CDomingues
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Escola de Comunicação
A ficção e o documentário
nos curtas-metragens de Jorge Furtado
Rio de Janeiro
2005
2
A ficção e o documentário
nos curtas-metragens de Jorge Furtado
Por
Rio de Janeiro
2005
________________________________________________
Profª. Drª. Ivana Bentes – Orientadora – UFRJ/ECO
________________________________________________
Prof. Dr. Mauricio Lissovsky – UFRJ/ECO
________________________________________________
Prof. Dr. Antônio Fatorelli – UFRJ/ECO
SUPLENTE: ________________________________________________
Profª.– UFRJ/
4
RESUMO
Sumário
1. Introdução 08
24
4. Análise Fílmica
4. 3. A Matadeira 52
4.4. Barbosa 55
4.5. O Sanduíche 59
5. Conclusão 63
6. Referências Bibliográficas 67
1. Introdução
Os debates sobre o cinema documental acabam por afunilar-se numa questão que
assombra o gênero: afinal, o que é documentário? Que lugar ocupam as idéias de
“realidade” e “verdade” nessa forma de cinema hoje tão prestigiada? Reféns do termo
documentário – que os americanos contornaram com um não menos problemático “non-
fiction film” –, cineastas e estudiosos refletem sobre dilemas éticos, estéticos e políticos
nascidos praticamente junto com o cinema.
Este trabalho tem como objetivo analisar elementos das linguagens dos curtas-
metragens O Sanduíche (2000), A Matadeira (1994), Esta não é a sua Vida (1991), Ilha
das Flores (1989) e Barbosa (1988), do diretor gaúcho Jorge Furtado – a narrativa, a
escolha de determinados planos, a montagem, etc. – buscando identificar de que forma
aspectos ficcionais e documentais estão presentes nas produções. Mostrando a maneira
como as linguagens da ficção e do documentário se misturam nas narrativas dos referidos
9
filmes, o trabalho contou com uma pesquisa bibliográfica em livros e revistas e com a
análise criteriosa dos curtas-metragens.
limite entre o documentário e a ficção nunca foi muito claro e explícito. O documentário
envolve dramatização, interpretação, invenção e performance. O capítulo apresenta a forma
como estas estratégias se sucederam desde as primeiras tomadas do cinematógrafo de
Lumière até a auto-reflexividade do documentário contemporâneo, passando pela revolução
de valores provocada pelo advento do som. Para desmentir a idéia de uma evolução linear,
que supostamente acumularia ganhos no sentido de se atingir uma verdade cada vez mais
complexa e fiel, repassam-se as contribuições de Robert Flaherty, John Grierson e a escola
inglesa, Dziga Vertov e o cinema-olho, Robert Drew/Richard Leacock e o cinema direto,
Jean Rouch e o cinema verdade.
1
LEITE, Sidney Ferreira. O cinema manipula a realidade? São Paulo: Paulus, 2003.
13
2
Assim, no início do século XX, muitos diretores dedicaram-se ao trabalho artesanal de colorir cada
fotograma das suas produções para representar, de forma absoluta, a realidade tal qual ela se apresentava ao
olhar humano. (LEITE, 2003)
14
3
DA-RIN, Silvio. Espelho partido: tradição e transformação no documentário. Rio de Janeiro: Azougue
Editorial, 2004.
15
Outro recurso utilizado por Flaherty foi a encenação de uma situação tradicional que
já não fazia mais parte da vida da comunidade, como, por exemplo, a caça às morsas,
espécie de mamífero marinho. Os esquimós quase não caçavam mais morsas, muito menos
com arpão, mas o diretor optou por colocar esta seqüência no filme com o objetivo de
“romantizar” a situação e atrair a atenção do espectador, criando uma situação de densidade
emocional e conflito. Segundo Flaherty, por vezes o cineasta é obrigado a se utilizar de
uma mentira para captar o verdadeiro espírito de algo. (FLAHERTY, 1937 apud DA-RIN,
2004)
da música como impulsionadora de emoções nas pessoas era um recurso típico do cinema
de ficção, amplamente usados nos filmes documentários. Apesar de não corresponder ao
som natural do que havia sido filmado, para Da-Rin a música funcionava como um
elemento determinante na sensibilização do público, no sentido de conferir maior
veracidade ao que se via na tela.
4
TEIXEIRA, Francisco Elinaldo (organizador). Documentário no Brasil. São Paulo: Summus, 2004.
18
A idéia de que a máquina, junto com o homem, formaria uma espécie de “olho
humano-mecânico”, que seria capaz de perceber como era a realidade a sua volta, também
era defendida por Vertov. Assim, através da relação complementar homem-máquina, o
diretor utiliza a câmera como um cine-olho, muito mais aperfeiçoado que o olho humano,
para explorar tudo o que está ao seu redor. O cineasta também valorizava o uso de uma
tomada única, ao contrário do método de filmagem ficcional, em que a cena pré-concebida,
escrita no roteiro e ensaiada pelos atores, é refilmada até a obtenção de uma tomada
considerada satisfatória. (DA-RIN, 2004)
narrativos diversos com o objetivo de transmitir uma “verdade” e uma “nova percepção do
mundo”, Vertov se aproximava dos recursos do cinema ficcional. Alguma seqüências de
seus filmes são tão detalhadas que parecem até terem sido encenadas, como em O Homem
da Câmera (1928), sua última produção muda. Os planos eram cuidadosamente estudados
antes das filmagens e adaptados às condições do momento. O processo de montagem,
incluindo a escolha do ritmo e da duração dos planos, era muito discutido e analisado pelo
cineasta e sua equipe de trabalho. (DA-RIN, 2004)
Pode-se observar, como foi visto anteriormente, que nem Flaherty e nem Grierson
tinham pontos em comum com este “objetivismo” do cinema direto. Ao contrário: ambos
buscavam uma aproximação com a encenação dramática na descrição da realidade. Mesmo
Vertov, que evitava uma “dramatização da realidade”, não enxergava as “imagens e sons da
21
vida real” como um material de valor documental por si só, mas como peças de um
processo de permanente interpretação e produção de um sentido, através da montagem.
(DA-RIN, 2004)
5
No início da década de 90, no livro Representing reality, Bill Nicholls estabelece uma classificação para as
formas de representação da realidade nos filmes documentários, os „modos de representação‟. Agrupados nos
modos poético, expositivo, de observação, de participação, reflexivo e, mais recentemente, performático, se
tornaram a base fundamental de compreensão para a teoria do documentário.
22
pelos homens e mulheres que dedicaram momentos de suas vidas a uma experiência nova
de cinema-verdade”. (ROUCH, 1962 apud DA-RIN, 2004, p. 150)
No filme Jaguar (1967), também dirigido por Rouch nos anos 60, o diretor utilizou
elementos ficcionais e documentais na narrativa da história. Ele não tinha um roteiro
estruturado do filme: apenas uma idéia na cabeça. A trama girava em torno de três
personagens que desempenhavam seus próprios papéis em uma série de situações
inventadas pelos "atores" e pelo diretor. Jaguar criava um tipo de filme que não se
enquadrava em nenhuma das categorias então conhecidas. (DA-RIN, 2004)
23
Como viu-se, portanto, é difícil definir até onde vai a ficção e até onde vai o
documentário dentro do rico universo da linguagem cinematográfica. Esta é uma questão
inesgotável e cheia de nuances subjetivas. Como foi apresentado neste capítulo, desde os
primórdios, o documentário vem mantendo relações ambivalentes com a ficção.
