Filho (2011)
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All content following this page was uploaded by Alcides Goularti Filho on 26 June 2019.
Resumo
O objetivo deste artigo é descrever e analisar a formação e a expansão do aglomerado
inter-relacionado de estaleiros para a construção naval, localizado no Rio de Janeiro
e em Niterói. Serão apresentadas as condições concretas que possibilitaram o Estado
do Rio de Janeiro implantar uma moderna indústria da construção naval pesada,
pós-1960, a partir do padrão de acumulação da economia brasileira. Destacaremos o papel
desempenhado pela indústria motriz na promoção de uma performance inovadora, por
meio de encomendas e aquisições. O texto está dividido em dois períodos: construção
naval no Império (1822-1889) e na República (1889-1956). Em cada período, serão
analisados, separadamente, os seguintes tópicos: Arsenal de Marinha da Corte e do Rio
de Janeiro, estaleiros privados e Marinha Mercante. Na conclusão, serão abordadas as
dificuldades enfrentadas pelo Arsenal e pelos estaleiros privados, na transição tecnológica
das embarcações de madeira para o ferro e o aço.
Abstract
This article aims to describe and analyze the formation and expansion of the cluster
of inter-related shipbuilding yard in the located in Rio de Janeiro and Niterói. Will
be presented the concrete conditions that allowed the Rio de Janeiro up a modern
shipbuilding industry heavy post-1960 from the pattern of accumulation of the Brazilian
economy. Highlights the role played by industry in promoting a driving performance
through innovative packages and acquisitions. The text is divided into two periods:
Shipbuilding in Empire (1822-1889) and Republic (1889-1956). In each period, are
analyzed separately the following topics: Arsenal of the Navy Court and Rio de Janeiro,
merchant and private yards. In conclusion will be addressed on the difficulties faced by
the arsenal and the private yards in the technological transition from wooden ships to
iron and steel.
1. Introdução
⋆ Recebido em novembro de 2009, aprovado em março de 2011. Pesquisa financiada pelo MCT/CNPq.
Artigo indicado para Selecta 2009.
E-mail address: [email protected]
Marinha).
O Arsenal Real da Marinha (ARM) foi criado em 1763, pelo Vice-Rei Conde da
Cunha, no mesmo ano da transferência da capital da Colônia de Salvador para o Rio
de Janeiro. Nas suas dependências, foi construída a nau São Sebastião, a primeira
grande embarcação fabricada na Colônia, lançada ao mar em fevereiro de 1767.
Durante o período que se estende até 1822, o ARM, além das oficinas de funileiros,
vidraceiros, canteiros, pedreiros, bandeireiros e correeiros e da fundição de canhões
e caronadas, executou, apenas, serviços de reparos nas embarcações que atracavam
no Rio de Janeiro. O material utilizado nos reparos navais eram, principalmente,
a madeira, amplamente disponível na Mata Atlântica, e a araucária. Os demais
insumos eram importados, mas, aos poucos, foram sendo produzidos na Colônia,
exceto lonas e cabos (Greenhalgh 1951).
O Arsenal de Marinha da Corte (AMC), assim denominado após 1822, retoma
a construção naval com o lançamento da corveta Campista, em fevereiro de 1827.
Seguiu ativamente, construindo navios até 1890, período em que foram lançados ao
mar 46 navios, incluindo quatro encouraçados e quatro cruzadores, com destaque
para o cruzador Tamandaré, o maior navio fabricado no Brasil até 1960. Além dos
navios, também foram entregues pequenas embarcações, como saveiros, batelões,
lanchas, canoas e chalanas. O momento de maior intensidade na construção naval
no AMC foi o da Guerra do Paraguai (1864-1870), quando foram construídos 14
navios, incluindo o encouraçado Tamandaré. As exigências da guerra ampliaram
as atividades de construção e reparo de navios, de fabricação de munições e
armamentos (Brasil, 1831-1872 – Ministério da Marinha).
