Espacoeconomia 18262
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Edição electrónica
URL: http://journals.openedition.org/espacoeconomia/18262
DOI: 10.4000/espacoeconomia.18262
ISSN: 2317-7837
Editora
Núcleo de Pesquisa Espaço & Economia
Refêrencia eletrónica
Francismar Cunha Ferreira e Cláudio Luiz Zanotelli, «Circuito espacial da produção e o círculo de
cooperação da indústria do petróleo: O caso da Petrobras», Espaço e Economia [Online], 20 | 2020,
posto online no dia 05 janeiro 2021, consultado o 29 janeiro 2021. URL: http://
journals.openedition.org/espacoeconomia/18262 ; DOI: https://doi.org/10.4000/espacoeconomia.
18262
Espaço e Economia – Revista brasileira de geografia econômica est mise à disposition selon les
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Mêmes Conditions 4.0 International.
Circuito espacial da produção e o círculo de cooperação da indústria do petró... 1
Introdução
1 A pesquisa analisa os aspectos geoeconômicos da indústria do petróleo a partir do
conceito de circuito espacial da produção. Nesse contexto, objetiva-se compreender a
singular organização espacial e produtiva do circuito do petróleo que no movimento de
valorização de capital desenvolve uma divisão social do trabalho e uma organização
espacial específica, bem como produz e condiciona, em diferentes escalas, uma série de
fluxos materiais e imateriais no espaço geográfico e implica em diversos efeitos sociais,
econômicos, ambientais que em última instância contribuem para a produção e
conformação de um espaço desigual e combinado.
2 Utiliza-se como estudo empírico o grupo Petrobras e suas relações com outras empresas
locais, nacionais e multinacionais. O grupo Petrobras é uma sociedade anônima de
capital aberto, controlada pelo Estado brasileiro que detêm 50,2% de seu capital votante
e atua nos segmentos upstream (concentra as atividades de exploração e produção de
óleo e gás), midstream (atividades ligadas ao refino e a produção de derivados de
petróleo) e o downstream (transporte, distribuição e comercialização dos derivados do
Gráfico 01: Produção das concessionárias que atuam na exploração de petróleo no Brasil.
Gráfico 02: País de origem das multinacionais que atuam na exploração de petróleo no Brasil.
Fonte: Petrobrás (2017), Ministério de Minas e Energia (2017) e IBGE (2015). Organizado: Francismar
Cunha Ferreira.
28 Observando o mapa 02, nota-se que as regiões onde se encontra o maior número de
trabalhadores são exatamente onde se tem a maior concentração de infraestruturas e
unidades produtivas da indústria do petróleo. O estado do Rio de Janeiro aparece com o
maior número de trabalhadores, cerca de 63.923. Esse elevado número de trabalhadores
se justificada devido ao fato de o estado abrigar em seu território a maior parte da
produção nacional de petróleo e gás e por sediar as principais empresas petroleiras e
prestadoras de serviços às indústrias do petróleo. Na sequência tem-se o estado da
Bahia e São Paulo com respectivamente 20.265 e 19.226 trabalhadores.
29 Ressaltamos que os dados do IBGE (2010) consideram os trabalhadores da indústria do
petróleo como um todo no Brasil. Nesse contexto, vale destacar que em 2010, somente o
grupo Petrobras, conforme informações da própria empresa, possuía 80.492
trabalhadores, o que envolvia a BR distribuidora (hoje privatizada), a Transpetro e
outras subsidiárias e 57.498 trabalhadores próprios da Petrobras. Além disso, a
companhia contratava em 2010, 291.606 trabalhadores terceirizados. Esse número de
trabalhadores somente ligados a Petrobras é bem superior aos apresentados ao IBGE
(2010), pois muitos serviços terceirizados não estão classificados na CNAE como ligados
ao petróleo, o que deixa os números do IBGE (2010) mais próximos de demonstrar
tendências e processos do circuito do petróleo do que representar fielmente o número
de trabalhadores do circuito do petróleo.
