Serie Casamento Arranjado - A PR - Karen Heifer
Serie Casamento Arranjado - A PR - Karen Heifer
Serie Casamento Arranjado - A PR - Karen Heifer
Don Enrico Orsini, a olhou nos olhos retirou lentamente uma mecha de
cabelo loiro caída em sua testa, em seguida beijou o local e falou paciente:
Don Enrico, não tinha como lhe explicar que na máfia mulheres não
faziam parte diretamente da organização. Nem tão pouco revelar em que
realmente consistiam os negócios da família e a sua condição de chefe
mafioso.
—“Medo de sangue”— Foi o que Don Enrico pensou ao olhar com uma
expressão enigmática para a filha tão inocente. No fundo ela não sabia
exatamente em que consistiam “os negócios da família.”
—Não, querida! Além do mais ainda faltam três anos para você entrar na
faculdade! Então, daqui até lá, perderá esse medo, é o que todos dizem.
Uma senhora de aparência simpática, cabelos grisalhos, vestindo um
uniforme cinza de governanta, entrou na sala e interrompeu a conversa.
Então, foram para mesa e o almoço seguiu como sempre. Desde que
ficou viúvo, Don Enrico Orsini, fazia questão de almoçar em casa com sua
única filha, sua caçulinha temporã, o seu xodó. O seu único filho homem,
Lorenzo Orsini, nem sempre estava presente e seu pai o compreendia.
Afinal, Lorenzo já era um homem feito, vinte e sete anos, estava sendo
preparado a tempos para um dia ser o seu sucessor. Isso fazia com que sua
carga de trabalho e seus horários não fossem tão regrados como o do seu
velho pai. Além do mais Lorenzo Orsini, jovem, bonito, solteiro, fazia
sucesso com as mulheres, no melhor estilo playboy mafioso e isso de certa
forma orgulhava Don Enrico. Então, com o tempo dividido entre os
negócios da família e aventuras amorosas com belas mulheres, ele nem
sempre estava com horários disponíveis para compromissos familiares
rotineiros.
—Ele entrou ali! Rápido! É uma rua sem saída! Agora ele não escapa!
Então, foi assim, numa emboscada, com trinta tiros de pistola que a vida
do playboy mafioso Lorenzo Orsini, jovem, bonito, rico, único filho homem
de Don Enrico Orsini e que seria um dia seu sucessor nos negócios,
chegava ao fim. Após os disparados o bando fugiu e o local foi tomado por
repórteres e curiosos.
—Mas, ele teve o troco!— Ao relembrar o fato, Don Enrico falou com
seus botões, enquanto observava a fumaça do seu charuto se desfazer no ar
e relembrava a morte do Don rival. Porém, quando sua esposa faleceu, não
teve como dar troco, pois foi coisa do divino.
—Quanto tiros?
Don Enrico Orsini, desligou o telefone, até ali ele tinha conseguido
manter o autocontrole, mas estava sem reação, mal podia acreditar naquilo.
Ele olhou em volta da sua sala e de repente todo aquele luxo pareceu sem
sentido. Toda aquela guerra por dinheiro, poder, dominação de território, já
durava anos e agora seu único filho homem estava morto. Restava apenas a
sua Gio, mas uma mulher não podia chefiar uma organização mafiosa, não
era aceito pelo código da máfia. Além do mais, mesmo se aceitassem, sua
Gio não foi criada, nem preparada para isso.
De repente uma outra ideia lhe veio a mente, Don Enrico abraçou o porta
retrato de prata em cima da mesa com a foto de Lorenzo, apertou contra o
peito e falou entre lágrimas.
—Meu filho! Meu filho! Seu pai está velho e cansado! Mas, se eu não lhe
vingar, outro alguém com o seu sangue fará isso por mim! A sua morte não
passará impune!
—Aqui é Don Enrico Orsini! Desejo marcar uma audiência com Don
Alessandro Martinelli!
Então, assim foi selado o acordo de paz, entre os dois clãs mafiosos
rivais Orsini e Martinelli. Já velho e cansado, sem um sucessor homem e
para acabar com aquela guerra sangrenta, ele que temia pela segurança da
sua agora única filha, mas no fundo sentia também vontade de vingar
Lorenzo. Don Enrico propôs um acordo e foi aceito pelo jovem Don
Alessandro Martinelli: A união das duas famílias, através do casamento da
sua princesinha Giovanna Orsini e do jovem e bonito chefe do clã rival Don
Alessandro Martinelli.
Capítulo 1
Dois meses depois...
Realmente ela não sabia. Nos últimos dois meses, ela estava vivendo
meio que no piloto automático, pois foi uma tragédia e revelação atrás da
outra. Não foi nada fácil, para a linda garota de dezoito anos, criada como
uma princesinha, receber a notícia da morte do seu único irmão. O seu
irmão mais velho, provavelmente assassinado por inimigos mafiosos.
Então, somou-se a isso a revelação de que ele e seu pai também eram
mafiosos. Na verdade a fortuna do seu pai, “os negócios” da família que ela
sempre sonhou um dia ajudar a administrar, não passava de uma grande
organização mafiosa. Onde seu pai era o chefe e seu irmão era o seu
sucessor. Contudo, como se já não bastasse, o seu casamento arranjado de
ultima hora com o chefe do clã rival e suspeito de assassinar seu irmão:
Don Alessandro Martinelli!
A jovem deu uma última olhada no espelho para a sua imagem refletida
de noiva, uma linda noiva com tudo do mais luxuoso. Porém, em sua
cabeça algumas perguntas pairavam: Não conseguia entender porque tinha
que se casar com o provável assassino do seu irmão? Não seria mais
coerente e justo, abandonar os negócio ilegais, entregar o caso do
assassinato a policia e viver o luto pelo irmão? Não... pois na máfia, onde
ela nasceu e cresceu sem saber, as coisas não funcionavam dessa forma.
Além disso existiam regras, crimes e acertos de contas de ambos os lados...
Finalmente Gio chegou até a escada e la do topo, ao olhar para baixo, ela
avistou seu pai, ao lado da escada, aguardando para leva-la ao altar e
entrega-la a don Alessandro Martinelli.
—Você está linda, Gio! Minha princesa!— Don Enrico falou, tentando
disfarçar a emoção que sentiu ao ver a filha, vestida de noiva, descendo
lentamente as escadas.
Seu pai olhou sério para ela, não parecia mais aquele que a chamava de
minha princesinha e falou:
O Seu futuro marido para ela era um completo estranho, já que seu pai
não achou seguro nenhuma espécie de aproximação com ele, antes dela esta
oficialmente casada e ser a senhora Martinelli. Quanto ao noivo, parece que
igual ao seu pai, também, estava encarando aquilo como um negócio e
parece que também não tentou conhece-la pessoalmente. Então, tudo que
um sabia a respeito do outro, era baseado em notas de colunas sociais, onde
ele aparecia sempre acompanhado por belas mulheres. Ela já tinha
constatado que era um homem bonito, fazia o estilo homem de negócios
bem sucedido e cobiçado pelas mulheres. Porém, diferente do seu irmão,
tinha um rosto de semblante fechando.
Giovana não sabia nem ao menos o que sentir por ele, já que ele era
suspeito do assassinato do seu irmão, em compensação, para a sua
decepção, já sabia que seu irmão e seu pai também eram responsáveis por
alguns assassinatos na família do seu futuro esposo.
—Eu estou lhe entregando o meu maior tesouro! Cuide bem dela! Você
me deu sua palavra.
