Hormônios e Reguladores Vegetais - Parte 1. Nilo Ricardo

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Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada - PPGHI

RELATÓRIO 10 – PARTE 1

Hormônios e reguladores vegetais

Nilo Ricardo Corrêa de Mello Júnior

Docentes:
Elizabeth Orika Ono
João Domingos Rodrigues

Juazeiro, 24 de maio de 2023.


HORMÔNIOS E REGULADORES VEGETAIS

Os hormônios são mensageiros químicos, produzidos em uma célula, que


modulam os processos celulares em outra célula, interagindo com proteínas específicas
que funcionam como receptores ligados a rotas de transdução de sinal. Como no caso dos
hormônios animais, a maioria dos hormônios vegetais, em concentrações extremamente
pequenas, é capaz de ativar respostas em células-alvo. Embora os detalhes do controle
hormonal do desenvolvimento sejam completamente diversos, todas as rotas hormonais
básicas compartilham características comuns.
Hormônio Vegetal são compostos orgânicos, não nutriente, de ocorrência natural,
produzindo na planta, o qual, em baixas concentrações, promove, inibe ou modifica
processos fisiológicos do vegetal. É importante salientar, só se pode considerar como
hormônio vegetal, aquelas substâncias produzidas de maneira endógenas pelas plantas.
Os aplicados de maneira exógena são conhecidos como reguladores vegetais ou
biorreguladores, que são substâncias sintéticas que aplicadas exógenamente possuem
ações similares aos grupos de hormônios vegetais conhecidos.
As plantas apresentam inúmeros hormônios vegetais e, são divididos em grupos
hormonais a exemplo são: Auxinas (AX); Giberalinas (GA); Citocianinas (CK); Etileno
(ET); Ácidos Abscísico (ABA); Brassinosteróides (BR); Jasmonatos (JA); Salicilatos
(SA); Poliaminas (PA); Compostos Fenólicos. Com exceção do etileno, que ocorre em
forma gasosa, os demais podem estar em formas livres ou combinadas. Essas formas e
ocorrem em ligações com peptídeos e ésteres de glicosil. Esses hormônios são
sintetizados nas plantas em diferentes tecidos e/ou órgãos vegetais. Em flores são
sintetizados principalmente as AX e BR. No meristema são sintetizados AX, GA, BR; em
folhas jovens AX, GA; nos caules jovens GA; nos frutos estão presentes ABA, ET, JA.

TRANSPORTE E UTILIZAÇÃO DOS HORMÔNIOS VEGETAIS

A síntese pode ocorrer num determinado tecido vegetal, sendo utilizado pelo
próprio tecido ou transportado a outro tecido, esse transporte pode ocorrer tanto pelo
xilema quanto pelo floema, mas, sua redistribuição vai ocorrer a partir do floema.
O metabolismo da planta é divido em 2 vias metabólicas, o metabolismo primário
e o metabolismo secundário ou especializados, metabólitos secundários. Quando o
homem dividiu os metabolismos, ele dividiu os processos de cada metabolismo. Para o
primário, são o processo de fotossíntese e respiração, através da via glicolítica e/ ou
pentose-P. A Via Glicolítica e a Via Pentose-Fosfato (ou Via das Pentoses-Fosfato) são
duas vias metabólicas relacionadas ao metabolismo da glicose nas células.
A Via Glicolítica, também conhecida como Glicólise, é uma via metabólica que
ocorre no citoplasma das células e tem como objetivo principal a quebra da glicose em
moléculas de piruvato. A glicólise ocorre em dez etapas principais e gera ATP (adenosina
trifosfato), NADH (nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzido) e piruvato como
produtos. O ATP é uma fonte de energia utilizada pelas células, enquanto o NADH é um
transportador de elétrons que pode participar de outras vias metabólicas, como a
fosforilação oxidativa para a produção de mais ATP. A glicólise é uma via anaeróbica, o
que significa que não requer a presença de oxigênio para ocorrer. Já a Via Pentose-Fosfato
é uma rota metabólica alternativa que ocorre no citoplasma e no retículo endoplasmático
das células. Essa via tem como objetivo principal a produção de pentoses (açúcares de
cinco carbonos) e NADPH (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzido). O
NADPH é um importante cofator redutor utilizado em reações de síntese, como a
biossíntese de ácidos graxos e esteroides, além de ser necessário para a atividade de
enzimas antioxidantes. A Via Pentose-Fosfato também está envolvida na regeneração de
ribose-5-fosfato, um componente essencial para a síntese de nucleotídeos.
A Via Glicolítica e a Via Pentose-Fosfato estão interconectadas e podem
influenciar uma à outra. Por exemplo, a glicose-6-fosfato, um intermediário da glicólise,
pode ser desviada para a Via Pentose-Fosfato, dependendo das necessidades celulares de
pentoses e NADPH. Além disso, o NADPH produzido na Via Pentose-Fosfato pode ser
utilizado como doador de elétrons na glicólise, regenerando o NAD+ necessário para
manter a glicólise funcionando.