30 Mas, como já indicamos, a importância da força de trabalho vai muito além destes
dados do IBGE já antigos e dos próprios dados do grupo Petrobras para a economia
como um todo com seus rebatimentos espaciais e territoriais. Eduardo Costa Pinto
(2019) fez um estudo sobre os impactos econômicos do investimento da indústria de
petróleo na economia brasileira procurando demonstrar os efeitos da redução de
investimentos e do conteúdo local no setor em termos de valor adicionado e de
emprego no território brasileiro em consequência das políticas adotadas pela direção
atual da Petrobras, sobretudo a partir de 2015. Ele analisou em particular a FBCF –
Formação Bruta de Capital Fixo – da Petrobras. A FBCF é a medida de investimento e
inclui ativos fixos "tangíveis ou intangíveis” resultantes de processos de produção e
utilizados repetida ou continuamente em outros processos de produção por pelo menos
um ano. Estes investimentos em capitais fixos, segundo o FBPC é uma parcela do
investimento que corresponde a quantidade de produtos produzidos não para serem
consumidos, mas para serem utilizados no processo produtivo nos anos posteriores
(COSTA PINTO, 2019, p.18, nota 16). Costa Pinto demonstrou (2019, p.18- 20) a
associação direta entre os investimentos da Petrobras e a FBCF do Brasil, em particular
no período que vai de 2003 até 2013 quando ocorrem os grandes investimentos na
exploração e produção do petróleo do pré-sal e no processo de refino. 4
31 Assim, o investimento produtivo da Petrobras tem um efeito direto sobre as atividades
atinentes da construção naval e sobre trabalhadores terceirizados e diretos do setor.
Segundo Costa Pinto o setor, mais a construção naval, chegaram a empregar 524 mil
trabalhadores em 2013, período do auge da atividade econômica na indústria do
petróleo (dos quais 360 mil trabalhadores terceirizados da Petrobras, 86 mil do grupo
Petrobras e 78 mil trabalhadores da construção naval) para em seguida com a crise
econômica e política que atingiram em cheio o grupo Petrobras se passar no total para
224 mil trabalhadores em 2017: 63 mil do grupo Petrobras, 117 mil dos terceirizados do
grupo Petrobras e 44 mil trabalhadores da indústria naval (se considerarmos para esta
última os dados de 2016, pois não dispomos das números para 2017). Desta maneira,
este setor, e, sobretudo a Petrobras, tem uma enorme importância tanto no emprego
como sobre parcela do próprio PIB brasileiro, como demonstra Costa Pinto (2019, Idem,
p.49-57), por outro lado, a queda de investimentos da Petrobras foi também
acompanhada com a queda do conteúdo local no setor o que traz repercussões
fenomenais para a indústria e os seus setores associados.
32 Isto tudo reitera o que dissemos sobre a importância da interferência do Estado numa
empresa deste porte e num setor que percola suas atividades para vários outros da
economia. Isto se traduz numa repercussão territorial e sobre os circuitos e os círculos
de cooperação do petróleo.
33 Outro aspecto que chama a atenção na indústria do petróleo é exatamente a extensa e
intensa mobilidade pendular do trabalho. Dos 164.891 trabalhadores do circuito do
petróleo de acordo com o IBGE em 2010, 71.766 realizavam mobilidade pendular, parte
interestadual (13.211 trabalhadores, 18% da força de trabalho) e a maior parte
intraestadual (58.555 trabalhadores, 43,5% da força de trabalho). Destaca-se que o
movimento dos trabalhadores se desenvolve na região litorânea do Brasil e os
principais fluxos interestaduais têm como destino o principal centro do petróleo
brasileiro, o estado do Rio de Janeiro, em cuja capital se localiza a sede da Petrobras. No
mapa 03 pode ser visualizada a mobilidade pendular do trabalho na indústria do
petróleo.
