2004 TCC Olgbrito

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E


TECNOLÓGICO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
INTERVENTIVA NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E O PROCESSO


AVALIATIVO

OLIVIA LIMA GUERREIRO DE BRITO

FORTALEZA – CEARÁ

2004
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E O PROCESSO
AVALIATIVO

OLÍVIA LIMA GUERREIRO DE BRITO

MONOGRAFIA SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-


GRADUAÇÃO EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA INTERVENTIVA NA SAÚDE E
NA EDUCAÇÃO, COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU
DE ESPECIALISTA EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PELA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO CEARÁ.

FORTALEZA – CEARÁ
2004
Esta Monografia foi submetida como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de especialista em avaliação psicológica, outorgado pela
Universidade Federal do Ceará e encontra-se à disposição dos interessados
na Biblioteca do Centro de Humanidades da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que seja


feita de conformidade com as normas da ética científica.

________________________________________________________
Olívia Lima Guerreiro de Brito

MONOGRAFIA APROVADA EM _____/________/________

Profa. Marisa Pascarelli Agrello


Orientadora
RESUMO

Este estudo apresenta o tema inteligência humana visualizando sua evolução


histórica no campo científico, a atual concepção considerada em nossa sociedade
contemporânea, além das implicações técnicas para o trabalho do psicólogo
enquanto avaliador. Apresentamos também os dados que fundamentam as
prováveis correlações entre inteligência e tipos de personalidade, associando
habilidades humanas e caracterologia, assim como as mudanças que o recente
conceito das inteligências múltiplas agregou às novas e ainda experimentais
estratégias de avaliação psicológica para fins de identificação das competências
pessoais e orientação para o desenvolvimento humano.
SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................... 04
INTRODUÇÃO........................................................................................................06
CAPÍTULO I – A NATUREZA E O DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA......

CAPÍTULO II – TIPOS DE INTELIGÊNCIA : AS SETE HABILIDADES DE


HOWARD GARDNER ..............

CAPÍTULO III – INTELIGÊNCIA E ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL


........................................

CAPÍTULO IV – INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E TIPOLOGIAS DE


PERSONALIDADE..................

CAPÍTULO V - O PROCESSO DE AVALIAÇÃO E AS INTELIGÊNCIAS


................................
CONCLUSÃO .......................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.........................................................................
6
INTRODUÇÃO

O conceito de inteligência passou por várias transformações, sendo ainda objeto


de estudo da Psicologia com significativa relevância em nossa sociedade
contemporânea. Neste estudo, verificamos sua concepção inicial, assim como
sua evolução através das idéias principais de Piaget, Wallon, Vygotsky e Gardner
com sua mais recente teoria das inteligências múltiplas.

A concepção sobre a natureza da inteligência humana e suas formas de interação


entre o biológico e o social, repercutiram significativamente nas novas estratégias
de avaliação e de educação formal, assim como no estilo e nas técnicas que o
psicólogo dispõe para elaborar suas conclusões acerca das habilidades humanas.

Apresentamos, portanto, a estreita relação entre cada teoria e sua forma de


atuação, especificamente no âmbito da avaliação psicológica. Este estudo
pretende contextualizar as técnicas de avaliação psicológica e nortear esta prática
pelos mais recentes conceitos, visto as inovações já discutidas e aceitas em
Psicologia no campo científico, através de uma pesquisa e lógica conceitual sobre
o tema.

A visão múltipla, processual e interacionista da inteligência é notadamente


enfatizada neste trabalho, assim como esta nova e interessante forma de
compreender o que é “ ser inteligente “ . A discussão sobre em que proporções
as nossas heranças biológicas podem ou não sofrer modificações através de
intervenção, treinamento ou demais formas de influência cultural ou social também
são apresentadas, com as concepções psicológicas correlacionadas, sendo esta a
tendência mais evidente em Psicologia atualmente.
7
Verificamos a diferença entre as teorias tradicionais e as contemporâneas,
relatando as formas distintas em que o Psicólogo avaliador lida conforme estes
paradigmas e ressaltamos as inovações mais aceitas em avaliação.

O conceito de inteligência enquanto potencias biopsicológico é amplamente


evidenciado, explorando as chamadas inteligências múltiplas e sua correlação
entre tipos de personalidade.

Por fim, salientamos que a maneira científica de compreender e avaliar a


inteligência, ou ainda, no conceito mais atualizado, as inteligências, tem se
modificado e ampliado, trazendo novas possibilidades de descoberta e de
estratégias de avaliação.

O próprio sentido e o papel do Psicólogo enquanto avaliador, dentro desta


concepção denominada teoria das inteligências múltiplas, é apresentado como
fundamental, enquanto norteador de prováveis escolhas – sejam pessoais ou
profissionais, visto sua condição de desenvolver e aplicar técnicas que cooperem
com o autoconhecimento e exercício do treino das competências individuais
existentes em cada pessoa.
8
CAPÍTULO 1: A NATUREZA E O DESENVOLVIMENTO DA
INTELIGÊNCIA

1.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICO CULTURAL DO CONCEITO DE


INTELIGÊNCIA

Estudar sobre inteligência requer uma ampla investigação de diversos


autores e uma visão histórica sobre a evolução deste conceito na esfera
científica, suas implicações e repercussões em cada época, as quais certamente
influenciam as práticas educacionais e profissionais contemporâneas.

Podemos começar verificando que o conceito de inteligência aparece


pela primeira vez, considerando que o ser humano teria uma capacidade geral,
considerada inata, quase não modificável em seu potencial genético, mas passível
de investigação e de mensuração que possibilitaria fazer prognósticos quanto a
sua performance educacional. O termo inteligência ou inteligente surgiu no meio
científico como contribuição dos trabalhos de Herbert Spencer e Francis Galton,
no século XIX ( Butcher, 1972 ). As idéias destes estudiosos influenciaram seus
contemporâneos na crença de uma capacidade intelectual geral, notadamente
quase todos os psicólogos com formação em fisiologia.

Destacam se os estudos e pressupostos do psicólogo Alfred Binet, os


quais consideraram a inteligência humana como aspecto genético e inato, assim
como insensível ou não modificável por treinamento, já que o indivíduo, segundo
este, nasceria com uma quantidade de inteligência mensurável. Como podemos
constatar , “ na tradição de Binet-Spearman, a inteligência é um traço do indivíduo
isolado, que pode ser avaliado sozinho “ ( Gardner, 1995, p. 52 ).
9
A partir da segunda guerra mundial, o conceito e os estudos sobre
inteligência avançaram, especialmente nos Estados Unidos, ampliando a noção de
mutabilidade deste aspecto, ou seja, sua natureza progressiva, evolutiva e
interativa com o meio no qual está inserida. Autores como Spencer e Galton,
enfatizaram a função de uma capacidade geral dominante, mas não negaram a
existência de capacidades intelectuais específicas ( Butcher, 1972 ).

Na evolução desta concepção, vale salientar os estudos de Thurstone


( 1887-1955 ), que foi um dos psicólogos americanos que mais exerceu influência
na análise das capacidades, tanto na metodologia de avaliação, quanto nos
resultados obtidos. Deve-se a ele a introdução de fatores correlacionados, ou
seja, capacidades intelectuais distintas, as quais ele denominou primárias.

Percebemos que, o paradigma da concepção unidimensional sobre a


inteligência , segundo Gardner ( 1995 ), envolveria todos os teóricos oriundos dos
pressupostos que geraram a prova de QI ( quociente intelectual ) ou capacidade
geral de inteligência, no qual se considera apenas uma única dimensão intelectual.
A insatisfação com os testes de QI foi crescendo historicamente, e os trabalhos
de Thurstone, J.P. Guilford, dentre outros, avançaram nesta idéia pluralista de
competências humanas múltiplas.

A ciência descobriu que cada ser humano possui um cérebro de réptil,


outro de mamífero e só um terceiro cérebro, chamado neocortex, é tipicamente
humano. Este último está dividido em duas metades. Um hemisfério lógico e
racional ( o esquerdo ) e outro criativo e aberto à intuição ( o direito ). O esquerdo
( QI ou inteligência intelectual ) se baseia na memória e vê a vida como um
processo lógico, sucessivo e analisável que se desenvolve linearmente ao longo
do tempo. O hemisfério direito ( QE ou inteligência emocional ), elemento
exclusivo de estudo deste trabalho, abriga a criatividade, a intuição, a percepção
10
direita sem necessidade de raciocínio, a vivência do aqui e agora, do eterno e de
tudo aquilo que não pode ser descrito em palavras.

O advento de novos estudos no campo da Psicologia social e da


sociologia, também foram importantes para uma outra mudança conceitual nesta
área. Ao invés do conceito determinista e geneticamente hereditário, de uma
maneira mais veemente, surgem os estudos de Piaget, psicólogo suíço, que
introduziu a Psicologia genética como fator importante. O aspecto biológico, neste
caso, continua senso considerado, mas a interação do organismo e seu meio
ambiente também exerceria uma grande influência no desenvolvimento da
competência intelectual humana.

