Em Busca Da Verdade - Divaldfo Franco
Em Busca Da Verdade - Divaldfo Franco
Em Busca Da Verdade - Divaldfo Franco
EM BUSCA DA VERDADE
Salvador - 2009
Copyright 2009 by Centro Esprita Caminho da Redeno Reviso: Prof Luciano de Castilho Urpia Editorao eletrnica: Ailton Bosco Superviso Editorial: Srgio Sinotti Capa: Thmara Fraga Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Franco, Divaldo Pereira (por Joanna de Angelis) Em busca da Verdade - Salvador - Livr. ISBN: Esprita Alvorada Editora, 978-85-61879-09-9 2. Psicografia I. Franco, Divaldo Pereira CDD: 133.93 l.ed. 2009, 240p.
1. Espiritismo.
CENTRO ESPRITA CAMINHO DA REDENO CNPJ 15.176.233/0001-17 - I.E. 01.917.200 Rua Jayme Vieira Lima, n. 104 - Pau da Lima - CEP 41235-000 S a l v a d o r - B a h i a - B r a s i l - T e l e f a x : (71) 3409-8310/8312 e-mail: www.mansaodocaminho.com.br site: [email protected] Todos os direitos de reproduo, cpia, comunicao ao pblico e explorao econmica desta obra esto reservados, nica e exclusivamente, para o Centro Esprita Caminho da Redeno ( C E C R ) . Proibida a sua reproduo parcial ou total atravs de qualquer forma, meio ou processo, sem a prvia e expressa autorizao da Editora, nos termos da lei 9.610/98. Impresso no Brasil Presita en Brazilo
SUMRIO
Em busca da verdade . 7
01 O SER HUMANO E SUA TOTALIDADE Estrutura bipolar do ser humano A contnua luta entre o ego e o Self A aquisio da totalidade 02 FRAGMENTAES MORAIS Predomnio da sombra Despertar do Self Integrao moral 03 ENCONTRO E AUTOENCONTRO Um pas longnquo Voltar para casa Amar para ser feliz 04 EXPERINCIAS DE ILUMINAO Perder-se e achar-se Sair de si mesmo Rejubilar-se 05 CONVIVER E SER Cair em si 93 73 49 29
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O SER HUMANO EM CRISE EXISTENCIAL As conquistas externas A grande crise existencial O ser humano pleno
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07 A POSSVEL SADE INTEGRAL A parbola dos talentos A conquista do Si Binmio sade-doena 08 A BUSCA DO SIGNIFICADO O bem e o mal Os sofrimentos no mundo A individuao 09 BUSCA INTERIOR F e religio Pensamento e ao 10 A VIDA EA MORTE A vida harmnica Equipamentos psicolgicos para o ser A fatalidade da morte 221 199
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Identificando o inconsciente
EM BUSCA DA VERDADE
lotino, o nobre filsofo pai da doutrina neoplatnica, discpulo de Amnio Sacas, nascido em Licpolis, no Egito, elucidou com sabedoria, conforme se encontra nas Enadas,
Esse conceito sbio conduz o pesquisador ao encontro da intuio, veculo sutil para faz-lo compreender a verdade universal, a Causalidade de tudo e de todos, desde que, atravs dos mtodos convencionais, racionais, no conceito junguiano mediante as outras funes psicolgicas sensao, sentimento e intelecto no consegue a identificao perfeita com a Realidade. atravs do processo de maturidade psicolgica, que o Self se vai libertando das camadas que lhe dificultam o conhecimento, desde que, vitimado pelo ego com todas as suas heranas do primitivismo, especialmente na rea dos instintos, mantm-se adormecido, sem a possibilidade de libertar a essncia divina de que se constitui. No largo processo da evoluo, em algumas ocasies esse fenmeno d-se naturalmente, vezes outras, no entanto, atravs da intuio, do insight que se logra o apercebimento da Unidade, da origem da vida e da sua fatalidade de retorno mesma, mantendo, no entanto, a individuao, conquistada a longos esforos.
Em face da grandiosidade e infinitude do conhecimento, uma existencia corporal insuficiente, em tempo e em oportunidade, para abarcarse as leis e informaes que dizem respeito grandeza da vida, sendo indispensvel o mergulho na esfera carnal, inmeras vezes, de modo que se desenvolvam os seus germes em latncia no cerne do Self, depositrio dos sublimes recursos de que se faz herdeiro. Essa intuio, no entanto, resultado da conquista do superconsciente antenado com as Fontes geradoras da vida, aps a superao da sombra e dos outros arqutipos que trabalham pela preservao dos conflitos, da lgica apenas advinda do intelecto, libertados do inconsciente coletivo e integrados no eixo ego-Self. A funo da psicologia analtica atender s necessidades profundas do ser humano, procurando despert-lo para a sua realidade transcendental, trabalhando-lhe os valores nobres adormecidos, mediante os quais consegue identificarse realmente com a vida, libertndose de todas e quaisquer manifestaes do sofrimento sob qual disfarce se apresente. A busca da sade essencial ao ser humano, em razo do anseio pelo bem-estar que lhe amplia os horizontes do entendimento em torno dos objetivos que lhe dizem respeito e das possibilidades de tornar a existncia terrestre apetecida e rica de bnos. Nesse sentido, o equilbrio mente-corpo-emoo essencial, favorecendo-o com a harmonia defluente das aquisies dirias sobre os conflitos e diluio deles mediante a aquiescncia dos sentimentos em perfeita identificao com o Self. A verdade a que nos referimos no tem conotao religiosa ancestral, mstica ou castradora, que impede a vivncia das funes orgnicas da vida humana sob justificaes sofistas e propostas masoquistas. O ser humano, na sua constituio trplice Esprito, perisprito e matria um conjunto eletrnico sob o comando da cmscincia, que emanao do Divino Pensamento, na qual se
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encontram arquivadas as leis de Deus, de acordo com o seu nvel de evoluo, facultando que as experincias sejam realizadas e assimiladas, de forma que se transformem em conhecimento e sentimento, servindo sempre de base para realizaes outras no futuro. Referimo-nos, desse modo, a verdade que, filosoficamente, tem um carter universal, no dependendo de circunstncias, nem de locais, que flui do Uno, conforme o multimilenrio conceito hindusta. Deus, desse modo, na viso moderna do Espiritismo, desumanizado e transcendente quanto imanente, a verdade absoluta que atrai o Esprito na sua contnua ascenso moral. Por outro lado, a Sua representao psicolgica facilmente detectada como a plenitude, a harmonia, o estado numinoso integral. Se, no entanto, esse indivduo humano no conseguir a perfeita identificao dos elementos de que se constitui, por meio do equilbrio fisiopsquico, permanecer em lutas contnuas internas e externas, do si-mesmo deslocado, vencido pela sombra que o amarfanha e que lhe retira os ideais de enobrecimento e de libertao dos atavismos infelizes. Intuitivamente, todos sentem que algo transpessoal existe e os arrasta na sua direo num verdadeiro Deotropismo. O nobre Jung entregou a preciosa existncia ao estudo da Realidade, utilizando-se da que se denomina objetiva para penetrar naquela que vai alm dos sentidos, legando Humanidade a inaprecivel contribuio das suas reflexes, observaes e prticas, num estudo de transcendncia do ser, da sua constituio, da sua origem e do seu destino... Realizando investigaes cientficas com Pauly, o clebre fsico quntico, penetrou tambm a sua sonda investigadora nas doutrinas orientais, especialmente no Budismo, nas mandalas, para identificar o ser real, compreender o sempre complexo e fugidio Self...
O ser humano um conjunto em transio contnua, em processo de aprimoramento incessante sob todos os aspectos considerados. Nessa ebulio transformadora ininterrupta, surgem complexidades umas e desaparecem outras, que vo ficando, as ltimas, na sua histria antropolgica ancestral, e diversas como perspectivas de apreenso e de conquista que deve ser lograda. Seguido pelo sofrimento, medida que realiza o autodescobrimento diminui a carga de aflio e alarga as percepes em torno da existncia, podendo trabalhar para que seja cada vez menos angustiosa, concedendo-lhe mais ampla liberdade de pensamento, de movimento e de ao. De incio, a libertao do sofrimento apresenta-se como de urgncia, pelas aflies que propiciam a dor, a angstia, os conflitos emocionais, as frustraes, as ansiedades e as perdas... Logo depois de lograda a compreenso do mesmo, o ego desarma-se e contribui em favor da solidariedade e da compaixo, passos que denotam a presena do amor na psique e na emoo, favorecendo o Self com a legtima compreenso da Realidade. nesse momento que se encontra predisposto intuio, aos flashs dos insights, campos admirveis extrafsicos da percepo que leva individuao.
Nascer, viver, morrer, nascer de novo a Lei, no
entanto, essencial descortinar algo mais profundo, que a prtica da caridade como processo de salvao, de autoiluminao. No a caridade convencional, por cuja prtica espera-se a realizao do negcio fraudulento entre as doaes mesquinhas das coisas terrenas em comrcio com as conquistas espirituais. Entenda-se salvao como libertao da ignorncia, do mal que existe no ntimo de cada pessoa, ausncia da crueldade e do mal,em vez do desgastado conceito de retribuio na espiritualidade. Quando o Self identifica a necessidade de ser gentil, caridoso e afvel, portador de compaixo e humanitarismo, desloca-se da funo convencional para externar o divino que nele existe, reaproximando-o de Deus.
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graas a esse processo lento e contnuo que o transforma no fulcro real do ser, de onde promanam as mais belas expresses de vida e de realizao, insuflando nimo e alegria de viver, mesmo quando as circunstncias se apresentam difceis ou assinaladas por sofrimentos que fazem parte da agenda responsvel pela autoiluminao. Todos os seres esto fadados plenitude para a qual foram criados, atravessando os perodos diferenciados da escala evolutiva, desde as expresses primrias que imprimem contedos perturbadores no seu cerne, necessitando de passar pelas transformaes libertadoras, que facultam essncia espiritual o seu total desabrochar. Em razo dos milhes de anos em que se ergastula o psiquismo na matria densa, o impositivo de desimpregnao torna-se penoso na razo direta em que desperta a conscincia e a sensibilidade se norteia na direo do transcendental. O fascculo de luz emboscado na forma grotesca vai-se desenvolvendo e logrando aptides mediante as quais as vrias formas se aprimoram, tornando-se mais complexas e mais perfeitas, em um fenmeno progressivo de fatalidade biolgica no rumo da Grande Luz. Transferindo-se de uma para outra etapa, as experincias apresentam-se carregadas das heranas ancestrais, exigindo esforo para as alteraes compatveis com o novo nvel de despertamento at atingir o perodo soberano da razo, quando a sensibilidade e as percepes fazem-se mais aguadas, abrindo o espao para a compreenso do sentido da vida e a conquista legtima da Realidade. Nessa trajetria, o binmio sade-doena apresenta-se assinalado por muitas dificuldades de ordem fisiolgica, psicolgica e mental, que devem desaguar na harmonia propiciatria do equilbrio pleno. Graas s conquistas das cincias, especialmente aquelas que estudam a psique, existem inmeros mecanismos e recursos que contribuem eficazmente para esse desiderato, proporcionando a existncia saudvel na Terra e a individuao que permanece alm da esfera fsica...
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O presente livro mais uma tentativa de nossa parte, buscando contribuir com os estudiosos de si mesmos, interessados na libertao real das aflies e no somente na soluo dos sintomas, de modo que possam fruir de bem-estar durante a vilegiatura carnal, entendendo as suas causas, ao mesmo tempo encontrando os recursos especializados para impedir-lhes o surgimento dos efeitos, e quando esses ocorrerem dilu-los de maneira sbia, resultando em alegria de viver, de pensar e de agir. Utilizamo-nos, mais de uma vez, da excelncia teraputica de algumas das excepcionais parbolas de Jesus, em cujo bojo se encontram as lies psicoteraputicas valiosas para a conquista do
si-mesmo, para a integrao do ego-Self.
De grande atualidade, produzem um efeito saudvel em todo aquele que as l com seriedade e interesse, procurando entend-las no seu significado legtimo, arrancando da letra que mata o
esprito que vivifica.
Ao mesmo tempo, apoiando-nos nos incomparveis ensinamentos propiciados pelos Mentores da Humanidade a Allan Kardec, que deram surgimento ao Espiritismo, buscamos fazer uma ponte de perfeita identificao com a psicologia analtica, apresentada pelo admirvel neurologista e psiquiatra suo Carl Gustav Jung. Confiamos que a nossa tentativa de servir encontre ressonncia nos estudiosos da psique humana e contribua de alguma forma para tornar a existncia terrestre mais saudvel, ensejando, por antecipao, as alegrias que esto reservadas a todo aquele que for fiel ao bem at o fim como preconizou Jesus.
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Estrutura bipolar do ser humano A contnua luta entre o ego e o Self A aquisio da totalidade
ser humano organizado por complexos elementos que transcendem a uma anlise superficial, exigindo seguro aprofundamento nos seus elementos constitutivos. De origem divina, em sua essncia, desenvolveu a inteligncia e o sentimento atravs do extraordinrio priplo antropossociopsicolgico. ' Criado simples e ignorante, na condio de princpio inteligente, desenvolveu-se ao largo das centenas de milhes de anos, atravessando as diversas fases da cristalizao, da sensibilidade vegetal, da percepo instintiva animal at alcanar a conscincia e a inteligncia humanas, estagiando, momentaneamente, na experincia virtual, que lhe estava predeterminada, e que seguir logrando conquistas mais grandiosas, Do silncio profundo, nos estgios primrios aos sons grotescos das diversas espcies animais, conseguiu expressivo passo ao lograr a verbalizao do pensamento, potencializando-se com a amplitude do conhecimento de que dispe para expressar a beleza, as formas e a vida em todas as suas manifestaes. Nesse perodo, desenvolveu as artes, a cultura, o pensamento filosfico, conduzindo a criatividade para descobrir os
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segredos ocultos em a Natureza, ensaiando os passos com audcia no empirismo, logo depois no conhecimento dos princpios racionais atravs das experincias em momentosas pesquisas, ensaiando os gloriosos passos na direo da cincia. Graas a essas conquistas, alterou as paisagens terrenas, modificando as estruturas de algumas partes do planeta, tomando conhecimento dos fenmenos ssmicos e ambientais, atmosfricos e martimos, podendo prever as ocorrncias calamitosas, impossibilitado ainda de as impedir... Grandes nveis de aquisies foram alcanados no combate s enfermidades, especialmente aquelas de natureza pandmica, tropicais, infecto-contagiosas, algumas degenerativas, aos transtornos comportamentais e psquicos, melhorando a longevidade do ser humano com favorveis condies de vida. Conseguiu penetrar nos quase insondveis mistrios do macro e do microcosmo, solucionando graves questes que pairavam ameaadoras sobre a existncia humana. Embelezou o planeta atravs de edificaes colossais, drenando pntanos, criando jardins e pomares em terras desrticas, construindo lares e santurios confortveis, assim como hospitais, escolas e oficinas de trabalho com excelentes condies de dignidade para os seus funcionrios. Graas tecnologia, que tambm descobriu e aprimorou, produziu veculos que transitam em altas velocidades, cortando estradas terrestres e espaciais, ocenicas e submarinas, favorecendo a comunicao por intermdio de instrumentos de alta e eficiente preciso, que favorecem o conforto e do alegria, proporcionando espetculos de arte e de cincia ao alcance de milhes de indivduos. Do homem primitivo ao moderno h um tremendo pego assinalado por incontveis realizaes e sacrifcios que mais o dignificam, impulsionando-o ao avano contnuo na direo do infinito.
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Em face da sua natureza fragmentada, a agressividade ainda no pode ser controlada, mesmo depois dos valiosos recursos da educao e da instruo, do conhecimento e da lgica, da identificao de todos os recursos que tornam a vida feliz e aprazvel ou a desqualificam na ordem da evoluo. Tem havido predominncia dos instintos em detrimento da razo, do egosmo em relao ao altrusmo, da natureza animal em face da natureza espiritual. A fixao no corpo e nas suas reais como falsas necessidades, nele desenvolveu ambies desmedidas, a princpio como bsicas para a conservao da vida, mais tarde, porm, como recurso de poder para gozar, dando vazo inferioridade moral no superada que o atrela s paixes primitivas. Apesar de todos os embates filosficos, sociolgicos, ticos e morais, no conseguiu um desenvolvimento idntico nessa rea conforme os logrou no comportamento externo. Isto ocorreu, porque a evoluo exterior mais fcil de ser adquirida, em relao de natureza interior, que impe vigilncia e sacrifcios especiais na rea dos sentimentos e da razo. Embora, na atualidade, jactando-se de ser civilizado e educado, no tem conseguido evitar as guerras que promove, utilizando-se dos notveis descobrimentos que canaliza para o crime e a destruio, vitimado pela mesquinhez e pelos conflitos internos que o esmagam dolorosamente. Ao lado desse tremendo infortnio, multiplicam-se as calamidades que no tem sabido administrar, tornando o seu habitat campo de batalha, crcere de desaires, reduto de temor e de insegurana que produzem estertor e agonia. Inseguro na sua trajetria, vem destruindo as fontes de recursos naturais, ameaando a Natureza e todos os seus elementos, que se encarregaro de torn-lo mais sofrido, caso no modere a utilizao dos esgotveis recursos que se encontram sua disposio.
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Essas nefastas ocorrncias, porm, so filhas da sua fragmentao interior, das heranas ancestrais, das suas ms inclinaes.
Estrutura bipolar do ser humano
O objetivo essencial da existncia humana, do ponto de vista psicolgico, na viso junguiana, facultar ao indivduo a aquisio da sua totalidade, o estado numinoso, que lhe faculta o perfeito equilbrio dos poios opostos. Jung havia estabelecido que o ser humano possuidor de uma estrutura bipolar, agindo entre esses dois diferentes estados da sua constituio psicolgica, qual ocorre com os arqutipos anima e animus. ''Toda vez que lhe ocorre uma aspirao, o polo oposto insurge-se, levando-o ao outro lado da questo. Qualquer comportamento de natureza unilateral logo desencadeia uma reao interna, inconsciente, em total oposio quele interesse. Quando o indivduo se exalta em qualquer forma de personalismo est mascarando a outra natureza que tambm lhe inerente, Se se atribui virtudes e valores relevantes, eles so defluentes de fantasias internas do que gostaria de ser, sem que o haja conseguido. Um eu ope-se ao outro eu em intrmina luta interior. Um consciente, vigilante; o outro inconsciente, adormecido, que desperta acionado pelo seu oposto. Um se encontra na razo; o outro, no sentimento ou vice-versa. A no vigilncia e no saudvel administrao desse opositor se apresenta como desvario, que impede o raciocnio lcido, a presena da razo. Esse ser duplo constitudo, ora como resultado do conhecimento adquirido, de experincia vivenciada, enquanto o
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outro de total desconhecimento, permanecendo oculto sempre espreita. O nobre Jung utiliza-se de imagem carregada de lgica moderna, quando esclarece: - O ser humano vive como algum cuja mo no sabe o que a outra faz, o que induz recordao do pensamento de Jesus, quando se refere excelsa ao da caridade: Dai com a mo direita, sem que a esquerda o saiba. * Conhecia Jesus as duas polaridades psicolgicas do ser humano e, por isso, incitava-o a amar to profundamente que o seu gesto de afeio sublime e consciente estivesse em plena concordncia com os seus arquivos inconscientes. Aquele que no consegue harmonizar os dois polos em uma totalidade, invariavelmente faz-se vtima das expresses desorganizadas do sentimento, induzindo-o s emoes fortes, descontroladas. Stevenson, o inspirado poeta ingls, bem traduziu esses dois poios na sua obra genial O mdico e o monstro, quando o Dr. Jekil era vtima do Sr. Hide que coabitava com ele no seu mundo interior, expressando toda a inferioridade que o mdico buscava superar no seu ministrio sacerdotal., Na tradio religiosa, expressam-se como o bem e o mal, ou o anjo e o demnio, continuando na feio sociolgica em conceituao do certo e do errado, da treva e da luz, do belo e do feio., Essa dicotomia psicolgica permanece no ser humano em desenvolvimento emocional e espiritual.O esforo teraputico a desenvolver, deve ser todo voltado para a integrao do outro polo, o oposto, naquele que est consciente e relevante, produtivo, saudvel, caminho seguro para a completude. O esforo consciente do indivduo para autopenetrar-se, autoconhecer-se, como resultado das tenses dos poios ativados pelo interesse da integrao, induz o indivduo a um comporta-
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mento gentil, afvel, compreensvel das dificuldades e limitaes do seu prximo. Enquanto, porm, permanece essa dissociao, essa fragmentao, esse desconhecimento da conscincia, invariavelmente se tomba na ciso da personalidade, da qual irrompem os transtornos neurticos que atormentam, aumentando a distncia entre os atos conscientes e os inconscientes. Jung sugere os smbolos como representaes dos conflitos que se estabelecem nas oposies dos mesmos, encarregados de os unir e formar apenas uma realidade, como se observa na cruz, cujos braos tm o seu ponto de segurana no centro em que se encontra a haste vertical com a horizontal, representando a segurana, a unidade daqueles contrrios... Nesse sentido, o emrito mestre suo recorre ao comportamento do cristo, na sua rendio Divindade, sem esfacelar-se nela, mas tornando-se um eleito, capaz de conduzir o prprio fardo, a prpria cruz. Pessoas inexperientes, quando se do conta dos opostos no seu mundo interior, afligem-se desnecessariamente, formulando conceitos indevidos e punitivos, como se as manifestaes do inconsciente signifiquem inferioridade, promiscuidade, dando origem a culpas injustificveis pelo fato de existirem. Supem, precipitadamente, que podem forar a mudana, tornando-se puras, embora os conflitos, culminando em descobrimentos dolorosos de existncias vazias. Esses conflitos no devem ser combatidos como inimigos num campo de batalha, mas atendidos, orientados, esclarecidos, libertando-se deles pela sua conscientizao, de forma que a autoconscincia experimente bem-estar pela conquista realizada interiormente. comum a ocorrncia de pensamentos infelizes no momento da orao, da meditao, o que no habitual noutras ocasies, gerando inquietao e mal-estar.
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Ocorre que, estando arquivados no inconsciente, quando esse ativado pelo polo edificante, logo o outro descerra a sua cortina e libera o adversrio. A atitude a tomar com tranquilidade consiste em permanecer no reativo, insistindo no propsito ora em vivncia at a unificao dos oponentes. A fragmentao leva ao desfalecimento, perda do entusiasmo. Um eu em luta contra o outro eu deteriora o sentimento ou aturde a razo.
A contnua luta entre o ego e o Self
Invariavelmente, o indivduo busca superar esse eu opositor frequente, adotando comportamento castrador, por intermdio do esforo consciente para suprimi-lo, o que redunda em grande fracasso, porque o polo que orienta o outro eu permanece vivo, embora disfarado pela aparncia que se adquire. No so poucos os indivduos que se refugiam em ideais, especialmente nas doutrinas religiosas, como evaso da realidade, adotando comportamentos nobres, no entanto, mascaradores dos seus conflitos, como, por exemplo, quando na adoo de condutas violadoras das funes orgnicas, especialmente as gensicas, liberando, embora inconscientemente, a sexualidade, nos abraos e beijos fraternais... A sombra existente no ser humano no deve ser combatida, seno diluda pela integrao na sua realidade existencial. Ela desempenha, portanto, um papel fundamental no equilbrio entre o ego e o Self, no que resulta a unificao tambm dos poios quando se consegue a sua diluio. A ciso existente, defluente da fragmentao psicolgica, deve avanar para a integrao, a unidade.
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Divaldo
Franco I Joanna
de Angelis
O ego, no conceito freudiano, conforme bem o define o dicionrio Aurlio, : A parte mais superficial do id, a qual, modificada, por influncia direta do mundo exterior, por meio dos sentidos, e, em consequncia, tornada consciente, tem por funes a comprovao da realidade e a aceitao, mediante seleo e controle, de parte dos desejos e exigncias procedentes dos impulsos que emanam do id. Nele se encontram, portanto, os impositivos dos instintos que se derivam do princpio do prazer e pela compulso ao desejo. So esses impulsos o resultado dos instintos procedentes das faixas primrias da evoluo, que se destacam em oposio quase dominante contra a razo, a conscincia de solidariedade, de fraternidade, de tolerncia e de amor. Dominador, o ego mascara-se no personalismo, em que se refugiam as heranas grosseiras, que levam o indivduo prepotncia, dominao dos outros, em face da dificuldade de faz-lo em relao a si mesmo, isto , libertar-se da situao deplorvel em que se encontra. A luta interna dos dois poios faz-se cruel, embora o ego aparente ignor-la, mantendo uma superficial conscincia do valor que se atribui, do poder que exterioriza, da condio com que se apresenta. Sendo o Self o arqutipo bsico da vida consciente, o princpio inteligente, ele o somatrio de todas as experincias evolutivas, sempre avanando na direo do estado numinoso. Nessa dissociao dos poios, muitas vezes pode parecer que o indivduo, a grande esforo, conseguiu a integrao, at o momento em que se surpreende com o terror da ciso inesperada que o leva a um transtorno profundo, especialmente se viveu em razo de um ideal que asfixiou o conflito, mas no o solucionou, despertando com sensao de inutilidade, de vazio existencial.
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Sucede que o ego exige destaque, compensao, aplauso, embora nos conflitos entre razo e instinto, originando-se nele um tipo de sede de gua do mar, que no saciada por motivo bvio. Mesmo encontrando compensaes de prazer, do impulso instintivo que leva compulso do desejo, a insatisfao defluente da ansiedade do poder empurra a sua vtima ao transtorno depressivo, porque a sua nsia de dominao termina por esvazi-lo interiormente. O mesmo ocorre na vida monstica, no perodo em que diminuem o entusiasmo e o egotismo no postulante ou no religioso, quando ento acometido pela melancolia que se agrava em afligente depresso, falsamente interpretada como interferncia demonaca, pelo fanatismo que ainda vige em muitos setores da f espiritualista. ' Com alguma razo, Alfredo Adler referia que o instinto de dominao no indivduo, quando no encontra compensao ou no se sente reconhecido e aceito, foge, oculta-se na depresso, na qual expressa a agressividade e a violncia. Nesse sentido, o paciente no tem problema, pois que o estado em que se encontra de alguma forma faz-lhe bem, tornando-se um problema para o grupamento social saudvel, que busca manipular, dominando-o, tornando-se fator de preocupao para os outros. * Conscientizar a sombra, diluindo-a, mediante a sua assimilao, ao invs de ignor-la, constitui passo avanado para a perfeita identificao entre ego e Self. ' Jung percebeu com clareza esses dois eus no indivduo, que se podem explicar como resultantes do Self, aquele que bom e gentil, e do ego que preserva o lado feroz, vulgar, licencioso, negativo. Poder-se-ia dizer que o indivduo possuiria duas almas em contnuo antagonismo no finito de si mesmo.
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Franco /Joanna
de Angelis
Essas expresses apresentam-se na conduta humana, quando em pblico, aparenta-se uma forma de ser e, quando, no lar, na famlia ou a ss, outra bem diferente. O que representa gentileza transforma-se em mal-estar, azedume e aspereza. / Aceitar-se com naturalidade esses opostos recurso salutar, teraputico, para melhor contribuir-se em favor da harmonia entre os outros litigantes, que so o ego e o Self. No comportamento social no necessrio mascarar-se de qualidades que no se possuem, embora no se deva expor as aflies internas, os tormentos do polo negativo, Assumir-se a realidade do que se , administrando, pela educao - fonte geradora dos valores edificantes e enobrecedores - os impulsos do desejo e do prazer, transformando-os em emoes de bem-estar e alegria, saindo da rea das sensaes dominantes, constitui maneira eficiente para diminuir a luta existente entre os dois arqutipos bsicos da vida humana. Uma religio racional como o Espiritismo, destituda de frmulas que ocultam o seu contedo, que otimista e no castradora, que convida o indivduo a assumir as suas dificuldades, trabalhando-as com naturalidade, sem a preocupao de parecer o que ainda no consegue, estruturada na realidade do ser imortal, com as suas glrias e limitaes, valioso recurso teraputico para a unio de todos os opostos, que passaro a fundir-se, dando lugar a um eu liberado dos conflitos, que se pode unir Divindade, sem os artifcios que agradam os indivduos ligeiros e seus suprfluos comportamentos existenciais. A luta, portanto, existente entre o ego e o Self saudvel, por significar atividade contnua no processo de crescimento, e no postura esttica, amorfa, que representa uma quase morte psicolgica do ser existencial. Humanizar-se, do ponto de vista psicolgico, integrar-se. Jesus-Cristo foi peremptrio, demonstrando a Sua perfeita integrao com o Pai, quando enunciou: - Eu e o Pai
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somos um, dando lugar perfeita identificao entre ambos, aos comportamentos nobres, s propostas libertadoras sem poios de oposio. Mais tarde, o apstolo Paulo, superando as lutas entre o ego dominante e o Self altrusta, universal, proclamou: J no sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em mim. A sombra que nunca teve existncia em Jesus, dele fez a Luz do mundo e a que existia em Saulo, Paulo, por fim, iluminou-a, diluindo-a no amor.
A aquisio da totalidade
Quando se conquista uma floresta densa, o primeiro movimento o de abrir-se clareiras na sua escurido e densidade, a fim de que entre a luz e haja espao para a edificao do que se transformar em posto avanado de servio e de repouso. * O inconsciente uma floresta densa, a parte submersa de um iceberg flutuando sobre as guas tumultuadas da existncia fsica. * A grande maioria dos atos e comportamentos humanos, na sua expresso mais volumosa, procede do inconsciente, sem a interferncia da conscincia lcida. No inconsciente coletivo, encontram-se arquivados toda a histria da Humanidade, os diferentes perodos vivenciados, abrindo pequeno espao ao inconsciente individual, encarregado dos registros atuais, desde a concepo at a atualidade. H profunda sensatez e veracidade na informao, considerando-se que o Self se estruturou ao largo das sucessivas reencarnaes, por onde esse princpio inteligente desdobrou os contedos adormecidos em germe, seu Deus interno, at o momento da conscincia. As impresses que dizem respeito s memrias coletivas nesse grandioso inconsciente, tm procedncia, porque se referem
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s vivncias individuais ou s informaes transmitidas pelos contemporneos ou ascendentes que as viveram. Para que haja uma real integrao desses arqutipos predominantes em o ser humano, torna-se indispensvel o amor a si mesmo, conforme a recomendao do sublime Psicoterapeuta Jesus-Cristo. Ele sabia da existncia da sombra individual e coletiva, que aturdia o ser humano. Na Sua proposta psicoteraputica atravs do amor, Ele destacou aquele de natureza pessoal, a si mesmo, em razo dos escamoteamentos, quando se procura amar ao prximo, impossibilitado daquele que devido a si mesmo, ao Self. Essa uma artimanha da sombra, disfarando o transtorno da indiferena ou animosidade contra o prprio ser, dos conflitos perturbadores no ntimo, em fuga espetacular para a valorizao do outro com desprezo pelos seus sentimentos, suas conquistas e seus prejuzos. Quando o indivduo no se ama, certamente apaixona-se, deslumbra-se, admira o outro a quem diz amar, at a convivncia demonstrar que se tratou apenas de uma exploso sentimental sem profundidade nem significado. No so poucos aqueles que afirmam amar, para logo apresentar-se decepcionados por haverem constatado que o outro lhes semelhante, portador tambm dos polos opostos, atrelado a dificuldades e limites, que o dito afetuoso gostaria que ele no tivesse, esperando compensaes pelas prprias fraquezas. O amor a si mesmo deve centralizar-se no autorrespeito e na autoconsideraao que cada um se merece, identificando a sua sombra, que familiar aos demais, aceitando-a e diluindo-a na mirfica luz da amizade e da compreenso. No se trata de ficar contra as imperfeies - a sombra interior - mas de identific-la, para mais refor-la, o que equi-
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vale dizer, conscientizar-se da sua existncia e consider-la parte da sua vida. Lutar contra a sombra representa proceder a um desgaste intil de energia. Quando identificada, a energia retorna psique, e, medida que a mesma integrada, mais vigor se apresenta no ser consciente. necessrio, portanto, uma atitude ativa e no passiva, porque essa passividade, essa anuncia com a ignorncia, nada fazendo para modificar-lhe a estrutura, alterando-a e dissolvendo-a, fomenta a violncia de todo porte, que desagua entre os poderosos terrestres em guerras hediondas, espraiando a sombra coletiva da arbitrariedade e da prepotncia. O bem e o mal tm a mesma origem na psique humana, resultando de experincias ancestrais que foram vividas pelo Self. Da mesma forma, a sombra, os antagonismos podem e devem ser enfrentados atravs de dilogos com os opostos, que elucidam a sua finalidade e os seus gravames. Nos relacionamentos entre amigos e parceiros, sempre ocorre a fragmentao, na qual a durao dessa convivncia de curto prazo, mesmo quando se inicia com entusiasmo e ardor. De um para outro momento algum nota que a sua voz interior no apenas critica-o, lamentando a conivncia, informando da sua indignidade ou inferioridade em relao ao outro, como tambm pelo surgimento de uma agresso ferina, de apontamentos desagradveis sobre o amigo ou parceiro... Tal ocorrncia produz o comportamento exterior sem correspondente ntimo, dando lugar ao cansao ou indiferena, ou a uma forma de saturao emocional, destituindo o prazer que antes era haurido naquele convvio. Ningum deve ignorar a voz interior, especialmente quando crtica ou mordaz, responsvel por comentrios depreciativos da prpria pessoa ou de referncia a outrem..
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Torna-se necessrio o seu enfrentamento lcido e natural, diluindo a tenso que se estabelece entre o consciente e o inconsciente. Normalmente, diante de uma bela performance exterior, irrompe interna a voz que censura, que abomina, que recalcitra em relao quele desempenho. Essa tormentosa sombra imanente na psique faz parte do ego espera da valiosa contribuio do Self libertador. Considere-se a existncia da sombra como uma questo moral, no a ocultando atravs de sacrifcios, de sevcias e de autoflagelaes para vencer o que se denominou como as tentaes, porque tais comportamentos so pertinentes a ela mesma que, submetida por algum tempo, um dia irrompe em forma de desencanto ou de vulgaridade a que se entregam aqueles que, longamente, impediram-na de manifestar-se, acreditando falsamente na vitria sobre ela. Devorar a sombra com integrao lcida na psique, tambm uma forma de dilu-la, incorporando-a ao conjunto, trabalhando pela unidade. Qualquer tipo de violncia ou obstinao contrria, mais a refora, enquanto que toda expresso de amor e de humildade em relao mesma, libera-a. Reconhecer-se imperfeito, como realmente se , portador de ulceraes e de cicatrizes morais, um ato de humildade real, que se deve manter com dignidade, enquanto que, divulg-los, demonstrando simplicidade, maneira de permanecer-se no estgio de dominao pela sombra que somente mudou de expresso e de comportamento. Nada mais desagradvel e mrbido do que a falsa humildade, aquela que exclui o indivduo dos valores ticos elevados, que o subestima, expressando, disfaradamente, presuno, diferenciamento das demais pessoas.
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Jesus, que inabordvel psicologicamente, porque paira acima de todas as criaturas, como bitipo especial, jamais se subestimou ou adotou eptetos depreciativos para demonstrar humildade. Pelo contrrio, sempre referiu-se como o Enviado, o Messias, o Filho de Deus, a Luz do mundo, o Po da vida, etc, demonstrando a Sua autoconscincia. Entre a humildade e o exibicionismo permanece uma grande diferena. Muita aparncia humilde torna-se ostentao disfarada, portanto, presena da sombra dominadora na conduta psicolgica. Em qualquer movimento religioso, que busca a superao dos conflitos, vale a pena considerar-se que convivem no mesmo indivduo o anjo e o demnio, que necessitam harmonizar-se, descendo um na direo do outro que ascende no rumo do primeiro. Quando se reconhece essa dualidade presente na psique, que representativa do ser humano, uma das suas caractersticas, portanto, torna-se fcil a terapia equilibradora, unindo-a em um ser lcido psiquicamente e generoso emocionalmente. A integrao necessidade de vivenciar-se um labor consciente, de amadurecimento psicolgico, de conquista emocional e espiritual.
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FRAGMENTAES
MORAIS
a condio de Psicoterapeuta excepcional, Jesus utilizou-se dos smbolos, nobres arqutipos da poca, a fim de imortalizar as Suas propostas de sade e de bem-estar. Trazendo as Boas novas de alegria, para uma poca atormentada, assinalada por criaturas aturdidas na ignorncia, todo o Seu ministrio revestiu-se de propostas libertadoras do primitivismo, de respeito pela vida e em favor da harmonia dos sentimentos, em incomparvel diretriz de identificao entre o ego e o Self. Compreendendo os tormentosos conflitos dos indivduos e das massas que constituam, do inconsciente individual e coletivo referto de heranas ancestrais primitivas, perturbadoras, sem vislumbres prximos de um superconsciente rico de harmonia, sabia que a nica e mais eficaz maneira de proporcionar a libertao dos pacientes algemados ao egosmo e ao imediatismo, somente seria possvel por intermdio do autoconhecimento. Em face da cultura religiosa fantica e atrasada - a sombra dominadora - bem como da ausncia dos conhecimentos sobre a
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vida, somente facultados na intimidade dos santurios esotricos, onde poucos iniciados tinham a oportunidade de conhec-la, identificando a estrutura complexa do ser e as suas afortunadas possibilidades amortecidas pela matria, Ele props a ruptura do obscurantismo com as claridades da razo, utilizando-se de imperecveis smbolos que passaram posteridade e prosseguem perfeitamente atuais. 'Narrando parbolas, facultava o acesso ao ignorado Selft despertava-o de maneira hbil, embora simples, para que dominasse o ego, nada obstante as injunes perversas do Seu tempo. Vivendo para todos as pocas atemporais, legou para as geraes do futuro os memorveis ensinos, superando as linguagens dos antigos mitos, por serem psicoteraputicos, embora o objetivo aparentemente moral, social e religioso que ocultavam. Por isso, foi enftico, ao afirmar a respeito dos Seus ensinamentos que a letra mata, mas o esprito vivifica, produzindo a perfeita vinculao do eixo ego-Si mesmo, expressando que, alm da forma tosca sempre havia o contedo saudvel e vivo para o processo da cura real de todas as enfermidades. Dentre as reveladoras contribuies psicolgicas, desse gnero, para a posteridade, narrou a parbola do Filho Prdigo, conforme as admirveis anotaes de Lucas, no captulo 15 do seu Evangelho, versculos 11-32. Em sntese, trata-se de uma histria que bem expressa a fragmentao da psique em torno dos arqutipos dos valores morais no ser humano, nesse embate sem quartel entre o ego imediatista e dominador e o Self harmnico e totalizante.
Um homem tinha dois filhos narrou Jesus . Disse o mais moo a seu pai: - Meu pai, d-me a parte dos bens que me toca. Ule repartiu os seus haveres entre ambos. Poucos dias depois o filho mais moo, ajuntando tudo o que era seu, partiu para um pas longnquo, e l dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sobreveio quele pas uma grande fome e ele comeou
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a passar necessidades. Foi encontrar-se com um dos cidados daquele pas e este o mandou para os seus campos guardar porcos. A.U desejava elefartar-se das alfarrobas que os porcos comiam, mas ningum Ih 'as dava. Caindo, porm, em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai tm po comfartura, e eu aqui estou morrendo de fome! Eevantar-me-ei, irei a meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o cu e diante de ti. J no sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teusjornaleiros. Levantndose, foi para seu pai. Pistando ele ainda longe, seu pai viu-o e teve compaixo dele, e, correndo, o abraou, e o beijou. Disse-lhe o filho: Vai, pequei contra o cu e diante de ti. J no sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porm, disse aos seus servos: Tra^ei-me depressa a melhor roupa e vesti-lh'a, e ponde-lhe um anel no dedo e sandlias nos ps; tracei tambm o novilho cevado, matai-o, regocijarse. Seu filho comamos e rego^jjemo-nos, porque este meu mais velho estava no campo. Quando voltou filho era morto e reviveu, estava perdido e se achou. E comearam a e foi chegando a casa, ouviu a msica e a dana, e chamando um dos criados, perguntou-lhe o que era aquilo. Este lhe respondeu: Chegou teu irmo, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque Ele se indignou e no queria entrar; e saindo o recuperou com sade.
seu pai, procurava concili-lo. Mas ele respondeu a seu pai: El tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos, mas quando veio este teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre ests comigo, e tudo o que meu teu; entretanto, cumpria regotnjarmo-nos e alegrarmo-nos, porque este teu irmo era morto e reviveu, estava perdido e se achou. (Traduo segundo
o original grego pelas Sociedades Bblicas Unidas. Rio de janeiro, Londres, New York.) Os arqutipos do bem e do mal, da sombra densa e suave, do ego e do Self conflitam-se, nessa narrativa, enfrentando-se,
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lutando com ferocidade, e todo um arsenal de transtornos psicolgicos aparece, tais a promiscuidade de conduta, a perverso, a fuga, o ressentimento, a ira e o desencanto, assinalando o comportamento dos dois irmos, enquanto o pai generoso exterioriza a sade pelo entendimento e pelo amor s defeces morais e ignorncia dos filhos, utilizando-se da compaixo e do perdo, mas tambm da gratido e do afeto. O pai indu-los ao encontro com o arqutipo primordial produzindo um reencontro teraputico entre os dois irmos, nica forma de possibilitar o entendimento entre ambos, a fraternidade plena, a sade geral.
