Psiconefrologia 1
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ARTIGO DE REVISÃO
RESUMO
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1. INTRODUÇÃO
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De acordo com Nakao (2013) o paciente que recebe o diagnóstico de DRC, na sua
maioria é tomado por um luto diante a nova realidade estabelecida pelo tratamento,
constituindo uma mudança não somente onerosas, mas com restrições que vão do
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contexto alimentar, ao modelo de vida do sujeito que também está ligada a uma
readaptação de comportamentos existentes. Ainda Nakao (2013), quando usamos o
termo “luto” não estamos apenas referindo a uma morte já antecipada, mas o contexto
de alteração impostas pelas restrições que o paciente terá que habituar-se e como
isso, afeta o seu psiquismo, levando a possíveis surgimentos de sintomas que para o
olhar médico pode não estar relacionado a doenças, como a depressão, ansiedade,
desamparo chegando a evadir-se do tratamento por não aceitar ou compreender, o
que lhe ocorre, tanto no campo biológico, quanto no campo psíquico.
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2. DESENVOLVIMENTO
Afinal o que é a DRC? O termo representado pela sigla doença renal crônica que para
muitos é um termo desconhecido por se tratar de um órgão pouco comentado. Porém,
a maioria das pessoas não tem uma visão tão ampla sobre a função do órgão afetado,
no caso os rins e de sua importância no equilíbrio do corpo humano. De acordo Riella
(2010), às funções exercidas pelos rins encontra-se em manutenção da filtração do
sangue, sustentando, portanto, o equilíbrio de líquido existente no corpo humano, com
isso contribuindo para manutenção e controle hidrelétrico, além de regular a pressão
arterial, eliminando as toxinas do corpo via excreção de metabólitos, assim
como sustentar a homeostase do organismo. Ainda conforme o autor, quanto a
regulação líquida do quantitativo de água existente no corpo humano que vão além
dos minerais e compostos orgânicos, onde a cada sessenta segundos esses órgãos
recebem em torno de 1.200 a 1.500 ml de sangue que são filtrados pelos glomérulos.
Caso esta função excretora pare por completo, a pessoa poderá vir à morte ou ter
sérios danos. É possível perceber que as funções renais estão na remoção de
resíduos e controle hidroelétrico, pressão arterial e metabolismo, além de fazerem
parte do sistema urinário.
De acordo com Bastos (2011), DRC é uma das afecções que mais acomete a
humanidade, ocasionando danos físicos, mentais e pessoais, tal doença é descrita
como uma diminuição das funções renais de modo decrescente, podendo a doença
está ligada a outros fatores como herança genética, diabete, idade, paciente
cardiovasculares ou pode surgir de forma isolada e sem ligações a esses fatores.
No ponto de vista de Douglas (2001), os sintomas começam com uma perda que se
inicia de um modo lento e irreversível, das funções dos rins, proporcionando com
que o corpo não seja capaz de sustentar o equilíbrio, tanto metabólico, quanto
hidroelétrico comprometendo os órgãos. Em consonância ao referido autor,
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Fernandes (2018), aponta que diversas são as causas que comprometem os rins,
alimentação com índice alto de salinidade, comidas industrializadas, precária ingestão
de água, álcool, bebidas ácidas, uso de medicamentos sem controle médico, o que
gera danos aos órgãos que surgem de modo rápido ou lento, porém, em ambos os
casos, as sequelas e danos submetem o sujeito acometido a um sofrimento. Seymen
(2010), também coloca sobre a DRC, constituindo uma lesão na função renal de
quadro irreversível, não expelimento das toxinas urêmicas, provocando danos ao
cérebro, tanto cognitivo como alteração de humor. Silva (2009) ressalta que esses
pacientes em seu perfil geralmente apresentam importantes alterações na estrutura
da fisiologia renal, nos vasos sanguíneos (vascularização) e em fatores cardiológicos,
que caso não sejam corrigidos a tempo ou de modo eficaz, pode acarretar o óbito dos
pacientes, ou severos danos, levando a quadros clínicos como anemias, hipertrofia
ventricular esquerda, síndrome cardiorrenal, calcificação cardiovascular, entre outros
danos.
