CANABARRO ALVES. Uma Pílula para (Não) Viver
CANABARRO ALVES. Uma Pílula para (Não) Viver
CANABARRO ALVES. Uma Pílula para (Não) Viver
Resumo
Este trabalho constitui-se como uma tentativa de tecer um
entendimento sobre o que perpassa a grande busca pelo uso
de medicamentos psicotrópicos, verificada hoje, nas sociedades
ocidentais. O uso de substâncias psicoativas acompanha o homem
desde os primórdios de sua história. Utilizadas com diferentes
finalidades, a gama dessas substâncias teve o acréscimo dos
medicamentos psicotrópicos, na década de 1950, quando os
primeiros psicofármacos foram produzidos. Desde então, os
medicamentos legalizados e capazes de alterar os sentidos, vêm
ganhando popularidade nas sociedades ocidentais, onde dão vazão
ao que hoje é visto como um fenômeno de medicalização social.
Abstract
This paper brings a comprehension about what pass by the
increasing search for psychotropic drugs, verified nowadays, in
western societies. Psychoactive substances are used by humans
since the beginning of mankind history. Utilized for different purposes,
these substances had an increment in the fifties with the production
of psychotropic drugs. Ever since, legalized medicaments, which
are capable to modify our senses, earned popularity in occidental
societies and it sounds like social medicalization phenomena. Our
aim in this paper is to appreciate one of the psychoactive drugs roles
over people’s lives, in other words, the anesthetic effect on desire.
Add to that, we search to report some alterations faced by science
and western societies in the lasts centuries that seems to have a
relationship with the phenomena. The psychoanalytic literature is
reviewed and we analyze sociologists and psychoanalysts works.
Albeit recent studies are being made, this subject is recent and
deserves new research.
Keywords: psychotropic drugs; contemporaneity; psychoanalysis;
subject; anesthetize.
Os insensibilizadores da existência
“Contra Rivotril não há vontade de morrer que aguente.
O anti-sujeito5
“(...) e você lava a boca, o rosto e os cabelos, e se olha no
espelho, e pode se considerar um sujeito definitivamente
alterado, para o resto dos seus dias, assim como me con-
sidero, quimicamente alterada para sempre...” (Pessôa,
I. 2005, p. 89-90).
Notas
1. Este artigo compreende uma reformulação da monografia de
conclusão de curso da autora, intitulada “O sujeito anestesiado:
o uso dos psicofármacos na contemporaneidade”, apresentada,
em 2007, ao Curso de Psicologia da Universidade Federal de
Santa Maria, sob orientação da co-autora.
2. Ver a esse respeito Freud, S. (2004). Formulações sobre os dois
princípios do acontecer psíquico. (Escritos sobre a Psicologia do
Inconsciente). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado
em 1911).
3. Grifo nosso.
4. Foucault (2005) é um dos autores que mais destaque vai oferecer
aos mecanismos do que denomina “sociedade disciplinar”.
Através de uma análise sociohistórica, o autor mostra os entraves,
os fios, que tecem um “pano de fundo” que, embora não apareça
como cenário principal, de diversas formas os determina. Foucault
acaba por elaborar toda uma ampla via de entendimento destes
mecanismos e, em função disto, não iremos avançar neste vasto
Referências
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