Predomnio da sombra
A presena da sombra no comportamento humano faculta a fragmentao da psique, nos dois eus, levando o paciente perda de identificao entre os arqutipos do bem e do mal, do certo e do errado. Herdeiro dos instintos agressivos, que lhe predominam em a natureza ntima, o ser humano jornadeia entre revoltado e temeroso por efeito das condutas ancestrais. A necessidade da preservao da vida impele-o ao imediatismo, volpia do prazer, ao significativo desconhecimento dos valores tico-morais, ou mesmo quando os conhea, desconsiderando aqueles que podem representar sacrifcio, luta nobre, abnegao... Propelido para esse prazer sensorial, asselvajado, as emoes elevadas defluentes dos sentimentos da beleza, do idealismo so deixadas margem pela pouca significao que lhes atribuda ou pela falta do hbito de as vivenciar. Os sonhos, por exemplo, nessa fase, so tumultuados e os smbolos de que se revestem expressam os atavismos perturba-
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dores e os tormentos sexuais, que se transformam em condutas psicolgicas doentias e/ou que somatizam em disfunes orgnicas de vria denominao. Na parbola de Jesus, o ego do jovem filho perverso e ingrato. Ao solicitar a herana que diz pertencer-lhe, inconscientemente deseja a morte do pai, que seria o fenmeno legal para conseguir a posse dos bens sem qualquer problema. Mascara o conflito sob a justificativa inapropriada de querer desfrutar a juventude, em considerando que mesmo na idade provecta, o genitor no morria... Logo depois, viajando para um pas longnquo procura arrancar as razes existenciais, as marcas, destruir a origem desagradvel, permanecendo na ignorncia de si mesmo, fugindo para o Eden onde parecia feliz. Todo conflito carrega uma carga psicolgica de alta tenso nervosa devastadora. O eu filial que percebe a necessidade de ficar no lar - aqui representado como o domiclio carnal, o Paraso - cede espao emocional ao outro eu, o da fragmentao da psique, a sombra, estrina e longnqua dos sentimentos enobrecedores ainda adormecidos no Self. Deixando-se exaurir pelas ambies e prazeres, o leviano surpreendido, posteriormente, pela solido - a misria econmica, a fuga dos comparsas que o exploraram, portanto, os excessos que agora o deixam desgastado - logo associada culpa que o exproba, impondo-lhe reflexo, portanto, o retorno segurana do lar que abandonou... Sempre se far imperioso o retorno s origens, a fim de realizar-se o autoencontro. Dominado, porm, pelo instinto de autodestruio tornase uma pocilga moral, a um passo da degradao mxima, do
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suicdio, quando tem um insight e reflexiona em torno da generosidade do pai, o Self, portanto, em despertamento, e resolve pelo retorno, o que lhe constitui o passo inicial para a autorrecuperao, a autoconscientizao, para uma possvel integrao das duas partes da fissura tormentosa da mente. Essa fuga para um pas estrangeiro e longnquo, seria uma arquetpica busca do princpio da individuao, caso se originasse de algum ideal, como diminuir a carga do pai, ao invs de desejar-lhe, mesmo que de maneira inconsciente, a morte. H, nesse conflito, o mundo do pai, o mundo do filho, o mundo do irmo, em forma de sombras perturbadoras, efeito da fissura da psique em relao ao ego. Jesus deixa transparecer na expressiva parbola o carter teraputico, quando o filho volta em busca da paz (e da sade), embora humilhado, mas certo de ser recebido. O Self que se unifica em relao ao ego o caminho seguro para a autocura, para o estado numinoso de tranquilidade e bem-estar. A viagem para longe uma busca arquetpica de herosmo, de conquista do desconhecido, de infinito, que no se concretiza porque o objetivo consciente era o prazer, a no-responsabilidade, a violncia do abandono ao pai idoso, a exuberncia do egotismo e o desprezo pelo irmo mais velho que trabalha. A viagem de volta ao lar que faz o filho mais jovem no por amor ao pai, nem por qualquer sentimento nobre, mas porque passa fome e tem a garantia de que, no lar, ter muito mais conforto e abundncia alimentar, qual ocorre com os empregados da fazenda... A sua sombra interesseira deflui do ego atormentado que no conseguiu a unio com o Self. Por sua vez, a sombra cruel no irmo que ficou, dele faz um miservel que inveja a sorte do jovem despudorado, que tem cime da ateno que o pai lhe concede, que se revolta, dominado pelo conflito de inferioridade e pelas torturas no psiquismo.
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Sente-se rejeitado, embora haja sido devotado, possivelmente por interesse de ficar com toda a herana, ao invs de contentar-se em estar com o pai, porquanto se queixa que nunca recebeu um cabrito para festejar com os seus amigos. Uma projeo inconsciente da raiva guardada pelo abandono do irmo que fugiu manifesta-se como desforo, no querendo participar da festa de boas-vindas. O ego deve estruturar-se para adquirir conscincia da sua realidade no confutando com o Self que o direciona, nica maneira de libertar a sombra. Na parbola, que um arqutipo coletivo representando os interesses imediatos em detrimento dos valores que libertam das paixes primrias, ante o egosmo do filho jovem, o pai generoso no reclama, no deixa transparecer mgoa, embora sofrendo. desse modo que as criaturas fogem do abrigo seguro da psique integrada que cede lugar ao ego daninho, da fragmentao, postergando a oportunidade de serem felizes. A experincia, porm, no pas longnquo - desejo inconsciente de no ser encontrado, nem sequer saber-se onde reside o fugitivo - redunda em desastre, porque toda extravagncia culmina em prejuzo e toda malversao de valores, em perdas parciais ou totais, como no caso do jovem presunoso. A sua sombra indu-lo ao gozo do prazer, da irresponsabilidade, da incontinncia moral, porque os deveres na lavoura dos sentimentos desagradam-no. A firmeza moral do irmo mais velho, trabalhando sem demonstrar fadiga nem aborrecimento, produz-lhe antipatia e faz que o deteste, deixando-o ao lado do pai idoso, sem nenhuma considerao pelos laos de famlia, numa participao mstica coletiva, simbolizando a sociedade como um todo. A totalidade da psique, representada pelo pai e alcanando o filho mais velho que cumpre o dever, incomoda o
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egosta que vive em descontentamento porque deseja romper o vnculo, tornar-se livre, cair no abismo de si mesmo conforme ir acontecer. Como as vivncias ensejam o despertar da iluminao, ele cai em si e reflexiona que no lar, mesmo os servidores mais insignificantes desfrutam de apoio, alimento e segurana, enquanto ele nem sequer pode disputar com os sunos as alfarrobas que no lhe do, resolvendo-se pela volta. Recolhe-se ao mundo ntimo fragmentado e tem o insight de como proceder. O arrependimento o blsamo para a culpa, reconhecendo que pecou contra o cu e contra ti (o pai), informa, seguro de ser bem recebido, mesmo que no fosse digno de ter o nome de seu filho. O indivduo comum, ainda no iluminado, deambulante da iluso, pode ser comparado ao Filho Prdigo, leviano e insensato, que somente convive com objetivos de prazer pessoal e interesse mesquinho, distante das propostas ticas e dos deveres morais. Vitimado pela libido exacerbada, entrega-se ao gozo na ilusria conduta de que no se acaba e as suas foras exaustas logo se renovam... Pode tambm aparecer esse arqutipo nos indivduos inseguros, instveis, solitrios, que em ningum confiam, perdendo excelentes oportunidades de crescimento pela interiorizao e pela reflexo, superando as heranas danosas do processo evolutivo ancestral. De temperamento facilmente estremunhado, vive com ressentimentos e invejas, enfermo interiormente, que se nega o tratamento por acreditar que no tem necessidade, j que aos outros considera responsveis pela sua situao psicolgica, masoquistamente considerando-se incompreendido e perseguido.
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Esse anseio de fuga dos outros tambm o tormento da fuga de si mesmo, pela dificuldade que tem de autoenfrentar-se, de reconhecer a inferioridade e ser estimulado a trabalh-la para conseguir a vitria. -lhe mais fcil atirar tudo para cima (ou para baixo) num gesto de libertao e seguir o tormento, para realizar a volta andrajoso, imundo, humilhado... O ego presunoso ento desperta lentamente da sombra para o estado numinoso, que dever conquistar sob os camartelos do sofrimento, que so os valiosos recursos hbeis para a vitria. Quando o genitor pede ao servo que lhe traga o anel, eis reconfirmado psicologicamente o arqutipo da antiga Aliana de Deus com os homens, por intermdio do Arco-ris, demonstrando vinculao e amor. As roupas limpas e novas, o novilho nutrido para a festa so os formidveis arqutipos que se encontram em todos os mitos, particularmente no panteo grego, quando os deuses comungavam com os homens e banqueteavam-se, chegando, algumas vezes, ao desregramento pelos excessos que se permitiam. O gesto do pai abraando o filho de volta a luz do amor que nele dilui a pesada sombra em que se debate.
Despertar do Self
O irmo mais velho da parbola daquele que se pode chamar como o pai misericordioso, o prottipo do ego desconsertante. Enquanto estava a ss com o pai, parecia am-lo, respeitando-o e obedecendo-o. Logo, porm, quando retornou o irmo de quem se encontrava livre, ressentiu-se, desmascarou-se, apreendo o outro eu - demnio interno - amoral e indiferente.
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Nem sequer preocupou-se em saber como retornara o irmo. Estaria feliz ou desventurado, concluindo que, por certo, na misria, pois que do contrrio no voltaria. Continuaria a ss ou consorciado, com filhos ou perseguido? Nada disso lhe ocorreu, exceto o lugar que concedeu mgoa por haver sido posto de lado, nem mesmo consultado para o banquete que ao outro era oferecido. Permanecer longe do perigo, abrigado dentro do lar, garantido sob a proteo do pai uma atitude muito cmoda e resguardada de desafios. No estudo em pauta, bastaria ao filho mais velho esperar a morte do pai, entrar na posse de todos os bens e libertar-se da submisso, sendo convidado aos enfrentamentos que antes o genitor resolvia. Esse comportamento psicologicamente infantil, porque a existncia humana construda de forma a ensejar crescimento emocional, destemor e renovao constantes.'Aquele que no se renova de dentro para fora, no consegue o desenvolvimento do self, sempre emaranhado na sombra, deixando que tudo acontea revelia. / H contnuos desafios no processo criativo do ser espiritual que busca o numinoso, a vitria sobre a ignorncia e o demnio do mal interno. A imagem do pai, que era aceita como um homem benigno para com ele, que se considerava merecedor de toda a compensao, diluiu-se-lhe, no momento do confronto com o seu irmo, de quem se vira livre, dando lugar exteriorizao de que o no amava. Havia-se liberado do competidor que, no entanto, eram os prprios conflitos, os dois eus, ambicioso um, sereno o outro, pacfico o mais ponderado, demonaco o mais atrevido que agora o dominava.
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Interiormente, nesses seus muitos conflitos, ele tambm no se amava a si mesmo, transferindo essa emoo em forma de suspeita para o pai e para os demais, razo por que desejara festejar com os amigos, atra-los, conquist-los, compr-los, como habitualmente acontece... Todo indivduo inseguro desconfia dos demais e transfere para eles as razes do seu temor, do seu sofrimento/Afastam-se, para no lhes acompanhar o xito ou tenta conquist-los por meio de oferendas, no se dando realmente pela afeio, doam coisas que no tm valor. Desse modo, para ele, o amor paterno teria que ser parcial, exclusivista, em relao a ele, com animosidade pelo desertor. Normalmente censura-se o jovem que viajou para o pas longnquo, tambm fugindo de si mesmo, e elogia-se aquele que ficou ao lado do ancio, mais por convenincia do que por fidelidade, sem analisar-se mais profundamente ambas as atitudes. Trata-se de uma viso psicolgica imperfeita em torno da realidade. O filho fiel o mito representativo de Abel, generoso e bom, que ser sacrificado por Caim... Todavia, esse Abel gentil no amava Caim, o seu irmo mais jovem e extravagante, considerado perverso e insensvel por abandonar o pai idoso... Preferido pelos mitos Ado e Eva, perdeu o contato com a realidade e o seu irmo o assassinou. Agora, o mito Abel no filho mais velho, gostaria de assassinar Caim, que se tornara bom, que voltara tomando-lhe o lugar, ou pelo menos, parte dele, no sentimento do pai que o mantinha no den. O genitor, no entanto, misericordioso, que no censurou o desertor e recebeu-o com jbilo, tampouco procedeu com reclamao em referncia ao filho magoado. Foi busc-lo fora e convidou-o a entrar na festa, a participar da alegria de todos.
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comum a solidariedade na dor, mas no no jbilo, em face da inveja e da amargura. . O irmo mais velho submetia-se ao pai, mas no o amava, quanto fingia, porque logo o censurou, ressumando sentimentos de recusa inconscientes, pelo fato de jamais haver-lhe oferecido um cabrito pelo menos para que se banqueteasse com os amigos, enquanto ao insano ofereceu o melhor novilho... O cime terrivel chaga do ego que expele purulencia emocional. O pai gentil e afetuoso, sensibilizado com o jovem de retorno, pediu um manto para cobri-lo, j que o outro tambm o possua, evocando a proteo e o amparo que lhe eram oferecidos. - Criana - diz o pai ao filho que o censura - tu sempre ests comigo, e tudo o que meu teu; entretanto, cumpria regozijarmo-nos e alegrarmo-nos, porque este teu irmo era morto e reviveu, estava perdido e se achou. O pai deu-se conta de que o outro filho, o mais velho, tambm estava morto porque ressumava amargura, encontravase perdido, porque no participava da sua e da alegria de todos que encontraram aquele seu irmo que era morto e reviveu, que estava perdido e se achou. O ego encontrava o Self, despertando-o para uma futura integrao, liberao da fissura na psique... O Self do filho mais velho est envolto pela sombra ameaadora, criminosa. A parbola no informa qual a sua atitude, a do mais velho, em relao ao mais moo, aps as informaes dulcidas e os esclarecimentos compreensveis do seu pai. Certamente, o eixo ego-Self se tornou mais vigoroso, em face do amor do arqutipo primordial, sem limite, libertando-se dos mitos hostis e vingativos.
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Prometeu, por exemplo, foge de Zeus, engana-o com artifcios contnuos para no morrer, at que tomba na armadilha da prpria existncia fsica temporria, e Zeus recebe-o, aprisiona-o, suplicia-o num rochedo, no qual foi colocado para sofrer calor, frio e uma guia fere-lhe o fgado durante o dia, que se refaz noite, at o momento quando os deuses intercedem por ele e a sua punio revogada... O filho mais velho quer fugir do pai amoroso aps censurlo acremente, evita fit-lo nos olhos e receber-lhe o abrao, mas no poder viver indefinidamente sob as picadas da mgoa, remoendo a priso no rochedo do desencanto, ao frio e ao calor das reflexes doentias... O Self induzido a despertar sob a intercesso dos sentimentos de nobreza que remanescem no ntimo, como divina herana da sua procedncia. O irmo chegou quase descalo, sandlias rasgadas e imprestveis. O pai logo lhe providenciou calados novos, porque os ps so as bases valiosas de sustentao do edifcio fisiolgico, que no pode ser mantido em segurana quando lhe falta alicerce... A me Terra oferece os recursos para o organismo e os transforma; o hlito da vida, porm, vem do Amor. Cuidar das bases caracterstica definidora de despertamento do Self, da responsabilidade perante a vida. O irmo jovem iluminou o ego com a conscincia de si, reconheceu o erro, renovou-se pela humilhao que o engrandeceu, enquanto o mais velho liberou das estruturas profundas do inconsciente as paixes da vingana e da maldade, a Ernia mitolgica encarregada de ferir Ssifo, conduzindo a pedra ao topo da montanha de onde ela escapa e rola para baixo, obrigando-o a ergu-la sem cessar... A parbola bem poderia ser dos dois filhos ingratos, que o amor rene sob o mesmo manto protetor do pai, ligando-os pelo anel da famlia, trao de unio com toda a Humanidade.
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A famlia provm do cl primitivo que se une para a defesa da vida, do grupo animal, sendo um arqutipo de grande fora psicolgica. A fora do animal que caa encontra-se no instinto da astcia, no grupo famlico, na agresso automtica e simultnea contra a presa. Desestruturar a famlia tambm desnortear-se. A reencarnao, com a fora de diluir os velhos arqutipos perturbadores e criar outros benficos, rene indivduos de carter antagnico ou em situao de vingana para resgates, ou afetuosos e bons para fortalecer a evoluo e preservar o instituto domstico.' Aqueles dois irmos, que no eram antagnicos na aparncia, viviam intimamente em oposio, faltando somente o momento de demonstr-lo. A paternidade zelosa, o divino arqutipo de Zeus ou de Jpiter, ou de Apolo, ou de Yahveh, todo-poderosos, rene-os e tenta ampar-los. O filho jovem era leviano e despertou sob os acicates do sofrimento. A sandlia rasgada, as vestes em trapos, a cabea raspada, a atitude genufletida diante do pai so os destroos que demonstram o insucesso, o esforo para o recomeo, o entrar novamente no ventre materno para renascer, por isso, voltou para dentro de casa. Em realidade estava no ptio da casa de seu pai, no se adentrara ainda, no teve tempo nem oportunidade. O filho mais velho era angustiado e conseguia disfaar os sentimentos doentios. No quis participar da alegria do reencontro, porque isso demonstraria a sua falta de afeio, a sua contrariedade por ter que voltar a competir com o irmo vencido pelo sofrimento.
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Em Busca da Verdade
A oportunidade ameaava passar sem ser utilizada. Na existncia humana cada momento tem o seu sentido profundo, o seu significado essencial, a sua magia. A infncia d incio ao processo de crescimento interno do Self, entretanto, ele permanece imaturo em qualquer perodo da existncia humana, desde que no tenha recebido os estmulos para desenvolver-se, para desvelar-se em sabedoria e luz. O primeiro filho demonstrou imaturidade psicolgica - a infncia. O segundo expressou pessimismo e depresso, ressumando primarismo emocional, outro estgio da infncia emocional. Entretanto, a terapia saudvel para esses males foi o amor do pai, sua compreenso e misericrdia, sua pacincia e confiana na fora do seu afeto. Com esse contributo de fora despertou o Self dentro de cada qual dos membros da parbola, de cada criatura que se possa identificar com algum dos membros da narrativa. A parbola poderia ser concluda, elucidando que o pai devotado levou o filho ressentido para dentro de casa - uma viagem interna ao encontro do Self e o aproximou do irmo arrependido Caim ressuscitado! Assim sendo, olharam-se por largo e silencioso tempo de reflexo, superando distncias emocionais, culminando em demorado abrao de integrao dos dois eus num self coletivo rico de valores e sentimentos morais entre as lgrimas que limparam as mazelas, as heranas lamentveis do ego soberbo e primrio.
Integrao moral
A parbola, rica dos smbolos arquetpicos ancestrais, um magnfico processo psicoteraputico para os que sofrem
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Franco/Joanna
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imaturidade psicolgica, os que vivem dissociados no turbilho dos eus em conflito. Enquanto se desconhecem as lutas e no se tem idia das infinitas possibilidades de crescimento interior, transitando entre os hbitos sistemticos e improdutivos, as aspiraes fazem-se de pequeno alcance, no passando das necessidades fisiolgicas, dos processos da libido, das parcas ambies imediatas: comer, dormir, gozar e suas consequncias fisiolgicas... Os valores morais, embora em germe, permanecem desconhecidos ou propositalmente ignorados. Normalmente aquele que se encontra perdido espera ser encontrado, quando o ideal sair da sua solido no rumo certo por onde deve prosseguir. muito comum a busca de Deus pelas criaturas contritas, que se sentem perdidas, embora vivenciando a desintegrao dos valores morais, ao invs de predispor-se a serem por Deus encontradas, avanando na Sua direo. Na busca, h uma ansiedade e uma luta interior contnuas, h dificuldade de compreender o significado da existncia, assim como a razo dos apegos e tormentos, enquanto que, disposio, ascendendo-se intimamente, liberam-se dos conflitos e abrem-se ao entendimento das ocorrncias e necessidade de experienciarse os diferentes perodos do processo de independncia, para que no permaneam traumas, inseguranas e insatisfaes... Todo o processo deve ser acompanhado de amadurecimento psicolgico, de autocompreenso, de entrega em forma consciente. A viagem interna, para colocar-se disposio de Deus confortvel, porque silenciosa e renovadora, enquanto que a busca externa, no vaivm dos desafios e das incertezas, produz o prejuzo do desconhecimento da escala dos valores ticos, assim como a dos significados existenciais.
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Em Busca da Verdade
Quando o Filho Prdigo se apresenta em situao deplorvel, rebaixando-se e submetendo-se ao pai, nele h uma grandeza tica fascinante, que o torna elevado, que o dignifica, ao invs de quando parte, carregando muitos valores amoedados e jias, porm, apequenado, porque vazio de objetivos existenciais. comum o indivduo subestimar-se, acreditando que somente ter valor quando possuir as coisas que brilham e que do realce social, que produzem destaque na comunidade e despertam ambies, invejas, cimes. Esse conceito reveste-se do mito infantil de um paraso fascinante e tedioso, diante da rvore do Bem e do Mal, ameaadora, insinuando que a descoberta da nudez interior, da pequenez moral, dos medos subrepticiamente disfarados na balbrdia que faz em volta, a fim de no serem identificados, ser um terrvel mal, porque o atira fora, obrigando-o a rumar para um pas longnquo. Nessa conduta, a insatisfao sempre enche a taa repleta de prazer com o azedume e o tdio, sorvendo sempre mais, e esvaziando-se muito mais, por falta de valores edificantes e legtimos. As conquistas de fora no conseguem preencher as perdas interiores. O conflito inevitvel, porque somente quando se capaz de viver conforme os padres nobres da solidariedade e do equilbrio moral, a sade e o bem-estar se instalam no comportamento humano. Nesse encontro com o perdido - o eixo ego-Self ocorre uma grande alegria, quando o encontrado que se permite integrar no grupo de onde se afastara, percebe que o pai misericordioso - o estado numinoso sempre esteve ao seu alcance, e a fisso - ^quica era o inevitvel resultado do processo de busca para a aquisio da conscincia. Todos os indivduos passam por esse estgio, sendo-lhes necessrio proceder integrao.
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Divaldo
Nessa fase inicial do despertar da conscincia, no existem valores ticos nem conceitos morais, exceto aqueles que decorrem das necessidades primitivas que ainda permanecem em a natureza humana. O amadurecimento psicolgico lento e seguro propicia a descoberta desses tesouros ntimos que direcionam o comportamento, ajudando a discernir como viver-se saudavelmente ou de maneira tormentosa. O hbito arraigado de ser-se infeliz sob disfarces mltiplos conspira contra a identificao dos valores morais e a conquista do si-mesmo. Eis por que a parbola do Pai misericordioso rica de possibilidades para a integrao dos valores morais esparsos, destitudos at ali de significado real, esquecidos ou em choques contnuos conforme os interesses mesquinhos dos filhos... Sem dvida, na anlise psicolgica de cada indivduo, ele pode assumir, ora a personalidade do filho prdigo, noutro momento a do irmo ciumento, raramente, porm, se encontrar integrado no genitor compreensivo e dedicado, que rene os dois filhos, ambos necessitados, sob o manto da bondade e da compreenso. Essa possibilidade, quase remota, por enquanto, pelo menos durante a fase de ajustamento do demnio com o anjo interiores, acontecer quando o amor se despir de egotismo, e o smbolo de Eros assim como o de Cupido adquirirem a abrangncia do sentimento univeral do amor que integra a criatura ao Seu Criador e a torna irm de todos os demais seres sencientes que existem. O Pai compassivo por excelncia libera no mais o Filho Prdigo, porm, os filhos que se tornaram saudveis, apoiados na compreenso dos seus deveres perante a vida e a sociedade, contribuindo em favor do progresso geral.
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Em Bused da Verdade
Nessa fase, toda a herana ancestral do primitivismo antropolgico cede lugar conscincia do si-mesmo, proporcionando incontveis bnos de que o ser tem carncia, auxiliando-o na conquista da sua plenitude. No lhe ser necessria a morte orgnica para desfrutar do Nirvana ou penetrar no Reino dos Cus, porquanto j os conduzir no ntimo, em forma de autorrealizao e de tranquilidade. A doena, o infortnio, a morte j no o impressionam, porque se d conta de que esses acidentes de percurso fazem parte do processo de crescimento, e, semelhana do diamante que reflete a luz da estrela, no lhe ficam as marcas do carvo bruto que era antes da lapidao. Indispensvel, portanto, compreender-se que o Pai deseja encontrar o filho perdido num pas longnquo e reabilitar aquele que se perdeu em si mesmo, no pas prximo-distante da afetividade doentia. A integrao dos valores morais resulta desse esforo realizado pela conscincia profunda que busca a integrao do ego imaturo, dando-lhe significado existencial, trabalhando pela harmonia dos sentimentos e dos comportamentos. Jesus conhecia a psique humana em profundidade, os seus abismos, as suas heranas, os seus equvocos, as suas incertezas, los os seus meandros, e porque identificava naqueles que O seguiam os tormentos que os infelicitavam, apresentou na parbola do Filho Prdigo o eficiente processo psicoteraputico para as geraes do futuro, de forma que, em todas as pocas rorvindouras, o amor e a compaixo, libertando dos traumas e dos ressentimentos, contribussem para a plenificao interior dos indivduos.
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ENCONTRO E AUTOENCONTRO
parbola do Filho Prdigo um manancial de informaes psicolgicas profundas, guardando um tesouro de smbolos e significados que merecem cuidadosa anlise, a fim de retirar-se do seu contedo as lies de paz e de sade necessrias para uma existncia rica e abenoada. ''Durante muito tempo o Evangelho de Jesus recebeu interpretaes doentias e perturbadoras, conforme o equilbrio emocional e espiritual dos seus tradutores, telogos e pastores, mais interessados em projetar a sombra em que se debatiam do que as extraordinrias orientaes de luz de que se revestia. Propondo a humildade, levavam os seguidores a transtornos de conduta graves, estimulando o menosprezo existncia fisica, a desconsiderao por si mesmos, o autodepreciamento, o culto ao masoquismo disfarado de santificao como o caminho para a iluminao. Como se pode considerar a vida, esse incomparvel tesouro por Deus concedido ao ser humano, como desprezvel, digna de ser desrespeitada nos seus mais nobres significados: alegria, bemestar, utilizao saudvel do sexo, solidariedade e convivncia,
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como negativos, impondo o isolamento, a severa abstinncia sexual, o silncio, o sofrimento, em nome da Boa Nova?! Somente indivduos emocionalmente castrados poderiam impor os seus tormentos aos demais, aos quais invejavam a sade e comunicabilidade, de forma que se sentissem felizes com a desdita dos outros, em transtorno sadomasoquista, adulterando toda a proposta libertadora de Jesus, o Homem bom e nobre por excelncia, que mais demonstrou amor e alegria na convivncia com os desafortunados do que todos os demais. Pregando dignidade, esses atormentados intrpretes das Suas lies condenavam o erro, massacrando os equivocados, os que delinquem, os que aguardam apoio, por serem ignorantes ou enfermos, distanciados dAquele que o po da Vida e veio exatamente para os infelizes e at mesmo para os infelicitadores... Felizmente, com o avano da cultura, com a ruptura dos laos frreos que mantinham a sociedade jungida aos dogmas enfermios, descobre-se, cada dia, a grandeza da mensagem crist, conforme Jesus e os Seus primeiros discpulos a viveram e divulgaram, verdadeira cano musicoteraputica, sinfonia de esperana e de consolao. As Suas parbolas, por isso mesmo, mantm guardadas as respostas significativas e especiais para as perguntas inquietantes do comportamento humano. Nelas, somente existem libertao e bondade, harmonia e jbilo, guardando, nos seus smbolos, verdadeiros poemas de interpretao das incgnitas existenciais. Nesse maravilhoso significado insere-se a do Filho Prdigo que, de alguma forma, somos todos ns. Enquanto os fracos emocionais e os dependentes de punies nela encontram a baixa autoestima, o remorso, a angstia da volta, o que se constata a irrestrita confiana no Pai generoso, a certeza da alegria de ser bem recebido, a recuperao moral
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pelo equvoco vivenciado, a expectativa do recomeo em novas paisagens de afeto e autorrealizao. Por muito tempo estabeleceu-se que a humildade deve ser vivida em forma de desprezo por si mesmo e pelos valores com que a vida social estabelece os seus relacionamentos, fomenta o progresso das massas e dos indivduos. O autoabandono, a autodesconsiderao e o autodesprezo tinham prioridade na conduta do adepto religioso, no passado, em violncia contra as leis naturais, impondo-se uma conduta incompatvel com a mensagem de amor e de felicidade. Pessoas amargas, que mantinham autorrejeio, refugiando-se em falsas justificativas religiosas, procuravam escamotear a mgoa em relao s demais, a raiva contra si mesmas e os outros, negando-se a felicidade, que acreditavam no a merecer, porque se encontravam sob o impositivo da sombra ancestral, defluente das culpas dos atos ignbeis praticados em existncias anteriores. Negando-se a oportunidade do encontro com o Pai amoroso, por no sentirem a vigncia do amor em si mesmas, ainda hoje recusam-se o autoencontro, numa anlise profunda que lhes poderia propiciar a viso mais saudvel da Realidade. Os seus mitos so as Parcas terrveis, as cleras dos diversos deuses vingativos, as subjetivas ameaas de destruio apocalptica, numa vingana generalizada, na qual o temor da morte desaparece, porque representa a destruio de tudo e de todos. As advertncias contnuas sobre o egosmo, o orgulho, a prepotncia e o encantamento das virtudes teologais, do altrusmo, da humildade, da fraternidade produzem, no poucas vezes, a virtude do autodepreciamento, da autodesconsiderao, quase numa exibio forada de triunfos que, em realidade, no existem no campo psicolgico, porque ningum pode comprazer-se na interioridade, no engodo, na negao dos problemas existentes...
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A Parbola do Filho Prdigo todo um conjunto de lies psicoteraputicas e filosficas, de cunho moral e espiritual incomum. Na sua mensagem no se encontram quaisquer tipos de censura a nenhuma das atitudes dos dois filhos, nem reproche ou dissimulao diante das ocorrncias. Tudo se d de maneira natural, em jbilo crescente, porque aquele que estava perdido, foi encontrado, e porque estava morto, agora se deparava vivo. A alegria da autoconscincia esfuziante, porque ocorre depois do reencontro, na volta casa, ao lar, ao abrigo emocional seguro, que a conquista de paz e da correo dos atos. O corpo ainda um animal, algumas vezes insubmisso, que necessita das rdeas da aprendizagem para a disciplina espontnea e o comportamento correto que o direciona de acordo com as necessidades do self criativo a caminho do numinoso. O Esprito herdeiro de todas as experincias que vivncia ao largo das sucessivas reencarnaes, sendo natural que, no poucas vezes, predominem aquelas que mais profundamente assinalaram a conduta anterior, ressumando em forma de desejos e conflitos nem sempre identificados. Por isso, uma anlise dos smbolos onricos, as associaes e reflexes com o psicoterapeuta conseguem eliminar as fixaes morbosas e as reminiscncias angustiantes que se expressam como tristeza, insegurana, timidez, dificuldades de relacionamentos... A identificao dos smbolos e sua interpretao exigem acuidade psicolgica, experincia de consultrio e interesse destitudo de vinculao emocional, para auxiliar o paciente no encontro com a vida e no autoencontro, descobrindo a sua realidade. O manto com que o Pai amoroso manda vestir o Filho prdigo bem representa o apoio, a cobertura afetiva que lhe ofertada, igualando-o a ele mesmo, que tambm o ostenta.
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Em Busca da Verdade
A primeira preocupao do genitor com a aparncia do filho de retorno, com os cuidados de higiene e de vesturio, de adorno - o anel - de apresentao, porquanto, agora j no havia razo para permanecer conforme chegara. No ser admitido como servo, mas como filho que tem direito herana e ao seu amor. Por essa razo ele viera do pas longnquo de retorno ao lar.
Um pas longnquo
Existe um pas longnquo onde a vida estua e tem incio, ensejando o processo de crescimento espiritual, nas sucessivas experincias reencarnacionistas. Mesmo quando o viajante se encontra no pas terrestre, por no se conhecer, ainda no havendo identificado as diversas provncias emocionais por onde pode transitar com segurana ou no, deixa-se identificar pelas expresses mais grosseiras das necessidades fisiolgicas, das sensaes orgnicas, do imediato que lhe fere os sentidos. Periodicamente, fascinado pelo brilho falso das iluses, relaciona todos os haveres que esto ao seu alcance, mas que no lhe pertencem, e pede ao Pai que lhe permita usufru-los saciedade, fugindo de casa, da segurana do lugar em que se encontra, para tentar ser feliz, conforme o seu padro mentiroso. Herdeiro dos recursos da inteligncia e do sentimento, das tendncias artsticas e culturais a que no d valor, porque lhe exigem sacrifcios e desafios contnuos, rene os tesouros da sensualidade, das ambies desmedidas, dos jogos dos sentidos primitivos, do acmulo das foras juvenis e parte para outra regio onde pode refestelar-se no prazer irresponsvel, esquecido dos compromissos mantidos com a vida. Exaure-se, em companhia dos seus demnios internos e dos seus anseios desregrados, at que surge a fome, por escassear os meios de prosseguir na loucura, e termina por encontrar com53
panhia nas pocilgas dos vcios mais perversos, alimentando-se dos miasmas e excentricidades que lhe chegam em decorrncia do abandono dos parceiros emocionais... , ento, quando tem um insighte d-se conta de que no aquilo, somente se encontra daquela forma, que no necessita de chafurdar mais fundo no chavascal da vergonha e do desdouro moral, quando tem um Pai generoso que trata bem aqueles que lhe servem, e pensa em voltar, pedir-lhe perdo, demonstrar o sofrimento que experimenta, a necessidade de recomeo, a submisso aos seus nobres deveres. No processo da evoluo, no so poucos os indivduos que procedem de maneira diversa. A princpio, desejam a independncia, sem mesmo saber o de que se trata, que anelam pela liberdade que confundem com libertinagem, que anseiam pelo prazer, que pensam derivar-se do poder, arrojando-se s aventuras doentias e perturbadoras, em que amadurecem psicologicamente no calor do sofrimento. Do lugar a provaes severas como os metais que necessitam do aquecimento para se tornarem plasmveis e aceitarem as imposies dos artfices, vivenciando um perodo angustiante, para somente ento pensarem em voltar para casa. Recordam-se que, na provncia de onde vieram, havia alegria, diferente, certo, mas jbilo, e desejam fru-lo, como natural. Enquanto permanecem no gozo desgastante, desperdiando a herana que conduziam, tudo frustrante, o desespero crescente, as perspectivas so negativas, o que os impele a uma nova tomada de deciso. Essa no pode ser outra, seno o retorno casa, s razes, a fim de recomear e renovar-se. As provncias do corao humano so muitas e quase sempre esto sombrias, assinaladas pelo desconhecido, pelo no vivenciado, que favorecem as fantasias exclusivas do prazer e do gozo.
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Em Busca da Verdade
Toda provncia, no entanto, por melhor, por pior que seja, possui diversificadas paisagens que aguardam a contribuio daqueles que as habitam. Numas necessrio remover o lodo acumulado, cavando valas para extravasar a podrido, enquanto que, noutras, alargam-se os horizontes para que mais brilhe o Sol da beleza e da estesia. Esse pas longnquo, olhado desde o mundo causal pode ser a Terra, para onde vm os Espritos com os bens herdados do Pai, a fim de desenvolverem os mecanismos da evoluo e aplicarem os recursos de que so portadores, o que nem sempre acontece de maneira favorvel aos que o alcanam. Sob outro aspecto, pode ser o mundo espiritual onde se inicia a experincia evolutiva e se dispe de recursos inapreciados para serem desenvolvidos mediante os esforos empregados, ocorrendo que, nas primeiras tentativas, o olvido momentneo da responsabilidade e os demnios internos que so sustentados pelas paixes primevas, estimulam o desperdcio dos bens preciosos. sade, pureza de sentimentos, alegria espontnea constituem tesouros de alta valia, que devem ser preservados, a qualquer custo, da contaminao dos fatores dissolventes do novo pas, porquanto, na volta para casa eles sero de altssima significao, evitando os desastres emocionais e afetivos. Analisando-se o ncleo arquetpico do ego, observa-se que ele no se modifica de um para outro instante, desde o momento em que ocorre a viagem ao pas longnquo, predominando as tendncias ancestrais que o direcionam para os interesses imediatistas, as convenincias, sem abrir espao ao si-mesmo que ambiciona o infinito. Essa conscincia do ego - a superfcie da psique - sofre colises contnuas que procedem das emoes habituais e das aspiraes de libertao, auxiliando no seu desenvolvimento, alterando-lhe a estrutura e abrindo-lhe campo para mais amplas es.
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Divaldo
Os problemas afligentes, que se podem apresentar como enfermidades de vrio porte, conflitos diversos, medida que se do as colises operam despertamentos e surgem oportunidades de mais acuradas reflexes, insights valiosos, que iro trabalhar em favor do amadurecimento do Self, o viajante incansvel da evoluo... O animal humano sexuado, vitimado pela pulso dominante, no lhe escravo exclusivo, porquanto outras pulses apresentam-se-lhe com fortes imposies que no podem ser desconsideradas. Desde a pulso da fome quelas do idealismo mais elevado, trabalham pela transformao das foras da libido em satisfaes outras tambm plenificadoras que impulsionam para a sade e o bem-estar. A pulso do Filho Prdigo entregando-se ao sexo desvairado, na fase da desero da casa paterna - o santurio do equilbrio, o Eden da inocncia - empurrou-o para o abismo do conflito e da culpa, do sofrimento e da amargura, descobrindo que o desejo sexual por mais acentuado, quase sempre ao ser atendido no oferece a compensao esperada, o que produz frustrao e ansiedade. A ansiedade induz ao desespero, e a perda do discernimento trabalha em favor dos transtornos de conduta que se podem agravar. Raramente, nessa conjuntura, o ego desperta para perceber-se equivocado e induzir a volta para casa. No conceito de que o ego o centro da conscincia, devem ser trabalhadas todas as suas manifestaes, de modo a valorizar os bens de que dispe, no os desperdiando com as meretrizes nem os companheiros de orgia, esses elfos que permanecem como realidades arquetpicas no inconsciente, conduzindo-o na repetio das experincias malogradas.
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Em Busca da Verdade
H um pas longnquo a ser conquistado pelo ego, simbolizado pela conduta correta, pela conscincia liberada dos conflitos. A existncia corporal sempre um mecanismo de distraes da conscincia profunda do si-mesmo, que, embora superficial, exerce uma predominncia na escolha dos comportamentos humanos. Caso algum se coloque na posio do irmo mais velho da parbola, valer o esforo de considerar que o outro, seu irmo, no foi feliz na tentativa de ir para o pas longnquo, mas teve a coragem de voltar a casa, embora maltrapilho, esfaimado e arrependido. A pulso da fome forte em todos os seres viventes, porque nela se encontram os recursos para a permanncia, a continuidade da vida, o equilbrio da sade... A sombra daquele que ficou aturde-o, torna-o irascvel, em mecanismo de preservao da prpria sobrevivncia que situa nas posses que o pai lhe legou desde antes da morte, permanecendo, porm, morto psicologicamente para muitos valores mesmo durante a vilegiatura do progenitor. Naquele momento, quando o irmo volta, a sua morte no lhe permite a lucidez para compreender que tambm ele tem estado em um pas longnquo, onde residem a indiferena, a ambio, a cupidez e o egosmo. As mudanas arquetpicas do ego do-se nas fases da infancia para a juventude, dessa para a idade adulta, e da para a senectude, quando o Self, amadurecido, deve comandar o conjunto eletrnico delicado que o ser humano. Isso, porm, somente acontece quando os indivduos esto cispostos a despertar para a sua realidade, superando a sombra ao invs de cultiv-la. No sero essas fases, cada perodo, tambm um pas psicolgico longnquo do outro, que deve ser conquistado a esforo acidade da vontade?
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Franco I Joanna
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A vontade um impulso que nasce da razo e se transforma em fora que deve ser direcionada de maneira adequada para resultados relevantes de dignidade e de crescimento intelectomoral no processamento dos valores da existncia terrestre. Ser, portanto, a vontade bem dirigida que impulsionar o ego a vencer cada fase, deixando-a margem aps transp-la, a fim de que no venha a ressumar noutro perodo. Por falta de esforo encontram-se indivduos adultos vivenciando o perodo arquetpico da infncia, ou na idade avanada ainda com as aspiraes de adulto, quando o organismo j no dispe das foras naturais para esse tipo de comportamento. Sendo o processo de vida um fenmeno entrpico, ele se desenvolve graas ao desgaste da energia, e por isso mesmo, cada perodo estar nutrido pelas foras hbeis e correspondentes sua fase. Mantendo-se o ego em harmonia com o Self, equilibrase o eixo que os liga, e a sombra cede espao ao discernimento, liberando toda a energia para o processo de individuao que deve constituir a grande meta. H quem pense que a fuga do Filho Prdigo tem um significado arquetpico, no que diz respeito ao estoicismo, coragem de buscar-se, de realizar o encontro, de descobrir-se interiormente, de lograr a conquista do Self. Anumos, de alguma forma, com a tese, lamentando somente o processo da ingratido, da perda do sentido existencial no abandono ao Pai, naturalmente rompendo o cordo umbilical, num momento em que ainda no dispunha da maturidade para os autoenfrentamentos, redundando a tentativa no retorno casa de segurana, proteo do genitor. A conquista do si-mesmo h de ser realizada em atitude interior para superar os impositivos da sombra egosta e perversa, que seduz e ilude, dando imagens equivocadas da realidade e negando a possibilidade da libertao.
