Artigo Sbre As Dimensoe Psicosociais Na Cura
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Psicologia
RESUMO
PALAVRAS–CHAVE
Cadernos de Graduação - Ciências Biológicas e da Saúde | Maceió | v. 1 | n.3 | p. 35-56 | nov. 2013
36 | ABSTRACT
The following article refers to a field survey on the performance of the health psycholo-
gist on the treatment of people with sickle cell disease (SCD) in the state of Alagoas. It is
a genetic disease, hereditary and chronic in which the person may experience numerous
biological, psychological and social complications. Considering that the care line should
follow a multi-disciplined path, the objectives were formulated to describe, identify, verify
and characterize data that point as actually performed the psychologist health with the
person with SCD in Alagoas. It’s a descriptive study using semi-structured interviews with
psychologists working at the Alagoas State Blood Center and SCD carriers from the age of
11 attended the same institution. The study suggests a closer with intense and complex
problem that involves the psychologist along with that person. Through the obtained re-
sults, it was concluded that the expansion of this practice area and the growing number of
people with SCD in Alagoas lead to the need of scientific improvement of the practices of
the health psychologist about the SCD.
KEYWORDS
1. INTRODUÇÃO
A doença falciforme é uma doença crônica, na qual a pessoa pode apresentar inú-
meras complicações biológicas, psicológicas e sociais. A linha de cuidado à pessoa com DF
deve seguir um viés multidisciplinar onde diversos profissionais, dentre eles o psicólogo,
deverá colaborar com a melhora do bem estar e da qualidade de vida dessa pessoa. No
Brasil a doença falciforme é tida como a doença genética mais frequente no país. Segundo
acervo da Associação de Pessoas com Hemoglobinopatias de Alagoas (2008) existem mais
de 400 pessoas diagnosticadas com doença falciforme em Alagoas, porém, não há relatos
que comprovem se essas pessoas recebem tratamento psicológico, e se recebem não se
sabe como tem sido a atuação dos profissionais junto a essas pessoas.
Esta pesquisa tem como objetivo geral, descrever como é realizado o tratamento
psicológico das pessoas com doença falciforme no estado de Alagoas, inerente a realidade
da Psicologia da Saúde, enquanto práticas desenvolvidas pelos profissionais de psicologia
pertencentes às equipes multidisciplinares. Pretende-se, também, como objetivos espe-
cíficos, identificar junto às pessoas com doença falciforme, a percepção que elas têm em
relação ao tratamento psicológico oferecido por meio das instituições de saúde; verificar se
as atividades desenvolvidas pelos psicólogos das instituições pesquisadas estão atendendo
as necessidades psicossociais vivenciadas pelas pessoas com doença referida e caracterizar
os aspectos psicossociais dessas pessoas.
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Pretende-se, portanto, por meio deste estudo possibilitar a ampliação das discussões | 37
acadêmicas que resultem na atualização de conhecimento acerca do tratamento do pa-
ciente com doença falciforme no campo da psicologia da saúde. Além disso, ao identificar
se existe, e como é realizado o trabalho psicológico junto a essas pessoas, e qual a percep-
ção que elas têm em relação as suas necessidades psicológicas diante da patologia.
Tal fenômeno pode desencadear diversos fatores agravantes à vida desse indivíduo
o que o leva a uma demanda de inúmeras e frequentes intervenções médicas, a fim de
se controlar e prevenir as crises álgicas (crises falciformes). As próprias intervenções tera-
pêuticas favorecem os efeitos indesejáveis. O uso crônico de medicamentos utilizados no
tratamento da dor, decorrente das crises álgicas pode resultar em dependência física, perda
da eficácia analgésica e dependência psicológica (ÂNGULO, 2003, apud PERÁCIO 2008).
4 A hemoglobina é uma proteína presente nas hemácias, constituindo aproximadamente 35% de seu peso. É
um pigmento presente no sangue, responsável por transportar o oxigênio, levando-o dos pulmões aos tecidos
de todo o corpo.
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38 | De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Banco Mundial
citado em Brasil (2009), estima-se que na África nasçam cerca de 268 mil crianças por ano
com doença falciforme, sendo a Nigéria o país líder no ranking com 86.000 mil novos casos
anual. Encontra-se na mesma referência, que dados do Programa Nacional de Triagem Ne-
onatal - PNTN mostram que no Brasil nascem cerca de 3.500 crianças por ano com doença
falciforme ou 1/1.000 nascidos vivos e 200 mil portadores do traço falciforme. A incidência
da doença é maior no estado da Bahia, onde a cada 650 crianças que nascem, uma tem do-
ença falciforme, seguida pelo Rio de Janeiro (1 caso a cada 1.200 nascidos) e Minas Gerais
(1 caso a cada 1.400 nascidos) (BRASIL, 2009).
