XX - Fontes de Direito

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Fontes de direito

ISCAL - Antónia Pereira 1


O tema Fontes de Direito responde às seguintes questões:

1. Como surge o direito?

2. Onde se encontram previstas as normas jurídicas?

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• Fontes do Direito, são todas as que se encontram abaixo enunciadas?

• I - Lei
• II - Costume (?)
• III - Usos (?)
• IV - Jurisprudência
• V - Assentos (?)
• VI - Equidade
• VII - Doutrina

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Origem e manifestação do direito.

Código Civil
Artigo 1.º
(Fontes imediatas)

• 1. São fontes imediatas do direito as leis (e os costumes) e as normas


corporativas.

• 2. Consideram-se leis todas as disposições genéricas provindas dos órgãos


estaduais competentes; são normas corporativas as regras ditadas pelos
organismos representativos das diferentes categorias morais, culturais,
económicas ou profissionais, no domínio das suas atribuições, bem como os
respectivos estatutos e regulamentos internos.

• 3. As normas corporativas não podem contrariar as disposições legais de carácter


imperativo.
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• Fontes imediatas
• I – LEI

• A lei, de acordo com o Código Civil português é a fonte de direito por


excelência, admitindo-se o recurso ao costume para preencher as
lacunas da lei.

• A jurisprudência, os princípios e a doutrina não são fontes imediatas


de direito.

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• Chama-se lei à norma jurídica decidida e imposta por uma autoridade
com poder para o fazer.

• Este conceito de lei é empregue no artigo 1º na sua acepção mais


lata, como toda a disposição genérica e imperativa emanada de um
órgão estadual competente.

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• A lei é uma forma de criação voluntária, também conhecida como
fonte imediata. É um modo de formação, fonte directa, cria direito
(normas jurídicas).

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• Lei, no sentido do artº 1º do CC, abrange:

• - Constituição da República Portuguesa


• - Direito internacional geral e convencional
• - Tratados
• - Lei - D.L.
• - Decretos das Regiões autónomas
• - Dec. Regulamentares
• - Dec. Regulamentares Regionais
• - resoluções do conselho de ministros
• - portarias e despachos normativos
• - Regulamentos autárquicos
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II – Costume (Normas consuetudinárias)

O que é o costume?

• É a prática reiterada e sistemática de um determinado


comportamento, socialmente aceite, acompanhado da convicção da
sua obrigatoriedade.

• O costume é considerado a regra não escrita, que se forma por esta


repetição reiterada de um comportamento, e pela convicção geral de
que tal é obrigatório e necessário.

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• Elementos do Costume:

a) Corpus: Prática reiterada e sistemática de um determinado


comportamento, socialmente aceite;

b) Animus: convicção da sua obrigatoriedade.

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• O costume foi a mais importante fonte de direito na antiguidade .

• Os magistrados nas relações entre cidadãos romanos e estrangeiros ,


ou entre estrangeiros, na impossibilidade de aplicar ius a essas
situações, procuravam decidir de acordo com as normas invocadas
pelos interessados. E assim ficou criado o ius gentium.

• Atualmente o costume não é fonte de direito imediata, a não ser que


a lei expressamente remeter para o costume (e por essa via legitimar
a aplicação do mesmo).

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• Atualmente o costume não é fonte de direito imediata, a não ser que a lei
expressamente remeter para o costume (e por essa via legitimar a
aplicação do mesmo).

• Algumas situações de remissão para o costume:


• Artigo 271.º (Condições ilícitas ou impossíveis)
• Artigo 280.º (Requisitos do objecto negocial)
• Artigo 281.º (Fim contrário à lei ou à ordem pública, ou ofensivo dos bons
costumes)
• Artigo 334.º (Abuso do direito)
• Artigo 1422.º (Limitações ao exercício dos direitos) (condóminos)

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III – Usos

O que são os Usos?

Fonte do direito que abrange apenas o elemento corpus do Costume.

