda será percorrido
pela criança. A este momento, Vygotsky atribuí o nome de fase
do pseudoconceito.
As crianças que nela se encontram são capazes de realizar uma
combinação complexa de uma série de objetos que se assemelham
fenotipicamente aos conceitos, mas que não são conceitos do pon-
to de vista genético, isto é, do ponto de vista dos enlaces dinâmi-
cos-causais que lhes servem de base. Ou seja, “em termos externos,
temos um conceito, em termos internos, temos um complexo” (VY-
GOTSKY, 2018, p. 191).
Segundo o autor, os pseudoconceitos são formas mais disse-
minadas, predominantes sobre todas as demais e quase exclusivas
da criança em idade pré-escolar. Sua disseminação e domínio re-
laciona-se ao fato de que os complexos infantis, correspondentes
ao significado das palavras, não se desenvolverem de forma livre,
espontânea, por linhas traçadas pela própria criança, mas de serem,
em determinados sentidos, precisamente esboçados para o desen-
volvimento do complexo até os significados das palavras já estabe-
lecidas no discurso dos adultos. As vias de disseminação e trans-
missão dos significados das palavras são, então, dadas por pessoas
próximas às crianças no processo de comunicação verbal com ela.
Ao chegar no terceiro e último estágio, chegamos ao fim de
toda um período no desenvolvimento dos conceitos. Também di-
vidido pelo autor em três fases, o terceiro estágio é alcançado efe-
166
O Universo contado pelas crianças e a formação de conceitos [...]
6 “Una amplia comunicación con el mundo que no esté basada en el estudio pasivo,
sino en la participación activa y dinámica en la vida” (VYGOTSKY, 1997).
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8 Em Luria (1986), este conceito inicial é o que daria origem aos enlaces afetivos -
mais relacionados à prática e menos próximos da abstração lógica.
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O Universo contado pelas crianças e a formação de conceitos [...]
dos são construídos com base nas leis do pensamento por comple-
xos, que se caracterizam por serem estruturas não lógicas reforça-
das pelos contextos linguísticos e sociais e que permanecerão nos
estágios seguintes atuando como bases. Os complexos são, portan-
to, pontos de referência para a definição de significados adquiridos
mais tarde – os significados secundários e que, do ponto de vista de
sua organização semântica, encontram-se no mesmo campo, ocu-
pando uma posição central ou prototípica (ROSCH, 1975) e, portan-
to, mais fáceis de serem recuperados9.
Segundo Akhutina (2003a), o efeito de tipicalidade dos con-
ceitos diários (cotidianos) e a complexidade de categorias para os
conceitos científicos podem ser explicados de maneira consistente
a partir do pensamento de Vygotsky. A autora defende, ainda, que
o sistema de hierarquias lógicas do sistema genérico-específico,
que se forma mais tarde sob influência da escolarização, está “su-
perposto sobre os primeiros, sem tomar o lugar delas” (AKHUTINA,
2003, p. 126).
Outra autora que retoma a teoria de desenvolvimento dos
conceitos proposta por Vygotsky é Góes (2000). Ela, no entanto,
não se concentra no desenvolvimento dos conceitos, em si, mas na
questão do método e na importância de buscarmos as origens dos
conceitos.
Como já mencionado, Vygotsky defendia uma metodologia que
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ANÁLISE DE DADOS
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O Universo contado pelas crianças e a formação de conceitos [...]
3 3 9 64
4 8 10 72
5 16 11 43
6 41 12 22
7 78 13 4
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5 5 Tempo Eu passo.
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9 11 Morte É um ser vivo já sem vida que ainda temos que amar
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2 6 Amor “Que minha mamãe não morra e meu papai não morra.”
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25 7 Espaço
“É como deixando dez linhas.”
26 7 Igreja “Onde as pessoas vão perdoar Deus.”
30 7 Ódio “É sincero.”
35 8 Adulto “Pessoa que em toda coisa que fala vem ela primeiro.”
