Fontes Do Direito - 1s18

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL – PUCRS.


ESCOLA DE DIREITO
DISCIPLINA: Teoria Geral do Direito
PROFESSOR: Elias Grossmann

1.FONTES DO DIREITO

Fonte do Direito é todo modo de formação do Direito, todo documento, momento, pessoas, órgão ou fato
donde provém a norma jurídica. (CRETELLA JR.)

São os “(...) modos de expressar as regras da vida em comum que se denominam tecnicamente ‘fontes de
direito’ ou ‘formas de expressão do direito’. (MONTORO)

A teoria das fontes...


“(...) relaciona-se, primordialmente, com o problema da identificação do que seja direito no contexto da
sociedade moderna.” (FERRAZ JÚNIOR)
Por meio da teoria das fontes “(...) torna-se possível regular o aparecimento contínuo e plural de normas de
comportamento sem perder de vista a segurança e a certeza das relações. (FERRAZ JÚNIOR,)
Busca-se coerência e racionalização.

Fontes materiais
Fontes formais

2.FONTES MATERIAIS
Não são prescrições, mas contribuem para a formação do direito.
São os elementos e fatores que determinam o conteúdo das normas jurídicas.
E.g.:
- Realidade Social
- Valores que o direito procura realizar
- Ideais de Justiça
Obs.: a identificação das fontes materiais do direito é particularmente controvertida. (DIMOULIS)

3.FONTES FORMAIS
São as formas pelas quais as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se conhecidas.

E.g.:
A legislação
O costume
A jurisprudência
A doutrina
A analogia

A LEGISLAÇÃO
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; (Art, 5°, II, CF)
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O COSTUME
É a norma jurídica que resulta de uma prática geral constante e prolongada, observada com a convicção de
que é juridicamente obrigatória.
Dois elementos essenciais:
I – o uso reiterado no tempo;
II – opinio juris – a convicção da obrigatoriedade

Não se confunde com as regras de trato social.


“Um costume, por exemplo, não se promulga: ele cria-se, forma-se, impõe-se sem que nesse processo
possamos localizar um ato sancionador. Por tal razão, o costume, nos direitos positivados de nossos dias,
tem como fonte, uma importância menor que teve no passado.” (FERRAZ JÚNIOR)
O costume tem de ser provado por quem o alega. (►art.337 CPC: A parte, que alegar direito
municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o
determinar o juiz.)
O costume obriga quando há um sentimento geral de obrigatoriedade. Uma das principais
barreiras ao costume é justamente a dificuldade de se identificar a prática reiterada,
dependendo do caso concreto, o que traria incerteza e insegurança. Porém, o costume possui
a grande vantagem de assimilar perfeitamente as necessidades sociais, algo que nem sempre o
legislador logra conseguir. O costume tem sua razão de ser justamente em sua espontaneidade
brotada da sociedade, o que não ocorre comumente na lei. É fato que as sociedades atuais,
convivendo sob Estados fortemente organizados e hierarquizados, relegam pouca margem
criativa para os costumes. (VENOSA)

A JURISPRUDÊNCIA
Conjunto uniforme e constante de decisões judiciais sobre casos semelhantes.
E.g.: Aplicação do Código de Defesa do Consumidor em contratos bancários.
A lei não diz expressamente que o CDC se aplica às relações bancárias, porém, os Tribunais Superiores (STJ,
STF, TRF, TJ, TST) firmaram entendimento neste sentido.

Em Sentido amplo – Coletânea de decisões proferidas por juízes e tribunais sobre determinada matéria,
fenômenos ou instituto jurídico, podendo, dessa forma, agasalhar decisões contraditórias.
Em Sentido estrito – Conjunto de decisões uniforme, i.e., no mesmo sentido, acerca de determinada questão.

A DOUTRINA
É o estudo de caráter científico que os juristas realizam sobre o direito, seja com finalidade puramente
especulativa, seja com finalidade prática de interpretar as normas jurídicas.
➢ Communis opinio doctorum (posições doutrinárias dominantes)
➢ Base de orientação para o direito.
➢ Confere certa uniformidade a conceitos vagos e ambíguos. E.g.: mulher honesta, justa causa, trabalho
noturno, ruído excessivo.