O primeiro navio a vapor construído no AMC foi o Tetis, em 1842, com 115m
de comprimento, motor de 70 HP e capacidade para transportar 241 t. A partir
desse momento, iniciou-se a construção de embarcações, combinando vela e vapor.
O último navio à vela foi construído em 1861, o Paraíba, com 22 m. O maior avanço
ocorreu com a construção do encouraçado Tamandaré, lançado ao mar em 1865,
com capacidade de 754 t, 48 m de comprimento e motor de 80 HP com uma hélice.
Foram entregues mais três encouraçados, sendo que o último, o Sete de Setembro,
em 1874, transportava 2.179 t, com 67 m de comprimento, motor com 360 HP e
duas hélices. Também merecem destaque os quatros cruzadores: Guanabara (1.911
t, 61 m e 500 HP), em 1877, Primeiro de Março (726 t, 50 m e 750 HP), em 1881,
Almirante Barroso (1.960 t, 64 m e 2.200 HP), em 1882, e Tamandaré (4.537 t, 96
m e 7.500 HP), em 1890. O maquinário do cruzador Almirante Barroso foi todo
construído no AMC (Mendonça e Vasconcelos 1959).
A evolução do motor de 70 HP, em 1842, para 7.500 HP, em 1890, ou de 241 t para
4.537 t, demonstra a boa trajetória e a performance inovativa traçada pelo AMC
durante o século XIX. Mesmo que tenha sido uma trajetória lenta, comparada com
os padrões dos estaleiros navais dos países centrais (em 1843, o engenheiro naval I.
K. Brunel lançou ao mar o transatlântico SS Great Britain, com 1.960 t, 98 m e
1.000 HP), a constância nas obras navais criou uma rotina nas oficinas e nos diques
do AMC.
Cumpria um papel de “indústria motriz”, criando um fluxo intersetorial,
Tabela 2
Encomendas realizadas pela Marinha junto a estaleiros europeus 1874-1899
Tipo de embarcação Ano Deslocamento(t) Comprimento(m) Motor(HP) País de origem
Encouraçado Independência 1874 9.310 91 8.500 Inglaterra
Encouraçado Riachuelo 1883 5.700 98 6.000 Inglaterra
Encouraçado Aquidabã 1885 5.029 85 4.500 Inglaterra
Cruzador Andrada 1890 1.977 85 3.600 Inglaterra
Cruzador Tiradentes 1892 705 50 1.200 Inglaterra
Cruzador República 1892 1.231 68 3.800 Inglaterra
Cruzador Escola Benjamin Constant 1892 2.311 74 2.800 França
Cruzador Amazonas 1895 3.437 108 15.000 Inglaterra
Cruzador Torpedeiro Tamoio 1895 1.075 86 7.500 Alemanha
Cruzador Torpedeiro Tupy 1897 1.037 86 7.500 Itália
Encouraçado Guarda Costa Deodoro 1898 3.162 81 3.400 França
Cruzador Almirante Abreu 1899 3.437 108 15.000 Inglaterra
Fonte: Mendonça e Vasconcelos (1959).
da profunda crise por que passou o Arsenal nas primeiras décadas da República.
Como é sabido, durante todo o período colonial, a manufatura no Brasil era quase
inexistente, limitando-se a pequenas atividades de fabrico de alimentos e utensílios
domésticos. Essa situação começou a se reverter somente com a chegada da Família
Real e a abertura dos portos, ambas em 1808, que aceleraram a acumulação do
capital mercantil nas principais cidades portuárias. Mesmo assim, as condições
herdadas do passado, que eram sempre repostas, impediam saltos produtivos.
O aumento do fluxo mercantil nos portos brasileiros gerou demandas para a
realização de consertos e a manutenção nos navios que atracavam nos vários
trapiches, espalhados nas cidades portuárias. Essa nova situação exigiu mais
esforços dos arsenais e possibilitou o surgimento de novos estaleiros para reparos e
construção de navios. No início do século XIX, em Salvador, em torno do Arsenal,
havia 42 pequenos estaleiros, e, no Rio de Janeiro, ao longo da Rua da Saúde e na
Prainha, 16 pequenos estaleiros, que, além de fazerem reparos, também construíam
embarcações para atender às demandas locais (Liga Marítima, 1918).