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Na proposta de progresso junguiana, torna-se necessrio o bom encaminhamento da energia da libido, canalizando-a em favor da melhor compreenso da existncia humana e da sua aplicao na conquista dos recursos que a edificam. Quando, por alguma razo, ela interrompida, d-se um choque, qual seja a perda dos interesses libertadores, passando a uma fase de regresso e perdendo-se no inconsciente, desenvolvendo complexos e conflitos perturbadores. Nesse sentido, a psicoterapia em geral e a esprita em particular, em libertando o indivduo das amarras do erro e dos enganos, estimula-o autossuperao das deficincias graas ao empenho da vontade e contribuio da libido, ora direcionada para fins nobilitantes, sem tormentos nem ansiedades de sublimao, mas simplesmente aplicando de maneira saudvel. Assim agindo, encontra-se o caminho de ida segura ou de volta razovel ao pas longnquo, que pode estar no inconsciente como a meta existencial a conquistar.
Voltar para casa
A volta para casa uma viagem rica de alegria, de formosas expectativas, de lembranas queridas, das razes, de segurana do conhecido ante o bravio mundo desconhecido. O Pai misericordioso apoio e amparo, mesmo na parbola, em momento algum ele recalcitra, seja no instante quando o filho deseja aventurar-se na loucura, iludindo-se com a possibilidade do autoencontro adiante, ou no da volta, sem nenhuma reprimenda. Em casa, no conhecido lugar de desenvolvimento dos valores profundos do ego e da afirmao do Self, existe alegria em razo da simplicidade, dos recursos que propiciam a sade e o bem-estar, mas tambm pode asfixiar ou afligir, por falta de liberdade total em que se possa expressar.
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No se pode ser livre in totum, em razo dos limites impostos pelas leis e mesmo pelo organismo que, de alguma forma, um ergstulo necessrio para a evoluo. Esse Pai, no entanto, deseja a felicidade do filho, ele pode estar configurado no superconsciente, em expectativa agradvel de que tudo ser resolvido, e para que isso ocorra, compreende as desiluses e as experincias malogradas que aquele viveu, no lhe aumentando a carga de culpa nem de remorso, antes liberando-o, para que se possa estabelecer definitivamente na confiana e na renovao. O filho, no sendo censurado, no sente vergonha, no experimenta constrangimento, Mas aquele Pai misericordioso tambm no reclama da conduta do outro filho ciumento, em difcil trnsito da adolescncia para a vetustez da maturidade, porque a dor que experimenta j uma forma de punio em referncia sua conduta. Esfora-se por diluir-lhe a mgoa, justificando que tudo que tem dele, que ele tem estado ao seu lado, portanto, desfrutando de segurana e de alegria. Merece considerao o detalhe da oferta de um anel que o pai faz ao transviado, esse elo de vinculao profunda, a fim de restabelecer a ligao que fora interrompida pelo ego inquieto, doentio. O anel ser sempre um smbolo de bem-estar, auxiliando na cura dos tormentos que se demoram no seu mundo interior. As sandlias, que tambm lhe manda pr aos ps, so de relevante significado, porque revelam prestgio social. Os descalados so a representao da penria e do desprezo, psicologicamente aqueles que no tm apoio para a marcha, que se acreditam destitudos de recursos emocionais para os enfrentamentos, j fracassados, porque perderam os chinelos de proteo aos ps andarilhos, agora impedidos de avano, porque abertos em feridas, vitimados pelos espculos e pedrouos do
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caminho. Esses impedimentos so as atraes perturbadoras, os prazeres insanos, os gozos intoxicantes... Por fim, chegando a casa, o filho recebe um manto que o iguala ao pai e ao irmo, ele que desejara ser recebido como um pria, um servo, um suspeito de confiana, torna-se, dessa maneira, um igual, algum querido que merece respeito. O Pai misericordioso abre-se ao Self do filho e agasalha-o no manto de prpura que ele prprio veste, assim como o possuem o outro filho e os seus convidados de destaque. Em casa, no h lugar para a inferioridade do retornado, porquanto o amor a todos iguala, dando-lhes oportunidade de crescimento e de iluminao. As criaturas tendem a manter posturas de tristezas, melancolias prolongadas, conflitos em torno do existir. Mesmo
quando tudo convida reflexo da alegria, desde um boto singelo de rosa que desabrocha aos beijos clidos do Sol magnitude gloriosa do nascer do dia. A sombra densa dos atavismos reencarnacionistas nelas permanece perturbadora, patolgica, anulando a alegria natural da experincia de viver e de crescer, sendo cultivada em forma de transtorno masoquista e afligente. Deus o mais extraordinrio exemplo d alegria, conforme Jesus sempre O decantou. E o Pai dos felizes e dos angustiados, a todos oferecendo a incomparvel oportunidade de reencontrar-se na estrada evolutiva, de recomear quando equivocado e de prosseguir enriquecido quando eficiente e produtivo. A prpria mensagem do Carpinteiro galileu um hino de jbilo, porque Ele no possua sombra, era todo numem, convidando satisfao do desenvolvimento psicolgico e social, de forma que todos pudessem desfrutar de felicidade, conforme a preconizava e vivia.
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A Sua mensagem libertadora, produzindo bem-estar e autorrealizao, conferindo valores existenciais que permaneciam adormecidos. A fuga para a tristeza produz infelicidade, porque as densas trevas do desinteresse pelo desenvolvimento do Sef tornam o ego mais castrador e impeditivo de experimentar solidariedade e harmonia. Enquanto vicejem os conflitos defluentes da melancolia, da insatisfao, da queixa, pode-se fugir para a autoanulao, para a morbidez existencial. Na parbola, as vestes oferecidas ao Filho prdigo denotam renovao e rejuvenescimento, recomeo e beleza. A sombra cede, imediatamente, lugar ao entendimento, favorecendo o sentimento de igualdade em relao s demais pessoas, sem a presena de qualquer conflito perturbador. Os andrajosos fsicos tambm, quase sempre se encontram descuidados psicologicamente, atirados ao fosso do descaso, da indiferena, desejando no ser notados, excludos que se fazem por conta prpria do meio social. Morrendo, desejam desaparecer, no deixar vestgio. O Pai misericordioso sabia que o seu filho necessitava de roupas novas, de identificao pessoal com as demais pessoas. No era um rprobo de retorno, um fugitivo que estava sendo recebido, mas o filho que fora na busca de si mesmo e no conseguira o xito. Tornava-se necessrio que estivesse com a veste prpria para a festa que logo mais se faria em sua homenagem, de maneira que se no sentisse inferiorizado. A festa sempre a maneira de celebrar-se o retorno dos triunfantes, mas, naquele caso todos celebrariam o valor do pai, a segurana do lar, a vitria do bom senso e da realidade distante da iluso. O amor luz que se espraia em todos os sentidos, a tudo envolvendo na mesma claridade, sem excesso no epicentro nem diminuio a distncia.
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Os dois filhos, para o pai, eram as estrelas da velhice, assim como as aspiraes de nobreza que todos devem possuir e manter em desenvolvimento contnuo rumando para o logro da individuao. O Filho prdigo no apenas foi recebido, mas tambm abraado pelo Pai. H muitas maneiras de receber-se quem chega de viagem. Naquele caso, somente havia jbilo, porque h mais alegria quando se encontra a ovelha perdida, conforme acentuou Jesus. Nas lutas de sublimao dos valores egicos, que se devem transformar em claridades no imo do ser, h um abrao paternal da sade real em relao aos mltiplos distrbios da jornada evolutiva. Esse abrao espande-se, albergando, tambm, o outro filho, o insatisfeito, que pode ser tambm o eu demnio da fisso da psique. Trabalhar pela fuso desses antagnicos eus constitui o desafio psicolgico da busca do estado numinoso, no qual no h espao para sombra alguma, suspeita injustificvel, aceitao de tormento ou de conflito. O processo da volta para casa aps a jornada pelo pas longnquo feita de experincias libertadoras, de crescimento e amadurecimento emocional, de superao dos tormentos infantis que permanecem dominadores na personalidade, de identificao com a realidade desafiadora que deve ser vivida com entusiasmo. O filho uma experincia juvenil, pois que avana para tornar-se pai, no processo natural da perpetuao da espcie. A longa experincia da filiao ir oferecer-lhe madureza para a paternidade responsvel, sem os descaminhos das emoes exacerbadas. No inconsciente individual, quando algum se recusa ao autoconhecimento, provavelmente est negando-se futura
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paternidade/maternidade, que a vida impe, seja sob o aspecto biolgico ou afetivo. No apenas genitor aquele que reproduz, mas tambm quem ensina, quem educa, quem se responsabiliza e guia, numa pater-maternidade espiritual de longo significado, que muitas vezes se torna mais representativa do que a biolgica. Essa ltima automtica, impositivo da unio sexual, enquanto a outra optativa, espontnea, idealista, libertadora. Quem se isola na tristeza, negando-se a claridade da alegria e a msica do jbilo, encarcera-se na soledade, sem reproduzir-se em afeto ou em dedicao, podendo ser considerado, conforme a parbola da figueira que secou, muito simblica, em relao s vidas ressequidas, no produtivas, que se tornam inteis, muitas vezes pesando na economia da sociedade, sem esforo para tornar-se contribuinte, optando por dependncia, a doentia dependncia infantil. Cada perodo existencial apresenta-se como ensejo de alcanar-se a prxima etapa, mais amadurecido, mais lcido. o que anela o Pai amoroso da parbola. Aqueles filhos seriam pais um dia e era necessrio que compreendessem, desde cedo, que o afeto no tem limite, seja qual for a circunstncia que se apresente. Quando exige, toda vez que se impe, torna-se capricho emocional ao invs de alimento da vida. Esse crescimento na direo da paternidade/maternidade independe de cultura, de posio social, de recursos financeiros, por tratar-se de amadurecimento interior, de reflexes profundas que se derivam das experincias existenciais nas mais diferentes expresses da reencarnao. A culpa do filho prdigo cedeu lugar confiana do amor do pai, de tal forma que no teve pejo em desculpar-se, em expor-se, em apresentar-se desnutrido, descalado, malvestido, em situao deplorvel, porm, vivo e confiante.
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No ouviu do Pai generoso as expresses usuais do perdo, ao lado da repreenso, do acolhimento, mas tambm da queixa pelo tempo que foi malbaratado, ao lado da fortuna que foi desperdiada. Encontrou abrigo e compreenso, oportunidade renovadora, como se nem sequer houvesse ido ao pas longnquo, porque jamais se afastara do seu corao bondoso. Esse o mais elevado trofu do sentimento de paternidade, de dever humano e social, de construo da vida em todas as suas expresses. Quando se deseja paz mediante lutas, alegria entre vexames e queixas, somente brumas e sombras surgem empanando o Sol da vida. A volta para casa inevitvel, porque todos retornaro ao pas longnquo-prximo da Espiritualidade de onde se veio para a experincia de crescimento e de desenvolvimento do deus interno. Transgrida-se ou no o compromisso de respeitar os tesouros de que se dispe, a volta inevitvel, porque essa a finalidade existencial do processo imortalista. O ser humano construdo para a plenitude do Self, aps as inevitveis experincias de ida e de volta para casa.
Amar para ser feliz
A Parbola do Filho prdigo faz parte da trilogia narrada por Jesus, em resposta ao farisasmo hipcrita e perseguidor. Era-Lhe hbito conviver com os pecadores e os publicanos, que se sentiam atrados pelos Seus ensinamentos libertadores. * Os doentes do corpo buscavam a cura que lhes restaurasse a sade. Os seus enganos eram tidos como graves compromissos pela intolerncia religiosa e social da sociedade castradora e perversa. A sombra coletiva pairava sobre Israel e os seus servidores
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mais credenciados, os fariseus, os levitas, os escribas, os sacerdotes viviam da aparncia enganosa. Mantinham a preocupao de atender aos 613 preceitos que diziam respeito ao corpo e sociedade, embora interiormente se encontrassem deteriorados pela morte do sentimento e pela presuno de coisa nenhuma. Os seus conflitos eram mascarados porque lhes importavam os falsos prestgios e distines, os comentrios bajulatrios e a extravagncia da aparncia, quanto possvel impecvel, embora apodrecendo de inveja, de insatisfao, enfermos em esprito com mais dificuldade para a recuperao. Nas parbolas psicoteraputicas narradas por Jesus, percebe-se que os Seus inimigos no censuravam a conduta daqueles que foram excludos da vida social, por serem pecadores e cobradores de impostos sempre detestados, mas a do Mestre em conviver com eles. Olvidavam-se que era natural que o Homem integral, Aquele que no tinha sombra nem qualquer tipo de conflito acercasse-se dos impuros, a fim de os recuperar, de os integrar na vida. Haviam-se esquecido, por convenincia e pela perversidade em que se compraziam, da grandeza do amor, da poderosa proposta libertadora de que se reveste, do significado profundo de que portador. Por isso, pode-se considerar que as trs parbolas dos perdidos, a do homem que deixa o rebanho para buscar a ovelha que se perdeu, a da mulher que perdeu uma dracma e a do Filho prdigo, que se perdeu, podem ser consideradas como as do encontro e do autoencontro. Sob outro aspecto, pode-se denomin-las como as mensagens de jbilos e de misericrdias, porque todos, ao encontrarem o que haviam perdido, ao autoencontrar-se exultavam, convidando todos, servos e amigos, para que se banqueteassem, para que sorrissem, para que se rejubilassem com os resultados felizes.
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A sade jovial e enriquecedora de alegria, promovendo a tranquilidade e ampliando a capacidade de amar. O pai misericordioso em todos os momentos da narrativa profunda ama, tanto quele que foge em busca da autorrealizao e fracassa, quanto ao outro que fica ao lado, vivendo emocionalmente distante do carinho e do sentimento de ternura para com o genitor. Em momento algum demonstra afeto, porque est morto na sua conduta formal, pusilnime, que aparenta fidelidade, mas apenas interesseiro, porquanto no se refere quele que retorna humilhado e destroado interiormente, como seu irmo. Usa de uma expresso dura para com o pai e ferinte para com o sofrido, dizendo: - Esse teu filho a... Havia um proposital desprezo, um cime doentio e um indescritvel sentimento de vingana. O irmo era visto agora como competidor, que estava reabilitado, que voltava a ter direito aos haveres do pai, que iria disputar com ele a herana... O pai, no entanto, redargui com pacincia amorosa, sem lhe censurar a conduta e o ressentimento: - Filho (menino), tu ests sempre comigo, e tudo o que meu teu. O Self do pai sabia a razo do despeito do ego do filho mais velho e procurou tranquiliz-lo, sem o conseguir de imediato. Ento aduziu: Mas era preciso que festejssemos e nos alegrssemos, pois esse teu irmo estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi encontrado! Somente um sentimento de amor profundo e desinteressado poderia concluir de tal maneira, na anlise do comportamento do filho que retornou, ao mesmo tempo, demonstrando o significado da alegria. O amor do pai automtico em expressar-se, em oferecerse em jbilo. Ao ver o filho de longe correu e encheu-se de compaixo, lanou-se-lhe ao pescoo, cobrindo-o de beijos.
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Esse beijo na face incontestvel sinal de perdo e de compaixo, de renascimento e de vida. No deu tempo ao filho ingrato de justificar-se, demonstrando-lhe que estava novamente no seu lar. Somente ento o desertor confessou que pecou contra ele e contra o cu, no sendo mais digno de ser considerado filho. Esperava ser tratado como empregado, porque a culpa estava nele insculpida, em face da desero, do desinteresse pelo pai idoso, quando mais necessitava de apoio e de segurana. * O amor , sem dvida, a terapia eficiente para os males que afligem os indivduos em particular e a sociedade em geral, porque desperta a reciprocidade, arrancando do esconderijo do egosmo esse sentimento que inato, mas necessita de estmulo, de ser despertado, de ser trabalhado, de ser aceito. O filho mais velho ficara com os sentimentos ressequidos, entregando-se ao trabalho rotineiro e no compensador de amealhar, no para o pai, na expectativa da herana, portanto, para ele mesmo. Por consequncia, no sentia a manifestao do amor de maneira alguma, o que o tornava doente emocionalmente, mesquinho e distante. Negando-se a entrar em casa e rejubilar-se, mantinha-se preso ao instinto de conservao dos sentimentos doentios, no dando oportunidade ao Self de desenvolver-se, mantendo-se distante e cerrado. necessrio entrar-se na casa dos sentimentos e renovlos com a alegria, com a satisfao pela felicidade dos demais. comum chorar-se com quem chora, poucas vezes, porm, sorrir-se com os jbilos dos outros, porque a inveja, filha dileta do egosmo, no se permite compreender a vitria, a real alegria do outro... Provavelmente, na sua solido, o filho mais velho ambicionasse adquirir independncia aps a morte do pai, atrair amigos
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e afetos, pensando que somente o poder e o ter conseguem companhia e participao nos jbilos. Interiormente, prosseguiria ressequido, desejando ser amado, levado em considerao, desfrutando o destaque, superando o complexo de inferioridade em que se debatia por depender do pai sem o amar... No se encontra a felicidade fora do amor, que o el sublime de ligao entre todas as foras vivas da Natureza, o alimento das almas, fortalecimento da psique, vida e fora espiritual. Enquanto no viger o amor natural, o ser humano rumar perdido num pas longnquo, gastando haveres que transitam de mos e sempre deixam solitrio aquele que deseja a multido de presenas exteriores, igualmente vazias de companheirismo. Quem almeja o encontro, mesmo que inconsciente do Self, deve perceber que somente atravs de um mergulho interior, na reflexo silenciosa, possvel descobrir e dominar os tesouros adormecidos, trazendo-os para a ponte que facilitar a comunicao entre os dois eus, realizando a identificao do ego com os valores legtimos da vida. As heranas ancestrais de precaver-se para sobreviver, de agredir antes de ser atacado, de manter-se na retaguarda so todas deplorveis experincias que perturbam a sade emocional e psquica dos indivduos. Abrindo-se ao amor, cada um descobre que qualquer tipo de fuga perturbador, enquanto que todo avano na direo do servio fraternal, da solidariedade, do amor constitui prximo encontro com a sade. Por outro lado, o estado de semianiquilamento fsico e moral do filho mais moo demonstra que toda fantasia em torno da vida constitui perigo, e a entrega ao prazer desmedido se transforma em frustrao, em desgaste e culpa. A autoconscincia o elemento que deve ser buscado sempre e de forma lcida, a fim de poder eleger-se o que se deve
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fazer e se pode realizar em detrimento daquilo que se pode, mas no se deve, ou se deve, mas no se pode executar. Aquele filho mais velho possua a religio formal, aquela aparncia social, mas ainda no encontrara o sentido existencial, o significado do amor em toda a sua plenitude e na mais variada expresso. Na censura que faz, esse filho mais velho esquece-se da justia, pensando em ser justo, pelo menos para com ele mesmo, porque acredita ser o nico merecedor de todas as homenagens. Assim procedem todos os egostas. Olvida-se que os haveres so do pai, e que, mesmo idoso, enquanto viva, tem o direito de reparti-los, de utiliz-los conforme lhe aprouver, pois que foram os seus braos que deram incio ao patrimnio, foram a sua administrao e a constncia no trabalho que mantiveram os recursos agora disputados tenazmente pelo infiel que se dizia fiel... A sociedade ainda vive de maneira farisaica, sempre censurando os pecadores e os cobradores de impostos, requerendo cada membro mais ateno e cuidado, no inconsciente com inveja dos prazeres que esses experimentam e eles no se encorajavam a vivenciar, em face dos preconceitos vigentes... No seja de estranhar que algum seja censurado por uma atitude, veementemente combatido porque quebrou algum tabu social, no porque se permitiu a leviandade, mas porque o seu censor gostaria de estar no seu lugar e no tem as foras para faz-lo, vindo, no entanto, mais tarde, a viver de maneira equivalente, demonstrando o conflito em que vivia, a exulcerao oculta superficialmente, mas igualmente ptrida. Provavelmente, esse filho mais velho via o pai como um fornecedor dos haveres de que desfrutaria no futuro, no como o pai generoso e amigo que tambm participa da vida, das suas alegrias, das suas tristezas, embora traga o corao angustiado pela saudade do filho perdido...
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O amor abarca o mundo, e por mais se divida, jamais diminui de intensidade, conseguindo multiplicar-se e ampliar-se ao infinito. Somente no amor est a felicidade, porque nele se haure vida e vida em abundncia, facultando o encontro com a conscincia de si, o autoencontro com o Self.
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EXPERIENCIAS DE ILUMINAO
existncia terrena uma experincia de aprendizagem valiosa, atravs da qual o Self, em sua essncia superior, penetra nos arquivos grandiosos do inconsciente coletivo e individual, para bem o assimilar, ampliando a sua capacidade de discernimento e de conquistas libertadoras. Desalgema-se, em consequncia, das injunes do passado, porque as compreende, elucidando os enigmas que lhe permanecem em latncia, no mais gerando conflitos psicolgicos, e abre-se Essncia Divina, o Arqutipo primordial, logrando a plenitude do numinoso. Nessa conquista, a individuao torna-se-lhe plena e enriquecedora, tornando-se um verdadeiro reino dos Cus, porque sem aflio nem qualquer inquietao. Cada experincia no carreiro orgnico faculta-lhe conquistar mais conhecimentos e melhor capacidade para desenvolver os sentimentos, aumentando a habilidade para entender-se, para compreender as demais criaturas e amar-se, amando-as. No fossem tais oportunidades, e no haveria como compreender-se as diferenas psicolgicas, intelectivas, morais,
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orgnicas, econmicas, de sade, que caracterizam a mole humana. Reduzindo-se o ser a urna nica existncia corporal, ei-lo fadado a carregar o peso do acaso feliz ou desventurado, impondo-lhe um destino que no tem direito nem recurso para modificar, submetendo-se, inerme, s injunes desgovernadoras da ftua ocorrncia. Atravs das reencarnaes, no entanto, o livre-arbtrio faculta-lhe a eleio do bem ou do mal sofrer, da alegria ou da tristeza, da desgraa ou da ventura, porquanto a nica fatalidade que existe, melhor dizendo, o determinismo que se lhe impe a plenitude, que cada qual adquire conforme o empenho e a luta a que se consagre. Assim sendo, a aprendizagem do bem-viver, do desfrutar da sade integral feita mediante erros e acertos, como tudo quanto diz respeito existncia em qualquer forma atravs da qual se expresse. O equvoco de agora enseja-lhe reparao posterior, o acerto de um momento abre-lhe espao para novas conquistas, impulsionando-o irremediavelmente para a harmonia consigo mesmo e com o Cosmo. A viagem evolutiva, embora seja individual, impe relacionamentos valiosos que contribuem para resultados amplos e benficos, favorecendo toda a sociedade com os recursos para que vicejem condies gerais de equilbrio entre todos, e, por consequncia, de paz e de bem-estar. Ningum pode esperar por felicidade a ss, porquanto, a prpria solido constitui um transtorno grave de conduta, empurrando o indivduo para a alienao. A existncia terrena tem uma finalidade primordial e impostergvel, que a unificao do ego com o inconsciente, onde se encontram adormecidos todos os valores jamais experienciados e capazes de produzir a individuao.
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Integrar-se no Arqutipo primordial em a perda da prpria conscincia, da sua individualidade, o objetivo da vida humana, aps vencidas as diferentes etapas orgnicas e psicolgicas da sua evoluo. A fora geratriz para essa conquista o Self total mente libertado da sombra e dos conflitos contnuos entre a anima-us(*). Os relacionamentos desenvolvem a capacidade de crescimento e de compreenso do sentido existencial, assim como da necessidade de alcanar-se os objetivos anelados. Nesse esforo, o ego escravizado s paixes v-se compelido libertao, aliana com as demais pessoas, reconhecendo os prprios limites enquanto alcana outros nveis de entendimento e de conduta. No inicio do tentame, quando escasseia a maturidade psicolgica, antes da expulso do paraso, o ego toma todo o espao do Self, como se estivessem ambos no Jardim do den, sem separao, sem dilogo, sem conscincia. medida, porm, que vem a expulso do paraso, adquirese o equilbrio da conscincia, quando o ego se libera, embora ainda ocupando uma grande rea no Self. Por fim, ego e Self em um eixo de harmonia faz-se quase consciente, facultando a presena de Deus no imo, o retorno ao Arqutipo primordial. Jesus sabia dessa ocorrncia, e, por essa razo, misturouse s massas desesperadas, imaturas psicologicamente, sofridas, compartilhou Suas lies com todos, envolveu-Se nos dramas do dia a dia, experienciou as dificuldades do trabalho manual, exemplificando que a luta o clima de crescimento do ser humano, e os grandes inimigos esto no seu mundo interior e jamais no externo, convidando sada do epicentro do S e p a r a a aquisio da conscincia. Aqueles que se apresentam como adversrios de fora nada podem fazer, realmente, de prejudicial, a quem livre inter-
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namente, a quem venceu os impulsos e superou as tendncias agressivas. No entanto, encontrando-se preso aos interesses mesquinhos da superficialidade, rivaliza com esses que se lhe tornam inimigos, porque facilmente se fazem tambm inimigos. O mximo que pode realizar o adversrio criar embaraos na marcha do progresso da vtima, atentar contra os seus valores ou at mesmo contra a sua vida fsica. No consegue ir alm disso, porque no lhe atingir a realidade de ser imortal que , portanto, invencvel, desde que no se deixe dominar pelas veleidades, pelas paixes do primarismo animal por onde transitou. A grande viagem, iniciada com a expulso do paraso, vai ensejar o conhecimento das possibilidades de vitria nas renhidas lutas, novo Ado que obrigado ao trabalho com suor, com renncia e esforo, a fim de autodescobrir-se e conseguir o dilogo entre o ser que aparenta e o ser que Esprito indestrutvel! A criana que existe em todos inevitavelmente cresce e desenvolve a capacidade de entendimento, a necessidade de libertao, a busca do Si-mesmo, a aventura que lhe d experincia, a fim de realizar mais tarde, a volta para casa. Ocorre, ento, a primeira mudana na psique coletiva, porque sucedeu a mudana individual, o crescimento do ser, a alterao do inconsciente, avanando para Deus, com a inevitvel modificao das construes do mundo psquico. Nesse retorno, no existe a culpa, mas a conscincia, pois que ambas surgiram ao mesmo tempo, desde que Ado e Eva foram expulsos do paraso, saram da ignorncia de Si-mesmos, para os enfrentamentos. Aps o mito da desobedincia, ambos do-se conta das diferenas anatmicas e escondem-se, envergonhados, em face da libido que surge - a malcia - e fogem tambm de Deus, ocultando-se, mas nunca do deus interno que os acompanhar em todos os transes e trnsitos, descobrindo os opostos, sentin-
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do as necessidades. A criana, que neles existia, cede lugar aos adultos, aos seres formados para a procriao, para o desenvolvimento, no mais para a inocncia, a ignorncia permanente da sua realidade. A psique amadurece, amplia o seu raio de entendimento e de ao, engrandece-se, faculta a fisso dos eus, de modo que o ego se espraie, que surjam a sombra, os anima-us, que se conquistem os espaos naturais, de maneira a criar o dilogo, a interao do eixo perfeito entre ele e o Self. Essa viagem para a casa paterna j no tem retorno.
Perder-se e achar-se
O heri adormecido deve seguir adiante, procurar a prpria identidade, sair da proteo do Pai misericordioso, a fim de viver as prprias experincias. Talvez no seja necessria a forma como o filho prdigo tomou a deciso, mas uma escolha decorrente da prpria maturidade. Quando se rompem os primeiros laos entre o filho e a me a criana comea a dizer no. A sua personalidade se vai formando, nasce a sua identidade que necessita de independncia para o amadurecimento, para o enfrentamento dos prprios desafios. O vnculo com o Pai, especialmente no sexo masculino, pode durar por muito tempo como submisso, medo, interesse pela herana, falta de iniciativa para as prprias necessidades que tm sido supridas sem qualquer esforo de sua parte. Transfeindo sempre a responsabilidade dos seus atos ao Pai, o filho no cresce psicologicamente, mantendo uma forma de paraso infantil, onde se sente bem, embora no realizado. A experincia libertadora essencial ao crescimento interior e pessoal, podendo ser realizada, no entanto, sem traumas, sem culpas, sem danos.
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No poucas vezes, nessa fantstica aventura da autoidentificao ocorre o perder-se, a fim de mais tarde achar-se. A sombra em forma do eu-demnio apressa-se para que acontea a ruptura, enquanto o eu-anglico aturde-se e introjeta a culpa, que ressumar do inconsciente quando o indivduo perceber-se perdido e sofrido. Normalmente ocorrem desenvolvimentos espontneos e superiores na psique, quando se atinge a idade adulta, no entanto, nela existem fatores de compresso e de regresso, que se fazem vigorosos, demonstrando o erro em que se incidiu, abrindo espao para as reflexes mais srias destitudas do ego, facultando a corrigenda do erro, sem a perda das qualidades morais adquiridas. Antes, pelo contrrio, graas a esses valores de enriquecimento interior, que ajudam no discernimento, que proporcionam o crescimento e contribuem com as foras necessrias para a reabilitao. O ser amadurecido pela dor redescobre que tem um Pai misericordioso, que nem sequer o censurou quando ele partiu ou dificultou a sua viagem, mas que, com certeza o espera na sua afeio no ultrajada. Essa conquista da conscincia do si-mesmo a chave mgica para a deciso de voltar para casa, de retornar s experincias de identificao com a vida. J no se trata de uma volta inocncia, agora transformada em conhecimentos diversos, em sofrimentos dignificadores, em discernimento entre raga (a paixo, a iluso) e a realidade. No bastam ser trabalhados o ego e a persona, fortalecidos e construdos muitas vezes pelas experincias existenciais, mas sobretudo o Self consciente. Quando se atinge a meia-idade essa reflexo faz-se inevitavelmente. No entanto, o mesmo fenmeno ocorre, tambm, na juventude, aps alguns traumas e frustraes, desencantos e dissabores ante a realidade da vida.
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Foi o que pensou e executou o Filho prdigo, no inferno em que se encontrava. Ele sabia onde estava o paraso e o de que necessitava era o estmulo que se lhe apresentou como fome e humilhao, com a consequente possibilidade de morte. Havendo perdido a prpria identidade, todos os valores que lhe constituam a raa, suas heranas, seus prejuzos e suas conquistas, ao trabalhar com porcos - animais imundos na sua crena - em servir a um pago, pecando contra a f religiosa - o seu Deus - a mais vergonhosa derrota havia sido essa, de natureza moral, cujos fatores de perturbao se lhe acrescentaram como desonra, descrdito, abandono, misria fsica e econmica, defluentes daquela de natureza espiritual. No processo de aquisio da conscincia, por desconhecimento da realidade, por presuno e fatuidade, muitos perdemse e transitam imaturos no prazer, desperdiando a juventude e os tesouros que lhe so pertinentes, at o momento em que surge uma seca, faltam as energias para o prosseguimento e o indivduo cai em si, avaliando tudo quanto tinha e de que no mais dispe, sabendo que na terra longnqua onde vivia, tudo est em abundncia. J no mais aspira reconquista do que perdeu, porquanto h recursos que no retornam: energia, juventude, pureza de sentimentos, mas h outros que podem ser restaurados: dignidade, trabalho, renovao, novos logros. No caso, em tela, servia ao Filho prdigo um lugar entre os trabalhadores, mas ele foi restaurado pelo pai que o reabilitou, que o vestiu e calou com nobreza, que lhe ps o anel de distino e de unio. Tudo isto porque ele estava perdido efoi encontrado, estava morto e vivia. Podemos considerar esse fato, igualmente como o do amor de Deus, em relao s suas criaturas, Seus filhos rebeldes que
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Lhe abandonam a casa paterna e fogem para o pas longnquo da loucura e da ingratido, entregando-se iluso com total olvido da sua origem divina, dissipando as foras elevadas que lhe so concedidas para o desenvolvimento espiritual, moral e intelectual, entregando-se ao servilismo com os animais imundos - as paixes primitivas - disputando as bolotas insistindo no primarismo ancestral - porque est perdido, mas com possibilidades de autoencontrar-se. Fazendo parte da trilogia dos perdidos - a ovelha, a dracma e o filho prdigo essa parbola tambm membro da trade do encontro, da esperana, da misericrdia, do jbilo. Achar-se muito mais importante do que achar. Acham-se coisas, animais e pessoas perdidos, no entanto, achar-se, quando se est perdido em si mesmo e no no espao-tempo, de relevncia psicolgica, de verdadeira cura, de reabilitao, de autoencontro, de amadurecimento para o estado numinoso. Torna-se necessria, nesse momento, a imago Dei na conscincia como parmetro para sair-se do ego extravagante e ditador, recordando-se do Pai misericordioso que sempre aguarda e que, reencontrando o que estava perdido, rejubila-se, prope e executa uma festa, mantendo a unio que fora arrebentada quando o irresponsvel fugiu para longe... A persona est sempre mudando no processo existencial porque resulta das aquisies psicolgicas e morais, embora o ego se demore na sua dominao, adquirindo recursos para interagir com as novas conquistas. Durante os perodos de mudanas biolgicas, conforme referido anteriormente, essas mudanas sucedem-se com naturalidade, atingindo o clmax na fase adulta-velhice, quando o perodo saudvel. Experiencia-se, na Terra atual, no mais o ciclo das culturas da vergonha e da culpa, mas o do narcisismo, do exibicionismo, da falta de censo e de pudor, da extravagncia, do poder...
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Apesar disso, a psique mantm a herana da culpa e da vergonha no inconsciente individual e mesmo quando anestesiada por circunstncias e ocorrncias casuais, locais, sociolgicas, so sempre de breve perodo de durao, porque ressumam e se expressam de maneira patolgica com transtornos de comportamento e sndromes de enfermidades defluentes de somatizaao. compreensvel que o necessrio sair de casa para tornar-se heri, no deva passar obrigatoriamente pelo insucesso, a depender, portanto, da maneira elegida para essa experincia. Achar-se uma necessidade do si-mesmo para desfrutar da alegria de viver, no sucumbindo em distrbios de conduta, sempre lamentveis e dolorosos. Quando se pensa que o Cosmo possui um sistema de natureza moral, organizador, descobre-se alegremente que a vida oferece processos evolutivos que impulsionam ao engrandecimento pessoal e plenitude ou individuao. Pode-se alcanar esse crescimento sem que se passe compulsoriamente pelo insucesso do ego, pelas incertezas do Self, realizando-se a viagem de volta a casa, em clima de alegria. Jesus concebeu e exps a Parbola do Filho prdigo, assim como as duas outras, sobre os perdidos, para demonstrar que Ele viera para esses sofredores e desorientados, que Ele encontraria e reconduziria s suas origens, na doce expresso do Pai misericordioso, o que conseguiu com xito retumbante, demonstrando, sub-repticiamente, aos seus antagonistas que, de alguma forma, eles estavam perdidos, mas que tambm estavam sendo encontrados, tendo a chance de retornar casa paterna... O desafio de Jesus prossegue na atualidade com as mesmas caractersticas, representadas no Seu chamamento conscincia de felicidade, naturalmente para aqueles que a perderam ou no a a tiveram, ante o crivo dos novos fariseus presunosos e enganados em relao vida e ao seu determinismo.
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So, por enquanto, Filhos prdigos saindo da casa paterna, para desfrutar as heranas divinas no pas longnquo.
Sair de si-mesmo
Para que o si-mesmo possa expressar-se com segurana, especialmente na parbola em anlise, torna-se indispensvel a integrao da persona com a sombra. Jung considerou a persona e a sombra como classicamente opostos, encontrando-se no ego a expressar-se, numa viso total da psique, como polaridades. Trata-se de uma aceitao consciente do si-mesmo, compreendendo o seu lado sombra e as suas dificuldades em lidar com ele. Devem-se considerar as ocorrncias negativas e perturbadoras como naturais, sem os constrangimentos nem a vergonha das manifestaes pessoais que so tidas por perversas, demonacas. Como esse lado no est de acordo com a persona, a aparncia que se mantm, surgem os problemas interiores, os conflitos que devem ser evitados, tendo-se em vista que esse aparente mal, desde que no prejudique a outrem, tambm responsvel por muitos acontecimentos bons, por momentos de bem-estar e de alegria. Estar-se aberto s diversas manifestaes existenciais, sem repugnncia pelo chamado lado mau, pela exteriorizao do eu-demnio, sobrepondo, sem violncia nem conflito, o euanglico, proporciona uma pr-individuao, porque nessa luta de opositores surge uma terceira coisa, que a conquista do estado numinoso. Normalmente os contedos da sombra so contestados pela persona (o irmo mais novo e o irmo mais velho da parbola em estudos), que tambm podem encontrar-se no mesmo indivduo,
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quando esse sofre a repulsa de si mesmo e o desejo de elevar-se, ocorrendo inevitveis conflitos de comportamento. Jung prope um novo smbolo que sempre trar algo de ambos, que o esforo para a integrao daqueles contedos, numa diferente e renovada concepo de mundo como decorrncia da transformao do ego. O filho mais moo da parbola sentia que o seu irmo mais velho no o aceitaria e, malgrado essa percepo antecipada, gerou o movimento do retorno, porque naquele momento a sua viso qualitativa do mundo era diferente, assim valorizando o lado bom do mesmo e considerando o seu esforo de arrependimento voltando para casa. Quando se foi para o pas longnquo, estava buscando o si-mesmo, embora saindo; quando retornou, descobriu-se caindo
em si-mesmo.
Muitas das atividades humanas e ocorrncias psicolgicas so o resultado dessa sada sem a perspectiva, pelo menos racional, da volta, o que se transforma numa atitude de definio e de responsabilidade pelo que possa acontecer no futuro. A medida, porm, que a persona se fortalece, ampliando a capacidade de compreenso e de identificao, torna-se malevel, submete-se s necessrias mudanas, conseguindo a integrao com a sombra, fundindo os dois eus. H, entretanto, indivduos com uma tal carga de energia da sombra que no conseguem a aceitao dos seus erros pela persona, tornando-se uma questo patolgica necessitada de terapia especializada. Essa conduta antinmica resultado dos instintos ainda dominantes na psique, herana poderosa da natureza animal do ser em relao sua natureza espiritual, sua origem no Uno. As experincias das reencarnaes privilegiando em uma etapa os valores intelectuais, noutra aqueles de natureza moral, em diversas ocasies o desenvolvimento das tendncias artsticas
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e culturais, os labores cientficos e filosficos, as msticas religiosas com todas as suas cargas simblicas e mitolgicas, havendo gerado o peso dos conflitos, a descoberta do bem e do mal, a perda do paraso, ensejam o predomnio de um arqutipo sobre o outro. Em determinado perodo mais primitivo da evoluo, a sombra, mais tarde a presena marcante da persona, em diferentes oportunidades o anima-us, por muito tempo o ego at o momento da estruturao complexa do Self, na sua amplitude que se espraia alm dos limites do indivduo. Por sua vez, o Pai amoroso saiu de si mesmo para receber o filho perdido e o acolheu no corao, que jamais deixara de o amar, pois que nunca o expulsara dos seus sentimentos, quando constatando que o outro filho, o mais velho, se recusava a entrar em casa e fora tomado pela revolta, assim como a ira, filhas diletas da sombra, novamente saiu de si-mesmo e foi em sua busca, por constatar que estava perdido tambm, necessitando de ser encontrado. No processo da evoluo do Esprito, faz-se necessrio muitas vezes, sair-se de si-mesmo, para alcanar-se a meta a que se prope, porque h situaes difceis de conflitos psicolgicos em torno, que necessitam da presena do ser divino que se possui no imo. Jesus assim o fez inmeras vezes, pois que Ele veio para as ovelhas desgarradas, sacrificou a Sua vida para resgat-las da perdio, confundiu-se com a sombra individual de cada qual e a coletiva de Israel, de Jerusalm assassina, que matava os profetas, a fim de manter a sua corrupo, aguardando um vingador para esmagar aqueles que lhe dominavam o povo, olvidando-se que a pior escravatura a que procede dos instintos, dos arqutipos inferiores do Self em formao e desenvolvimento. Sair de si-mesmo fruir por antecipao o retorno que se dar com a conquista realizada, quanto sucedeu com Jesus, crucificado, mas livre, indesejado, no entanto, triunfante, porque
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conseguira atingir o estgio mais alto da psique: a vitria sobre os impositivos existenciais, embora j fosse perfeito como o Pai Celestial perfeito. Considerando-se as parbolas da esperana, da consolao, dos jbilos, dos perdidos, pode-se ver Jesus na condio de Filho Prdigo do Amor. Afastou-se do Reino com os Seus inestimveis bens e veio ao terreno pas longnquo, para desperdiar os Seus tesouros com as meretrizes e ladres, os de m vida, que se Lhe tornaram ms companhias, sem permitir-se contaminar com as suas misrias. E porque eram incontveis esses necessitados Ele entregou tudo quanto possua e, repentinamente, viu que se abatera sobre o pas a fome de amor e de misericrdia, de compaixo e de solidariedade, resolvendo-se por entregar-se in totum, a partir do momentoso Sermo da montanha... Apesar dessa doao mxima de amor, foi desprezado pelos habitantes soberbos e ingratos desse pas, os prepotentes e dominadores, ficando com a ral, simbolicamente representando os sunos, como era quase considerada, no aceita e espezinhada, optando pela cruz do sacrifcio de afeto jamais ocorrido na Terra, voltando, porm, rico de bnos ao Pai misericordioso, que O recebeu em jbilo, permitindo que Ele ficasse ainda, por mais tempo, num e noutro lugar, acenando com a imortalidade gloriosa. No estado numinoso, Ele tentou dissipar a sombra individual, que espera pelo esforo do Self de cada qual, iniciando-se, ento, esse processo de unificao com a persona atravs dos dois milnios, a partir do momento em que se inicie a terapia psicotrpica da renovao interior, proporcionando aos neurocomunicadores a produo das monoaminas restauradoras da sade psicolgica e da moral atravs da vivncia dos Seus incomparveis enunciados psicoteraputicos.