Quando ele a largou, ela estava sem folego e ao mesmo tempo sem graça,
não esperava um beijo tão atrevido ali na cerimonia, diante dos convidados
e do seu pai. Na verdade, não esperava, beijo caliente nenhum vindo
daquele homem bonito, mas de semblante fechado, sério. Ele a olhou e
sorriu de forma cínica, como se tivesse feito de proposito. Mas, ela não teve
tempo de questionar nada, pois a troca de olhares fora interrompida pelo
cerimonial. Eles começaram a orientar onde deveriam sentar, como noivos,
para começar a receber os cumprimentos dos convidados.
Ela não era uma garota tão tímida, mas apesar de estar em casa, não
estava se sentindo a vontade. O casamento tinha poucos convidados e
ninguém da sua idade, o seu pai não achou prudente convidar as poucas
amigas, temia que ela falasse demais, fizesse alguma confidencia no calor
da emoção. Então, maioria daquelas pessoas ela nunca viu. Uns eram da
organização do seu pai, outro membros do clã inimigo chefiados por Don
Alessandro. Isso ficava claro, pela forma diferente de olhar em relação ao
noivo ou a noiva, ao se aproximar para cumprimentar. Apesar de Gio esta
sentada lado a lado com seu marido, sozinhos na mesa recebendo os
cumprimentos, as expressões corporais de ambos demonstravam pouca
intimidade entre o casal.
Os músicos, ficaram sem saber o que fazer, pois o dono da casa, estava
passando mal, mas e os convidados? Afinal, deveria obedecer a jovem
noiva, quase garota? Eles olharam na direção do noivo, que impunha
respeito so com um olhar. Don Alessandro, com um aceno de cabeça, fez
que sim e a orquestra parou. Era preciso, saber o que estava acontecendo
com Don Enrico, para da continuidade a festa.
—Gio, minha princesinha! Agora a única que restou...— Ele falava com
dificuldade.
—Não fale assim, o senhor ainda está vivo e ainda vai viver muitos anos.
— Ela falava chorosa, enquanto acariciava a face do seu pai, deitado na
cama.
—Gio, não sei se tenho muito tempo, mas preciso lhe falar sério! Vá até
a porta e passe a chave, não quero que nos interrompa e nem ouça o que
quero falar.
A jovem, meio a contra gosto, levantou da cama, foi até a porta do quarto
e passou a chave. Qualquer pessoa que desejasse entrar, precisaria bater na
porta e esperar abrir. Ela voltou e sentou novamente ao lado do pai na cama.
Assim, que ela sentou, Don Enrico, sentiu a dor aumentar novamente e
temendo que não tivesse mais tanto tempo pela frente para falar, agarrou o
pulso da filha de forma desesperada e falou olhando em seus olhos.
—Isso mesmo que você ouviu! Mate-o da mesma forma que ele matou o
seu irmão!
Assustada com aquele pedido inesperado para ela, a jovem deu um pulo
da cama, levantou-se e ficou de pé ao lado.
—Papai? O que esta me pedindo? Matar o meu marido? Eu não sou uma
assassina! —A jovem, limpou as lágrimas e falou assustada.
—Sim, o seu marido! Como esposa, você será a única que dormirá ao seu
lado sem seguranças! Vingue o seu irmão!
—Eu não criei uma Orsini, eu criei uma fraca! Honre o sangue que corre
em suas veias! — Don Enrico falou visivelmente exaltado, aquela
discussão, estava piorando o seu estado de saúde e o médico, demorando a
chegar.
—Prefiro ser uma fraca que uma assassina! Se for preciso, honrarei o
sangue que corre em minhas veias fazendo o certo, dentro da lei e não
derramando mais sangue! — Ao dizer isso a jovem, puxou bruscamente seu
braço da mãos do pai.
Don Enrico ao ouvir aquilo, ainda apontou para a gaveta do criado mudo,
Gio entendeu o que ele ainda estava mostrando. Porém, antes que ele
falasse mais alguma coisa, o seu rosto foi tomado por uma expressão de
dor, levou a mão ao peito e deu seu suspiro final. Don Enrico Orsini, estava
morto.
Don Alessandro, alto, bonito, vestia um terno preto, com camisa cinza.
Carregava uma expressão série e solene no rosto. Não se sentia a vontade
para acalentar Gio com carinho, a cada pêsames onde ela se desmanchava
em lagrimas e se abraçava a sua Gemma. Porém, foi com surpresa que num
desses cumprimentos, Gio sentiu discretamente uma mão grande, segurar
com força a dela, por trás do caixão, em sinal de solidariedade. Foi a forma
que seu marido achou de conforta-la pela primeira vez ali no velório. Gio se
surpreendeu, ficou calada e apenas olhou para ele, apesar dos óculos escuro,
com um certo ar de timidez. Enquanto isso, afilhados, membros da
organização, autoridades não paravam de chegar para prestar sua ultima
homenagem ao velho Don.
Gio não protestou, apenas deu uma ultima olhada para o jazigo, após
Alessandro, relaxar um pouco o abraço e leu com um olhar triste as
inscrições no jazigo da família: Senhora Antonella Orsini, Lorenzo Orsini,
Don Enrico Orsini. Então, ela saiu caminhando lentamente, com seu marido
ao seu lado, segurando firme a sua mão e Gemma os acompanhando.
—Vamos Giovanna!— Ele falou com seu jeito sério, mas seu olha
denunciou um pouco de carinho.
—Não! Agora sou responsável por você! Não era isso que seu pai queria
ao arranjar o nosso casamento? Não acho prudente, você ficar mais alguns
dias sozinha, apenas com os empregados, nesta casa. Você é jovem demais,
esta vivendo uma fase difícil e seu pai tinha inimigos!
—Eu não estou sozinha! Estou com a Gemma, ambos somos muito
afeiçoadas. — Gio tirou os óculos escuros que usou durante toda
sepultamento e o encarou ainda sentada no banco da frente e ele no volante.
— A senhora Gemma, virá conosco! Já que você diz que são muito
ligadas e a mansão Martinelli é grande. Ela pode ser uma espécie de
secretaria pessoal exclusiva sua.— Ele falou com uma expressão
compreensiva e a governanta ficou muito feliz em ouvir aquilo, mas não se
sentiu a vontade em agradece-lo de forma entusiasmada.
Gio subiu a luxuosa escada que dava acesso ao andar superior onde
ficava os quarto. Mas no meio da escada, parou e olhou para trás, se
dirigindo ao marido que estava na sala.
—Espero que você seja um homem paciente, ao menos que queira nos
deixar e nos duas iremos em seguida para a mansão Martinelli, terá que
esperar um pouco! Pois, tenho muita coisas pessoais para levar. O meu
armário é enorme.— Gio falou de forma atrevida, em revanche pelo jeito
que ele havia lhe corrigido.
—Não, minha querida, não sou um homem paciente, nem com o tempo
nem com garotas mimadas. Estou fazendo algumas concessões temporárias
para você, devido a toda situação difícil e tão recente que você está
vivendo. Mas quanto as roupas, peguem apenas as peças mais necessárias
pessoais e do seu enxoval de noiva, pois não tenho a tarde toda. Os
empregados podem arrumar todo o resto e enviar amanha para a sua nova
casa.