Cada vez mais, a inteligência passou a ser compreendida como atributo


biológico que se desenvolve através de processos, nos quais ocorre uma ativa e
contínua interação com o meio externo, que foi gradativamente sendo ampliada
para as relações afetivas , segundo Wallon , e contextuais, segundo Vygotsky.

Atualmente, pode-se afirmar que há “ quatro teorias principais sobre a


natureza e o desenvolvimento da cognição. A mais abrangente, é a do grande
psicólogo suíço Jean Piaget. As outras são abordagens do processamento da
informação, neopiagetiana e contextual “ ( Flavell, 1999 ).

Estaríamos, portanto, evoluindo de um paradigma reducionista e


individualista, para uma concepção mais aberta, interacionista e
desenvolvimentista da inteligência humana, onde mais recentemente, os estudos
sobre as chamadas inteligências múltiplas de Gardner, enfatizam este aspecto
pluralista e compreensivo da diversidade das competências humanas. Sua teoria
considera o biológico, mas não elimina o social.
11
“ É uma visão pluralista da mente, reconhecendo muitas facetas
diferentes e separadas da cognição, reconhecendo que as pessoas tem formas
cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes “ ( Gardner, 1995 ).
Assim, as idéias atuais mais comumente aceitas, consideram que : Há uma
herança biológica importante e reveladora dos recursos que cada ser humano
tem, dentro de suas competências pessoais de inteligência e que a inteligência se
desenvolve processualmente em estágios gradativamente mais complexos.

1.2. INTELIGÊNCIA E COGNIÇÃO SEGUNDO PIAGET

A influência das idéias de Piaget na compreensão do desenvolvimento cognitivo


do homem são indiscutíveis. Evans ( 1980 ) nos apresenta os principais
fundamentos do que ele denomina de epistemologia genética, demonstrando que
esta de detém à “ formação e significado do conhecimento e dos meios pelos
quais a mente humana se desenvolve desde um baixo nível de conhecimento até
o que é considerado mais alto “. As conclusões de Piaget foram fruto de
observações e registro detalhado do comportamento infantil, tendo ele
discriminado o processo cognitivo humano em etapas, as quais denominou de
sensório-motor ( estágio em que o bebê está formando representações simples ) ,
pré-operatório ( onde a criança elabora representações simbólicas simples de
causa e efeito ), operatório concreto ( estágio em que a criança normalmente vive
entre os sete e onze anos, envolvendo representações mentais mais complexas,
como reverter mentalmente um evento do mundo real ) e operatório formal ( a
partir dos quinze anos, envolveria o pensamento abstrato, científico e lógico
também encontrado na fase adulta ).

A concepção Piagetiana enfatiza as condições biológicas do ser humano que se


desenvolve interagindo com o meio, em estágios gradativos, possibilitando assim
um nível cognitivo cada vez mais complexo. Não é contudo, uma simples
12
influência do meio sobre o organismo, mas antes, uma interação ativa da criança
com o ambiente onde está inserida. Segundo Flavell ( 1999 ), vemos que

“ Piaget via a cognição humana como uma forma


específica de adaptação biológica de um organismo
complexo a um ambiente complexo. O sistema cogntivo
que ele idealizou é, entretanto, extremamente ativo,
pois seleciona e interpreta ativamente a informação
ambiental à medida que constrói seu próprio conhe-
cimento “ ( p. 11 ).

Este processo de interação ativo entre o biológico e o ambiental


acontece através de dois aspectos indissociáveis da mesma adaptação básica do
ser humano em seu desenvolvimento cognitivo denominados por Piaget de
assimilação e adaptação. Estes, portanto, seriam dois movimentos constantes e
interdependentes. A assimilação compreende o processo de adaptar os estímulos
externos às estruturas mentais internas, enquanto a acomodação envolve ajustar
o conhecimento já existente às características especiais de um objeto ou evento.

A educação pela inteligência neste modelo implicaria na exposição da


criança a problemas de forma gradual e cada vez mais complexa, criando
possibilidades de novas respostas. A interação do indivíduo com o ambiente em
novas situações e problemas lhe possibilitaria um desenvolvimento gradual,
conforme Flavell ( 1999 ) e Lima ( 1980 ).

Uma mudança importante de paradigma nos apresenta Piaget em seus


pressupostos, quando demonstra que o conhecimento humano não se constrói
apenas pela percepção, mas também, pelo movimento, ou seja, no fazer e agir
concreto como nos apresenta Kesselring ( 1993 ).
13
Deste modo, Piaget traz em sua influência teórica a idéia de que “ a inteligência
não é inata, dependendo da riqueza de estimulação do meio “( Lima, 1980, p. 26 ).

1.3. CONCEITUAÇÃO DE INTELIGENCIA SEGUNDO WALLON

Para Henri Wallon, a inteligência não é simplesmente um quociente


geral que representa a capacidade intelectual de alguém. Alguns pressupostos
são fundamentais para compreender a sua concepção de inteligência, que possui
influencias das idéias de Piaget e Freud. Embora ambos, Piaget e Wallon
compreendam a inteligência como aspecto humano que se desenvolve em
estágios, “ Wallon pretendia realizar uma psicogênese da pessoa e Piaget uma
psicogênese da inteligência” ( Galvão, 2000, p. 36 ).

Em primeiro lugar, é preciso considerar o princípio da visão integral do


ser humano, visto que “ podemos definir o projeto teórico de Wallon como a
elaboração de uma psicogênese da pessoa completa “ ( Galvão, 2000, p. 32 ). As
influencias genéticas, psíquicas e sociais são amplamente consideradas, tendo ele
acompanhado as evoluções da neurologia de sua época e incorporado a idéia de
plasticidade do sistema nervoso. Os fatores orgânicos vão cedendo
gradativamente o espaço de determinação ao social, ou seja “ as funções
psíquicas podem prosseguir num permanente processo de especialização e
sofisticação, mesmo que do ponto de vista estritamente orgânico já tenham
atingido a maturação “ ( Galvão, 2000, p. 41 ).

Neste sentido da psicogenética walloniana, o desenvolvimento da


inteligência, que além de ser cognitiva também é afetiva, ocorre pela passagem do
indivíduo por estágios nos quais acontece não somente uma ampliação, mas uma
reformulação.
14
O ritmo de passagem dos estágios não é linear, mas antes, “ o
desenvolvimento infantil é um processo pontuado por conflitos “ ( Galvão, 2000, p.
42 ). As fases vão se seguindo na medida em que acontece uma construção
progressiva, onde a predominância cognitiva e afetiva se alternam. Esta
alternância de funções estaria correlacionada à necessidade de cada fase
específica, numa permanente dinâmica de integração e diferenciação. O estágio
posterior incorpora as conquistas realizadas na fase anterior cooperando na
construção do eu.

A proposta de Wallon para a compreensão das emoções no


desenvolvimento da pessoa e de sua inteligência parte do paradigma da análise
genética, ou seja, Galvão ( 2000 ) destaca este modelo ao chamar a atenção para
que
“ contrariando a visão das teorias clássicas, defende
que as emoções são reações organizadas e que se
exercem sob o comando do sistema nervoso central.
O fato de contarem com centros próprios de comando
Situados na região subcortical, indica que possuem
Uma utilidade; caso fossem desnecessárias não mais
Teriam centros nervosos responsáveis pela sua
regulação “ ( p. 59 ).

E na sua obra que encontramos uma visão do homem onde o


desenvolvimento é compreendido como processo no qual estão inseridos os
diversos campos funcionais, ou seja, afetividade, motricidade e inteligência. Sua
visão traz como fundamento a perspectiva genética e a análise comparativa. As
ciências e seus diferentes enfoques, especialmente a neurologia, psicopatologia,
antropologia e a psicologia animal, foram amplamente consideradas nas
investigações e conceitos de Wallon, delineando uma abordagem teórica mais
15
abrangente que a de Piaget. Todo o processo de desenvolvimento levaria o ser
humano a um alargamento gradativo do individualismo para a socialização, ou
seja, “ de uma consciência estritamente individual ( egocêntrica ) a uma
consciência social, aberta á representação do outro e capaz de relações de
reciprocidade “ ( Galvão, 2000 ).

1.4. VYGOTSKY- DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM -


CONCEITO DE INTELIGENCIA.

O que chama atenção na teoria de Vigotsky é que ela não é uma teoria de
desenvolvimento genético, como são as teorias de Piaget e Wallon. Não se trata
de um estudo detalhado sobre as etapas do desenvolvimento humano, mas
apenas parte de reflexões e dados de pesquisa sobre o que determina esse
desenvolvimento. Antes de mais nada, Vygotsky acredita no crescimento
intelectual através das relações humanas. Acredita que as espécies evoluem
através dessas relações, e através disso o homem toma consciência do seu
potencial. Além da maturação do organismo, temos o desatar de processos
psicológicos internos que contribuem para o desenvolvimento.

Dentro desta concepção, o contexto social no qual o ser humano está


inserido é de importância fundamental no desenvolvimento da inteligência, pois “
a criança no contexto social é uma unidade de estudo irredutível. Embora existam
muitas versões de contextualismo, o que elas têm em comum é a crença de que
os domínios social e cognitivo estão inextrincavelmente ligados. O pensamento é
sempre social, em um certo sentido “ (.Flavell, 1999, p. 20 ).