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Herdeiro de si mesmo, o ser humano a soma das suas experincias, que desenvolvem os valores para a prpria evoluo. O que lhe constitui desafio em uma etapa desse crescimento, noutra se lhe torna mais acessvel, dando lugar ao surgimento dos arqutipos muito bem examinados pelo eminente mestre de Zurique, Carl Gustav Jung. Entende-se que a predominncia da sombra ou do animaus em indivduos biologicamente portadores de polaridades orgnicas opostas, resulta das experincias malsucedidas e que, repetidas, lhes proporcionam o ensejo de ajustamento, de integrao moral, qual ocorre com a persona na construo do Self iluminado, liberado das pesadas cargas dos conflitos ancestrais. A conquista da sade integral , compreensivelmente, um desafio que est diante de cada qual, dependendo do seu esforo enfrent-la desde logo ou posterg-la, quando complicada e perturbadora. Graas s conquistas da medicina nos seus mais diversos setores, e das doutrinas psicolgicas iluminadas pelo Espiritismo, com o seu valioso contributo psicoteraputico preventivo e curador, dispe o ser humano destes dias de instrumentos valiosos para o logro da felicidade mesmo na Terra, embora o Reino no seja deste mundo, nele iniciando-se e prolongando-se pelo infinito dos tempos e dos espaos. A Parbola do Filho prdigo, assim como a da dracma e a da ovelha perdida constituem preciosas lies de autodescobrimento de todo aquele que deseja identificar a finalidade da jornada terrestre, o significado real da vilegiatura carnal, conseguindo superar o vazio existencial com objetivos dinmicos e seguros em favor da sua completude emocional e espiritual. Resgatando as perdas, envolve-se em aquisies de relevante significao para a sua imortalidade, na qual, desde ontem, se encontra mergulhado.
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Cumpre-lhe, por consequncia, vigiar as subpersonalidades comprometidas com a sombra, expresses que, de alguma forma, dela se derivam, preservando o bom humor e evitando as suas alteraes, que abrem espao para a interferncia dos Espritos inferiores que pululam em toda parte, gerando alucinaes e ressentimentos, portadores de enfermidades de vrias etiologias, produzindo infelicidade e desar. Sair de si-mesmo, de maneira objetiva, a fim de ajudar os que se encontram na retaguarda, a imagem do Pai misericordioso recebendo o Filho prdigo de volta a casa... Em assim sendo, a reencarnao de valor inestimvel, que no pode ser desconsiderada, nem postergados os ensejos de crescimento interior. Procedente do ontem, o Esprito apresenta-se com o patrimnio amealhado, construindo o porvir que lhe est reservado. O seu esforo em favor da aquisio do estado numinoso deve constituir-lhe meta essencial na luta em que se empenha. Essa conquista independe de qualquer faanha paranormal, seja anmica ou medinica, antes valendo pelo autoconhecimento e as transformaes emocionais para melhor que possa conseguir. A sua sade psicolgica e fsica, psquica e moral, depender sobretudo desse empenho, desse entendimento da finalidade do corpo que o capacita para a plena libertao dos arqutipos tormentosos que ainda o mantm em escravido. Vez que outra se sentir impulsionado a sair da casa paterna e o far, desde que, de maneira sbia, investindo os valores que lhe so concedidos no crescimento interno, onde quer que se encontre, antevendo a possibilidade de retornar em situao saudvel, sem o desgaste nem a misria assinalados no fracasso do Filho prdigo. Fracasso, porm, que o Pai misericordioso transformou em lio de desenvolvimento moral, no lhe concedendo a po87
sio de servo ou de escravo, mas de filho que o era, pois que, perante Deus no existem filhos perdidos e cujos atos sejam irreparveis. Desse modo, a evoluo do ser, sua felicidade e harmonia dependem exclusivamente dele mesmo, contando com a misericrdia e a bonana do amor sempre responsvel pela concesso da plenitude. Quando os indivduos se aperceberem das vantagens do amor a si mesmo, de incio, ao seu prximo como consequncia, e, por fim, a Deus, tudo se lhe modificar durante o priplo orgnico, pois que esse tropismo superior al-lo- ao estgio de individuao.
Rejubilar-se
O jbilo defluente da conquista superior da sade psicolgica, por sua vez, da harmonia que deve viger entre o fsico, o emocional e o psquico. O Pai generoso rejubila-se com o filho de volta, no considerando a sua defeco, que tida como uma leviandade da fase juvenil, exatamente daquele perodo de imaturidade e de incerteza, quando ainda existem as inseguranas da infncia e as perspectivas da idade adulta, sem a definio da personalidade. natural que, nessa busca do heri, da identificao do eixo ego-self, ocorram essas nuanas de insucesso, que levam maturidade, de inquietao e de aprendizado, necessrios ao processo de crescimento interior, desde que o conquistador esteja disposto a refazer caminhos, a reconquistar-se, superando a sombra e no se permitindo fixar na culpa. Toda viagem interior, semelhana daquilo que ocorre quando se viaja para fora, uma aventura de alto significado,
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sendo que, as sucessivas camadas de experincias negativas que vitalizam o eu-inferior, demonaco, geram impedimentos emocionais, dando largas a conflitos de natureza infantil, como as fugas para a lamentao, as queixas, a necessidade de colo materno. O jbilo deve permanecer no corao de todos os indivduos, mesmo quando enfrentando situaes embaraosas ou difceis, pois que proporciona claridade mental, enquanto a sisudez, a mgoa, o autodesprezo podem ser considerados como revides do eu-infeliz punindo o malsucedido. Rejubilar-se na comunho com as propostas da vida, na convivncia com as pessoas e a Natureza, consigo mesmo, constitui dever psicolgico derivado da harmonia que se consegue mediante esforo e autoidentificao de valores. A atitude do Pai misericordioso em relao ao filho arrependido deve constituir uma lio viva de comportamento que todos os indivduos devem manter em relao queles que se encontram em dificuldades de qualquer natureza, auxiliando, sem exigncias descabidas, sem arrogncia de triunfador em face da queda do outro, de maneira edificante e estimuladora. Quando se reprocha outrem pelo comportamento malso, em consequncia das suas aes incorretas, deve ser levado em conta que o tombado espera ajuda e no somente repreenso, buscando-se corrigir-lhe o erro, quando seja possvel, sem criar-lhe conflitos de inferioridade que o podem empurrar para situaes mais deplorveis. H uma tendncia natural para a tristeza entre muitos seres humanos, que se transforma em melancolia e contribui para o desinteresse pela vida, para a falta de observncia da beleza que existe em toda parte. Esses pacientes trazem de reencarnaes anteriores alguma culpa que se transformou em autopunio, trabalhando para que
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no experimentem alegria, inconscientemente por acreditarem que no a merecem. Predomina-lhes, ento, no comportamento, a sombra com a sua carga de negativismo, de punio... A vida humana um hino grandioso que exalta a grandeza do Uno em toda parte, convidando ao desenvolvimento dos valores adormecidos, do deus interno em expectativa de despertamento. Todos os seres humanos esto comprometidos com o Universo, assinalados por um importante labor a desempenhar em qualquer situao em que se encontre. A harmonia resultado de muitos fatores, alguns diversos que se unem, formando um conjunto de equilbrio. O equilbrio interior no significa paralisia, ausncia das colises, antes, pelo contrrio, so elas que favorecem o encontro da situao ideal, aps os choques inevitveis dos processos em litgio. Para alcanar-se, nesse aprendizado, a integridade, necessrio que ocorra o perfeito entendimento do Self pela conscincia, a identificao das polaridades antes em conflito e oposio, apesar das novas aparies que se transformam em materiais inusitados a integrar. Sempre se est crescendo durante toda a existncia, em cada fase conseguindo-se novos contributos para o enriquecimento da vida psicolgica. Somente assim possvel rejubilar-se consigo mesmo, quando cada qual descobre a riqueza interior que vai acumulando, a maneira como supera as crises que surgem e as situaes desafiadoras. Cada etapa da vida, portanto, tem as suas imagens arquetpicas, os seus comportamentos e as suas conquistas, trabalhando para a vitria sobre o respectivo perodo que se vivncia. O Pai misericordioso rejubila-se com o retorno do filho, mas no se esquece de atrair tambm o outro filho, o ciumento
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e vingativo, que se nega a entrar em casa, evitando participar da festa de alegria, significando o eu-demonaco. O amor, porm, do Pai, desmascara-o, enfrenta-lhe a persona doente, e demonstra que est contente por t-lo e que se rejubila por conviver e beneficiar-se da sua presena. Por isso, um cabrito que lhe desse para banquetear-se com os amigos no tinha qualquer sentido, para aquele que lhe dava tudo, porquanto, assim informara: E tudo quanto meu teu... A vida um poema de jbilos. Rejubilar-se com tudo e com todos o passo feliz para a individuao.
Utilizar-nos-emos, em tempo, da expresso anima-us para significar a anima e o animus. Nota da autora espiritual.
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C O N V I V E R E SER
inegvel que o Evangelho de Lucas possui uma beleza especial, que o torna um dos mais belos livros que jamais se escreveram. Quando Jesus se dirigia a Jerusalm, nessa subida narrou 19 parbolas, que representam um dos mais belos e atuais estudos do comportamento humano diante da conscincia enobrecida e dos deveres para com o prximo. chamado de O Evangelho da misericrdia e da compaixo. Misericrdia e compaixo constituem desafiadores termos da equao existencial humana. Misericrdia, porm, que seja mais do que piedade, tambm alegria no jbilo do outro, satisrao ante a vitria do lutador e tudo quanto se puder fazer, que seja realizado com paixo, com um devotamento superior rico de bondade e de enternecimento... O captulo XV, que tem merecido nossas reflexes na presente obra, narra as trs parbolas dos perdidos, em uma anlise das necessidades emocionais do ser diante das ocorrncias do cotidiano, dos aparentes insucessos e perdas, que devem stituir motivo de coragem e de busca, jamais de recuo ou de desistncia.
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...E Ele narrou-as, porque, acossado pela hipocrisia farisaica dos seus ferrenhos inimigos, que O acusavam de conviver com os miserveis: meretrizes, brios, povilu, doentes e excludos, no teve outra alternativa, seno tentar despertar as suas conscincias ignbeis adormecidas para o bem e para a solidariedade. Caluniado de beberro e comilo, porque se alimentava com os infelizes, jamais se justificou, isto porque no tinha sombra, era numinoso. Entretanto, fazia-se mister legar-lhes o tesouro teraputico da misericrdia, a fim de que entendessem que tambm eram esfaimados de luz e de amor, debatendo-se nos conflitos hediondos em que se refugiavam. Preferiam no entender que Ele a luz do mundo e, semelhana do Sol que oscula a corola da flor sem perfumarse, assim como o pntano apodrecido sem macular-se, pairava acima das humanas misrias, erguendo os tombados e evitando que descessem a abismos mais profundos, aqueles que se lhes encontravam borda... Preocupavam-se, os seus infelizes acusadores, em manter os hbitos e a tradio, sempre exteriores, com o mundo ntimo em trevas, comprazendo-se em vigiar os outros, descarregar as culpas e mesquinhezes naqueles que invejavam porque no eram capazes de se assemelhar ou pelo menos de aproximar-se-lhes moralmente... Captando-lhes os pensamentos hostis e despeitados, ouvindo-lhes as acusaes, o Homem Integral, compadecendo-se da sua incria, exps a Sua tese, atravs de interrogaes sbias e respostas adequadas: Qual de vs o homem que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, no deixa as noventa e nove no deserto, e no vai em busca da que se havia perdido at ach-la? Quando a tiver achado, pe-na cheio de jbilo sobre os seus ombros e, chegando a casa, rene os seus amigos e vizinhos e diz-lhes: Regozijai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haver maior jbilo no
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cu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos, que no necessitam de arrrependimento. E prosseguiu, intimorato e intemerato: Qual a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma, no acende a candeia, no varre a casa e no a procura diligentemente at ach-la? Quando a tiver achado, rene as suas amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. Assim, digo-vos, h jbilo na presena dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. (versculos 4 a 10) As profundas parbolas dos perdidos e achados so o prlogo da extraordinria narrativa do Pai que tinha dois filhos... Nas trs narrativas, o inconsciente coletivo libera inmeros arqutipos ocultos que se fazem presentes, de maneira clara, como acompanhamos no texto, quando o homem e a mulher so apresentados, respeitando o anima-us, para servir de base ao estudo psicolgico do ser humano que, embora a diferena de sexo, as emoes se equivalem, as aspiraes so idnticas, as ansiedades e alegrias so caractersticas do seu comportamento. A sade, a paz de esprito, o equilbrio emocional e psicolgico, a harmonia domstica, a confiana, a alegria de viver podem ser considerados ovelhas e dracmas valiosas que todos estimam e lutam por preservar. Nada obstante, as circunstncias do trnsito carnal, no poucas vezes, criam situaes difceis e perdem-se alguns desses valores ou, pelo menos, um deles, essencial vitria e ao bem-estar. sbio quem, no considerando os outros tesouros, empenha-se por buscar o que foi perdido, lutando com tenacidade at encontr-lo e, ao t-lo novamente, quanto jbilo que o invade! Irrompe-lhe a satisfao imensa, o desejo de anunciar a todos: amigos, vizinhos e conhecidos a alegria de que se encontra tomado pela recuperao do que havia perdido e voltou a fazer parte da sua existncia. Todos os indivduos conduzem no inconsciente individual a sua criana ferida, magoada, que lhe dificulta a marcha de
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segurana na busca da paz interior, da sade e da vitria sobre as dificuldades. Essa criana ferida o ser humano perdido no deserto, ou na casa, que necessita ser varrida, a fim de retirar as camadas de ressentimentos que impedem a claridade da razo, do discernimento. Mediante a reflexo e a psicoterapia equilibrada, a criana ferida, libera o adulto encarcerado que no se pode desenvolver e ocorre uma integrao entre a sombra e o ego, proporcionando alegrias inenarrveis ao Self, que aspira perfeita juno das duas fissuras da psique. Jesus conhecia essa ocorrncia, identificava os opositores internos, e por isso trabalhava com as melhores ferramentas da bondade e da compaixo, que Lhe constituam recursos psicoteraputicos para oferecer massa dos sofredores e, ao mesmo tempo, dos adversrios soezes que O no conseguiam perturbar. As trs parbolas da esperana, que so os tesouros arquetpicos existentes no inconsciente de todos os indivduos, tm urgncia de ser vivenciadas, seja num mergulho de reflexo em torno da existncia de cada qual, seja pela observao dos acontecimentos naturais do dia-a-dia, trabalhando os conflitos que decorrem das perdas para que sirvam de alicerces para as resistncias na busca para o encontro. A sociedade constituda em todos os tempos por pessoas como aquelas s quais Jesus deu prioridade, comendo e bebendo com elas, isto , sentando-se mesa da fraternidade, alimentando-se sem alarde e sem preocupaes exteriores das observancias israelitas, demonstrando sua preocupao maior com o interior, com a psique, do que com o exterior, o ego, a aparncia dissimuladora. O nmero de transtornados psicologicamente muito grande, em face da preservao da criana ferida em cada um,
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dos complexos narcisistas e de inferioridade, do egosmo e da presuno que impedem o indivduo de autorrealizar-se. Sempre est observando o que no tem, o que ainda no conseguiu, deixando-se afligir pela imaginao atormentada, fora da realidade objetiva, perdendo-se... O encontro somente ser factvel quando se resolver por autopenetrar-se, por buscar identificar a raiz do drama conflitivo e encorajar-se a lutar em favor da libertao, regozijando-se com cada encontro, cada realizao dignificante. Quem teme o avano e somente observa a estrada, permanece impossibilitado de conquistar espaos e alcanar o cume da montanha dos problemas desafiadores. Passo a passo, etapa a etapa, vo ficando para trs os marcos das vitrias, pequenas umas, significativas outras, facultando a integrao da prpria na Conscincia Csmica sem a perda da sua individualidade.
Cair em si
As perdas tm uma trajetria na psique humana, desde os primrdios da evoluo, quando ocorreu a sada do paraso, a perda da inocncia, ante os gravames das castraes culturais, religiosas, sociais, que geraram o mascaramento da necessidade substituda pela dissimulao, dando surgimento aos primeiros sinais de insegurana e aos registros de criana ferida no indivduo. Embora reconhecendo-se problematizado, esse indivduo ainda hoje foge da responsabilidade do enfrentamento das culpas e desafios, normalmente transferindo-a para os demais, que so -justamente considerados como inimigos e perturbadores da sua paz ntima. Poder, realmente, algum de fora, criar embaraos ou sombrear a luz interna, a paz de cada qual, trabalhada na conscincia tranqila em torno dos deveres retamente cumpridos? claro, que no. No entanto, torna-se mais fcil ao ego transferir
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responsabilidades do que enfrentar a sombra devastadora a que se acostumou. O estgio da doena prolongada gera uma aceitao da circunstancia com certa dose de alegria, porque o doente no trabalha, mas d trabalho, no se preocupa com as ocorrncias deixando que outrem as assuma, permanecendo num estado infantil de dependncia, de lgrimas e de queixas, com que se compraz, enquanto se aflige... A conscientizao da culpa, assim como das necessidades de serem saudveis, so sempre retardadas pelos Espritos enfermos, que se refugiam nas decantadas fraquezas de que se dizem possudos, atribuindo aos lutadores incansveis foras que no lhes foram concedidas, como se houvesse privilgio entre as criaturas, aquelas que desfrutam de benesses imerecidas e aqueloutras que so as castigadas pela vida, portanto, dignas de piedade e de amparo. O desenvolvimento psicolgico contnuo, exceto quando impedido pela acomodao do ego dominador. O Evangelho de Jesus, particularmente as parbolas narradas por Lucas, so, indubitavelmente, um tratado valioso de psicoterapias espirituais, morais, sociais e libertadoras para todos os indivduos que as examinem em todos os tempos depois de escritas... Falando atravs de parbolas, Jesus utilizou-se dos mais valiosos recursos orais que existem, porque os arqutipos vivenciados encontram-se em todos os indivduos, ocultos ou no, e que, atravs dos diferentes perodos, sempre se expressam com carter de atualidade. Na parbola do pai misericordioso, quando o filho ingrato experimenta misria econmica, moral, social pelo desprezo de que objeto, aps reflexionar muito na situao de penria em que se encontrava, caindo em si resolveu buscar o pai que atendia aos seus empregados com nobreza, optando por no mais ser aceito, nem sequer como filho, porque no o merecia, mas como
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servo... E assim o fez, sendo recebido, no como empregado, mas como filho de retorno ao corao afetuoso. Foi necessrio cair em si... Cair em si foi o triste despertar de Judas ante a injuno da culpa, desertando mais lamentavelmente atravs do suicdio, num surto perverso de depresso... Cair em si foi o momento em que Pedro conscientizou-se aps as negaes, redescobrindo o Amigo trado e abandonado, oferecendo, ento, a existncia inteira, a partir dali, consciente e lcido para recuperar-se... Cair em si foi a oportunidade que se permitiu a mulher equivocada de Magdala, que se transformou interiormente, a ponto de haver sido escolhida para ser a mensageira da ressurreio... Cair em si deve constituir-se o passo inicial a ser dado por todos os doentes da alma, por aqueles que se comprazem nos conflitos e que se recusam as bnos da sade real, que estorcegam no sofrimento optando pela piedade e comiserao ao invs do apoio do amor e da fraternidade... A conquista da autoconscincia tem incio nesse cair em si, graas ao sofrimento experimentado, que o desencadeador da necessidade de encontro, de autoencontro profundo. O sofrimento consciente que faculta reflexes, convida, normalmente, mudana de comportamento, porque expressa distonia na organizao fsica, emocional ou psquica que necessita de ajustamento. Essa experincia evolutiva conduz com segurana ao encontro com o Cristo interno, ajudando-o a ampliar as suas infinitas possibilidades de crescimento e de libertao. Encarcerado no egosmo e vitimado pelas paixes ancestrais, o homem de todos os tempos padece a injuno da ignorncia dos males que o visitam, que nele mesmo se encontram, procurando mecanismo de evaso e justificativas irreais, para evitar-se o enfrentamento, a busca real e necessria do Si.
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Um nmero expressivo de problemas emocionais que se encontram na criana ferida, que se sente, mesmo na idade adulta, desamada e injustiada, pode ser corrigido quando o sofrimento deixa de ser manifestao de revolta para tornar-se viagem na direo da autoconscincia, atravs da qual consegue compreender as ocorrncias humanas sem acusaes nem desforos. Provavelmente, os pais ou educadores que se encarregaram de conduzir e orientar os passos iniciais da criana, foram, a seu turno, vtimas da mesma injuno decorrente da ignorncia dos seus ancestrais, que se comportaram com impiedade e indiferena, negligenciando os deveres e deles exigindo demasiadamente... No ser justo, que o mesmo painel de amarguras seja transferido para a outra gerao, nesse crculo vicioso que tem de ser interrompido pelo despertar da conscincia. Para que isso ocorra, no entanto, necessrio que cada qual caia em si, analisando com tranquilidade as suas dificuldades emocionais e trabalhando-as com dedicao, a fim de serem reformuladas e revivenciadas. Noutras vezes, quando a ferida muito profunda, torna-se necessria a psicoterapia especializada, a fim de levar o paciente a reviver os momentos angustiosos que foram asfixiados pelo medo, submetidos aos impositivos da prepotncia dos adultos, perturbando o desenvolvimento psicolgico. Mediante a anlise de cada sombra dominadora, ser projetada a luz do Self em busca da integrao, favorecendo o amadurecimento emocional do paciente e concedendo-lhe ensejos de recuperao e de alegria de viver. Essa psicoterapia levar catarse de todos os conflitos que permanecem ditatorialmente governando a existncia quase fanada, facultando que, por intermdio das associaes, abram-se horizontes adormecidos e surja o sol do bem-estar e da harmonia interior. J no lhe ser necessrio o refgio infantil da lamentao nem da acusao, mas a lucidez para compreender o sucedido,
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facultando-se renovao e entusiasmo nos enfrentamentos que proporcionam a descoberta da alegria. A tristeza que, periodicamente, assalta a casa emocional do ser humano no negativa, quando se apresenta em forma de melancolia, por falta de algo, por desejo de conseguir-se alguma coisa no lograda... Essa expresso da emoo vibrante caracteriza o bom estado de sade mental, porque uma fase de curta durao, abrindo campo para novas percepes dos valores mais elevados que no esto sendo considerados e logo se transformam em recursos portadores de bem-estar. Nada obstante, a experincia deve ser de breve durao ou vigncia, a fim de no criar um clima psicolgico doentio que venha a transformar-se em condio patolgica. Somente as pessoas normais, em equilbrio, experimentam as vrias emoes que constituem o painel da sua realidade emocional. Sade e bemestar sustentam-se nos alicerces das experincias diversificadas vividas pelo indivduo em equilbrio e harmonia. Ningum espere felicidade como uma horizontal assinalada somente por alegrias e ocorrncias satisfatrias, que no existem de maneira permanente, mas como uma grande estrada sinuosa, com altibaixos, sendo que a prxima descida jamais deve atingir o nvel inicial de onde se comeou a marcha... Nas duas parbolas das perdas da ovelha e da dracma, enfrenta-se uma situao muito delicada, que , no primeiro caso, deixar-se todo o rebanho, a fim de ir-se buscar a extraviada, ou preocupar-se, no segundo caso, exclusivamente com a moeda que desapareceu... Quando ocorre um problema no comportamento emocional, como se fora uma ovelha que se desgarra do conjunto psicolgico, a necessidade de trabalhar-se a sua falta e encontrar-se a melhor soluo, no exige que se distraia das outras faculdades, de modo a no vir o desfalecimento do entusiasmo e da alegria de viver.
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Divaldo
As demais ovelhas no deserto, normalmente esto guardadas por ces pastores que se encarregam de mant-las unidas, enquanto no chega o condutor... De igual maneira, necessrio que a vigilncia interior, o co atuante, esteja cuidando dos demais valores, a fim de que a harmonia do conjunto no seja perturbada, e, ao encontrar o perdido, realmente o ser se permita invadir pelo regozijo, a todos comunicando, mesmo que, sem palavras, o jbilo de que se encontra possudo. Todos necessitam de vivenciar, vez que outra, alguma perda, a fim de melhor valorizar o que possui. Enquanto se encontram em ordem os valores, as emoes seguem o curso harmnico das ocorrncias, o Self acomoda-se sombra e s injunes do momento. Um choque, um acontecimento representativo de perda produz uma reao emocional correspondente qualidade do perdido, ensejando a busca, a reconquista do que se possua e agora se transforma num valor cuja qualidade no era conhecida, porque existia e estava disposio. comum afirmar-se com certa razo, que somente se valoriza algo quando se o perde. certo que h excees, no entanto, diante dos problemas humanos, os apegos s coisas levam o indivduo a desconsiderar todos os tesouros que possui e, momentaneamente, no lhes concede o mrito devido, a qualidade que possuem. Uma organizao fsica saudvel, em que os sentidos sensoriais atuam com automatismo, constitui um precioso recurso que muitos somente consideram quando vitimados por qualquer problemtica em algum deles. Enquanto isso no se apresenta, utiliza-lhe a funo sem a real considerao que merece. O mesmo sucede com a bela imagem da dracma, em considerando o seu valor para a subsistncia da mulher e a manuteno da sua dignidade social.
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Os Espritos frgeis na luta, os enfermos emocionalmente, deixam-se vencer pelas perdas de muitos bens emocionais, sem envidar o menor esforo pela sua preservao ou mesmo reconquista, deixando que o tempo se encarregue de solucionar aquilo que lhes diz respeito, complicando, cada vez mais, a sua sade comportamental. A negligncia a esse respeito muito grande e, por isso, a maioria dos padecentes emocionais somente busca ajuda quando se encontra experimentando a fome das algarobas duras e raras, caindo, ento, em si, quanto prpria situao em que se encontra. nesse momento, que eles se recordam que tm um pai misericordioso, e somente o buscam porque tm necessidade, j que o sentimento de amor e de respeito no foi levado em conta. Cair em si, portanto, uma forma de converso, de voltar-se para algo novo ou redescobrir o valor do que possua e desperdiou. Ningum pode assumir uma postura madura e equilibrada sem o contributo da reflexo profunda que lhe permite mergulhar no Si, valoriz-lo e entregar-se com coragem, rastreando os caminhos percorridos e retificando as anfractuosidades que ficaram na retaguarda. A coragem de a u t o d c S C o b r i r - s e , identificando os erros que se permitiu, e o desejo real por uma nova conduta facultam que o Self aceite a sombra e integre-a harmoniosamente, facultando-se a alegria da recuperao. Como Psicoterapeuta invulgar, ao narrar as duas parbolas Jesus tomou como exemplos um homem e uma mulher, colocando em igualdade psicolgica o anima-us, para demonstrar que as necessidades e emoes so iguais, embora as diferenas de sexo. O pastor, que sai procura da ovelha desgarrada, estimulado pela sua anima, e quando a encontra, condu-la maternal-
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mente, com carinho ao rebanho, rejubilando-se como a galinha que agasalha todos os seus pintainhos sob a sua segurana... Por sua vez, a mulher que perdeu a dracma automaticamente comandada pelo seu animus, que a leva a varrer a casa, a acender uma candeia para conseguir luz e pe-se afanosamente a procur-la at o momento em que a encontra, e ento, funde-selhe o a nima-us, e exultante, a todos notifica o acontecimento. Para muitos pacientes, libido a alma da vida, utilizando-se de toda a sua pujana para a autorrealizao que no ocorre dessa forma. Quando, porm, qualquer circunstncia gera um conflito e os mesmos tm a impresso de a haverem perdido, transtornam-se e a tudo abandonam somente pensando no retorno da sua funo, da sua aspirao preponderante... Essa atitude pode parecer muito bem com a do pastor, diferindo em essncia, quando este ltimo ama a todas as suas ovelhas com igualdade, no desejando, como natural, perder nenhuma. O paciente, no entanto, valoriza, exorbitncia, essa energia que expressa vida, e logo faz o quadro depressivo, considerando-se indigno e incapaz de viver. A sua busca ansiosa e assinalada pelos tormentos da incerteza, enquanto o pastor estava consciente do xito do empreendimento. A existncia terrena, portanto, deve ser considerada em conjunto, em totalidade, de modo que todos os valores que constituem a sua realidade meream igual interesse e valorizao. Nenhuma funo mais relevante do que outra, porquanto, na harmonia da organizao fisiolgica devem prevalecer o bem-estar psicolgico e a claridade mental. Em razo disso, os fenmenos orgnicos acontecem como resultado do bem elaborado projeto psquico responsvel pela marcha evolutiva. Qual de vs? Interrogou Jesus, demonstrando que todos os seres humanos experimentam as mesmas angstias e ansiedades, buscam as mesmas realizaes e, quando convidados ao sofri104
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mento, sentem necessidade de paz e de renovao. No importa se tm haveres ou se vivem com carncias, porque, mesmo no desvalimento sempre se possuem outros recursos de natureza emocional e moral, que lhes so de alto significado, no abdicando, por exemplo, do orgulho, da presuno, do egosmo... No difcil encontrar-se na misria econmica os indivduos dominados por sentimentos de rancor e de mgoa, vencidos pela sombra, que teima em preserv-los no primitivismo... Esses sentimentos inferiores constituem tesouros para muitos afligidos, que no se incomodam de sofrer, desde que no se vejam impulsionados mudana interior de atitude perante a vida. Quando possurem outros bens, considerados de alto significado, a eles apegndose, tornam-se mais dspotas, vingativos e desditosos. Se perdem algo, aturdem-se, deblateram e revoltam-se, considerando-se injustiados pela vida, at o momento em que o sofrimento os leva a cair em si, quando tem comeo a sua renovao. A partir desse momento, atiram-se na busca da ovelha ou da dracma perdidas, rejubilando-se ao reencontr-las. H muitos valores morais em jogo na existncia e no seu curso, alguns quando correndo perigo fogem para o deserto ou perdem-se na sala do prprio lar... A sade real consiste no encontro e assimilao desses bens indispensveis paz interior e ao equilbrio emocional, sem perdas, nem prejuzos gerados por culpas ora superadas. Nessa circunstncia, a criana ferida que existe em cada pessoa est renovada, sem cicatrizes nem marcas dos transtornos passados, vivenciando a individuao.
A coragem de prosseguir em qualquer circunstncia
A existncia humana pode ser comparada ao curso de um rio que busca o mar. A sua nascente com aparente insignificncia, no, poucas vezes, vai formando singelo curso que aumenta de
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volume medida que recebe a contribuio de afluentes, vencendo obstculos, arrastando-os, seguindo a fatalidade que o aguarda, que o mar ou o oceano... As experincias da aprendizagem que ampliam a capacidade interior do discernimento e do conhecimento, constituem afluentes que favorecem o crescimento individual do ser humano, medida que surgem dificuldades e problemas que no podem parar o fluxo. A fora do seu volume, em forma de amadurecimento psicolgico, proporciona a capacidade para superar os impedimentos de toda ordem que so encontrados pela frente. Toda ascenso exige sacrifcios. O tombo no rumo do abismo quase normal, em face da lei da gravidade moral, enquanto que a elevao interior, a coragem de descer ao ntimo para subir ao entendimento, constitui um dos desafios existenciais mais complexos, em face do hbito resultante da acomodao em torno do j experienciado, do j conhecido, sem a aspirao impulsionadora para romper com a rotina e superar o estado de modorra em que se demora. A busca e preservao da sade meta que deve priorizar, dando sentido psicolgico existncia. Desse modo, as perdas impem a necessidade urgente do encontro mediante os riscos naturais que toda viagem herica exige. Mede-se a estrutura moral da criatura no somente pelos xitos alcanados, mas pelo empenho no prosseguimento das lutas desafiadoras, ferramentas nicas responsveis pelo crescimento tico-moral e espiritual ao alcance da vida. A busca do Cristo interior, nesse cometimento assume um papel de relevante importncia, que o esforo pela conquista da superconscincia. Quando se consegue essa integrao com o ego, alcana-se a individuao. Conceituou-se, por muito tempo, que a sade seria a falta de enfermidade, e que os indivduos portadores desse requisito
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eram mais bem aquinhoados que os demais. Constatou-se, porm, atravs das experincias, que a sade no apenas o efeito da harmonia orgnica, da lucidez mental e da satisfao psicolgica, porque outros fatores, como os de natureza socioeconmica, desempenham tambm importante papel na sua conquista e preservao. Enquanto se movimenta na argamassa celular o Esprito estar sempre defrontando as consequncias das suas realizaes passadas, que lhe impem compromissos reparadores quando se equivocou, e estmulos de crescimento quando se manteve dentro dos padres do equilbrio e do dever. A harmonia, portanto, que deve existir entre todos os fatores, nem sempre ocorre de maneira perceptvel, apresentando-se em formas variadas de achaques, de melancolias, de estresses, todos temporrios, sem que se constituam problemas perturbadores, transtornos na rea da sade. Pode-se estar saudvel, embora portando-se disfunes orgnicas ou doenas em tratamento... O equilbrio da emoo responde pelo comportamento enquanto se manifestam os fenmenos das alteraes celulares, das transformaes que se operam em quase todos os rgos como resultado do seu funcionamento, das agresses internas e externas, sem que afetem o bem-estar geral que deve ser mantido. Outras vezes, instabilidades emocionais defluentes de expectativas naturais do processo de crescimento, preocupaes em torno das necessidades que constituem o mapa da conduta social, aspiraes idealsticas, dores morais internas, insatisfaes com alguns resultados de empreendimentos no exitosos, contribuem para a ansiedade, porm sob controle da mente administradora, que prossegue estimulando a produo das monoaminas responsveis pela alegria, pela felicidade: dopamina, crotonina, noradrenalina...
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O vento que vergasta o vegetal d-lhe tambm resistncia e vigor. De igual maneira, os fenmenos, s vezes, desagradveis, que tm curso durante a jornada humana, contribuem para vitalizar os sentimentos e fortalecer a coragem, proporcionando valores dignificantes. Ningum, que se movimentando no corpo fsico, no esteja sujeito a tropeos e quedas, de igual maneira, ao soerguimento e continuao da marcha. Como elemento vitalizador da luta evolutiva, o amor de primacial importncia, mesmo quando proporciona preocupaes e desencantos. natural que se ame desejando algum retorno, em face da precariedade dos sentimentos ainda no desenvolvidos. Ideal, no entanto, ser que o amor se manifeste como efeito da alegria de viver e de expandir as emoes, os regozijos de que a pessoa se sente possuda, por descobrir esse dom precioso - a dracma perdida no desconhecimento - que muito mais benfico para quem o possui. O conceito, entretanto, vigente em torno do amor, que ele aprisiona, reduz a capacidade de entendimento em torno dos valores da vida, elege dolos de ps de barro que no suportam o peso da prpria jactncia e arrebentam-se, destruindo o heri. O medo de amar ainda encarcera muitas mentes e coraes que se estiolam a distncia, fugindo desse impulso de vida que vida. No entanto, somente atravs do amor, isto , a servio dele, que se estruturam os ideais edificantes e enobrecedores da sociedade. No o amor que aprisiona, seno a insegurana do indivduo que transfere para outrem os seus medos, as suas inquietaes, as suas ansiedades, aguardando t-los resolvidos sem o esforo que se faz exigido para tanto. Quando se estabelece o sentimento de respeito e de amizade entre duas ou vrias pessoas, h um enriquecimento interior
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muito grande porque o ego se expande, dilui-se, e o sentimento da fraternidade solidria alcana o Self, proporcionando o bem-estar, no qual o indivduo sente-se realizado, operando cada vez mais em favor do grupo, sem olvido de si mesmo. Nesse expandir do sentimento afetivo, h valorizao sem exorbitncia do Si-mesmo, que passa a merecer considerao emocional, libertando-se das traves que lhe impedem o desenvolvimento. Quanto mais se ama, muito mais se ampliam os seus horizontes afetivos. atravs do amor que a Divindade penetra a conscincia humana, por meio dos seus desdobramentos em forma de interesse pelo prximo, pela vida, do labor em favor de melhores condies para todos, incluindo o planeta ora quase exaurido... Esse Deus est muito alm da superada manifestao antropomrfica, sendo a inteligncia suprema e a causa primeira do Universo. No necessita de qualquer tipo de culto externo, de manifestaes formais, das celebraes que deslumbram, dos comportamentos extravagantes... Deus encontra-se na atmosfera, que fonte de vida, nutrindo tudo quanto existe, mas tambm nos ideais, e mais alm, em toda parte, nos sacrifcios, na abnegao de santos e de mrtires, de cientistas e de trabalhadores, de intelectuais e de idiotas, em todas e quaisquer expresses de vida, desde o protoplasma ao complexo humano. atravs dEle que se alcana o processo de individuao. Supe-se que a individuao ir ocorrer somente por meio dos momentos exitosos, das vitrias sobre a sombra, da autoconscincia conseguida. Sem dvida, que assim ocorre, mas tambm, nesse processo de individuao, surgem perodos muito difceis, que so defluentes das alteraes orgnicas, em face do avano da idade, de conjunturas psicolgicas, algumas delas afugentes, de inquietaes mentais, no entanto, instrumentos hbeis para o amadurecimento interior, para a viso correta em torno da existncia, para o trabalho de autoburilamento.
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A individuao no uma conquista fcil, tranquila, mas resultante de esforos contnuos, devendo passar, s vezes, por fases de sacrifcios e de renncias. Ningum consegue uma vida de bem-estar sem o imposto exigido em forma de contnuas doaes de dor e de coragem, enfrentando todas as situaes com estoicismo, sem queixas, porque, semelhana de quem galga uma elevao, medida que se esfora para consegui-lo, beneficia-se do ar puro, do melhor oxignio. A individuao o oxignio puro de manuteno do ser. A conquista desse estado numinoso pode ser comparada a uma forma nova de religiosidade, na qual se consegue a harmonia entre a vida na Terra e no cu. Anteriormente, por no existir a psicologia analtica, a religio albergava todas as necessidades humanas e a confisso auricular produzia um efeito psicoterpico na liberao da culpa, mantendo, no entanto, irresponsvel o indivduo, que achava muito fcil errar e ser perdoado, ferir e ser desculpado, sem realizar o processo de autoiluminao. Graas, porm, viso nova de Jung, os mitos religiosos podem ser substitudos pelos arqutipos e os conflitos, ao invs de recalcados e desculpados, devem merecer catarse, diluio, enfrentamento e reparao dos danos que hajam causado. So os arquivos do inconsciente que conduzem o indivduo e no o seu ego sujeito s alternativas dos interesses imediatos. Nesse arquivo grandioso do Esprito, o ego pode e deve manter dilogos com o Self para tomar conhecimento lcido dos seus contedos e melhor conduzir os equipamentos de que dispe na sua proposta de vida. identificando o erro que se aprende a melhor maneira de no o repetir. O que denominamos como erro, no entanto, trata-se de uma experincia incorreta, aquela que ensina a como no mais proceder dentro dos seus parmetros, terminando por ser valiosa contribuio evoluo.