Para Santos (2017), é possível perceber alguns sinais do avanço da doença que
muitas vezes o paciente ignora antes de procurar ajuda médica, sendo fatores
neurológicos como alteração do humor e tremores, perda gradativa ou acentuada de
peso, dores lombares ao urinar, onde muitas vezes os sintomas ignorados
podem levar o paciente a um tratamento dialítico ou transplante renal. Em relação a
casos de transplante renal, Lucena (2013), aponta que o órgão lesado pode ser
substituído por via cirúrgica, podendo o doador ser vivo ou doador morto, desde que
o órgão possa ser compatível e esteja saudável. Os autores comentam a pluralidade
de problemas orgânicos e até cognitivos diante do contexto renal quando não
diagnosticado a tempo. Sob o exposto, o diagnóstico de DRC é de fundamental
importância, não somente no contexto da prevenção, mas diante do estágio
manifestado da doença, o médico possa avaliar melhor intervenção a ser usada. De
acordo com Bastos (2011), no diagnóstico de DRC, são realizados exames cujo
objetivo é localizar alterações entre os sedimentos urinários e diminuição da filtração
glomerular, sendo avaliado pelo clearance de creatinina, conforme o autor, outros
fatores diagnósticos também são avaliados como: fraqueza musculares, fadiga sem
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motivo aparente, que pode ser correlata a anemia, prurido (coceira ou comichão),
edemas ao corpo, náuseas, vômitos além de azotemia (elevação plasmática),
dispneia progressiva, dor retroesternal (dor torácica não cardiogênica) que pode estar
presente devido à pericardite, nictúria, dor, dormência, câimbras nas pernas,
impotência , perda da libido, irritabilidade fácil e incapacidade de concentração.
Para Macedo (2005) há diferença naquilo que se ouve e aquilo que se escuta, ouvir é
uma condição fisiológica onde o som apenas reverbera e retorna sem um efeito, o
escutar transcende o sensorial, trata-se de perceber a dor e o que realmente o sujeito
que verbaliza deseja dizer. Para o autor, escutar é também observar a realidade
daquele sujeito diante o seu mundo pessoal sem que ele venha a ser julgado pelo que
lhe é acometido biologicamente. No contexto médico, a escuta tem um lugar muito
objetivo no sintoma, enfermidade e a solução. As causas que levaram neste tripé,
muitas vezes, demonstram anulação da subjetividade do sujeito que fala e do que
escuta o diagnóstico.
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No que diz respeito à DRC, existe uma pluralidade no modo de comunicação, pois,
não se trata de uma enfermidade que escolhe classe social ou regionalidade, ao
buscar o médico, o paciente deseja também ser amparado sobre a sua problemática.
Diante do exposto, Gobbi (2008), coloca a seguinte assertiva que pode se notar um
discurso frio e não empático, diante da percepção do paciente perante o modo como
a fala médica será compreendida por ele. No contexto apresentando, muitos médicos
entendem que nem sempre sua fala pode ser vista como acolhedora ou empática. A
objetividade está no diagnóstico sendo um processo sem subterfúgios, o viés do
atendimento será o corpo biológico.
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Alves (1993) comenta que o sofrimento que o sujeito carrega possui uma dimensão
atemporal, isso mostra que o quadro DRC também pode eclodir outros traumas já
guardados desse sujeito. Na visão de Goffman (2001), mesmo que o médico perceba
que na fala do paciente o desejo esteja entrelaçado a um pedido de amparo, existe
uma barreira entre o sujeito da doença, seu mundo externo e interno. A medicina cuida
do corpo dando conta da doença, não amparando a subjetividade e o mundo interno
(psíquico) ou como o paciente percebe junto à família o processo do adoecimento e
desamparo. Segundo Schwartz (2009), nestes pacientes, psiquismo e subjetividade
andam juntos e se não forem amparados poderá causar danos como a fuga do
tratamento, eclosão de outras doenças como ansiedade, depressão ou processos
psicossomáticos, abandono por parte da família, violência e agressões. Na visão dos
autores o paciente não é somente um número de um leito de cama ou a numeração
de uma máquina de diálise.
Conforme Luiz (2010) quando se fala em sofrimento, ouvir e escutar tanto o biológico,
quanto o psíquico, temos a ideia clara do papel do psicólogo, para muitos, tal
profissional é visto somente no campo da clínica. O fato é que além da pluralidade
das áreas de atuação a psicologia trabalha e alcança todos os tipos de demandas,
inclusive as de DRC. No trabalho realizado em unidades de hemodiálise ou
hospitalares, o psicólogo irá não apenas promover uma integração ao paciente,
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tratamento e família, mas, dará voz a fala e interpretação do não dito e do sofrimento
que muitas vezes parece ser incapaz de alguém entender.
