Palestra Mãe Carmem Holanda Religiosidade
Palestra Mãe Carmem Holanda Religiosidade
Palestra Mãe Carmem Holanda Religiosidade
Neste rito simbólico, nos lugares de culto é onde louvamos os nossos orixás.
É nos templos de adoração, onde comungamos e nos conectamos aos orixás, através não só de
celebrações, mas também no nosso dia-a-dia, na nossa maneira de vestir, de comer, de se
comportar. Acentua que foi o guerreiro Ogum quem trouxe os metais, esta ciência foi
desenvolvida pelos negros, assim como o cultivo a água potável, bem como as contribuições
relativas à culinária, dança, ritual de tambores, todas tem uma matriz e uma etiologia africana.
Nesse âmbito, faz uma indagação para reflexão: Quem de nós não têm um
pezinho na África, na senzala? Todos temos, o Brasil é uma mistura de raças, de sangue, mas
mesmo assim o preconceito ainda impera, muito pelo posicionamento do branco, com sua
suposta superioridade, com provocações, gozações e discriminação nos lares, nas ruas, nas
instituições, enfim, em todos os lugares, especialmente com a forma de nos vestir, com nossos
rituais, sobre a utilização de colares, turbantes e outros acessórios.
Todas as religiões cultuam seus Deuses, mas Deus mesmo só existe um.
Sobre este aspecto, importa dizer que no Candomblé rezamos para Iemanjá, a louvamos
quando estamos em desequilíbrio. Para nós, Oxum, é o grande útero da vida, responsável pela
gestação, pelo poder da vida e também pelo poder da morte através da mulher, que está
contida no elemento água. Enfatiza que Oxum é a grande mãe da vida.
De outro lado, quando se fala do elemento ar, estamos a falar de vida. Eni é
o ar que respiramos, não podemos viver sem ar, sem este elemento. O vento é o elemento que
nos acaricia, nos abraça. Oxalá é o senhor do ar. Nesse âmbito, todas as sextas feiras quem
cultua este elemento veste branco, não bebe neste dia, não faz sexo. O senhor do Alá é branco,
que dá paz ao nosso espírito, que dá paz ao nosso interior, paz para a nossa cabeça (Oxalá). É
ele que trás respeito à vida, que é contra a violência. E é a ele que pedimos então saúde e paz
não só para nossos corpos mas também para toda a nossa humanidade. Para exemplificar
como se realiza esta adoração, faz uma reza a Oxalá, em uma espécie de canto para este
senhor das festas brancas cubra a todos com saúde e proteção.
Após incitada a falar sobre como surgiu o Candomblé em sua vida, explicou
que isso ocorreu quando ainda morava na Rua em São Paulo. Foi em um momento muito
delicado e que mais precisava, pois alguém a salvou de suicídio e a apresentou a esta cultura.
Perguntada sobre as oferendas e objetos postos nela, demonstra contrariedade com estas
espécies de manifestações, que já não cabem hoje, pelo menos da maneira como são
realizadas. Disse que elas são necessárias, mas devem ser feitas de forma diferente, com
maior respeito pela natureza, que pede socorro. Defende que os despachos ao ar livre sejam
feitos apenas com flores, frutas e outras coisas naturais, sem utilização de velas, bicho morto,
garrafas, coisas que são poluidoras. A respeito do nome “Magia Negra” não concorda que
neste tipo de engajamento, celebração ou ritual, seja utilizado esta denominação, pois é
pejorativa e discriminatória. Explica que não foram os negros que estabeleceram e/ou criaram
esta seita. Não se pode utilizar destes nomes “Umbanda Branca” e “Umbanda Negra”. Não é
necessário falar que é branca ou preta. Deveria se falar, portanto, em Umbanda “Direita” e
Umbanda “Esquerda”, ou seja, Umbanda que faz o bem e Umbanda que faz o mal. A direita é
composta pelos pretos velhos, ciganos, caboclos, os originários da terras, os que fazem e
defendem o bem. A esquerda é feita com a pomba gira, o povo da rua, está ligada a
Quimbanda, ao mal.