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O ser humano, portanto, algo maior do que as expresses exteriores, os xitos momentneos, constituindo-se de toda a sua histria que registra insucessos e vitrias, tristezas e alegrias, produzindo-lhe o equilbrio que o segura e mantm no rumo certo. O pastor que resgata a ovelha perdida, torna-se mais vigilante em relao mesma, assim como s demais, evitando-se excesso de confiana, porque, medida que o rebanho avana, existem desvios e abismos perigosos... Ante a ovelha que foge, a atitude do pastor o socorro maternal, nada obstante, s vezes, o animal rebelde liberta-se dos braos protetores e novamente desaparece, optando pelo desvo no qual se oculta... Em tal situao, em seu benefcio, o pegureiro assume o seu animus e, vigoroso, aplica-lhe o cajado ou atia-lhe o co, encaminhando-o de volta ao aprisco. , portanto, inadivel o dever de prosseguir-se no compromisso relevante sob qualquer custo, seja qual for a circunstncia em que se apresente. A insistncia de que se d provas, quando se optando pela situao doentia, pelas sinuosidades do comportamento sem responsabilidade, propele a conscincia - o pastor vigilante - a impor sofrimentos que se encarregam de apontar o rumo correto, de encontrar-se o que se est extraviando ou foi deixado na retaguarda... O ocidental acostumou-se com os limites da emoo e adaptou-se aos prazeres da sensao de tal modo, que tudo aquilo que o convida inverso desse comportamento parece-lhe de difcil aplicao e, por tal razo, evita viver a proposta de olhar para si mesmo, para dentro, de autopenetrar-se para descobrir os incomparveis tesouros da alegria ntima, da vivncia elevada, sem cansao, sem ansiedades nem expectativas. Esse esforo realizado somente quando no tem outra alternativa e quando apresenta cansao em torno do conhecido gozo dos sentidos.
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necessrio passar por todas essas experincias, experimentar dificuldades e acertos, sofrer perseguies e ser eleito, porque tudo isso faz parte da constituio arquetpica da evoluo, e ningum pode vivenciar um estgio sem passar pelo outro. Essas necessrias capacitaes desenvolvem os sentimentos, aprimoram a viso em torno da vida, amadurecem o ser psicologicamente, trabalhando-lhe o Self, a fim de que os seus valores profundos abram-se em benefcio da individuao. Normalmente as criaturas queixam-se das cruzes que carregam e as fazem sofrer, parecendo-lhes injusto ter que as conduzir com dificuldades, vivendo em situaes difceis e speras. De alguma forma, o conceito e peso da cruz esto muito vinculados ao complexo da infncia que se encarregou de dar a viso do mundo. De acordo com a educao recebida a criana passa a ter conceitos da existncia que so herdados dos pais. Por essa razo, para alguns, o que constitui fardo, para outros aprendizado valioso. A pessoa deve aprender desde cedo a enfrentar os fenmenos existenciais como parte do seu programa evolutivo, o que equivale significar que, se dando conta da prpria sombra no a deve transferir para outrem, mas cuidar de dilu-la, mediante a compreenso das ocorrncias. A sombra tem uma vestidura moral em contnuo confronto com a personalidade-ego, exigindo, por isso mesmo, o grande esforo de igual magnitude moral, para conscientizar-se, compreendendo e aceitando os fenmenos perturbadores que lhe ocorrem como inevitveis. A maioria, no entanto, no a aceita como inerente, elemento constitutivo de todos os seres, portanto, presente em todas as vidas. Rejeitar ou ignorar a sombra candidatar-se a conflitos contnuos que poderiam ser evitados, caso se reconhecesse a ocorrncia desse fenmeno prprio do ser humano. Ela faz parte do ser, de igual forma como o ego, o Self e todos os demais
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arqutipos, que so as heranas do largo trnsito da evoluo. Na histria mtica da Criao, quando Ado comeu o fruto que lhe foi oferecido por Eva, teve que enfrentar a realidade da sua e da nudez em que ela se encontrava, reagindo automaticamente, procurando um arbusto para esconder-se, quando lhe surgiu o discernimento do tico, do bem e do mal, da malcia e do desejo, resultando nessa fisso da psique, o anjo e o demnio, cuja harmonia deve ser conseguida atravs do enfrentamento de ambos, num processo psicoteraputico de conscincia lcida. De igual maneira, a sombra que dali procedeu permanece no complexo psicolgico do ser exercendo o seu papel como herana ancestral do conflito inicial. A inocncia bblica das duas personagens referencial mtico para ocultar as funes edificantes da sexualidade, que a castrao religiosa considerou como manifestao de inferioridade e de tormento. A semelhana de outro rgo, o sexo tem as suas exigncias que devem ser atendidas com a dignidade e o respeito que lhe so pertinentes. Quando o indivduo se permitiu a corrupo de qualquer natureza, ei-la refletindo-se tambm no comportamento sexual, que se torna vlvula de escape para a fuga da responsabilidade moral. Desse modo, os desafios da sombra merecem observao carinhosa a fim de conseguir-se a sua integrao no Self, no mais separando o indivduo do ser divino que ele carrega no ntimo.
Ser-se integralmente
A dicotomia psicolgica do ter-se e do ser-se constitui grave questo no comportamento individual e social da Humanidade. Educa-se a criana, invariavelmente, para ter, para triunfar na vida e no sobre a vida com as suas dificuldades, mas para possuir e gozar.
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Como, felizmente, a existncia no se constitui exclusivamente das sensaes, mas especialmente das emoes, e o ser mais psicolgico do que fisiolgico, mesmo quando o ignora, natural que esse conflito esteja presente em todos os instantes nas reflexes, nas ambies, nas programaes existenciais. Como consequncia dessa falsa concepo tem-se uma viso neurtica do mundo e de Deus, que teriam como funo precpua e exclusiva atender aos desejos e caprichos do ser humano, destituindo-o da faculdade de pensar e de agir, como algum numa viagem fantstica por um pas utpico, no caso, o planeta terrestre. Quando algo constitui uma incitao luta em favor do crescimento intelecto-moral, ao desenvolvimento espiritual, a conduta neurtica espera que tudo lhe seja solucionado a passe de mgica, pelo fenmeno absurdo da crena religiosa, mediante um milagre, por exemplo, ou uma concesso especial, que lhe constitua privilgio, como se fosse um ser excepcional... Como todos assim pensam, resulta que o conceito em torno desse deus apaixonado e antropomrfico, transferncia inconsciente da imagem do pai que foi superada durante o desenvolvimento orgnico e mental, sofrem o impacto da descrena, da decepo, da amargura, que do lugar a conflitos perturbadores. Se a educao infantil se preocupasse em preparar a criana para tornar-se um ser integral, sem fraccionamentos, utilizandose de todos os preciosos recursos de que constituda, medida que evolusse no experimentaria os tormentos das frustraes defluentes das lutas pelo ter e pelo poder. Ao mesmo tempo, o conceito de Deus inerente e transcedente a tudo e a todos, como a fora inicial e bsica do Universo, evitaria a transferncia do conceito paterno, mantendo-lhe, no obstante, a aceitao da Causalidade absoluta. O Si-mesmo com facilidade identificaria os objetivos reais da existncia, evoluindo com os processos orgnicos e psquicos,
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sem apequenar-se diante das necessidades que se apresentam durante o crescimento espiritual. Esse programa educativo evitaria a criana interior ferida pela negligncia ou superproteo dos pais, facultando-lhe um desenvolvimento compatvel com o nvel de evoluo em que estagia cada Esprito. O conceito de culpa seria examinado sem castraes, demonstrando que perfeitamente normal a sua presena, resultado inevitvel do cair em si aps comportamentos irregulares, aceitando-a e liberando-a por intermdio da reabilitao, do processo de recomposio dos danos que foram causados pela presuno ou pela ignorncia. Uma vida saudvel estrutura-se no ser e no naquilo que se tem e com frequncia muda de mos. O ter e o poder transformam-se em algozes do indivduo, porque se transferem do estado de posse para tornar-se possuidores, escravizando-o na rede vigorosa do egosmo e dos interesses subalternos. Produzem conceitos falsos nos relacionamentos humanos, porque do a impresso de que no se amado, sendo que, todos aqueles que se acercam esto mais interessados nos seus recursos do que naquele que lhes detentor. De certo modo, infelizmente assim ocorre na maioria das ocasies, havendo excees respeitveis. O indivduo no o que tem ou que pensa administrar, mas so os seus valores espirituais, a sua capacidade de amar, os tesouros inalienveis da bondade, da compaixo, do sentido existencial. Em face da iluso em torno da perenidade da vida material, os apegos s posses levam aos conflitos, insegurana, s suspeitas, muitas vezes, infundadas, porque so fugidios e o que proporcionam de efmera durao. Sai-se de uma experincia dominadora para outra mais escravista, tendo os interesses fixados no ego e nos fenmenos dele decorrentes, quais sejam a
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ambio de mais ter e de mais poder, responsveis pela prepotncia, pela arrogncia, que so seus filhos esprios, ao invs da luta para conseguir alcanar a realidade interna. Quando h uma preocupao real pelo autoconhecimento, interpretando as ocorrncias normais como necessrias ao processo da evoluo, a sade integral passa a fazer parte do calendrio emocional daquele que assim procede. Esse processo impe o impositivo da ligao com a alma, o que equivale dizer, uma constante vigilncia com o ser profundo, o ser espiritual que se e no pela aparncia de que se veste para a caminhada terrestre. No passado, as religies tradicionalistas, e ainda hoje, criaram e prosseguem gerando cultos e cerimnias externas que se encarregam de manter visualmente a vinculao, estabelecendo dogmas em torno delas, responsveis pelo temor e pela submisso. Sendo positiva a proposta, perde o seu significado e torna-se perturbadora pela imposio sacramental e rigorosa, de carter compensatrio ou punitivo. No caso das compensaes, d lugar a uma sintonia falsa, vinculada ao interesse dos benefcios advindos com a prtica exterior, o que impede a ligao interna, profunda, significativa. No referente s punies, compromete o adepto que se preocupa mais com a forma do que com o contedo, e aqueles que so sinceros, tornam-se tementes ao invs de conscientes em torno dos resultados psicolgicos da identificao com o Si-mesmo. No entanto, uma anlise descomprometida com o formalismo religioso ou com as denominaes estabelecidas na rea da f, permite que, na Bblia, esse notvel manancial de inspirao e de sabedoria, separado o trigo do joio, encontrem contribuies valiosas para a interpretao de conflitos e orientaes necessrias ao bem-estar, em aforismos e lies de beleza mpar, nos seus arqutipos e mitos muito bem-estabelecidos, que podem ser interpretados e integrados ao eixo ego-Self.
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Mediante esses ensinamentos possvel pela reflexo voltar-se para o mundo interior, encontrar-se a residncia da alma, conviver-se com as suas necessidades no perturbadoras. Nesse cometimento, o amor exerce um papel preponderante porque somente atravs dele se podem alcanar os painis da alma, da alma que dele necessita para expandir-se, atingindo a sua finalidade evolutiva. Atravs desse esforo contnuo, redescobrindo-se a criana interior saudvel, que inspira ternura e amizade, despida de malcia e de idias preconcebidas, logra-se um estado interno de harmonia, porque a ausncia de suspeitas e de insegurana proporciona o bem-estar responsvel pela felicidade. A criana expressa uma confiana no adulto que ultrapassa os limites da razo. Aquilo que esse lhe promete ou lhe faz assinala-lhe fortemente a personalidade em formao, o carter em desenvolvimento, e porque no portadora de incertezas, entrega-se totalmente, deixando-se conduzir. Algum afirmou com beleza rara, que diante da criana sempre se encontrava diante de um deus... certo que o Esprito em si mesmo, no criana, mas a forma, a indumentria que o reveste, proporcionando-lhe o esquecimento do ontem e ensejando-lhe a ingenuidade do hoje para a sabedoria do futuro, proporciona essa ternura e afeio que a todos comove. Tudo quanto, pois, se instala no perodo infantil, permanece durante toda a existncia. Quando de um dos muitos terremotos que abalam periodicamente a Turquia, houve o desabamento de uma escola infantil onde se encontravam dezenas de crianas. Todas as providncias foram tomadas no sentido de ainda resgat-las com vida. Aps dias de trabalho exaustivo, os especialistas chegaram concluso de que, em face do tempo transcorrido, mesmo que se chegasse at elas, seria tarde demasiado, porque todas estarian inevitavelmente mortas.
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Um pai, no entanto, escavando, pedindo ajuda, informando que tinha certeza de que seu filho e outros haviam resistido e se encontravam com vida. J no havia mesmo esperana, e os trabalhadores vencidos pelo cansao comearam a desistir, menos o pai. ... Por fim, aps esforos hercleos, abaixo do desmoronamento, havia uma brecha, e logo se pde perceber que algumas crianas estavam sob vigas que se sustentaram umas sobre as outras, permitindo-lhes espao para respirar e viver. O genitor aflito chamou pelo filhinho, que lhe respondeu: - Eu tinha certeza que voc viria papai. A seguir, estimulou todas as crianas a serem retiradas, ficando em ltimo lugar, porque sabia que o seu pai no desistiria enquanto ele no fosse libertado. O pai tinha o hbito de dizer-lhe que confiasse sempre no seu amor e nunca temesse qualquer dificuldade, porque ele estaria onde quer que fosse para o proteger e amparar. Essa confiana, a criana transferiu aos amiguinhos, conseguindo sobreviver pela certeza, sem qualquer sombra de dvida de que o pai os salvaria... No sentido inverso, quando a criana estigmatizada, punida, justa ou injustamente, embora nunca seja crvel uma punio infantil denominada justa, ela absorve as informaes e castigos, passando a no acreditar em seus valores, no experimentando estmulo para avanar, crescer e prosseguir, porque mortalmente ferida, carrega a marca, tornando-se rebelde, cruel, cnica, destituda de sentimentos bons, que esto asfixiados sob o lixo da perversidade dos pais ou dos adultos que a insultaram, mesnoprezaram, condenaram-na... O ser , portanto, a grande proposta da psicologia, no sentido profundo ainda do vir-a-ser, conscientizando-se das incomparveis possibilidades que se lhe encontram adormecidas e que devem ser despertadas pelo amor, pela educao, pela convivncia social, a fim de que atinja a individuao.
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A realidade da psique prope, portanto, o desenvolvimento das possibilidades existenciais que se encontram em germe em todos os seres, crescendo no rumo da realidade e do saudvel comprotamento, para alcanar o patamar de um ser integral, portador de sade total. A conquista da conscincia humana iluminada, conforme propunha Jung, rompe a cadeia do sofrimento, adquirindo assim significado metafsico e csmico. Romper essa cadeia do sofrimento, representa manter uma conduta superior, elegendo o que fazer ao prximo, conforme recomendava Jesus, nunca revidando mal por mal, por ser a nica teraputica possuidora do valioso recurso de gerar tranquilidade interior. Quando os adultos compreenderem esse significado, no transferiro para os filhos as suas prprias feridas emocionais, amando-os integralmente e apresentando-lhes a alma, o ser metafsico e csmico. Todo o empenho, pois, deve ser aplicado na busca do ser e no do ter... As parbolas a respeito da ovelha que se perde, assim como da dracma que desaparece, dizem respeito ao ter, convidando ao encontro para o equilbrio da posse, a que se d extremada importncia na vida social. No entanto, Jesus, aps enunci-las, coroou a Sua proposta iluminativa, respondendo queles que O perseguiam porque convivia com as misrias alheias manifestas dos afligidos e desamparados, ensinando a importncia de ser e no de ter, a coragem de cair em si, de recuperar-se, de encontrar-se...
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s incomparveis conquistas nas diversas reas do conhecimento e do pensamento contemporneo trouxeram bnos incontveis para a vida em todas as suas expresses na Terra. Os avanos da sociologia, por exemplo, ampliaram os horizontes da fraternidade, dos direitos humanos, ainda no respeitados conforme foram propostos, demonstrando a excelncia da comunho espiritual entre as criaturas. Lamentavelmente, porm, as duas grandes guerras perversas que assinalaram o sculo XX, cujos efeitos dolorosos a sociedade atual ainda experimenta, facultaram demonstraes de primitivismo e de atraso moral das criaturas humanas, que parecem haver regredido em determinados segmentos ao perodo primevo da evoluo, tal a crueldade que as caracterizou. Um dos momentos excruciantes foi aquele que assinalou a exploso atmica sobre a cidade de Hiroshima, no Japo, no dia 6 de agosto de 1945, tornando-se a fronteira do passado em relao ao presente-futuro, com o surgimento do perodo denominado como ps-industrial ou ps-modernidade, conforme
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conceitos exarados muitos especialmente por Emile Durkhein, o filsofo francs da educao. Essa fase, que se torna cada vez mais perturbadora nas mentes e nos comportamentos, responde pela perda emocional de valores de alto porte, que vm reduzindo o ser humano condio robtica. De um lado, a evoluo da cincia e da tecnologia, e do outro, o isolamento em relao ao grupo social, as mudanas drsticas a respeito da vida e do seu significado, diante dos mentirosos padres elegidos como ideais para o bem-estar e a felicidade. A extraordinria contribuio virtual facilitou a comunicao, a tomada de conhecimento de ocorrncias on line, no mesmo momento em que vem acontecendo em toda a Terra, ao tempo que a soma de disparates e de estmulos violncia, ao dio, ao racismo, ao crime, ao suicdio, s mudanas de conduta, aturde e domina internautas desavisados ou menos resistentes moralmente. Relaes amorosas suspeitas estabelecem-se, dando largas fantasia e iluso, com a consequncia de lares e de vidas que se estiolam atravs de personalidades psicopatas, destitudas de sentimento de elevao, que se utilizam do recurso para esconder-se, dando vazo s paixes soezes... O culto ao corpo e ao prazer, o desvio das funes sexuais, a mentirosa vitria na telinha com os seus poucos e desvairados quinze minutos de fama, enlouquecem a juventude ansiosa e sem rumo, que busca o fcil atravs da venda ignbil da inocncia, antecipando as experincias humanas dolorosas no perodo juvenil, quando ainda no tem robustez para os enfrentamentos, fanando-lhes as esperanas de maneira insensvel... O tempo rpido, em razo da necessidade de a tudo participar, de estar a par das ocorrncias, asfixiando a liberdade de pensamento e de movimentao, culmina em tormentosa
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ansiedade e frustrao dolorosa, empurrando para o abismo da depresso ou da revolta as suas vtimas inermes. A falta de comunicao verbal e escrita, de contato humano sem suspeio nem deslumbramento, facultando relacionamentos saudveis, conduz as pessoas para os interesses egicos sem nenhuma participao na convivncia com os demais, como fruto esprio dessa ps-modernidade doentia e sem significado psicolgico. Corpos belos trabalhados por excesso de musculao, sarados, e interiormente vazios de aspiraes e de significado, do lugar a condutas extravagantes, que elevam glria equivocada e derrubam em ritmo acelerado aqueles que foram arrastados pelas fantasias dos seus apaniguados. Com as excees compreensveis, vive-se o perodo no qual a sociedade encontra-se enlouquecida, buscando coisa nenhuma, em razo da transitoriedade das conquistas e do imediato vazio existencial, que envelhecem e envilecem com rapidez os seus adeptos apaixonados e embriagados pelo licor dos sentidos fsicos... As mudanas de humor contnuas e a debandada dos compromissos ticos, que do sentido vida, caracterizam com perfeio esta fase de incertezas. Indiscutivelmente, o ser humano encontra-se em crise existencial. A falta de identificao entre o ego e o Self produz a ausncia de discernimento a respeito do existir e de como proceder, dando lugar dominao da sombra ignorada em todos os comportamentos. Por consequncia, aumenta o nmero de infelizes e de infelicitadores com a sua patologia maldisfarada. Esta experincia individual e coletiva, no entanto, indispensvel ao amadurecimento e evoluo do ser humano, que se apartou de si mesmo, buscando fora a alegria que somente se
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encontra nele prprio. Ningum pode proporcionar felicidade e bem-estar reais, porque essas emoes independem de circunstncias externas, embora muitos pensem ao contrrio. So sensaes que se expressam como emoes e logo cedem lugar aos transtornos, s frustraes e amarguras quando o objeto ou pessoa propiciadora do prazer altera a sua conduta ou se desinteressa em continuar no que ora se lhe apresenta como tedioso. Contribuindo de maneira habilmente proposital, a mdia cria dolos e devora-os, a cada instante, exaltando o crime e os criminosos que se lhe tornam manchete contnua, exaurindo os clientes, especialmente atravs da televiso, nas repeties exorbitantes das cenas de horror, nos julgamentos arbitrrios daqueles aos quais atribui a responsabilidade pela desgraa, no
estmulo justia pelas prprias mos, encorajando psicopatas
adormecidos a se tornarem famosos pela utilizao dos hrridos espetculos exibidos... O despudor agressivo que arrebata as multides, especialmente acompanhando as cenas de deboche nos aplaudidos programas de degradao humana, para a conquista da fama pela imoralidade e do dinheiro pela perda da dignidade, favorece o surgimento de mmias morais, que so os seres destitudos de emoo e de sensibilidade que a tudo se submetem para atingir as metas estimuladas pelo mercado do sexo e da drogadio... Naturalmente encontram-se incontveis labores de elevao moral e dignificao da criatura humana, ainda insuficientes, no entanto, para conduzir a grande massa ao caminho do discernimento e da sade real. So esses nobres exemplos de fidelidade ao dever e de continuidade da ao edificante que contribuem para equilibrar a balana moral do planeta humano, com os braos distendidos para o socorro aos tombados, para a minimizao do desespero dos fracassados, para a solidariedade junto aos abandonados pelo triunfo mentiroso.
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Eles comprovam que o ser humano est fadado ascenso e que o estgio inferior em que se compraz transitrio, por mais que dure, ensejando-lhe a experincia vivencial para a construo da sua individuao. A conquista dessa individuao como um parto. Todos os partos doem, mesmo aqueles denominados sem dor... Portanto, as dores ntimas e as faltas consideradas importantes, mas sem valor real, so o perodo de gestao para o parto da plenitude. Inevitavelmente, o ser humano traz o mito do significado e mesmo incapaz de o identificar, momento chega em que a nuvem anestesiante do prazer desaparea ante o sol da realidade, ei-lo impulsionando para o avano interno, a compreenso da mensagem do viver e do crescer psicologicamente.
As conquistas externas
O processo de evoluo antropolgica tem sido um extraordinrio desafio da vida, produzindo mudanas nas formas e funes orgnicas, facultando o desenvolvimento das faculdades mentais at o momento em que alcanou a formidanda rea da inteligncia e dos sentimentos. No por outro motivo que o instinto, na sua inteireza, j uma forma de inteligncia embrionria, por criar os condicionamentos que, mais tarde, a razo ir ampliar at proporcionar a compreenso dos conceitos sutis e das abstraes... Os impositivos para a sobrevivncia desenvolveram os instintos agressivos que predominaram no ser humano por milnios e, quando ocorreu a conquista dos prdromos da razo e o seu estabelecimento no cerne do Esprito, aquelas heranas prosseguiram com forte domnio no comportamento. A libertao lenta do primarismo e a aspirao do belo e do nobre, o Geotropismo se vm impondo, de forma que a conscincia hoje
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pode administrar os impulsos violentos, orientando-os para as aes de edificao, sem traumas nem conflitos. Nada obstante, o individualismo, esse filho dileto da conquista do materialismo, que se rebelou contra as imposies absurdas do religiosismo exterior, sem significados internos, expressa-se, na atualidade, como forma de uma incompleta autorrealizao, impulsionando o indivduo a ter, a destacar-se, a obter o que deseja de qualquer maneira, tornando-se consumista insacivel e inquieto. Em face desse instalado ps-modernismo, cincia atribuem-se valores e significados quase divinos, parecendo incorruptvel e insupervel, ao tempo em que as referncias pessoais nos relacionamentos que no se aprofundam, mantendo-se sempre na superficialidade, tornam as afeies descartveis, como tudo quanto se compra na sede voraz de possuir. Os afetos fazem-se ligeiros e amedrontados, oportunistas e descomprometidos, com medo, cada qual, de ser dominado pelo outro, evitando submeter-se, o que se caracteriza como pequenez, falta de personalidade, risco de perda, quando se estabelece a dependncia... A tremenda confuso entre afetividade e interesse sexual, entre amor e compensaes sentimentais, responsvel pelo desinteresse da convivncia fraternal saudvel, destituda de interesses subalternos, deixando-se a sombra dominar todos os espaos do ego, ao tempo em que no se abrem as possibilidades psicolgicas do Self para a realidade. As artes, que sempre tm expressado o estgio evolutivo, poltico, comportamental da sociedade, nestes dias conturbados, so agressivas e destitudas, em muitas reas, de propostas elevadas de beleza, expressando apenas os conflitos, as aspiraes doentias, a revolta e o desnimo dos seus portadores. A msica, por exemplo, descendo do pedestal das musas, enveredou pela contracultura, pelos desvos da ironia, da perverso moral, do
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deboche, da agressividade, do duplo sentido com destaque para o pejorativo, como se o ser humano devesse sempre reagir, mesmo quando pode agir, se deixasse tombar no vale do desespero, quando poderia aspirar pela alegria real de viver, modificando o status quo e contribuindo para o mundo melhor, onde possvel a vida expressar-se em harmonia e grandeza. Impossibilitados de conduzir os povos, por se haverem perdido nas malhas da burocracia e nos interesses partidrios, os governantes da Terra, aturdidos, demonstram no saber o que fazer nem como realiz-lo. Permitem a desorientao das massas, a sua revolta contnua, por esquecimento das responsabilidades no cumpridas e que foram apresentadas nos seus programas eleitoreiros, enganando o povo desorientado. Surgem, ento, revoltas, revolues, amolentamento do carter e perda da moral, com reaes em cadeia, cada vez mais violentas e ameaadoras, porque os limites da ordem e do respeito foram superados pela no fronteira da rebeldia. Os esportes, que sempre constituram oportunidades excelentes para catarses coletivas, competies saudveis, alegrias e entusiasmo coletivo, transformaram-se em fontes mafiosas de domnio e de conquistas financeiras, construindo deuses frgeis que logo tombam do pedestal, tornando-se campo de batalha pelas torcidas ferozes que se digladiam com frequncia em sucessivos espetculos deprimentes que culminam com a morte de alguns dos seus fanticos... O desrespeito pelos valores internos do ser humano prope a significao das suas conquistas exteriores, tornando-o avaro e pretensioso. A falta de concentrao das pessoas nas questes importantes do ser interior tem contribudo para a futilidade em triunfo e o desconhecimento da prpria realidade, supondo ser a existncia esse enganoso passeio fantstico pelo pas da pressa dourada, em que tudo de efmera durao, impedindo a reflexo e o en-
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contro com a conscincia, com o Si-mesmo. Essa sombra teimosa consegue separ-las do eu divino que existe no ntimo e de que se constitui, sendo necessrio transmudar esse material inferior num processo alqumico emocional, para realmente encontrar o significado existencial. Ter em mente a presena da sombra, a fim de venc-la, torna-se uma necessidade psicolgica inadivel, como sucede nos contos de fadas, nos mitos ancestrais, facultando a liberao do ser oculto, misteriosamente transformado pela magia da ignorncia (A bela e a fera, O prncipe sapo, Branca de neve, A bela adormecida, etc.) Com essa conscincia, fica muito claro que no adiantam as lutas externas, os combates inglrios contra os outros, a nsia de superar os competidores, o af de ultrapassar os demais, por insegurana pessoal, facultando-se encontrar e viver-se o sentido da vida. Ningum pode viver de maneira saudvel sem o culto interno da integrao da f religiosa com a razo, numa harmonia estimuladora ao prosseguimento dos embates inevitveis do dia-a-dia, haurindo confiana nos momentos difceis e renovando a coragem ante a ameaa do desnimo. Esse sentido da vida no pode ser desenhado pelos hbitos externos, mas construdo de maneira subjetiva, idealista, interior, mediante o enriquecimento das aspiraes que engrandecem a existncia. impossvel, de maneira definitiva, viver-se sem o sentimento dos conceitos eternos, daqueles que do dignidade criatura humana, proporcionando-lhe tica e moralidade para ser fiel aos objetivos existenciais. Com essa percepo, descobre-se que os conflitos, as aflies em torno das posses e o medo de perd-las so fenmenos pessoais interiores da prpria insegurana, levando a transtornos de comportamento e a distrbios orgnicos repetitivos. A legtima psicoterapia objetiva conduzir o indivduo ao redescobrimento da sua realidade, da sua origem espiritual, da
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finalidade existencial, do seu futuro imortal, que se lhe transformam em alicerces de segurana para as lutas contnuas, evitando a projeo dos seus conflitos nos outros, assumindo a culpa e liberando-a do inconsciente em que jaz produzindo sombra e desar. Quando Jesus enunciou que necessrio tomar a sua cruz e segui-lO, Ele props a conquista da autoconscincia, a definio para assumir as prprias responsabilidades, ao invs de permanecer-se divagando em torno de como encontrar o melhor processo para o equilbrio, que no se expressa em formas exteriores ou mediante as fugas de transferncia de responsabilidades, ou para os prazeres que se extinguem, por mais se prolonguem... A psique necessita de apoio transcendente para proporcionar elementos dignificadores, por intermdio da realidade em que todos se encontram mergulhados, elegendo aqueles que so mais compatveis com as aspiraes e as possibilidades, de execuo. Todos dependem de Deus, porque, afinal, estamos mergulhados em Deus, sendo necessrio reconhec-lO em ns, a fim de que O manifestemos por intermdio do comportamento emocional e das aes sociais, familiares, espirituais... Quando indagaram a Jung se ele acreditava em Deus, respondeu com humildade e sabedoria, que no necessitava de crer, informando: - Eu sei, no preciso acreditar... H uma contnua batalha para definir-se Deus e atribuirLhe exclusivamente carter religioso, limitando-Lhe a grandeza, o que faculta queles que pensam e se libertaram das crenas ligeiras, neg-lO, porque a sua viso mais ampla e abrangente do que a limitada proposio do fanatismo religioso. Se for considerado como a vida, por exemplo, passa a existir naquele que O imagina, porquanto a Sua realidade somente pode ser aceita pela conscincia depois que se comea a conceb-lO.
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Sem um valor maior, que merea investimento, ningum se arvora luta, ao sacrifcio, porque tudo superficial logo perde o sentido. semelhante a determinados tipos de metas humanas, que so imediatas, como conseguir coisas, posses, amealhar fortuna, conviver com pessoas, e ao alcan-los, terminando o objetivo, surgem as frustraes e os desencantos. H pais que se entregam educao dos filhos, depositando neles todas as suas aspiraes e tambm insatisfaes, esperando compensao quando os mesmos adquiram a idade adulta. Quando essa ocorre, e os descendentes so convidados a seguir a prpria existncia, atormentam-se, acreditam-se abandonados, sofrem depresses, perdem o sentido existencial... O significado da vida no esse compromisso breve da existncia. Mas o mesmo fenmeno ocorre com o trabalho, com a carreira profissional, com as aspiraes polticas e culturais, artsticas e religiosas... Alcanado o patamar programado, a ausncia de nvel mais elevado conduz ao tdio, ao desinteresse, perda de sentido da vida... Isto porque a educao infantil feita de iluses que escravizam e se transformam em metas primordiais, tornando-se uma proposta neurtica e destituda de significado. Descobrir o destino e trabalh-lo, programar essa fatalidade honorvel e saudvel o objetivo da vida, aquele que proporciona sade integral, porque no conquistado de um para outro momento, no se reduz a encantos transitrios, no montono, apresentando-se sempre novo e situado um passo frente. A medida que a religio enfraqueceu nas famlias, o desinteresse pelo ser espiritual igualmente padeceu atrofia emocional, deixando-se que cada um eleja, quando oportuno, o seu conceito de vida e de espiritualidade, como se fosse crvel permitir-se que algum primeiro se contamine de alguma enfermidade para depois expor-se aos perigos que a mesma proporciona.
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A criana deve sentir o valor da famlia, compreender o significado desse grupo social reduzido, a fim de poder conviver com aquela outra, a social e ampla, com idias religiosas liberais e enriquecedoras, a fim de amadurecer psicologicamente com segurana e respeito pela existncia. Uma viso infantil bem trabalhada pelos pais e educadores permanecer conduzindo-lhe a vida para toda a existncia. Os diferentes smbolos de cada fase etria sero decodificados e transformados com naturalidade sem choques nem perdas, substitudos por outros mais oportunos e significativos, que abriro espao para o encontro com a realidade existencial desvestida de fantasmas e de bichos-papes. Os mitos pessoais, as fantasias, os complexos e os sonhos no realizados quando se expressam naturalmente, so superados pelas conquistas do discernimento e da razo, da contribuio da psique, unindo as duas fisses numa s significao.
A grande crise existencial
Embora os conflitos que a f religiosa produziu em muitas vidas, no passado, especialmente nos j longnquos dias da idade mdia, nos quais prevaleciam a ignorncia, o temor e o absolutismo do poder clerical, o arqutipo espiritual tem sido uma necessidade para o desenvolvimento psicolgico do ser. Lamentavelmente, personalidades psicopatas, na sua grande maioria, temerosas da vida e portadoras de conflitos refugiam-se nas doutrinas religiosas, como noutras reas da sociedade, mas especialmente nas primeiras, ocultando os seus dramas e medos, ao tempo que, em nome da salvao, castram os valores intelectuais e a sensibilidade dos crentes, submetendo-os aos seus caprichos e insnia. Proibem tudo quanto pode proporcionar-lhes alegria de viver, liberdade de pensamento, ampliao do sentido da vida,
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exaltando a experincia humana, porque se encontram conturbados e invejam os saudveis. Condenam tudo quanto lhes constitui sofrimento, pela covardia que os caracteriza em relao ao autoenfrentamento, preferindo a sombra plenitude do Self. Toda religio, no seu significado profundo, objetiva religar a criatura ao seu Criador, o que representaria estabelecer o eixo pleno ego-Self, o ser aparente com o real, proporcionando-lhe condies de sade e de paz. Ao invs disso, as mentes atormentadas e mal desenvolvidas, os Espritos angustiados, autossupliciando-se, como se os seus corpos fossem os responsveis pelos pensamentos e conflitos resultantes da fisso da psique no anjo e no demnio, com predominncia desse ltimo, em face das tendncias tormentosas no vencidas, evitavam o mundo e o odiavam em conduta masoquista. natural que o desenvolvimento da sociedade e as conquistas da inteligncia, a partir do perodo industrial, da revoluo inevitvel imposta pelo progresso, voltassem-se para combater esse parasitismo emocional e retrocesso cultural, abrindo portas a novas experincias e desmistificando as informaes fantasistas das condenaes infernais e das punies divinas. Lentamente, mas com segurana, as filosofias do positivismo, do existencialismo e do niilismo encarregaram-se de apresentar o lado agradvel da existncia, as belezas que existem em tudo e em toda parte, as concesses formosas do prazer e do ter, as novas experincias do conhecimento, arrebatando as multides. Ao mesmo tempo, a ampliao dos conceitos em torno do universo e sua incomparvel grandeza, afastou os antigos fregueses das religies dos arraiais da f para a convivncia com outro tipo de realidade que desmentia suas afirmaes, agora fceis de ser comprovadas, dando lugar ao cepticismo, crtica
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mordaz dos seus textos e dogmas, bem como ao inevitvel abuso defluente dos excessos. A hipocrisia religiosa no pde suportar a realidade dos comportamentos humanos rompendo os limites que lhes foram impostos multimilenarmente, atirando-se com sede excessiva nos usos que se transformaram em abusos de consequncias igualmente danosas. Os avanos da cincia apoiada na tecnologia dignificou a vida, facultando uma viso otimista e encantadora da existncia humana, aumentando o seu poder at chegar aos extremos de tornar-se onipotentes, de tal modo, que nada se faz sem o seu concurso, chegando-se mesmo a consider-las os novos deuses do panteo cultural da atualidade. A era industrial revolucionou todos os padres de comportamento ento vigentes, e o ser humano lentamente submeteuse s mquinas que concebeu e criou, tornando-se-lhes servos obedientes. A ganncia de possuir mais ampliou o seu desempenho, fascinando os governos das naes poderosas que enlouqueceram pelo fascnio de mais conquistar, submetendo, lentamente, os demais povos sua dominao arbitrria, disfarada ou no, por meio das falsas ajudas aos pases em desenvolvimento, explorando-os e escravizando-os, utilizando-se da poltica arbitrria e de mecanismos perversos de controle por intermdio das suas agncias de espionagem e de corrupo, atingindo culminncias de glrias e de recursos, quais ilhas fantsticas no meio de oceanos de misria sua volta. De igual maneira, com habilidade e sem escrpulo, fomentaram as guerras de extermnio, em nome de suas raas prepotentes, decantadas como superiores pela cor da epiderme, pelo sangue, pela tradio... O ser psicolgico, porm, livre, mesmo quando se encontra submetido a circunstncias e situaes indignas e escravistas. A sombra predomina na conduta, mas o Si-mesmo permanece
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orquestrado pela esperana e pelas aspiraes de liberdade e de triunfo. Pde-se observar essa situao conflitiva nos campos de concentrao de trabalhos forados e de extermnio, quando judeus, colocados como kapos, para vigiarem seus irmos de raa, apresentavam, no poucas vezes, mais crueldade do que a dos seus indignos comandantes. Narra-se um desses momentos, quando um kapo luta tenazmente com um pai, para que esse lhe d o filho para ser encaminhado cmara de gs. No esforo desenvolvido pelo genitor da vtima, esse gritou-lhe: - Voc no tem filho, para ter uma idia do que perder-se um de forma to malvada? E ele respondeu, trmulo: - Sim, claro que tenho. Por isso sou obrigado a eleger cinco crianas para a cmara, conforme solicitaram-me, ou o meu filho ir no lugar vazio... A sombra alucinada no tem dimenso da prpria loucura e o ego torna-se de uma crueldade sem limite. Vale a pena recordar outro terrvel momento de crueldade e infmia no perodo em que a Polnia sofria o drama do holocausto, quando os sicrios solicitaram a um rabino do gueto que selecionasse expressivo nmero de judeus para as cmaras de gs, e ele, ameaado, optou pelo suicdio na difcil situao, no se tornando algoz dos seus irmos. A outro, que o substituiu, foi feita a mesma absurda proposta, e ele viu-se na contingncia de eleger os que seriam assassinados, constatando depois que fora ludibriado pelos agentes da crueldade... Muito difceis solues em circunstncias dessa natureza, quando o Self perde a dimenso da sua espiritualidade e deixa-se dominar pelo ego da sobrevivncia fsica ao comando da sombra e dos arqutipos da esperana, da felicidade e do significado passadas aquelas horas interminveis... A perda do sentido espiritual e religioso produziu seres insensveis, cruis e sem nenhum compromisso com a vida e os
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valores transcendentais, resultando na situao deplorvel da ausncia de respeito por si mesmos, pelos demais e por tudo, incluindo a Natureza. Esse desvario, num crescendo alucinado, proclama o prazer pessoal acima de todas e quaisquer circunstncias, apelando mesmo para a morte, quando aparentemente surge qualquer ameaa ao seu ego exacerbado, que exige prazer at a exausto. No outro o fenmeno que diz respeito ao aborto provocado, como instrumento de libertao da responsabilidade e do trabalho, embora sabendo-se que a coabitao sexual, como natural, leva concepo que poderia ser evitada pelas pessoas egostas que no desejam compromissos e se equivocam, pensando sempre no eu insensvel, at o momento futuro da solido e da amargura... De igual maneira, o crime da eutansia, quando o paciente no deseja experimentar o processo degenerativo, os fatores decorrentes das enfermidades, as situaes purificadoras pelo sofrimento, exigindo a interrupo da prpria existncia, em terrveis atos suicidas assistidos, ou quando a famlia resolve pela interrupo da vida de um dos seus membros que lhe exaure os recursos com os procedimentos mdicos de alto custo... Ao lado desses terrveis algozes psicolgicos da sociedade contempornea, que sofre os efeitos dessas amargas decises, o suicdio cresce em estatstica, em razo do niilismo que tudo reduz consumpo da vida pela morte. Uma sociedade que mata fetos indefesos, idosos e enfermos irrecuperveis e justifica-se, como pode tornar-se fraterna e solidria? Como quebrar esse gelo emocional de mulheres e de homens interessados apenas no momento fugaz pelo qual transitam, sem pensar na prpria situao, logo mais? No seja de estranhar a tragdia do cotidiano, a crise existencial que toma conta dos indivduos e da sociedade.
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Uma nova religio psicolgica, sem cultos nem dogmas lentamente surge, a partir da viso holstica de Jung, que vivenciou experincias medinicas inumerveis com a jovem prima Helena Preiswerk, na intimidade do lar, na personificao que o dominava uma que outra vez, revendo-se como algum do sculo anterior. O Espiritismo, por sua vez, doutrina profundamente positivista, fundamentada nas experincias psicolgicas e transpessoais da imortalidade do ser, do seu triunfo sobre a morte, da multiplicidade das existncias, respondendo pelo conhecimento arquivado no inconsciente coletivo, oferece as certezas para o avano do ser que se , sem dvida o verdadeiro imago Dei, no rumo de Deus... Com certeza, Aquele que est acima das descries bblicas, que somente do uma plida ideia arquetpica da Sua realidade, que supera a conceituao antropomrfica, abarcando o Universo como Causalidade e Fatalidade de tudo e de todos. O autor da psicologia analtica afirmou com nfase: "Atravs da minha experincia, eu conheo um poder maior do que meu prprio ego. Deus o nome que dou a esse poder autnomo", portanto, fora dele e dominante nele. Ora bem, para que a culpa aparea, torna-se necessria a presena de Deus na conscincia, mesmo que sem dar-se conta, porque atravs da Sua transcendncia que o indivduo possui o padro interno do que certo e do que errado. Ei-lO, pois, nsito no mais profundo abismo do Si-mesmo. Na sua obra monumental, o Aion, ainda se refere o admirvel mestre: - "Cristo o homem interior a que se chega pelo caminho do autoconhecimento." Esse Cristo ou estado crstico logrado por Jesus, na Sua condio de Mdium de Deus, foi alcanado pelo apstolo Paulo e por muitos discpulos que se Lhe entregaram em regime de totalidade, e ainda pode ser logrado quando se atinge o estado
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numinoso, tornando-se livre dos processos reencarnatrios, das injunes penosas do corpo, das circunstncias impositivas da evoluo. Auxiliar, na conquista desse estado, misso da psicoterapia profunda, trabalhando o ser integral, rompendo a concha grosseira em que a sombra muitas vezes se oculta, evitando ser identificada. Dessa crise existencial que desestrutura o ser humano, transformado em mquina de prazer, que logo se desgasta e decompe, surgir uma nova proposta de humanizao do ser que se erguer dos descalabros para a valorizao do divino que nele existe, dos sentimentos que engrandecem, que elevam moralmente e do real significado existencial, trabalhando-o para que, na condio de clula social, ao transformar-se para melhor contribua para todo o conjunto. Ser, ento, factvel acreditar-se no mundo melhor, saudvel e abenoado, onde seja possvel amar e ser amado, construir para sempre sem medo e sem perda, conquistando o infinito que est ao alcance...
