Ana Paula Pacheco Moraes Maturana Bianca Callegari Vanessa Schiavon
Ana Paula Pacheco Moraes Maturana Bianca Callegari Vanessa Schiavon
Ana Paula Pacheco Moraes Maturana Bianca Callegari Vanessa Schiavon
CRÔNICA
RESUMO
Os objetivos do presente artigo foram de identificar e analisar a produção científica nacional sobre a
insuficiência renal crônica e a perspectiva da atuação do psicólogo hospitalar. Para tanto, procedeu-
se uma busca nas bases: BVS, Scientific Eletronic Library Online, Google Acadêmico e livros.
Inicialmente não foram encontrados artigos. Assim, recorreu-se a buscas no banco de teses e
dissertações da CAPES a partir dos descritores “psicologia hospitalar” e “doença renal crônica”, onde
foram encontrados 282 registros. Após uma busca avançada foram encontradas seis dissertações e
uma tese. Dos resultados encontrados, foram selecionadas seis dissertações. Os resultados
permitiram uma reflexão sobre o impacto da doença/tratamento. Constatou-se que o psicólogo em
conjunto com equipe multidisciplinar e o apoio familiar são bases para o fortalecimento e
reestruturação do paciente, auxiliando no enfrentamento da doença.
ABSTRACT
The objectives of this paper were to identify and analyze the national scientific research on chronic
renal failure and the prospect of the Health Psychologist. To this end, a search of the bases
proceeded: BVS, Scientific Electronic Library Online, Google Scholar, Books and Bank of CAPES
theses. The descriptors used were: chronic renal failure, hospital psychology, hemodialysis. Initially no
articles were found. The bench CAPES theses were found 282 records, five master theses, an article
and a doctoral dissertation. The results found six master theses were selected. The results allowed a
reflection on the impact of the disease/treatment. It was found that the psychologist together with a
multidisciplinary team and family support are the basis for the strengthening and restructuring of the
patient, assisting in coping the disease.
1
Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -UNESP, Bauru, SP, Brasil.
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Psicóloga pelas Faculdades Integradas de Jaú. Jaú, São Paulo, Brasil.
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com Mathilde Neder, uma das grandes pioneiras que exerceu e expandiu a
reconhecida não somente como saber, mas como prática e meio de produção
profissionais. Ao longo dos anos, tornou-se nítida a evolução que a área obteve,
hospitais.
vulnerabilidade, com notáveis alterações na vida dos envolvidos, fato que justifica e
insuficiência renal crônica (IRC). Esta, por ser uma patologia com altos índices de
merece atenção.
A IRC pode ser compreendida por uma lesão nos rins e uma consequente
Essa patologia não possui uma cura total, porém é possível ser tratada
são essenciais para a melhora e manutenção da saúde do paciente, mas podem ser
alterações se originam, por vezes, das várias perdas sofridas pelo paciente, como a
um processo bastante invasivo, tanto para o paciente quanto para sua família.
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Simone (2011) defende que o paciente renal crônico luta para entender e aceitar sua
O psicólogo que atua no hospital trabalha com o paciente que a todo instante
procura resgatar sua essência, e muitas vezes, busca justificativas para seu estado
crônico, Farias (2012) afirma que cabe a esse profissional buscar entender o que
está envolvido na queixa do paciente com uma visão ampla do caso, auxiliando o
e à equipe de saúde.
valores, crenças e habilidades sociais de cada indivíduo (Bertolin, 2007; Faria &
Seidl, 2005; Madeiro, Machado, Bonfim, Braqueais & Lima, 2010; Nunes, Rios,
Magalhães & Costa, 2013; Ravagnani, Domingos & Miyazaki, 2007; Schwartz et al.,
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processo.
assim, é notável a barreira que esse profissional enfrenta quando em contato com
2005).
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estratégias por parte das equipes de saúde devem ser utilizadas para detectar essas
(Santos & Sebastiani, 1996). No caso da IRC, o desempenho defasado das funções
limitado (Freitas & Cosmo, 2010; Garcia, Souza & Holanda, 2005; Martins &
Cesarino, 2005).