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40 8 Inferno Pra mim, inferno é quando uma pessoa diz pra outra:
vai pro inferno
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AMOR
10 Sobre o ensino em espiral proposto pela teoria vygotskyana, ver o capítulo de
Bordin neste mesmo livro.
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6 Amor “Que minha mamãe não morra e meu papai não morra.”
8 Amor É quando uma pessoa se ama e até pode casar e ter filhos e
todas essas besteiras
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O Universo contado pelas crianças e a formação de conceitos [...]
CRIANÇA
4 Criança “Tem coração e pernas e pés com relógio e com roupa. Olhos,
cabelo e cores.”
5 Criança
“Com ossos, com olhos e brincam.”
6 Criança “É um humano, são maus às vezes, são bons às vezes, choram,
gritam; brincam, brigam, tomam banho às vezes não tomam
banho, entram na piscina e crescem.”
6 Criança “Tem ossos, tem olhos, tem nariz, tem boca, caminha e come e
não toma rum e vai dormir mais cedo.”
7 Criança “Alguns são bonitos, são muito bons amigos, os meninos gos-
tam muito de futebol. Os homens são muito importantes para
as mulheres.”
7 Criança
“É brinquedo de homens.”
8 Criança Humano feliz
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LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
MEDO
O mesmo ocorre com o termo medo, que traz a maioria das defi-
nições como descrições dos medos de cada uma das crianças, ao
invés de uma resposta que sincretize tal sentimento.
3 Medo “Da luz, porque está o menino Jesus, porque ele está escon-
dido e me assusta com as asas.”
5 Medo “Os vira-latas são muito feios, têm cinco olhos e quatro
bocas e espantam as crianças. Também os fantasmas, e os
bichos-papões que são uns senhores com as calças rasga-
das.”
5 Medo “Da chuva, de tudo, porque eu tenho tosse e não posso sair
na rua.”
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O Universo contado pelas crianças e a formação de conceitos [...]
LOUCO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
185
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
186
O Universo contado pelas crianças e a formação de conceitos [...]
REFERÊNCIAS
AKHUTINA, T. V. The Structure of the Individual Mental Lexicon from the Standpoint
of L. S. Vygotsky’ s Ideas. Journal of Russian and East European PSychology, v. 41, n.
3, p. 115–128, 2003.
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1979.
187
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
FREITAS, M.T. No fluxo dos enunciados, um convite à pesquisa. IN: FREITAS, M.T.
e RAMOS, B. Fazer pesquisa na abordagem histórico-cultural: metodologias em
construção. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2010.
Brasileira, 1991. v. 4
NARANJO, J. Casa das Estrelas: o universo contado pelas crianças. Barcelona: Editora
Planeta, 2018
188
O Universo contado pelas crianças e a formação de conceitos [...]
189
O ensino infantil na história da
criança e sua repercussão na
escolaridade
SONIA SELLIN BORDIN
INTRODUÇÃO
1 A Neurolinguística Discursiva, área fundada pela Profa. Dra. Maria Irma Coudry
(1986) no Instituto de Estudos da Linguagem/UNICAMP, estuda os fenômenos da
afasia e o acompanhamento de crianças e jovens com dificuldades na área de leitura
e escrita. Para isso, assume uma concepção de linguagem de natureza social e
dialógica, valorizando o caráter indeterminado de processos ideológicos e históricos
que produzem efeitos na sociedade, na língua e no cérebro/mente. Compreende
o sujeito na relação entre a linguagem, língua, cérebro, corpo e mente, a partir de
autores clássicos e atuais da Linguística, da Neuropsicologia, da abordagem histórico
cultural de Vygotsky, entre outros.
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O ensino infantil na história da criança e sua repercussão [...]
