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SIGNOS DO CONSUMO, NARRATIVIDADE, GÊNEROS E VIDA SIMBÓLICA

Eneus Trindade1
Clotilde Perez2

Ao ler um livro de Lúcia Santaella em 1996, intitulado Cultura das mídias,


lembro-me em um dos capítulos da citação que ela faz de um astrônomo - Michael D.
Papagiannis que dizia que toda vibração acima de temperaturas maiores que o zero
absoluto é um índice de vida e, portanto, um signo de vida. Nesse sentido, podemos
dizer que os artigos desta segunda edição de 2013 da Revista Signos do Consumo
trazem o sentido da vitalidade sígnica em visões plurais da nossa semiosfera, que se dá
a partir de estudos que refletem sobre: as narrativas e o corpo na publicidade, nas
dinâmicas sociais de sentidos das relações de gênero e no consumo em si em suas
formas mais criativas. O primeiro texto a abrir a edição Transformar sim, perder a
essência jamais: o conto de chapeuzinho vermelho como texto publicitário de João
Batista Freitas Cardoso, Professor no Programa de Mestrado em Comunicação da
Universidade Municipal de São Caetano do Sul e de Danuza Pessoa Polistchuk -
Mestranda em comunicação pela mesma universidade apresenta como os contos de
fadas, enquanto códigos culturais, podem ser identificados e reconhecidos, mesmo com
as mudanças sofridas ao longo do tempo, por meio da análise de seis peças publicitárias
que têm o conto Chapeuzinho Vermelho como conceito criativo.
O segundo texto Relações de gênero e consumo na publicidade da Brahma na
copa do mundo de 2010 de Camila Augusta Alves Pereira - Mestre em Comunicação
Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Fausto Amaro e Fábio Grotz -
Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da mesma universidade,
trata do trinômio representações de gênero, esportes e publicidade, evidenciando as
construções de gênero e as marcações de uma suposta identidade nacional hegemônica

1
Professor Doutor do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA/USP. Possui
pós-doutorado em Antropologia Visual pela Universidade Aberta de Portugal. Doutor e Mestre em
Comunicação pela ECA/USP. Docente do PPGCOM/ECA/USP na área de teoria e pesquisa em
comunicação e Coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos da Linguagem Publicitária
CNPq/ECA/USP.
2
Professora Livre Docente em Ciências da Comunicação do Departamento de Relações Públicas,
Propaganda e Turismo da ECA/USP. Possui pós-doutorado em Comunicação pela Universidade de
Murcia-Espanha. Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Mestre em Administração pela
PUC-SP. Docente do PPGCOM/ECA/USP na área de interfaces sociais da comunicação. Coordenadora
dos Grupos de Estudos Semióticos em Comunicação, Cultura e Consumo CNPq/ECA/USP.

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presentes nos dois filmes publicitários da marca Brahma escolhidos (Lista de Pedidos e
Poucas Palavras).
O artigo três, Corpo, publicidade e consumo tecnológico de Wilton Garcia -
Professor do Mestrado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba-SP, é
um ensaio “que aponta considerações sobre o corpo na publicidade contemporânea, ao
observar algumas estratégias discursivas no campo da comunicação, em especial a
imagem”, a partir da crítica ao consumo tecnológico, tendo o anúncio publicitário
Birdman da marca Coca-Cola como objeto de leitura e análise.
O artigo seguinte aborda a questão dos signos da diferenciação institucional de
marca por meio do artigo O marketing cultural como elemento de diferenciação: o case
“Bradesco - espetáculo como mensagem” de Flavi Ferreira Lisboa Filho - Professor no
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e no Departamento de Ciências da
Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria e Julia Munareto Leal - Mestre
pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM. O texto apresenta uma
revisão bibliográfica “com a apresentação de conceitos e definições sobre o tema
marketing cultural com vistas à comunicação organizacional”. Para contextualizar o
apanhado teórico os autores apresentam o caso prático do Banco Bradesco, que iniciou
reestruturação geral a fim de legitimar a adoção de um novo conceito, o de ‘banco
completo’. Este novo conceito passou então a definir o posicionamento estratégico do
banco/marca no mercado.
O quinto artigo, Da propaganda à “publicidade” política: a ideia de consumo e
descarte na campanha eleitoral de Haddad , de Diógenes José Pasqualini - Doutorando
em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, trata
de forma instigante da correlação entre os universos sígnicos da política e da
publicidade de automóveis pelo estudo da última campanha eleitoral municipal de São
Paulo de Fernando Haddad em 2012 e a publicidade da marca Ford, buscando analisar
com se dá o processo de “identificação da propaganda política com os discursos
publicitários no desencadeamento do efeito cíclico entre desejo, consumo e posterior
“descarte” do político.
Já no sexto artigo, Juventude rural e novas formas de sociabilidade mediadas
pelas tics de Ezequiel Redin - Doutorando em Extensão Rural pela Universidade de
Federal de Santa Maria, Paulo Roberto Cardoso da Silveira - Professor da Universidade
Federal de Santa Maria, Gisele Martins Guimarães - Professora Adjunta na
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul e Vilson Flores dos Santos - Mestre em