Quando Gio chegou até seu quarto de solteira, todo um filme se passou
em sua mente. Desde o beijo de boa noite que seu pai costumava vir lhe da
todas as noite até olhar pela janelas ver a piscina e lembrar do Lorenzo que
era um exímio nadador e quando ele estava disponível, ambos se divertiam
juntos na piscina. Um sentimento ruim de angustia e saudade lhe apertou o
peito e ela somente não derramou mais lágrimas, porque os olhos pareciam
estarem secos pelas próximas horas, já que havia chorando muito desde o
velório e sepultamento do pai.
Gio pegou duas grandes malas vermelhas abriu seu armário e tentou
observar rapidamente o que deveria levar, o que era básico. Considerando
que ela era uma moça vaidosa, cheia de roupas, sapatos, cremes joias.
Então, ela tentando escolher, começou a colocar nas malas as suas peças
favoritas. Até que chegou numa parte do guarda roupa em que estava seu
enxoval de noiva, eram mais peças intimas já que a casa onde iria morar já
era toda montada e pertenceu aos pais do seu noivo que agora morava nela
apenas com os empregados. De repente caiu a ficha e ela pensou.
Nossa...se tudo tivesse corrido normal, hoje seria a minha noite de
núpcias... Não sei se estou pronta, mas também não sei o que passa pela
cabeça deste homem que pra mim ainda é quase um estranho. Posso até
levar inicialmente algumas peças, mas hoje a noite eu não serei dele!
Então, Gio terminou de encher as duas malas, olhou para elas e para o
seu quarto com um ar melancólico.
—Terminei... acho que isso me basta por uns dez dias... Agora vou até o
quarto do papai. Gostaria de me despedir, pois não sei se quero ficar
voltando sempre aqui...
Quando Gio entrou no quarto do seu pai, algumas lágrimas lhe rolaram
pela face. Ela se recordou de tudo que vivei ali, quantas vezes menina,
correu e pulou na cama para acorda-lo. Contudo, os seus olhos verdes se
escureceram ao lembrar dos momentos finais que passou ali ao lado da sua
cama e do seu pedido final. Como ela amava o seu pai, apesar de ter sabido
depois que ele não era tudo menos um santo e como ela ficou magoada com
o pedido final dele. A voz com ele a chamando de covarde por não achar
certo ser a vingadora de Lorenzo, ainda lhe ecoava em seus ouvidos e lhe
doía o peito. Enfim, ela resolveu sair dali, já havia se demorado demais, seu
marido devia já ta impaciente na sala. Porém, ela gostaria de levar um
lembrança significativa do lugar, foi quando ela olhou para o criado mudo
e abriu uma gaveta. O criado mudo indicado pelo seu pai e nele estava a
pistola prateada que pertenceu ao seu irmão Lorenzo...
A casa vista de fora era uma enorme construção branca. Uma escadaria
em formato arredondado com apenas três degraus dava acesso a um hall
ladeado por colunas de mármore . Após subir este degraus e cruzar o hall a
poucos metros estava uma enorme porta de carvalho com fechadura em
ouro velho que dava acesso a entrada na casa.
Gio o fitou em silêncio, não achou prudente lhe comunicar que não tinha
a intenção de assumir o posto de senhora da casa já de forma tão atuante.
Pois, até pouco tempo atrás ela so cuidava de seus livros, roupas,
acessórios, fazer compras e se divertir com amigas. Mas ela não queria que
ele a achasse tão fútil, isso so reforçaria a imagem que ele parecia ter dela
de uma garota jovem e mimada. Afinal, depois ela ficou sabendo que todos
já sabiam que seu pai era um mafioso e ela era vista como a filhinha
mimada, a princesinha da máfia. Contudo, uma curiosidade lhe veio a
cabeça. Algo que ela nunca lembrou em perguntar a alguém ou procurar
saber por colunas sociais.
—A minha mãe faleceu a anos, minha querida.— Ele falou com deboche
direcionado a sua esposa.
— Entendo... e o seu pai? Aposto que ele ainda deve querer conservar
muita coisa do que sua mãe deixou.
O homem fez uma certa pausa, mudou o jeito de olhar para um olhar
mais duro e falou sério olhando em seu rosto:
— Quanto ao meu pai, Don Francesco Martinelli, foi morto a três anos
atrás, numa emboscada armada pelo clã rival! Por que acha que fui
promovido a Don? Mas os mandantes estão mortos... Ah! e pelo visto você
não acompanha as noticias dos jornais, exceto colunas sociais.
Ele falou de forma fria e com um certo tom de rancor pelo acontecido e
satisfação pelas mortes de quem fez aquilo. Gio, não sabia de nada, mas
desconfio que pelo tom de voz dele, a família dela, poderia sim estar
envolvida nas mortes.
— Eu não quero saber de negócios escusos! Assim como não quis saber
dos negócios do meu pai e muito menos dos seus! Agora apenas peço
respeito pela memória do meu pai enquanto eu estiver ao seu lado.
—Obrigada!
—Boa noite, Genaro! Por favor, retire as malas do porta mala, leve-as
para dentro da casa e em seguida leve meu carro até a garagem.
—Claro, senhor.
Quando Gio entrou no lugar, ao correr os olhos numa visão geral pela
enorme sala de visitas, se surpreendeu com o lugar. A decoração era uma
mistura do clássico ao moderno. Paredes brancas como a neve, sofás de
veludo vermelho, cortinas beges, vários espelhos adornados com ouro
velho, além de algumas peças de decoração colocadas em lugares
estratégicos. Era um estilo bem diferente da mansão Orsini, que possuía
uma decoração pesada, bem ao gosto do seu velho pai. Dizem que era desde
época da sua falecida mãe que ela não tinha recordações dela viva.
—Seja bem vinda! Tenho certeza que nos daremos muito bem.
—Claro! Obrigada.— Gemma respondeu alegre e aliviada.
Ouvir aquilo fez com que Gio sentisse um frio na barriga, pois achava
que devido aos acontecimentos, ela naquela noite ocuparia o quarto de
hospedes e não já o do seu marido. A proposito, se tudo tivesse corrido
normal durante a cerimonia e festa, aquela seria a noite de núpcias...
—Eu não estou com fome. Acabei de enterrar o meu pai. Tudo que eu
quero é deitar e descansar. Inclusive por hoje gostaria de ocupar o quarto de
hospedes.
—Eu sei, amore mio, que você perdeu seu pai e que precisa descansar.
Você comerá sim algo leve e descansará a noite inteira, mas em nossa cama!
Carlota, mande por as malas onde eu disse e nos leve as oito horas um
jantar leve no quarto— Ele falou firme.
Gio, apesar de não ter gostado da ideia de não poder dormir naquela noite
no quarto de hospedes, ficou sem reação ao ouvir o fim das apresentações e
os empregados se retiraram da sala. A governanta, seguida por Gemma, se
retiraram da sala de visitas, os deixando a sós.
—Talvez eu preferisse...
Ela segurou a mão dele, com uma expressão meio indecisa no rosto. Eles
subiram devagar a enorme escada de corrimão acobreado que dava acesso
aos quartos no andar superior. Ele a frente , enquanto ela segurada em sua
mão seguia um pouco mais atrás.
—Apesar do seu tom debochado, você usou palavras que cairiam bem se
o nosso casamento tivesse sido realizado por amor. O que não foi o caso...
—Sei que não foi o caso, minha querida, porém, não vejo porque
tenhamos que tornar isso um suplício. Eu por exemplo, me sinto um
afortunado, com tão bela e jovem esposa.
—Giovanna, não sou um santo! Mas, eu não mantei o seu irmão! Apesar
de não me faltar motivos para isso...— Ele falou enquanto a segurava pelo
pulso.