5 A descrição de cada uma dessas patologias pode ser consultada em: https://www.
researchgate.net/publication/284455957_Manual_Diagnostico_e_Estatistico_de_
Transtornos_Mentais_-_DSM-5_estatisticas_e_ciencias_humanas_inflexoes_
sobre_normalizacoes_e_normatizacoes
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[...] se processa como que por impulsos com intervalos, por linhas
pontilhadas e não linha compacta, regulando as nossas reações
por impulsos e deixando que elas aconteçam por inércia em in-
tervalos entre um e outro impulso” (2004a, p. 153).
10 É bastante claro que a relação criança - escola tem que passar pela ideia de
“família”. Optei por não tocar nesse tema devido ao espaço disponibilizado para o
gênero de escrita de capítulo de livro.
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O ensino infantil na história da criança e sua repercussão [...]
que pode acontecer entre dois seres, porque exige regras de con-
vivência e de permanência em coletividade. É importante observar
como as regras de boa convivência atravessam o desenvolvimento
biológico infantil e conferem marca social às experiências de vida
do infante.
A sociabilização ganha ainda mais importância quando enten-
demos que está diretamente relacionada à vontade da criança ir ou
não à escola, conferindo também a esse conceito uma característi-
ca psicológica. Sem a intenção e sem a motivação não há aprendi-
zagem, não há aporte cognitivo (VYGOSTSKY, 2004a).
Finalizando, as reflexões e análises aqui apresentadas são fun-
damentadas na proposição ética de considerar a primeira infância
como o período germinador da motivação para a aprendizagem. O
tema aqui desenvolvido me afeta por acompanhar tantas crianças,
com ou sem diagnósticos, que apresentam dificuldades escolares.
Meu objetivo foi o de chamar a atenção quanto ao fato de que a boa
qualidade da relação entre o ensino infantil e a escolaridade, pro-
priamente dita, pode sim marcar como bem sucedido o caminho a
ser percorrido por essa criança: um caminho com origem no gesto
representativo (função simbólica), presente em suas brincadeiras e
executado pelos desenhos, mas também como um signo visual que
contém a futura escrita da criança (LURIA, 1991, p. 121).
REFERÊNCIAS
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1981.
211
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
BORDIN, Sonia Sellin. Fala, leitura e escrita: encontro entre sujeitos. 2010. Tese
(Doutorado em Linguística) - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2010.
DIDONET, Vital. Creche: a que veio... para onde vai... Em Aberto, Brasília, DF, v. 18, n.
73, p. 11-27, jul. 2001. https://doi.org/10.24109/2176-6673.emaberto.18i73.%25p
212
O ensino infantil na história da criança e sua repercussão [...]
213
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
SCARIN, Ana Carla Cividanes Furlan; SOUZA, Marilene Proença Rebello de.
Medicalização e patologização da educação: desafios à psicologia escolar e
educacional. Psicologia Escolar e Educacional, Maringá, v. 24, p. 1-8, 2020. http://
dx.doi.org/10.1590/2175-35392020214158
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O discurso da patologização da
infância: movimentos de leitura e
produção de sentido
INTRODUÇÃO1
1 Este capítulo toma como ponto de partida a análise de caso discutido em Müller
(2013), acerca do processo de aprendizagem de leitura e escrita do sujeito TC,
diagnosticado com TDAH e um quadro próximo à dislexia.
2 Usaremos esses dois termos como sinônimos neste artigo. Porém, eles têm
sido usados com algumas nuances. Ambos são usados para nomear um processo de
ocultação de problemas sociais por meio de uma patologia. Quando esse processo
envolve a medicina (seus profissionais, ou ainda, os conhecimentos médicos) ele tem
sido mais comumente nomeado como medicalização (MOYSÉS E COLLARES, 2011).
A Neurolinguística Discursiva (ND), área de estudo em que se situa essa pesquisa,
costuma tradicionalmente utilizar o termo patologização, pois esse processo muitas
vezes não está associado apenas à medicina, mas inclui outros agentes sociais, como
a escola e a família por exemplo.