O desenvolvimento só se propicia, segundo Vygotsky, com a intervenção


de terceiros. Tomando como exemplo a linguagem escrita, vemos que tal
processo ocorre nas relações quando um ensina a outro a linguagem.
16
Isso Vygotsky denominou ensino-aprendizagem, termo muito usado hoje
no meio educacional. Através dessa interação temos o desenvolvimento, calcado
nas experiências de interação social. Como mensurar o papel do outro no contexto
de desenvolvimento? Vygotsky elaborou outro conceito que designou zona de
conhecimento proximal. Há uma capacidade em potencial de todo ser humano de
aprender determinadas tarefas. Tomemos como exemplo um bebe; não adiantaria
nada alguém tentar ensinar um bebe amarrar os cadarços do sapato. Uma criança
de seis anos, no entanto, acha-se capacitada para tanto. Vendo a capacidade
real- uma criança que amarra os próprios cadarços—e a capacidade potencial—a
aptidão da criança de aprender-- é que se mensura na zona de desenvolvimento
proximal, que é a forma de mensurar através de atividades o desenvolvimento da
criança de acordo com sua aptidão.

Portanto, a zona de desenvolvimento proximal “ é a área onde a criança


está agora, em termos cognitivos, e onde ela poderia chegar sendo ajudada. Um
adulto ou par mais avançado pode guiar a criança nesta zona” ( Flavell, 1999, p.
21 ). Para Vygotsky, o professor deve ser alguém que facilite esse processo de
aprendizagem, através de sua comunicação e boa vontade. Não se trata de
defender uma escola tradicional e manipuladora, mas uma aprendizagem que se
estabelece a partir das relações humanas.

Segundo Flavell(1999) as teorias de Vygotsky são contextuais, pois


dizem claramente que a aprendizagem se origina fundamentalmente do contexto
sócio- cultural em que a criança se insere e de suas inter-relações. O momento
sócio- cultural seria importante para a formação da criança no aspecto em que
cada cultura se difere de outra, e se diferencia uma da outra pelas habilidades
que proporciona e pelos valores que propala.
17
Existem sociedades mais castradoras, que tem como regra absoluta a
autoridade, existem sociedades mais liberais e isso ocasiona diferentes padrões
de educação. Outra coisa importante é a inter-relação que uma criança pode
estabelecer ao longo da infância. Um momento de interatividade com os pais
pode ser profundamente relevante para a aprendizagem de uma certa atividade.
Os pais e as relações sociais são como diz Flavell (1999),estímulos cognitivos
para essas crianças,estimulando a sua criatividade e solução de problemas.
Ressaltando o conceito de zona de desenvolvimento proximal, segundo Flavell
(1999), é a diferença entre o desenvolvimento da criança hoje, e o que caracteriza
em que a criança precisa ser ajudada.

No contexto social, a criança pode aprender desde a linguagem como


algo mais complexo ate assimilar modos simples de resolver problemas Numa
sociedade onde existem tecnologias como o computador, a criança pode usar
esses métodos de informação e colher aspectos da cultura local, o que difere da
educação indígena, por exemplo, em que a linguagem e o artesanato manuais são
mais importantes. Essas diferenças culturais devem ser analisadas de um prisma
e de uma ótica fundamentalmente educacional, ressaltando que não existem
culturas superiores, mas apenas diferentes.

Na teoria de Vygotsky, não há contestação do que o meio pode


oferecer, mas sim o que o meio pode providenciar. Também é curioso saber em
que classificação estaria o conhecimento inato, ou aquilo que se pode desenvolver
através da intuição, uma descoberta solitária. Sabemos que Vygotsky acreditava
na inter-relação como a que molda o cognitivo, que molda o intelecto, sem a
preocupação de fazer uma teoria geneticista do desenvolvimento humano.
18
1.5. GARDNER E A TEORIA DE INTELIGENCIAS MULTIPLAS

A teoria de inteligências múltiplas surgiu com o esforço de Gardner


(1995) de elaborar uma visão mais abrangente e variada da cognição, valorizando
definições de habilidades diferenciadas ao invés dos testes de QI, e das teorias de
Piaget, que, segundo o autor, só valorizam uma parte dessas habilidades. A teoria
de Piaget, muito aferrada a sistemas lógico- matemáticos desvaloriza outras áreas
importantes como a inteligência verbal e a lingüística, que o autor diz ser
inviabilizada pelos testes de QI, que exige respostas curtas e rápidas a questões
complexas. Sua teoria nasceu de uma tentativa de focalizar a inteligência também
não só no seu aspecto de cognição, mas também o seu aspecto emocional, o que
reorganiza os padrões de como a inteligência se desenvolve e se constrói.

Sua forma de repensar a inteligência nos remete as suas relações


complexas, como o relacionamento entre inteligência e pensamento critico,o
relacionamento entre inteligência e talento artístico,a possibilidade de inteligências
adicionais, assim como a distinção de níveis e manifestações da inteligência,como
talento, criatividade, prodigiosidade, perícia e gênio, segundo Gardner ,( 1995).
Seu conceito de inteligência considera que,

“ A inteligência é um potencial biopsicológico.


Isto é, todos os membros da espécie tem o
Potencial de exercitar um conjunto de faculdades
Intelectuais, do qual a espécie é capaz “ ( p. 38 ).

Desde a publicação de Estruturas da Mente, tem havido renovado


interesse pela teoria de Gardner pelo publico leigo, em grande parte empresários
e donos de instituições educacionais que vêem na sua teoria um modo de
revolucionar os critérios de desenvolvimento das inteligências, bem como critérios
19
de avaliação pedagógica, mudando assim o funcionamento das escolas. Muitas
escolas usam oficinas, que são estudos dirigidos para desenvolver respectivas
inteligências e talentos pessoais, embora Gardner não tenha se engajado
pessoalmente em nenhum desses projetos, mas apenas os incentivava de longe.
Apesar de sua tentativa ser mal entendida no meio acadêmico, podemos encarar
a teoria das inteligências múltiplas como um projeto corajoso de se entender
novas perspectivas sobre o assunto, uma vez que a concepção psicológica se
tornou tão criteriosamente aceita que ninguém parecia querer remodela-la.

A visão da inteligência como algo diferenciado e múltiplo abre a


perspectiva não só no sentido educacional; mas no lado psicológico- acadêmico
nos oferece não só uma conceituação da inteligência e forma de medi-la, mas
uma compreensão da natureza da inteligência e como ela se desenvolve (
Gardner, 1995 )

“ Eu imagino que cada uma das inteligências


possui seus processos psicológicos concomitantes
e, assim, é perfeitamente adequado falar sobre
processamento lingüístico ou interpessoal “ ( p.38 )

Sua visão nos convida a ver a inteligência antes estática e numérica


como dinâmica e relacional, relacionando a inteligência com respectivo ambiente
em que ela se inseriu, sua estrutura emocional e os meios e recursos a sua
disposição. Podemos pensar desde o incentivo do meio a questões ambientais a
questões emocionais, e isso, não obstante o sucesso no mundo leigo, e grande
contribuição para a compreensão da inteligência em nossos dias. Veremos, alem
da proposta da teoria geral, os diferentes níveis de inteligência e diferenciação de
habilidades na complexidade da teoria de Gardner, no decorrer do trabalho.
20

CAPÍTULO II - TIPOS DE INTELIGENCIA: AS SETE


HABILIDADES DE GARDNER

Para abordar a questão da inteligência de forma mais autentica devemos


perguntar primeiro o que é inteligência. A teoria das inteligências múltiplas serve
um caminho mais detalhado e pluralista para explicar inteligência do que os
tradicionais testes de QI , que valorizam demasiadamente a lingüística e o
pensamento lógico- matemático do que as outras áreas da inteligências. Algo
como a inteligência musical, por exemplo, fica fora das atividades de QI, assim
também como a inteligência interpessoal e cinestesica.

Uma das criticas de Gardner (1995) a Piaget é que ele estava compondo
a explicação apenas para um tipo de inteligência, a lógico- matemática. Muitas
criticas surgiram ao longo das épocas aos determinados testes de QI, e alguns ate
se sofisticaram. Mas Gardner sentiu a necessidade não só de criticar os testes de
QI,mas de elaborar um novo conceito de inteligência. Baseando-se na experiência
da ciência cognitiva ( estudo da mente) e ciência biológica ( estudo do cérebro)
assim como vários estudos mostrando a correlação entre inteligências associadas,
Gardner (1995) estratificou a inteligência em vários tipos, os quais resultaram em
sete tipos de inteligências especificas.

Para identificar uma inteligência, discriminou capacidades especificas


inerentes a esta, como por exemplo na inteligência musical observamos a
sensibilidade para determinar relações, enquanto na lingüística, observamos a
sensibilidade aos aspectos fonológicos. Os indivíduos normais as inteligências
funcionam associadamente, menos os anormais. Colocaremos a disposição do
leitor cada inteligência e o que a caracteriza.
21
2.1. INTELIGENCIA MUSICAL

A inteligência que Mozart tinha em demasia. Caracteriza-se como uma


sensibilidade especial a sons, como a criação da combinação de sons. Alguns
acham que essa inteligência musical esta vinculada a outras inteligências. Outros
projetos de pesquisa que mostram crianças autistas tocando com desenvoltura um
instrumento mostram a independência da inteligência musical. Segundo estudos,
esta habilidade esta localizada no cérebro direito, embora não num lugar tão
especifico quanto a lingüística.