6
SILVA, Patricia Rabello da. Documentários performáticos: a incorporação do autor como inscrição da
subjetividade. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social). Rio de Janeiro: UFRJ/ECO, 2004.
25
No Brasil, temos com Artur Omar, a partir dos anos 70, um momento de forte
problematização da tradição documentária, quando então se colocou a questão, ainda sob o
espírito das vanguardas, a respeito de como realizar “antidocumentários” que não
significassem mera reiteração dos parâmetros herdados do cinema ficcional, ou seja, que
rompessem com o longo tributo devido à ficção narrativa e se constituíssem como
“linguagem autônoma”. Fértil, tal indagação reabria, para Teixeira, as portas da
experimentação documental, que nem por isso deixava de reconhecer uma “inevitabilidade
de se jogar com as formas existentes”. (TEIXEIRA, 2004)
Esta primeira parte temática não pretende cobrir, nem de longe, a vasta filmografia
documental brasileira, de ontem e de agora. Se aqui se pode destacar uma tonalidade ou
textura, ela em certamente, a da forma em constante mutação (a forma-documentário), da
forma que se esquiva o tempo todo dos intentos que visam paralisá-la em modelo secular,
daí o sentido de pensar tradição e transformação como conseqüências uma da outra.
O modelo ilusionista recortado por Da-Rin é uma espécie de composto dos modelos
ficcional e sociológico, de Omar e Bernadet, com a reiteração do tributo às convenções
narrativas da ficção, à forma-espetáculo enquanto contemplação passiva de uma história
que parece contar-se por si própria, à crença num real bruto reproduzido sem mediação.
O surgimento de novos documentários em meados dos anos 70, afirma Da-Rin, vem
promover um modelo reflexivo de representação, no qual se identifica uma tendência a
adotar estratégias anti-ilusionistas, mostrando a obra como produto, remetendo a uma
instância produtora e desnudando seu processo de produção. Neles se observam trechos
observacionais, letreiros, entrevistas e comentários em voz off, dando ao documentarista a
posição de um produtor de discurso, em vez de um repórter neutro e onisciente da verdade
das coisas.
Ao longo deste trabalho, são analisados elementos das linguagens dos curtas-
metragens O Sanduíche (2000), A Matadeira (1994), Esta não é a sua Vida (1991), Ilha
das Flores (1989) e Barbosa (1988), de Jorge Furtado, buscando identificar a forma pela
qual a ficção e o documentário estão presentes nas produções.
30
“[Uma determinada classe] deve lutar para que [sua] ideologia seja
sempre entendida como verdade. Donde a necessidade de apresentar o
cinema como sendo expressão do real e disfarçar constantemente que ele é
artifício, manipulação, interpretação. A história do cinema é em grande
parte a luta constante para manter ocultos os aspectos artificiais do cinema
e para sustentar a impressão de realidade”. (BERNARDET, 2004, p. 20).
Nesse sentido, o cinema foi utilizado para suprir uma necessidade, quase
mercadológica, por “realidade” ou melhor, por produções culturais que causem a sensação
do real. Contra este paradigma majoritário, o cinema, ao longo de sua história, realizou
produções que questionam esta forma de fabricação fílmica. Silvio Da-Rin diz que se o
cinema de ilusão se propõe a ser um espelho da realidade, o antiilusionista é um espelho
7
STAM, Robert. O espetáculo interrompido: literatura e cinema de desmistificação. Rio de Janeiro: Editora
Paz e Terra, 1981.
8
BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema. São Paulo: Editora Brasiliense, 2004. - Coleção Primeiros
Passos.
31
que gira em torno de seu próprio eixo, refletindo a si mesmo o tempo todo. De acordo com
Bill Nichols, cinema reflexivo 9.
9
O autor utiliza esta nomenclatura quando se refere a um dos seis modos possíveis do cinema documentário.
Para este trabalho, vamos nos referir a qualquer produto, ficcional ou não, que tenha tal característica, como
32
Retomando as relações entre o documental e a ficção, temos que ambos não são
estruturas tão estanques como se costuma imaginar. O cinema antiilusionista se utiliza desta
problemática como meio e fim, misturando documentário e ficção para evidenciar aspectos
importantes e vitais de cada um, além de revelar que um não se encontra tão distante do
outro, como se convém pensar.
O documentário é tido, por vezes, como uma verdadeira “janela para a realidade”,
uma pretensa demonstração da realidade tal qual ela é. Não se pensa no documentário como
uma construção, nem como uma representação da realidade. Justamente aí que reside o
ilusionismo documental.
“O filme nos chega com a força de documento autêntico pois sabemos, pelas leis
da reprodução mecânica, que o que vemos na tela aconteceu de fato, em certo
sentido, diante da câmera (...), a impressão fílmica da realidade, por sua vez,
beneficia-se, em sentido literal ou figurado, da expressão da ideologia do visível
('ver para crer')”. (STAM, 1981, p. 143)
O espectador “mediano” não costuma ter consciência que o mostrado foi captado e
montado com um sentido dado e de uma forma ou de outra, específico. O documentarista
não pode ser encarado como um cineasta isento apenas por não estar trabalhando com uma
encenação assumida. O documentário representa, ou ao menos é contaminado, pelas visões
dos realizadores; daí sua subjetividade e sua aproximação com a ficção no sentido de ser
uma realidade criada, uma representação, um dos olhares possíveis sobre uma determinada
temática: na realização de seu filme, o documentarista inclusive utiliza-se de elementos e
técnicas supostamente exclusivos da linguagem ficcional.
Um realizador que soube se utilizar destes questionamentos foi Jean Rouch. Seus
filmes têm tanto de ficção quanto de documental e tal amálgama está no cerne de seus
35
dispositivos. Em filmes como Moi,Un Noir (1958) e La Pyramide Humaine (1961), Rouch
usa pessoas (que não são atores) para se interpretarem na tela, o que nada mais é do que
cristalização do que acontece em todo documentário. No segundo, o diretor coloca um
grupo de jovens brancos e negros em uma classe e filma, sem roteiros pré-definidos (mas
com papéis pré-concebidos e combinados), a relação do grupo. No início e no meio do
filme, temos Rouch reunido com seu elenco discutindo o dispositivo, ou seja, a construção
do filme faz parte da produção e isso é claramente assumido. Tal modo de trabalho se
aproxima de uma forma mais honesta e acurada de se expressar os temas que se querem
abordados.
Estas visões são contrapostas pelo foco do próprio personagem Tião, que
representaria uma voz oficial no contexto imediato de integração territorial na Ditadura. Tal
questão era bastante atual ao momento do filme e, ao lidar com pessoas daquele contexto
local e utilizar estas como personagens (de forma mais ou menos aprofundada), Bodansky
consegue trazer uma visão nova e não oficial da Integração Nacional. Os personagens
locais dão ao filme justamente este diferencial. Em determinado momento, por exemplo,
mostra-se um grupo de escravos sendo comercializado entre fazendas. Apesar dessa não ser
10
GARDNIER, Ruy, Atualidade de Jean Rouch in Contracampo Revista de Cinema, número 60, 2004.
(www.contracampo.com.br). Acesso em 01/04/05.