Observa-se que se trata de uma demanda significativa, e que estas pessoas não de-
vem ficar desassistidas em relação à vulnerabilidade quanto a possíveis complicações psi-
cológicas, dentre elas ansiedade e depressão, isso demonstra a importância da atuação
do profissional da psicologia na equipe multidisciplinar responsável pelo tratamento das
pessoas com a doença. Em Alagoas, por exemplo, o acervo da Associação de Pessoas com
Hemoglobinopatias de Alagoas (2008) informa existirem mais de 400 pessoas diagnostica-
das com doença falciforme nesse estado, sendo 40% residentes na capital e 60% residentes
no interior do estado e sendo 51% do gênero masculino e 49% do gênero feminino.
Anemia crônica ocorre por conta da destruição dos glóbulos vermelhos falcizados;
A icterícia (olhos e pele amarelados) devido à destruição rápida das células, quando
essas células são destruídas é produzido um pigmento chamado bilirrubina que se o fígado
não conseguir eliminar por completo, se deposita na pele e na esclera (branco dos olhos);
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A Dactilite ou síndrome mão-pé, geralmente é o primeiro sinal da doença, consiste | 39
em um edema doloroso localizado no dorso das mãos e pés. A região pode ficar averme-
lhada e quente. A dor é muito intensa e a criança fica extremamente irritada e com dificul-
dade nestas partes do corpo;
Priapismo é a ereção prolongada e dolorosa do pênis sem relação com desejo sexual,
pode ocorrer em episódios breves e recorrentes ou em episódios longos. Ocorre por obs-
trução dos vasos por hemácias afoiçadas, que irrigam este órgão;
Síndrome Torácica Aguda (STA) é um evento caracterizado por dor torácica, febre,
prostração e infiltrados pulmonares ao RX de tórax. Em adultos e crianças, pode ser devida
à infecção pulmonar por bactérias ou vírus ou infarto de costela.
5
Doenças ocasionadas por defeitos numa proteína denominada hemoglobina, presente nas hemácias.
6
Grupo de doenças hereditárias, de distribuição mundial, causada pela deficiência de síntese de uma ou mais
cadeias alfa da hemoglobina.
7
Grupo de doenças hereditárias, de distribuição mundial causada pela deficiência de síntese de uma ou mais
cadeias beta da hemoglobina, sendo mais heterogêneas do que as do tipo alfa.
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40 | 2.2 IMPLICAÇÕES EMOCIONAIS
Não se pode ficar indiferente ao estado emocional das pessoas com esse diagnósti-
co. Em muitos casos percebe-se uma mudança tanto no estilo e qualidade de vida, como
no trabalho e condição social, relacionados aos problemas com que esses pacientes se
defrontam. É importante que esses estejam envolvidos em atividades que lhes tragam se-
gurança, paz, harmonia para o enfrentamento do sofrimento, das incertezas e da angústia.
Ainda, de acordo com Pitaluga (2006, p. 21), o portador da doença falciforme, também,
pode apresentar episódios de ansiedade e depressão, agravando ainda mais seu quadro e
comprometendo sua qualidade de vida. A doença falciforme em si já é bastante difícil de
lidar, associada à depressão, ansiedade e outras implicações emocionais, normalmente,
tornando mais complicada a vida da pessoa.
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interação mútua entre professores, pais e alunos. Com isso a criança é | 41
prejudicada, pois não consegue estabelecer uma relação de confiança
com essas pessoas, as quais poderiam trocar informações acerca do
problema, como: formas de lidar com as intercorrências e da criança
conviver com a doença; Imagem corporal: muitos portadores de
anemia falciforme chegam à adolescência infeliz e sem expectativa
de futuro, por causa de necessidades afetivas e educacionais não
satisfeitas (amor e segurança). Mesmo porque os sinais (abdômen
distendido, icterícia, baixa estatura e baixo peso) prejudicam sua
autoestima; Orientação vocacional: como os portadores de anemia
falciforme terão limitações funcionais ou anatômicas, no futuro, é
importante que tenham melhor escolaridade para que na vida adulta
possam competir no mercado de trabalho, exercendo atividades
profissionais compatíveis com as limitações do problema. (PAIVA,
2007, p. 17 e 18).