OS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO


“Princípios são, pois, verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a
um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos a dada porção da realidade. (...)”
Miguel Reale
São verdadeiros juízos de valor, não em abstrato, mas em relação ao que ocorre na prática.
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E.g.:
• Ninguém pode transferir mais direitos do que possui.
• Ninguém deve ser condenado sem ser ouvido.
Alguns princípios constitucionais:
▪ Dignidade da pessoa humana (art. 1,III)
▪ Justa indenização (art. 5, XXIV, e art. 184)
▪ Igualdade de todos perante a lei (art. 5)
▪ Ditames da justiça social (art.170)
Art. 4º. LINDB → Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 126 do CPC → O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.
No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos
costumes e aos princípios gerais de direito.

A ANALOGIA
“A analogia é um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipótese não-prevista pelo legislador, a
solução por ele apresentada para um outro caso fundamentalmente semelhante à não prevista”. (NADER,
Paulo)
“Não é, propriamente, fonte do direito, mas instrumento técnico de que se vale o juiz para suprir a
lacuna.” (FERRAZ JÚNIOR)

A EQUIDADE
É a justiça particular, adequada ao caso concreto, que se distancia dos critérios gerais e rígidos da legalidade.
“A solução de litígios por equidade é a que se obtém pela consideração harmônica das circunstancias
concretas, do que pode resultar um ajuste da norma à especificidade da situação a fim de que a solução seja
justa.” (FERRAZ JÚNIOR)

Art. 140 CPC/2015 – O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

Art. 108. Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional) – Na ausência de disposição expressa, a autoridade
competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:

IV - a equidade; ()

Ver também: Art. 723 e 173 CPC/2015.


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A LEGISLAÇÃO
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS/LEIS JURÍDICAS

➢ Quanto à hierarquia
Vide:
→ http://www4.planalto.gov.br/legislacao/portal-legis/legislacao-1/legislacao-1
→ http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-redacao-da-presidencia-da-
republica/manual-de-redacao.pdf
→ https://www.al.sp.gov.br/StaticFile/ilp/cursodeprocessolegislativoespecieslegislativas.html
→ Art. 59. CF/88

1.Leis Constitucionais
2. Leis Complementares
3. Leis Ordinárias
4. Normas Inferiores ou Marginalias

➢ Quanto à obrigatoriedade
1.Normas Imperativas
a) imperativas stricto sensu - ►Art. 1.641 CC/02 - É obrigatório o regime da separação dos bens no
casamento:

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;

b) proibitivas
►Art. 27 Código Florestal – É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.

2.Normas Dispositivas
a) permissivas - ►Art. 1.639 CC/02 – É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular,
quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.
b) supletivas - ►Art. 1.640 CC/02 – Não havendo convenção, ou sendo ela nula e ineficaz, vigorará, quanto
aos bens entre os cônjuges, o regime de comunhão parcial.

➢ Quanto à sanção
1.Leis Perfeitas (lex perfecta) – A sanção consiste na nulidade automática ou na possibilidade de anulação
do ato.
►Art. 1.653. CC/02 - É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe
seguir o casamento.

2.Leis Imperfeitas (lex imperfecta) – Normas não dotadas de sanção.


►Art. 5° , XIII – CF/88 - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
►Art. 611.CPC/15- O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a
contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar
esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte.

3.Leis mais que perfeitas (lex maius quam perfecta) – São as normas cuja violação dá margem a duas
sanções:
(1) A nulidade do ato praticado, com possibilidade de restabelecimento da situação anterior -
e, ainda, (2) a imposição de uma pena ou castigo.
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►Art. 1.521. CC/02 - Não podem casar: (...).


►Art. 1.548. CC/02 – É nulo o casamento contraído: II – (...).
►Art. 235 Código Penal – Pena (…).

➢ Quanto a sua aplicabilidade


1.normas autoaplicáveis - Apresentam todos os requisitos necessários para a sua vigência imediata.
Art. 37, III CF/88 - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por
igual período;

2. normas dependentes de complementação - Exigem a criação de uma nova lei.


Art. 5º, XIII, da CF/88 - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer
Art. 14 CF/88 –. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

(...)

§ 9º. Lei Complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação.
►► LEI COMPLEMENTAR Nº 64, DE 18 DE MAIO DE 1990 – Estabelece, de acordo com o artigo 14, § 9º,
da Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências.

➢ Quanto à esfera do Poder Público de que emanam


1.Federais
2. Estaduais
3. Municipais

➢ Quanto à sistematização
1.Leis esparsas;
2. Códigos;
3. Consolidações.

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