Ela não esperava esta reação dele, ao provoca-lo. Contudo, ele falou de
um forma tão segura, parecia transmitir tanta verdade no olhar, na voz, que
Gio ficou intrigada e tentada a acreditar. Além do mais, ele era o principal
suspeito e inimigo, mas com o currículo do seu irmão, que ela descobriu
depois, talvez não fosse o único interessado na morte dele.
Gio respondeu tentando fingir frieza na voz, não queria que aquele crime
ficasse impune, mas também não queria que se tornasse um assunto
constante entre os dois. Caso ele fosse culpado, que pagasse dentro da lei.
Quanto a ela, se isso fosse comprovado, pediria o divórcio, sairia daquele
mundo mafioso e aplicaria sua fortuna em algum negócio dentro da lei.
Ingenuamente, ela acreditava que poderia ser assim... A princesinha da
máfia, renegando as suas origens...
—Esta bem, Giovanna. Sei que você está muito cansada hoje, que foi um
dia muito difícil para você. Não é todo dia que se enterra um pai.
Um pai que me deixou com a missão de lhe matar... Agradeça por eu não
ter nascido com tendência ao crime...—Ela pensou.
—Como pode sentir, não tenho o que temer, a minha masculinidade esta
bem viva e pronta para tomar posse da minha esposa! Basta apenas um sinal
seu...— Ele falou ofegante ao seu ouvido.
—Eu... eu... estou cansada, quero tomar um banho e dormir— ela falou
desconcertada e se desvencilhou dele, tentando parecer calma.
—Obrigada!
Gio, foi até uma das malas, abriu, pegou uma camisola de seda cor de
rosa, bem ao seu estilo princesinha e atravessou o quarto em direção ao
banheiro. Nesse percurso, ao passar na lateral da enorme cama de casal,
estilo hotel cinco estrelas, ela olhou discretamente e pensou em como seria
ter que dividi-la com seu marido já naquela noite.
Nossa... que homem, mas e agora o que devo fazer? Apesar de ser meu
marido, é muito estranho dividir o quarto com um homem... — Ela pensou
ao observar a cena de intimidade.
—Hum, obrigada. Não sei dormir sem antes passar meu hidratante
morangos com champanhe.— Ela respondeu sem graça, mas tentando
disfarçar.
—Ele tem um cheiro gostoso, na verdade você toda parece ter um cheiro
delicioso.
—Sim, somente troco um bom livro por algo muito interessante. Uma
bela e cheirosa mulher, por exemplo...
—Por favor, dispenso os galanteios, estou cansada. Então, gostaria que
fosse logo tomar o seu banho para que eu possa após isso, apagar a luz,
deitar e descansar.
—Não tem porque agradecer. Ah! Caso precise lhe salvar de algum
monstro do escuro é so gritar. Estarei no banho.
Como é bonito, alto, charmoso. Mas, não vou quero me apaixonar pelo
provável assassino do meu irmão! Ele é tão diferente do todos os garotos
que já paquerei. Aliás, ele não é um garoto e sim um homem feito...
Foi o que ela pensou antes de finalmente deitar de vez na cama, apagar a
luz e devido ao cansaço mergulhar em um sono profundo. Nem chegou a
ver quando o seu marido terminou o banho e voltou a cama, banhado,
usando apenas a calça do pijama de seda creme e com cheiro de loção pós
barba.
Capítulo 6
O caixão preto e luxuoso descia lentamente na sepultura, o barulho das
correntes que o ajudava a descer, ecoava no ar fazendo um ruído sinistro.
Giovanna chorando observava a cena bem ao lado, de repente ela tenta se
jogar dentro da sepultura em busca do caixão. Contudo, diante dos seus
olhos, surgem já mortos, seu pai Don Enrico e Lorenzo. Ambos tentavam
lhe falar algo, mas as vozes saiam incompreensíveis, resultando em uma
confusão de sons.
Então, quietinha nos braços do seu marido, Gio permaneceu assim por
uns vinte minutos, recebendo carinhos inocentes como se estivesse sendo
acalentada para dormir. De repente, já passado o susto, sentiu que as mãos e
o toque dele pelo seu corpo aos poucos havia se tornado algo sensual. As
mãos que antes faziam massagens circulares em suas costas expostas pela
camisola, agora desciam lentamente acariciando de leve seus seios fartos e
redondos, enquanto a sua boca mordiscava o lóbulo da sua orelha delicada.
Paralelo a isso ela sentiu o abraço ficar mais caliente e o membro rijo
pressionar entre suas pernas. Quando ela percebeu se assustou um pouco e
tentou se desvencilhar dele, mas sem muita certeza.
—Calma, amore mio, a palavra final sempre será sua, mas confie em
mim, se entregue e deixe as coisas acontecerem naturalmente...—
Alessandro sussurrou ao seu ouvido—Virgem como eu imaginei....
—Sim...
—Eu tinha certeza que sim... mas em pouco tempo serás minha de corpo
e alma...
Aquilo derrubou as defesas de Giovanna, que mesmo com receio por ser
sua primeira vez, se entregou se reservas encantada com seu jeito sexy e ao
mesmo tempo gentil. O quanto ele havia sido carinhoso lhe acalentando ao
despertar do sonho ruim. Além do clima mágico de penumbra que reinava
no quarto, as cortinas abertas, a brisa da noite entrando pela janela, a luz do
luar iluminando parte da cama do casal.
—Como será a rotina dele? Acorda todo dia, sai para trabalhar em um
escritório luxuoso igual era o do papai e de lá dar suas ordens fora das
leis? Será que ele ameaça e mata pessoas?— Ela pensou triste, pertencer
aquele mundo, não lhe agradava.
De repente olhou para a sua bolsa tiracolo que havia deixado no sofá do
quarto desde a noite passada, se lembrou do que havia dentro e que não
queria que ninguém visse: A pistola niquelada de Lorenzo. Ela passou o
lençol em volta do corpo bem feito para cobrir a sua nudez, levantou rápido,
foi até a bolsa, retirou a pistola e a segurou com as duas mãos.
—Meu Deus... o que farei com isto? Não tenho coragem de matar
alguém, nem mesmo se fosse o assassino do meu irmão. Mas, por hora
acho melhor esconde-la comigo. — Ela pensou.
Então, Gio olhou para o criado mudo do seu lado da cama, havia uma
gaveta com chave. Ela abriu e viu que estava vazia, sinal de que Alessandro
não guardava nada nela, devia ser uma gaveta esquecida. Ela pegou a
pistola e guardou nesta gaveta, passou a chave e a guardou no bolso da
tiracolo.
Quando ela olhou para o relógio de pulso, viu que já era dez horas e
meia. A noite de “amor” a deixara exausta a fazendo além de acordar tarde,
ainda a deixara preguiçosa, lenta. Era tarde para tomar café e um pouco
cedo para o almoço. Então ela olhou para o travesseiro do marido, ao lado
do dela e viu algo que ainda não havia percebido: Um pequeno bilhete.
Espero que tenhas dormido tão bem quanto eu. A noite foi
maravilhosa, mas o dever me chama e não almoçarei em casa.
Alessandro”
Gio pegou o bilhete que de inicio nervosa não havia notado, leu e apertou
contra o peito, enquanto, sem perceber, esboçava um sorriso involuntário e
fazia um cara de felicidade.
—Se ele não vem almoçar em casa, vou almoçar no shopping, fazer
algumas compras para me distrair. Ainda não me sinto a vontade nesta
casa.— Ela pensou.
