Ficha Variedades Do Português
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Nesta sala atulhada de mesas, mquinas e papis, onde invejveis escreventes dividiram entre si o
bom senso do mundo, aplicando-se em ideias claras apesar do rudo e do mormao, seguros ao se
pronunciarem sobre problemas que afligem o homem moderno (espcie da qual voc, milenarmente
cansado, talvez se sinta um tanto excludo), largue tudo de repente sob os olhares a sua volta,
componha uma cara de louco quieto e perigoso, faa os gestos mais calmos quanto os tais escribas
mais severos, d um largo "ciao" ao trabalho do dia, assim como quem se despede da vida, e
surpreenda pouco mais tarde, com sua presena em hora to inslita, os que estiveram em casa
ocupados na limpeza dos armrios, que voc no sabia antes como era conduzida. Convm no
responder aos olhares interrogativos, deixando crescer, por instantes, a intensa expectativa que se
instala. Mas no exagere na medida e suba sem demora ao quarto, libertando a os ps das meias e dos
sapatos, tirando a roupa do corpo como se retirasse a importncia das coisas, pondo-se enfim em
vestes mnimas, quem sabe at em plo, mas sem ferir o decoro (o seu decoro, est claro), e aceitando
ao mesmo tempo, como boa verdade provisria, toda mudana de comportamento. Feito um banhista
incerto, assome em seguida no trampolim do patamar e avance dois passos como se fosse beirar um
salto, silenciando de vez, embaixo, o surto abafado dos comentrios. Nada de grandes lances. Desa,
sem pressa, degrau por degrau, sendo tolerante com o espanto (coitados!) dos pobres familiares, que
cobrem a boca com a mo enquanto se comprimem ao p da escada. Passe por eles calado, circule
pela casa toda como se andasse numa praia deserta (mas sempre com a mesma cara de louco ainda
no precipitado) e se achegue depois, com cuidado e ternura, junto rede languidamente envergada
entre plantas l no terrao. Largue-se nela como quem se larga na vida, e v ao fundo nesse mergulho:
cerre as abas da rede sobre os olhos e, com um impulso do p (j no importa em que apoio), goze a
fantasia de se sentir embalado pelo mundo.
Texto extrado do livro "Menina a caminho", Companhia das Letras - So Paulo, 1997. pg.71.
4. Atente no primeiro artigo da Declarao Universal dos Direitos Humanos, escrito em Crioulo da
Guin-Bissau.
Tudu pecadur padidu livre, ninguin ca ms ninguin, tudu djusta, tudu tem mesmu diritu. Tudu
quin qui padidu, tem si roon, cu si manera di pensa. Na metadi di utrus I dbidi fassi cussas cu
ermondadi.
8. Compare este primeiro artigo com a verso portuguesa e comente os aspetos lingusticos mais
relevantes.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razo e
de conscincia, devem agir uns para com os outros em esprito de fraternidade.
9. Proceda do mesmo modo, com o mesmo artigo escrito em crioulo forro de So Tom.
Tudu ngu di mundu ca nanc livli e igual ni dignidade e ni dirtu. Punda nen ca pens e nen t
cunxensa, sel nen f tudu cu cu tenn de lumn.
Tempo
de seus passos vindo
pelo tapete de roxas flores
dos jacarands enfileirados na rua.
Hoje
eterno o ontem
da silhueta de Maria
caminhando no asfalto da memria
em nebuloso p ante p do tempo.
Todo o tempo
colar de missangas ao pescoo
sempre o tempo todo
suruma minha suruma da saudade.
12. Elabore uma lista com essas expresses e outras que conhea.