Vale ressaltar que os aspectos psicológicos citados por Paiva não ocorrem apenas em
crianças, mas em qualquer fase de desenvolvimento do indivíduo.
No requisito econômico, pode-se ressaltar que de acordo com as aparições das com-
plicações e evoluções do quadro clínico, há possibilidade da redução da renda mensal,
decorrente da incapacidade para a continuidade do trabalho, devido as constantes crises,
diminuição da mobilidade física pelo fato do comprometimento de alguns membros e ór-
gãos do corpo. Nesses aspectos, vale destacar, a importância da família no apoio emocional
e no resgate do equilíbrio da vida financeira.
Outro fator que evidencia as dificuldades financeiras nos portadores da doença falcifor-
me é a baixa ou ausência da escolarização, os poucos que alcançam uma vaga no mercado
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42 | de trabalho, muitas vezes estão em atividades desfavoráveis que demandam grande esforço
físico e, consequentemente, maior consumo de oxigênio, evidenciando as complicações clí-
nicas da patologia.
De acordo com Malta e outros autores (2004, p. ?), “A linha do cuidado parte da pre-
missa da produção da saúde de forma sistêmica, a partir de redes macro e microinstitucio-
nais, em processos dinâmicos, [...] voltada ao fluxo de assistência ao beneficiário, centrada
em seu campo de necessidades”, ou seja, trata-se de linhas de ações integrais de cuidado
dentro de um plano, projeto, programa ou política pública de saúde para todos cidadãos, o
que incluem as pessoas com doença falciforme.
Com essa visão, o ministério da saúde por meio da portaria GM/MS nº 2.048 de 3 de
setembro de 2009, a qual institui no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) as diretrizes
para a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras
Hemoglobinopatias, visam dentre outras atribuições, o atendimento à promoção da ga-
rantia da integralidade da atenção, por intermédio do atendimento realizado por equipe
multidisciplinar a qual é definida, segundo Tonetto e Gomes (2007), por aquela composta
de vários profissionais que atendem a mesma pessoa de maneira independente, objetivan-
do o bem-estar físico, mental e social. Seguindo este contexto o profissional de psicologia
deve fazer parte dessa equipe sendo ele responsável pelo bem-estar mental dessa pessoa.
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3. O PSICÓLOGO DA SAÚDE ATUANDO JUNTO À PESSOA COM DOENÇA FALCI- | 43
FORME
Deve-se considerar que os aspectos biológicos configuram apenas uma das facetas
da doença falciforme e os estudos realizados no Brasil, apresentam poucas referências às
condições psicossociais da pessoa com esta doença, oferecendo escassos subsídios dentro
do saber psicológico que pontuem a importância de considerar tais condições como fato-
res relevantes no tratamento multidisciplinar.
O psicólogo da saúde, ao atuar nesse contexto, deve trazer para o tratamento a histó-
ria de vida e doença da pessoa com tal diagnóstico, para melhor entendê-lo. É fundamental
que na atuação o psicólogo não tenha por foco apenas o diagnóstico, mas sim, sobretudo,
o que a doença representa simbolicamente para cada pessoa com a doença falciforme.
No que diz respeito à Psicologia da Saúde, neste trabalho será utilizada a definição
dada por Matarazzo (1980) que se tornou referência em diversos países; na definição ele
afirma que:
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44 | Já na Psicologia Hospitalar, Castro e Bornholdt (2004) salientam que o psicólogo re-
úne conhecimentos e técnicas para aplicá-los de maneira coordenada e sistemática, visan-
do à melhora da assistência integral do paciente hospitalizado. E como se trata da doença
[crônica] já instalada, ele foca seu trabalho no restabelecimento do estado de saúde do
doente ou, ao menos, ao controle dos sintomas que prejudicam seu bem-estar, priorizando
as ações de saúde através do modelo clínico/assistencialista, deixando em segundo plano
as ações ligadas ao modelo sanitarista.
De acordo com Pitaluga (2006, p. 63) “A doença crônica é tida como uma situação
permanente e limitadora, sendo necessário que o paciente se adapte, pois ocorrem perdas
em vários aspectos tais como: físico, social, emocional, dentre outros.” Seu desenvolvimen-
to é lento e apresentam efeitos de longo prazo, difíceis de prever. A maioria dessas doenças
não tem cura, entretanto, várias delas podem ser prevenidas ou controladas por meio da
detecção precoce e tratamento adequado.
