Mar Capasso
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Button – DEB/FEEC/UNICAMP 1
IA 748
INSTRUMENTAÇÃO BIOMÉDICA
DISPOSITIVOS DE ESTIMULAÇÃO
CARDÍACA ARTIFICIAL
ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO
II. HISTÓRICO
III. O CORAÇÃO
III.1. Anatomia do coração
III.2. Sistema de condução
III.3. Arritmias cardíacas
IV. MARCAPASSOS CARDÍACOS IMPLANTÁVEIS
IV.1. Indicações
IV.2. Classificação dos marca-passos
IV.3. Sistema de estimulação cardíaca artificial
IV.4. Sistemas Síncronos de estimulação cardíaca artificial
IV.4.1. Demanda
IV.4.2. “Triggered”
IV.4.3. “Rate Responsives”
IV.5. Programáveis
IV.6. Componentes do marca-passo
IV.6.1. Gerador de pulsos
IV.6.2. Circuito de Telemetria
IV.6.3. Fontes de energia
IV.6.4. Cabo-eletrodo
V. Código de identificação dos marca-passos e desfibriladores
VI. Principais parâmetros do marca-passo
Abreviaturas
Glossário
Arritmia: ritmo ou freqüência anormal
Circadiana: variação da freqüência de acordo com o ciclo diário
Cronotrópico: que influencia o tempo ou velocidade (mais usado com
relação aos nervos inibidores e aceleradores cardíacos
Cronotropismo: modificação no tempo da contração cardíaca que
sobrevem com a idade e/ou exercícios
Ectópico: posição anormal
Enfisema: condição na qual há distensão de um tecido por ar ou outros
gases
Hemotórax: acúmulo de sangue na cavidade pleural
Hipóxia: diminuição ou falta de oxigênio
Isquemia: diminuição do suprimento sangüíneo por obstrução ou por
vasoconstrição
LSF: limite superior de freqüência
Paroxística: freqüente ou esporádica, isto é, não obedece a uma regra
Pneumotórax: presença de gás em uma cavidade pleural por trauma ou
doença
Polimórficas: duas ou mais morfologias
PRAPV: período refratário atrial pós ventricular
Precórdio: região do tórax situado sobre o coração
Radiopaco: não penetrável à radiação
Síndrome do marcapasso: contração atrial com a válvula mitral e
tricúspede fechadas, gerando um refluxo do sangue e possíveis
sintomas indesejáveis como pulsação jugular.
Tamponamento cardíaco: compressão do coração por líquido no
interior do pericárdio, que impede o retorno venoso, restringindo a
capacidade de enchimento, aumentando a pressão.
Toracoscopia: exame da cavidade pleural, em caso de pneumotórax,
por meio de um Toracoscópio: introduzido através da parede torácica.
Toracotomia: incisão na parede torácica
Tricotomia: depilação dos pelos do peito
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I. INTRODUÇÃO
O marca-passo cardíaco é um estimulador que produz seqüências de
pulsos elétricos conduzidos até eletrodos colocados:
II. HISTÓRICO
III. O CORAÇÃO
1
III.1 ANATOMIA DO CORAÇÃO
6
12
2
11 3
4
10
5
9
1 6
8 7
1. Artéria Pulmonar: A artéria pulmonar envia o sangue do coração para o
pulmão, afim de ser oxigenado.
2. Veia Pulmonar: A veia pulmonar devolve sangue rico em oxigênio dos
pulmões para o coração.
3. Átrio Esquerdo: O átrio esquerdo recebe o sangue rico em oxigênio dos
pulmões.
4. Válvula Mitral: A válvula mitral permite que o sangue flua do átrio esquerdo
para o ventrículo esquerdo.
5. Ventrículo esquerdo: O ventrículo esquerdo bombeia sangue para a aorta.
6. Aorta: A aorta direciona o sangue rico em oxigênio do coração para a corpo.
7. Válvula Aórtica: A válvula aórtica controla o fluxo de saída do sangue do
coração para a aorta.
8. Ventrículo Direito: O ventrículo direito bombeia sangue dentro da artéria
pulmonar.
9. Veia Cava Inferior: Pela veia cava inferior o sangue da parte inferior do corpo
retorna para o coração.
10. Válvula Pulmonar: A válvula pulmonar controla o fluxo sangüíneo do coração
para a artéria pulmonar
11. Átrio Direito: O átrio direito recebe o sangue pobre em oxigênio de todo o
corpo.
12. Veia Cava Superior: Pela veia cava superior o sangue da parte superior do
corpo retorna.
O ciclo cardíaco tem uma duração média de 750 ms, sendo dividido em duas
fases distintas: diástole e sístole.
