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MALISZEWSKI, Régis. 1
NARDES, W. B. 2
POTULSKI, Lavínia Tauany. 3
MARTINI, Fabieli de. 4
RESUMO
Introdução: O suicídio é considerado uma das formas que o ser humano usa para expressar-se, como a única saída frente
a dor. O sofrimento que essa experiência, é de uma grande dor e angústia, de tal modo, não há mais sentido para
permanecer vivo, e a morte é vista como a única alternativa para sua existência. Objetivo: O presente artigo visou trazer
alguns dados referente ao suicídio, bem como, dispor informações, trazendo concepções de diferentes autores em relação
a este fenômeno. Tem como principal, objetivo compreender o suicídio através da perspectiva humanista, existencial e
fenomenológica, a pessoa enquanto organismo em direção positiva, o indivíduo como problema existencial, e como
relação sujeito-objeto. Metodologia: A pesquisa foi realizada através de um estudo bibliográfico, de caráter explicativo,
e de abordagem qualitativa e análise dedutiva. Considerações finais: É necessário sempre considerar que cada ser
humano é dono de suas escolhas e potencialmente constituído por uma capacidade latente ou manifesta de compreender
a si mesmo e resolver os próprios problemas, escolhendo sempre o melhor diante do sofrimento e das circunstâncias
percebida através de seu campo fenomenológico. Não cabe julgar de forma alguma qual for a decisão do outro, pois só
sabe da dor quem a experiência, contudo, é necessário que o ser humano tenha o suporte psicológico e profissional
necessário para que se desenvolva e amplie seu campo fenomenológico, ademais, encontrando sentido para sua existência.
1. INTRODUÇÃO
Segundo dados do ministério da saúde o suicídio é um fenômeno que ocorre no mundo todo.
Por ano, mais de 800 mil pessoas cometem suicídio, quando se refere a adultos, a cada morte cometida
20 pessoas são afetadas e tentam contra própria vida. Esse fenômeno é complexo e com causas
multifatoriais. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), “o suicídio representa 1,4%
de todas as mortes no mundo, tornando-se, em 2012, a 15ª causa de mortalidade na população geral
e a segunda entre os jovens de 15 a 29 anos” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019, §1).
As tentativas de suicídio e o fato propriamente dito vem sendo motivo de pesquisas nas
últimas décadas nos campos de Psicologia e Psiquiatria, e este é considerado um período de tempo
recente, tendo em vista que esse fenômeno se dirige paralelamente a mudança e desenvolvimento
humano (DUTRA, 2000).
1
Mestre em Psicologia Clínica: Régis Maliszewski. E-mail: [email protected]
2
Acadêmico do oitavo período de Psicologia: Wellynton Nardes de Bairros. E-mail: [email protected]
3
Acadêmica do oitavo período de Psicologia: Lavínia Tauany Potulski. E-mail: [email protected]
4
Acadêmica do oitavo período de Psicologia: Fabieli de Martini. E-mail: [email protected]
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com Durkheim (2000), existem numerosos tipos de morte, entretanto algumas delas
compartilham aspectos em comum e o principal deles é o de ser cometida pela própria vítima.
Acontece por exemplo, de o sujeito morrer por recusar-se a se alimentar ou de forma mais fatal como
atirar em si mesmo, independente se o ato é imediato ou não, a natureza é a mesma. “Chama-se
suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo,
realizado pela própria vítima e que ela sabia que produziria esse resultado.” (DURKHEIM, 2000, p.
14).
O suicídio é considerado como uma forma humana de expressão, um modo que o sujeito vê
como única saída e/ou forma de lidar com a dor, uma maneira de fugir do sofrimento que naquele
momento é viver. É a forma que a pessoa dispõe de acabar com a vida que lhe é insuportável em um
dado momento (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2013).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2000), o suicídio é um problema com causas
multifatoriais no qual aspectos psicológicos, culturais, genéticos, ambientais e sociais interagem entre
si, dessa forma, não existe apenas uma razão que o justifique.