Fonte: ANP(2018), EPE(2018) e Trabalhos de Campo realizado pelos autores nos anos de 2017,2018
e 2019. Org. Francismar C. Ferreira.
44 Do Porto do Açu, no município de São João da Barra no norte do Rio, uma diversa gama
de mercadorias é enviada para as plataformas situadas nas bacias de Campos e do
Espírito Santo. Isso nos indica um movimento importante segundo o qual uma empresa
de primeira ordem como a Halliburton, Schlumberger, National Oilwell Varco, etc., que
possuem estratégias e gestão em escala global, determinam os comandos da sede no
Brasil (RMRJ), tem a base operacional em Macaé e enviam suas mercadorias e serviços
para plataformas de produção de petróleo na Bacia de Campos e do Espírito Santo. Ou
seja, essas empresas produzem efeitos espaciais concretos no território do Espírito
Santo, mas não possuem vínculos locais com as dinâmicas industriais do estado, pois
sua gestão e produção estão em outras escalas.
45 Esses processos nos indicam, em geral, uma integração produtiva comanda pela
Petrobras onde se tem a conformação de um espaço industrial com uma área
caracterizada por fazer a gestão e o comando com empresas do primeiro círculo (RMRJ),
uma região de produção e de operações (Macaé e Porto do Açu) e uma região periférica
(Espírito Santo) que se encontra articulada de maneira subordinada a esses processos
principalmente por sediar empresas do segundo círculo que são de segunda ordem e
por ser o local de atuação direta de empresas do primeiro círculo que não se localizam
no estado.
46 O mesmo cenário se repete quanto ao trabalho, muitos trabalhadores se deslocam do
Espírito Santo para trabalhar no Rio de Janeiro conforme aponta o mapa 03. Em geral,
nota-se que o Rio de Janeiro exerce uma polarização na produção de petróleo a nível
nacional, uma vez que sedia a maior parte das empresas de primeira ordem, concentra
o maior número de trabalhadores na indústria do petróleo (Mapa 02) e é o local que
recebe a maior quantidade de trabalhadores via mobilidade pendular de outros estados
(Mapa 03)6.
47 Esse movimento entre Espírito Santo e Rio de Janeiro, que em certa medida, pode ser
generalizado para a escala nacional, nos permite identificar duas coisas. Uma primeira
se refere à integração entre os territórios motivada por um setor produtivo, em
especial pela Petrobras por meio de sua organização espacial, e uma segunda, que nos
revela um desenvolvimento desigual e combinado a partir de uma específica divisão
social e territorial do trabalho onde se tem uma polarização da metrópole carioca na
gestão e no comando dos processos e uma subordinação dos demais espaços, o que
implica na conformação de um espaço marcado por desigualdades regionais, mas
articulados por processos produtivos. Além deste aspecto se constroem estruturas
industriais e infraestruturais associadas que criam marcadores territoriais fixos
garantindo os fluxos dos produtos petroleiros indicando relações complexas entre o
Estado, a empresa Petrobras e as empresas regionais, nacionais e multinacionais. Estas
marcas do circuito espacial do petróleo engendram hierarquia das governanças, no
nosso caso analisado, a bacia de atividades que atravessa e se fixa nos estados do Rio de
Janeiro e Espírito Santo com uma hierarquia territorial empresarial que se sobrepõe às
estruturas de governos territoriais do Estado. A problemática de uma “coerência
estruturada” destas atividades demonstra a importância da regulação por parte do
Estado arbitrando os interesses diversos, mas também, se a empresa Petrobras
continuasse sob domínio público, o que não parece ser a estratégia apontada pelo atual
governo e direção da empresa, favoreceria menos fragmentações territoriais e decisões
extravertidas e de puro interesse privado e multinacional.