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Extensão Rural pela Universidade Federal de Santa Maria, apresenta resultados de
pesquisa coletiva e interdisciplinar com foco no consumo midiático de jovens da região
rural do Centro da Serra do Rio Grande do Sul. O trabalho analisou “as mudanças nas
formas de sociabilidade vivenciadas em um processo de transformação da vida rural
provocado pela universalização do uso das TICs”.
O penúltimo artigo, intitulado Leia na minha camisa – comunicação, consumo e
subversão de sentido de marcas absolutas de Irene Carballido - Mestranda em
Comunicação e Consumo do PPGCOM- ESPM-SP temos uma discussão criativa sobre
produção de sentido feita pelo nome da marca em camisetas e seu poder de subversão
no universo da produção sentido em torno da mercadoria e suas contradições.
No último artigo, voltamos à questão das representações do gênero na mídia com
o texto A foto errada na capa certa: casamento gay, fetichismos visuais e produção de
sentido na recepção midiática de Camilo Vannuchi - Mestrando do Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo, que reflete
sobre como “a foto publicada numa capa de revista pode influenciar negativamente as
práticas de consumo da edição ao permitir que a produção de sentido (na recepção)
contradiga o pretendido pelo emissor (na enunciação). Comparamos duas capas sobre o
mesmo tema, publicadas por revistas distintas (a Time e a Época São Paulo),
combinando semiótica, análise do discurso e teorias da enunciação”, recorrendo à teoria
da enunciação da recepção publicitária para sugerir sua aplicação no estudo da recepção
jornalística.
Por fim, a revista encerra com a resenha intitulada Cultura, marcas e pirataria:
o consumo que não tem preço de Diogo Kawano - Mestrando do Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo que faz sua
apreciação da obra coletiva - Universo Sígnico da Pirataria: Falso? Verdadeiro!
Organizada por Clotilde Perez, Eneus Trindade, Jôse Fogaça e Leandro Batista, editado
pela InMod, São Paulo, 2013, referente ao trabalho realizado entre 2011 e 2013 pelo
Grupo de Estudos Semióticos em Comunicação, Cultura e Consumo-GESC3/CNPq, no
âmbito da Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo.
A Revista Signos do Consumo segue firme em seu propósito de promover a
divulgação científica sobre os fenômenos da publicidade, da circulação das marcas e
dos consumos midiáticos e midiatizados. Para tanto, a equipe editorial tem lutado para
conquistar alguns espaços na cena da divulgação científica comunicacional, a saber: a
Revista está sediada no Portal Sibi de Revistas da USP e obteve D.O.I (Digital Object

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Signos do consumo, narratividade, gêneros e vida simbólica
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Identifier) que é um padrão para identificação de documentos em redes de
computadores, como a Internet, para seus artigos a partir de 2013 e também em 2013 a
revista obteve avaliação webqualis CAPES periódicos no extrato B2 para a área de
Ciências Sociais Aplicadas I, sendo classificada nos extratos B3 para a área
Interdisciplinar e B5 nas áreas de Sociologia, Administração, Contábeis, Turismo,
Antropologia e Arqueologia.
Todo esse trabalho de qualidade só se torna possível graças aos esforços de
todos que fazem a revista acontecer, sobretudo, pela contribuição dos avaliadores
nacionais e estrangeiros que participam do comitê de avaliação deste periódico e que,
neste momento, manifestamos nominalmente nossos maiores agradecimentos pelo
trabalho realizado. Esses professores doutores são: Adolpho Queiroz (Universidade
Presbiteriana Mackenzie), Arlete Petry (USP), Aryovaldo De Castro Azevedo Jr.
(UFPR), Asdrúbal Borges Formiga Sobrinho (UNB), Gino Giacomini Filho (USCS e
USP), Luiz Alberto de Farias (USP), Maria Aparecida Ferrari (USP), Maria Berenice
Costa Machado (UFRGS), Maria Ogécia Drigo (UNISO), Maria Lilia Dias de Castro
(UFMS), Mariangela Haswani (USP), Mitsuru Yanaze (USP), Pedro Hellín
(Universidade de Múrcia- ES), Paulo Lencastre (Universidade Católica do Porto-PT),
Sandra Maria Ribeiro de Souza (USP), Sergio Trein (UNISINOS), Tania Hoff (ESPM-
SP).

Desejamos a todos uma ótima leitura.


Os Editores

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