Segundo dados da OMS, as tentativas de suicídio são cometidas em maior número por
mulheres, porém de acordo com os índices, a população masculina é a que mais consegue tirar a
própria vida (OMS, 2000). Quanto a idade as pesquisas apontam que acontecem de forma mais
acentuada em dois ciclos de vida, em jovens entre 15 e 35 anos e em idosos que possuem acima de
75 anos. “Pessoas divorciadas, viúvas e solteiras têm maior risco do que pessoas casadas. As que
vivem sozinhas ou são separadas são mais vulneráveis.” (OMS, 2000, p.11).
O suicídio é um fenômeno percebido desde a antiguidade até os dias atuais. De acordo com
Silva, Alves e Couto (2016), no Brasil, ocorreram 11.821 mortes por suicídio no ano de 2012, o país
se encontra na oitava posição dos números registrados de suicídio, o fenômeno tornou-se um
problema de saúde pública no Brasil. No mundo todo, a cada 40 segundos uma pessoa tira a própria
vida.
Durante sua existência o ser humano passa por diversas situações no mundo e a experiência
de maneira particular. Dentre essas, podem ocorrer experiências que propiciem sentimentos positivos
de auto realização, em contrapartida, existem situações nas quais não se encontram condições que
levem a auto-atualização e desenvolvimento. Diante disso, a ausência desses aspectos leva o sujeito
a perder o sentido da vida e a desmotivar-se, isso contribui para um vazio existencial causando
sofrimento e desespero. Na presença desses sentimentos negativos, o ser humano se convence que a
No caso do suicídio, ou na tentativa de suicídio, esta escolha, mesmo que distorcida pelas
circunstâncias psicológicas em que se encontra o sujeito, foi a melhor que ele conseguiu
encontrar para si e o máximo que ele pôde fazer na tentativa de manter a sua dignidade frente
a sua existência. (FERREIRA, 2004, p. 15)
O sentido que a pessoa dá para a vida, é o que a motiva a manter o vínculo com ela e com a
atualização de sua existência. De certa forma a pessoa sabe o que ainda quer produzir ou realizar, mas
quando isso não acontece, quando não há convicção do que se quer realizar, quando não há planos,
perde-se o sentido de estar vivo, e experienciar a vida dessa maneira causa um grande vazio. Segundo
Frankl (1990 apud FERREIRAS, 2004, p. 23), “a dúvida na possibilidade de sentido sinnhaftigkeit
da existência humana, porém, leva facilmente ao desespero. Esse desespero apresenta-se como uma
decisão para o suicídio.”
A vida humana é determinada por cada sujeito, e parte desse suas decisões e escolhas. Uma
pessoa pode sentir-se desesperada e não encontrar uma solução em qualquer momento de sua
existência. O ápice dessa situação é quando o sujeito desespera de si mesmo. Em diversas situações
para sair dessa crise existencial pode-se recorrer a algumas formas de cessar esse desespero, como
por exemplo, através do vício em alguma substância e do suicídio. Dessa forma, o suicídio é visto
Muitas pessoas ao falar sobre um suicida, por vez podem acabar por reduzir o ato a conceitos
patológicos, a fim de encontrar um motivo que justifique tal comportamento, não se atentando a
considerar que há uma existência “angustiada” levada por escolhas e experiências nas quais o suicida
não encontra sentido (ROCHA, BORIS & MOREIRA, 2012). Portanto, consequentemente, por não
ver possibilidades o que importa para o indivíduo é dar fim a situação que o angustia, prefere deixar
de existir, tendo como projeto de existência a autodestruição, sendo levado por essa escolha, pois é
um ser livre para realizar suas escolhas (CAMPOS, 2013).