GRUPOS HORMÔNAIS

Auxinas
As auxinas são um grupo de hormônios vegetais que desempenham um papel
fundamental no crescimento e desenvolvimento das plantas. Elas foram a primeira classe
de hormônios vegetais a ser descoberta e são encontradas em todas as partes das plantas,
desde as raízes até os meristemas apicais. Todas as auxinas possuem anel aromático.
A auxina mais conhecida e estudada é o ácido indolilacético (AIA), mas também
existem outras formas de auxinas, como o ácido indolbutírico (AIB) e o ácido
naftalenoacético (ANA). A concentração e distribuição das auxinas nas plantas são
reguladas com precisão para controlar uma ampla gama de processos fisiológicos.
As auxinas têm várias funções importantes nas plantas, incluindo:
1. Fototropismo: As auxinas são responsáveis pelo movimento de curvatura
das plantas em resposta à luz. Elas se acumulam na parte sombreada da
planta, estimulando o crescimento celular e curvando a planta em direção
à luz.
2. Geotropismo: As auxinas também desempenham um papel no
geotropismo, que é a resposta das plantas à gravidade. Elas se acumulam
na parte inferior das raízes e caules, inibindo o crescimento nessas regiões
e permitindo o crescimento em direção à gravidade.
3. Alongamento celular: As auxinas estimulam o alongamento celular nas
plantas. Elas afetam a plasticidade da parede celular, promovendo a
expansão e o crescimento das células vegetais.
4. Desenvolvimento de raízes: As auxinas são essenciais para o
desenvolvimento e crescimento das raízes. Elas estimulam a formação de
raízes laterais e a elongação das raízes primárias.
5. Desenvolvimento de frutos: As auxinas estão envolvidas no
desenvolvimento dos frutos, estimulando o crescimento dos ovários e o
desenvolvimento das sementes.
Além dessas funções, as auxinas também desempenham um papel importante na
diferenciação de tecidos, na regulação da dominância apical, na formação de calos e na
resposta a estresses ambientais, entre outros processos. A síntese, transporte e degradação
das auxinas são regulados por diversos fatores genéticos e ambientais. A compreensão
dos mecanismos de ação das auxinas tem um impacto significativo na agricultura,
permitindo a manipulação do crescimento das plantas, a promoção do enraizamento de
estacas e a regulação da floração, entre outros aspectos do cultivo de plantas.
Giberelinas
As giberelinas, são um grupo de hormônios vegetais que desempenham um papel
crucial no crescimento e desenvolvimento das plantas. Elas são uma classe de compostos
químicos chamados de diterpenóides. Existem cerca de 136 tipos de giberelinas
conhecidas, sendo a mais comum e estudada a giberelina A3 (GA3). Esses hormônios são
produzidos nas partes jovens da planta, como meristemas apicais, brotos, flores e
sementes em desenvolvimento. Sendo o GA1 o mais ativo de todos os ácidos giberélicos.
Dentre essas 136 identificadas, a maioria não são ativa.
As giberelinas têm várias funções nas plantas, incluindo:
1. Estímulo do crescimento do caule: As giberelinas promovem o
crescimento do caule ao estimular a divisão e o alongamento celular. Elas
influenciam a atividade de enzimas que afetam a parede celular, tornando-
a mais extensível e permitindo que as células cresçam;
2. Promoção da germinação de sementes: As giberelinas são responsáveis
por quebrar a dormência das sementes, estimulando sua germinação. Elas
promovem a síntese de enzimas que degradam substâncias inibidoras da
germinação e estimulam o crescimento do embrião;
3. Regulação da floração: As giberelinas desempenham um papel na
regulação da floração, influenciando a transição do estágio vegetativo para
o reprodutivo. Elas interagem com outros hormônios, como as citocininas,
auxinas e ácido abscísico, para controlar a formação de botões florais e o
desenvolvimento das flores;
4. Alongamento de frutos: As giberelinas também estão envolvidas no
crescimento e alongamento dos frutos. Elas estimulam a divisão celular e
a expansão das células do fruto, contribuindo para o seu desenvolvimento;
5. Regulação da dominância apical: As giberelinas atuam na supressão da
dominância apical, ou seja, inibem o crescimento de brotos laterais em
favor do crescimento do broto terminal. Isso ajuda a controlar a arquitetura
das plantas e a distribuição de energia para diferentes partes.
Além dessas funções, as giberelinas também estão envolvidas na resposta das