36
Sobre Godard, pode-se falar também de O Desprezo (1963), seu filme mais
“bretchiano”, segundo Bernardet, no sentido em que revela os princípios de construção de
uma arte. E O Desprezo é isso, um filme sobre a feitura de um filme. Estágios da produção
fazem parte da narrativa e tem-se a estória romântica de um casal relegada ao segundo
plano. O foco se dá todo na produção do filme, que chega ao seu ápice de auto-
reflexividade quando mostra uma câmera enquadrando o espectador, a total desmistificação
do espetáculo, de acordo com Robert Stam.
“Le Mépris nos revela também que os textos fílmicos são produtos finais
de inúmeras opções estéticas e práticas. Tudo tem de ser escolhido: os
atores, as locações (...). Ademais, o debate preside todas as decisões de
uma produção” (STAM, 1981: 32).
No entanto, ao utilizar tal estrutura clássica para na realidade produzir uma ficção,
Zelig evidencia como esta linguagem que pode ter falhas, ou seja, brechas ficcionais de
representação e criação. Através da paródia - afinal de contas, a existência de um
“camaleão” humano é bastante inverossímil - o filme questiona a forma documental do
senso comum.
Jorge Furtado, diretor das produções que serão analisadas no terceiro capítulo deste
trabalho, é um cineasta gaúcho cuja trajetória dentro do cinema é um tanto peculiar. Sua
consagração como diretor e roteirista deu-se antes no circuito de curtas-metragens e na
televisão, em programas como Dóris Para Maiores, Agosto, Comédia da Vida Privada,
Brava Gente e Caramuru – A Invenção do Brasil, exibidos na TV Globo. Estreou em
longas-metragens apenas em 2001, com Houve Uma Vez Dois Verões e, na seqüência, O
Homem que Copiava. No último ano, lançou Meu Tio Matou um Cara.
Durante anos, ele foi “perseguido”, segundo Luiz Caros Merten11 pelo estigma de
ser um diretor de curtas. Seus trabalhos nesta área são: O Sanduíche (2000), Três Minutos
(1999), Ângelo Anda Sumido (1997), Estrada (1995), A Matadeira (1994), Esta não é a sua
Vida (1991), Memória (1990), Ilha das Flores (1989), Barbosa (1988), O Dia em que
Dorival Encarou a Guarda (1986) e Temporal (1984) 12.
11
MERTEN, Luiz Carlos. A aventura do cinema gaúcho. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2002.
12
Ver Anexo I – currículo de Jorge Furtado.
38
Segundo Jorge Furtado, isso fez com que permanecesse o espírito cooperativo e a
intenção de continuar contribuindo para a difusão dos filmes produzidos pelo grupo
original. O primor pela qualidade nos filmes e programas de sucesso abriu o caminho da
Casa de Cinema para grandes prêmios no Brasil e no exterior. Os recentes Houve uma vez
dois verões (2003) e O Homem que copiava (2003), ambos de Jorge Furtado, são
considerados as pérolas da casa, ao lado de Tolerância (2000), de Carlos Gerbase, que
marcou a estréia da produtora em longas-metragem. Os curtas também são responsáveis por
importantes prêmios, com destaque para Ilha das Flores (1989) e O Sanduíche (2000),
dirigidos por Furtado; Barbosa (1988), uma parceria de Furtado e Ana Luiza Azevedo;
Deus Ex-Machina (1995), de Carlos Gerbase; e Dona Cristina Perdeu a Memória (2002),
de Ana Luiza Azevedo. Envolvida ainda com publicidade e marketing político, a produtora
também assina a série de televisão Luna Caliente (1999) e alguns episódios de Cena Aberta
(2003), ambos exibidos pela Rede Globo.
“No início eram 13 pessoas que queriam fazer cinema e viver disso. De
lá para cá, teve momentos, como no governo Collor, que não era possível
fazer cinema. Não tinha dinheiro nenhum pra ninguém. E a gente sempre
tentou, de qualquer maneira, continuar produzindo. Naquele momento,
resolvemos fazer um filme muito barato. E de um concurso interno saiu o
Ilha das Flores. Foi o primeiro filme produzido por toda a Casa. A partir
daí fizemos contatos fora do Brasil, viabilizando os próximos filmes – o
Esta Não é a Sua Vida foi produzido para a TV inglesa; A Matadeira,
39
para a TV alemã. A gente nunca parou, não teve um ano que a Casa não
tivesse feito pelo menos um curta.” 13
Jorge Furtado destaca que não trabalha sozinho. Em entrevista à jornalista Maria do
Rosário Caetano, ele revela as parcerias de seu trabalho e cita a importância de todos os
outros integrantes da produção do filme:
13
Entrevista de Jorge Furtado a Laís Chaffe, disponível em http://www.ufrgs.br/jornal/abril2002/pag14.html.
Acesso em 25/05/05.
40
com a platéia, mas sua cooptação. Para Furtado, o documentário não é espelho da realidade,
e sim um determinado conjunto de códigos utilizados que podem ser manipulados para dar
impressão de verdade.
Nesta perspectiva, Silvio Da-Rin acredita que os filmes de Jorge Furtado, mesmo
que partam de princípios semelhantes ao do cinema reflexivo, constituem por si só um jogo
completamente diferente, uma estética e um jogo retórico que também inclui sínteses
possíveis (a veemência de pobres comerem comida que é recusada aos porcos, mesmo que
não seja na Ilha das Flores; o massacre de Canudos, mesmo que seja impossível convertê-lo
num discurso). Por isso, provisoriamente, pede-se aos filmes documentais de Jorge Furtado
um outro estatuto, o de cineasta pós-reflexivo. Ou talvez, ainda melhor, uma vez que realiza
um cinema autoconsciente da representação e dos códigos, mas ainda assim busca pontos
fixos para poder realizar sínteses e novos pontos de contato com o mundo, melhor seria
dizer que ele realiza documentários construtivos, à maneira do movimento de pintura que
levou esse nome. Ciente de que a representação pode ser uma cilada, ele ao mesmo tempo
faz questão em problematizá-la e retrabalha os conceitos de seu objeto, extraindo sínteses.
“É muito mais fácil fazer um curta, por todos os motivos. Não é que eu
considere um longa mais importante. Acho que o cinema é uma indústria
que tem componentes de arte. Enquanto indústria, é evidente que o valor
41
O recurso do offi, muitas das vezes, serve para Furtado extrair alguma lógica de
fatos aparentemente desordenados e desconexos. Nesse sentido, juntar as pontas do acaso
cotidiano é um dos aspectos curiosos de seus filmes. Da mesma forma, juntar as pontas de
vários elementos narrativos resulta em uma linguagem rigorosamente moderna, integrada e
espontânea.
14
Entrevista de Jorge Furtado a Laís Chaffe, disponível em http://www.ufrgs.br/jornal/abril2002/pag14.html.
Acesso em 25/05/05
15
Em http://www.criticos.com.br/new/home/home.asp. Acesso em 01/06/2005.
42
4. Análise Fílmica
16
O curta Ilha das Flores (1989) pode ser considerado o maior sucesso do diretor.
Disponível em português, inglês, espanhol, francês e alemão, a produção ganhou prêmios
em Gramado, Brasília, Berlim, França, New York e Alemanha. Respondendo a perguntas
variadas (Qual a produção mundial de tomates? Como se mede um segundo? Quantas
galinhas valem uma baleia? Como se fabrica perfume? Quem foi Mem de Sá?), este ensaio
dialético-cinematográfico sobre o planeta Terra e seus habitantes mostra o absurdo desta
situação: seres humanos que, numa escala de prioridade, estão depois dos porcos - mulheres
e crianças que, num tempo determinado de cinco minutos, garantem na sobra dos porcos
sua alimentação diária.