—Bom dia, senhora! O almoço será servido logo mais, ao meio dia. Don
Alessandro quase não almoça em casa. Acredito que ele deve ter lhe
avisado sobre isso.
Era por volta do meio dia quando Gio chegou a um famoso shopping
bem frequentado pela nata da sociedade de Palermo. Estacionou o carro no
local, em seguida procurou um restaurante dentro do shopping, queria
comer algo gostoso, antes das compras. Adorava fazer compras, mas não de
estomago totalmente vazio e a principal finalidade do passeio era almoçar
fora. Apesar dela não ser uma italiana que apreciasse excesso de massas e
mesa farta. Gostava de comer com moderação, pois achava que seu corpo já
tinha curvas demais, não era conveniente exagerar a mesa e engordar.
—Deseja uma mesa senhora? Temos uma mesa ali na ala vip.
—Queira me acompanhar!
—Ele fala como se já me conhecesse e me respeitasse...— Gio pensou. O
que era muito lógico, afinal, quem não reconheceria a filha de Don Enrico
Orsini e esposa de Don Alessandro Martinelli em Palermo.
Era por volta das duas e meia da tarde quando Gio deixou o shopping e
vinha guiando devagar no transito estressante de Palermo
Gio chegou em casa chateada e arrasada com o que viu, mas não podia
falar ou demonstrar para aquela que havia algo errado. Então, ela achou
melhor se trancar em seu quarto e ficar calada e evitar comentar até mesmo
com Gemma que ultimamente andava muito amiga de Carlota. De qualquer
forma era meio da tarde, ela era novata na casa, tinha perdido o pai a pouco
tempo, ninguém estranharia se ela se trancasse no quarto até final da tarde
ou a hora do jantar. A casa mesmo estava silenciosa, na verdade parecia ser
uma característica da mansão Martinelli, poucos empregados circulando, o
patrão trabalhando e o silêncio.
—Ela não precisava ter lhe contado nada! Tenho dezoito anos e sei me
cuidar sozinha. Ah! e sua governanta é muito fofoqueira, se quer saber.
—Não, a Carlota não é fofoqueira e você pelo visto não sabe se cuidar
sozinha! A Carlota são meus olhos dentro desta casa e você é herdeira do
clã Orsini, que possuíam muitos inimigos e não somente a mim!
—Eles terem pagado ou não, talvez não seja o suficiente! Você ficou
sendo a única herdeira do clã agora comandado por mim e esposa do chefe
do clã Martinelli!
—Eu não tenho nada haver com isso! Por mim tudo seria vendido e
recomeçado vida nova, de uma forma legal, dentro da lei!
—Belas palavras, mas não é tão simples assim! Aceite seu destino, minha
cara: Quem nasce na máfia, morre na máfia!
—Agora irei tomar um banho e as oito horas o jantar será servido! Não
gosto de jantar sozinho, quero a companhia da minha esposa na mesa ao
meu lado.— Ele concluiu se dirigindo para a porta do banheiro, fingindo
não ligar para a cara de chateação dela.
—Droga! Droga!— Ela falou, enquanto socava o colchão, assim que ele
entrou no banheiro e fechou a porta.
Após algum tempo Alessandro saiu do banho, usando apenas uma toalha
branca em volta da cintura, expondo todo o seu físico moreno e bem
definido. Gio, apesar da raiva, ao ver aquela cena a fez sentir um calor que
lhe subiu pela corpo inteiro, a deixando sem graça e ruborizada. Afinal,
ainda era sete e trinta da noite, o quarto ainda estava com as luzes bem
acessas. Ela tentou disfarçar para que ele não percebesse.
—Qual o problema, amore mio? Não tem nada que você já não tenha
visto ontem a noite.
—Ora Giovanna, não se comporte como uma criança mimada, pois você
já é uma mulher! Minha esposa e senhora desta casa. Espero que esteja
pronta, pois está na hora de descermos para o jantar.
—Ótimo!
Devido a briga no quarto o clima na sala de jantar não era dos melhores.
Eles apenas trocavam palavras monossílabas e eram educados um com o
outro diante dos empregados que serviam a refeição.
—Não vai comer mais um pouco? Esta massa está uma delicia.
—Não, para mim já basta. Não gosto de exagerar a mesa. Além o mais
estou sem apetite.—ela respondeu seca.
—Hum... pois lhe advirto que para gerar um futuro herdeiro dos Orsini
e Martinelli precisa comer bem para ficar forte e saudável.
—Herdeiro? Que papo é esse? Mal nos casamos e isso ainda não está em
meus planos.— ela falou surpresa e irritada.
—Então, quero um herdeiro! Quanto a você não vejo motivos para não
querer: Estamos casados, você é saudável, caso queira fazer uma
faculdade terá ajuda de babás. Sem falar na Carlota que vai adorar um bebê
para ajudar a cuidar.
—Mas não estava em meus planos, ainda não pensei sobre isso. Então,
realmente não sei...— ela respondeu confusa e ainda teve vontade de dizer
peça para a sua amante...
—Então, deveria saber, amore mio, pois não sei se você percebeu, não
usei preservativo ontem a noite. A menos que você já tivesse se prevenindo
e usado anticoncepcional. Você está usando?
—Não... Não estou....— A ficha caiu para Gio que ela devia ter se
prevenido antes disso, consultando uma ginecologista, visto
anticoncepcional, mas todo o tumulto desde o anuncio do casamento a fez
esquecer daquele detalhe tão importante.
Após o jantar, Alessandro foi para o seu escritório privado ver alguns
papeis e Gio foi direto para o quarto com a cara amarrada. Chegando no
quarto se trocou para dormir e pegou um dos livros do marido para ler, mas
aquela tal mulher e agora a pressão por um herdeiro não lhe saiam da
mente.
—Se ele acha que hoje a noite vai ser igual a noite passada, esta muito
enganado! Ele deverá retornar ao quarto bem disposto a providenciar nosso
herdeiro, mas eu não esqueci dele e a tal mulher! Ele diz que é um
cavalheiro mas acho melhor me prevenir caso ele exagere na pressão...
—Você não tem uma bola de cristal para adivinhar o que estou sentindo
ao não!
—Não tenho, mas tenho experiência o suficiente para saber que se existe
algum motivo para você esta assim de cara amarrada, bem diferente de
ontem, em nossa segunda noite de casados, este motivo não é o sono.— Ele
fechou a cara e falou sério.
—Pois, quanto a mim é isto que estou sentindo: Desejo!— Ele falou ao
abraça-la novamente por trás, colando seu corpo ao dela e lhe fazendo sentir
seu membro rijo de encontro as suas nádegas.
Ao sentir aquilo, ela foi tomada por um calor que subia dos pés até o
ultimo fio de cabelo, acompanhado de uma moleza gostosa. Por um
momento ela pensou em ceder e se entregar, afinal também estava
começando a querer, mas lhe veio a mente a cena dele todo intimo
conversando com aquela mulher como se fossem amantes. Aquilo lhe deu
novamente uma onda de raiva, mas não queria jogar isso em sua cara, não
daria o braço a torcer que estava com ciúmes.
—Vem cá, não seja boba! Sei que você também quer... Está apenas com
alguma birra infantil e não quer me falar o motivo.—Ele falou irritado e a
abraçou por trás novamente.