Mas, então, surge uma séria ameaça ao self da criança. Ela experimenta palavras e ações de
seus pais com relação a esses comportamentos satisfatórios, e com as palavras e ações vem
o sentimento de que "Você é ruim, o comportamento é ruim, e você não é amada ou digna de
amor quando se comporta dessa maneira". Isto constitui uma profunda ameaça à estrutura
nascente do self. O dilema da criança poderia ser esquematizado nestes termos: "Se eu admitir
à consciência as satisfações desses comportamentos e os valores que apreendo nessas
experiências, isto será incoerente com meu self como sendo amado ou digno de amor".
(ROGERS, 1992, p. 568).
Por exemplo, um piloto que vê a si próprio como corajoso e relativamente livre de medos
recebe uma missão que envolve grande risco. Fisiologicamente, ele experimenta medo e uma
necessidade de escapar do perigo. Essas reações não podem ser simbolizadas na consciência,
uma vez que seriam muito contraditórias com seu conceito de self. A necessidade orgânica,
porém, persiste. Ele pode perceber que "o motor não está fazendo um barulho muito normal",
ou que "estou me sentindo mal e com o estômago enjoado" e, com base nisso, livrar-se da
missão (ROGERS, 1992, p. 577).
De acordo com Rogers (1992), as necessidades ocorrem como tensões fisiológicas, que ao ser
experimentadas o organismo elabora comportamentos para reduzir essas tensões, preservando o
organismo, como exemplo “um homem no deserto fará tanto esforço para alcançar o "lago" que ele
percebe numa miragem como para chegar a um verdadeiro poço de água.” (ROGERS, 1992, p. 559).
Diante disso, é necessário compreendermos que embora as experiências passadas modulem o
significado das experiências percebidas no presente, o comportamento do organismo é motivado a
satisfazer necessidades ou diminuir as tensões que ocorre no instante atual. A intensidade da emoção
está ligada à importância atribuída ao comportamento para preservação e aperfeiçoamento. O pulo
que você dá para calçada com o intuito de escapar de ser acertado por veículo que se aproxima, será
acompanhado de uma emoção forte se acaso for percebida como um comportamento que irá diferir
entre a vida e a morte. Será então que os comportamentos administrados pelo sujeito no qual verifica-
se como consequência a morte, seria um movimento em direção ao salto para a calçada? Um
comportamento entendido como apaziguador da tensão, no entanto, anulação da vida.
Um outro ponto recorrente da teoria rogeriana é a tendência a atualização, que é inerente do
ser humano. A atualização intenta desenvolver as potencialidades do sujeito, assegurando a sua
conservação. Ela também procura alvejar o que o sujeito vê como enriquecedor ou valorizador, de
modo geral, o seu saber, sua felicidade, seu poder, seu prazer, seu talento, sua importância, isto é,
toda espécie de coisa que contribui para o desenvolvimento integral do sujeito. Como supracitado, a
tendência a atualização atinge aquilo que o sujeito percebe como enriquecedor, a ideia envolvida
nessa percepção é a noção do Eu, que seria uma estrutura perceptual, como exemplo a qualidade e
defeitos, atributos, capacidades e limites, entre outras características que a pessoa percebe como da
sua identidade. Enquanto a tendência atualizante seria um fator dinâmico, responsável pela energia,
a noção do Eu seria o fator regulador, aquele que dá a direção desta energia, sendo esse último
responsável pela eficácia ou não da atualização (ROGERS & KINGET, 1975).