Com a Independência em 1822, o AMC voltou a construir navios para a
Marinha e tornou-se a atividade motriz da nascente indústria da construção naval,
localizada no Rio de Janeiro, onde se formou um aglomerado inter-relacionado
de estaleiros navais, o que possibilitou aumentar o fluxo intersetorial, gerando
complementaridade, a jusante e a montante, desse embrionário sistema localizado
de inovação.
O pequeno “surto industrial” gerado pela tarifa protecionista Alves Branco, em
1844, e o início da expansão da atividade cafeeira no Vale do Paraíba estendiam
o processo de acumulação, dinamizando as pequenas atividades urbanas na Corte.
No final dos anos 1840, dos estaleiros localizados na Prainha, podemos destacar o
de João Antônio de Araújo Saragoça, Manuel Francisco dos Reis e Manuel Gomes
dos Santos; já na Saúde, havia o estaleiro de José Francisco de Castro. Eram dois
os tipos de estaleiros, o que fazia reparos, chamado de “estaleiro de fabrico”, e o de
“construção de navios”. Entre os de “fabrico”, havia, na Saúde, o de Manuel Cura
e, na Prainha, o de Francisco Lopes de Sá e Manuel Gomes dos Santos (Almanak
Laemmert, 1844-1850).
No entanto, o maior estaleiro foi fundado em Niterói, por Irineu Evangelista de
Souza, o Barão de Mauá, no ano de 1846, o Estabelecimento de Fundição e Estaleiro
Ponta da Areia, e se tornou num símbolo da “indústria nacional” no Império. Ao
longo dos trinta anos em que Mauá esteve à frente do estaleiro, foram construídos 72
navios, sendo doze encomendados pela Marinha (Tabela 2), empregando em torno
de mil trabalhadores assalariados (Mauá 1996). Ao lado do AMC, o Estaleiro Ponta
da Areia cumpriu o papel de “indústria motriz” de segunda ordem, no aglomerado
de estaleiros localizados no Rio de Janeiro e em Niterói, durante o Segundo Reinado.
Afinal, durante o Império, enquanto o AMC construiu 44 embarcações, o Estaleiro
Ponta da Areia construiu 72.
Tabela 3
Encomendas realizadas pela Marinha junto ao Estaleiro Ponta da Areia 1849-1883
Tipo de embarcação Ano Deslocamento(t) Comprimento(m) Motor(HP)
Corveta Vapor Recife 1849 50 150
Vapor de Rodas D. Pedro 1849 124 36 40
Corveta Pedro II 1850 54 220
Vapor Paraense 1851 59 220
Vapor Fluminense 1852 30 25
Vapor Jaguarão 1859 100
Canhoneira Corumbá 1860 24 24
Canhoneira Henrique Martins 1865 163 38 40
Canhoneira Greenhalgh 1865 39 40
Vapor Alice 1869 304 54 100
Canhoneira Príncipe Grão Pará 1872 726 51
Cruzador Imperial 1883 726 62 750
Fonte: Mendonça e Vasconcelos (1959).
européias, além de fundir ferro e bronze. Barata Ribeiro & Co., engenheiro e
construtor naval, incumbia-se da fabricação de navios de qualquer natureza, e
fornecia madeira, metais, ferramentas, tinta e óleo para outros estaleiros. Joaquim
da Costa Araújo era especializado na fundição, no fabrico e no conserto de navios,
máquinas e aparelhos para bordo. H. Ulique Delforce, com estabelecimento na
Saúde, era especializado em fornecer máquinas e ferramentas para os estaleiros
locais (Almanak Laemmert, 1882).
Por último, destacamos o Estaleiro João Pacheco Pimentel, especializado na
construção de embarcações a vapor. Definia-se como o mais moderno da Saúde, pois
utilizava métodos mais aperfeiçoados, conhecidos pelos mestres da arte naval na
Europa e nos Estados Unidos. Atendia a encomendas de particulares e do Império,
como o caso da lancha a vapor Santa Izabel, que fazia o serviço de vistoria e polícia
dos portos (Almanak Laemmert, 1886).