16
ILHA DAS FLORES. Direção: Jorge Furtado. Casa de Cinema de Porto Alegre, 1989. 13 min. Son. Color.
43
Ou então:
O crítico francês Jacques Kermabon, depois de assistir ao curta Ilha das Flores,
escreveu o artigo Uma Obra-Prima do Humor Negro, citado por Maria do Rosário
Caetano.
“Seguindo a boa tradição francesa, analisou plano a plano a seqüência
inicial do mais famoso dos curtas de Jorge Furtado, realizador gaúcho de
43 anos. O elogio de Kermabon não constitui fato isolado. Três anos
atrás, no Festival de Brasília, Marie-Pierre Macia, uma das
coordenadoras da Quinzena de Realizadores/Cannes, citou os dois filmes
brasileiros que mais a encantaram, depois do furacão cinemanovista:
17
Memórias do Cárcere, de Nelson Pereira, e Ilha das Flores”.
O diretor acredita o impacto de Ilha das Flores está em ser baseado em fatos, na
linguagem e nos sentimento que desperta no espectador:
17
FURTADO, Jorge. Entrevista à jornalista Maria do Rosário Caetano, disponível em
http://www2.uol.com.br/revistadecinema/edicao27/entrevista/index.shtml. Acesso em 05/05/2005.
44
Logo nas primeiras cenas, o espectador percebe que está diante de uma paródia de
um tipo de documentário que costuma exibir conhecimentos inúteis por meio de tautologias
(repetição das mesmas idéias em formas diferentes) e truísmos (verdades banais,
evidentes). Depois de alguns minutos, contudo, o cenário se complica. A definição de
dinheiro leva à citação de Cristo, associado a judeu, dando lugar a mais uma definição: “Os
judeus possuem o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor. São, portanto,
seres humanos”. (ILHA DAS FLORES, 1989) As imagens que lembram antigos livros
escolares são então substituídas por um filme de época mostrando judeus esquálidos que
são conduzidos como gado por oficiais nazistas e jogados em uma vala comum. Mas o
efeito da ironia macabra é rapidamente superado por novas definições amenas,
acompanhadas de animações graciosas. Assim, por meio de uma rede feita de conceitos e
figuras, acompanhamos um argumento difuso e aparentemente inconseqüente sobre o
mundo.
18
Idem.
45
Isso se dá até a seqüência final, que nos leva à Ilha das Flores, um vazadouro de lixo
onde famílias miseráveis fazem fila para entrar em grupos de dez e recolher as sobras em
períodos de cinco minutos – mas só depois de os porcos terminarem de se alimentar dos
detritos.
“Com uma lente 200, filmando a 60 quadros por segundo, até o lixo fica
bonito. Qualquer coisa. A gente vê um mendigo desdentado no meio do
lixo e diz: „que lindo‟. A lente faz isso, e o final de Ilha das Flores é
exatamente isso. Os mendigos, uma tele, uma trilha de fundo,e filmando
em slow motion. Mas é necessário saber disso. Se a gente for filmar a
mesma coisa com uma lente 32, velocidade normal e sem trilha, a gente
não vai emocionar ninguém”. (FURTADO, 1992, p. 37) 19
Mas nem por isso, para Da-Rin, a seqüência final do curta deixa de se inscrever na
mais pura tradição do documentário: “um argumento sobre o mundo, a imagem-documento,
a finalidade social, o esquema particular-geral (em que um ator social fornece matéria
prima para uma generalização produzida pelo filme) e o humanismo griersoniano” (DA-
RIN, 2004, p. 202)
19
FURTADO, Jorge. Um astronauta no Chipre. Porto Alegre, Artes Ofícios, 1992.
46
A imagem dos catadores de lixo politizados pela técnica é associada pela narração à
idéia de liberdade: “o ser humano se diferencia dos outros animais pelo telencéfalo
altamente desenvolvido, pelo polegar opositor e por ser livre. Livre é o estado daquele que
tem liberdade”. E conclui com as palavras de Cecília Meireles: “liberdade é uma palavra
que o sonho alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.
(ILHA DAS FLORES, 1989)
Nos letreiros finais, o filme ironiza sua relação com a tradição do documentário,
usando reiteradamente a palavra verdade: “este filme na verdade foi feito por...”; “na
verdade, a maior parte das locações foi rodada na Ilha dos Marinheiros, a dois quilômetros
da Ilha das Flores”; “os temas musicais na verdade foram extraídos de „O Guarani‟, de
Carlos Gomes”; “o resto é verdade”. (ILHA DAS FLORES, 1989)
Fecha, assim, o ciclo inaugurado com os letreiros de abertura: “este não é um filme
de ficção”, “existe um lugar chamado Ilha das Flores”, “Deus não existe”. (ILHA DAS
FLORES, 1989) As locações podem não ser exatas, mas é preciso deixar claro que a Ilha
das Flores existe, a miséria não é metafórica e a verdade é o valor que se impõe no
horizonte do filme. “A recusa em alinhar-se aos discursos de sobriedade é apenas formal ou
estilística – a fantasia é o recurso retórico para atrair o espectador”. (DA-RIN, 2004, p. 203)
seu estereótipo para atingir outros objetivos, aliás, muito afinados com a tradição do
documentário”. (DA-RIN, 2004, p. 204)
20
Já Esta não é a sua vida (1991) , que recebeu prêmios em festivais no Brasil, na
França e na Itália, é um documentário sobre a vida de Noeli Joner Cavalheiro, uma pessoa
comum, escolhida, segundo o diretor, “ao acaso” (FURTADO, 1992, p. 63). Noeli mora
num subúrbio da cidade Porto Alegre, é dona de casa e tem dois filhos. Nasceu no interio
do estado do Rio Grande do Sul, foi para capital, namorou, noivou, trabalhou numa padaria,
casou. É uma pessoa, portanto, comum, mas o filme quer mostrar justamente que não
existem pessoas comuns, e sim seres únicos, merecedores de atenção e proprietários de
experiências de vida particulares e não desinteressantes. Narrando episódios de sua vida e
por vezes, re-encenado outras passagens, Noeli representa, no fundo, a importância de
qualquer ser humano normalmente irrelevante quando se fala em humanidade.
“Eu não sei quem você é. Eu não tenho como saber quem você é. Eu
nunca saberei quem você é. Você está em sua casa, vendo TV. O seu
anonimato é a sua segurança. Não se preocupe. Esta não é a sua vida”.
(ESTA NÃO É A SUA VIDA, 1991)
20
ESTA NÃO É A SUA VIDA. Direção: Jorge Furtado. Casa de Cinema de Porto Alegre, 1991. 18 min. Son.
Color.
48
Com esta seqüência, que reitera o próprio título do filme, o diretor preserva o
espectador no seu anonimato:
“Faço uma referência ao estado de cinema, dizendo que não sei quem
está vendo o filme, que não posso saber quem ele é, e, portanto, ele, o
espectador, está protegido. A vida a ser mostrada não é a dele,
espectador, mas de uma outra pessoa” (FURTADO, 1992, p. 74).