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Nódulo sinusal
Músculo atrial
Nódulo
Feixe de His
atrioventricular
Ramos do feixe
de His
Rede de Purkinje
Músculo ventricular
III.3. Arritmias
3.1 - Bradicardia
O termo bradicardia significa, simplesmente, freqüência cardíaca reduzida e
de costume é definido como sendo tão ou mais lento do que 60 bat./min., podendo
ocorrer por diversas causas, como por exemplo, em alguns pacientes submetidos a
reversão do ritmo de fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular (TV) por
cardioversão (descarga elétrica) onde há uma demora para o coração retornar a
funcionar no ritmo normal (60 a 80 bat./min), na presença de um BAV, insuficiência
cardíaca (IC). Muitas vezes, pode ser utilizado um marcapasso cardíaco artificial
para a FC.
3.6 - Flutter
Um ritmo especialmente grave causado por impulsos reentrantes. Por flutter
entende-se um batimento cardíaco extremamente rápido, algumas vezes, atingindo
200 a 350 batimentos/minuto, mas com contrações bem coordenadas do músculo
cardíaco. Esse tipo de ritmo ocorre freqüentemente nos átrios, mas é raro nos
ventrículos (GUYTON-1992).
VI.1. Indicações
A decisão para implantar um marca-passo permanente para bradiarritimias
normalmente está baseado em metas principais de alívio de sintoma (em repouso e
com atividade física), restauração de capacidade funcional, qualidade de vida, e
redução da mortalidade.
Fonte de Circuito
alimentação oscilador de saída cabos eletrodos
♥
Gerador
O invólucro do marca-passo, que não está incluído na figura 3, serve não apenas
para fornecer um meio de contato compatível entre o marca-passo e o corpo
humano, mas também para proteger os circuitos da ação corrosiva do corpo.
Embora simples, os marca-passos assíncronos não são mais usados, e deram lugar
ao marca-passos de demanda programáveis.
IV.4.1. Demanda
Na figura 4 é apresentado um diagrama em blocos de um marca-passo de demanda,
que consiste no circuito temporizador, no gerador de pulsos, no circuito de saída, no
circuito de sensibilidade e nos cabos e eletrodos.
Os circuitos geram pulsos numa taxa fixa, geralmente entre 60 e 80bpm, e após
cada estímulo, o circuito temporizador é “resetado” e espera um dado intervalo antes
de gerar o próximo pulso. Se durante este intervalo, um batimento natural do
ventrículo ocorrer, o circuito de sensibilidade detecta o complexo QRS e inibe a
geração do estímulo artificial (VVI). O batimento ventricular detectado é usado para
“resetar” o circuito temporizador e o processo se repete (o funcionamento é inibido
pela onda R).
Neste caso, o marca-passo detecta o estímulo do nódulo sino atrial (AS) através de
um eletrodo implantado no átrio, e utiliza-o para gerar um atraso de tempo antes de
enviar o estímulo para o (s) eletrodo (s) implantado (s) no (s) ventrículo (s). Caso
ocorra um batimernto natural do ventrículo, o marca-passo dispara o pulso de
estimulação 20µs depois. Neste caso, o estímulo não deve interferir no
funcionamento do coração.
IV.4.3. “Rate-responsives”
correr
Resposta
normal
Cami-
nhar
Marca-passo
despertar
“rate- Dormir
responsive” sentar descansar
Marca-passo
convencional
IV.5. Programáveis
Bloco
conector
FIGURA 7. Sistema de
Circuito Estimulação cardíaca
artificial (marca-passo)
Bateria
a. Circuito de sensibilidade
Uma vez que o ECG entra no circuito de sensibilidade, é inspecionado por um filtro
de banda passante. A freqüência de uma onda R é de 10 a 30 Hz e a freqüência
central da maioria dos amplificadores de sensibilidade é de 30 Hz. Ondas T são
sinais menores, mais largos que são compostos de freqüências mais baixas (5 Hz
ou menos). Sinais cardíacos impróprios também são sinais freqüência menores,
considerando que músculo esquelético abrange uma faixa de 10-200 Hz.
Selecionar uma baixa sensibilidade (alta tensão de referência) pode conduzir a uma
sensibilidade abaixo do padrão ou “undersensing”, não sentindo sinais intrínsecos do
coração. Por outro lado, selecionar uma tensão de referência baixa pode resultar em
“oversensing”, que inibe o marcapasso por sinais não-cardíacos.
Uma margem mínima de segurança de 2:1 deve ser mantida entre a sensibilidade
fixada e a amplitude do sinal de intracardíaco. O circuito é protegido de tensões
extremamente altas por um diodo Zener.
Porém, esta energia nos geradores de pulsos é controlada apenas pela AP e LP.