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LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
4 Utilizamos essas aspas para marcar a fala de uma das profissionais que confere
tal diagnóstico a TC. Mais a frente, iremos analisar o relatório de avaliação que nos
apresenta tal diagnóstico.
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CONHECENDO TC
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O discurso da patologização da infância
10 A posição sujeito, de acordo com Pêcheux (1975), é constituída pela posição que
o sujeito ocupa ao enunciar. Segundo o autor, esse lugar no discurso não é acessível
para o sujeito, já que ele não tem acesso à memória discursiva que o constitui. O
sujeito pode ocupar diferentes posições discursivas dependendo do contexto em que
se dá a enunciação.
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RECORTE 2:
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RECORTE 3:
“Em contraponto, as suas lições de casa estão cada vez mais apon-
tando o quanto ele é capaz, sendo claramente visível a seriedade
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12 Agradecemos à leitura cuidadosa de Claudia Freitas Reis a este artigo e que nos
abriu os olhos para os modos como a professora significa a escola.
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RECORTE 4:
RECORTE 5:
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O discurso da patologização da infância
REFERÊNCIAS
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COUDRY, Maria Irma. Patologização de crianças sem patologia. IN: VIÉGAS, L.S.
(et al Organizadoras) Medicalização da educação e da sociedade: ciência ou mito?
Salvador - EDUFBA, 2014.
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FREUD, Sigmund. (1891) La afasia. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 1973.
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O discurso da patologização da infância
SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17. ed. São Paulo, SP:
Ática, 2001.
ORLANDI, E., SARIAN, M. C. Entrevista com eni Orlandi. In: Pensares em Revista, São
Gonçalo, RJ, n.17, p.8-17, 2020.
PÊCHEUX, Michel. A análise de discurso: três épocas (1983). In: GADET, F., HAK, Tony
(orgs). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel
Pêcheux. 4 ed. Campinas, SP. Editora Unicamp, 2010, p.307-317.
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O método fônico e a consciência
fonológica: soluções ou
dispositivos de patologização?
ISABELA MOUTINHO
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a) consciência fonêmica;
d) desenvolvimento de vocabulário;
e) compreensão de textos; e
f) produção de escrita;
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Exemplo:
A caneca é colorida.
a) . | . . . . . . | . | . . . . . . . . |
b) - | - - - | - | - - - - | (sílabas)
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“po” não está em “copo”. “Bola” também não está em “bolacha”, dada a
posição do acento das palavras. Longe de ensinar as diferenças entre
escrita e oralidade (ou melhorar a consciência fonológica, se é que
isso é possível), esse exercício parece na verdade testar se a criança
conhece a diferença entre a fala e a escrita, especialmente no caso de
alteamento das vogais. Se a criança, a partir da própria fala, como to-
das fazem, no início do processo de alfabetização, fica confusa e não
responde o que é esperado, ela pode ser rotulada como criança que
tem problema de consciência fonológica. Ter esse tipo de questão faz
dela o que se chama, na literatura clínica tradicional, criança de risco
para patologias relacionadas ao aprendizado, como a Dislexia.
Além de atividades que ajudariam na escrita, como a anterior,
a autora propõe atividades de leitura. Como veremos, essas ativi-
dades se afastam radicalmente da proposta de Paulo Freire de ler
o mundo (até porque utiliza um texto artificial, escrito para fins de
exercício), da proposta discursiva da leitura com sentido e do res-
gate da função social do texto e dos conceitos de afetividade e inte-
resse propostos por Vygostky (2001).
Além do non-sense das atividades feitas a partir do texto, nos
parece muito estranha a instrução que é dada ao terapeuta/profes-
sor: o texto não precisa ser lido pela criança – no sentido de uma
leitura com compreensão. A criança deve apenas utilizá-lo para fa-
zer os exercícios que seguem: “não precisa ser lido pelo aluno. Sua
finalidade é auxiliar o professor a exemplificar para o leitor, o que
se espera que ele execute nos exercícios” (BICUDO, 2016, p. 64).