Estas pessoas aparecem para a lente de Jorge Furtado como quem não tem nome:
elas se deixam observar, focadas na seriedade e incorporando tarefas reais. Neste caso, não
se tratam de imagens captadas do real, mas de uma encenação que serve a tese proposta
21
Como no filme “Só (José Carone, 1980) – sobre um homem que, entre outras ações, come vidro em praça
pública para ganhar o pão, Happy Mother´s Day (Richard Leacock, 1965) – sobre uma mulher que deu à luz a
quíntuplos; ou Moi, Pierre Rivière... (René Allio, 1976) – sobre um rapaz que assassinou brutalmente a
própria família. (DA-RIN, 2004, p. 205)
49
pelo diretor. Na seqüência, roletas são exibidas com o intuito de demonstrar este “acaso” na
escolha da personagem: o quadro com Noeli “surge” como se fosse uma bolinha sorteada
em um globo lotérico – qualquer pessoa tem nome.
Se o advento do som direto veio permitir uma expressão dos atores sociais, estes
costumam participar de documentários por suas qualidades excepcionais, seja como
especialistas em um assunto, seja como personalidades notáveis, ou ainda como indivíduos
típicos que serão objeto de generalizações demonstrativas. Se na história do documentário
há uma tendência ao herói ou à vítima, Esta não é a sua vida se coloca como um objeto
excêntrico na tradição do documentário, ao abordar uma vida banal com a finalidade de
demonstrar que qualquer vida é interessante.
“O filme tenta mostrar que o que nos impede que todos percebam como
cada um de nós e interessante é justamente o nosso anonimato.
Removidos do anonimato, podemos mostrar, qualquer um de nós, como
somos únicos, mesmo sendo tão iguais”. (FURTADO, 1992, p. 74)
O filme mantém uma relação ambígua com as convenções do modo interativo. “Ora
apropria-se delas para estruturar o retrato da personagem de modo convencional, ora as
exibe, [como em outros tantos filmes] que seu processo de filmagem”. (DA-RIN, 2204, p.
207)
50
A transformação por que passa esta “pessoa comum” decorre da experiência ímpar
de ser o filme e Noemi sente a necessidade de uma grande mudança. Com aparente tristeza,
ela assume que poderia viver uma outra vida e que, para tal, recomeçaria por não ter
atingido seus grandes sonhos : “.... parecia que eu.... que eu nasci de novo, que eu tenho que
começar a minha vida de novo, que eu vou começar a minha vida assim como eu quero um
dia. Se Deus quiser”. (ESTA NÃO É A SUA VIDA, 1991)
Em entrevista a Geraldo Sarno, e José Carlos Avellar, Furtado revela o que pode ser
uma explicação para o filme:
“Esta não é a sua vida, que é meu filme seguinte, talvez seja uma
explicação da minha culpa pela utilização das pessoas no Ilha das flores,
porque o que eu fiz foi uma tese que elas ilustram como verdade. Quer
dizer, é uma coisa real, mas eu fiz a minha tese e usei as imagens reais
das pessoas. E eu nem sei o nome delas. Eu não sei o nome de ninguém.
Eu não sei o que aconteceu com elas. Eu não sei se elas estão lá ainda...
Quer dizer, eu até sei algumas coisas, mas pouco. Elas serviram para
mim fazer meu filme e pronto. Então, o meu outro filme, o meu filme
seguinte, é o contrário disso. Eu disse assim: “Bom, eu quero fazer um
51
filme sobre uma pessoa, com nome, sobrenome, endereço, enão sei nada
dela antes de chegar, eu quero saber tudo a partir dela, aí sim é um
documentário mesmo”. 22
E completa:
Com o objetivo de comprovar a tese proposta sobre pessoas “normais”, ou seja, sem
grandes feitos que mereçam aparecer no cinema documental, o diretor escolhe sua
personagem ao acaso, surpreendendo-se, aparentemente, ao perceber que ela de fato em
uma história muito interessante vida. Sua soma de compromissos não chega a refletir
infelicidade, mas não corresponde aos desejos íntimos da personagem. A montagem do
22
Conversa com Jorge Furtado. Cinemais: revista de cinema e outras questões audiovisuais. Número 30. Rio
de Janeiro: Julho/Agosto 2001. P. 17.
23
Idem, p. 13.
52
4. 3. A Matadeira
24
Em A Matadeira (1994) , Jorge Furtado assume mais explicitamente uma
perspectiva auto-reflexiva. O curta-metragem conta o massacre de Canudos a partir de um
canhão inglês, apelidado pelos sertanejos de Matadeira e transportado por vinte juntas de
boi através do sertão para disparar um único tiro. Esta é uma das obras de Furtado que mais
se aproximaria de um questionamento dos procedimentos do filme documentário.
Composto por diversos depoimentos sobre o acontecimento Canudos - incluindo o do
historiador, o da população carente, as testemunhas oculares - reconstitui em estúdio,
francamente hiper-realista, anti-naturalista, a “matadeira”, canhão que destruirá com o
acampamento-cidade de Canudos.
24
A MATADEIRA. Direção: Jorge Furtado. Casa de Cinema de Porto Alegre, 1994. 16 min. Son. Color.
53
“Freud afirma que „as religiões são neuroses coletivas e as neuroses são
religiões individuais‟. Há quem diga que Canudos foi conseqüência da
„religião individual‟ de conselheiro. Líder camponês marxista, homem
santo, profeta estrategista militar ou doido varrido – toas as definições do
Conselheiro se justificam e nenhuma delas explica Canudos”. (A
MATADEIRA, 1994)
4.4. Barbosa
25
Barbosa (1988) é uma “ficção-documental”, dirigida por Jorge Furtado e Ana
Luiza Azevedo. No elenco, Antônio Fagundes, Pedro Santos e Zé Victor Castiel
interpretando a história de um rapaz, que, trinta e oito anos depois, volta ao dia 16 de julho
de 1950 para tentar evitar o gol sofrido por Barbosa e que derrotou a Seleção Brasileira na
final da Copa do Mundo.
O objetivo do homem, contudo, é voltar no tempo para impedir o gol que derrotou o
Brasil, destruiu seus sonhos de infância e acabou com a carreira do goleiro Barbosa.
Premiado em festivais pelo Brasil, apresenta uma montagem surpreendente ao integrar
ficção e documentário. Imagens de época de dentro e de fora do estádio, exibindo a
preparação dos torcedores na chegada ao Maracanã e a decepcionante saída, com o título
não tão desejado de vice-campeão na Copa do Mundo. Ao som do hino popular da
competição, que exaltava o Brasil e suas riquezas naturais, entre as quais o brasileiro, gols e
lances genais são reprisados. As cenas do jogo já perdido pelo Brasil recebem uma trilha
sonora fúnebre.
25
BARBOSA. Direção: Jorge Furtado. NGM Produções, 1988. 14 min. Son. Color
56
Resgatando um nó de nossa História que pode muito bem ter sido um dos nossos
poucos momentos enquanto nação, o curta é iniciado com uma cartela com o seguinte
dizer: “O homem é um ator que gagueja na sua única fala, desaparece e nunca mais é visto”
(Macbeth, Ato V, Cena 5) (BARBOSA, 1988)
A viagem na máquina do tempo, contudo, não permite, por uma série de imprevisto,
alterar o acontecido. O narrador, portanto, não consegue resolver nem o seu problema nem
o do goleiro Barbosa, que sofre ao ser taxado como “aquele que fez o Brasil sofrer”.
26
Em entrevista a Geraldo Sarno e José Carlos Avellar , Furtado conta um episódio
interessante ocorrido durante a gravação da entrevista feita com o goleiro Barbosa para o
filme. Para o diretor, o curta é “documentário e ficção - e uma ficção científica, inclusive, o
cara volta no tempo”.