Uma das noções chaves da concepção terapêutica rogeriana refere-se à capacidade latente ou
manifesta do ser humano de conseguir compreender a si mesmo e de resolver os próprios problemas,
caminhando no sentido do funcionamento adequado. No entanto, para que esta capacidade seja
3. METODOLOGIA
O trabalho em questão teve como objetivo a explicação dos fatores que causam ou contribuem
para que determinados fenômenos ocorram (suicídio) (GIL, 2002), através do método dedutivo, que
de acordo com Prodanov e Freitas (2013) analisa do geral para o particular, ou seja, de forma
decrescente. Os procedimentos adotados para a produção do trabalho foram através de artigos
científicos já publicados, dissertações, monografias e livros disponíveis, se enquadrando em uma
espécie de pesquisa bibliográfica, tendo como o tipo de abordagem a qualitativa, observando os
achados de outras pesquisas e fazendo uma interpretação desses dados por meio de uma análise
através das abordagens humanistas, existenciais e fenomenológicas, em específico a Abordagem
Centrada na Pessoa de Carl Ransom Rogers.
Primeiramente foi pesquisado nas plataformas de artigos científicos Scielo, Pepsic, BVS-psi,
e do buscador Google Acadêmico, através das palavras chaves: Suicídio e Psicologia, Suicídio
Abordagem Humanista, Suicídio Abordagem Existencial, Suicídio Abordagem Fenomenológica, e
Suicídio Abordagem Centrada na Pessoa. Em seguida foi feito uma filtragem entre os livros e artigos
encontrados, ficando apenas os artigos que retratavam sobre o funcionamento psíquico do suicida ou
do fenômeno em si.
Como uma boa mãe só poderia ser agressiva com seu filho se ele merecesse punição, ela
percebe boa parte do comportamento dele como sendo ruim, merecedor de castigo; dessa
forma, os atos agressivos podem ser consumados sem contrariar os valores organizados de
sua imagem de self. Se, sob grande tensão, ela chegasse a dizer ao filho "Eu te odeio", logo
se apressaria em explicar que "não sabia o que estava dizendo", que o comportamento ocorreu
mas estava fora do controle dela. "Não sei o que me fez dizer isso, porque claro que não é
verdade" (ROGERS, 1992, p. 581).
Antes mesmo de julgarmos determinados comportamentos emitidos pelos outros como sendo
anormais, estranhos, ou sem sentido, se faz necessário lembrar o que já foi comentado anteriormente,
de que, para que possamos compreender a situação do sujeito suicida, é preciso olhar o mundo através
de sua visão, tentar o máximo possível se aproximar da forma como se encontra seu campo
fenomenológico, como este percebe o mundo, e não através de nossa estrutura de referência.
Ademais, devemos ter em mente que a única pessoa com a capacidade de compreender a situação de
forma integral, é o próprio sujeito, ou seja, o único capaz de analisar os fatores envolvidos nesse
processo que o faz pensar em tirar a própria vida, e da resolução deste problema, é ninguém mais
ninguém menos do que aquele que está nesta situação.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
AMATUZZI, M. M. Por uma psicologia humana. SP: Editora Alínea, 2ª Edição, 2008.
CECCON, N. J. Sobre a morte e experiência. Anais do EVINCI – UniBrasil, v.3, n.2, p. 883-899 –
Curitiba, 2017. Disponível em
<http://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/anaisevinci/article/view/3181> Acesso em 28
Set. 2019.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 4ª ed. 2002.
ROGERS, Carl R. Terapia centrada no cliente. São Paulo: Martins Fontes (Psicologia e
pedagogia), 1ª Ed., 1992.
ROGERS, Carl R. (1985). Tornar-se pessoa. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 6ª Ed.,
2009.
ROGERS, Carl R. & KINGET, G. Marian. Psicoterapia e relações humanas: Teoria e prática da
terapia não-diretiva. Belo Horizonte: Interlivros, Vol 1, 2ª Ed. 1975.
ROGERS, Carl R. & ROSENBERG, Rachel L. A pessoa como centro. São Paulo: Editora
Pedagógica e Universitária Ltda, Ed. da Universidade de São Paulo, 1997.
SILVA, K. de Fátima Aparecida da; ALVES, M. A. & COUTO, D. Paula do. Suicídio: uma escolha
existencial frente ao desespero humano. Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas,
Vol 1, nº 2, 2016. Disponível