A inteligência musical sempre teve ao longo das décadas uma


importância de harmonização interna e externa, uma função terapêutica cada vez
mais solicitada. A musica tem o dom de regular humores, relaxar, criar um estado
de espírito interno especifico. A importância da musica é empiricamente
comprovada, e como tal, argumenta Gardner (1995), merece consideração como
uma das competências humanas mais importantes.

2.2. INTELIGENCIA CORPORAL- CINESTESICA

A inteligência corporal- cinestesica caracteriza-se como o uso dos


movimentos do corpo de forma adequada, capacidade utilizada na dança e nos
esportes. Essa inteligência não é um solucionador de problemas, como acontece
na lingüística e na matemática, mas depende, como essas inteligências, de
dispositivos cognitivos para funcionar. A utilização do corpo adequadamente
poderia significar nossa primeira evolução em relação às espécies, e penso eu,
pessoalmente, que esta ligada a desenvoltura interpessoal. Como as outras , esta
é uma capacidade que já denotou talentos excepcionais, como a do bailarino
Mikail Barishnikov, até o grande jogador brasileiro Pelé. Como salienta Antunes (
1998 ), “ é a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos ( danças,
22
movimentos atléticos, gols de bicicleta ou chaleira ) utilizando o corpo inteiro ou
parte do mesmo “ ( p. 22 ).

2.3. INTELIGENCIA LOGICO- MATEMATICA

A inteligência lógico- matemática chamada também de pensamento


cientifico ,ou capacidade de dar varias respostas e alternativas a um mesmo
problema deriva da lógica numérica e é uma inteligência não verbal. A capacidade
intuitiva desse tipo de inteligência é muito desenvolvida, podendo, até algumas
vezes ver a resposta até mesmo antes de ver ou observar o problema. Tal intuição
se vê em cientistas como Einstein e Newton. Muitas vezes a solução de
determinado problema está alem da compreensão. Essa inteligência , como as
outras, também tem dados empíricos e foi amplamente estudada pelo psicólogo
Jean Piaget.

2.4. INTELIGENCIA LINGUISTICA

A inteligência lingüística se caracteriza pela capacidade de correlacionar


palavras entre si e palavras a símbolos. Segundo estudos de Gardner (1995) a
inteligência lingüística se liga a uma área especifica do cérebro chamada Centro
de Broca, a qual é responsável pela formulação de sentenças gramaticais. A
linguagem tem uma importância universal e é amplamente utilizada por filósofos,
escritores, verdadeiros estetas da palavra.

2.5. INTELIGENCIA ESPACIAL

A inteligência espacial caracteriza-se pela utilização correta e percepção do


espaço e é usada por navegadores, jogadores de xadrez e artistas plásticas, e
todos aqueles comprometidos com o visual. Segundo as pesquisas de Gardner
23
(1995), o hemisfério esquerdo é provavelmente o responsável pela inteligência
espacial, e um dano nesta área pode significar dificuldade de se mobilizar no
espaço ou dificuldade de gravar rostos ou cenas, e de observar pequenos
detalhes. Não existem muitas crianças prodígios nesta área, mas idiotas sábios ,
como a autista Nadia, que desenha com uma acuidade visual impressionante.

2.6. INTELIGENCIA INTERPESSOAL

A inteligência interpessoal nasce da necessidade de se relacionar


socialmente, da necessidade de compreender e reagir adequadamente ao outro.
Essa capacidade é ampla em políticos, lideres religiosos, professores, terapeutas
e pais bem-sucedidos, segundo Gardner ( 1995 ). Pode-se dizer que a
inteligência interpessoal envolve nossa competência relacional, como nos afirma
Antunes ( 1997 )
“ a inteligência interpessoal é a maneira como
construímos nossas relações com outras pessoas
e a forma como nos sentimos completados quando
em relação a essas pessoas. Existem algumas
pessoas que são excelentes, mas não aceitam muito
a vida em grupo... são pessoas que não vivem o
mundo para fora, preferindo cultuar o mundo interior.
Essas pessoas possuem uma inteligência interpessoal
Pouco desenvolvida “ ( p. 33 ).

Os lobos frontais são as áreas responsáveis pelo bom desenvolvimento


interpessoal, podendo um dano nesta área causar transtornos de personalidade.
A inteligência interpessoal não se relaciona com a lingüística e está ligada a
função de viver em sociedade e se agrupar.
24
2.7. INTELIGENCIA INTRAPESSOAL

A inteligência intrapessoal vem da capacidade de compreender a si


mesmo e sua própria gama de emoções, discriminando-as e compreendendo suas
reações. Pessoas com dificuldade nessa área- por exemplo, os autistas,- são
incapazes de se referir a si mesas, a compreender suas próprias atitudes. Os
lobos frontais e acima estão ligadas a esta inteligência, que funciona junto com a
lingüística. Competências relacionadas com a vida interior, no que diz respeito ao
reconhecimento das próprias emoções, são características desta habilidade, visto
que ela é “ a inteligência da autoestima, autorespeito e, por analogia,
autoaceitação “ ( Antunes, 1997 ).

Goleman ( 1996 ) destaca a autoconsciência como uma das


competências da denominada inteligência intrapsíquica, ou seja, a capacidade de
observar e refletir a própria experiência, inclusive as emoções. A autoconsciência
possibilitaria uma auto-observação neutra, de natureza imparcial, mesmo no
contexto de emoções turbulentas, ou ainda, uma atenção não reativa e não
julgadora de estados interiores.

Portanto, verificamos que a partir do desenvolvimento da teoria das


inteligências múltiplas, diversos autores avançaram em seus estudos e conceitos
acerca dos diversos tipos de habilidades, dentre eles, Daniel Goleman. Este autor
se deteve de forma mais centrada nos pressupostos e na compreensão da
dinâmica de uma inteligência específica : a inteligência emocional. Sua
contribuição mais significativa se apresenta na descrição de competências
pessoais específicas e sua importância nas diversas áreas do conhecimento
humano, assim como nas relações de trabalho. Há uma associação teórica entre
os dois autores, pois Gardner e Goleman são concordantes quanto à idéia de que
a inteligência é um potencial biopsicológico.
25
Os estudos de Goleman desenvolveram especial atenção às influências
destes conceitos no âmbito da atuação humana no trabalho. Isto nos faz pensar
que o papel do psicólogo neste novo contexto conceitual, não somente como
avaliador, mas também como agente de intervenção e orientação, ainda está em
processo de plena definição. Pois, como poderíamos desenvolver estratégias
educacionais de ampla escala, que possibilitassem às futuras gerações um nível
diferenciado de autoconhecimento e de preparo para a vida social e emocional ?

A teoria das inteligências múltiplas, embora amplamente aceita e


divulgada em todo o mundo, ainda está muito distante dos nossos consultórios e
das nossas escolas.
26
CAPÍTULO III - INTELIGÊNCIA E A ALFABETIZAÇÃO
EMOCIONAL:

3.1. INTELIGÊNCIA E ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL

Emoção pode ser concebida como qualquer agitação ou perturbação da


mente, sentimento, paixão; qualquer estado mental veemente ou excitado, que
emoção se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados
psicológico e biológicos, e a uma soma de tendências para agir. Há uma centena
de emoções, juntamente com suas combinações, variações, mutações e matizes.
Esta concepção das emoções como propulsoras do comportamento humano está
expressa nas idéias de Goleman ( 1996 ), quando afirma

“ Todos as emoções são, em essência, impulsos


para agir, planos instantâneos para lidar com a
vida que a evolução nos infundiu. A própria
raiz da palavra emoção é movere , “ mover ” em
latim, mais o prefixo” “e”, denotar “afastar-se”,
indicando que uma tendência a agir está
implícita em toda emoção “ ( p. 20 ).

A concepção de que a emoção é inteligente e que podemos treina-la,


adequando-a melhor ás nossas necessidades cotidianas, foi defendida
claramente por Gardner ( 1996 ). Ele chegou mesmo a ponderar que a
inteligência intrapessoal estaria entre as mais importantes habilidades pessoais,
pois sem ela, não seríamos capazes de fazer escolhas corretas. Desta forma, ele
chama a atenção para a necessidade de treinarmos nossas crianças nas escolas.
27
Augusto Cury ( 2001 ) também apresenta seu pensamento sobre a
relevância do treinamento emocional além das fronteiras do ambiente formal
escolar, defendendo a idéia de que o relacionamento pais e filhos é um espaço
extremamente facilitador deste processo, especialmente quando os adultos
compartilham com as crianças seus momentos de hesitação, erros, conquistas,
dentre outros. A concepção dos pais enquanto mentores das emoções de seus
filhos, é expressa na crença de que

“ Bons pais preparam seus filhos para receber


aplausos, pais brilhantes os preparam para
enfrentar suas derrotas. Bons pais educam a
inteligência lógica dos filhos, pais brilhantes
educam a sensibilidade “ . ( Cury, 2003, p. 38 ).