No início dos anos 1880, esse aglomerado de estaleiros, situado na Rua da Saúde
e na Prainha, segundo Queiroz (1880, p. 17), ocupava mais de 3.000 operários, “sem
levar em conta o grande número de indivíduos que se encontravam ocupados nas
indústrias co-relatas”.
Imagina-se agora as indústrias co-relatas, e far-se-á idéia do grande número de oficinas
de velame e massame, polieiros, calafates, ferreiros, fundidores, pintores, esculpidores,
etc., além de grande número de lojas de massame e aprestos de navios, como lonas,
cabos, correntes, âncoras, cobre, metais, alcatrão, estopa, etc. (Ibidem, p. 18).
Até 1822, a frota naval da Colônia era composta por navios da Coroa e
de comerciantes estrangeiros, que frequentavam os diversos portos ao longo da
costa brasileira. Nas duas primeiras décadas após a Independência, a navegação
Tabela 4
Companhias de navegação subvencionadas pelo Tesouro 1862-1897
Ano Companhias
subvencionadas
1862 12
1867 10
1872 15
1877 17
1882 18
1887 16
1892 11
1897 10
Fonte: Brasil, Ministério da Fazenda – Balanço Receita e Despesa, vários anos.
Tabela 5
Frota mercante da Companhia Brasileira de Navegação e da Companhia Nacional de
Navegação 1875-1890
Ano Companhia Brasileira de Navegação Companhia Nacional de Navegação
1875 5 2
1880 5 3
1885 6 6
1890 6 6
Fonte: Relatórios do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas, vários anos.
Tabela 6
Embarcações adquiridas dentro do Plano Naval de 1906
Tipo de embarcação Ano Deslocamento(t) Comprimento(m) Motor(HP)
Encouraçado Minas Gerais 1907 17.274 165 23.500
Contra Torpedeiro Piauí 1908 506 73 8.800
Contra Torpedeiro Paraíba 1908 560 73 8.800
Contra Torpedeiro Pará 1908 560 73 8.800
Encouraçado São Paulo 1909 19.280 164 23.500
Cruzador Rio Grande do Sul 1909 2.885 122 22.000
Contra Torpedeiro Paraná 1909 560 73 8.800
Contra Torpedeiro Mato Grosso 1909 560 73 8.800
Contra Torpedeiro Santa Catarina 1910 560 73 8.800
Encouraçado Rio de Janeiro 1913 27.500 204 34.000
Fonte: Mendonça e Vasconcelos (1959).
da Marinha).
Com o acelerado processo de expansão urbana do Rio de Janeiro, a localização do
velho arsenal já era um empecilho para a cidade, e a solução seria transferi-lo para
a Ilha das Cobras. Em 1910, foi firmado o contrato com a Société d’Entreprises
au Brésil para construir outro dique, um cais monolítico e uma carreira de 90
m de comprimento. Para a empresa Janowitzer, Wahle & Comp. foi entregue a
responsabilidade de construir a ponte ligando o continente à Ilha das Cobras. Com
a primeira empresa, o contrato foi rescindido em 1915, ficando as obras inconclusas,
já com a segunda, a obra foi entregue (Brasil, 1918 – Ministério da Marinha).
Em julho de 1922, foi realizado um novo contrato para retomar e concluir as obras
na Ilha das Cobras, assinado por uma empresa nacional, a Companhia Mecânica
e Importadora de São Paulo, que ficou encarregada de construir um cais de 1.224
m e muros de proteção, concluir o grande dique, a carreira de 105 m, as oficinas,
as residências e a rede de esgoto e água. O contrato foi revisto em 1928, quando
foi entregue o dique Arthur Bernardes (atual Almirante Régis), e renovado até
o término das obras. Porém, com a Revolução de 1930, vários contratos de obras
foram revistos pelo governo, que abriu inúmeras sindicâncias. Com o AMRJ não foi
diferente, seu contrato foi rescindido em 1931, o que não significou a paralisação das
obras, que foram concluídas pela própria Marinha (Brasil, 1920-1933 – Ministério
da Marinha; Fleming (1928)).