plantas a estresses ambientais, como estresse hídrico, salinidade e baixas temperaturas. A
biossíntese e a regulação das giberelinas são altamente complexas e envolvem muitos
passos metabólicos. A compreensão desses processos tem aplicações importantes na
agricultura, permitindo o controle do crescimento das plantas, a indução da germinação
de sementes, o aumento do tamanho dos frutos e o melhoramento de culturas.
Citocininas
As citocininas são um grupo de hormônios vegetais que desempenham um papel
fundamental no crescimento e desenvolvimento das plantas. Elas são compostos
orgânicos naturais conhecidos como adenina e derivados da adenina, sendo a mais comum
a citocininas adenina (zeatina). As citocininas são produzidas principalmente nas raízes e
nos meristemas das plantas, mas também podem ser encontradas em outras partes, como
folhas, sementes e frutos. Elas são transportadas para outras partes da planta através do
xilema.
As citocininas têm várias funções importantes nas plantas, incluindo:
1. Estimulação da divisão celular: As citocininas estimulam a divisão celular,
promovendo o crescimento e o desenvolvimento dos tecidos vegetais. Elas
atuam em conjunto com outros hormônios, como as auxinas, para
equilibrar a divisão e a diferenciação celular;
2. Atraso do envelhecimento: As citocininas desempenham um papel na
retardação do envelhecimento das plantas. Elas inibem a senescência das
folhas, mantendo-as verdes por mais tempo e prolongando a vida útil das
flores;
3. Regulação do crescimento de brotos laterais: As citocininas estão
envolvidas na promoção do crescimento de brotos laterais nas plantas. Elas
ajudam a suprimir a dominância apical, estimulando o crescimento de
brotos laterais e contribuindo para a formação de uma arquitetura
ramificada;
4. Estímulo da germinação de sementes: As citocininas desempenham um
papel na promoção da germinação de sementes. Elas interagem com outros
hormônios, como o ácido abscísico, para superar a dormência das
sementes e iniciar o processo de germinação;
5. Regulação da floração: As citocininas estão envolvidas na regulação da
floração, influenciando a formação de botões florais e o desenvolvimento
das flores. Elas interagem com outros hormônios, como as giberelinas e os
fitocromos, para controlar o tempo e o processo de floração.
Além dessas funções, as citocininas também desempenham papéis em resposta a
estresses ambientais, resposta a patógenos e regulação do metabolismo de nutrientes nas
plantas. A regulação da biossíntese e do metabolismo das citocininas é complexa e
influenciada por vários fatores, incluindo condições ambientais, idade da planta e
interações hormonais. A compreensão desses mecanismos é essencial para manipular o
crescimento e o desenvolvimento das plantas, melhorar a produtividade agrícola e
desenvolver estratégias de manejo eficientes.
As citocininas podem ser classificadas em dois grupos principais com base em sua
estrutura química: citocininas purínicas e citocininas não purínicas.
Citocininas Purínicas: As citocininas purínicas são derivadas da adenina, uma base
nitrogenada purínica. A adenina é modificada para formar diferentes compostos de
citocinina, como a zeatina, isopenteniladenina (IPA) e diidrozeatina. As citocininas
purínicas são amplamente encontradas em plantas e têm atividade biológica importante.
Elas desempenham um papel fundamental no controle do crescimento e desenvolvimento
das plantas, regulando processos como a divisão celular, a formação de brotos laterais, a
senescência foliar e a resposta ao estresse.
Citocininas Não Purínicas: As citocininas não purínicas não são derivadas da adenina e
apresentam uma estrutura química diferente das citocininas purínicas. Elas incluem
compostos como a fenilureia, benziladenina (BA) e tiamina. As citocininas não purínicas
são menos comuns nas plantas em comparação com as citocininas purínicas, mas ainda
desempenham um papel na regulação do crescimento e desenvolvimento. Elas também
têm efeitos na divisão celular, diferenciação de tecidos, germinação de sementes e
senescência foliar.
Ambos os grupos de citocininas, purínicas e não purínicas, são importantes para a
fisiologia das plantas e interagem com outros hormônios vegetais, como as auxinas,
giberelinas e ácido abscísico, para coordenar o crescimento e o desenvolvimento das