Este autor chega a propor sugestões a serem incorporadas na educação


das emoções, sendo um princípio claro a forma mais interativa de participação dos
alunos em sala de aula, a forma dialogada de exposição dos temas, a abordagem
de contar histórias, a reconstrução do rosto ( contexto emocional ) do
conhecimento, elogios e resgate da autoestima dos alunos, tornar o mundo dos
professores mais acessível e compartilhado, ensinar técnicas de treinamento
específico da emoção e gerenciamento do pensamento.

Antunes ( 1997 ) considera que o treinamento das competências


pessoais é um princípio válido, demonstrando que
“ você pode aprimorar sua inteligência
intrapessoal, praticando certos procedimentos.
Tal como acontece com sua memória, seu
Peso ou outro referencial qualquer a melhora
Não será infinita e nem a mesma para todas
28
As pessoas, mas seguramente ocorrerá uma
Melhora sempre mais expressiva “ ( p. 32 ).

É importante verificar que os estudos acerca do cérebro emocional


localizaram o papel de determinadas áreas como dispositivos desencadeadores
ou amortecedores dos processos neurológicos envolvidos nas emoções, como
poderemos averiguar nestas considerações de Goleman ( 1996 ):

 AMÍGDALA: Muitas vezes age como disparador de emergência, preparando


uma reação ansiosa e impulsiva;
 CORTEX PRÉ-FRONTAL: Faz parte de um circuito neural que pode desligar
ou pelo menos amortecer quase todos os impulsos negativos mais fortes das
emoções;

A interação entre estes componentes cerebrais possibilita o equilíbrio


entre a inteligência racional e a emocional , ou seja, " as ligações entre a amígdala
( e estruturas límbicas relacionadas ) e o neocórtex são o centro das batalhas ou
tratados de cooperação entre cabeça e o coração, o pensamento e o sentimento.
Estes circuitos explicam porque a emoção é tão crucial para o pensamento efetivo,
tanto no tomar decisões sensatas quanto simplesmente permitindo pensar com
clareza " ( Goleman, 1996, p. 32 ).

Assim sendo, a harmonia entre razão e coração, sentimento e


pensamento, explica-se também pela dinâmica neurológica , tendo estas
pesquisas chegado à conclusão de que " temos dois cérebros, duas mentes - e
dois tipos diferentes de inteligência : racional e emocional. Nosso desempenho na
vida é determinado pelas duas - não é apenas o QI, mas a inteligência emocional
que conta ".
29
Portanto, o que Augusto Cury ( 2001 ) propõe com o gerenciamento dos
pensamentos é um treino que visa equilibrar a tensão muitas vezes existente entre
o pensar e o sentir. O treino envolveria a aplicação de algumas técnicas que se
tornariam hábitos, norteando melhor os nossos sentimentos acerca de nossa
própria história.

Os pesquisadores continuam a discutir sobre precisamente quais


emoções podem ser consideradas primárias – o azul, vermelho e amarelo dos
sentimentos dos quais saem as misturas – ou mesmo se existem de fato essas
emoções primárias. Alguns teóricos propõem famílias básicas que caracterizam
as emoções:
 Ira: fúria, revolta, ressentimento, raiva, exasperação, indignação,
vexame, aborrecimento, irritabilidade, hostilidade e, talvez no
extremo, ódio e violência patológicos.
 Tristeza: sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia,
autopiedade, solidão, desamparo, desespero e, quando
patológica, severa depressão.
 Medo: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação,
consternação, inquietação, pavor, susto, terror; e, como
psicopatologia, fobia e pânico.
 Prazer: felicidade, alegria, alivio, contentamento, deleite,
diversão, orgulho, prazer sexual, emoção, arrebatamento,
gratificação, satisfação, bom humor, euforia, êxtase e, no
extremo, mania.
 Amor: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação,
adoração, paixão, ágape.
30

 Surpresa: choque, espanto, pasmo, maravilha.


 Vergonha: culpa, vexame, mágoa, remorso, humilhação,
arrependimento, mortificação e contrição.

Claro, esta lista não resolve toda a questão de como caracterizar a


emoção. Por exemplo, que dizer de combinações como o ciúme, uma variante da
ira que também funde tristeza e medo? E das virtudes como esperança de fé,
coragem e perdão, certeza e equanimidade? Ou alguns dos vícios clássicos,
sentimentos como dúvida, complacência, preguiça e torpor – ou tédio? Não há
respostas claras; continua o debate científico sobre como classificar as emoções.

As citadas inteligências intra e interpessoal já apresentadas são


elementos-chave na competência para lidar com as emoções dos outros e de si
mesmo, compreender e aperfeiçoar relacionamentos, adaptar-se a diferentes
situações e ambientes, assim como a possibilidade de conviver bem com as
tensões presentes no atual mundo de constantes transformações. O que os atuais
estudiosos já admitem é a correlação estreita entre a inteligência cognitiva e a
pessoal ( emocional ), visto que as emoções podem conter o fluxo normal do
raciocínio ou favorecê-lo. A teoria das inteligências múltiplas baseia-se no estudo
da ciência cognitiva ( estudo da mente ) e a neurociência ( o estudo do cérebro ) e
considera importantes as ligações cerebrais entre as áreas que são responsáveis
pela razão e a emoção.

Assim sendo, podemos considerar que inteligência emocional é " a


capacidade de sentir, entender e aplicar eficazmente o poder e a perspicácia das
emoções como uma fonte de energia, informação, conexão e influência humanas "
(Cooper,1977 ).
31
3.2. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E O CAMPO
PROFISSIONAL

 O CONTEXTO MUNDIAL E AS ORGANIZAÇÕES :

O cenário mundial atual movimenta-se sobre os paradigmas da chamada


globalização, suas conseqüências e intercâmbio cada vez maior entre as
diferentes culturas, a rapidez da informação dos mais eficientes meios de
comunicação e a tecnologia mais acessível e sofisticada. A velocidade da era
digital gerou mudanças comportamentais significativas em todo o planeta,
alterando estilos de vida, valores, aspirações e percepções humanas. Mudanças
ocorreram nas relações de trabalho, no significado e na oferta do emprego, na
administração das organizações.

O advento da qualidade total trouxe às empresas foco no cliente, sua


satisfação e no comportamento e perspectivas de mercado. O mundo empresarial
deparou-se com a competição mais acirrada. O diferencial do sucesso empresarial
passou a ser o seu relacionamento com o cliente, sua criatividade para inovar
soluções, sua competência para ler o mercado e mudar com rapidez, sua
versatilidade, sua imagem, sua identidade.

O perfil dos empregados mudou... também era preciso encontrar


pessoas automotivadas, dinâmicas, criativas e, especialmente, inteligentes no
relacionamento com o cliente, o mercado, a concorrência. Com uma realidade
cada vez menos estável e imprevisível, subiu a cotação dos visionários, os que
tem sentido aguçado de oportunidades, os negociadores, os intuitivos, os pró-
ativos e que sabem comunicar-se.
32
Os líderes mudaram a sua postura. Aqueles adequados à era industrial,
eminentemente técnicos, executores, autocráticos tiveram que se adaptar a um
novo estilo ou serem substituídos. O ambiente empresarial transformou-se. Os
níveis hierárquicos diminuíram e o trabalho passou a ser realizado em grupos ou
células. As empresas desenvolveram parcerias e uma palavra se tornou chave : o
relacionamento.

Como nos enfatiza Cooper ( 1997 ), “O estilo atual de trabalho cada vez
mais aberto, fluido e em constante transformação premia uma combinação de
intelecto e QE, especialmente quando se trata de confiar em outras pessoas e
colaborar com elas para resolver problemas e aproveitar oportunidades. Um
estudo com pessoas de desempenho brilhante no Bell Labs, um celeiro do
pensamento científico situado perto da Universidade de Princeton, avaliou
engenheiros e cientistas todos classificados com graus próximos do máximo nos
testes acadêmicos de QI. O que se destacou entre as estrelas desse grupo e os
outros competidores não foi o QI, mas outros aspectos da inteligência, incluindo o
QE. Os de QE mais alto foram mais capazes de se motivar e tomar a iniciativa –
assumindo responsabilidades acima e além do estabelecido para suas funções –
especialmente em tempos de crise e mudanças. Estabeleceram relacionamentos
de alta confiabilidade por toda a organização e foram mais capazes de tirar
completa e imediata vantagem de equipes e redes informais e altamente
adaptáveis para criar inovações revolucionárias” ( p.20 ).

3.3. LIDERANÇA E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Nos paradigmas de antes, os líderes tinham que saber muito e serem


focados na execução da tarefa. Hoje, os líderes são gestores de relacionamentos
humanos, transformadores, condutores de mudanças, estimuladores da
criatividade de sua equipe. Neste sentido, habilidades relacionadas à capacidade
33
para estabelecer empatia, lidar com a tensão, administrar conflitos e perspicácia
interpessoal passaram a ser fundamentais. Segundo Daniel Goleman, em suas
pesquisas sobre executivos, a inteligência emocional passa a ser cada vez mais
importante à medida que se galgam os níveis hierárquicos da empresa, onde as
diferenças de conhecimento técnico são desprezíveis. Quando comparados
executivos de nível médio, em altas posições de liderança, cerca de 90% da
diferença de seu perfil era decorrente de fatores relacionados com a inteligência
emocional, e não com habilidades cognitivas.