“Mas tem uma parte que é mesmo um documentário, uma entrevista com
o Barbosa, o Moacir Barbosa, o goleiro da Copa de 50. Bom, o roteiro do
Barbosa era um roteiro de ficção: diálogos, planos, decupagem, Antônio
Fagundes chegando, descendo e tal. Mas com pequenos trechos indicados
57
O roteiro previa que no final, depois de o personagem não conseguir evitar o gol e a
tragédia se cumprir, haveria uma volta ao depoimento de Barbosa, cuja vida não foi
modificada. Ele, portanto, continuou com aquele peso nas costas. Para gravar este
depoimento, os diretores precisavam de algo como uma “frase de efeito”, dita por Barbosa.
“Ele falou, falou, falou, contou que até hoje ele é apontado na rua, que as
pessoas apontam para ele - bom, ele morreu há algum tempo, não é? -
mas, enfim, na época apontavam para ele na rua: 'Ah! Aquele é o cara
que tomou o gol'. Ele estava na loja dele, uma mulher entrou com a filha
e disse: 'Minha filha, aquele homem é o que entregou o Brasil'... Enfim,
ele contou tudo isso a manhã inteira. Na hora do almoço fomos revisar o
material em vídeo. 'Tem uma frase boa dele aí para aquele momento?'
Não tinha uma síntese, não tinha uma frase que fosse A frase para usar. E
aí eu disse: 'Bom, vamos continuar a entrevista de tarde'. Continuamos a
entrevista de tarde, e eu reparei - já fiz muita reportagem de TV - que ele
tinha uma certa tendência a repetir o final da pergunta, que é uma coisa
que as pessoas normalmente fazem. Muitas vezes é assim, a gente
pergunta: 'O Festival de Brasília é uma grande oportunidade para vermos
cinema brasileiro?' E a resposta, começa "Ah! É, o Festival de Brasília é
uma grande oportunidade para vermos cinema brasileiro'... O Cara repete
o fim da tua pergunta e aí ele vai... Pois eu cheguei e disse assim:
'Barbosa, tá já deve ter pensando naquela bola um milhão de vezes não
é?' Mas ele disse: 'Não, nunca, eu não penso naquilo, nem penso nisso
mais'. Nada, não é?, nem assim. ” 28
26
Conversa com Jorge Furtado. Cinemais: revista de cinema e outras questões audiovisuais. Número 30. Rio
de Janeiro: Julho/Agosto 2001.
27
Idem, p. 36.
28
Idem, p. 37.
58
29
Idem, p. 38.
59
4.5. O Sanduíche
Se em Barbosa e Ilha das Flores Jorge Furtado manipula a narrativa para prender o
30
fôlego do espectador, em O Sanduíche (2000) ele surpreende ao manipular a própria
linguagem cinematográfica, usando e abusando da metalinguagem. Como aquelas
bonequinhas russas, o filme é uma cena dentro de uma cena, dentro de uma cena, dentro de
uma cena. O real se mistura ao mais real ainda e, na verdade, tudo não passa de uma
sensação.
30
O SANDUÍCHE. Direção: Jorge Furtado. Casa de Cinema de Porto Alegre, 2000. 13 min. Son. Color.
31
Conversa com Jorge Furtado. Cinemais: revista de cinema e outras questões audiovisuais. Número 30. Rio
de Janeiro: Julho/Agosto 2001, p. 39.
60
coisas, mas tem um capítulo inteiro sobre essa brincadeira, que todos
mundo já fez.” 32
32
Idem, p. 39/40.
33
Idem, p. 40.
61
34
MERTEN, Luiz Carlos. O Estado de São Paulo, 03/07/2000.
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2000/07/03/cad872.html
35
Conversa com Jorge Furtado. Cinemais: revista de cinema e outras questões audiovisuais. Número 30. Rio
de Janeiro: Julho/Agosto 2001, p. 41.
63
5. Conclusão
A via da paródia não é, por acaso, a estratégia mais empregada nesses filmes. Ela é
essencial, em seus melhores momentos, como forma de crítica e intervenção e menos como
recurso meramente cômico. Encontramos na paródia um impulso para criar formas de
discurso que privilegiam, simultaneamente, a reflexão, ao encorajar a compreensão por
parte do espectador do processo envolvido na representação cinematográfica. Nesse
sentido, o próprio cinema e toda a sua tradição tornam-se objeto de conhecimento, através
de referências intertextuais à sua própria história. Assim como também ocupam uma
posição central na constante busca de inovação, alguns destes curtas prolongam a função da
paródia na literatura, onde ela cumpre o papel de catalizadora de mudanças, retirando
significados de suas posições convencionais e dando-lhes nova vida. O poder regenerador
da paródia revigora gêneros canonizados, ajudando a crias novas formas, que, por sua vez,
transformam-se em pontos de partida de novos desdobramentos.
nome. Ciente de que a representação pode ser uma cilada, ele ao mesmo tempo faz questão
em problematizá-la e retrabalha os conceitos de seu objeto, extraindo sínteses.
67
6. Referências Bibliográficas
BARBOSA. Direção: Jorge Furtado. NGM Produções, 1988. 13 min. Son. Color.
ESTA NÃO É A SUA VIDA. Direção: Jorge Furtado. Casa de Cinema de Porto Alegre,
1989. 18 min. Son. Color.
http://www.casacinepoa.com.br
http://www.imdb.com/name/nm0299134/
68
http://www.portacurtas.com.br
ILHA DAS FLORES. Direção: Jorge Furtado. Casa de Cinema de Porto Alegre, 1989. 14
min. Son. Color.
LEITE, Sidney Ferreira. O cinema manipula a realidade? São Paulo: Paulus, 2003.
MATADEIRA, A. Direção: Jorge Furtado. Casa de Cinema de Porto Alegre, 1994. 16 min.
Son. Color.
MERTEN, Luiz Carlos. A aventura do cinema gaúcho. São Leopoldo: Editora Unisinos,
2002.
O SANDUÍCHE. Direção: Jorge Furtado. Casa de Cinema de Porto Alegre, 2000. 13 min.
Son. Color.
Fonte: http://www.casacinepoa.com.br/port/casa/jorge.htm
Roteirista e Diretor
TRABALHOS EM CINEMA
<1> Roteirista (com José Pedro Goulart, Ana Luiza Azevedo e Marcelo Lopes) e diretor
(com José Pedro Goulart) em TEMPORAL (CM, 35mm, 1984). Melhor Direção de Curta-
metragem Gaúcho no 12o Festival do Cinema Brasileiro, Gramado, 1984. Prêmios de
Melhor Curta, Melhor Direção de Curta e Melhor Fotografia de Curta (Christian Lesage) no
Nosso 2o Festival Nacional de Cinema, Rio de Janeiro, 1984.
<2> Roteirista (com Giba Assis Brasil, José Pedro Goulart e Ana Luiza Azevedo) e diretor
(com José Pedro Goulart) em O DIA EM QUE DORIVAL ENCAROU A GUARDA (CM,
35mm, 1986). Prêmios de Melhor Curta Nacional no Júri Oficial, Júri Popular e no Prêmio
da Crítica, Melhor Ator de Curta (João Acaiabe no 14o Festival do Cinema Brasileiro,
Gramado, 1986. Melhor Curta-metragem de Ficção no 21o Festival de Cinema Ibero-
americano, Huelva, Espanha, 1986. Melhor Curta de Ficção (dividido com DOLLY BACK,
de Juan Carlos Tabio) no 8o Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano,
Havana, Cuba, 1986. Troféu Scalp 1986: destaque do ano em cinema. Exibido na Mostra
"Os 10 melhores curtas brasileiros da década", no Cineclube Estação Botafogo, Rio de
Janeiro, 1990.