plantas. É importante notar que as funções e atividades específicas das citocininas
purínicas e não purínicas podem variar dependendo da espécie de planta, do estágio de
desenvolvimento e das condições ambientais. A interação complexa entre diferentes tipos
de citocininas e outros hormônios vegetais contribui para a regulação precisa das
respostas fisiológicas das plantas.
Etileno
O etileno é um hormônio vegetal gasoso que desempenha um papel fundamental
na regulação do crescimento, desenvolvimento e resposta ao estresse nas plantas. Ele é
um dos cinco principais hormônios vegetais, juntamente com as auxinas, giberelinas,
citocininas e ácido abscísico. O etileno é produzido naturalmente em diversas partes das
plantas, como frutas, flores, folhas, caules e raízes. É sintetizado a partir do aminoácido
metionina por meio de uma série de reações enzimáticas. A sua produção é influenciada
por diversos fatores, incluindo maturação de frutos, ferimentos, estresses bióticos (como
ataques de patógenos) e abióticos (como estresse hídrico, temperaturas extremas e falta
de oxigênio).
O etileno exerce diversos efeitos nas plantas, tais como:
1. Estímulo à maturação de frutos: O etileno desempenha um papel essencial
no amadurecimento dos frutos. Ele promove a mudança de cor, o
amolecimento e o desenvolvimento do aroma dos frutos, além de induzir
a síntese de enzimas envolvidas na degradação de celulose e pectina nas
paredes celulares;
2. Regulação da senescência foliar: O etileno está envolvido na indução da
senescência foliar, processo em que as folhas mais antigas envelhecem e
são descartadas pela planta. Ele estimula a degradação de clorofila,
redução na taxa fotossintética e aceleração da degradação da parede
celular;
3. Promoção da abscisão foliar e de frutos: O etileno está relacionado com a
abscisão de folhas, flores e frutos. Ele induz a formação de uma camada
de células especializada chamada zona de abscisão, que resulta na
separação da parte da planta;
4. Resposta a estresses bióticos e abióticos: O etileno desempenha um papel
na resposta das plantas a estresses, como ataques de patógenos, estresse
hídrico, ferimentos e altas temperaturas. Ele pode induzir a produção de
fitoalexinas, compostos de defesa contra patógenos, e ajudar na regulação
da resposta antioxidante e no fechamento estomático.
Além desses efeitos, o etileno também influencia o crescimento e o
desenvolvimento de raízes, a dormência de gemas, a resposta à gravidade e a resposta à
luz. O mecanismo de ação do etileno envolve a ligação do hormônio a receptores
específicos presentes na membrana das células vegetais. Essa ligação desencadeia uma
cascata de sinalização intracelular que resulta nas respostas fisiológicas observadas. É
importante ressaltar que a ação do etileno é altamente dependente da concentração do
hormônio no ambiente e das interações com outros hormônios vegetais. A regulação
precisa da produção e percepção do etileno é fundamental para o equilíbrio hormonal e o
correto desenvolvimento das plantas.
Ácido Abscísico
O ácido abscísico (ABA) é um hormônio vegetal essencial que desempenha um
papel fundamental na regulação do crescimento, desenvolvimento e resposta ao estresse
das plantas. O ácido abscísico é sintetizado em diferentes partes das plantas, como
raízes, folhas, frutos e sementes, em resposta a estresses ambientais, como seca, frio,
salinidade e estresse oxidativo. A sua produção também pode ser estimulada durante
estágios específicos do desenvolvimento, como a maturação dos frutos e a dormência
das sementes.
O ácido Abscísico exerce uma série de efeitos nas plantas, tais como:
1. Regulação da resposta à seca: O ácido abscísico desempenha um papel
crítico na resposta das plantas à seca. Ele ajuda a controlar o fechamento
dos estômatos, diminuindo a perda de água por transpiração. Isso ocorre
pela ativação de canais iônicos nas células-guarda dos estômatos,
resultando no movimento de íons e na saída de água.
2. Indução e manutenção da dormência das sementes: O ácido abscísico é
responsável pela indução e manutenção da dormência das sementes, um
estado de inatividade que impede a germinação em condições
desfavoráveis. Ele inibe a germinação das sementes até que as condições
sejam adequadas para o crescimento da planta.
3. Inibição do crescimento: O ácido abscísico pode inibir o crescimento das