Prática reiterada e sistemática de um determinado comportamento,


socialmente aceite.

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• Os usos só são aplicáveis quando não forem contrários à lei.
Exemplos: usos do comércio, usos da profissão, usos da terra

Algumas remissões para os Usos referidas no CC


• Artigo 1039.º (Tempo e lugar do pagamento)
• Artigo 1128.º (Regime subsidiário)
• Artigo 1323.º (Animais e coisas móveis perdidas)
• Artigo 1422.º (Limitações ao exercício dos direitos) (condóminos)
• Artigo 1682.º (Alienação ou oneração de móveis)
• Artigo 2326.º (Disposição supletiva)

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• Fontes mediatas do Direito:

• - Jurisprudência
• - Assentos (?)
• - Equidade
• - Doutrina

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IV- Jurisprudência

O que é a jurisprudência?

Conjunto de decisões emanados pelos tribunais constituem a fonte de


direito denominada por jurisprudência, assim:

Jurisprudência é entendida como o conjunto de interpretações das


normas de direito proferidas pelo poder judicial.

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• O tribunal, ao julgar o caso concreto que lhe foi submetido, através da
aplicação da lei faz jurisprudência.

• Na nossa ordem jurídica as decisões dos tribunais só têm força


vinculativa nos limites do “caso julgado”.

• A jurisprudência só poderá designar-se como facto normativo, se criar


norma (direito novo), com força obrigatória geral.

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• Artigo 152.º
Dever de administrar justiça - Conceito de sentença

• 1 - Os juízes têm o dever de administrar justiça, proferindo despacho ou sentença


sobre as matérias pendentes e cumprindo, nos termos da lei, as decisões dos
tribunais superiores.

2 - Diz-se «sentença» o ato pelo qual o juiz decide a causa principal ou algum
incidente que apresente a estrutura de uma causa.

3 - As decisões dos tribunais colegiais têm a denominação de acórdãos.

4 - Os despachos de mero expediente destinam-se a prover ao andamento
regular do processo, sem interferir no conflito de interesses entre as partes;
consideram-se proferidos no uso legal de um poder discricionário os despachos
que decidam matérias confiadas ao prudente arbítrio do julgador

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• Artigo 205.º
(Decisões dos tribunais)

• 1. As decisões dos tribunais que não sejam de mero expediente são


fundamentadas na forma prevista na lei.

• 2. As decisões dos tribunais são obrigatórias para todas as entidades


públicas e privadas e prevalecem sobre as de quaisquer outras
autoridades.

• 3. A lei regula os termos da execução das decisões dos tribunais


relativamente a qualquer autoridade e determina as sanções a aplicar
aos responsáveis pela sua inexecução.
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• Artigo 154.º (CPC)
Dever de fundamentar a decisão

• 1 - As decisões proferidas sobre qualquer pedido controvertido ou


sobre alguma dúvida suscitada no processo são sempre
fundamentadas.

2 - A justificação não pode consistir na simples adesão aos
fundamentos alegados no requerimento ou na oposição, salvo
quando, tratando-se de despacho interlocutório, a contraparte não
tenha apresentado oposição ao pedido e o caso seja de manifesta
simplicidade.

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• Espécies de decisões finais:

• a) Tribunal singular – sentença


• b)Tribunal colectivo – acórdão

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• Hierarquia dos Tribunais Judiciais

• Supremo Tribunal de Justiça

• Tribunais da Relação

• Tribunais de 1.ª Instância

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• Artigo 688.º (art.º 763.º CPC 1961)
Fundamento do recurso

• 1 – As partes podem interpor recurso para o pleno das secções cíveis


quando o Supremo Tribunal de Justiça proferir acórdão que esteja em
contradição com outro anteriormente proferido pelo mesmo tribunal, no
domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de
direito.

• 2 - Como fundamento do recurso só pode invocar-se acórdão anterior com


trânsito em julgado, presumindo-se o trânsito.