Uma seleção prudente destes parâmetros influenciará grandemente na longevidade
do gerador de pulsos.
c. Circuito temporizador
Quando a bateria atinge valores entre 2.0 e 2.4 V (dependendo do fabricante), certas
funções do gerador de pulsação são alteradas para alertar o clínico. Estas
alterações são chamadas de indicadores de troca eletiva (ITE), variam de um
modelo para outro, podendo incluir como indicadores uma redução da freqüência
básica ou magnética, uma mudança para um modo de estimulação específico,
aumento da largura de pulso, entre outros. Quando a tensão de bateria alcança 1.8
V, o gerador de pulsos pode operar irregularmente ou pode deixar de funcionar,
dizendo ter alcançado o estado de “fim de vida” (FDV). O período de tempo entre
aparecimento do ITE e o estado FDV calcula-se uma média de aproximadamente 3
a 4 meses.
IV.6.4. Cabo-eletrodo
Estas características têm sido atendidas por ligas metálicas especiais, compostas
basicamente por cromo cobalto, ferro, níquel e molibdênio. Duas ligas comumente
utilizadas hoje recebem os nomes comerciais de Elgiloy (40% de cobalto), 20% de
crômio, 155 de fero, 155 de níquel, 7% de molibidênio, 2% de manganês, traços de
berílio e carbono) e MP 35 N (355 de níquel, 35% de cobalto, 20% de crômio, 10%
de molibdênio e traços de ferro).
Uma vez que o cabo foi implantado, deve permanecer estável (ou fixado). O
dispositivo de fixação pode ser ativo ou passivo. A fixação ativa dos cabos incorpora
mecanismos espiralados, farpas, ou ganchos para se prender ao miocárdio e os
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Figura 9. São mostrados dois dos eletrodos de marca-passo cardíaco mais usados: (a)
eletrodo bipolar intraluminal: as superfícies condutoras de platina entram em contato
com o endocárdio e o estimulam elétricamente. (b) eletrodo intramiocardial, colocado na
superfície exterior do coração. Um furo é feito na parede do coração, onde é colocada a
parte helicoidal, e o suporte de silicone é suturado no epicárdio.
Para tornar mais fácil o entendimento do nível básico do sistema de operação dos
marca-passos modernos, um código de cinco letras foi desenvolvido pela Sociedade
Norte Americana de Estimulação e Eletrofisiologia (NASPE) e pelo Grupo Britânico
de Estimulação e Eletrofisiologia (BPEG) [BERNSTEIN et al.-1987]. Assim, o código
de identificação dos modos de estimulação atualmente utilizados é o seguinte:
1°° letra: refere-se à câmara estimulada, sendo representado pelas letras A (átrio), V
(ventrículo), D (átrio e ventrículo) ou O (nenhuma).
2°° letra: refere-se à câmara sentida, com a mesma representação utilizada para a
câmara estimulada. (A, V, D ou O).
3°° letra: define o comportamento do marca-passo em função da programação da
sensibilidade. Assim, para representar inibição da atividade do marca-passo pela
onda P ou QRS (A/V) utiliza-se a letra I; quando, entretanto, um evento sentido no
átrio ou ventrículo deflagra um estimulo artificial, utiliza-se a letra T (originada de
“Trigger”). Para identificar os dois comportamentos utiliza-se D (I e T) e O indica a
ausência de modo de resposta à sensibilidade.
4°° letra: descreve duas características diferentes.
1. grau de programabilidade por telemetria:
Representada por O quando o marca-passo não é programável, P para indicar
capacidade de programar freqüência de estimulação e/ou energia do estímulo; M
indica capacidade de programação de vários parâmetros e C significa que, além
desta última, é possível programar ou receber informações sobre vários outros
parâmetros e assim manter comunicação completa com o dispositivo.
2. modulação da freqüência cardíaca:
Representada pela letra R, que identifica a atuação de um sensor específico capaz
de proporcionar modificações da freqüência do estimulo.
5°° letra: define a capacidade de acionar um ou dois mecanismos antitaquicardia .O
identifica mecanismo inativado ou inexistente; P determina a presença de
mecanismo por estimulação programada (“overdrive”), S determina a capacidade de
deflagrar um choque sincronizado ou não e D indica a disponibilidade de ambos.
O código pode utilizar opcionalmente, após a 3° letra, uma vírgula e deve ter no
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VIII.1. Indicações
A estimulação cardíaca artificial provisória, via marca-passo externo, se faz
necessária sempre que houver necessidade de manutenção ou aumento de um DC
adequado, às custas da manutenção ou aumento (respectivamente) da FC nos
casos em que, transitoriamente, o paciente não tem capacidade de mantê-la
sozinho, como:
- desfibriladores anti-taquicardia
- dispositivos implantáveis de infusão de drogas microcontrolados
- análise de ECG (eventos e intervalos)
- sensores biológicos: nível de pH. PCO2, temperatura, pressão sangüínea,
nível de glicose, débito cardíaco, atividade muscular, etc..
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