Então, neste momento a sua veia Orsini falou mais alto. Rapidamente
Gio, que já estava com uma das mãos embaixo do travesseiro, o empurrou
com o cotovelo do braço livre e com a outra mão puxou a pistola mirado
em direção a ele. O brilho da pistola na escuridão do quarto, encandeou a
visão do seu marido que se afastou rapidamente permanecendo ainda em
cima da cama com as mãos rendida. Apesar de toda a sua experiência no
submundo da máfia, aquilo o pegou de surpresa. Pois, não esperava que sua
esposa que fazia o estilo patricinha e princesinha frágil, delicada, fosse
capaz de algo assim. Não sabia sequer que possuía uma arma escondida
com ela, ali no quarto.
—Não se aproxime! Posso ter esta aparência delicada, jeito meigo e cara
de princesinha Disney, mas nunca se esqueça que em minhas veias corre o
sangue Orsini!— Ela falou com olhos saltados, enquanto os braços
trêmulos, segurava a pistola com as duas mãos em direção dele.
—Largue esta arma! Não tem necessidade disto! Saiba que todas as
mulheres que tive em meus braços foram por livre vontade delas e com
você, mesmo sendo minha esposa, não será diferente!
Então, ao ser desarmada, Gio virou de costas na cama e caiu num choro
convulsivo com a cabeça enterrada em seu travesseiro.
—Não! Ela agora, ficará comigo, use como lembrança uma fotografia.
Você não tem prática e nem maturidade para portar uma arma.— ele falou
sério sentado próximo a ela na cama.
Gio continuo a chorar, aquilo o deixou comovido, não podia esquecer que
ela tinha apenas dezoito anos, estava frágil emocionalmente e que eles mal
se conheciam ainda. Aquilo explicava muito da reação exagerada que ela
acabava de ter ao apontar uma arma contra ele. Então, ele se aproximou
mais, fez um carinho em seus cabelos a virou de frente para ele, ela cobriu o
rosto com as mãos, ele descobriu de forma gentil, beijou sua testa e a
abraçou com carinho .
—Então, amanhã iremos! Quero você bem linda, para que todos vejam
que tive o privilegio de casar com a bela Giovanna Orsini, agora senhora
Martinelli. Agora durma....
Assim, abraçadinha ao seu marido, Gio adormeceu....
Capítulo 9
—Don Alessandro, seja bem-vindo a nossa casa! É uma honra
comemorarmos o nosso aniversário de casamento em sua presença.
Gio olhou para Alessandro sem saber como agir diante daquela
proposta. Ele diante do casal de anfitriões usou todo o seu charme e
educação. Algo em que ele era muito bom, quando desejava ser...
—Acompanhe ela, querida, aposto que será mais divertido para você.—
em seguida ele se dirigiu a mulher— Ela é toda sua, só peço que devolva,
ao final da festa, a mulher da minha vida.
—Obrigada: que-ri-do!
Ela foi colocada na mesa junto a outras mulheres tão chiques quanto ela e
com esposos importantes dentro da organização. Contudo, eram mulheres
mais velhas e com mais tempo de casadas, todas na faixa dos trinta,
quarenta anos. Então, apesar de muito bem recebida na mesa por ser a
esposa do chefão, nem todos os assuntos interessavam a ela, casa, marido,
filhos pequenos. Ela ficou ali respondendo uma pergunta ou outra, dando
um sorriso sem graça, procurando ser gentil e educada. Isso vez com que
ela não se integrasse totalmente a conversa predominante na mesa e
passasse a observar dali da sua cadeira, detalhes da festa. Talvez por seu
pai nunca ter dado aquele tipo de festa na mansão Orsini, ela nunca havia
observado certas coisas.
—Será que todas aqui sabem que nasci no clã rival e que meu casamento
foi arranjado num ato de desespero do meu pai?— ela pensava enquanto
observava festa e também discretamente algumas senhoras da sua mesa.
Um detalhe que chamou sua atenção foi que apesar de ser uma festa, um
momento de diversão e descontração, parecia existir uma certa hierarquia
subentendida . A festa era na verdade composta, noventa por cento por
mafiosos do clã Martinelli. Existia uma enorme mesa comprida coberta por
uma toalha branca, onde estavam sentados praticamente todos os homens da
festa que tinha aproximadamente cinquenta convidados, na cabeceira estava
Alessandro, um lugar reservado a ele. Apesar da música dava para perceber
que todos conversavam alto, barulhentos, comiam bem, bebia, sorria ,
enquanto misturavam assuntos de negócios com diversão local. Por isso as
mulheres eram em mesas separadas...
—Hum, que bom que pelo menos serviu para isso. Não quero você tensa,
nervosa. Quero que seja feliz.
—A noite está tão bonita, estrelada.— Ela comentou ao olhar pelo vidro
do carro.
—A noite está bela e você mais bela ainda. A sua cara esta ótima, creio
que aquelas tacinhas de espumante lhe fizeram bem.
—Ah... você não achou que eu ia solta-la numa festa entre estranhos
para você e não observa-la não é?— Ele deu um sorrisinho torto, estilo
cafajeste.
—Posso?—A voz grave do seu marido, falando por trás dela e junto ao
seu ouvido.
—Sim, claro...
Ele abriu devagar o fecho do colar, ao mesmo tempo que deu uma
lambida sexy em seu pescoço para em seguida assoprou o lugar ainda
úmido e lhe falar ao ouvido.
Ele falou junto a sua nuca, enquanto com a outra mão retirava o colar e o
depositava o colar no porta joia em cima da mesinha. Ele continuo
massageando levemente os seus ombros expostos pelo vestido vermelho de
alças e grande decote.
—Hum... então serei mais ousado. Me permita lhe dizer que este seu
vestido sexy me causou várias ereções hoje durante a festa. Todas iguais a
esta...
Ele ainda por trás a apertou ainda mais forte com o braço em volta da sua
cintura fina e fez com que ela sentisse o seu membro rijo por baixo da
calça pressionando suas nádegas bem desenhadas pelo vestido. Porém,
dessa vez ela não sentiu medo ou vontade de repeli-lo, sentiu o calor e a
moleza nas pernas de sempre, além de ficar ofegante ao sentir as suas mãos
fortes, deslizarem pela parte da frente do seu vestido em busca dos seus
seios redondos e ficarem com os polegares acariciando os mamilos
intumescidos pelo desejo.
—Você deseja fazer amor comigo esta noite não é?— Ela perguntou
ofegante e ainda meio tímida enquanto aquele calor incontrolável e frio na
barriga que ela sentia quando ele a tocava, tomava conta de todo o seu
corpo.
—Sim, amore mio... e você não?— ele lhe perguntou com a boca colada
ao seu ouvido e ainda colado por trás dela.
—Na primeira noite, eu fiz amor com a jovem e hoje quero fazer amor
com a mulher! A minha mulher... Deixe-me mostra-lhe todos os segredos
do amor, a linha tênue que existe entre a delicadeza e a paixão quando duas
pessoas estão se amando na cama.
—Então, acho que nosso herdeiro pode já esta mesmo a caminho viu?
—Por aqui senhor temos uma mesa ali em nossa área vip.—Um garçom
falou educadamente, indicando o caminho estirando um dos braços em
direção a mesa.
Alessandro vestindo calça esporte preta e camisa azul escuro, a sua cor
favorita por realçar seu olhos cor de mel, entrou no restaurante, caminhando
devagar e com uma das mãos pousada gentilmente sob as costas de Gio.
—Sente-se melhor?
—Sim, foi so um mal estar ao sair do carro. O dia esta quente, o sol forte
ao sair do carro no estacionamento...