plantas, especialmente em condições de estresse. Ele reduz a elongação
celular e a divisão celular, afetando o crescimento de raízes e brotos. Essa
inibição do crescimento ajuda as plantas a conservarem energia durante
períodos de estresse.
4. Regulação da maturação de frutos: O ácido abscísico está envolvido na
regulação da maturação dos frutos, influenciando a mudança de cor,
amadurecimento e degradação de compostos orgânicos nos frutos. Ele
também afeta a síntese de enzimas envolvidas no metabolismo dos
carboidratos, lipídios e outros compostos durante a maturação dos frutos.
5. Resposta ao estresse oxidativo: O ácido abscísico desempenha um papel
importante na resposta ao estresse oxidativo, protegendo as plantas contra
danos causados por espécies reativas de oxigênio. Ele induz a síntese de
enzimas antioxidantes, como a superóxido dismutase (SOD) e a catalase,
que ajudam a neutralizar os radicais livres.
O mecanismo de ação do ácido abscísico envolve a ligação do hormônio a
receptores específicos nas células vegetais, desencadeando uma cascata de sinalização
intracelular. Isso resulta em alterações na expressão gênica, na atividade enzimática e nas
respostas fisiológicas das plantas. É importante ressaltar que a regulação do equilíbrio
hormonal entre o ácido abscísico e outros hormônios vegetais, como as giberelinas,
auxinas e citocininas, é essencial para o crescimento e desenvolvimento adequados das
plantas, bem como para a adaptação aos estresses ambientais.
Brassinosteróides
Os brassinosteróides são sintetizados nas células das plantas a partir do esterol
vegetal, campesterol. A via de biossíntese dos brassinosteróides envolve várias etapas,
incluindo a modificação do campesterol por enzimas específicas. Esses hormônios são
transportados pelo floema e podem atuar localmente nas células-alvo ou serem
redistribuídos para outras partes da planta.
Os brassinosteróides têm várias funções importantes nas plantas, incluindo:
1. Promoção do crescimento: Os brassinosteróides estimulam o crescimento
das plantas, afetando a elongação celular e a divisão celular. Eles estão
envolvidos no crescimento de caules, raízes, folhas, flores e frutos. Além
disso, os brassinosteróides podem aumentar a atividade da enzima
expansina, que promove a expansão das paredes celulares;
2. Regulação da diferenciação celular: Os brassinosteróides estão
envolvidos na regulação da diferenciação celular e na formação de tecidos
especializados. Eles desempenham um papel importante na formação de
xilema e floema, bem como na diferenciação de células meristemáticas em
células específicas, como tricomas e estômatos;
3. Influência na fotomorfogênese: Os brassinosteróides têm efeitos na
resposta das plantas à luz. Eles podem modular o desenvolvimento de
órgãos fotossintéticos, como folhas e cloroplastos, além de regular a
expressão de genes relacionados à resposta à luz;
4. Regulação da resistência a estresses: Os brassinosteróides desempenham
um papel na resposta das plantas a estresses bióticos e abióticos. Eles
ajudam a melhorar a resistência a patógenos, como fungos e bactérias, e
estão envolvidos na regulação da resposta ao estresse salino, estresse
hídrico e estresse térmico;
5. Modulação da floração e desenvolvimento de sementes: Os
brassinosteróides também estão envolvidos na regulação da floração,
influenciando a formação de botões florais e o desenvolvimento das flores.
Além disso, eles desempenham um papel na regulação do desenvolvimento de
sementes, desde a formação do embrião até a maturação. O mecanismo de ação dos
brassinosteróides ocorre por meio da ligação desses hormônios a receptores específicos
nas células vegetais. Essa ligação desencadeia uma cascata de sinalização intracelular que
resulta na ativação de genes-alvo e alterações nas respostas fisiológicas das plantas. Os
brassinosteróides interagem com outros hormônios vegetais, como as auxinas, giberelinas
e ácido abscísico, para regular o crescimento e desenvolvimento das plantas de forma
coordenada.
Poliaminas
Elas são compostas por moléculas pequenas de aminoácidos, como a ornitina,
arginina e metionina, e são encontradas em todas as células vegetais. Existem várias
poliaminas importantes para as plantas, incluindo espermina, espermidina e putrescina.
Essas poliaminas desempenham funções críticas nas plantas, tais como:
1. Regulação do crescimento e desenvolvimento: As poliaminas estão
envolvidas no controle do crescimento celular e do desenvolvimento das
plantas. Elas participam da divisão celular, elongação celular e
diferenciação de tecidos. Além disso, as poliaminas têm um papel
importante na formação de órgãos reprodutivos, como flores e sementes.
2. Resposta ao estresse: As poliaminas desempenham um papel importante
na resposta das plantas ao estresse biótico e abiótico. Elas atuam como
reguladoras do estresse, ajudando as plantas a enfrentarem condições
adversas, como seca, salinidade, temperaturas extremas e ataques de
patógenos. As poliaminas estão envolvidas na proteção das células contra
danos oxidativos e na regulação de genes de defesa.
3. Regulação da senescência: As poliaminas estão envolvidas na regulação
da senescência das plantas, o processo de envelhecimento e morte das
células e tecidos vegetais. Elas podem retardar a senescência, prolongando
a vida útil das folhas e retardando a perda de clorofila. Isso é importante
para a eficiência fotossintética e para a produção de alimentos nas plantas.
4. Regulação da dormência e germinação de sementes: As poliaminas
desempenham um papel na regulação da dormência e germinação de
sementes. Elas estão envolvidas na indução da dormência das sementes,
inibindo a germinação em condições desfavoráveis.
Além disso, as poliaminas são necessárias para a quebra da dormência e a
promoção da germinação quando as condições são adequadas. O mecanismo de ação das
poliaminas envolve sua interação com proteínas-alvo e ácidos nucleicos, modulando a
expressão gênica e a atividade de enzimas. Elas também interagem com outros hormônios
vegetais, como as auxinas, giberelinas e ácido abscísico, para coordenar as respostas
hormonais e os processos fisiológicos nas plantas.
Compostos Fenólicos
Os compostos fenólicos são uma classe de compostos orgânicos amplamente
distribuídos na natureza. Eles são caracterizados pela presença de um anel aromático
ligado a um ou mais grupos hidroxila (-OH). Os compostos fenólicos desempenham
diversos papéis nas plantas, incluindo proteção contra estresses ambientais, regulação do
crescimento e desenvolvimento, defesa contra patógenos e interações com polinizadores.
Alguns exemplos de compostos fenólicos incluem:
1. Ácidos fenólicos: Esses compostos incluem ácido gálico, ácido ferúlico,
ácido cafeico e ácido vanílico. Eles são encontrados em várias partes das
plantas, como frutas, legumes, grãos e cascas. Os ácidos fenólicos
desempenham um papel importante na proteção contra radicais livres e
danos oxidativos;
2. Flavonoides: Os flavonoides são uma classe importante de compostos
fenólicos e incluem flavonóis, flavonas, flavononas, antocianinas e
flavonóis. Eles são encontrados em uma ampla variedade de plantas e
conferem cores vibrantes a flores, frutas e folhas. Os flavonoides
desempenham um papel na proteção contra raios UV, polinizadores e
patógenos;
3. Taninos: Os taninos são compostos fenólicos de alto peso molecular que
são encontrados em plantas lenhosas, como árvores e arbustos. Eles são
responsáveis pela adstringência encontrada em algumas frutas, como
maçãs e uvas. Os taninos desempenham um papel na defesa contra
herbívoros e patógenos, além de auxiliarem no processo de cicatrização de
feridas nas plantas;
4. lignanas: As lignanas são compostos fenólicos encontrados em plantas
lenhosas, como sementes de linho e sementes de gergelim. Elas têm
propriedades antioxidantes e podem ter efeitos benéficos para a saúde
humana, como ação anticancerígena e redução do risco de doenças
cardiovasculares;
5. ligninas: As ligninas são polímeros complexos derivados de compostos
fenólicos que conferem rigidez e resistência mecânica às células vegetais.
Elas estão presentes em tecidos lenhosos, como troncos de árvores, e são
responsáveis pela estrutura e suporte das plantas.
6. Antocianinas: São um grupo de pigmentos vegetais pertencentes à classe
dos compostos fenólicos. Elas são responsáveis pelas cores vibrantes de
várias partes das plantas, como flores, frutas, folhas e caules. Esses
pigmentos conferem tons que variam de vermelho, rosa e roxo a azul e são
encontrados em uma ampla variedade de espécies vegetais. As
antocianinas são sintetizadas a partir da via metabólica do ácido shikímico
e estão presentes nas células vegetais em forma solúvel.