Sabendo-se hoje que a medicina, por meio do modelo biomédico ainda tem o olhar
focado na patologia e não no reestabelecimento da pessoa em todos os seus aspectos,
considerando suas crenças, representações e simbologias, conforme o modelo holístico.
Porém seguindo este novo paradigma a equipe multidisciplinar deve reconhecer e con-
siderar os fatores psicológicos, sociais, espirituais e ambientais das pessoas com doença
falciforme, pois estão articulados aos fatores biológicos. Cada pessoa deve ser analisada e
tratada de forma individual, devido a sua história de vida, por isso, o processo de enfrenta-
mento da doença não é o mesmo para todos, no que se faz necessário o psicólogo como
membro da equipe multidisciplinar atuando junto a cada pessoa.
Por meio da própria definição de Matarazzo sabe-se que é dever do psicólogo da saúde
trabalhar com promoção, manutenção, prevenção e tratamento, sendo necessário um olhar
holístico em relação ao indivíduo com doença crônica, e trazer para o processo de enfrenta-
mento da doença seus direitos, valores, atitudes, crenças e simbologias. Considerando ainda,
este olhar holístico, faz mister compreender o processo sócio histórico dessa pessoa.
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Como afirma Castro, em muitos casos, as limitações e as condições geradas pelas | 45
doenças crônicas exigem da pessoa uma readaptação e uma nova forma de se relacionar
com a vida. Diante desse fato, o psicólogo ao atuar estará facilitando na ressignificação da
sua história, o que poderá implicar na sua qualidade de vida.
Pitaluga (2006, p. 2) salienta que “As doenças crônicas são as principais causas de
incapacidade, a maior razão para a demanda a serviços de saúde e respondem por parte
considerável dos gastos efetuados no setor da saúde.” Viver com essa realidade, em muitos
casos, não é encarado como algo fácil e pode estabelecer barreiras ou até mudar o modo
de ser do paciente, sem falar que as implicações emocionais tendem a ganhar tamanha
força que pode trazer complicações em seu estado patológico.
De acordo com o que já foi exposto nas implicações do diagnóstico, o indivíduo com
doença crônica, geralmente, necessita de tempo para se adaptar a um ritmo de vida dife-
renciado. Apesar de necessária, essa adaptação pode ser encarada de forma negativa, pois
segundo o tipo de patologia a pessoa terá que conviver com algumas perdas, como do
status no relacionamento social, atividades físicas, autoimagem, entre outras. O profissional
da Psicologia da Saúde por meio de sua atuação pode contribuir para uma maior compre-
ensão sobre a doença, bem como auxiliar a pessoa com doença crônica a ter um maior
tempo de vida e com mais qualidade.
Ainda segundo Biagi e Sebastiani (2011), fatores que mobilizam sentimentos e sensa-
ções perturbadoras estão permanentemente presentes junto ao doente crônico, contudo
podem ser compreendidos e neutralizados pela atuação do psicólogo, e esta atuação pode
ser de pronta intervenção, pela sua presença constante e sua formação voltada para a in-
vestigação e análise de quadros comportamentais e situações de risco.
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46 | 4. METODOLOGIA
4.1 SUJEITOS
Como instrumento, nesta pesquisa, foram utilizados dois roteiros de entrevista semi
estruturada, um para pessoas com doença falciforme e o outro para os psicólogos que atu-
am junto a essas pessoas. Os mesmo foram preenchidos pelos pesquisadores e elaborados
a partir do referencial teórico.
4.3 OBJETIVOS
Geral:
Descrever como é realizado o tratamento psicológico das pessoas com doença falci-
forme no estado de Alagoas, inerente a realidade da Psicologia da Saúde, enquanto práticas
desenvolvidas pelos profissionais de psicologia pertencentes às equipes multidisciplinares.
Objetivos Específicos:
• Identificar junto às pessoas com doença falciforme, a percepção que elas têm em
relação ao tratamento psicológico oferecido através das instituições de saúde;
4.4 PROCEDIMENTOS
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• Pessoas com doença falciforme; | 47
• Acima de onze anos de idade, sabendo que esta idade é considerada o início da
adolescência, podendo nesta fase a pessoa responder sem intervenção do seu
cuidador, por ser um dos objetivos identificar a percepção que eles têm em rela-
ção ao tratamento psicológico.