O ser humano pleno
Frederico Nietzsche, dominado por terrvel pessimismo, atormentado por contnuas crises de depresso e amargura, concebeu o super-homem como aquele que poderia vencer o niilismo e com a sua sede de poder tudo conquistar. Esse verdadeiro arqutipo que predomina em muitos indivduos, estimulando-os conquista desse smbolo representado na personagem fictcia americana do Superman, um sonho atormentado que no encontra respaldo nos contedos psicolgicos e somente vige na imaginao. Ao conceber esse prottipo, Nietzsche no imaginou o modelo ariano como ideal, que, de certo modo, detestava, mas
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um algum que superasse o homem morto, do Assim falava Zaratustra, que talvez no suportasse os imensos conflitos gerados sua volta. Por algum tempo, esse conceito gerou incompreenso em torno do autor, quando sua irm, aquela que conviveu com ele nos ltimos tempos, ofereceu a Hitler uma bengala que lhe havia pertencido, deixando transparecer simpatia do filsofo pelo nazismo... Idealizar-se um super-homem tentativa frustrada de desprezar-se o homem e todas as potncias que se lhe encontram em germe. Porque o seu processo de experincias realizado por etapas caracterizadas por incertezas e dificuldades, aspira-se, inconscientemente, possibilidade mitolgica de tornar-se algum inacessvel aos fenmenos dos sofrimentos, das angstias e da morte, conforme a concepo em voga em torno do Super man. A conquista dessa robustez e grandeza moral somente possvel pela inverso de valores, que se apresentam no mundo exterior como portadores de poder e de glria, estando adormecidos no Si-mesmo, que deve ser conquistado com deciso, em processos vigorosos de reflexo e de ao iluminativa, de forma que nenhuma sombra consiga predominar na aquisio da plenitude. A conquista de humanidade conseguida pelo psiquismo aps os bilhes de anos de modificaes e estruturaes, transformaes e adaptaes, faculta, neste perodo da inteligncia e da razo, a fantstica conquista do pensamento, essa fora dinmica do Universo que o sustenta e revigora incessantemente. No foi sem sentido psicolgico profundo que o astrofsico ingls Sir James Jeans declarou: O universo parece mais um pensamento do que uma mquina, coroando-se com a declarao do nobre Eddington informando que: A matria-prima do universo o esprito.
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Por isso mesmo, quando o ser humano autoexamina-se, percebe-se como um todo com possibilidades especiais independentes de qualquer outra condio externa, mas ao abrir os olhos d-se conta do meio ambiente, das cricunstncias e das imposies sociais, tornando-se parte do conjunto, embora mantendo alguma independncia. Surgem-lhe, ento, as necessidades de autoafirmao, de autorrealizao, buscando a integrao no conjunto sem perder a sua identidade, a sua individualidade, o Si-mesmo. Logo se lhe manifestam as ambies pelo poder, pelo ter, que o estimulam luta, impulsionando-o a vencer os obstculos que se interpem na marcha, tentando dificultar-lhe a conquista dos seus objetivos. A insistncia de que d mostra fortalece-o, auxiliando-o a definir os rumos do progresso, para logo depois, medida que amadurece psicologicamente, dar-se conta de que essas conquistas do ego so interessantes, proporcionadoras de comodidade, de prazeres, porm insuficientes para sua plenificao. Amadurecido, sem tormento de frustraes, mas por anlise das ocorrncias e das posses, descobre outra ordem de valores interiores, de aspiraes mais significativas, de sentido mais lgico e grandioso para a existncia, passando a aspirar pela plenitude, esse estado de samadi, preservando a dinmica de intrmino crescimento. Considerando-se que o processo de evoluo infinito, quanto mais consciente se encontra o ser humano, a mais aspira e melhores anelos trabalham-lhe o ntimo, porque a sua concepo da realidade abrangente e compensadora. Quem anda num vale tem limitada a viso, nada obstante a beleza da paisagem. A esforo, comeando a ascenso montanha acima, amplia-se-lhe o horizonte observado, apesar de permanecerem distantes os contornos dos montes e dos abismos... No entanto, quando atinge o acume, sente-se triunfante e pequeno
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ante a grandeza do que abarca visual e emocionalmente, no se contentando somente em observar, mas em ser tambm parte significativa desse conjunto, que no existia para ele at o momento em que pde contemplar... O observador existe quando detecta o que antes no tinha vida para ele, que, por sua vez, passa a ser observado pelo que observa. No pandemnio dos conflitos existenciais, o ser humano apequena-se e parece consumido pelas situaes psicolgicas em que se v envolvido, como algum num vale em sombras, sem perspectivas mais amplas que lhe facultem os horizontes de infinita alegria e de bem-estar. Os tormentos cegam a razo, o egosmo limita os passos, estreitando as aspiraes que pretendem abarcar tudo, sem possibilidade de fru-lo, o que lamentvel, tornando o possuidor possudo pela posse possuidora... Quando se liberta dos tentculos que arrastam tudo de maneira constritora para o centro do ego, respira o oxignio saudvel da alegria inefvel por estar livre das conjunturas tormentosas do ter e do temer perder, do ser admirado pelo que possui, no pelo que , de ser visto como triunfador de fora, no que admirado, mas raramente amado... Livre de qualquer tipo de dependncia factual do cotidiano das coisas, pode voar pela imaginao e pelos sentidos em qualquer direo, sem medo nem ansiedade, porque se encontra pleno. A aventura existencial toda uma saga, e a moderna psicologia analtica, avanando com o progresso da Humanidade, oferece os recursos hbeis para as conquistas interiores valiosas, sem bengalas de sustentao, mas com reforos de lucidez e autoconhecimento para que seja alcanada a vitria sobre as injunes da caminhada orgnica. E provvel que esse avano e tais conquistas no sejam conseguidos de uma s vez, mas paulatinamente, mesmo por140
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que aquele que salta do vale abruptamente no topo do monte, usando veculo areo, sente a diferena atmosfrica, o ar rarefeito, acostumando-se muito lentamente para poder beneficiar-se. Psicologicamente, as mudanas interiores so tambm oxigenadas pelas experincias conseguidas nas fases anteriores, nos passos iniciais de sustentao das futuras conquistas, arregimentando recursos para mais audaciosos logros. Despojar-se dos instrumentos de que o ego se vem utilizando para manter-se, de um para outro momento, causa-lhe transtorno inevitvel, razo pela qual a integrao com o Self deve dar-se naturalmente, de tal forma que haja equilbrio, um perfeito estado de individuao. H pessoas que aspiram ao sacrifcio, ao holocausto, num xtase de f religiosa para acercar-se mais de Deus. No de crer-se que Deus assim o deseje, pois sendo a Sua a mensagem de amor, o autoamor faz parte da Sua agenda de evoluo para todos. Ocorrendo de forma no buscada, constitui oportunidade de sublimao, em que o ego cede lugar ao elemento divino nele existente. No entanto, o sacrifcio pode ser visto como o abandonar das coisas, dos apegos que tanto agradam, trocndoos pela espiritualizao libertadora, e o holocausto refere-se ao desprezo pelas paixes inferiores, pelos vcios que do prazer, pelas pequenezes a que muitos se aferram, tornando-se de valor incontestvel e grandioso. Em uma pgina rica de sabedoria, Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no captulo XVII, item 3, faz um retrato psicolgico de O homem de bem, que traduz com perfeio a conquista do ser pleno. Diz o Codificador do Espiritismo:
O verdadeiro homem de bem o que cumpre a lei de justia, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a conscincia sobre seus prprios atos, a si mesmo perguntar se violou
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essa lei, se no praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se despregou voluntariamente alguma ocasio de ser til, lhe fiassem. Deposita f em Deus, na Sua bondade, na Sua justia e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permisso nada acontece e se Lhe submete vontade em todas as coisas. Tem f no futuro, razo porque coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepes so provas ou expiaes e as aceita sem murmurar. Possuindo o sentimento de caridade e de amor ao prximo, faz o bem, sem esperar paga alguma, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre seus interesses justia. Encontra satisfao consolaes que prodigaliza pensar nos outros, nos benefcios que espalha, nos servios impulso para que presta, no fazer ditosos os outros, nas lgrimas que enxuga, nas aos aflitos. Seu primeiro antes de pensar em si, para cuidar dos interesses se ningum tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara
dos outros antes do prprio interesse. ...O homem de bem bom, os homens v irmos seus... ...No alimenta dio,
os proventos e as perdas decorrentes de toda ao generosa... todos, sem distino de raas, nem de crenas, porque em todos nem rancor, nem desejo de vingana; a
exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e s dos benefcios se lembra, por saber que perdoado lhe ser conforme houver perdoado. indulgentepara as fraquezas alheias, porque sabe que tambm necessita de indulgncia e tem presente esta sentena do Cristo:Atirelhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado. No se compraz mal. em rebuscar os defeitos alheios, tampouco em evidenci-los. Se a isso se v obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o
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Estuda
suas prprias
imperfeies
trabalha
em combat-las.
seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na vspera. No procura dar valor ao seu esprito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revs, todas as ocasies para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros... ... Usa, mas no abusa dos bens que lhe so concedidos, porque sabe que um depsito de que ter de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar o de aplic-lo satisfao de suas paixes... ...Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que como quer que sejam
a
aos seus semelhantes do as leis da Natureza, respeitados os seus... (52 . edio da FEB.)
Raramente se pode desenhar um ser humano pleno, conforme o notvel educador lions o fez, como notvel psiclogo no acadmico, mas Esprito incomum que conseguiu a individuao, tornando a sua existncia um mundo luminoso para todos quantos se lhe acercaram, permanecendo a claridade dos seus ensinamentos como diretriz de libertao de conscincias e de perfeita identificao dos mitos na realidade do ser, assim como o perfeito equilbrio na vivncia de inmeros arqutipos, proporcionando sabedoria e paz.
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medida que o ser humano evolui, abenoado pelas extraordinrias conquistas da cincia e da tecnologia de ponta, mais aspira pelo bem-estar, pela sade integral. As incomparveis realizaes mdicas, nos seus mltiplos aspectos, conseguiram tornar a existncia terrena mais aprazvel e digna de ser vivida, conseguindo debelar epidemias destruidoras que, periodicamente, ameaavam de extino a Humanidade, possibilitando o uso da anestesia e dos analgsicos em relao dor, as cirurgias salvadoras, o combate aos vrus e bactrias destrutivos por intermdio de antibiticos poderosos... Do ponto de vista psicolgico e psiquitrico, diversos transtornos neurticos, psicticos e de comportamento puderam ser minimizados e alguns curados, dignificando a criatura humana que jazia encarcerada nas prises sem grades da loucura e dos distrbios de conduta. A vida moderna, no entanto, por outro lado, criou mecanismos escapistas para a fuga da realidade exigente, propondo incontveis divertimentos, desde os mais singelos at aos esportes radicais, sem nenhuma considerao pelo equilbrio orgnico, que vai submetido a esforos descabidos, nos campeonatos de exibio narcisista dos seus aficionados. Por outro lado, os exer145
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cicios fsicos, trabalhando as formas em favor da beleza esttica, pecam pelo excesso de musculao, de caminhadas cansativas, do uso de anabolizantes, de enxertos de silicone, de cirurgias corretivas, tornando-se um distrbio de natureza psicolgica... O excesso de compromissos, muitos deles insignificantes, como o de estar presente em todos os eventos, de ser conhecido em toda parte, de buscar integrar-se em todos os movimentos, diminui o tempo que se deveria dedicar reflexo e ao estudo, meditao e interiorizao, correndo-se de um para outro lado, na busca de coisa nenhuma, na condio de fruto azedo que so os vazios interiores. Nessa volpia do prazer, no se dispe de paz nem de oportunidade para selecionar os alimentos saudveis, coz-los ou no corretamente, fugindo-se para os enlatados, os pr-cozidos, os fast foods, com excesso de gordura bebidas com exagero de gs, lcool e tabaco nos encontros sociais, quando no predomina a eleio das drogas aditivas e destruidoras, nos diversos setores em que todos se movimentam. O nmero de obesos surpreendente, em face da alimentao mal orientada e da falta de exerccios saudveis, tornando-se uma enfermidade de natureza pandmica, impondo despesas volumosas aos cofres pblicos das diferentes naes, pelo desrespeito total aos programas de sade. Dietas absurdas surgem e desaparecem como neve que o Sol derrete, para conseguir-se o corpo ideal, como se todos os indivduos, com suas prprias caractersticas genticas, pudessem ser transformados em um padro nico de harmonia e de beleza, dando lugar aos transtornos da anorexia e da bulimia de graves consequncias. Por outro lado, cirurgias de diminuio do estmago, com a colocao de bales inflados para reduzir a capacidade alimentar, quando o esforo pessoal, a deciso honesta e sincera de cada qual melhor cuidar-se poderia resolver o impasse...
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A nsia pelo corpo ideal tem levado pessoas neurticas retirada de costelas, para melhorar a silhueta, parecendo-se a bonecas famosas como a Barbie, ao invs da conscincia de que a mesma foi feita no para servir de modelo, mas inspirada em algum muito especial na sua constituio fsica... Os paradoxos multiplicam-se desvairadamente e os ncoras de programas de rdio e de televiso, muitas vezes aturdidos e a servio do mercado infeliz, sugerem, irresponsavelmente, o uso de produtos salvadores para a sade, de SPAs, sigla do velho conceito salute per acqua, que se fazem famosos pela facilidade com que todos emagrecem e libertam-se de vcios, atormentando os ouvintes e televidentes desprevenidos. O sexo promscuo transformou-se em elemento vital aos relacionamentos, s atividades de qualquer natureza, e o seu desempenho passou a ser motivo de comentrio e de exibicionismo em todo lugar, como maneira de vender sensaes, desde que outro no o interesse dos seus propagadores... De igual maneira multiplicam-se os gurus astutos e psicologicamente enfermos orientando pessoas igualmente perturbadas e impondo-lhes comportamentos estranhos, fora do normal, como recurso hbil para ser conseguida a meta que se deseja. Inmeros outros fatores de perturbao da sade, colocados a servio falso do bem-estar e do equilbrio injustificado, enganam e desviam as pessoas dos objetivos essenciais da existncia, mais defraudando-lhes a confiana e a esperana de paz. Cultos religiosos extravagantes e enganosos prometem sade total, como se oferecem produtos num mercado, atraindo as massas ansiosas e necessitadas, que tm exauridos os seus salrios, na compra dos favores divinos, quando os seus lderes no so mais atrevidos e exigem que Deus os atenda nas suas imposies teatrais, que levam os adeptos ao delrio. As prticas msticas herdadas do passado, atreladas ao mediunismo atormentado, tambm so buscadas para solues dos problemas de todo porte, incluindo, os da sade.
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Tudo isso, porque o ser humano perdeu o senso de direcionamento dos objetivos essenciais da existncia terrestre, confundida com uma viagem ao pas do prazer e s praias do divertimento insensato. O trabalho honesto e dignificante vai sendo colocado margem, como cansativo e cruel, exigindo-se sempre leis que diminuam a sua carga horria, que mais beneficiem o servidor, sem igual compromisso com a qualidade que cada um deve apresentar, com a pontualidade exigida, com a responsabilidade que se lhe vincula. de grande valor, no entanto, para o equilbrio psicofsico o trabalho srio e bem executado, que tem funo teraputica valiosa, sustentando os ideais humanos, gerando hbitos morigerados e convivncia social edificante entre aqueles que se encontram em ao nos grupos que se movimentam, desincumbindo-se dos compromissos para os quais foram contratados. Nesse painel, algo deprimente, desempenha papel relevante a vida interior do indivduo, as suas construes e aspiraes mentais, os anelos do sentimento, as mgoas e ressentimentos defluentes da existncia, o cultivo de ideias torpes, vulgares ou perversas, contribuindo de forma vigorosa para o aparecimento, instalao ou prolongamento de enfermidades de diferentes portes... A autoconscincia em torno dos deveres que dizem respeito reencarnao e necessidade de a utilizar de forma adequada, constitui fator primordial para o bem-estar e a paz, que no tem recebido considerao. No aturdimento, porm, que toma conta das pessoas e da vida social, a conquista dessa conscincia de Si-mesmo fica relegada a segundo plano, ou nem sequer valorizada sob justificaes infantis de nenhuma relevncia. H uma necessidade imperiosa quo inadivel de o indivduo voltar-se para dentro, examinar-se honestamente e compreender-se, para, em seguida, ter definidos os rumos que
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dever seguir, buscando a meta principal que a felicidade possvel que lhe est ao alcance.
A parbola dos talentos
...Pois assim como um homem que, partindo para outro pas, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade; e seguiu viagem. O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles e ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois, ganhou outros dois. Mas o que tinha recebido um s, foi-se e fez uma cova no cho e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; aqui esto outros cinco que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, j que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito. Entra no gozo do teu senhor. Chegou tambm o que recebera dois talentos, e disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; aqui esto outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, j que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito. Entra no gozo do teu senhor. Chegou, por fim, o que havia recebido um s talento, dizendo: Senhor, eu soube que s um homem severo, ceifas onde no semeaste, e recolhes onde no plantaste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que teu. Porm o seu senhor respondeu: Servo mau e preguioso, sabias que ceifo onde no semeei, e que recolho onde no joeirei? Devias, ento, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, teria recebido o que meu com juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem, dar-se-lhe-, e ter em abundncia; mas ao que no tem, at o que tem, ser-lhe- tirado. Ao servo intil, porm, lanai-o nas trevas exteriores; ali haver o choro e o ranger de dentes. (Mateus 25: 14-30.)
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Na arte de contar historias, como em todos os Seus atos, Jesus foi inexcedvel. Tomando de imagens simples e comuns, conhecidas e vivenciadas por todos, conseguiu penetrar nos arquivos profundos do inconsciente para desmascarar os conflitos e a culpa, estabelecendo diretrizes para a conquista da autoconscincia, produzindo a perfeita identificao do ego com o Self. A parbola em estudo psicoteraputica por ensejar reflexes profundas e lgicas a respeito do comportamento de todos com a conscincia - o senhor que ofereceu os talentos - e que sempre se encarrega de exigir a aplicao dos recursos que so destinados ao indivduo. Todas as criaturas so aquinhoadas com talentos morais, intelectuais, do sentimento, das aptides, que devem ser aplicados em favor do prprio enriquecimento, desenvolvendo habilidades prprias e pertinentes capacidade de utilizao de cada qual. Tendo-se em considerao os diferentes nveis de evoluo, nasce-se com os preciosos recursos que constituem a sua fortuna emocional, e que devem ser utilizados de maneira correta, dando lucros em forma de engrandecimento interior. A parbola dos talentos refere-se aos indivduos mais aquinhoados na existncia, que souberam multiplicar a concesso com que foram honrados e dignificados pela alegria de entrar no gozo do seu senhor, o estado de harmonia emocional e de crescimento mental. O outro, que recebeu menos, negligente e avaro, receoso e incapaz, enterrou a moeda preciosa, dominado pela preguia moral de a multiplicar, tambm temeroso da justia do seu senhor, que era severo. Todos os valores que sejam sepultados no solo da indiferena e da falsa justificativa, se transformam em sofrimento interior, porque a culpa que se apresenta no momento da prestao de contas, leva-o s lgrimas e s lamentaes... Merece, no entanto, analisar que a parbola no se refere aos servos que no foram aquinhoados, o que nos conduz re150
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flexo de que todos os seres humanos encontram-se portadores de bens que devem ser multiplicados, nunca se justificando a no posse, porque ningum destitudo de oportunidades para evoluir. Mesmo no caso dos impossibilitados mentais, fsicos e emocionais desestruturados, nos refolhos do inconsciente profundo encontram-se as razes da aparente carncia, sendo a sua falta o talento de recuperao pelo haver malbaratado nas existncias transatas. Quando o senhor parte para outro pas e deixa os seus bens nas mos dos seus servos de confiana, o fato, luz da psicoterapia, representa a no interferncia da conscincia nas decises que definem o rumo da aplicao dos talentos, momentaneamente sob a governana da sombra. O Self sempre vigilante aciona os mecanismos da inteligncia e estimula aqueles que se tornaram portadores de maior responsabilidade a que multipliquem os haveres recebidos, embora correndo riscos de os perder. Todo empreendimento experimenta a circunstncia do xito ou do insucesso, cabendo ao investidor eleger a aplicao, no caso em tela, mais rendosa, menos perigosa, conforme o fizeram os dois servos dedicados. Todos os dons pertencem vida, vm de Deus e so concedidos como emprstimos, como experimento, a fim de que se posam fixar na realidade, produzindo os efeitos correspondentes. A vida dinmica, no se permitindo vacuidades e desleixos sob pena de consequncias afugentes para os levianos e irresponsveis, que sempre tm enterrado aquilo que deveriam e poderiam aplicar ampliando as suas possibilidades de crescimento. Por isso, reencarnam-se em penria, em tormentos e angstias que lhes so impostos pela conscincia, o senhor severo que colhe onde no semeou, porque a sua seara o Universo que a precedeu, possuidor de todos os haveres imaginados.
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Esse acomodado guardador da moeda, embora houvesse agido de maneira equivocada, poderia ter-se complicado, perdendo-a no jogo, usando-a de forma incorreta, o que lhe acarretaria situao mais deplorvel, como acontece com todos aqueles que se utilizam dos valores de que so investidos para a degradao, as aventuras perturbadoras, os prazeres desarvorados... As heranas atvicas geradoras da sombra e a infncia emocional que teima em permanecer como criana ferida em muitos comportamentos, fazem dos indivduos pacientes piegas ou astutos, que se negam o esforo na esperana de que outrem lhes oferea o que lhes cabe conquistar. Tornam-se egostas e displicentes. Era comum essa dicotomia entre pessoas que antes alugavam casas: plantar ou arrancar rvores. Algumas, quando se mudavam, deixavam as rvores que plantaram no terreno que lhes no pertencia, enquanto outras as arrancavam, demonstrando avareza e insensibilidade. Diversas evitavam plant-las porque o solo no era delas e afirmavam que no iriam trabalhar, justificavam-se, para o bem de estranhos, no entanto, alegravam-se quando encontravam verdadeiros pomares que foram preparados por outras que no conheceram, mas os fizeram para o futuro... Se cada qual realizar a sua parte, pensando nos bens do futuro, no importando quem seja aquele que colhe onde no semeia, seus talentos estaro sempre aumentados e recebero outros mais que lhes so confiados... O servo bom, do bom trabalho retira a prosperidade, enquanto que o ocioso converte a ao em penria, vindo a sofrer a restrio do prazer e da harmonia. Os servos diligentes so todos aqueles que no se detm atemorizados ante as dificuldades existenciais e trabalham a fim de remov-las, facilitando a oportunidade dos que se encontram na retaguarda. Sempre se viver beneficiado ou no pelos an152
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cestrais, aqueles que caminharam antes pelas veredas por onde agora peregrinam. Foram eles que abriram as picadas, facilitando a primeira experincia na mata fechada, depois outros alargaram os caminhos, vieram mais tarde muitos outros que asfaltaram ou no a estrada agora percorrida com facilidade. Quando se tem conscincia desse valor dos antepassados, ao conseguir-se a cura das neuroses, logo surge o interesse por servir, auxiliar os familiares, os mais prximos, treinando fraternidade e generosidade para com todos os demais seres humanos. A experincia do significado e do bem-estar proporciona tal alegria que o paciente recuperado no se basta, no fica indiferente ao que acontece sua volta, porque sente-se membro do conjunto e sabe que da mesma forma que uma clula enferma compromete o rgo, a saudvel trabalha pela sua reconstituio. Embora a significativa e volumosa parte das aes humanas e das suas aspiraes procedam do inconsciente, o despertar da conscincia consegue valiosos contributos para a harmonia e a vivncia saudvel em todos os grupos sociais nos quais venha a viger a identificao do eixo ego-Self, cooperando pelo ajustamento de todos os membros mesma conquista. Muitos pacientes adquirem conflitos e complexos, especialmente de inferioridade, em decorrncia da constelao familiar, na qual se encontram humilhados, submetidos aos caprichos dos distrbios do grupo domstico. Nada obstante, a vtima da circunstncia deve desenvolver a esperana e relativizar as circunstncias e os acontecimentos danosos, tentando recomeo,, psicoterapia apropriada e descobriro como so portadores de elevados talentos, que foram soterrados pelos desavisados membros do cl. Com muita facilidade perceber que os tesouros enterrados podem ser recuperados e multiplicados em abundncia, superando as limitaes e conflitos at ento dominantes. A conscincia lcida, dando-se conta do esforo empreendido,
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dir: - Entra no gozo do teu senhor. E esse lhe conferir outros tantos talentos, ampliando o seu campo de possibilidades inimaginveis. O indivduo o que se faz a si mesmo, no entanto, em face do seu instinto gregrio e da sua necessidade social, no se podem evitar os efeitos da convivncia no grupo no qual nasceu, se educou ou permanece vivendo. Embora a ocorrncia, o Self pode suprir as carncias, demonstrando que a sintonia com o divino que se encontra nele prprio diluir a sombra perturbadora que o enjaula no conflito de qualquer natureza. Quando as mulheres e os homens contemporneos utilizarem-se dos bens da vida com o desejo honesto de ser fiis alma, uma religiosidade espiritual assomar do inconsciente profundo trabalhando a sua realidade emocional e impulsionando-os ao desenvolvimento da sade e do bem-estar em forma de contribuio interior para o equilbrio e exterior para o grupo no qual se encontra. Tem-se, portanto, o grupo familiar que se impe como necessidade para o desdobramento dos valores morais, resultando nas aes pretritas das existncias passadas, que proporcionam as facilidades ou os problemas que devem ser enfrentados sem pieguismo nem ressentimento para o amadurecimento interno que conduz individuao. Essa conscientizao deve ser iniciada pelos membros da sociedade em crise existencial, moral e espiritual. A perda do significado pode ser reparada mediante a renovao dos sentimentos, os empenhos pelo equilibrar-se interiormente, pelas tentativas do silncio mental, abrindo campo aos divinos insights. Ante a conturbao que assola, as pessoas tmidas receando o enfrentamento com os alucinados enterram os talentos, dissimulando as virtudes, ocultando-as com medo de serem ridicularizadas, levadas zombaria ou tidas por dbeis mentais.
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Sucede que, em tempo de loucura a razo parece deslocada, enquanto que o desvario o estado aceito e prescrito. Partindo-se para um outro pas de experincias mulifrias e realizaes incomuns, natural que sejam repartidos os haveres com aqueles que permanecem no cotidiano da existncia, sem motivaes ou estmulos para o prprio crescimento intelectomoral, propiciando-lhes os talentos que devero ser investidos ou aplicados nos bancos da produo espiritual, a fim de que sejam beneficiados pelos juros do equilbrio. A sade, neste captulo, um dos mais valiosos talentos que o Senhor oferece ao Esprito no seu processo de evoluo, em face das valiosas possibilidades que enseja ao seu possuidor, que tem por dever preserv-la, multiplicando as experincias iluminativas e o crescimento intelecto-moral. Nem todos, porm, agem com esse discernimento, sendo a grande maioria constituda por aqueles que a malbaratam, nem sequer a preservam, vivenciando cada hora no desperdcio do tesouro que se lhes vai esgotando at o desaparecimento completo. Chegar, tambm, para esses, o momento da prestao de contas, e constatando as leviandades praticadas, a conduta irresponsvel vivenciada, sofrer-lhes-o os efeitos graves, em batalha intrmina para reconquist-la, o que no fcil, sendo pela conscincia atirados s trevas exteriores, em reencarnaes pungentes e aflitivas. Todos os talentos so valiosos porque, multiplicados, proporcionam a fortuna do bem-estar, da alegria de haverem sido utilizados com sabedoria. A palavra, por exemplo, um talento, que nem todos aplicam conforme deveriam, porquanto, atravs dela se produzem as rixas e as brigas, as intrigas e maledicncias, as infmias e as acusaes, muitas vezes culminando em guerras infernais... quando a sua finalidade exatamente o contrrio.
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A sua semelhana, o discernimento, a razo constituem valores inapreciados, em razo das infinitas possibilidades que oferecem, como permitir o conhecimento do Cosmo, a identificao dos elevados valores da vida, do servio de edificao moral e espiritual do prprio possuidor, assim como da Humanidade como um todo. A existncia fsica uma viagem de curto prazo pelos caminhos do planeta terrestre, porque transitria e finita, constituindo-se parte fundamental da vida no seu carter de imortalidade, pois que, desde quando criado o Esprito no mais se extingue, abenoado pelo vir e volver ao Grande Lar onde avaliado pela prpria conscincia e pelos seus Guias espirituais, que se encarregam de o auxiliar no processo evolutivo. Os talentos, pois, de que dispe cada um, tanto podem ser renovados como retirados, de acordo com a aplicao que se lhes d. So emprstimos divinos que o Senhor coloca disposio de todos, sem exceo, com generosidade e confiana, mas sob a condio de serem prestadas contas da sua utilizao. Mesmo o sofrimento, quando bem pensado, um talento valioso, pelo que oferece de dignidade e de libertao dos compromissos infelizes, facultando a perfeita identificao do eixo ego-Si mesmo, com a integrao da sombra e o logro da individuao. claro que todo empreendimento exige esforo, vigilncia, cuidados, no sendo diferente naqueles que dizem respeito ao carter moral, ao significado espiritual. Analisando-se Jesus, como possuidor dos talentos de vida eterna, descobrir-se- facilmente como os aplicou em todos os dias da Sua existncia terrenal, especialmente durante o perodo de Sua vida pblica, enriquecendo o mundo com sabedoria e liberdade, com beleza e esperana de plenitude.
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E quando foi trado, negado, julgado insensatamente, condenado e crucificado, o tesouro da Sua misericrdia e cordura transformou-se em bno que vem atravessando os sculos como a nica maneira de encontrar-se a felicidade, que conseguida somente pelo amor, por amor-terapia.
A conquista do Si
Toda a vilegiatura carnal do Esprito deve ser direcionada para a conquista do Si-mesmo. Herdeiro das experincias evolutivas, tem viajado longamente dos instintos razo, ao discernimento, aquisio da conscincia, descobrindo a sua realidade de ser imortal, cuja trajetria ilimitada prossegue alm da vestidura carnal... O inconsciente coletivo que nele se encontra nsito, na maioria das vezes resultado das prprias vivncias nos referidos perodos antropolgicos, quando em trnsito de uma para outra faixa da evoluo, seja fsica, moral ou transcendental. Armazenadas no Self so essas incontestveis tentativas de acerto e de erro, que lhe delineiam as novas caminhadas corporais. Por isso mesmo, a sombra resultante dos conflitos instalados nos refolhos da psique, normalmente surge-lhe ameaadora gerando dificuldades de raciocnio, de comportamento saudvel, de harmonia. Iniciando o desenvolvimento do Si-mesmo, na condio de simples e ignorante, destitudo de conhecimentos, de habilidades e de treinamentos, a pouco e pouco, semelhana da semente no seio generoso da me-terra, vo-se-lhe desenvolvendo os germes da sabedoria adormecida, experienciando os jogos dos sentidos, em avano para a lgica e o raciocnio, dando lugar aos atavismos primitivos que devem ser ultrapassados sem traumas nem choques emocionais. A medida que se lhe tornam mais complexas as admirveis possibilidades de que dispe para evoluir, surgem-lhe as marcas
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dos hbitos ancestrais que teimam em prend-lo no j conhecido, no j desfrutado, confundindo os valores de qualidade com as comodidades do prazer. Atrado pelo Deotropismo da sua origem, no se pode furtar ao conflito entre o que tem sido e o que lhe aguarda. Nem sempre, porm, aspira por situao ou condio melhor de vida, bastando-lhe o atendimento das necessidades fisiolgicas bsicas, em olvido proposital ou no daquelas de natureza psicolgica essenciais para a individuao. Quando descobre o significado existencial e ainda no dispe da maturidade emocional indispensvel, pretende a transformao interior a golpes de exigncias descabidas e de sacrifcios que se impe, sem dar-se conta de que a violncia no faz parte da programao orgnica para uma existncia feliz. Em face da desorientao religiosa do passado, e que, infelizmente ainda vige em muitos setores da sociedade, impe-se a fuga do mundo, buscando o isolamento, que constitui tremendo adversrio do bem-estar humano, desde quando, gregrio, necessita da convivncia, do relacionamento com o seu prximo, que resulta em profundas frustraes interiores que levam a desastres psicolgicos ou ao abandono da opo... Outras vezes, entregando-se ao transtormo masoquista, prope-se sofrimentos injustificveis, que mais ampliam o desconforto emocional e o desequilbrio psicofsico. A existncia humana deve ser vivenciada dentro de uma pauta de deveres morais e espirituais, ademais dos sociais, familiares e para com o corpo, estabelecidos por cada indivduo, a fim de que a carga imposta no lhe seja superior s foras interiores, assim evitando os desastres nos insucessos. O comportamento dentro das diretrizes convencionalmente denominadas como normalidade, constitui-lhe caminho de segurana para o avano contnuo na direo da meta estabelecida.
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Ao invs de imposies de fora para dentro, da aparncia dentro dos padres estabelecidos pelo grupo social, a lcida interpretao das prprias necessidades e a conduo tranquila quo equilibrada de cada funo ou ocorrncia vivencial, a fim de conseguir o estado saudvel e progressista na marcha da iluminao. Compreendendo que a sombra presena normal e constante na sua psique, a sua fuso natural no Self o objetivo do autoconhecimento, da conquista que o desaliena, ensejando-lhe melhor viso da realidade e do mundo que o cerca. Tal identificao do que deve fazer e como realiz-lo, superando as sequelas do passado - abre-lhe espaos mentais e emocionais para ser feliz. Nesse labor consciente, reacional e objetivo, a individualidade cresce e desenvolve-se, facultando o surgimento de outros valores dantes no considerados, que constituem elementos superiores para uma vivncia com sentido enobrecido. Nem sempre se compreende o significado da conquista do Si-mesmo, supondo-se que esse labor diz respeito a questes da mstica religiosa ou das tradies filosficas orientais do passado. Certamente, tm razo no significado, mas no na proposta, porque as doutrinas orientais, descobrindo a realidade do ser que se , encontraram na meditao, na yoga, nas diversas tcnicas da concentrao e da abstrao em relao ao tempo e aos sentidos, um excelente instrumento pedaggico para a autoconquista. Por outro lado, algumas religies, com boas intenes, sem dvida, procuraram auxiliar o ser na superao dos conflitos, e ignorando-lhes a intensidade bem como a sua gnese, estabeleceram normativas, umas felizes, outras nem tanto, para que o fiel tivesse um fio de Ariadne para sair do labirinto existencial em que se encontra. A partir das regras estabelecidas, entre outros, por Incio de Loyola, os exerccios espirituais tm produzido excelentes resultados naqueles que os praticam de maneira racional e sem fanatismos.
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A concentrao racional com meditao reflexiva igualmente constitui um recurso de fcil aplicao diria para a conquista do Self, por ensejar o autoconhecimento, a observao do que se , descobrindo-se os tesouros que esto ao alcance, mediante o vir-a-ser. Aquele que se impede a autoidentificao, permanece na periferia da existncia, facilmente aturdido ante as ocorrncias, sempre considerando-as perturbadoras e destitudas de significados, quando, conscientemente enfrentadas, podem transformarse em valiosas conquistas de plenificao interior. Ningum se pode afligir pelo fato de ser humano, de ter inclinaes tormentosas, que so resultados de vivncias malogradas, que sero superadas com disciplina e vontade resultante da seleo das aspiraes que fazem parte da agenda de cada pessoa. Quando o indivduo se compreende, havendo conseguido esse entendimento a respeito do ser que , muito mais fceis se lhe tornam os enfrentamentos dos desafios e dos problemas, porque, libertando-se dos complexos de inferioridade e da necessidade da culpa, assim como da autopunio, considera-os essenciais evoluo. Todo processo de transformao exige sacrifcio e luta, como natural. No que diz respeito s de natureza psicolgica, evidentemente devem ser analisadas com deciso firme para super-las, bem como produzir bem-estar e alegria pela oportunidade de encontrar-se ativo, produzindo sempre para melhor. A essa conquista denominamos como o bem, porque proporciona satisfaes elevadas, portadoras de resultados saudveis. Quem se conhece possuidor de sabedoria a um passo da autoiluminao que o torna profundamente feliz. Avanar com segurana, destitudo dos conflitos geradores de transtornos de variada qualificao, conquista que se encontra ao alcance de todo aquele que opta pela integral conscincia de Si-mesmo.
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Aquele que se ignora c a m i n h a inseguro e enfermo emocional, buscando solues fora dele, realizando processos de transferncia da culpa, a fim de poder suportar-se, de no tombar em situaes lamentveis de desajustes psicolgicos m a i s graves. O objetivo essencial da existncia terrena o de autoconhecer-se, de penetrar os imensos abismos do inconsciente atual, a fim de descobrir os objetivos da vida, enquanto adquire recursos para alcanar a superconscincia e captar as mensagens superiores da imortalidade, que o convidam autossuperao dos impedimentos enquanto desenvolvem as aptides dignificadoras. N i n g u m consegue o estado de paz sem a h a r m o n i a entre a psique, a emoo e o fsico. Certamente, no ser pela falta de ocorrncias desagradveis, que sempre sucedero, mas pelo compreend-las na condio de necessrias, responsveis pelos progressos e pelas inevitveis transformaes aps descobri-las. Q u e m a l c a n a o a c u m e de um monte, venceu todos os obstculos que se encontravam pelo caminho... N e n h u m a ascenso fcil, o mesmo ocorrendo com a autotransformao para melhor. compreensvel que haja u m a aceitao normal do estado em que muitos se encontram, acomodados s circunstncias, sem aspiraes relevantes. Nesse nvel de conscincia de sono as necessidades atm-se m a i s quelas orgnicas, quais sejam alimentar-se, dormir, exercer o sexo, n u m crculo de automatismos primrios. C o m o o progresso inevitvel, lentamente despertam as ambies emocionais, por saturao das fsicas, e ocorre a m u d a n a para o nvel de conscincia desperta (ainda semiadormecida, porque h prevalncia da anterior), aparecendo anelos no habituais, desconforto em relao ao j vivenciado, insatisfao diante da vida... O .Selfdesenvolve-se mediante os esforos existenciais que lhe facultam o despertar dos tesouros adormecidos, produzindo a i m a g i n a o , a ambio de crescimento, o desejo de conquistas
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novas. So, portanto, muito saudveis, alguns estados de mal-estar, de queixa, de tristeza, desde que se no transformem em tormento, em hbito doentio de reclamao inoperante, mediante a qual a pessoa justifica a prpria indolncia. Quem se basta com o habitual permanece em hibernao de conscincia, aguardando que fenmenos-dor o sacudam, provocando-lhe a busca da renovao e a disposio para mudanas psicolgicas, para novas aspiraes que lhe constituiro objetivos a trabalhar. O Si-mesmo a fonte da vida do corpo em todas as suas expresses: psquicas, emocionais e fsicas. Nele residem os dnamos geradores de todos os recursos para a existncia humana, e, quando liberto das injunes do processo material na Terra, ei-lo que, ideal e numinoso, avana na direo da plenitude. Todos os esforos devem ser aplicados pelo ser consciente na autoconquista, na superao das foras atvicas do ontem e na atrao dos iluminados patrimnios da superconscincia. um retorno, de alguma forma, deusa, uma reconquista do que foi mal aplicado ou perdido no processo da evoluo. Esse lutador vitorioso, que alcana a compreenso lgica da existncia, torna-se modelo e arrasta outros, porque o exemplo de felicidade contagia todos quantos se encontram na desdita e na insegurana. Esse talento sublime que a vida oferece a todos - a oportunidade de evoluir e de descobrir o infinito - tem que ser multiplicado, a fim de que o Senhor da Abundncia se regozije e propicie a conquista do reino dos Cus, que nele se encontra e necessita de exteriorizar-se. Quem conquista os outros, perde-se em conflitos, em relao aos mtodos, nem sempre nobres de que se utilizou, experimentando insegurana quanto vitria aparente. Mas aquele que se conquista a si mesmo, esse atingiu a meta estabelecida pelo processo evolutivo e feliz.