Dessa forma, o indivíduo que recebe a notícia de ser portador de IRC passa
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terapêuticos.
Atendimentos individuais
em sua vida e, por isso, novos hábitos precisam ser adquiridos. O conhecimento
falta dele, são determinantes para que o paciente compreenda o que está
quanto ao tratamento (Nakao, 2013). Vale ressaltar também que a aceitação por
parte do paciente para tais orientações depende, inclusive, de sua história de vida e
cuidado ao paciente renal, visto que com o grande tempo destinado ao tratamento, o
hospital passa a ser um dos principais ambientes do paciente. Nakao (2013) afirma
que não são raros os momentos em que o paciente verbaliza que, mesmo estando
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direcionar a equipe no melhor modo para manejo dos pacientes faz-se essencial,
fosse a única forma de retomar a sua vida anterior (Garcia, 2004). De acordo com
realização de qualquer cirurgia oferece riscos (Garcia, Souza & Holanda, 2005). Isso
Grupos terapêuticos
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Os grupos terapêuticos são utilizados como mais uma estratégia para manejo
De acordo com Rebelo (2007), o papel do terapeuta nos grupos deve facilitar
outros recursos como livros, filmes, jogos, entre outros. Os terapeutas devem se
consciência ao grupo.
sobre a sua doença e o que se passa em seu corpo, bem como oferecer
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aprendizado sobre os melhores meios para se cuidar (Nakao, 2013). De acordo com
2012).
alegrias e frustrações frente ao tratamento, e para que consiga aceitar sua nova
paciente como suporte social, aprendizado sobre a doença, convívio com outros
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operacionais nos ambientes hospitalares (Bechelli & Santos, 2005; Nakao, 2013).
constatou que outros meios eficazes para a saúde e qualidade de vida dos pacientes
juntos, planejem o melhor método para cuidar do paciente (Nakao, 2013). O manejo
Gomes, 2005).
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MATERIAIS E MÉTODO
pacientes com IRC. Para tanto, procedeu-se uma busca de dados em periódicos
partir dos descritores “psicologia hospitalar” e “doença renal crônica”, onde foram
encontrados 282 registros sobre o assunto. A partir de uma busca avançada nos
discussão deste trabalho. Os critérios para a seleção foram: o tema abordado, o ano
renal.
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proposto.
realizadas pesquisas sobre a psicologia hospitalar e seu histórico, bem como meios
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os achados foram classificados por ano para análise da produção atual sobre
publicações, seguida de 2011, com duas. Nos demais anos não foram encontradas
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publicações nos últimos anos. A baixa quantidade de material encontrado pode ser
adaptação dos cuidadores a uma nova rotina. Para isso, faz-se necessário que estes
também tenham um espaço que possibilite criar, recriar e/ou fortalecer mecanismos
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troca de informações entre diferentes áreas do saber são fatores determinantes para
atento à equipe de saúde, que também sofre interferências advindas das perdas da
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vida. Assim, a autora conclui que o conceito de percepção sobre o estado clínico
vida do paciente e é uma dimensão importante a ser avaliada para melhor adesão
ao tratamento.
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pesquisas na área (Freitas, 2011; Simone, 2011; Farias, 2012; Gross, 2012) que
grupos para troca de informações sobre o assunto, bem como partilha de medos,
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Farias, 2012).
relação médico-paciente. Daí vale ressaltar não só a relação entre ambos, como
transcorra de uma forma mais leve. Para a integralidade das áreas de saúde e a
mesmo.
paciente enfrenta suas frustrações. Esses fatores são bases para que o profissional
possa encontrar a melhor forma de trabalhar junto com o paciente suas concepções
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
cirúrgicos, como nos casos de transplante, muitas vezes são fatores decisivos para
passando.
seus cuidadores que muitas vezes não possuem estrutura para enfrentar a situação.
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Esse suporte coloca o psicólogo como profissional capaz de ter a visão do paciente
REFERÊNCIAS
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Fontes.
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Bueno, M. E. N. (2009). As redes de apoio no enfrentamento da doença renal
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