Neste contexto, é interessante também considerar os estudos de outro


Psicólogo sobre o tema, Daniel Goleman ( 1996 ), que classificou todos os tipos
de habilidades humanas em três categorias : As puramente técnicas, como
contabilidade ou planejamento empresarial; as cognitivas, como raciocínio lógico;
e as que demonstrassem inteligência emocional, como a capacidade de trabalhar
com outras pessoas ou liderar processos de mudança. Em suas considerações,
ele salienta especialmente a importância da inteligência emocional no trabalho,
agravando-se a sua influência no desempenho humano na medida em que o
profissional lidera terceiros e tem posição elevada no nível hierárquico.

Segundo os mesmos estudos de Goleman ( 1996 ) , os líderes atuais


devem possuir as seguintes habilidades emocionais:

Autoconhecimento: Ter autopercepção, ou seja, conhecer a fundo seus


pontos fortes e fracos, ser consciente de suas emoções, necessidades e impulsos.

Autocontrole: É a capacidade de administrar suas emoções, que não


podem ser eliminadas, mas canalizadas adequadamente através do exercício do
diálogo interior;
34
Automotivação: As pessoas com potencial para liderar demonstram
uma paixão pelo trabalho, um desejo permanente de superar seus limites e os dos
outros, de alcançar um objetivo, de estar permanentemente aprendendo;

Empatia : Significa a capacidade para levar em consideração seriamente


os sentimentos dos outros em seus processos de tomada de decisão;

Sociabilidade: Compreende a habilidade para relacionar-se com outras


pessoas, trabalhar em equipe, lidar com interesses diversificados, adequar-se a
novos ambientes, pessoas ou situações.

Assim sendo, a convergência de opiniões nesta área parece nos levar


para a compreensão da liderança como uma habilidade, ou seja, uma como um
aspecto tanto inato quanto passível de aprendizagem. A correlação entre a
liderança e a inteligência emocional tem despontado em diversos estudos
recentes. Segundo Cooper ( 1997 ), “ Estudos revelaram também que o QE
(coeficiente emocional) é “energia ativadora” essencial para os valores éticos –
tais como confiabilidade, integridade, empatia, capacidade de recuperação e
credibilidade – e para o capital social, que compreende sua habilidade para
estabelecer e manter confiáveis e proveitosos os relacionamentos de negócios. No
centro dessas características está algo que todo grande líder deve possuir: a
capacidade de provocar entusiasmo” ( p.19 ).

3.4. AS EMOÇÕES SÃO INTELIGENTES

Pesquisas sistemáticas concluíram que a inteligência das emoções é ao


mesmo tempo diferente das aptidões acadêmicas e parte chave do que faz as
35
pessoas se saírem bem nos aspectos práticos da vida. Compreende-se então que
a inteligência das emoções é uma inteligência prática.

Alguns psicólogos, entre eles Stemberg e Salovey, elaboraram uma


visão ainda mais ampla de inteligência, expandindo as habilidades pessoais de
Gardner em cinco domínios principais ( Gardner, 1996 ):

Conhecer a própria emoção: Autoconsciência – reconhecer um


sentimento quando ele ocorre – é a pedra fundamental da inteligência emocional..
As pessoas de maior certeza sobre o próprio sentimento são melhores pilotos de
suas vidas, tendo um sentido mais preciso de como se sentem em relação a
decisões pessoais , sabem fazer melhores escolhas, possuem autoconhecimento.

Lidar com emoções: Lidar com sentimentos para que sejam apropriados
é uma aptidão que se desenvolve na autoconsciência.

Motivar-se: Pôr as emoções a serviço de uma meta é essencial para


prestar atenção, para automotivação e a maestria, e para a criatividade. O
autocontrole emocional --- adiar a satisfação e reprimir a impulsividade --- está
por trás de todo tipo de realização. E a capacidade de entrar em estado de fluxo
possibilita excepcional desempenho. As pessoas que têm essa capacidade
tendem a ter mais alta produtividade e eficácia em qualquer atividade que se
empreendam.

Reconhecer emoções nos outros: A empatia, outra capacidade que se


desenvolve na autoconsciência emocional, é a aptidão pessoal fundamental. As
pessoas empáticas estão mais sintonizadas com os sinais sociais que indicam de
que os outros precisam ou o que querem. Isso as torna melhores em vocações
como as profissões assistenciais, ensino, vendas, e administração.
36
Lidar com relacionamentos: A arte dos relacionamentos é, em grande
parte, a aptidão de lidar com as emoções dos outros. São as aptidões que
reforçam a popularidade, a liderança e a eficiência interpessoal. As pessoas
excelentes nessas aptidões se dão bem em qualquer coisa que dependa de
interagir tranqüilamente com os outros; são estrelas sociais.

Claro que as pessoas diferem em suas aptidões em cada um desses


campos; alguns de nós podemos ser bastante hábeis no lidar, digamos, com
nossa ansiedade, mas relativamente ineptos no confortar os aborrecimentos de
outra pessoa. A base por baixo de nosso nível de aptidão é sem dúvida neural,
mas , como veremos, o cérebro é admiravelmente flexível, em constante
aprendizado. Os lapsos nas aptidões emocionais podem ser remediados: em
grande parte, cada um desse campo representa um corpo de hábitos e respostas
que, com o esforço certo, se pode melhorar.

3.5. EMPATIA

Empatia vem do Grego empátheia, que significa “ entrar no sentimento “.


Para Daniel Golemam, empatia exige bastante calma e receptividade para que os
sutis canais de sentimento de uma pessoa sejam recebidos e emitidos pelo
cérebro emocional da outra pessoa. Ela é alimentada pelo autoconhecimento;
quanto mais consciente estivermos acerca de nossas própria emoções, mais
facilmente poderemos entender o sentimento alheio. Pois todo relacionamento,
que é a raiz do envolvimento, vem de uma sintonia emocional, da capacidade da
empatia.

Essa capacidade de saber como o outro se sente entrar em jogo em


vários aspectos da vida, quer nas práticas comerciais, na administração , no
namoro e na paternidade, no sermos piedosos e na ação política.
37
CAPÍTULO IV . INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E TIPOLOGIAS DE
PERSONALIDADE

4.1. AS CORRELAÇÕES ENTRE INTELIGÊNCIA E


PERSONALIDADE

A perspectiva da teoria das inteligências múltiplas não defende


dissociação entre os aspectos cognitivos e os demais traços de personalidade.
Compreende sim que, o mapeamento do estilo de inteligência poderá trazer a
luz compreensões mais amplas sobre as pessoas.O próprio Gardner ( 1996 )
afirma que,
“ a perspectiva biopsicológica examina o agente e suas
capacidades, inclinações, valores e objetivos. É incluída
uma consideração dos substratos genéticos e neurológicos
do comportamento,assim como a análise do indivíduo em
termos de poderes cognitivos, traços e disposição temperamental “
( p. 50 )

Se personalidade envolve também a inteligência, e se temperamento


engloba a nossa parte geneticamente herdada, como poderíamos nos lançar
na compreensão das inteligências múltiplas desconsiderando as prováveis
correlações entre ambos ? Claro que o mapeamento entre características
temperamentais e inteligências ainda é um objeto de estudo promissor, visto as
correlações serem ainda pouco demonstradas cientificamente.

Do ponto de vista teórico, Walter Trinca ( 1984 ) nos leva a esta


visão, quando aborda pressupostos gerais em avaliação psicológica. Ele
defende que,
38
“ A avaliação psicológica é uma operação que atinge o
paciente em sua totalidade. Isto difere de uma avaliação
em que certos aspectos da personalidade são considerados
independentemente de outros... Na avaliação psicológica
compreensiva, realizamos um balanceamento geral das
forças que nos compete examinar “ ( p. 18 ).

Na visão mais atualizada, vários autores, notadamente os


denominados caracterólogos salientam a associação entre estilos de
inteligência e tipos de personalidade. Além disso, vale ressaltar que existem
diversas teorias sobre caracterologia e muitas sugerem esta tese, embora haja
ainda necessidade de estudos mais abrangentes nesta área. Gaillat ( 1976 )
salienta os estudos dos caracterólogos G. Heymans e E.D. Wiersma,
continuados por Lê Senne, o qual desenvolveu a teoria franco-holandeza, e
trabalhou na descrição aprofundada de oito tipos de personalidade incluindo o
aspecto inteligência em suas manifestações específicas.

Os estudos de Gaston Berger classificam a inteligência entre paixão e


não paixão intelectual, referindo-se à curiosidade do indivíduo em descobrirr,
compreender, investigar o que se apresenta, e Robert Maistriaux, em
inteligência particularizante ( focada em detalhes e nos fatos ) e generalizante (
centrada na subjetividade e problemas gerais ), segundo ( Gaillat, 1976 ).