MODO DE AÇÃO GERAL DOS HORMÔNIOS VEGETAIS

O único hormônio que possui características de um esteroide são as


Brassinosteróides, o demais são não esteroides. O primeiro passo para atividade hormonal
acontecer é a ligação com seu receptor, isso acontece da mesma forma tanto o modo ação
dos hormônios esteroides quanto os não esteroides. Esses receptores são proteínas
especificas, localizados dentro da célula ou membrana plasmática. Dentro da célula são
os hormônios esteroides e na membrana plasmática são os não esteroides.
Hormônios esteroides: Os hormônios esteroides são compostos lipossolúveis
derivados do esterol, que é um tipo de lipídio. O principal hormônio esteroide vegetal é o
brassinosteróide. Esses hormônios têm uma estrutura química semelhante à dos
hormônios esteroides encontrados em animais. Os brassinosteróides estão envolvidos em
várias respostas de crescimento e desenvolvimento das plantas, incluindo a regulação da
elongação celular, a divisão celular, a germinação de sementes, a resistência ao estresse
e a diferenciação de tecidos.
Hormônios não esteroides ou hormônios peptídicos: Os hormônios não esteroides
são compostos de natureza peptídica, o que significa que são formados por sequências de
aminoácidos. Alguns exemplos de hormônios peptídicos vegetais são as auxinas, as
giberelinas, as citocininas, o ácido abscísico e os jasmonatos. Esses hormônios
desempenham uma ampla variedade de funções nas plantas
Esses hormônios peptídicos não esteroides são solúveis em água e atuam ativando
receptores de superfície celular, que desencadeiam respostas intracelulares e modulam a
expressão gênica para regular o crescimento, desenvolvimento e resposta ao ambiente das
plantas.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
918p.

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