Fernando Pessoa. Ortonimo
Fernando Pessoa. Ortonimo
Fernando Pessoa. Ortonimo
Características do modernismo:
Os traços que definem modernismo são contraditórios. O modernismo está ligado à
modernidade, essa que, está ancorada na vida urbana e na experiência do efémero e do
anónimo, tem tudo a ver com a moda, quer no sentido simbólico quer no sentido literal. A
moda como mutação, a novidade dos modelos, a inovação necessária a cada estação, cada
temporada.
O modernismo é uma corrente do século XX:
Vontade de experimentação
Alteração ou instabilização das obras de arte
Primeiro manifesto do futurismo
Instituição do Surrealismo
Biografia:
Fernando Pessoa nasceu a 13/06/1888 em Lisboa. Estou em África do Sul em Durban numa
educação inglesa o que o tornou num poeta bilingue. Instalou-se em Lisboa em 1905.
Na sua vivência estão situadas ações relacionadas com o “falhanço”:
Queda da monarquia
Implantação da república
Ditadura do Estado novo
Desencadeou para que o panorama cultural fosse estagnado e sente que é o seu dever
empenhar-se na reabilitação das letras portuguesas, passando a escrever exclusivamente em
português (1908). Estreia-se neste mundo das letras com uma série de artigos intitulados
“Nova poesia portuguesa” (1912), conhece Sá Carneiro, uma personagem importante para o
modernismo.
Em 1914 escreve “chuva oblíqua”, um conjunto de 6 poemas que constituem o marco
importante do modernismo, este conjunto de poemas mostra uma aproximação da poesia ao
cubismo (cruzamento entre sonho e realidade), uma forma de arte que pretende eliminar
toda a objetividade das emoções e movimentos tendo apenas o foco de transmitir a
objetividade da realidade. 1915 com Mário de Sá Carneiro e outros escritores lançam os
dois únicos números da revista Orpheu que inaugura o modernismo em Portugal. Entre
1929 e 32 publica a obra “O livro do desassossego”, “Mensagem” em 1934, 1 ano após
Salazar ter instaurado a ditadura “estado novo”.
Caracteriza-se pela:
Obra vasta
Pluralidade
Diversidade de rostos e temas
Tinha a escrita própria- ortónimo- e de outros poetas, outros “eu” -heterónimos.
Tendência para a despersonalização, escrita com a assinatura de outros nomes e
personalidade totalmente diferente da sua.
Fernando Pessoa-Ortónimo
Escrita por ele próprio, vivia sobretudo pela inteligência e imaginação, o discurso poético
caracteriza-se pela “aprendizagem de não sentir senão literalmente as «cousas»” (fingir
sentimentos).
Temáticas fundamentais comuns a poemas de Pessoa:
Teoria do fingimento
Dor de pensar
Nostalgia da infância (saudade do tempo em que foi feliz)
Fragmentação do eu
Incapacidade de ceder ao mundo real
Constante ansiedade
Inadaptação social
Recusa das explicações científicas da realidade
Escrita característica do poeta:
Fingimento artístico
“Autopsicografia” e “Isto” são a verdadeira arte poética de pessoa iniciando uma aprendizagem
do não sentir que sobrepõe o conhecimento racional ao afetivo.
Em autopsicografia o sujeito poético parte da afirmação: “o poeta é um fingidor” identificando
poeta e fingidor transferindo o ato de criar poesia da esfera das emoções vividas para a esfera
das emoções fingidas/pensadas, assim a sua escrita pressupõe o processo de intelectualização da
emoção.
Dor de pensar
Procura constante da racionalidade leva o poeta a viver uma tragédia íntima que o afeta que o
aflige. Desejo de sentir de forma racional, esta trama está explicito em poemas como: “Ela
canta, pobre ceifeira” e “gato que brincas na rua”. A inteligência para Pessoa é a constatação
que efetivamente é impossível ao ser humano alcançar o conhecimento absoluto, e provoca no
poeta a dor da ignorância que impede a sua felicidade pelo reconhecimento das limitações que
caracterizam a nossa espécie. Na prática Pessoa sofre por pensar demais, tipicamente vemos
muitas coisas positivas na inteligência, mas o excesso da mesma ou de pensamento faz com que
entre numa espiral negativa de “overthinking”. Fernando pessoa vive na dicotomia que consiste
na necessidade de percecionar o mundo de forma racional e ao mesmo tempo ter a certeza que
esta realidade não lhe permitirá atingir a felicidade provocando um grande sofrimento e
angústia.
“Ela canta, pobre ceifeira” é marcada por duas dualidades: a consciência/inconsciência;
felicidade/infelicidade.
Ceifeira:
Instinto
Plenitude por ignorância
Emoção
Poeta:
Desejo de se sentir livre sem abdicar da sua racionalização (não é feliz porque pensa)
Nostalgia da infância
Saudade de um tempo feliz, em Pessoa a infância é muitas vezes representada através de um
universo mítico e simbólico ligados a contos e lendas. Insatisfeito com o presente e incapaz de
viver a plenitude, Pessoa refugia-se numa infância, mas submetida a um processo de
intelectualização. Sofre com saudades de quando era ingénuo.
“Quando as crianças brincam”, “Ó sino da minha aldeia” “Não sei, ama, onde era,”.
No último poema a 1ª voz é a da princesa na qual o poeta exprime o sonho de ter sido feliz, a 2ª
voz (ama) que assume a dimensão da consciência da idade adulta.
A nostalgia da infância coincide com a saudade de um tempo feliz aliada a esta consciência
que desaparece com a idade.
Sonho e realidade
Fingimento poético
Intelectualização das emoções, do sentir
Obsessão pela autoanálise
Dor de pensar
Distância entre sonho e realidade
Incapacidade de usufruir da vida
Infância como símbolo de uma felicidade imaginária e perdida
Fragmentação do eu
Angústia existencial
Solidão interior e melancolia
Linguagem simples
Repetições
Rima interna, cruzada e emparelhada
Estrofes curtas
Suavidade ritma e musical (musicalidade aos poemas).