Nos anos 1930 e 1940, o AMRJ, agora localizado apenas na Ilha das Cobras,
retomou a posição de indústria motriz na construção naval brasileira. Com o
lançamento ao mar do monitor Parnaíba, em novembro de 1937, até 1946 foram
construídas 22 embarcações, incluindo seis navios mineiros (550 t, 57 m, 1.300
HP), nove contratorpedos (média de 1.400 t, 98 m) e as demais de pequeno porte
(Brasil, 1937-1946 – Ministério da Marinha; Mendonça e Vasconcelos (1959)). Nos
anos seguintes, o ritmo desacelerou com mais três embarcações em 1950, e quatro,
entre 1957 e 1958. Uma retomada importante, no entanto, bem abaixo do padrão
dos estaleiros dos países centrais.
privadas, por exemplo, até o ano de 1927 foram docados 84 navios no dique um,
sendo oito privados, e no dique dois, 87 navios, sendo onze privados (Fleming 1927).
No estaleiro Vicente dos Santos Caneco, como 39.000 m2 , empregando 333
trabalhadores, até o ano de 1915, foram construídas três lanchas a vapor de 15
m, um rebocador de 20,5 m, doze lanchas pequenas, quinze chatas de 100 t
cada, quatro barcas para a Secretaria da Saúde Pública, somando 492 t, doze
escolares para a Marinha e quatro baleeiras (Liga Marítima, 1916). Ou seja,
apenas embarcações de pequeno porte, portanto, incapaz de atender à crescente
demanda da Marinha Mercante Nacional que, necessariamente, deveria acompanhar
a performance inovativa da navegação gestada nos países centrais. Na tabela abaixo,
podemos observar as maiores embarcações construídas até o ano de 1925 pelo
Caneco. Observa-se, também, que a embarcação Presidente Wenceslau ainda era de
madeira, deslocava apenas 802 t, enquanto a Marinha fazia encomenda no exterior
de até 27.500 t, e as companhias privadas adquiriam cargueiros de 7.000 t.
Tabela 8
Embarcações construídas pelo Estaleiro Vicente dos Santos Caneco & Cia até 1925
Nome da embarcação Deslocamento(t) Base do casco Ano
Presidente Wenceslau 802 Madeira 1910
Barca Farol Bragança 592 Madeira 1918
Rebocador Ipiranga 300 Ferro
Iate Tenente Rosa 160 Madeira 1910
Barca de Vigia Sattamini 160 Madeira
Rebocador Mocanguê 80 Ferro 1908
Fonte: Fleming (1927).
Brasileiro.
No período compreendido entre a criação da Comissão da Marinha Mercante
(CMM) e a à criação do Fundo da Marinha Mercante (FMM), em 1958, assistimos
ao afastamento do Ministério da Marinha do setor, a deterioração da frota mercante
e a sua instrumentalização política, que culminou com a unificação dos objetivos
da Marinha Mercante com os da construção naval.
A implementação da indústria da construção naval pesada no sistema nacional
de economia (List 1986), só foi possível porque já havia um aglomerado
inter-relacionado de estaleiros navais, localizados no Rio de Janeiro. Havia uma
trajetória de aprendizado acumulado no aglomerado. O Plano de Metas, por meio
da Meta 28, não repôs as condições herdadas do passado, mas sim fez rupturas
e avançou, iniciando um novo processo para a indústria da construção naval e a
Marinha Mercante Brasileira, criando oligopólios competitivos. Ishibrás e Verolme,
estaleiros de capital externo recém-instalados no Brasil, juntamente com o Caneco
e o Mauá, passaram a exercer o comando de “indústrias motrizes”, criando uma
performance inovativa no aglomerado.
4. Considerações Finais
Referências bibliográficas