Escolhi reproduzir o texto tal qual encontra-se digitado no manual,
porque há algumas considerações que precisam ser feitas. Veja-se
que, no terceiro parágrafo, a fala de um dos personagens do texto
está introduzida com travessão, porém na mesma linha da parte do
narrador. Além disso, outros parágrafos introduzem fala dos perso-
nagens, porém sem travessão.
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leitura. Uma vez que são aplicadas para crianças que apresentam
dificuldades com a leitura e com a escrita, cabe fazer diversos
questionamentos: como elas ajudam as crianças a aprender a ler,
de fato, se o sentido do texto fica fora da interação entre o adulto
e a criança? Como ajudam se os aspectos rítmicos, prosódicos, in-
teracionais e discursivos que sustentam a leitura estão suspensos,
tornando a leitura artificial? Como podem ser motivadoras se apa-
gam o sujeito, a história, a cultura, a oralidade? Os aspectos tex-
tuais que importam para a compreensão e a produção textual são
desconsiderados ou, quando abordados, são apartados do sentido
do texto, de modo a serem apenas identificados de maneira bizar-
ra? Por quais motivos esse tipo de atividade é a alternativa às pro-
postas que envolvem o conceito de letramento e que trabalham,
sobretudo, com os diferentes gêneros textuais que, de fato, fazem
parte da vida da criança?
De que forma essas atividades preparam a criança para a leitu-
ra do mundo se trazem práticas artificiais e esdrúxulas, que não são
encontradas em nenhuma outra situação da vida real? Além da in-
coerência de pedir que a criança leia de cabeça para baixo, há, ainda,
instruções que exigem que a criança leia da direita para a esquerda,
contrariando o sentido da leitura nas línguas ocidentais. Além disso,
as crianças que estão em fase de alfabetização não aprenderam ain-
da conceitos como adjetivos, numerais e substantivos, o que pode
tornar essas atividades confusas frustrantes, que ressaltam o que
ela ainda não sabe (e que ainda nem deveria saber). A subjetividade
está suspensa e dá lugar ao non-sense que não acontece nem mes-
mo nas práticas escolares tradicionais, já que elas envolvem cópia e
exercícios de perguntas cujas respostas são facilmente localizáveis
no texto.
A segunda parte do manual propõe questões de produção tex-
tual, chamadas pela autora de Redação. Grande parte das atividades
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CRÍTICA DO LIVRO
TÍTULO: Querido diário otário
AUTORA: Jamie Kelly
PERSONAGENS: Jamie Kelly, Angelina e Isabella
O QUE ESCREVERIA NA CONTRA-CAPA DESTE LIVRO: nesse livro você vai co-
nhecer a Jamie Kelly, uma menina que estuda no colégio Nackefil i que tei uma
inimiga número 1o chamada Angelina. Você vai se divertir vendo oque ela vai
fazer para roubar a ficha da Angelina. Descubra o que vai acontecer além disso.
DOIS MOMENTOS FAVORITOS: quando a Angelina atira o bolo de carne na Brut-
nford e a Jamie Kelly assume a cupa (culpa). Quando ela chama o diretor de
Dinetor por parecer um dinossauro.
O QUE MUDARIA: que a Jamie Kelly tivesse pegado a ficha e lido.
NOTA: 10.
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REFERÊNCIAS
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O método fônico e a consciência fonológica
289
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
NADALIM, C. O pior método de alfabetização que existe (vídeo online). 2015. (7m17s).
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sKSdYz4W4CI. Acesso em: 14
jul. 2019.
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Linguagem na Educação Infantil:
a instância do eu e a constituição
da subjetividade
BETINA REZZE BARTHELSON
INTRODUÇÃO
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Linguagem na Educação Infantil
4 A Neurolinguística Discursiva foi fundada como área pela Profa. Dra. Maria Irma
Hadler Coudry, a partir de Diário de Narciso: Discurso e afasia (1986), no Instituto de
Estudos da Linguagem, IEL/UNICAMP.