—Ah... que ótimo! Então podemos pedir nosso almoço? Seu marido
falou enquanto do lado oposto da mesa, puxou uma cadeira, sentou-se
diante da jovem e abriu o cardápio.
—Giovanna!—Ela ainda ouviu a voz do seu marido, mas não pode parar
ou tirar a mão da boca para responder.
—Heim? Eu o que?
Aquilo pegou Gio de surpresa, não que ela não desejasse ou fosse
inocente ao ponto de não saber que sexo sem prevenção resultava em bebês.
Mas ela achava que não aconteceria tão rápido com eles e ela sempre teve
alguns atrasos mensais.
—Sim, ainda mais em seu caso que é so para confirmar algo que já
desconfiamos.
Quando Gio saiu do banheiro para o quarto, ainda boquiaberta, com uma
das mãos em cima da barriga, Alessandro rapidamente se levantou e sentou
na cama com o rosto entusiasmado.
—E então?
Alessandro segurou a sua mão e a puxou para sim, fazendo com que ela
sentasse em seu colo.
—Xi... não deixemos que nada de ruim este momento tão mágico e
único.—Ele a interrompeu de forma gentil colocando o dedo indicador
próximo a sua boca em sinal de silêncio.
—Sim... ainda mais atraente aos meus olhos. Hoje mesmo seu corpo
está me atraindo feito um imã e lhe asseguro que eu poderia passar a tarde
inteira contigo nesta cama lhe amando...
—Claro, senhora!
Ela não responde, ele acho que havia algo errado, se aproximou mais um
pouco em direção a cama.
— Tudo bem? Está sentindo algo? Deitada a esta hora... ou está
descansado para o jantar?— ele se aproximou mais e a olhou no rosto—
Você andou chorando... o que houve? Aconteceu algo?
Na cama mesmo Gio partiu para cima dele, tentando lhe esmurrar,
enquanto ele surpreso se defendia, tentando segurar seus pulsos sem a
machucar.
Alessandro olhou para ela e respirou fundo, fez uma expressão de quem
foi pego no flagra. De certo não gostou dela ter visto os dois e tentou se
explicar.
—Gio, não deixe que os seus olhos lhe engane. Aquela mulher não é o
que você está pensando...—ele falou de forma cautelosa.
—Giovanna, eu não matei o seu irmão e vou lhe provar isso! Se existe
algum sangue em minhas mãos não é o do seu irmão...
—Eu não acredito! E quer saber? Quero o divórcio! Hoje mesmo irei
dormir no quarto ao lado e amanha arrumarei as malas e voltarei junto com
a Gemma para a mansão Orsini de onde eu nunca deveria ter saído! Os
meus advogados procurarão você para acertar a papelada.
—Pois saiba, que um mafioso preza a sua família e você faz parte dela.
Além de não ser qualquer uma para decidir isso assim, lembre-se de quem é
e da posição que ocupo.
—Tudo bem... em respeito ao seu estado não irei discutir com você.
Quero que se acalme.
De forma brusca, Gio abriu a sua parte no armário enorme e colocou
algumas peças básicas numa mala de rodinhas. Alessandro sentando no sofá
do quarto, apenas observava enquanto fingia examinar alguns papeis que
ele trouxe na pasta. Quando ela se preparou para deixar o quarto...
—Não! Amanha pedirei a uma empregada para pegar o resto das minhas
coisas.
—Sim! Este aqui era o quarto do papai e o da minha mãe ficava ao lado.
Eles preferiam assim por uma questão de conforto. Na reforma mandei o
arquiteto não fechar a porta, preferi deixar-la discreta e foi dai que surgiu a
ideia de embuti-la como a ultima porta do armário.
—Hum! Então, acho que o quarto ao lado não é uma boa ideia! Mas não
faz mal esta mansão tem vários quartos.
—Ah! Pare com isso Gio... não se preocupe, jamais tentarei usar esta
porta e lhe surpreender . Mas se isso lhe fizer sentir mais segura, tem uma
tranca por dentro, pode passar se desejar.
Quando Gio entrou no quarto, viu que era um quarto tão luxuoso quanto
o que ela ocupava com o seu marido, mas com uma decoração mais
feminina e delicada. Apesar de ter sido o quarto da sua sogra falecida a
muito tempo, não tinha nada velho ou empoeirado. Era um quarto mantido
em perfeita ordem, como se estivesse a espera da próxima senhora
Martinelli que um dia chegaria para ocupa-lo e esta senhora chegou...
Assim que ela chegou entrou fechou a porta de comunicação com uma
tranca interna que havia na porta e falou:
—Esta porta só se abrirá novamente por uma boa explicação
acompanhada de um motivo muito forte! — Ela falou decidida.
Capítulo 12
Já se passaram dois meses que o clima entre Gio e Alexandre havia
mudado. Desde aquela discursão eles dormiam em quartos separados,
trocavam apenas algumas gentilezas diante dos empregados. Além disso,
quando ele tentava se aproximar, Gio ainda muito magoada e sem confiar
mais nele respondia apenas com monossílabas. A sua barriga estava
enorme, pois o tempo passou e já estava com quase oito meses de gravidez,
ainda mais que eram gêmeos.
Ela sentia falta dos carinhos do marido na cama. Mas, não era apenas
falta de fazer amor com ele, gostava também da forma que ele acariciava
sua barriga a noite a sós na cama, saudades de dormir abraçadinhos. Porém,
não daria o braço a torcer, pois ele a traiu duplamente, além de ter um caso
com aquela mulher, talvez tivesse até mesmo assassinado o seu irmão e
ficado negado isso para ela todo esse tempo.
Gio estava na sala de visitas folheando uma revista sobre bebês quando
seu marido chegou do trabalho um pouco mais cedo do que de costume. Ela
até estranhou o horário e se previsse aquilo, teria evitado em ficar ali na sala
como se fosse a espera dele igual era num passado recente. Ele vestia um
elegante terno azul escuro, gravata vermelha e segurava sua pasta de couro
preta.
—Boa noite Gio! Ah! perdão, Giovanna.—ele se lembrou que ela não
desejava mais ser chamada assim por ele.
—Ainda com isso... já lhe disse que não tenho nada com ninguém e
também não cometi nada do que esta pensando durante esse tempo todo....
— Ele falava de forma carinhosa, tentando mexer em seus cachos loiros,
enquanto ela sentada no sofá com braços cruzados e cara emburrada fingia
que ele não estava ali. Enquanto isso ele olhava também para a barriga
redonda dela que o vestido floral de tecido leve realçava mais ainda.
—Gio, não vamos começar com acusações... hoje foi um dia cansativo,
mas também muito especial para mim. Por isso cheguei mais cedo. Quer
saber por quê?
—Tudo bem! Ok! Não quero que se aborreça, ainda mais numa fase tão
avançada da gravidez. Jantaremos juntos hoje a noite?
—Não! Não quero que abra agora no calor da emoção. Quero que após o
jantar abra com calma em seu quarto.
—Da nossa organização você quer dizer. Mas, não! Não é! Então,
prometa que abrirá sim hoje a noite, mas da forma que eu lhe pedi.
—Ok! Agora vou para o escritório examinar alguns papéis até a hora do
jantar. Jantar este, que a senhora não me dará a honra da sua companhia.
—Hum... que delicia... —Ela falou ao abrir a tampa que cobria o prato
em uma bandeja de prata e ver um generoso pedaço de lasanha de frango. A
gravidez a havia deixado cheia de desejos.
Eram oito horas da noite quando Gio pegou o envelope e sentou na cama.