Considerações finais
48 O circuito do petróleo no Brasil vem passando por intensas transformações na última
década, em especial pelo intenso processo de privatização da Petrobras e de suas
subsidiárias o que tem levado a grupos nacionais, multinacionais e fundos de
investimentos a controlarem gasodutos, petroquímicas e no futuro próximo refinarias,
fazendo assim com que a Petrobras deixe de ser uma indústria integrada de energia e se
limitando a uma indústria de exploração de petróleo. Soma-se a isso, a crescente
participação de petroleiras multinacionais na exploração e produção de petróleo. Esses
processos estão implicando e implicarão em novas dinâmicas territoriais e econômicas
que não foram abordados no presente trabalho, mas que merecem atenção.
49 A partir das análises aqui expostas sobre o circuito espacial do petróleo com foco na
Petrobras foi identificada uma particular organização espacial produtiva dessa
empresa, pois ela não se restringe a uma planta industrial em si, mas a um conjunto de
equipamentos, de infraestruturas e plantas produtivas dispersas pelo território que se
articula em escala nacional. Soma-se a isso, uma particular divisão social e territorial do
trabalho que se caracteriza pela dispersão do trabalho pelo território e por uma intensa
mobilidade pendular percorrendo longas distâncias.
50 Além disso, indicamos, igualmente, a produção de polarizações e hierarquias no
território a partir da estruturação de círculo de cooperação do petróleo onde interagem
diferentes agentes nacionais e internacionais. Esse processo foi possível de ser
capturado pela categorização dos agentes em primeiro, segundo e terceiro círculos.
Nesse sentido, a partir do exemplo da articulação do território dos estados do Espírito
Santo e do Rio de Janeiro é possível compreender como que diferentes agentes, em
diferentes escalas se articulam em torno da organização espacial produtiva e produzem
uma série de fluxos materiais e imateriais que se sobrepõem às unidades territoriais
políticas e que revelam a produção de um espaço desigual e combinado formado pelo
circuito do petróleo.
BIBLIOGRAFIA
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http://journals.openedition.org/confins/21754. Acessado em : 21/09/2020
NOTAS
1. Ver sobre uma leitura destas relações de circuitos em Milton Santos e Marx, Zanotelli (2019).
2. Sobre a importância e complexidade das diferentes rodadas de neoliberalização em função dos
territórios onde elas ocorrem, pode-se consultar o já clássico trabalho de Harvey, O
neoliberalismo. História e implicações, 2011 [2005 e 2008] que diferencia o neoliberalismo como
teoria e suas aplicações concretas, o neoliberalismo “real”. Aspectos que já haviam sido
acentuados por PECK (2004) e PECK e TICKELL (2002). Esta definição da “neoliberalização” foi
explicitada da seguinte maneira em artigo de 2012 publicado no Brasil [2010 para o original] por
Brenner, Peck e Theodore como sendo “[...] uma tendência histórica específica, desenvolvida de
maneira desigual híbrida e padronizada de reestruturação regulatória disciplinada pelo
mercado” (2012, p.18).
3. Para a identificação do número de trabalhadores da indústria do petróleo considerou-se no
censo de 2010 a CNAE domiciliar 2.0 e as seguintes variáveis: 06000 - Extração de petróleo e gás
natural, 19020 - Fabricação de produtos derivados do petróleo e 35021 - Produção e distribuição
de combustíveis gasosos por redes urbanas. Sabe-se que o número de trabalhadores, pode ser, e é
bem maior, pois não se contabiliza no presente cálculo alguns segmentos que se articulam
indiretamente com a indústria do petróleo. Utilizaremos estes dados defasados de 2010 porque
eles nos permitem localizar por estado os efetivos de trabalhadores e nos dar uma ideia do
espraimento e da circulação desta força de trabalho, mas outros estudos mais regionalizados a
partir da RAIS (Ministério do Trabalho) até 2018 permitem de se ter uma estimativa do conjunto
dos trabalhadores do setor mais recente e de seu declínio em muitos estados e regiões.
(ZANOTELLI, et. al., 2019).