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Linguagem na Educação Infantil
6 Agamben, em Infância e História (2005), afirma que, é pelo fato de o homem ser
desprovido de linguagem, ou seja, pela linguagem não ser intrínseca a ele que ele
a recebe de fora: “ (...) o homem não é, deste ponto de vista, o animal que possui a
linguagem, mas sim o animal que dela é desprovido e que deve, portanto, recebê-la
de fora (AGAMBEN, 2005, p.73). Em nosso entendimento, esse processo se dá pela
captura da criança pela linguagem (DE LEMOS, 1992) e pressupõe a anterioridade
lógica (BENVENISTE, 1966/2005; PEROTINO 2009) da linguagem, ou seja, a condição
do homem ser antecedido pela linguagem.
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10 A roda de conversa é uma prática pedagógica que consiste na organização das
crianças em círculo ou dispostas de alguma outra maneira que todos possam se olhar,
sendo muito comum nas instituições de Educação Infantil. Ela foi originalmente
pensada por Célestian Freinet (1964/1996), pedagogo francês, na década de 1920, como
uma prática para promover a livre expressão e na qual o professor tem o fundamental
papel de organizador das falas das crianças. A roda de conversa – discursivamente
orientada – é por nós assumida como o principal recurso metodológico do professor
para o trabalho com a linguagem verbal, sobretudo, por possibilitar o respeito e a
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Linguagem na Educação Infantil
valorização da maneira como cada criança se relaciona com o outro e com o mundo,
favorecendo o rompimento com a educação orientada de maneira tradicional em que
o professor é o centro do processo educativo.
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que estava voltada, nesse momento, para o relato livre das crianças
sobre o assunto que desejassem. GG era uma criança com laudo
médico de hipótese diagnóstica de autismo infantil: F84 (CID 10) – em
anexo –, o que estava sendo, atentamente, observado pela professora.
A análise do dado11 evidencia a importância do aparelho formal da
enunciação para a relação do sujeito com o outro e com o mundo:
3 GG Sim.
4 Prof Que legal! Manda parabéns pra ela! Vai ter bolo?
5 GG Sim.
7 GG O Gu não vai.
11 O dado apresentado foi produzido na sala de aula em que eu era professora e
integra a Tese de doutoramento mencionada neste artigo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
14 É importante ressaltar que, com essa posição, não consideramos que não existam
diagnósticos válidos, como os vinculados a patologias de fato, mas a maneira como
as avaliações das crianças têm acontecido produz equívocos por meio de laudos que
não dão sustentação aos seus resultados quando analisados a partir de uma leitura
linguístico-discursiva e que não se confirmam frente a intervenções adequadas.
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Linguagem na Educação Infantil
ANEXO
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REFERÊNCIAS
310
Linguagem na Educação Infantil
______. (1981) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São
Paulo: Martins Fontes, 2000.
GERALDI, J.W. (1991) Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
PEROTINO, S. Sob a condição de não falar de uma criança: a escrita de caso JM. Tese
(Doutorado em Linguística ) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade de
Campinas, Campinas, 2009.
UNICEF. Centro de Pesquisa Innocenti da Unicef. Fundo das Nações Unidas para a
Infância. A transição dos cuidados na infância, Unnocenti report Card. n8, Florença,
2008.