• 3 - O recurso não é admitido se a orientação perfilhada no acórdão


recorrido estiver de acordo com jurisprudência uniformizada do Supremo
Tribunal de Justiça

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V - Assentos

• Quando dois ou mais Acórdãos de um tribunal da Relação se


encontravam em desconformidade, sobre uma determinada matéria,
o S.T.J proferia uma decisão que uniformizava essas decisões
(Acordãos) da Relação.

• Considerava-se que essa decisão de uniformização (designada


Assento) era fonte de direito imediata.

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• No entanto, posteriormente considerou-se que a qualificação como
fonte de direito imediata seria uma ofensa ao principio da separação
de poderes.

• Assim, os atuais acórdãos uniformizadores de jurisprudência


(Assentos), apesar de não consubstanciarem fonte imediata de
direito, assumem uma acentuada preponderância no meio jurídico.

• Por isso, hoje, constituem apenas uma fonte mediata de direito

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• Entendem-se aqui as decisões ou pareceres dos jurisconsultos em
que desenvolvem, em bases científicas ou doutrinárias, as suas
concepções sobre a interpretação ou integração do direito.

• Não criam direito, mas é uma forma de revelação mediata.

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• Isto não significa que o valor das opiniões dos estudiosos do direito
não tenha força jurídica.

• Tem-na, nomeadamente, quando o parecer do jurisconsulto levar ao


tribunal a convicção da verificação e existência de certa norma
jurídica.

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VI - A Equidade

• Equidade deriva da palavra latina de equi, que significa igual:

• Equidistante – à mesma distância


• Equivalente - tem o mesmo valor

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• É um critério que recorre a um juízo moral de forma a encontrar uma
decisão justa e equilibrada para ambas as partes.

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• Exemplos de normas de remetem para juízos de equidade:

• Artº 72º (Direito ao bom nome)


• Artigo 283.º (Modificação dos negócios usurários)
• Artigo 400.º (Determinação da prestação)
• Artigo 437.º (Condições de admissibilidade)
• Artigo 489.º (Indemnização por pessoa não imputável)
• Artigo 812.º (Redução equitativa da cláusula penal)
• Artigo 883.º (Determinação do preço)
• Artigo 992.º (Distribuição dos lucros e das perdas)
• Artigo 993.º (Divisão deferida a terceiro)
• Artigo 1158.º (Gratuidade ou onerosidade do mandato)
• Artigo 1407.º (Administração da coisa)
• Artigo 1675.º (Dever de assistência)
• Artigo 1707.º-A (Regime da renúncia à condição de herdeiro)
• Artigo 2016.º (Divórcio e separação judicial de pessoas e bens)

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Código Civil
Artigo 4.º
(Valor da equidade)

Os tribunais só podem resolver segundo a equidade:

a) Quando haja disposição legal que o permita;

b) Quando haja acordo das partes e a relação jurídica não seja


indisponível;

c) Quando as partes tenham previamente convencionado o recurso à


equidade, nos termos aplicáveis à cláusula compromissória.

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• Exemplo de aplicação da equidade

• Código Civil
• Artigo 566.º
(Indemnização em dinheiro)
• 1. A indemnização é fixada em dinheiro, sempre que a reconstituição
natural não seja possível, não repare integralmente os danos ou seja
excessivamente onerosa para o devedor.

2. Sem prejuízo do preceituado noutras disposições, a indemnização em
dinheiro tem como medida a diferença entre a situação patrimonial do
lesado, na data mais recente que puder ser atendida pelo tribunal, e a que
teria nessa data se não existissem danos.

3. Se não puder ser averiguado o valor exacto dos danos, o tribunal julgará
equitativamente dentro dos limites que tiver por provados.

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• VII- Doutrina

• Resultado da actividade dos juristas que se dedicam ao estudo e


análise do direito.

• Não constitui fonte imediata de direito, assumindo sim um papel


fulcral na fase de preparação, estudo, criação e interpretação das
normas jurídicas.

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Muito obrigada

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