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Binmio
sade-doena
A aquisio da sade real, integral, constitui meta primordial a ser alcanada por todas as pessoas. Caracterizando-se pelo bem-estar emocional, equilbrio psquico, harmonia fisiolgica e normalidade socioeconmica, a sade um tesouro - talento - cuja estabilidade resulta de inmeros fatores, especialmente os derivados do comportamento moral. Embora a hereditariedade desempenhe um papel fundamental para a sua vigncia, a constituio gentica do ser obedece influncia do Esprito quando da programao reencarnatria, em face das necessidades evolutivas impostas pelas Soberanas Leis. Sendo o Esprito responsvel pelos atos perpetrados, especialmente aqueles de natureza negativa, que so geradores de sofrimentos e desaires nos outros, todos eles insculpem-se nas delicadas tecelagens do corpo perispiritual, nelas imprimindo o mapa das necessidades reparadoras que se delinearo no cdigo gentico, no qual encontram os recursos materiais para a sua manifestao. Dessa maneira, surgem os fenmenos teratolgicos, as deficincias mentais e limitaes orgnicas, as dificuldades psicolgicas, os tormentos de toda e qualquer natureza fsica, assim como um sistema imunolgico incapaz de defender a maquinaria em que se hospeda pelo renascimento, experimentando, em consequncia, enfermidades de diversos teores que constituem os mecanismos de reparao moral e espiritual necessrios paz. Quando os fatores que porporcionam a doena no so resultado da negligncia e dos abusos cometidos durante a jornada atual, como muito comum, especialmente em relao inobservncia dos elementos preservadores do equilbrio e do processo de desenvolvimento psicofsico, so as heranas do pretrito as responsveis pelas ocorrncias penosas e desgastan-
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Divaldo
tes que ressumam em forma de doenas crnicas, transitrias, repetitivas, ocasionais... Compreende-se que o nobre instrumento corporal, de acordo com a maneira como utilizado, experimente alteraes compatveis com o uso, seja do ponto de vista estrutural orgnico, seja de natureza mental ou emocional. Essa trade que constitui a realidade do ser - mental, emocional e fisiolgica - regida pelo Self que, dominado pelo ego sob os impulsos do primarismo, mantendo o desequilbrio de qualquer natureza abre espao a disfunes normais, como ocorre com qualquer veculo mal utilizado ou cuja manuteno se faa precria. Pode-se afirmar que a enfermidade tambm resulta do natural processo de envelhecimento celular, do desgaste neuronal e do seu contnuo desaparecimento, do enfraquecimento do fluido vital que mantm o equilbrio geral, anunciando o fenmeno inevitvel da morte. Apesar disso, possvel, mesmo com as diversas disfunes e deperecimento de foras, manterse um estado saudvel, harmnico, propiciador de alegria e de atividades responsveis pelo perfeito ajustamento do indivduo no grupo social. Em razo da anterioridade das experincias humanas e de relacionamento, renasce-se no cl familiar, no qual se encontram geneticamente os elementos bsicos propiciatrios ao programa de elevao moral e espiritual, em vez de naqueles que se gostaria de viver. Nesse grupo domstico, muito comum encontrar-se tambm os familiares inamistosos de ontem que voltam a reunir-se a fim de reorganizar-se, trabalhando as imperfeies, retificando a direo dos sentimentos vis de outrora, atravs da fraternidade, do respeito que deve viger entre todos. O crebro no , por isso mesmo, uma folha de papel em branco, segundo a acepo de diversos estudiosos das doutrinas psicolgicas. Certamente, na sua constituio, destitudo de
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quaisquer marcas, que so assinaladas posteriormente pelo Esprito em processo de reencarnao... Normalmente, em razo das adversas situaes criadas nas existncias anteriores, defronta-se uma genitora perversa ou descuidada, uma super-me ou uma inimiga tenaz que agride e magoa sem qualquer condescendncia. Noutra circunstncia, o genitor irresponsvel ou atormentador, alcolatra ou dspota, que parece desforar a infelicidade que o caracteriza na prole, especialmente nesse ou naquele descendente, o mais comprometido, portanto, no grupo domstico. De igual modo, irmos e demais membros do cl sero constitudos por companheiros de caminhada anterior, nem sempre ditosa ou digna, dando lugar felicidade do grupo ou aos mal-entendidos frequentes geradores de desdita e de crimes, no poucas vezes, hediondos: abusos de toda ordem, especialmente pedofilia, parricidio, infanticdio, uxoricidio, perseguies sistemticas... Por essa razo, existem as famlias que se vinculam pelos laos espirituais e aquelas que resultam dos fenmenos biolgicos, portanto, consanguneas. Em ambas se apresentam os sucessos necessrios aos impositivos da evoluo. Quando se est consciente dessa realidade, descobre-se que a sade um talento precioso que o Senhor da Vida oferece ao Esprito reencarnado, e cuja aplicao lhe ser cobrada posteriormente. Aquele que desperdia a excelente oportunidade de um corpo harmnico, de um conjunto emocional e psquico lcido sem as inquietadoras constries expiatrias ou provacionais, semelhante ao servo mau, negligente, que enterrou o talento, sendo mesmo um pouco mais irresponsvel, porque lhe desperdiou o valor, aplicando-o negativamente... Com esse conhecimento das inextricveis ocorrncias que contribuem para a sade ou abrem espao para as doenas, sejam aquelas congnitas ou aqueloutras adquiridas ao longo do
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Franco I Joanna
de Angelis
curso existencial, o despertar do SELF torna-se uma aflio para o ego totalitrio e dominador. No entanto, na segunda fase da vida, quando a maturidade ocorre e o indivduo j se encontra em estgio definido de extroverso ou de introverso, impe-selhe o discernimento que o convida reflexo em torno da sua realidade em relao ao transitrio da existncia. Quase ningum, que seja portador de normalidade, pode viver indefinidamente na inconscincia de si mesmo. Os mecanismos que regem o corpo e a mente propiciam inevitavelmente o despertar dos interesses para aquilo que j no atende aos hbitos, porque repetitivo, sem sentido psicolgico, montono, despertando o heri adormecido que tem necessidade de ir a um pas longnquo, onde as experincias so todas novas e desafiadoras. necessrio investir os recursos da mente e da emoo talentos preciosos - aguardando que se multipliquem e ofeream rendimento de sade e de paz. Quando isso no ocorre, a saturao e a indiferena pelos familiares e amigos estabelece-se, levando o indivduo a patologias delicadas. Na parbola dos talentos, pode-se identificar o Senhor que emprestou os recursos aos servos, como o Self portador de infinitas potencialidades, que sempre as distribui, a fim de que sejam canalizadas para a multiplicao de resultados bons. de relevncia, portanto, que o Self, na condio de deus interior, enseje a aquisio de uma crena, religiosa de preferncia, destituda de fanatismo e cultos extravagantes, para melhor desenvolver-se, contribuindo para a diluio de toda a sombra, harmonizando o anima-us de maneira a experienciar os benefcios da existncia. A crena em Deus, o conhecimento de Jesus, no mais como arqutipos, mas sim, como realidades que transcendem a compreenso imediata do ego e que se encontram nsitos no Self, proporciona ilimitada satisfao de viver e de lutar, por
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poder-se considerar a grandeza do Homem de Nazar e as Suas vitrias incessantes como exemplo para todos, representando a sade integral. Nesse particular, o cientista dedicado, mesmo que desvinculado de qualquer crena religiosa, semelhana do artista, vivncia uma experincia tambm religiosa em face da anuncia do Self com os objetivos existenciais a que se entrega, proporcionando autorrealizao e alegria de viver muito responsveis pela sade. So tambm essas habilidades talentos valiosos, que devem ser considerados como aquela maior importncia entregue pelo Senhor - o Self ao servidor da vida... O confronto, portanto, entre o Selfe o ego, normalmente na segunda fase da vida do ser humano, nesse perodo de conscientizao, inevitvel, com todas as consequncias benficas para a sade. Nessa fase, pode ocorrer o que se denomina efeitos colaterais do surgimento dessa fora grandiosa, que o Self dando lugar a alguns desconfortos emocionais e fsicos, que no podem ser considerados doenas, mas resultado das naturais transformaes que se vm operando no mundo ntimo do indivduo que se conscientiza da realidade. Como o ego perseverante, pode utilizar-se da circunstncia e infundir entusiasmo exagerado, quase narcisista, no qual a necessidade de buscar-se a tranquilidade da natureza, a meditao, a prece, apresentando-se a tentao de o mesmo converter-se em guia e lder de outros, infelizmente sem a estruturao plena para empreendimento de tal natureza. Nessa fase, em contnuo esforo para a perfeita filtragem entre o inconsciente coletivo e o Self tem surgimento a personalidade-mana, cuja energia poderosa que invade o ser necessita ser orientada. A criatividade, quase inevitavelmente, pode surgir como um mecanismo saudvel para a sua diminuio, em face da sua aplicao, proporcionando uma canalizao bem dire-
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cionada, que harmoniza o indivduo. Essa criatividade pode ressumar do perisprito em forma de inconsciente coletivo onde se encontram registradas as experincias transatas, que ora se expressam em forma de arte, de pensamento, de cincia, de tecnologia... Nesse despertar do mana, a conscincia desempenha o seu papel relevante, que o de estabelecer parmetros elevados para que sejam alcanados os objetivos que, por extenso, transformam-se em sade e libertao das doenas. Para que sejam alcanadas essas metas surgem continuamente os desafios, que emulam ao avano e so constantes, pois que, vencido um, logo surge outro mais amplo e complexo, impondo a necessidade de encontrar-se um significado psicolgico de alta magnitude para a existncia. Nesse processo de estruturao da realidade psicolgica e espiritual do ser, aps o enfrentamento da sombra e sua aceitao, harmonizando o anima-us, logo se torna factvel conectar-se com todas as coisas existentes, em contnuos fluxos de sentimentos, tais sejam as montanhas e vales, os vegetais e animais, as criaturas humanas... Desse modo, o Self torna-se a razo nica da natureza essencial do ser o Esprito imortal! A busca da sade, nesse sentido, transforma-se em um objetivo prximo, insuficiente, no entanto, para alcanar-se a totalidade, a individuao, que se amplia no sentido existencial em relao ao mundo em que se vive. Com esse comportamento, as aspiraes multiplicam-se, quebrando as amarras do egosmo e libertando as manifestaes altrusticas responsveis pelo progresso da sociedade e do prprio indivduo. Nesse sentido, para ser conseguido o xito a educao dos sentimentos de alta significao para a existncia saudvel, o que equivale dizer, um comportamento jovial e feliz nas mais diversas situaes, quando enfermo ou sem doena declarada.
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Como a sade no pode ser considerada como falta de doena, mas um estado agradvel de vida, no qual as ocorrncias internas podem ser perfeitamente administradas, sem danos ou prejuzos para as atividades normais, no poucas vezes ocorrem desgastes que, mais tarde, se apresentam como desestruturaes dos equipamentos orgnicos exigindo tratamento e equilbrio emocional. Nesse processo que leva ao numinoso, o binmio sadedoena cede lugar sade integral, aquela que resulta do perfeito equilbrio interior do ser humano. Nem sempre, porm, o indivduo consegue esse estado de harmonia a ss, necessitando de ajuda especializada, para que tenha a coragem de avanar guiado pelo pas longnquo, a fim de que evite os transtornos que lhe deram experincia, mas que muito martirizaram o filho prdigo, filho prdigo que todos so na busca da sua realidade. Vigilante, portanto, o Self distribui talentos e cobra a sua aplicao, deixando de ser prepotente, como o era na fase primria, relevando o ser que se , em outra hiptese, o que poder ser, nessa formosa aventura da autoconquista. Saudvel, o ser encontra a plenitude...
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A BUSCA DO SIGNIFICADO
sentido profundo da existncia humana a busca do significado, a plenificao do Self - a imago Dei - a substncia divina que orienta a existncia e dignifica-a. Ningum, portador de conscincia, pode peregrinar pela Terra, sem um sentido existencial que se espraie alm das denominadas necessidades imediatas, que deixam de atender as exigncias emocionais, logo que so vivenciadas. Por essa razo, a experincia interior torna-se de relevante significado, sem a qual todas as realizaes externas perdem a significao, porque passam a ser possudas sem atender as exigncias emocionais, que, no resolvidas, desencadeiam o vazio existencial. Nessa viagem interna, que pode ser comparada a uma aventura interior, a conscincia amplia-se ao infinito, portanto, indo muito alm dos limites habituais adstritos aos desejos do ter e do prazer. Invariavelmente, essa busca profunda apresenta-se na criatividade da arte ou na abnegao da crena religiosa, como recursos hbeis para a conquista do infinito e do indefinvel.
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No mais profundo do inconsciente coletivo esto adormecidos esses dois anelos que tiveram origem na fase primitiva da evoluo, quando o ser humano comeou a entender a grandeza da vida, sua beleza e suas ameaas contnuas presentes em a Natureza, e a entrega s foras desconhecidas que pareciam manejar-lhes os destinos, facultando o surgimento do mito religioso, na condio de mecanismo de fuga das angstias e perturbaes, atendendo aos caprichos que se impunham como solues imediatas. O esforo desse ser primitivo em comunicar-se com o outro e desenvolver a conscincia mediante a escrita e a pintura rupestres, so as expresses iniciais da criatividade e do processo de comunicao consciente, organizada, que permanecero em toda a sua trajetria antropolgica. No sendo a vida humana seno a materializao do mundo csmico, os Espritos que desencarnavam naquele perodo, profundamente ignorantes da sua realidade, ao manifestar-se aos contemporneos na intimidade das cavernas, deram incio s primeiras expresses do culto religioso, sem o desejarem, tornando-se deuses brbaros uns e gentis, benvolos outros, que iriam povoar o imaginrio das geraes sucessivas, inscrevendose no panteo de todas as culturas terrestres. Reavivar essas imagens e decodific-las, a proposta da psicologia profunda, retirando-lhes a sombra perniciosa e ameaadora da tradio, de tal forma que, em estgio de conscincia lcida, adquiram o seu exato sentido, que a imortalidade. Porque a fase de primarismo no permitia o raciocnio lgico, o natural culto de respeito e de devoo, mais pelo temor do que pelo amor, revestiu-se do mgico, do imaginoso, do sobrenatural, necessitando das excentricidades que se tornaram complexas em forma de cerimnias e de sacrifcios, inclusive humanos, para depois, de natureza animal irracional e, por fim, vegetal, por meio das flores, como preito de amor e de gratido,
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de respeito, de splica... De tal maneira o inconsciente ficou sobrecarregado do fetiche criado e transferido de uma para outra gerao que, mesmo na fase do discernimento, permanecem as heranas dominadoras, induzindo ao temor, ao respeito exagerado, s fugas espetaculares para livrar-se da culpa, resgatando-a por meio de oferendas e de sacrifcios... O mergulho interior, desmistificando essa miscelnea de condicionamentos e de atavismos de natureza mgica, ir contribuir para o encontro com a religiosidade real, esse sentimento engrandecido que a identificao com a imago Dei, com a manifestao de Deus. Certamente, no ser o deus antropomrfico - arquetpico, no real - portanto, humanoide, caprichoso, mtico, mas aquele que a inteligncia suprema, causa primria de todas as coisas (*). Esse conceito est perfeitamente identificado com a definio apresentada pelo filsofo holands Baruc Spinosa, quando afirma que Deus a natura naturans. Desse modo, Deus est alm de qualquer conceito que o limite e o transforme em contedo, quando, em razo da Sua indecifrvel realidade, o Continente que tudo envolve. A viagem, portanto, de carter religioso, desgua no sentimento de religiosidade, de encontro com o divino que se encontra no Si-mesmo, aguardando compreenso e vivncia da sua realidade, alm de qualquer tipo de culto externo ou de submisso temerria. Nessa incurso, a mente sutiliza-se e descobre significados desconhecidos que do motivaes existncia para ser vivenciada com alegria e irrestrita confiana nos resultados futuros. Ao invs de significar uma fuga, uma transferncia da imagem do pai para a Divindade, representa o encontro com a Conscincia universal, com ela identificando-se e tentando plenificao. As vrias maneiras de realizar a religiosidade mediante a f, a abnegao, a concentrao nos postulados da vida, na prece,
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na integrao solidria nos servios de beneficncia e de caridade, do sentido existncia fsica, enriquecendo-a de alegria e de bem-estar pelo prazer de contribuir em favor da satisfao geral, da diminuio do sofrimento, da misria, das necessidades que assolam em toda parte... Imediatamente a criatividade, nesse momento, tambm se expressa grandiosa, numa exploso de imagens que necessitam de ser exteriorizadas, dando lugar arte que se transforma em poderoso recurso de beleza, traduzindo as fixaes que se encontram no inconsciente, transitando das formas grotescas ao classissismo e chegando s profundas manifestaes do modernismo, do cubismo, do surrealismo, do abstracionismo, porque no podem, na pintura, na msica, na escultura, por exemplo, ficar contidas no reduzido das formas... Todo limite que se lhes imponha, impede-lhes a expanso, a libertao dos abismos do inconsciente coletivo. Em todo perodo de crise, de indeciso e de perda de significado existencial da sociedade, ocorrem mudanas, algumas radicais, em relao ao j experienciado, ao conhecido, em forma de nsia de libertao das imposies castradoras anteriores. Nesse processo inevitvel da evoluo, todo um expressivo nmero de artistas conseguiu quebrar os limites impostos pela tradio, para alcanar o alm das formas definidoras de contedos. Isso se tornou possvel em razo da viagem interior que foram convidados a fazer, aps sentirem-se saturados pelo j apresentado, que as modernas conquistas da tecnologia poderiam fazer de maneira perfeita, em cpias iguais, portanto, sem necessidade da sua contribuio pessoal... Os mais audaciosos detiveram-se, a princpio, rompendo os velhos padres, no realismo e no impressionismo, para depois darem o grande salto em novas concepes que desvelam o inconsciente de cada qual e abrem campo a novas observaes numinosas e psicoteraputicas libertadoras.
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Por intermdio de algumas dessas expresses artsticas, especialmente a pintura, a escultura, a msica, pode-se penetrar nos conflitos dos pacientes e, utilizando-se de recursos curativos algo semelhantes, trabalhar-lhes as causas dos transtornos de conduta e de emoo. Com essa modificao na arte, particularmente na pintura, mais tarde em outros ramos culminando na msica, na escultura, na literatura, no bal, nos mais diversos ramos do conhecimento, as denominadas realidades objetivas cederam lugar aos contedos metafsicos e transcendentais, ampliando as conquistas do pensamento humano sem limite nem forma... Graas a essa aventura em direo ao interior, ao inconsciente, a arte se transformou em um fenmeno mstico, quase religioso pelo seu significado libertador, sem qualquer vnculo com denominao, mas dirigido imensido do Cosmo e da vida. Proibidas essas expresses durante o perodo religioso dominador e restritivo, todas as imagens que vinham desde a remota antiguidade, porque herana do primarismo, os artistas conseguiram romper com os cnones do denominado esttico, belo, harmnico, convencionalmente aceitos, demonstrando outras expresses de significados idnticos, de acordo com a viso e a percepo de cada criatura. O inconcebvel pde ser externado de maneira prpria, favorecendo a identificao de novos padres de beleza. O que antes era tido como arte moderna de tal maneira se imps tornando-se natural, que j no se atm s admirveis expresses sob essa ou aquela denominao, estando presente na condio que lhe prpria, de arte reconhecida e aceita. O observador consciente e sincero, diante de alguma dessas expresses que romperam com o tradicional, identifica-se alm da forma, em mensagens subliminais ou diretas, auxiliando-o a melhor entender-se, decifrar-se, em face dos padres que o limi175
tavam e lhe dificultavam a autocompreenso, atormentando-o e alienando-o... Ela provoca, de incio, um choque, pela estranheza de que se reveste, em qualquer um dos seus aspectos, na variedade de expresses em que se manifesta, para logo, medida que 'a ateno a focaliza ou a recebe, produz a identificao do inconsciente que libera informaes e faculta a aceitao natural dos seus contedos, porque se encontram tambm nele mesmo. Costuma-se dizer que a maioria das pinturas da arte contempornea, expressa angstia, dor, sofrimento, discrdia, luta, o que, de certo modo, verdade, porquanto, representa a viso da jornada longa da evoluo e reflete a realidade existencial, muitas vezes disfarada pela hipocrisia ou oculta pelos 'denominados multiplicadores de opinio. Observemos Guernica, do espanhol Pablo Picasso, e identificaremos a tragdia do bombardeio areo sobre a cidade infeliz e a degradao que tomou conta de tudo. De igual maneira, O Grito, do noruegus Edvard Munch, expressa nessa figura andrgina toda a sua angstia, resultante de uma infncia infeliz, de insucessos afetivos, da viso tormentosa de um entardecer de sangue e de fogo, que ele tentou expressar em o Desespero, sem o haver logrado integralmente, o que conseguiu, logo depois, na outra obra que ficou imortal... Enquanto a cincia dirige-se ao intelecto e a reduzido nmero de indivduos, a arte, em face das suas expresses, mais abrangente, sendo aceita por todos, no importando o nvel de cultura ou de sentimento, ou de conscincia em que se encontre, porque sempre traduz o que se passa no mundo interior dos seus autores, expressando a mesma ocorrncia naqueles que se lhe vinculam. Esta tambm uma forma de enfrentamento com o inconsciente, no que o insigne mestre Jung denominou como a luta mtica contra o drago, na representao tradicional de S.
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Jorge, o vitorioso, o heri. Nada obstante, essa uma luta antiga realizada pelo Esprito que tem necessidade de superar os impedimentos da matria em que se ergastula durante o processo da evoluo, para desvelar as potncias nele adormecidas, o seu deus interno. O divino em cada um luta inevitavelmente contra o humano, a fora transcendente em alerta contra o poder do animal eglatra e escravizador. Pode-se dizer que se trata de um esforo imenso esse emergir da escurido da ignorncia para a claridade do discernimento e da razo. a autoconquista realizada pelo Self cuja. trajetria interior. A falta de sentido existencial, portanto, de significado, gera transtornos neurticos muitas vezes confundidos com outros motivos que seriam os responsveis pelo desequilbrio. Assim, a conquista de objetivo, de um significado bsico para a existncia fundamental para o equilbrio do eixo ego-Self. Na atualidade generaliza-se essa problemtica, definida por Jung, j, no seu tempo, como a neurose geral do nosso tempo, em razo da constatao da inutilidade a que cada indivduo se atribui, tornando-se quase invisvel no meio social onde se encontra.
O bem e o mal
Desde quando a razo e a conscincia comearam a desenvolver-se no ser humano, a dicotomia do bem e do mal se apresentou de maneira conflitiva. Antes, no perodo de vivncia no mitolgico Jardim do Eden, a inocncia no pde identificar o que significava o bem, o que representava o mal, em razo do estado paradisaco de total ignorncia moral. No momento em que os impulsos, especialmente os da sexualidade, quebraram a harmonia existente,
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impondo-se, tudo era natural, porque defluente das necessidades biolgicas. Lentamente, porm, os sentimentos e o discernimento apresentaram-se para estabelecer o que era edificante em relao ao que se fazia perturbador e destrutivo. Nesse surgimento do Self, percebeu-se a necessidade de estabelecer-se critrios, iniciando-se pela condenao do incesto, proibindo-se e impedindo-se comportamentos que se consideravam perniciosos, dando lugar ao claro-escuro da fronteira entre o bem e o mal. Com a sucesso do tempo, estabeleceram-se diretrizes definidoras do que representa um como o outro valor. As diversas doutrinas religiosas do oriente e as filosofias do ocidente apresentaram normativas de significao para a felicidade e a vivncia do que se considerava o bem em detrimento dos comportamentos que produzem o mal. O maniquesmo, por exemplo, criado por Manes, nascido na Prsia, no sculo III d.C. depois do aparecimento de um anjo, por duas vezes, levou-o a selecionar os princpios de algumas doutrinas orientais existentes, do zoroastrismo e do cristianismo, estabelecendo que o bem e o mal esto presentes na vida de todos os indivduos e que o mundo encontra-se dividido exclusivamente nessas duas constantes, sendo o objetivo da existncia a vitria da luz contra a treva, da verdade contra a impostura... O maniquesmo espalhou-se com muita facilidade pelo mundo de ento, apresentado os dois lados do comportamento em forma de sombra e de claridade, no qual os justos, que a tudo renunciassem, lograriam a plenitude. Embora o cristianismo, muito antes, mantivesse, de certo modo, a mesma observncia, o conceito de Jesus a esse respeito mais amplo, demonstrando que todas as experincias humanas contribuem para o processo de libertao do ser, da ignorncia que nele predomina, sendo o mal uma conjuntura transitria, na qual somente o bem tem prevalncia. O apstolo Paulo, por sua vez, prescreveu que se deve vencer o mal com o bem.
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Essas propostas, especialmente a maniquesta, ainda em voga, so portadoras de comportamentos fanticos, definitivos, gerando graves conflitos na cultura, na sociedade, porque, aquilo e aquele que so bons, que representam o bem para determinado segmento humano, so maus para outro... Condutas consideradas socialmente aceitas e dignas em um povo, recebem reproche de outro, que as tem em condio de agressividade e de primitivismo. Esses conceitos, portanto, no podem ser considerados de modo absoluto. O que significa, porm, o bem? Tudo aquilo que contribui em favor da vida, do seu desenvolvimento tico e moral, a sua construo edificante e propiciadora de satisfaes emocionais, considerado como o bem. Necessrio, no entanto, evitar confundir o de natureza fsica com a emoo de harmonia, de equilbrio interior, de felicidade que se adquire por meio de pensamentos, palavras e aes dignificantes, no geradoras de culpa. O mal, por sua vez, tudo quanto gera aflio, que se transforma em problema, que trabalha pelo prejuzo de outrem e do grupo social, levando ao desconforto moral, destruio... Entretanto, do ponto de vista educacional, se for observada criteriosamente essa ocorrncia, poder-se- constatar que muito mal de determinado momento, administrado corretamente pode transformar-se em grande bem. Por outro lado, o que pode parecer um mal para determinado indivduo, proporciona-lhe o despertar da conscincia, o caminho que o levar ao autodescobrimento. A dificuldade, muitas vezes, em diferenciar-se no ntimo o que bem e o que mal, d origem sombra, que tambm tem razes no ego dominador e arbitrrio. Allan Kardec, em O Livro dos Espritos, interrogou os Espritos superiores, conforme a questo de n 630:
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Como se pode distinguir o bem do mal? E eles responderam: "O bem tudo o que conforme lei de Deus; o mal, tudo o que lhe contrrio. Assim, fazer o bem proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal infringi-la."(l) O ser humano portador de fenmenos lgicos, que nem sempre sabe discernir, que se apresentam conscientes e inconscientes. Inicialmente, no processo evolutivo era todo instinto e paixo, adquirindo atravs do desenvolvimento antropolgico da evoluo a conscincia de si, a conquista da razo, dentro de uma rea restrita, que ainda no pde abarcar a totalidade das ocorrncias interiores e emocionais, auxiliando-o no comportamento mais compatvel com o estgio de lucidez alcanado. No seu ntimo esto os desejos do prazer ou gozo e a realidade, conforme as concluses do eminente Freud. Esses impulsos dominadores tm, no entanto, que enfrentar a cultura de cada poca, os hbitos estabelecidos, os cdigos impostos, dando lugar a que as pulses fossem erradamente consideradas como manifestaes demonacas, foras que o arrastariam para o sofrimento, mais tarde decodificado como o Inferno das religies castradoras. Para superar o mal que nele existe, vem-se tornando necessrio que estabelea variados smbolos de transferncia ou de projeo, para superar a situao incmoda em que transita. Por essa razo, os sentimentos perversos do dio, dos desejos irrefreveis, dos cimes, das ambies desmedidas levam-no a transferi-los para outros indivduos que passam a figurar como as representaes demonacas ou satnicas, suas adversrias. certo que esse mecanismo ocorre de maneira inconsciente, em forma de fuga da situao vigente para a transformao dirigida ao bem que busca inconscientemente. Nessa viso torpe e insensata, surge a luta feroz, mediante a qual o bem deve destruir o mal, na qual se devem envidar
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todos os esforos, mesmo os mais infames para a vitria, que no passa de derrota interior, porque os mecanismos da batalha so nefastos, portanto, igualmente maus... Esse fenmeno sempre ocorre quando se deseja exterminar um adversrio, que pode ser um indivduo como uma raa inteira, uma idia como um grupo idealista, apresentando-o na condio de personificao demonaca contra a qual todas as armas podem e devem ser utilizadas a fim de aniquil-los. Em realidade, a substituio do mal pelo bem, ainda conforme o conceito paulino, o mais eficiente recurso para que se estabelea o equilbrio emocional no indivduo e no grupamento no qual se encontra. Toda vez, quando algum se pe contra algo ou algum, inevitvel que se arme, o que se transforma num mal. Todavia, quando se pe a favor do bem, desarma-se e logo ama, o que modifica totalmente a questo, demonstrando a excelncia do seu propsito. H uma regra para melhor identificar-se o bem em relao ao mal, que a utilizao do amor em seu sentido amplo e universal, que oferece a resposta mais hbil para a conduo equilibrada de si mesmo e o trabalho generalizado em favor de todos. Nesse momento, alcana-se a conscincia moral, que discerne o que se deve e se pode fazer, em relao ao que se pode, mas no se deve fazer, ou se deve, mas no se pode fazer... Atravs das reencarnaes, o Esprito aprende a compreender o que o auxilia na evoluo, o que o entorpece e o retarda, assim identificando os mecanismos poderosos para a libertao da psique do primarismo dos instintos - demnios - ensejandolhe a claridade do esclarecimento - a angelitude. A imago Dei, que nele se encontra, traz-lhe a pulso do bem, da vida, que rompe as camadas grosseiras das tecelagens cerebrais, a fim de expressar-se em pensamentos, palavras e aes,
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que assinalam o estgio de sade real ou de patologias defluentes dos comportamentos impostos pelos instintos. Responsvel pelo amplo discernimento, auxilia a racionalizar o mal, mediante a observncia dos resultados dele advindos e dos instrumentos que poderiam ter sido utilizados para efeitos mais consentneos com o bem-estar e o prazer, ao invs da culpa, do arrependimento e da angstia que se lhe instalam no ntimo... A individuao apresenta-se, a partir desse momento, como todo esse esforo para a unio das duas pulses em uma nica expresso de vida, que aquela encarregada de propiciar harmonia, eliminando ou superando os desvios do passado que respondem pelos sofrimentos e conflitos tanto individuais como coletivos. O estado numinoso, desse modo, resulta da vivncia do bem, portanto, simbolicamente da luz, do entendimento, da conscincia de si. A dualidade do bem e do mal no ser humano fenmeno natural de desenvolvimento da psique, apresentando situaes antagnicas, como alto e baixo, belo e feio, claro e escuro, bom e mau, certo e errado... Jesus, o incomum Psicoterapeuta, utilizou-se de uma bela imagem para essa dualidade quando se referiu ao joio e ao trigo, portanto, quilo que danoso na seara e o que benfico, porque fomentador de vida. Ao mesmo tempo, props que no se resistisse ao mal, ao que equivale dizer, que atravs da ao cordial e perseverante, sem entrar em oposio ao pernicioso, consegue-se a situao ideal, a vitria sobre o que prejudicial. O bem, portanto, no ausncia do mal, assim como o mal no pode ser considerado como fora do bem, mas experincias que podem ser conduzidas criteriosamente pela conscincia para a autoconquista. Muitas vezes, em face da ausncia de conscincia moral, o indivduo interpreta equivocadamente uma ou outra dessas situ-
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aes, sendo, portanto, a responsabilidade da escolha conforme o nvel de conhecimento, de estrutura moral e espiritual. Do ponto de vista psicolgico, a adoo do bem representa sade emocional e discernimento moral, ambos propiciadores de bem-estar, dando significado existncia, porquanto, medida que o indivduo se educa, disciplinando os impulsos decorrentes do primarismo, experincia verdadeiro estado de plenitude. Isso no o impede de viver momentos de definio, de dvida, de incerteza, avanando, porm, na linha direcional do equilbrio que se imps. Pensa-se, erradamente, que a prtica do bem impede que o mal se apresente. Enquanto no for diludo nos painis do inconsciente, periodicamente ressuma, em forma da fisso da psique, como fora demonaca que deve ser orientada, jamais impedida. Reconhecer, portanto, a presena do mal no Si-mesmo j uma forma de identificar o bem. Igualmente se confunde o no fazer-se o mal como um grande bem, quando, em verdade, no fazer o bem constitui um tremendo mal, no bastando, portanto, apenas deixar-se de o mal praticar. Toda vez que se pode iluminar, espraiar o trigo generoso e no se realiza esse dever, amplia-se a rea de sombra e domina o escalracho prejudicial. E como regra fundamental, para que ningum tenha dvida quanto vigncia de um ou de outro no cotidiano, asseverou Jesus com sabedoria: Vede o que quereis que vos fizessem ou no vos fizessem. Tudo se resume nisso. No vos enganareis." (O Livro dos Espritos, resposta questo n 632).
Os sofrimentos no mundo
A dinmica da vida estrutura-se nas experincias que capacitam o Self a sua plenificao.
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Nesse sentido, o fenmeno dos sofrimentos faz parte inevitvel da conjuntura existencial, constituindo mecanismo de valorizao do equilbrio interior como diretriz de segurana para a vivncia do bem-estar. Acreditar-se na ausncia dos sofrimentos no mundo constitui utopia elaborada pela iluso decorrente do mito a respeito do paraso perdido, onde tudo contribua para a felicidade que, certamente, aps vivenciada por longo perodo se tornaria fastidiosa, desinteressante, pela falta de estmulos para novas conquistas e realizaes. O ser humano tem necessidade de constantes desafios que lhe facultam o desenvolvimento dos recursos no conhecidos, que despertam sob os estigmas do desconforto pessoal, das dores, das incertezas, das lutas propiciadoras de conquistas novas. A nsia de liberdade plena, por si mesma, geradora de sofrimento quando da impossibilidade existente de eleger-se apenas o bem em detrimento do mal, em face dos impulsos primrios e das circunstncias hostis da convivncia social, que permanecem nsitos no inconsciente individual assim como no coletivo... A estabilidade orgnica, igualmente, portadora de relatividade muito expressiva, porquanto altera-se a cada momento, pelo processo da renovao celular, das injunes emocionais, dos fatores existenciais e reencarnatrios, produzindo os inevitveis sofrimentos. Ei-los, portanto, de natureza fsica, emocional, mental, social, econmica e de outras expresses. Foi a observncia desse sofrimento que levou o prncipe Sidharta Gautama, o Buda, reflexo de que tudo no mundo sofrimento, apresentando as suas Quatro nobres verdades, estudando as suas causas e consequncias, os mecanismos de libertao e as tcnicas da harmonia integral. ( ) Descobrindo a presena da sombra inaceitvel para a grande maioria dos seres humanos, ele props a compreenso
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da mesma e sua aceitao, trabalhando o eixo ego-Si mesmo de maneira a dilu-la, quando causada pelo sofrimento ou do sofrimento gerada. normal que o indivduo se pergunte se livre para eleger a maneira de viver apenas o bem e, claro, que logo defronta com a resposta em torno dos limites dessa liberdade, como efeito das circunstncias em que transita no corpo. A opo negativa apresenta o efeito do sofrimento hoje como o recurso para a conquista do equilbrio mais tarde. O denominado mal uma presena natural no psiquismo, como as experincias negativas do primarismo, que se inscreveram no cerne do ser, definindo os rumos que normalmente se alteram quando a dor se instala e a necessidade de ser feliz apresenta-se em carter de urgncia. A se originam as experincias reencarnacionistas, mediante as quais, em uma existncia se reparam os erros da anterior, transformando em conquista o que antes fora prejuzo, aprimorando os sentimentos e desenvolvendo o intelecto, de modo a enriquecer o Selfe predisp-lo real individuao. Muitos obstculos, no entanto, surgem, nesse cometimento, derivados da sombra e de outros arqutipos que so construdos durante a vilegiatura evolutiva. Nesse sentido, a criana maltratada que permanece no ser, continua necessitando do colo de me, de apoio, de compreenso, a fim de encontrar a libertao que somente existe no esforo pessoal de cada um ou atravs da orientao lcida dos estudiosos do comportamento humano, conhecedores da injuno da sombra, do conflito do anima-us, do ego insatisfeito nos processos psicoteraputicos especializados... Enquanto permanecem as ambies infantis, disfaradas de aspiraes do amadurecimento psicolgico, os sofrimentos no mundo prosseguem dominando as criaturas em todos os segmentos da sociedade, porque o falso conceito de que bem-estar ausncia de preocupaes, de responsabilidades e de
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enfermidades, predispe perda de identidade dos objetivos essenciais existncia, substitudos pelo prazer do imediatismo fisiolgico. Os sofrimentos encontram-se no mundo, porque os Espritos que o habitam ainda permanecem num perodo de desenvolvimento tico-moral em que a dor lhes constitui uma necessidade psicolgica. Proceder bem, para no sofrer, cumprir os deveres, a fim de no ser penalizado, trabalhar pelo progresso da sociedade para fruir benefcios, tornou-se uma transferncia do Deus-temor ancestral pelo negocismo interesseiro, mediante o qual Deus retribui em bnos tudo quanto se faz de bom, punindo severamente quando se pratica o mal. O mal como o bem so relativos, no podendo ter um carter de conceituao absolutista, em face dos seus prprios significados, facultando ao discernimento as boas aes como frutferas para aqueles que as praticam, em razo da satisfao pelo pratic-las e no apenas pelos interesses pessoais em jogo. Quem conduz perfume impregna-se, da mesma forma como ocorre com aquele que carrega putrefao... Quando se opera em termos de sade emocional e significado psicolgico, satisfaes profundas ressumam do inconsciente e tomam conta da realidade consciente, estimulando continuao do comportamento e da plena sintonia com a imago Dei, ampliando o raio de pensamento na direo de Deus. Nesse acrisolar do arqutipo divino em si-mesmo, estabelece-se um canal com a Causa Absoluta, proporcionando a conquista do Reino dos Cus, portanto, o no-sofrimento, porque, mesmo um desconforto, uma perda, os prejuzos de uma ou de outra natureza deixam de ter a significao que lhes atribuda, tendo-se em vista o essencial para a psique, que so as aspiraes do belo, do quase inatingvel, do transcendente... Os sofrimentos no mundo, portanto, defluem dos dramas existenciais dos indivduos em desajuste e em carncia afetiva,
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tresmalhados do rebanho, aguardando que o pastor deixe as demais ovelhas para busc-los. nessa fase conflitiva que o heri adormecido assume a postura do filho prdigo que parte para um pas distante, que so as experincias inusitadas, muitas vezes transformando-se em sofrimentos que o trazem de volta ao regao do pai misericordioso que o aguarda, sempre olhando a estrada que ele dever percorrer no retorno ao lar. Por outro lado, podem-se considerar os sofrimentos como talentos que so concedidos para dignificar os seus possuidores que os devero aplicar de maneira produtiva, mantendo a resignao e a coragem, qual aconteceu no mito de J, quando esse, testado e espoliado pela Divindade, permaneceu-Lhe totalmente fiel e confiante. Ele amava a Deus, no pelo que dEle havia recebido, mas pelo efeito da Sua paternidade. Apostando com Sat, esse outro mito arquetpico do inconsciente humano, Deus resolveu experimentar J para provar que ele Lhe era fiel, e o servo tornou-se digno de receber a recompensa que o levou de volta paz e alegria de viver. Esse Deus, naturalmente antropomrfico, na viso junguiana, um tremendum, pelo aspecto aterrador que assumiu, quando, na sua antinomia, apresentou a outra face, a da misericrdia e do amor, recompensando aquele que permanecera confiante, mesmo quando o sofrimento alcanara limites quase insuportveis. Compreende-se, desse modo, a resistncia de muitos indivduos que, em se encontrando sob tormentos e aflies inominveis, permanecem confiantes e seguros da misericrdia divina, em face da certeza de que jamais esto abandonados. Os mrtires de todos os tempos, as vtimas dos holocaustos de todas as pocas deram esse testemunho de J, mantiveram o Self, na fragmentao individual da Divindade mesma, harmonizando-se e permanecendo em vinculao com Deus. Encontramos essa antinomia nos dois Testamentos: no Velho, Deus inclemente e gosta de ser temido, enquanto que
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no Novo, misericordioso e compreensivo, desejando somente ser amado na condio de Pai. Eis, pois, que se encontra presente no Self essa. fisso da psique, aguardando a ocorrncia da fuso mediante a superao da sombra pela presena do amor. Desse modo, o mal no desaparecer de um para outro momento do mundo, porque ele o inverso do bem a se transmudar, adquirindo as qualidades do ltimo. Assim, mesmo, no auge das amarguras, dos desaires, das aflies, de tudo quanto significa o mal gerador dos sofrimentos, existe da luz uma rstia em plena treva (sombra) apresentando a soluo, propondo o reencontro com Deus. Alm da conscincia do ser, no psiquismo profundo, temporariamente Deus apresenta-se nesse aspecto ambivalente: o temor e o amor, que atendido pelo Self'capaz de discernir, ir fundir-se no amor, no processo de iluminao interior, saindo da sombra existente. Quando se sabe encarar o sofrimento como uma necessidade de entendimento do ego com todas as suas mscaras, inclusive a do bem aparente, o trgico e o desvalimento transformam-se em alicerce para a construo da realidade humana, no seu sentido divino e transcendente, porque o ser, em si mesmo, indestrutvel, imortal. Como valioso contributo para a vitria nesse teste da evoluo, a prece, que significa a comunicao com Deus atravs do pensamento otimista e confiante, proporciona a captao de energias poderosas que do resistncia para as lutas transitrias que se encarregam de eliminar as sucessivas camadas de primitivismo, de paixes asselvajadas em predomnio, diluindo-as at o cerne onde est a imago Dei gentil e pura aguardando ser encontrada para tomar conta do indivduo todo. Os sofrimentos, portanto, no mundo, so portadores de variada conceituao, de significados especficos e prprios, de-
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pendendo daqueles indivduos que os experimentam, tornandose grande mal para uns e superior bem para outros. Estranham-se, muitas vezes, as resistncias morais de que so portadores determinados indivduos que, postos a provas de sofrimentos inenarrveis, permanecem tranquilos e esticos, como ocorreu durante o holocausto do povo judeu nas garras impiedosas dos nazistas. Muitas dessas vtimas, aps a libertao, ao invs de se deixarem consumir pelo dio contra os seus algozes, buscaram auxili-los e trabalhar pelo renascimento do pas. Quando interrogados, afirmaram: - O dio no nos trar de volta os afetos assassinados, as alegrias roubadas, a sade vilipendiada, a vida perdida... Somente pelo amor poderemos demonstrar que nenhuma fora fsica, poltica ou social mais poderosa do que a confiana em Deus... Dentre muitos desses sobreviventes, um dele de nome o Alegre Gui, que houvera padecido horrores no campo de extermnio de Auschwitz, prosseguiu sorridente e gentil auxiliando o povo que o havia esquecido e aqueles que o haviam infelicitado em hediondos processos de crueldade... Apesar dessas reflexes, existem indivduos emocionalmente fragilizados que, diante do sofrimento, vinculados teoricamente a qualquer denominao religiosa, sentem-se defraudados e interrogam, aflitos: Por que Deus permite que isso me acontea? Onde est Deus que no me vem em socorro? Ser que, realmente, existe Deus? O seu conceito a respeito da Divindade mgico, retrocede ao perodo primrio em que o arqutipo do miraculoso predominava no seu inconsciente, a tudo resolvendo, impedindo que acontecessem as experincias iluminativas, ou cujas conquistas podiam ser conseguidas mediante o trfico de milagres por meio de esprtulas, dzimos, doaes materiais...