311
312
Vigilância e triagem do
desenvolvimento da linguagem
em crianças com fatores de risco:
considerações políticas, teóricas
e práticas
MARIA LUCIANA DE SIQUEIRA MAYRINK
DENYSE TELLES DA CUNHA LAMEGO
ANDREIA MENDES TAVARES
INTRODUÇÃO
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
Screening
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Esse tipo de avaliação requer que as instruções para seu procedimento sejam
padronizadas tanto para sua administração como para a pontuação, gerando um
resultado de idade equivalente e escore padrão. Nesse tipo de avaliação, geral-
mente os domínios compreensivo e expressivo são analisados separadamente
em subtestes, gerando assim pontuações de subescalas e, ao final, um escore
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
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Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudia Regina Furquim de. Prevalência das desordens idiopáticas da fala
e da linguagem em crianças de um a onze anos de idade. Revista de Saúde Pública, v.
31, p. 495-501, 199.
BHUTTA, Zulfiqar A. et al. What works? Interventions for maternal and child
undernutrition and survival. The lancet, v. 371, n. 9610, p. 417-440, 2008.
BLOOM E LAHEY, 1988. “What is language?”. In: Language Disorders and Language
Development. Lahey, M. Macmillan Publishing Company, New York, 1988.
345
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
COPLAN, James. The Early Language Milestone Scale. 2 ed. Texas: Pro-Ed; 1993.
DA CUNHA, Antonio Jose Ledo Alves; LEITE, Álvaro Jorge Madeiro; DE ALMEIDA,
Isabela Saraiva. The pediatrician’s role in the first thousand days of the child: the
pursuit of healthy nutrition and development. Jornal de Pediatria (Versão em
Português), v. 91, n. 6, p. S44-S51, 2015.
346
Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
HARTSHORNE, M.; FREEMAN, K.; PARROTT, J. The cost to the Nation of children’s
poor communication. I Can Talk Series (Issue 2) London: I Can; 2006. Reprinted 2009.
JOHNSON, Chris Plauche; BLASCO, Peter A. Infant growth and development. Pediatr
Rev, v. 18, n. 7, p. 224-242, 1997.
LAMEGO, Denyse T.C.; MOREIRA, Martha Cristina Nunes; BASTOS, Olga Maria.
Diretrizes para a saúde da criança: o desenvolvimento da linguagem em foco.
Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, p. 3095-3106, 2018.
LANCET. Advancing early childhood development: from science to scale. 2017; 389-
10064.
347
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
LIPKIN, Paul H. et al. Promoting optimal development: identifying infants and young
children with developmental disorders through developmental surveillance and
screening. Pediatrics, v. 145, n. 1, 2020.
348
Vigilância e triagem do desenvolvimento da linguagem [...]
SINGLETON, Nina Capone. Late talkers: why the wait-and-see approach is outdated.
Pediatric Clinics, v. 65, n. 1, p. 13-29, 2018.
349
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
WALKER, Dewey et al. Early Language Milestone Scale and language screening of
young children. Pediatrics, v. 83, n. 2, p. 284-288, 1989.
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Sobre os autores
ISABELA MOUTINHO
Licenciada em Letras e mestra e doutora em Linguística, na área
de Neurolinguística Discursiva pela Universidade Estadual de Cam-
pinas. Foi cuidadora do CCazinho por 10 anos e atua na educação
básica desde 2013.
LAINE DOS SANTOS PIMENTEL
Fonoaudióloga graduada pela Universidade Federal da Bahia
(UFBA). Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação
da Faculdade de Educação (PPGE/FACED/UFBA). Tem se dedicado
ao estudo da linguagem orientando-se pelas perspectivas discur-
sivo-enunciativa e bakhtiniana, dando ênfase às questões ligadas
ao autismo
LUCIA MASINI
Professora na categoria assistente-doutor do Departamento de
Teorias e Métodos Fonoaudiológicos e Fisioterápicos da Faculdade
de Ciências Humanas e da Saúde; coordenadora do curso de Fo-
noaudiologia da PUC-SP. Doutora em Linguística Aplicada e Es-
tudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, graduada em Fonoaudiologia (PUC-SP). Área de atuação e
pesquisa em linguagem oral e escrita; saúde coletiva e medicaliza-
ção da educação e da sociedade.