4. Segundo nota metodológica do o IBGE “A formação bruta de capital fixo (FBCF) é a operação do
Sistema de Contas Nacionais (SCN) que registra a ampliação da capacidade produtiva futura de
uma economia por meio de investimentos correntes em ativos fixos, ou seja, bens produzidos
factíveis de utilização repetida e contínua em outros processos produtivos por tempo superior a
um ano sem, no entanto, serem efetivamente consumidos pelos mesmos.” (IBGE, Sistema de
Contas Nacionais 2000, S/D).
5. A Empresa capixaba Imetame é um agente muito peculiar no circuito e no circulo de
cooperação do petróleo. Ela se constituiu inicialmente como uma indústria do segmento de
metalmecânica fornecendo serviços para as indústrias de celulose e siderúrgicas no Espírito
Santo. Entretanto, posteriormente a indústria passou também a fornecer serviços ligados a
manutenção de plataformas diretamente para a Petrobras, fazendo assim com que ela se
apresentasse como uma empresa do segundo círculo. Ao mesmo tempo, a Imetame também
passou a fornecer serviços para outras empresas multinacionais do segundo circulo como a
norueguesa Aker Solutions, a francesa Technip, a japonesa Modec, etc. Essas relações com as
empresas do segundo círculo fazem com que a Imetame também seja uma empresa que compõe o
terceiro circulo. Entretanto, a Imetame passou a adquirir concessão de blocos e campos de
exploração e produtos de petróleo e gás no Espírito Santo, no Rio Grande do Norte, na Bahia e em
Minas Gerais e passou, assim, a ser uma petroleira.
6. Mais informações sobre a integração entre ES e RJ (bacia urbano regional) promovido pela
atividade petrolífera pode ser visto em Zanotelli et. al. 2019.
RESUMOS
O trabalho realiza uma análise sobre o circuito espacial produtivo da indústria petrolífera no
Brasil com um enfoque na Petrobras e em particular na região entre o Espírito Santo e o Rio de
Janeiro. Nota-se que o circuito do petróleo apresenta uma singular organização espacial e
produtiva industrial que, na busca por valorização de capital, desenvolve uma divisão social do
trabalho e uma organização espacial específica bem como produz e sobredetermina uma série de
fluxos materiais e imateriais no espaço geográfico e implica em diversos efeitos territoriais,
sociais, econômicos, ambientais, que em última instância contribuem para a produção e
conformação de um espaço desigual e combinado.
This paper analyzes the spatial circuit of production in the oil industry in Brazil, focusing on
Petrobras and in particular in the region between Espírito Santo and Rio de Janeiro. The oil
circuit production has a unique spatial and productive organization that, due to processes of
capital appreciation, creates a social division of labor and a specific spatial organization. At the
same time produces the conditions in a series of material and immaterial flows in the
geographical space that implies many social, economic and environmental effects that ultimately
contribute to the production and the shaping of an uneven and combined space.
L’article analyse le circuit spatial productif de l'industrie pétrolière au Brésil a partir de l’étude
de cas de l’inscription territoriale de l’entreprise brésilienne Petrobras dans la région située
entre les états de Rio de Janeiro et de l’Espírito Santo. Le circuit pétrolier a un aménagement
industriel et spatial uniques, dans la recherche de la valorisation du capital s’adopte une division
sociale du travail et un aménagement de l’espace particuliers. Il engendre et surdétermine, ainsi,
une série des flux matériels et immatériels qui provoquent des effets sociaux, économiques et
environnementaux et, ainsi, renforcent les inégalités territoriales dans un pays déjà soumis à de
fortes tensions socio-territoriales.
ÍNDICE
Mots-clés: circuit spatial de production, industrie, pétrole, Petrobras, Brésil.
Palabras claves: Circuito de producción espacial, industria, petróleo, Petrobras, Brasil.
Palavras-chave: circuito espacial da produção, indústria, petróleo, Petrobras, Brasil.
Keywords: spatial circuit of production, industry, oil, Petrobras, Brazil
AUTORES
FRANCISMAR CUNHA FERREIRA
Doutorando em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFES.
[email protected]