Mesmo que a Psicologia no âmbito hospitalar seja algo novo no Brasil, seu percurso
já se fazia presente antes mesmo da regularização da profissão em meados dos anos
50, mas, somente em 1962 a profissão foi oficialmente regularizada, conforme Silva
(2006), o papel do psicólogo no âmbito hospitalar estava vinculado primeiramente ao
tratamento de crianças em situações de pré e pós-operatórios no processo de
cirurgias de coluna, assim como atender os familiares das mesmas, tal procedimento
começou pela psicóloga Mathilde Neder.
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o que vem do orgânico e não somente o orgânico na fala desses pacientes. No que
se refere às várias áreas de atuação, temos a psiconefrologia, que atua no contexto
da psicologia da saúde/hospitalar.
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ele é um sinal de algo que muitas vezes o paciente não consegue elaborar em sua
fala.
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Para Simone (2011) Um dos pontos que podemos dizer que auxilia no tratamento e
equilíbrio do paciente, é o amparo, onde o paciente consegue ver que o terapeuta tem
conhecimento da doença e habilidade empática, pois, no que se refere ao tratamento
da DRC, esse paciente e seus familiares passam por diversos profissionais e
especialidades médicas. No entanto, cabe ao psicólogo trazer a explicação e
orientação de modo que se equilibre o estado emocional dos pacientes e seus
familiares, assim como demonstrar que eles não estão desamparados. Por outro lado,
pode-se destacar no processo da aceitação e ressignificação da condição que o
psicólogo seja capaz de atender as demandas dos pacientes, referentes à religião,
cultura e família.
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A possibilidade de fazer com que o paciente não se sinta isolado ou afastado de seus
laços, dá sensação também de segurança e reorganização psíquica. Neste ponto
cabe ao psicólogo trabalhar o respeito com a equipe multiprofissional e com a direção
do hospital, que a ciência respeita e não desqualifica cultura, crenças religiosas e que
tudo é válido para que o paciente e seus familiares se sintam próximos de suas
origens, já que os processos que envolvem a DRC, muitas vezes fazem com que
esses pacientes e acompanhantes fiquem mais tempo em hospitais ou clinicas de
hemodiálise (PASCOAL, M. et al, 2009, p. 26)
Neste contexto Mendes (2009), comenta que o psicólogo que atua na nefrologia irá
trabalhar três linhas: paciente, familiares e a equipe de saúde. Desta forma,
elaborando os medos, fantasias e enfrentamentos que perpassam por todos. Pois,
independente de quem atenda, o profissional de saúde nem sempre sabe lidar com
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Ainda para Afonso (2013), é possível perceber que o papel do psicólogo nessa linha
de atuação é de fundamental importância a essas pessoas, onde escutar e acolher
subjetividades distintas é também proporcionar o resgate da subjetividade no próprio
ambiente hospitalar ou de instituições clínicas com ênfase a tratamento renal, em meio
a contextos burocráticos e técnicos, os pacientes e familiares se encontram também
em um processo de desamparo. Além disso, o processo de escuta vai demandar do
profissional e não apenas o contexto da empatia, mas propiciar aos pacientes melhor
compreensão do que é dito, tendo em vista que toda fala é uma demanda de algo, ou
seja, a voz interna do psicólogo foca nos processos trazidos pelos pacientes, no qual
todos os contextos verbais ao não verbal, serão observados e acolhidos.
3. CONCLUSÃO
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pacientes e familiares. Com isso, pode-se dizer que saber escutar é fundamental.
Escutar o sofrimento é proporcionar ao paciente e família, formas de resinificar a
própria dor. Por isso, o processo subjetivo tem ação tão ativa, quanto o processo
biológico afetando ainda mais os pacientes que se deparam com a dor do
adoecimento.
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REFERÊNCIAS
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HELMAN, C. G. Dor e cultura. Cultura, saúde e doença, v.4, Porto Alegre: Artmed,
p. 170-179, 2003.
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
56872010000200009&lng=pt&nrm=iso >. Acesso em:08/03/21
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https://www.scielo.br/j/jbn/a/Dbk8Rk5kFYCSZGJv3FPpxWC/?lang=en> Acesso em
05/03/21
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