<3> Roteirista (com Giba Assis Brasil e Ana Luiza Azevedo) e diretor (com Ana Luiza
Azevedo) em BARBOSA (CM, 35mm, 1988). Melhor Montagem de Curta Nacional,
Melhor Roteiro de Curta Gaúcho e Melhor Direção de Curta Gaúcho no 16o Festival do
Cinema Brasileiro, Gramado, 1988. Melhor Roteiro de Curta-metragem no 21o Festival do
Cinema Brasileiro, Brasília, 1988. Prêmios de Melhor Argumento (Paulo Perdigão),
Melhor Roteiro, Melhor Montagem e Destaque do Júri na 11a Jornada de Cinema e Video
do Maranhão, São Luis, 1988. Melhor Curta-metragem de ficção no 10o Festival
Internacional do Novo Cinema Latino-americano, Havana, 1988. Exibido na Mostra "Os 10
melhores curtas brasileiros da década", no Cineclube Estação Botafogo, Rio de Janeiro,
1990.
<4> Roteirista e diretor em ILHA DAS FLORES (CM, 35mm, 1989). Melhor Curta (Júri
oficial), Melhor Curta (Júri Popular), Melhor Curta (Prêmio da Crítica), Melhor Roteiro de
Curta (Jorge Furtado), Melhor Montagem de Curta no 17o Festival do Cinema Brasileiro,
Gramado, 1989. Prêmio Créme de la créme: destaque do ano em cinema, São Paulo, 1990.
Troféu Quero-quero (SATED/RS): destaque do ano em cinema, 1989. Urso de Prata para
Curta-metragem no 40o Festival Internacional de Cinema, Berlim, 1990. Prêmio Air
France: Melhor Curta-metragem brasileiro de 1989. Troféu Margarida de Prata (CNBB):
Melhor Filme Brasileiro de 1989. Exibido na Mostra "Os 10 melhores curtas brasileiros da
70
década", no Cineclube Estação Botafogo, Rio de Janeiro, 1990. Melhor Filme (Júri Popular
e Prêmio da Crítica) no 10o Festival Internacional de Cinema de Curta-metragem,
Clermont-Ferrand (França), 1991. Melhor Filme no 4o No Budget Film Festival, Hamburg
(Alemanha), 1991. Escolhido pela crítica para a mostra dos cem curtas mais importantes da
história do cinema (mostra "UM SÉCULO DE CURTAS") realizada em Clermont-Ferrand,
França, 1995.
<7> Roteirista (com Roberto Henkin) em MEMóRIA (CM, 35mm, 1990, dir Roberto
Henkin). Melhor Roteiro no 18o Festival do Cinema Brasileiro, Gramado, 1990. Destaque
do Júri (bloco dos 4 melhores filmes), Melhor Roteiro, Melhor Montagem, Menção
Honrosa do Júri do CNC, Menção Honrosa do Júri do OCIC na 13a Jornada de Cinema e
Video, São Luis, 1990. Melhor Filme de Curta-metragem (Júri Oficial e Júri Popular) no
23o Festival do Cinema Brasileiro, Brasília, 1990. Melhor Filme no Festival de Huesca
(Espanha), 1991.
<8> Roteirista e diretor em ESTA NãO é A SUA VIDA (CM, 35mm, 1991). Melhor Curta
(Prêmio da Crítica), Melhor Direção, Melhor Trilha Sonora, Melhor Curta Gaúcho, Melhor
Direção de Curta Gaúcho, Melhor Fotografia de Curta Gaúcho e Melhor Montagem de
Curta Gaúcho no 19o Festival do Cinema Brasileiro, Gramado, 1991. Melhor Filme no 11o
Festival Internacional de Cinema de Curta-metragem, Clermont-Ferrand (França), 1992.
Melhor Filme no Festival do Caribe de Cinema e Vídeo (Caracas, Venezuela), 1993.
<9> Roteirista e diretor em VEJA BEM (CM, 16mm, 1994). Integrante do projeto ARTE
CIDADE I, promovido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, este trabalho
participou da inauguração do Centro Cultural do Matadouro, na cidade de São Paulo.
<10> Roteirista e diretor em A MATADEIRA (CM, 16mm, 1994). Melhor Ator (Pedro
Cardoso) e Prêmio Especial do Júri no RIOCINE Festival/1995. Melhor Direção de Arte,
Melhor Direção de Curta Gaúcho no Festival de Gramado/94.
<12> Roteirista (com Rosângela Cortinhas) e diretor em ANGELO ANDA SUMIDO (CM,
35mm,1997). Prêmio Especial do Júri e Melhor Direção de Arte no Festival de
Gramado/97. Melhor Curta (Prêmio Sambur'a) no Festival do Ceará/97. Melhor Roteiro no
Festival de Cuiabá, 1997. Prêmio Multishow (aquisição) na Sétima Mostra Curta Cinema,
Rio de Janeiro, 1997. Selecionado para o Festival de Clermont-Ferrand.
<14> Roteirista (com Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil) em TOLERÂNCIA (LM, 35mm,
2000). 5º Festival de Cinema Luso Brasileiro, Santa Maria da Feira, 2001: Prêmio
Revelação. 1º Prêmio APTC-RS, 2000: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro,
Melhor Montagem, Melhor Música, Melhor Som, Melhor Direção de Arte. 5º Festival do
Cinema Brasileiro de Miami, 2001: Melhor Ator (Roberto Bomtempo).
<15> Roteirista e diretor em O SANDUÍCHE (CM, 35mm, 2000). 33º Festival de Brasília,
2000: Melhor montagem. 5º Festival de Cinema Luso-brasileiro, Santa Maria da Feira
(Portugal), 2001: Melhor filme (júri oficial), melhor filme (Federação de Cineclubes). 3º
Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, 2001:
<17> Roteirista e diretor em HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES (LM, 35mm, 2002).
Melhor Filme, Festival do Cinema Brasileiro de Paris, 2003. Melhor Filme (prêmio da
crítica), Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Montagem, Festival do Ceará, 2002.
<18> Roteirista e diretor em O HOMEM QUE COPIAVA (LM, 35mm, 2003). Prêmio
APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) 2003: Melhor Filme brasileiro do ano.
25º Festival do Novo Cinema Latino-americano, Havana, CUBA, 2003: Melhor Ator
(Lázaro Ramos). 7º Festival de Cinema Luso Brasileiro, Santa Maria da Feira,
PORTUGAL, 2003: Melhor Filme (Júri Popular), Melhor Filme (Prêmio da Crítica),
Melhor Filme (Fed. Cinceclubes). 8° Festival Internacional de Kerala, ÍNDIA, 2003:
Melhor direção.
72
<19> Roteirista (com Ana Luiza Azevedo) em DONA CRISTINA PERDEU A MEMÓRIA
(CM, 35mm, 2002). Direção de Ana Luiza Azevedo. Melhor Direção e Melhor Direção de
Arte, Festival de Gramado 2002. Prêmio Aquisição Canal Brasil e Favoritos do Público,
Festival Internacional de Curtas de São Paulo, 2002.