MARIJE SOTO
Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na
qual atua no programa da pós-graduação em Linguística e no la-
boratório de EEG de Acesso Sintático (ACESIN/UFRJ). Ela é espe-
cializada em neurociência cognitiva e psicolinguística pela UFRJ
e IDOR, com foco na interface sintaxe-semântica. Atualmente as
áreas de interesse são relativamente diversas, incluindo processa-
mento lexical e estrutura sintagmática, processamento de variação,
processamento atípico, interface linguagem-emoção, interfaces
cognitivas na aquisição de LE. Toda sua pesquisa envolve de algum
modo seus interesses por neurociência, biologia e cognição, e tem
como objetivo geral alcançar um entendimento melhor da arquite-
tura neuroanatômica e funcional da linguagem.
MARINA R. A. AUGUSTO
Professora/pesquisadora junto à Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ), onde atua na graduação e na pós-graduação em
Letras. É membro do Laboratório de Psicolinguística e Aquisição
da Linguagem (LAPAL/PUC-Rio) e pesquisadora do Prociência/
FAPERJ. Tem experiência em aquisição da linguagem, com foco em
questões morfossintáticas, seja em aquisição típica ou atípica, tanto
de língua materna como de língua adicional. É editora-associada
da Revista MATRAGA e membro consultivo de revistas na área de
Letras, como D.E.L.T.A. e Caderno de Squibs.
RENATA OLIVEIRA
Doutoranda em Linguística pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ); professora de Ensino Básico, técnico e tecnológico
pelo Instituto Benjamin Constant (IBC) e coordenadora do Setor
LINGUAGEM, COGNIÇÃO E ENSINO
CONSELHO EDITORIAL
Adeilson P. Sedrins (UFRPE/UAG) Juciane Cavalheiro (UEA)
Adelia Maria Evangelista Azevedo (UEMS) Leonel Figueiredo de Alencar
Ana Paula Scher (USP) (UFC)
Aniela Improta França (UFRJ) Luiz Francisco Dias (UFMG)
Atilio Butturri Junior (UFSC) Mailce Mota (UFSC)
Carlos Alberto Faraco (UFPR) Marcelo Ferreira (USP)
Carlos Piovezani (UFSCar) Marcos Lopes (USP)
Carmem Luci Costa e Silva (UFRGS) Marcus Lunguinho (UnB)
Cassiano R. Haag (MPSC) Maria Eugenia Duarte (UFRJ)
Cátia de Azevedo Fronza (Unisinos) Mariangela Rios de Oliveira (UFF)
Cláudia Regina Brescancini (PUCRS) Pablo Ribeiro (UFSM)
Claudia Toldo Oudeste (UPF) Plínio Barbosa (Unicamp)
Dermeval da Hora (UFPB) Rafael Minussi (Unifesp)
Eduardo Kenedy (UFF) Renato Basso (UFSCAR)
Edwiges Maria Morato (Unicamp) Ronice Muller de Quadros (UFSC)
Eliane Silveira (UFU) Ruth Lopes (Unicamp)
Elisa Battisti (UFRGS) Simone Guesser (UFRR)
Esmeralda Negrão (USP) Simone Sarmento (UFRGS)
Heloisa Monteiro Rosário (UFRGS) Sirio Possenti (Unicamp)
Heronides Moura (UFSC) Sonia Cyrino (Unicamp)
Ingrid Finger (UFRGS) Tânia Maris de Azevedo (UCS)
Jairo Nunes (USP) Ubiratã K. Alves (UFRGS)
Janaína Weissheimer (UFRN) Vitor Nóbrega (UFSC)
João Paulo Cyrino (UFBA) Viviane de Melo Resende (UnB)
ORGANIZAÇÃO
Thalita Cristina Souza Cruz
Fernanda Moraes D’Olivo
REVISÃO
Diana Michaela Amaral Boccato
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-85-68990-13-1
21-81236 CDD-410
DOI 10.25189/9788568990131
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editora.abralin.org
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