Estas tipologias são oriundas de pesquisas biopsicológicas, cujo precursor foi o


médico Hipócrates e sua classificação clássica em sanguíneo, bilioso,
fleumático e melancólico. Esta classificação considera que o temperamento é
caracterizado pela maior quantidade de um tipo de humor em todo o corpo, e
sua primeira concepção considera as pessoas enquanto tipos puros, o que foi
amplamente questionado, principalmente, a partir do século XIX.
39
Vale a pena salientar que, segundo Zacharias ( 1995 ), as teorias
modernas de tipologia de personalidade podem ser compreendidas em três
categorias: classificação dos tipos somáticos, dos tipos somato-psíquicos e
dos tipos psíquicos. Dentro desta classificação, teve notável repercussão no
âmbito da Psicologia a tipologia elaborada pelo psiquiatra Carl Jung, discípulo
de Freud.

Esta teoria contribuiu significativamente, visto que “ ao longo de dez


anos, Jung procedeu a um detalhado estudo dos tipos abordados na literatura,
na mitologia, na estética, na filosofia e na psicopatologia. A grande contribuição
da tipologia junguiana é a introdução do conceito de energia psíquica e a
atenção ao modo como cada pessoa se orienta preferencialmente no mundo “ (
Zacharias, 1995, p. 72 ). Assim sendo, elaborou Jung tipos psicológicos em
que quatro funções da consciência (pensamento, sentimento, intuição e
sensação) são compreendidas e classificadas enquanto função principal e
auxiliar. Estas teriam um papel predominante na psicodinâmica da
personalidade, cabendo à função inferior, uma dominância inconsciente e
complementar.

Além das denominadas funções, Jung esclarece que podemos ter


duas orientações básicas: introversivos ou extroversivos. A diferença de perfil
psicológico, quanto a este aspecto, reside no fato de que o introversivo é
aquele indivíduo autocentrado, analítico, reflexivo e criterioso, enquanto o
extroversivo, é decidido, generalista, expansivo e adaptável. Sob o ponto de
vista da inteligência humana, embora Jung não tenha se detido especialmente
a este aspecto em sua tipologia, encontramos elementos importantes para a
compreensão de estilos pessoais e suas formas de atuação. A classificação
entre introversivos e extroversivos nos traz à tona a visualização de
inteligências mais reflexivas ou abrangentes, analíticas ou vivenciais.
40
CAPÍTULO V . O PROCESSO DE AVALIAÇÃO E AS
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

5.1. A IMPORTANCIA DA AVALIAÇÃO

Dentro da concepção da teoria das inteligências múltiplas, onde cada


pessoa é considerada em sua especificidade, pois os processos educativos e
de intervenção, assim como os que norteiam as escolhas lúdicas e
profissionais, partem da compreensão do perfil ou estilo de inteligência, é
fundamental a função de avaliação e identificação das competências
pessoais. Gardner ( 1995 ) argumenta que,

“ Uma vez que as inteligências se manifestam de


maneiras diferentes em níveis de desenvolvimento
diferentes, tanto a avaliação quanto a estimulação
precisam ocorrer de maneira adequada “ ( p. 32 ).

A compreensão por parte do avaliador e da própria pessoa acerca de


suas habilidades poderão evitar problemas das mais diversas naturezas, pois
ao comparar prováveis dificuldades e potencialidades, ele poderá fazer
sugestões sobre a qualidade e estratégias adequadas a futura aprendizagem.

Gardner ( 1995 ) propõe um programa pedagógico em que o


entendimento exato sobre o perfil das inteligências de cada aluno é
conhecimento básico para uma educação centrada na pessoa e em suas
necessidades específicas. Pois, cada habilidade necessita de alternativas
perfeitamente adequadas à sua natureza e de provas, atividades e recursos
compatíveis ao seu desenvolvimento. Os resultados obtidos pela avaliação da
inteligência devem gerar informações e sugestões aos pais, às crianças e à
41
própria escola sobre as estratégias adequadas para compensar seu perfil
específico de dificuldades ou combinar suas habilidades de uma maneira
satisfatória ao seu desenvolvimento, assim como na escolha de passatempos
e profissões.

5.2. OS PARADIGMAS DA AVALIAÇÃO EM DIFERENTES


MÉTODOS: TRADICIONAL E CLÍNICO-PIAGETIANO

O método tradicional de avaliação da inteligência ou psicométrico é aquele que


considera a inteligência como aquilo que o teste mede. Baseado no conceito
de quociente geral da inteligência ou fator g, este método envolve a aplicação
de testes com perguntas de caráter objetivo, envolvendo caneta e papel, nos
quais o raciocínio lógico e lingüístico é privilegiado. Os resultados obtidos pelo
avaliado indicariam o nível cognitivo de uma inteligência concebida como inata
e individual. Como nos apresenta ( Antunes, 1997 ),

“ no início do século XX, em Paris, quando um


psicólogo chamado Alfred Binet elaborou um teste
que, medindo a inteligência, pudesse predizer
quais crianças iriam ter sucesso ou fracassariam
nas primeiras séries das escolas parisienses. Esse
teste, que passou a ser conhecido como teste de
inteligência, media o QI ( quociente de inteligência )...” ( p. 18 )

Este método é atualmente bastante criticado, em virtude da evolução do


próprio conceito de inteligência. Como salienta Gardner ( 1995 ) as provas
desta natureza desenvolveram uma visão unilateral das habilidades humanas.
Sua forma não abrange as diversas competências envolvidas. O denominado
teste de QI somente apresenta dados parciais sobre a inteligência do avaliado,
42
ou seja, a visão de Binet valorizava em termos avaliativos as competências
lógico-matemática e a lingüística ou verbal, esquecendo-se de que há outras.

Uma abordagem diferenciada de avaliação da inteligência surge com


os estudos de Piaget e seu denominado método clínico. Já que sua
abordagem teórica enfatizava o entendimento sobre o funcionamento das
estruturas cognitivas, e seu comportamento dinâmico ou desenvolvimentista, o
papel da avaliação está centrado na compreensão de como a pessoa pensa e
resolve problemas.

Ao contrário do método psicométrico, a metodologia de Piaget não se


restringe a aplicação de provas fatoriais. Carraher ( 1994 ) demonstra que além
de entrevistas e outras técnicas puramente verbais, é freqüente no método
clínico-piagetiano a confrontação do avaliado com problemas concretos e na
sua forma de resolve-los, ou seja, a ênfase recai sobre a estrutura do
raciocínio ou no processo pelo qual o sujeito chega a sua resposta. O método
clínico envolve uma certa flexibilidade por parte do avaliador que deve planejar
o processo avaliativo em torno de um tema central de investigação.

O planejamento do processo avaliativo deve levar em consideração a


problemática apresentada pela criança e as prováveis hipóteses diagnósticas
envolvidas.Como nos esclarece Carraher ( 1994 ),
“ A escolha prévia das situações a serem apresentadas
à criança possibilita ao examinador a formulação de
objetivos claros para seu trabalho, o que deve orienta-lo
para que ele não se perca durante o exame e saiba usar
a flexibilidade do método clínico sem gastar tempo
desnecessariamente com questões sem interesse ou
irrelevantes “ ( p. 27 ).
43
O método piagetiano é mais abrangente que o tradicional, mas
ainda é limitado pois também se deteve no chamado paradigma unilateral da
inteligência, conforme nos adverte Gardner ( 1995 ). Focado apenas nos
aspectos da cognição, Piaget negligencia outras habilidades inteligentes e dá
pouca atenção às questões emocionais diretamente envolvidas com as
potencialidades humanas. Sua concepção, portanto, detém-se à avaliação das
capacidades intelectuais cognitivas, especialmente do raciocínio lógico.

5.3. COMO AVALIAR HABILIDADES MÚLTIPLAS

Gardner ( 1995 ) propõe um modelo mais aberto de avaliação da


inteligência, em virtude de suas idéias acerca da multiplicidade das
competências pessoais e de sua visão não estática destes atributos. Ao
delinear formas de avaliação da inteligência na teoria das inteligências
múltiplas é importante considerar que,

“ A inteligência é um potencial biopsicológico. O fato


de um indivíduo ser ou não considerado inteligente e
em que aspectos é um produto, em primeiro lugar, de
sua herança genética e de suas propriedades psicológicas.
Variando de seus poderes cognitivos às suas disposições
De personalidade “ ( Gardner, 1995, p. 50 ).

Embora não desconsidere a existência de um fator geral de


personalidade, o autor enfatiza sua parcialidade, assim como as limitações dos
chamados testes padronizados ou de respostas objetivas, visto sua
incapacidade para identificar outras habilidades pessoais inteligentes
abordadas pela sua teoria. Suas ponderações aos estudos e instrumentos
utilizados por Thrustone recai sobre o conceito de inteligência, ainda concebida
44
como relativamente fixa, e pela administração de atividades avaliativas que
envolveriam somente a utilização de papel e lápis, as quais privilegiam
somente alguns aspectos da cognição.

A teoria das inteligências múltiplas é uma resultante de estudos


aprofundados de áreas interdisciplinares, como a neurologia, psicometria,
antropologia, psicologia do desenvolvimento e assim por diante.