<22> Roteirista (com Glênio Póvoas) e Diretor em OSCAR BOZ (CM, vídeo digital,
2003). Integrante do documentário Umas Velhices, realizado pelo SESC-SP, com direção
geral de Isa Grinspum Ferraz. Os outros curtas que integram o documentário são: A
Esperança é a Última que Morre, de Ugo Giorgetti; Revezamento 320, de João Jardim;
Bobby, Simone, Walter e Lourdes, de Denise Gonçalves e Rei Lear, de Walter Lima Jr.
TRABALHOS EM TELEVISÃO
<4> Roteirista (com Giba Assis Brasil) da minissérie AGOSTO, baseada no romance de
Rubem Fonseca, 16 episódios, TV Globo, 1992.
<5> Roteirista (com Carlos Gerbase, colaboração de Glênio Póvoas e Renato Campão) da
minissérie MEMORIAL DE MARIA MOURA, baseada no romance de Raquel de Queiroz,
24 episódios, TV Globo, 1993.
MENINA, (7) A CASA DOS 40, (8) O PESADELO DA CASA PRÓPRIA, (9) A
PRÓXIMA ATRAÇÃO, (10) COMO DESTRUIR O SEU CASAMENTO, (11) AS
IDADES DO AMOR, (12) O MISTÉRIO DA VIDA ALHEIA, (13) MULHERES, (14)
DRAMA, (15) PAPAI FOI PRÁ LUA, (16) PARECE QUE FOI ONTEM, (17) O QUE
VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER?, (18) ANCHIETANOS (também direção). Prêmio
de melhor programa de ficção da televisão brasileira, concedido pela Associação Paulista
de Críticos de Arte (APCA). (Co-roteiristas e colaboradores em alguns episódios: Luis
Fernando Veríssimo, Guel Arraes, Pedro Cardoso, João Falcão, Cláudio Paiva, Alexandre
Machado, Adriana Falcão, Giba Assis Brasil e Carlos Gerbase)
<7> Roteirista do quadro A VIDA AO VIVO, apresentado por Pedro Cardoso e Luis
Fernando Guimarães no programa Fantástico, semanal, TV Globo, 1997.
<8> Roteirista (com Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil) e diretor da minissérie LUNA
CALIENTE, três episódios, TV Globo, 1999.
<11> Roteirista do especial JUIZO, adaptação do conto homônimo publicado em "Meu Tio
Matou um Cara", com Regina Casé, direção de Guel Arraes, TV Globo, 2000.
<14> Roteirista dos episódios (1) FAÇA SEU PEDIDO, (2) MENTIR É NORMAL e (3)
ENLOUQUECER DOMINGO É NORMAL, (4) QUERER É PODER, da série "Os
Normais", direção de José Alvarenga Jr., semanal, TV Globo, 2001/2002.
<15> Roteirista dos episódios (1) A COROA DO IMPERADOR, (2) UÓLACE E JOÃO
VÍTOR, da série CIDADE DOS HOMENS, direção de Cesar Charlone e Fernando
Meireles, TV Globo, 2002. Melhor Programa de 2002, prêmio da Associação Paulista de
Críticos de Arte (APCA).
74
<16> Roteirista dos episódios (1) TEM QUE SER HOJE, direção de Regina Casé (2) e
DOIS PRA BRASÍLIA, direção de Cesar Charlone, da série CIDADE DOS HOMENS, TV
Globo, 2003.
<17> Roteirista (com Guel Arraes), Diretor (com Guel Arraes e Regina Casé) e Diretor
Geral dos episódios (1) A HORA DA ESTRELA, (2) NEGRO BONIFÁCIO, (3)
FOLHETIM e (4) AS TRÊS PALAVRAS DIVINAS, da série CENA ABERTA, TV
Globo, 2003. Melhor Programa de 2003, prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte
(APCA).
TRABALHOS EM TEATRO
<1> Produtor (com Ana Luiza Azevedo e José Pedro Goulart) da peça DAS DUAS UMA,
montagem do grupo Vende-se Sonhos sobre texto de Giba Assis Brasil. Elenco: Pedro
Santos, Angel Palomero, Xala Filipi, Marta Biavaschi, Marco Sório e outros. Direção
coletiva. A peça estreou em Porto Alegre em outubro de 1984.
<2> Autor (com Guel Arraes e Pedro Cardoso) da adaptação da peça LISBELA E O
PRISIONEIRO, baseada no texto de Osman Lins. Elenco: Bruno Garcia (depois substituído
por Selton Mello), Virginia Cavendish, Livia Falcão, Tadeu Mello, Lúcio Mauro Filho e
Emiliano Queirós. Direção de Guel Arraes. A peça estreou no Rio de Janeiro, em 2000.
TRABALHOS EM PUBLICIDADE
<1> Diretor entre 1986 e 1990 de dezenas de comerciais para televisão para as produtoras
Sete de Produção, 0512 Cinema e Televisão e Zeppelin Cinema e Televisão, todas com
sede em Porto Alegre. Recebeu vários prêmios (entre eles: Profissionais do Ano, em 1986,
1987 e 1988; Prêmio Colunistas em 1986 e 1987). Em 1988 recebeu o prêmio Diretor da
Década - Região Sul, por ter sido o diretor mais vezes premiado nas várias edições do
Profissionais do Ano.
<2> Diretor e Roteirista dos programas eleitorais do Partido dos Trabalhadores nas
campanhas para a prefeitura de Porto Alegre (Tarso Genro, 1992; Raul Pont, 1996; Tarso
Genro, 2000) e para o governo do estado (Olívio Dutra, 1994 e 1998).
MOSTRAS E RETROSPECTIVAS
<1> Hamburgo, Alemanha, 1994. Mostra de 5 filmes, organizada pelo Hamburg Film
Festival, apresentação de Jean Claude Bernardet.
75
<2> Rotterdam, Holanda, 1995. Mostra de 5 filmes organizada pela Cinemateca Lantaren-
Vestern.
<3> Toquio, Japão, 1995, Mostra e palestra promovida pela NHK, televisão estatal
japonesa.
<4> São Paulo, Brasil, 1997. Mostra de trabalhos de cinema e televisão promovida pela
Universidade de São Paulo, curadoria de Tata Amaral, apresentação de Jean Claude
Bernardet.
<5> Santa Maria da Feira, Portugal, 1998. Retrospectiva (9 filmes) organizada pelo festival
de Santa Maria da Feira.
<6> Goiânia, Brasil, 2002. Retrospectiva (9 filmes) organizada pelo Festival de Curtas de
Goiânia.
<5> Palestrante no Seminário "O Futuro da Imagem", promovido pela televisão estatal
japonesa NHK, Tóquio, 1994. Texto disponível em
http://www.casacinepoa.com.br/port/conexoes/magica.htm
<6> Professor no Curso de roteiro para Cinema e Televisão no Festival de Inverno de Ouro
Preto, promovido pela Universidade Federal de Minas Gerais, 1995.
<12> Palestrante na 10ª Jornada Nacional de Literatura, Passo Fundo/RS, 2003, no painel
"A adaptação literária para cinema e televisão", com Adriana Falcão, Drauzio Varella e
Luís Augusto Fischer. Texto da palestra disponível em
http://www.casacinepoa.com.br/port/conexoes/adaptac.htm
<4> Festival Internacional de Curtas de Siena, Itália, 1995. Jurado da mostra internacional.
<3> Coluna quinzenal (aos sábados) no Segundo Caderno do jornal Zero Hora, Porto
Alegre. (http://www.clicrbs.com.br/jornais/zerohora/jsp/default.jsp)
77