O processo de análise dos dados desta pesquisa ocorreu por meio de categorização
das respostas abertas, tabulação dos dados e cálculos de frequência simples estatísticos
para as questões fechadas.
Informa-se para os devidos fins que esta pesquisa oferece apenas riscos subjetivos,
ou seja, o desconforto de rememorar emoções angustiantes em relação ao sofrimento
psíquico gerado pela patologia. As variáveis que serão pesquisadas neste trabalho estão
descritas anteriormente nos objetivos específicos.
5. RESULTADOS
Os dados apontam que dos psicólogos entrevistados, apenas um foi do sexo mascu-
lino 20% e quatro do sexo feminino 80%. Os anos de formação destes variam de 10 a 32
anos, todos possuem pós-graduação 100%, sendo de linha/referencial teórico diferente.
Vale ressaltar que dentre os entrevistados apenas um é da psicologia da saúde.
Dos cinco profissionais que participaram da pesquisa, o HEMOAL conta com três
atuando na área organizacional, sendo que um deles já atendeu pessoas com DF, e dois
atendem a essa clientela no ambulatório de hematologia. Os gráficos a seguir apresentam
informações que descrevem a práxis dos três profissionais 60% que atendem ou atenderam
pessoas com doença falciforme.
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48 | Obs.: Para melhor compreensão dos resultados, os dados apresentados em todos
os gráficos deste artigo seguem o sentido horário.
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Em relação ao perfil da população atendida, 100% dos profissionais assinalaram todas | 49
as categorias correspondentes: Crianças (0 a 12 anos); Adolescente (13 a 18 anos); Adultos
em geral (acima dos 18 anos); Gestantes; e Familiares.
Ao questionar aos profissionais se eles têm pretensão de atender (ou continuar aten-
dendo) pessoas com DF, 80% afirmou que sim, pois se trata de um grupo que necessita de
atenção psicológica, e além de possuir conhecimento acerca da patologia, pretendem co-
nhecer mais o cotidiano dessas pessoas para promover saúde; 20% responderam que não,
por ter interesse em outra área de atuação.
Hoje a DF, para os profissionais entrevistados, é uma doença que precisa de cuida-
dos, 43%; uma doença crônica que não tem cura, apenas controle, 28%; uma anomalia no
sangue que impede viver com qualidade, 15%; uma hemoglobinopatia que necessita de
atenção psicossocial, 14%. Sendo assim, identificaram como as questões mais frequentes
enfrentadas por pessoas que tem DF e que necessitam serem trabalhadas pela psicologia,
as frustações 40%; autonomia e aceitação 20%; autoestima e autoimagem 20%; e luto dos
cuidadores 20%.
Através dos gráficos abaixo, serão apresentados os resultados obtidos que correspon-
dem aos objetivos específicos. Para identificar junto às pessoas com doença falciforme, a
percepção que elas têm em relação ao tratamento psicológico, foi perguntada quantos fo-
ram atendidos por psicólogos, 56 % afirmaram que sim e 44 % responderam que não foram
atendidos. Os gráficos 07, 08, 09 e 10 descrevem os respectivos resultados.
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A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, percebe-se que a DF e o seu tratamen-
to causam alterações significativas na vida das pessoas diagnosticadas. Essas alterações
estão relacionadas tanto a aspectos psicossociais como físico. Visto que, diante de uma
situação de doença crônica com tratamento complexo, são geradas desordens emocionais
resultantes do processo de adaptação à nova realidade, acentuadas pelo sofrimento com a
sintomatologia da doença e das reações adversas da sua terapêutica.
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52 | da clientela ao tratamento psicológico. Ainda, segundo esses gráficos, pode-se perceber
que apesar dos esforços relatados pelos profissionais na busca de informação a respeito
da doença, observa-se com certa preocupação a falta de estratégias para lidar com a não
adesão ao tratamento.
7. CONCLUSÃO
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de psicologia na equipe multidisciplinar, pois são muitas as demandas que envolvem sua | 53
atuação. Ao atuar ele deve está à disposição da pessoa com doença falciforme, seus fa-
miliares e/ou cuidadores, como, também, à equipe de saúde preparando-a para lidar com
a condição de que o cuidado e tratamento possam não alcançar os efeitos desejados no
sentido de melhora ou regressão dos sintomas, facilitando a comunicação dessa equipe
com o paciente, frisando o entendimento e o respeito de que cada ser humano tem sua
própria identidade.
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54 | REFERÊCIAS
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