Ao abrir e colocar a mão dentro dele, percebeu que havia uma porção de
folhas, parecia uma espécie de relatório. Então, ela puxou devagar todo o
conteúdo e espalhou em cima da cama. Ela ficou surpresa, quando viu que
além de várias folhas de papel, encadernadas numa espécie de dossiê,
haviam várias fotos. O seu coração acelerou quando viu a primeira das
foto, pegou-a com a mão e apertou contra o peito com os olhos cheios de
lágrimas.
Após essa emoção forte ela enxugou as lágrimas olhou para as outras
fotos que ela havia espalhado na cama. Então, ela ficou surpresa em ver
uma mulher bonita em outra foto, que ela reconheceu como a tal mulher
que ela já havia visto duas vezes com o seu marido. No verso da foto havia
escrito: Allegra Mansini, esposa de Victorio Mansini. Em seguida ela viu
fotos da mulher com um homem mais velho que o tal Victorio seu marido e
outras fotos dela com Lorenzo como se fossem íntimos, algumas até se
beijando.
Gio pegou novamente a foto da mulher, que formava um casal com o
homem mais velho.
Gio estava surpresa e confusa, relembrar Lorenzo que ela nunca esqueceu
de tão recente, ainda mais ver aquela sua rival a quem ela nutria tanto
ciúmes e raiva. Agora ela sabia o seu nome, que também era da alta
sociedade, mas talvez por ser mais velha que ela, nunca se cruzaram em
nenhum evento, loja, coisas do tipo. Dava para ver numa das fotos, tiradas
provavelmente por um detetive no passado, que ela e Lorenzo,
provavelmente também foram amantes.
—Me parece que a tal mulher, possui uma queda por mafiosos! Mas,
onde seu marido entra nesta história? Ele mandou matar meu irmão por
ciúmes?— A jovem pensou confusa.
Então, chegou a vez de Gio pegar o relatório e ler. Ele possuía cerca de
vinte páginas e na primeira leitura, ela o devorou em minutos. Depois
voltou, leu e releu incrédula .
—Meu Deus... então foi isso... A morte de Lorenzo, a tal mulher, o caso
do meu marido...— ela falou surpresa em voz alta com olhos arregalados,
enquanto com as duas mãos segurava o relatório suspenso na altura do
rosto.
Apesar de toda a emoção que aquilo provocou nela, pois mexeu de forma
muito profunda com seus sentimentos e fantasmas do passado, ela sentiu
um alivio enorme no peito ao concluir a leitura do relatório. Leitura que ela
repetiu várias vezes, como se não acreditasse no que estava lendo. Enfim,
ela ainda sentada na cama, jogou o relatório em cima do colchão junto com
as fotos ainda espalhadas.
—Meu marido, o pai dos meus bebês é inocente! Ele sempre esteve
falando a verdade...
Ela falou baixinho enquanto acariciava a barriga e sentia os gêmeos
chutarem forte como se comemorassem algo. Junto a isso veio lágrimas aos
olhos, mas dessa vez não de tristeza, mas de felicidade e emoção.
“ Para que a mulher da minha vida, mãe dos meus filhos, não ache que
o seu marido e pai dos seus filhos tem as mãos manchadas do mesmo
sangue que corre em suas veias. Além de também provar que não sou um
adultero, traidor! Fiz tudo isso por você!”
Te amo, amore mio!
Alessandro.
—Eu pensei em mesmo acreditando em você, não vir. Quero dizer, não
vir assim...— Ela falou baixinho, tímida, se referindo a camisola sexy, mas
caia muito bem numa grávida, e a forma inesperada que ela surgiu na porta.
Ele olhou para ela, puxou devagar as alças da sua camisola, expondo
seus seios enorme a luz aconchegante do abajur e falou enquanto acariciava
sua barriga.
—Pois saiba, que aos meus olhos nunca vi uma mulher tão sexy. Você
está linda amore mio e esta barriga apenas a torna mais bela ainda.
—Claro amore mio... espero que eu com esse meu desejo excessivo por
você não tenha exagerado...
—Não, amor, estou bem! Apenas cansada, já são quase quatro horas da
manhã acho.
—Calma, é por hora marcada, creio que a atendente está vindo ali lhe
preparar para o exame.— Alessandro respondeu paciente.
—Ainda bem. Estou ansiosa para saber o sexo dos nossos bebês!
—Para quem no inicio da gravidez optou por não saber, a senhora está
bem ansiosa viu? —ele falou bem humorado, brincando com a ponta do
nariz afilado dela.
Gio e Alessandro não tinha preferência por sexo dos bebês, mas aquilo os
pegou de surpresa. Ambos se olharam emocionados, ela ainda deitada e ele
sentado ao lado segurando com carinho a sua mão.
—Por favor! Finjam que eu não estou aqui!— a médica do seu jeito
jovial e simpático brincou— Ou melhor, irei sair por alguns minutos e
vocês ficarão a sós.
Assim que a médica saiu, Gio ainda deitada, virou o pescoço para o lado
e eles se beijaram apaixonados, enquanto Alessandro segurava a sua mão
com carinho. Em seguida ele levantou, acariciou a sua barriga e deu vários
beijinhos nela com Gio ainda deitada na maca.
—Sim, foi...— Ela ainda se recordou do ultimo pedido do seu pai ,mas
não achou conveniente falar.
—Então, porque não damos ao nossos filhos os nomes dos nossos pais e
avós deles?
—O nome do meu pai? Mas... certa vez você insinuou que ele matou o
seu...
—Entendo....
—Não, querida! O meu amor por você foi quem transformou meu
coração...
Os dois se olharam novamente e ensaiaram aproximar o rosto para mais
um beijo, mas foram interrompidos pelo retorno da médica ao consultório.
Afinal, ela já havia dado tempo demais para os dois ali sozinhos.
Epilogo
Quinze dias depois...
—Tem certeza de que quer mesmo fazer isso, neste momento? Não
poderia esperar até os nossos bebês nascerem?—No banco traseiro do
veiculo Alessandro perguntou segurando firme a sua mão e a olhando nos
olhos.
—Tudo bem! Então, irei com você.— Ela a beijou na testa e saiu do
veiculo, em seguida contornou o carro e abriu a porta num gesto
cavalheiresco e a ajudou a descer. O Genaro poderia fazer isso, mas ele
preferiu assim.
Gio saiu do carro devagar, estava pesada, já estava entrando nos nove
meses e os bebês já estavam a caminho.
—Lorenzo... desculpe eu não ter vingado a sua morte! Mas não nasci
para matar, nasci para amar...Mas entregarei a justiça dos homens.— Ela
falou enquanto com dedos delicados acariciava sua foto de porcelana no
tumulo.
—Pai, desculpa por ser uma fraca, como o senhor me disse antes de
morrer. Mas me orgulho disso, pois se eu fosse forte teria cometido uma
injustiça e hoje não estaria tão feliz e esperando os seus dois netos. A paz
finalmente foi selada, mas não as custas de traição ou vingança, mas sim
graças ao amor!
—Eu sou a prova viva , pai que a vingança não é quem deixa a alma leve
e lavada, mas sim o amor! Graças a este amor carrego na barriga os
herdeiros que realmente uniu os dois clãs, pois carregam seu nome e o do
pai do Alessandro. Mas desta vez escreverão uma nova história, pois quero
que sejam homens de bem e que não perpetuem a descendência de
mafiosos...
—Vamos para casa querida, você já fez o que o seu coração pedia e eu
estou muito orgulhoso de você!