Esta visão mais ampla e dinâmica, além de múltipla, propõe uma


avaliação onde o indivíduo seria submetido a atividades diversificadas,
englobando entrevistas, equipamentos e materiais, que apresentariam
possibilidades de resolução de problemas em diferentes estilos de
compreensão e atuação.

Antunes ( 1997 ) nos faz ponderar este conceito dinâmico das


inteligências múltiplas, chamando a atenção para o fato de que todos
possuímos várias habilidades, embora tenhamos algumas ou mesmo alguma
que se destaque e que o resultado de qualquer avaliação poderá ser alterado
no futuro mediante a intervenção ou treinamento aplicado. Assim,

“ A inteligência verbal, ainda que tenha poderosa


carga que depende da herança genética, também
pode crescer com esforço buscando a ampliação
do vocabulário, muita leitura, concentração nas
mensagens que envia e nos recados que recebe
e ainda muitas outras estratégias “ ( p. 54 ).

Portanto, a teoria das inteligências múltiplas valoriza a inteligência


como aspecto em desenvolvimento e que deverá apresentar resultantes
45
diferentes em momentos posteriores da vida do indivíduo, trazendo uma
perspectiva também dinâmica da própria avaliação. Não somente os pontos
altos ou habilidades promissoras são alvos do avaliador, mas também as
inteligências que representam atuais dificuldades para o indivíduo e que são
valorizadas em sua cultura, pois é seu papel sugerir atividades evolutivas do
perfil e do potencial.

O mapeamento de habilidades múltiplas visa identificar tanto pontos


promissores quanto dificuldades, por compreender sua interação no processo
evolutivo do potencial do indivíduo. A avaliação toma, assim, um caráter mais
complexo e, também, detalhista, específico, mas não estático ou reducionista.

O que estaria sendo focalizado pelos diferentes meios de avaliação é


a identificação das capacidades que o indivíduo se utiliza para resolver
problemas ou elaborar produtos. A avaliação de uma determinada habilidade
ou inteligência dependeria da apresentação de problemas específicos que
podem ser resolvidos nos materiais daquela inteligência.

A relevância do indivíduo ser inserido, mesmo durante o processo


avaliativo, a situações onde a escolha ou as afinidades possam emergir é
apresentada por Gardner ( 1995 ), ao refletir que

“ é igualmente importante determinar qual inteligência


é favorecida quando o indivíduo pode escolher. Uma
técnica para chegar a esta inclinação é expor a pessoa
a uma situação suficientemente complexa, capaz de
estimular várias inteligências, ou oferecer um conjunto
de materiais de várias inteligências e verificar qual deles
o indivíduo escolhe e quão profundamente o explora “ ( p.34 ).
46
Esta concepção não é reducionista, no sentido de que não importa
somente saber quantos escores o indivíduo acertou numa prova cognitiva, ou
qual é o seu quociente geral intelectual. A proposta é de identificação de um
perfil de inteligência, ou estilo de aprendizagem, que não se explora somente
por meios fatoriais ou objetivos, antes considera a personalidade e sua
complexidade em se expressar como tipos múltiplos de inteligência. Cada
pessoa, portanto, possui o seu perfil.

A investigação de quais atividades e passatempos ou as formas de


envolvimento da pessoa com estas atividades, considerando a região e cultura
da qual faz parte, deve cooperar para um entendimento do perfil de inteligência
da pessoa avaliada.

É importante, contudo, considerar que o próprio Gardner reconhece o


estágio ainda recente e pouco desenvolvido das metodologias de investigação
das inteligências múltiplas em sua teoria e da necessidade de uma testagem
científica e criteriosa, onde possamos desvendar melhor as correlações ou
independências que as nossas habilidades possuem e como se desenvolvem.

5.4. A AVALIAÇÃO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E O ASPECTO


OCUPACIONAL

Neste aspecto destacam-se os estudos de Daniel Goleman, o qual


demonstrou que no atual contexto sócio-histórico, todos temos necessidade de
utilizarmos diferentes habilidades para desempenharmos bem o papel
profissional. O próprio Gardner ( 1995 ), salienta que a avaliação das
inteligências poderá trazer notável clareza sobre as escolhas tanto
profissionais quanto pessoais, ou seja,
47
“ está claro que muitos talentos, se não inteligências, são
ignorados hoje em dia; os indivíduos com estes talentos
são as principais vítimas de uma abordagem da mente de
visão única, limitada. Existem inúmeras posições não
preenchidas ou mal preenchidas em nossa sociedade, e
seria oportuno orientar os indivíduos com o conjunto certo
de capacidades para essas colocações “ ( p. 35 ).

A identificação e a orientação de cada pessoa no que diz respeito ao seu


perfil específico de inteligência poderia nortear melhor não somente os caminhos
alternativos de aprendizagem e desenvolvimento, mas até as intervenções sobre
as dificuldades específicas atuais, que de uma forma dinâmica, podem ser melhor
trabalhadas e atenuadas em suas deficiências.

Antunes ( 1997 ), nos exemplifica os estudos de Goleman sobre as


competências profissionais, o qual salienta que,

“ Em verdade, toda pessoa nasce com, pelo menos,


nove inteligências, mas acaba entrando em uma
escola que cobra apenas duas, ficando como que
emparedado por esses valores “ ( p. 20 ).

A mais notável contribuição desta teoria no aspecto da avaliação e sua


importância na escolha e desempenho profissional é a ampliação da nossa visão
sobre as habilidades e a ênfase, antes esquecida, num conjunto importante de
inteligências com alto valor na atual sociedade contemporânea : as chamadas
inteligências emocionais.
48
CONCLUSÃO

Neste estudo, verificamos a evolução conceitual que o tema inteligência


humana desenvolveu no âmbito da Psicologia, tendo sido apresentados os
pressupostos dos principais pensadores da área, notadamente Piaget, Wallon,
Vygotsky e Gardner.

Verificamos que a natureza da inteligência tem sido melhor


compreendida e que a interação entre áreas interdisciplinares contribuiu
significativamente neste processo. A teoria de Piaget, por exemplo, introduz de
maneira mais marcante a visão do desenvolvimento cognitivo através de
processos ou estágios, além de considerar melhor a interação entre os fatores
biológico e ambiental.

Identificamos que Wallon acrescenta à visão processual a importância


das crises e da afetividade na construção das estruturas cognitivas, considerando
que as relações humanas são elementos cruciais para a formação da inteligência.

Mas, o prosseguimento dos estudos, seja na Neurologia, com a visão da


plasticidade cerebral – onde nosso cérebro é apresentado enquanto estrutura
biológica dinâmica – seja na sociologia, onde a visão das influências sócio-
históricas tão amplamente enfatizadas por autores como Vygotsky, levam-nos a
verificar a tendência da Psicologia em considerar a natureza da inteligência como
potencial biopsicológico, ou seja, mutável, processual, relacional, e passível de
desenvolvimento mediante formas adequadas de treino ou intervenção.

Este estudo teórico, não ignorou as descobertas que a caracterologia


tem feito ao longo dos últimos anos na área das tipologias de personalidade, já
49
que descrevemos autores que encontraram significativa relação entre estilos de
caráter e tipos de inteligência. Nossa maior concentração foi no advento da teoria
das inteligências múltiplas, e nos estudos de seu precursor Howard Gardner e os
pesquisadores de Harvard, visto ser esta a concepção mais atualizada de
inteligência em Psicologia.

Os desdobramentos desta nova concepção foram apresentados através


das idéias de outros autores, como Daniel Goleman, Augusto Cury e Celso
Antunes, que nos apresentam as emoções como habilidades que podem ser
aprendidas e compreendidas também como tipo de inteligência.

“ As emoções são inteligentes “ ou “ inteligência emocional “ são termos


amplamente utilizados e já aceitos no âmbito científico, educacional e
empresarial, trazendo importantes mudanças para o papel do Psicólogo enquanto
clínico e avaliador da inteligência humana.

O tempo atual, como enfatizamos no decorrer desta pesquisa teórica,


requer estudos mais profundos e consistentes, tendo em vista a consolidação
destes novos conceitos e a testagem das novas estratégias e técnicas de
avaliação psicológica.

Na verdade, concluímos que estamos em plena evolução da nossa


compreensão sobre a inteligência humana, seja pelos avanços que a tecnologia
tem permitido às ciências biológicas ( como a medicina ), seja pela cada vez mais
estreita interdisciplinaridade entre estas e as chamadas ciências humanas e
sociais.
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Petrópolis, Vozes, 1997.

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Inteligência, 2001.

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51
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LIMA, L. OLIVEIRA. Piaget para principiantes. São Paulo: Summus, 1980.

TRINCA, WALTER. Diagnóstico psicológico: prática clínica. São Paulo: EPU,


1984.

ZACHARIAS, JOSÉ JORGE M. Tipos psicológicos Junguianos e escolha


profissional. São Paulo: Vetor, 1995.
DEDICATÓRIA

A Deus, a quem dedico não somente este trabalho, mas toda minha vida, e
gratidão, pela revelação da pessoa de JESUS CRISTO, sem o qual, segundo está
escrito nas sagradas escrituras, “ todas as coisas foram feitas por Ele e sem Ele,
nada do que foi feito se fez “ ( Evangelho de João, capítulo 1 ).

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