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Pululam ainda hoje na sociedade pacientes portadores dessa estrutura emocional deficitria. A verdadeira f, aquela que racional e se fundamenta na experincia da imortalidade, a nica portadora das resistncias morais para os enfrentamentos que se expressam como solido, sofrimento, silncio, expectativa, angstia... Quando qualquer desses fenmenos psicolgicos que produzem dor se abatem sobre os portadores de espiritualidade ou de maturidade emocional, ei-los que possuem um reservatrio de foras transcendentes que haurem em Deus e logram superar as situaes mais perigosas e os acontecimentos mais afugentes e danosos. fcil a constatao desse fato, nos enfermos pelos quais se ora, que conseguem, sem saber desse contributo de estranhos, apresentar melhoras nos problemas orgnicos que experienciam. Quando, por sua vez, oram, adquirem mais resignao, enfrentam a situao de maneira saudvel e recuperam-se mais rapidamente. Por fim, quando se ora por eles, e, tendo conhecimento eles tambm oram, os efeitos so muito mais imediatos e durante o trnsito da enfermidade as terapias tornam-se mais eficientes. Compreende-se que, essas pessoas, em face da f, da fora mental de que do mostras, estimulam os neurnios a produzirem as substncias propiciadoras do reequilbrio, da sade, da harmonia. Quando Jesus era convidado a curar algum, Ele sempre interrogava: - Tu crs que eu te posso curar? Ou: - Tu queres que eu te cure? Desse modo, ensejava a contribuio do prprio paciente no processo de recuperao, produzindo neuropeptdeos responsveis pelo refazimento orgnico, emocional e mesmo psquico, tornando-se receptivos fora que dEle emanava. A ao, portanto, da vontade, em qualquer rea de comportamento relevante, por ensejar a produo de neurocomunicadores que promovem a sade.
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A f religiosa saudvel, bem direcionada, tambm adquire e oferece significado existncia humana, emulando o crente ao prosseguimento dos compromissos que abraa, dignificando-se com os esforos que empreende para ser sempre melhor e numinoso como resultado das disposies internas voltadas para a felicidade. Os indivduos dbios, imaturos psicologicamente, encontram-se despreparados para o sofrimento, sempre esperando que a soluo venha do exterior, de outrem, permanecendo na mesma dependncia em que transcorre a sua existncia, sem o esforo pessoal para a aquisio da conscincia lcida e produtiva. A medida, portanto, que sejam adquiridas a conscincia de si, a compreenso do significado existencial, o dever de superar a sombra aps aceit-la, o sofrimento cede lugar ao estgio de harmonia propiciadora de individuao.
A individuao
A busca do significado na existncia humana deve expressar-se no rumo da individuao, o que equivale dizer, da prpria identidade, que no se circunscreve ao conceito de individualismo, mas de individualidade, que induz ao conhecimento real do que se e no apenas do que parece ser no turbilho das exterioridades do ego. Para o eminente Jung, o criador do termo, o significado que a existncia se realize como individualidade do Self, como perfeita integrao do Si-mesmo, da sua totalidade, o que no significa sua perfeio, que constitui um ideal... Trata-se do esforo que deve ser envidado para que se alcance a perfeita conscincia da sua realidade, sem disfarces, como realmente cada um , sem o conflito de somente apresentar-se com caractersticas que no so verdadeiras.
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Compreende-se que se trata de um esforo titnico, porque o arqutipo numinoso do Self apresenta-se como um tentame que pode ter repercusso perturbadora inesperada, como no caso, da auto-presuno de desejar tornar-se um super-homem Ubermensch conforme sonhado por Frederico Nietzsche, no seu delrio masoquista, ou um homem-deus... Indispensvel evitar-se tais ambies, considerando que a conquista no pode levar a esquecer-se a realidade do ser individual que se , os limites naturais de humanidade que o caracterizam. Enquanto o Self a expresso da divindade interna no ser humano, nessa busca, a da individuao, deve apequenar-se at a postura do ego, tornando-se consciente da sua condio imensurvel da psique, sendo, simultaneamente, o seu contedo mais significativo e real. Isso exige um grande confronto em luta contnua com os constructu do inconsciente, eliminando, ou iluminando as pesadas condensaes da sombra, das experincias dolorosas umas, infelizes outras, abenoadas algumas e frustrantes diversas... Trata-se da conquista dos valores que se encontram programados para o vir-a-ser, e que podem ser logrados mediante o esforo de superao sobre o ego, por meio das renncias e compreenso do significado existencial. No se consegue essa meta a golpes aventureirescos, sob entusiasmos e exaltaes da persona, porm, mediante conquistas dirias, lentas e seguras, que vo sendo incorporadas ao consciente, na razo que liberta os traumas e conflitos do inconsciente. Essa individuao pode apresentar-se num contedo espiritual, artstico, cultural, cientfico, de qualquer natureza, porquanto a sua meta a ampliao da conscincia alm dos limites habituais em forma de compreenso da vida em todas as suas dimenses. Isso se d atravs das transformaes dos conceitos existenciais, conduzindo o indivduo superao dos arqutipos
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perturbadores persona, sombra, anima-us - em urna consciente integrao. Somente aceitando a vida - a realidade existencial - conforme , e trabalhando para que se apresente melhor, desenvolvendo o autoamor - respeito por si mesmo, autotransformao, intelectualizao e moralidade - a fim de poder entender e participar da convivencia com as demais pessoas. Essa integrao do Self com a realidade confere responsabilidade consciente ao indivduo que supera as injunes habituais dos percalos das enfermidades, das fugas psicolgicas, das transferncias da culpa, da criana maltratada, para lograr a maturidade psicolgica libertadora. Atravs do processo da evoluo, houve alienao em referncia aos instintos, por castrao, por imposies de falsa moral, de reproche ao mundo, o que tornou a conscincia distante da realidade, tornando-se necessrio agora como impositivo o retorno compreenso de todos os valores e conduta saudvel das ocorrncias do cotidiano. O desenvolvimento da inteligncia contribui de maneira objetiva para a conquista da individuao, mas no atravs do intelectualismo sem a cooperao da conceituao moral, do sentido tico-filosfico do comportamento. No conceito junguiano, a individuao plena e total no pode ser conseguida, por motivos bvios, em face da sua transcendncia conscincia, o que significa a momentnea impossibilidade de o Esprito alcanar os horizontes infinitos da perfeio, somente pertencente a Deus. Dentro desses limites que lhe dizem respeito, a plenitude significa um estado de iluminao e de paz, no de conquista absoluta, na relatividade do seu processo evolutivo. Cada indivduo portador da sua prpria programao existencial, trabalhado pelos recursos defluentes das conquistas alcanadas no carreiro das reencarnaes, no constituindo a
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etapa atual o ltimo passo, a situao definitiva, mas sendo, isto sim, um segmento do conjunto que abarcar, um dia, quando conseguir libertar-se do impositivo da evoluo. Todo o seu esforo deve ser direcionado em favor da superao dos impulsos dos instintos agressivos e de natureza egica, desenvolvendo os sentimentos de identificao com a harmonia e o bem-estar, com os labores da solidariedade que fomenta o progresso de todos, a autoiluminao. Desse modo, o Self especfico e individual, embora o seu carter coletivo, ainda no conceito junguiano, porque representa a unidade que deve ser conquistada como o destino que o aguarda. Nessa realizao individual, o Self reunir os contedos inconscientes aos conscientes, conseguindo uma harmonia que faculta a perfeita lucidez da destinao humana sem os atavismos perturbadores do passado nem as ambies desenfreadas em relao ao futuro. Esse trabalho possvel, na razo direta em que o mesmo vai penetrando nos depsitos do inconsciente e libertando as fixaes e imagens ancestrais, que respondem pela desorientao do indivduo sempre quando emergem, gerando conflito com a conscincia, com os valores ticos estabelecidos, com as necessidades que se impem. Quando se inicia a identificao desses contedos graves, normalmente surgem a angstia, a rejeio de si mesmo, a surpresa com os significados mrbidos e perversos, vulgares e destitudos de sentimento que se encontravam adormecidos, podendo produzir alguns transtornos neurticos... No entanto, perseverando-se no objetivo, passa-se a outro nvel do inconsciente, com diferentes contedos amenos e estimulantes. normal que isso tenha lugar, porque toda vez que se mergulha em guas acumuladas, chega-se at aos depsitos de lama, que aps vencidos permitem a transparncia cristalina do lquido armazenado.
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No esforo empreendido, vo-se dando as transformaes emocionais e os aspectos da sade sob os vrios ngulos considerada, constituindo grande motivo de prazer e de alegria, ante a perspectiva do encontro com o repouso, a paz, o Nirvana... Aps as primeiras experincias nirvnicas, a sede de progresso, de imortalidade, de sublimao retorna, e o trabalho interior prossegue, porque o respouso absoluto seria a negao da prpria vida, a perda de sentido psicolgico da evoluo. No foi por outra razo que Jesus enunciou que o reino dos Cus est dentro de cada indivduo, propondo a reflexo profunda e a autoconquista como meios para a libertao das aneriores aquisies alienantes e dos desejos do ego presunoso. O conceito, portanto, de individuao, de totalidade, abrange a conquista dos contedos possveis de conscientizao, que desaparecem nos significados psicolgicos elevados que cada qual estabelece como sua meta existencial. Esse tentame, naturalmente prope novos paradigmas de comportamento que surpreendem, porque o novo e desconhecido so sempre motivo de preocupao e de mal-entendimento. Tais paradigmas, no entanto, esto nsitos no ser, porque so uma viso nova de perspectivas de conduta e de aspirao de vida, interpretao diferenciada do aceito e comum, das circunstncias caticas que devem ser modificadas e do esforo pessoal em benefcio do equilbrio geral. Quando isso no ocorre, estabelece-se a neurose moderna como a que toma conta da sociedade atual. Esse tipo de transtorno neurtico expressa-se em forma de ansiedade, de insatisfao, de frustrao, de desconfiana e de solido, asfixiando os mais belos ideais da humanidade intelectualizada, tecnologicamente rica e profundamente infeliz em seu sentimento pessoal. Os efeitos imediatos so as depresses bipolares na rea da afetividade, a sndrome do pnico, as fugas hediondas pelo suicdio, pelo homicdio, as opes tormentosas pela violncia,
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pelo estupro, pelo esdrxulo e primitivo no comportamento para chamar a ateno, em face do desprezo que as suas vtimas sentem por si mesmas. Ante a impossibilidade de considerar a sua valorizao pelos significados nobres, assume as agressivas posturas que lhes atendem ao desconforto interior, tornando-se temveis, por saber que no so amadas, em carncia profunda e em estado de infncia abandonada... Desse modo, a busca da indivudao tambm a maneira psicolgica de encontrar-se o melhor meio para o bom relacionamento com o Si-mesmo, com o outro, com a sociedade. No se pode viver de maneira saudvel sem considerar-se a presena de outrem no contexto social, sendo, por sua vez, o outro daquele... Algo somente passa a ter existncia real na conscincia quando pela mesma detectado. Observar-se algo ou algum tambm ser observado por esse objeto ou pessoa em obervao. Inevitavelmente, nesse momento, d-se um relacionamento, um descobrimento do outro, a necessidade de intercmbio com ele, a sua convivncia, que constituem a forma de cada qual existir e ter valor no mundo. Por tal motivo, o isolamento, o distanciamento da sociedade sob a justificativa de encontrar Deus e melhor servi-lO, oculta uma alienao defluente de algum conflito forte em relao ao prximo, uma agarofobia que pode ter razo profunda na libido atormentada, na culpa maldisfarada. A fuga do mundo no impede que o indivduo se leve at onde for procurar esconder-se. No incio da divulgao da doutrina crist, especialmente no sculo III d.C. houve uma epidemia de eremitas, de pessoas que buscavam a solido, de processos autopunitivos ou de busca pela autoflagelao, caracterizando a morbidez da cultura e o alto ndice de tormentos que assolavam a tica e a sociedade que se comprazia no deboche e nos absurdos de conduta, fugindo
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para a libertao dos conflitos. Infelizmente, porm, tornaram-se mais exemplos de inutilidade e de egosmo do que de servio ao bem, s propostas de Jesus, que optou pela convivncia com os infelizes, a fim de ajud-los a libertar-se de si mesmos, das suas misrias, das suas dores. Convivendo com a ral, manteve a sua aristocracia espiritual, demonstrando o mais elevado nvel de individuao, do Self totalizado e em integrao perfeita com Deus, em nome de Quem viera para amar e ensinar a conquista da sade total e da felicidade s criaturas, constituindo-se o mais elevado exemplo de vitria sobre as circunstncias e ocorrncias de que se tem notcias. Seguir-Lhe o exemplo, reflexionar nas Suas palavras e, sobretudo nos Seus exemplos, a mais segura diretriz para encontrar-se a individuao. Mediante a conquista da individuao, a fisso da psique torna-se unidade.
(*) Questo n 1 de O Livro dos Espritos, de Allan Kardec, 2 9 . edio da FEB. (1) Todas as citaes nossas a respeito de O Livro dos Espritos, de Allan Kardec, esto presentes na 2 9 . edicao da FEB. (2) Plenitude, de nossa autoria espiritual. LEAL Editora. Notas da autora espiritual.
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BUSCA INTERIOR
Identificando
inconsciente
F e religio Pensamento e ao
mundo objetivo, a realidade das sensaes exercem um poderoso controle sobre a psique humana, em face das restries e condicionamentos defluentes dos seus significados. Encarcerado o Self nos condutos cerebrais pelos quais se expressa, na infncia registra ocorrncias que sero as matrizes do seu comportamento, dando lugar s manifestaes de equilbrio ou desarmonia que acompanharo o indivduo por toda a existncia. Em razo da anterioridade ao corpo, traz, tambm, armazenados no perisprito os contributos das vivncias passadas, que se manifestam desde cedo, como tendncias, aptides, anseios ou conflitos, inquietaes, impulsos autodestrutivos, de sublimao e complexos de comportamentos que iro tipificar o ser humano. Carregando, no entanto, nsita no cerne das estruturas energticas desse mesmo Self, a imago Dei, lentamente indu-lo s conquistas dos espaos, ampliao do entendimento de si mesmo e dos outros, sada dos contornos limitados da organizao cerebral, s percepes de outras realidades, incluindo as de
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natureza paranormal, que muitas vezes encontram-se fixadas na superconscincia, facultando a descoberta do mundo da energia com as suas variaes surpreendentes. Fenmenos incomuns, inabituais surgem na infncia, estados paroxsticos apresentam-se espontneos, alucinaes surpreendentes ocorrem, durante toda a existncia, chamando a ateno para a vida em outras dimenses. A fora, porm, incoercvel, da matria e dos seus implementos, os condicionamentos orgnicos e os mecanismos convencionais da educao e do conhecido, criam embaraos a essas manifestaes, produzindo recalques e castraes, quando no produzem os fenmenos do pavor e os conflitos psicolgicos que empurram para alienaes e desastres de conduta. Ocorre, porm, que a mediunidade uma faculdade orgnica inerente a todos os indivduos, conforme a definiu com segurana o mestre Allan Kardec, estabelecendo metodologias e disciplinas de educao e aprofundamento das suas expresses. A vida, em consequncia, rompe a barreira do mundo fsico e das suas manifestaes para expressar-se em toda a sua plenitude como de natureza energtica ou espiritual, constituindo a realidade pulsante de onde emerge a de formao material, por onde o Esprito transita muitas vezes, em perodos breves estabelecidos entre o bero e o tmulo. A psicologia analtica no pode negar-se a uma investigao honesta em torno do tema, considerando as prprias experincias paranormais de que foi objeto o eminente neurologista e psiquiatra Jung, conforme as suas prprias narraes e todos os tumultos em que esteve envolvido, atrado pelo invisvel e resistente ao seu apelo irrefrevel. Foi necessrio que uma enfermidade fizesse-o diminuir o controle sobre a conscincia, a prpria resistncia, a fim de, logo depois, escrever a sua Resposta a J, realizando a extraordinria
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faanha quase que de uma s vez, informando que se sentiu pegar o esprito pelo cangote (que) foi o modo pelo qual este livro nasceu. Outras marcantes experincias levaram-no a interessar-se pela fenomenologia medinica, sendo ele prprio instrumento constante para a sua ocorrncia, especialmente quando, na Inglaterra, passando fins de semana numa residncia assombrada no ano de 1920, confessou o estado de ansiedade que o dominava noite, quando ocorriam diversas manifestaes estranhas, rudos que se assemelhavam ao roar da seda e ao gotejamento. Entretanto, foi nessa ocasio que observou uma apario, distncia de cinqenta centmetros, sobre um travesseiro, que era a cabea de uma mulher, em constituio semisslida com um dos olhos semiaberto que nele se fixava. Ao trmino do fenmeno, que se prolongou por alguns minutos, ele acendeu uma vela e ficou o resto da noite sentado em uma poltrona meditando. Mas essa foi, somente, uma das muitas ocorrncias parapsquicas que lhe sucederam durante a existncia desde a infncia, devendo-se recordar que a sua genitora havia sido mdium, e que o seu av referia-se ao aparecimento da esposa desencarnada, que se sentava numa poltrona que mantinha no seu gabinete e lhe ditava alguns dos sermes. Ainda, segundo informaes de sua secretria Aniela Jaff, o grande pesquisador participou, conforme fizera antes com sua prima, no comeo da sua carreira, de experimentos com o extraordinrio investigar Schrenck-Notzing, tendo como mdium o famoso Rudi Schneider, que produzia fenmenos de materializao. Isso durante o ano de 1920. Mais tarde, em 1930, assistiu a outras experincias de materializao com o referido investigador e outros cientistas. Em decorrncia de muitas reflexes nesse campo, acentuou, oportunamente: Se, de um lado, nossas faculdades crticas duvidam de todo caso individual de aspecto esprita, somos, con201
tudo, incapazes de demonstrar um caso sequer da no-existncia de Espritos. Devemos, por esse motivo, limitar-nos, a esse respeito, a julgamento non liquet, ou seja, no est claro, a coisa oferece dvida, no est bem esclarecida, h necessidade de maiores informaes. Noutra oportunidade, escreveu: Embora eu nunca tenha feito qualquer notvel pesquisa original nesse campo (psquico), no hesito em declarar que observei uma quantidade suficiente de tais fenmenos (participando, ento, das surpreendentes pesquisas do baro Albert Schrenck-Notzing), que me convenceram inteiramente de sua realidade. No pde Jung dedicar-se a esse campo experimental porque a sua tarefa cientfica era outra, qual deu toda a existncia, abrindo horizontes quase infinitos para a psique, em favor da construo da psicologia analtica, muitas vezes combatida com vigor pelos adversrios gratuitos de todas as idias novas. O espao das pesquisas ficou em aberto para os seguidores e discpulos do valoroso mestre do estudo da realidade esmagadora, procedendo a pesquisas exaustivas, nele mesmo e nos seus pacientes, para mergulhar mais no contexto histrico e psicolgico da vida. A mediunidade, inerente a todos os seres humanos, em diferenciado grau de desenvolvimento, influi no comportamento do ser psicolgico, dando lugar a conflitos parapsquicos, muitas vezes interpretados como pertencentes realidade objetiva. O ser humano , desse modo, muito mais complexo do que a dualidade psique-corpo, mente-matria, nele se encontrando o Esprito imortal e o seu envoltrio perispiritual encarregado da modelagem das formas fsicas nas multifrias reencarnaes. Mediante a viso espiritual do ser, muitos conceitos junguianos encontram confirmao de alto significado, por estarem centrados na realidade subjetiva expressa por intermdio da vasta fenomenologia medinica e pela conjuntura de ser o indivduo
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possuidor de recursos no prprios, que se lhe associam mediante o intercmbio com outros seres desencarnados que o cercam e que fazem parte do seu comportamento psquico, emocional e fsico. A busca interior no se pode deter na periferia da realidade fsica, mas penetrar no cerne do ser e das suas faculdades, ampliando o elenco de realizaes com a viso do indivduo indimensional, o Self com os seus atributos divinos.
Identificando o inconsciente
A nossa abordagem a respeito do inconsciente, no presente item, refere-se ao coletivo e no ao individual, onde se encontram os mais antigos arqutipos e se sediam inmeras emoes, como o medo, a angstia, a ansiedade, a vida e a morte... Esse inconsciente encontra-se nas camadas mais profundas da psique, constituindo-se os arquivos mais significativos e duradouros de que se tm notcias. Abarcando o conhecimento geral dos acontecimentos do passado, responde por inmeros conflitos que assaltam a criatura humana, revelando-se, especialmente, nos sonhos repetitivos, simblicos e representativos de figuras ou fatos mitolgicos, cuja interpretao, alm de complexa, constitui um grande desafio. A psicologia analtica, atravs do seu fundador, nele deposita a existncia dos arqutipos, especialmente do Self animal us, ego, persona, psicide, sendo, realmente desconhecido, tendo tambm um carter de um constructu energtico no localizado, sendo, em ltimas palavras uma hiptese, pela imensa dificuldade de demonstr-lo de maneira concreta... O conceito do inconsciente, de alguma forma, nessa significao, muito antigo, do ponto de vista filosfico desde Plotino, passando por Plato, na antiguidade, e prosseguindo com Leibnitz, Goethe e outros pensadores de ontem como da atualidade.
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A sua observao no pode ser realizada de forma objetiva, mas somente penetrada nas suas estruturas, psiquicamente, quando se lhe detecta o essencial. No pode ser constatado, mas aceito por concluso, o que tambm no tem como ser negado. A sua concepo por Jung, foi resultado da lgica de que existindo uma conscincia, haveria, por efeito, um inconsciente qual satlite girando em torno de um foco central... ele o responsvel pelas imposies sobre a conscincia, comandando-a quase, assim dando lugar existncia dos arqutipos, que so as suas seguras manifestaes. Enquanto a conscincia apenas uma pequena parte da realidade, ele a quase totalidade na orientao do ser humano. Numa anlise moderna, tendo por alicerce os conceitos reencarnacionistas, pode-se afirmar que essas fixaes, que pertenceriam aos tempos passados, tambm resultam de experincias que foram vividas pelo Self, nas pocas e situaes, nos povos e culturas que tm arquivados e periodicamente expressa. Como o Self'tem sua realidade alm do tempo, mortal no corpo e imortal aps ou antes do corpo, ei-lo que preserva os acontecimentos em que esteve envolvido, mantendo uma camada de olvido em cada renascimento, no entanto, portadora de recursos libertadores das impresses mais fortes, que nele se apresentam como conflitos e perplexidades, distrbios de conduta, estados fbicos, mas tambm afetividade, idealismo, significao... Nos processos psicoteraputicos de regresso de memria a existncias passadas, por exemplo, ressumam desses arquivos as vivncias perturbadoras, os fatos causadores de traumas e de sofrimentos que, aps a catarse e o dilogo saudvel entre o paciente e o especialista, se diluem, libertando a conscincia do objeto de desequilbrio. O inverso tambm verdadeiro, porque o arquivo, em si mesmo, neutro. Existem grficos edificantes,
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realizaes enobrecedoras que ficaram interrompidas com a morte, anseios no realizados, porm, de vital importncia para o ser e sua realidade. Essas imagens primordiais, conforme as denominou Jung no comeo das suas investigaes, possuem grande fora de expresso, porque umas so lembranas doridas recalcadas e impedidas de manifestar-se, por atentatrias aos valores ticos aceitos, dando lugar a inquietaes e sofrimentos. Outras, por sua vez, so tambm imperiosas pelas propostas de dignificao e de aes que constroem o bem interior e ajudam no desenvolvimento da comunidade humana. Na abrangncia do conceito reencarnacionista e todo o seu contedo de lembranas arquivadas, mas no mortas, a existncia atual de cada indivduo sempre o somatrio daquelas vivncias que necessitam de liberao. No poucas reaparecem como tendncias e aptides guiando o Selfe o ego, que tambm lhes sofrem as influncias, conforme a natureza de cada fato que representam. Nos sonhos, e atravs da imaginao ativa, consegue-se encontrar os smbolos representativos que, em se tornando conscientes, liberam o indivduo da sua incidncia e da ao morbosa da representao onrica portadora de conflitos. Examine-se, por exemplo, a questo da homossexualidade, que tem razes em mltiplas vivncias do Self, ora num como noutro corpo anatomicamente masculino ou feminino, preservando as emoes de um como do outro equipamento. Por outro lado, a culpa, o pavor, a timidez, que tm razes prximas a partir da vida intrauterina - consciente individual - procedem, quase sempre, de atitudes indignas que foram praticadas em existncias transatas, passando ignoradas por todas as pessoas menos por seu autor, que os transferiu, na condio de conflito, de uma para outra existncia corporal.
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As tendncias para o bem, o bom, o belo, o santo, em pessoas de procedncia humlima, nascidas em situaes deplorveis, com ascendentes genticos perniciosos ou incapazes de produzir seres bem-equipados para a vida, apresentando gnios, heris e missionrios de diversos tipos, que se tornam promotores da humanidade pelos seus exemplos, sua dedicao ao ideal que esposam, seus sacrifcios homricos em clima de felicidade merecem reflexes mais profundas. A proposta da reencarnao torna-se, pelo menos, uma possibilidade a considerar, qual ocorre nos fenmenos da simpatia, da antipatia, em muitos casos de sincronicidade, de premonio, nos sonhos profticos... Tenham-se em mente os indivduos belicosos, que descendem de famlias pacficas, assim como os privilegiados pela capacidade de adquirir e multiplicar conhecimentos, habilidades, expresses de sabedoria e de arte, de tecnologia e de pensamento, com antecedentes em indivduos broncos, seno incapazes alguns e se verificaro evidncias de vida-antes-da-vida... Estudem-se em comparao sincrnica as vidas de Alexandre Magno, Jlio Csar e de Napoleo Bonaparte, e se encontrar o mesmo SELF ambicioso, conquistador, inquieto, modificando as estruturas geogrficas e histricas da Humanidade. Por outro lado, examinem-se as vidas de Hipcrates, de Paracelso e de Samuel Hahnemann, na luta sacrificial em favor da sade e se poder encontrar o SELF missionrio, trabalhando a cincia mdica, modernizando o conhecimento num processo progressista, com destino de abnegao e servio proporcionadores do equilbrio psicofsico e do bem-estar. Graas aos seus contributos as doenas passaram a merecer cuidados e providncias curativas, tornando a existncia mais apetecvel e menos sofrida. H um encadeamento intrmino em todos os fenmenos da Natureza, desde a formao das primeiras molculas, suas
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aglutinaes e complexidades at a transcendncia do ser, da vida, de todas as ocorrncias. A viso do caos como caos incorreta, em razo de nele haver algum tipo de ordem, de determinismo, de programao... O ser humano imanente e transcendente. medida que o seu superconsciente mantm as ainda no detectadas possibilidades de sintonia com o divino, registrando o psiquismo da vida, o inconsciente individual preserva as experincias da atual jornada, enquanto o coletivo arquiva as lembranas de todas as vivncias pretritas. Os exerccios de meditao, os treinamentos da yoga, as leituras edificantes com as consequentes fixaes e reflexes, a orao bem-direcionada e frequente constituem mecanismos seguros de penetrao no inconsciente, nele diluindo impresses infelizes, estimulando lembranas honorveis, enquanto se abrem as comportas do superconsciente para a captao das foras sublimes da Paternidade divina. Sem dvida, vive-se mais sob a ao dos fenmenos automticos, das imposies do inconsciente, em face da necessidade de liberao dos fatores de perturbao, que necessitam da catarse libertadora, a benefcio da lucidez e plenitude do Self, da aceitao da sombra, da harmonia do anima-us, rumando-se em direo da felicidade. Afirmava Sneca: O sofrimento faz mal, mas no um mal. A existncia do sofrimento radica-se nas aes inescrupulosas praticadas pelo Esprito, dando lugar culpa e, por consequncia, aos efeitos morais dela defluentes, nos atentados aos cdigos de harmonia que vigem no universo. Na impossibilidade de se evitar o mal, porque um efeito, por no se poder retroceder no tempo, a fim de impedir-lhe a causa, tem-se, pelo menos, o dever de utilizar-lhe a ocorrncia em proveito da aprendizagem pessoal, a fim de mudar-se o comportamento, de selecionar-se o melhor mtodo para a produo
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da harmonia e do bem-estar, portanto, da felicidade a que se aspira. Todos anelam e lutam pela conquista da felicidade, quase desconhecida pelo inconsciente, mesmo quando se impondo sofrimentos na expectativa das sensaes posteriores que representam alegria e serenidade. Nessa viso, a felicidade tem um aspecto masoquista que deve ser evitado, porque o prazer no pode estruturar-se, primeiro, no desconforto como propiciatrio quela. Em snscrito, existe a palavra sukha, tendo como significado um estado de harmonia, de nirvana, que liberta da ignorncia da verdade, abrindo espao para a sabedoria, para o entendimento das leis geradoras de equilbrio e de plenitude. Enquanto o inconsciente permanea ignorado pelo ego, que se atribua a capacidade de impr-se ao Self, na tormentosa ambio do poder e do prazer, sero liberadas impresses destrutivas, porque tormentosas, insustentveis. impositivo primordial para a sade a penetrao do ser consciente nos arquivos do inconsciente, equipado, no entanto, de entendimento e de valor moral, a fim de autoenfrentar-se, no se permitindo o surgimento de conflitos pelo descobrir-se como realmente se e no conforme se pensa ou se projeta para o mundo exterior. A psicologia esprita, utilizando-se do paradigma da imortalidade para explicar o ser real e todas as suas mazelas e grandezas, prope o esforo bem-direcionado pelo bem-fazer, pelo fazer-se bem, na utilizao do amor, da compaixo, da benevolncia em relao a todos e a si mesmo, que so recursos valiosos para a integrao do eixo ego-Self, a conquista de sukha. No se trata aqui de fazer o bem para ganhar o cu, ou de praticar-se a caridade para lograr-se a salvao. Cu e salvao encontram-se nsitos no ato de realizar o melhor em favor de si mesmo e do seu prximo, isto porque, a satisfao com que se
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administram valores de bondade, de ternura, distribuindo-se alegria e generosidade, j constitui a almejada felicidade. Feliz, portanto, todo aquele que reparte com prazer, multiplicando os talentos com que foi enriquecido pelo Senhor da Vida, despertando do letargo para voltar para casa, retornando do pas longnquo, mesmo que algo destroado, abrindo-se aceitao do amor do Pai, sempre generoso, e do irmo mais velho, que se encontra no inconsciente em forma de mgoas e reservas, desconfianas e insatisfaes em relao ao heri de volta. Desse modo, liberar o irmo mais velho do ressentimento e da insegurana que lhe so habituais em relao aos propsitos do outro filho de seu pai, que somente agora descobriu a ventura e est trabalhando para anular o passado - sublimar as lembranas do inconsciente - transferindo-o para a conscincia e avanando na direo do superconsciente, onde foram depositados os talentos que se esto multiplicando.
F e religio
O ser humano , na sua essncia, um animal religioso. A sua busca de religiosidade leva-o a vincular-se s diferentes correntes doutrinrias, procurando segurana e harmonia na trajetria fsica. As suas experincias de f religiosa concedem-lhe vigor e do-lhe coragem nas situaes difceis e ante os desafios. Pode-se afirmar que nesse indivduo a f quase de natureza gentica. H uma crena universal em Deus, no importando o nome que se Lhe d, a forma como se O compreenda. Atvicamente, o arqutipo divino que nele se expresse atravs do Self um fenmeno natural. A crena religiosa, no entanto, resultado de fatores educacionais, mesolgicos, familiares. Dessa forma, tm-se a crena natural e a religio que foi aprendida. Na infncia, no perodo ldico, as fantasias em geral tambm se alargam em torno da religio, dando-lhe colorido especial ou
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criando terror de acordo com o contedo de cada uma delas. medida que a razo e o discernimento substituem a ignorncia e a ingenuidade, os conflitos que surgem tambm entram em confronto com a conduta religiosa, especialmente se castradora, imposta, ou se tem o carter policialesco de vigiar todos os passos com ameaas de punio. A racionalidade que tomou conta dos primeiros pensadores do sculo XVII, abrindo campo para os enfrentamentos entre as cincias nascentes e as doutrinas religiosas dominantes, atingiu o seu apogeu no fim do XIX e, particularmente na primeira metade do XX, quando, aparentemente, o ser humano afirmou estar distante de Deus, presumivelmente apoiando-se no arrogante conceito de Nietzsche, a respeito da Sua morte ou dos muitos outros filsofos niilistas e materialistas, ou mesmo de eminentes cientistas. Apesar disso, quanto mais se realizavam avanos nas cincias e a tecnologia de ponta mais ampliava os horizontes da compreenso do mundo, curiosamente surgiu um paradoxo, facultando que inmeros cientistas comeassem a voltar a Deus e crena no Esprito, como nicas maneiras de entenderem o Cosmo e a vida em si mesma. Aps a proposta darwiniana a respeito da evoluo vegetal, animal e o surgimento do homem, mediante a seleo natural, facultando a negao dos conceitos criacionistas bblicos, que reinaram soberanos por vrios sculos, com o advento das modernssimas conquistas a respeito da decodificao do genoma humano, uma ponte foi lanada entre uma teoria e outra, demonstrando que se encontram verdades em ambas e facultando entendimento de como Deus criou a vida. J no blasfmia um cientista confessar a sua crena em Deus, assim como na sobrevivncia do Esprito disjuno molecular do corpo. As incontveis investigaes em torno da paranormalidade humana, realizadas nos sculos XIX e XX, por excelentes
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cientistas das diversas reas do conhecimento, tm oferecido material exuberante e incontestvel para confirmar que a morte no destri a vida e que o Esprito no sucumbe, quando desaparece o seu envoltrio material. A mediunidade, aps vencer os preconceitos e as supersties que a mistificavam, tornou-se objeto de estudos srios e consagrados por homens e mulheres dos mais diversos segmentos da cultura e da civilizao, que se renderam sua legtimidade como instrumento probante da imortalidade do Esprito. Cincias que se derivaram da Psicologia, como rea experimental, no caso, a Parapsicologia, mais tarde, a Psicotrnica, a Psicobiofsica, ofereceram campo vasto para os estudos srios em torno dessas questes, ensejando evidncias e fatos que no podem ser contestados e merecem todo o respeito, em face daqueles investigadores srios que se deram ao trabalho de pesquisar, de experimentar, de comparar... A ruptura com as colocaes extremistas de alguns cientistas em relao religio e aos fenmenos dela defluentes, j no mais existe com a mesma firmeza de antes. Neurocientistas e astrofsicos, matemticos e bilogos, psiclogos e psiquiatras, assim como outros profissionais dos diferentes ramos do conhecimento cientfico tm defrontado a realidade transpessoal e adotado comportamento compatvel com a filosofia imortalista, como a mais avanada concluso das suas experincias nos campos de trabalho nos quais operam. Chegou o momento em que as questes metafsicas podem ser discutidas nos laboratrios sem nenhum pejo para os estudiosos, em tentativas de grande validade para descobrirem o que se encontra escondido alm das chamadas leis naturais, pelo menos aquelas que j esto detectadas. Nesse sentido, Jung foi um dos primeiros acadmicos a no valorizar em demasia o aspecto racionalista absoluto em torno
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Divaldo
Franco
t Joanna
de Angelis
do Universo, abrindo caminhos dantes no percorridos, para melhor entender-se a criatura humana em sua profundidade e a realidade na qual todos se encontram. O ser humano no pode fugir do seu arqutipo psicide, em razo do inconsciente coletivo, onde permanecem todos os constructos da sua existncia, naturalmente, tambm, as exuberantes expresses da f, no seu sentido mais amplo, da religio e de Deus... Esse extraordinrio inconsciente encontra-se fora do conhecido mundo consciente, sendo constitudo por um campo-primordial-de-espao-tempo. A Psicologia, desse modo, tem por meta entender os fenmenos pertinentes psique e s suas manifestaes, no estando vinculada a qualquer compromisso com os comportamentos religiosos, sem que, no entanto, deles deva abdicar, especialmente quando estudando os diversos distrbios que aturdem os seus pacientes, as suas alucinaes e delrios tambm de natureza espiritual... A f religiosa, quando saudvel, estruturada na filosofia da razo, que pode enfrentar a dvida em todas as pocas do pensamento, contribui de forma significativa para a sade mental e emocional do indivduo, dando-lhe sustentao nos momentos de debilidade e coragem nos instantes de desafio. * A f apresenta-se natural, sem subterfgio, em tudo que se acredita sem haver sido investigado, e ningum vive sem essa experincia psicolgica que se expressa como fidcia, aceitao automtica... Tambm resulta das lutas entre a razo e o sentimento, o fato e outras explicaes, passando pelo crivo da lgica, da observao, tornando-se racional, robusta. Graas f natural, desenvolvem-se as aptides humanas e os projetos desenhados para a existncia transformam-se em realidade, porquanto os estmulos e a fortaleza que dela se derivam, proporcionam os meios para o prosseguimento nos tentames at quando concludos.
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A f portadora de fora to excepcional, que muitas vezes o indivduo que tem um objetivo luta contra tudo que se lhe ope, vence os impedimentos com a certeza de que vivel o que deseja e que conseguir. a f que tem sustentado os investigadores de todos os matizes, os cientistas que trabalham com hipteses contrrias ao
aceito e permitido, conseguindo demonstrar a sua validade aps
esforos hercleos, assim confirmando que tm razo. Ningum pode atingir qualquer meta se no acredita na sua viabilidade, nessa possibilidade, mesmo que no a identifique conscientemente. A perseverana numa ao e a constncia em um trabalho so frutos da f em torno dos mesmos. A f religiosa, no entanto, sustenta-se na probabilidade de que sejam reais os postulados transpessoais, espirituais, nos quais se acredita. Felizmente, graas mediunidade, a f religiosa dispe hoje de um arsenal de fatos que superam e eliminam todas as negaes. Curiosamente, afirmava-se durante a vitria da filosofia existencialista, que era necessrio ver para crer, hoje totalmente ultrapassado o conceito em face das propostas da fsica quntica, que estabelecem a necessidade de antes crer para depois ver, mesmo porque nem tudo aquilo em que se cr nessa rea somente se encontra dentro de probabilidades e jamais ser visto... A f produz heris e santos, mrtires e pessoas de bem. Durante o holocausto judeu, suas vtimas que mantiveram a f de que sobreviveriam, de uma ou de outra forma conseguiram o objetivo. Aquelas que se afirmavam necessria a vida a fim de denunciarem toda a crueldade, experimentaram todos os horrores e ficaram lcidas para narrar ao mundo o poder da loucura, do extremismo, da soluo final, meta dos infelizes psicopatas que tomaram o poder na Alemanha... Quando se cr, todo o organismo atende aos impulsos da psique e responde de maneira eficaz, produzindo recursos propiciatrios sua realizao.
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Mais facilmente entra em tormento emocional, o indivduo em conflito pela dvida, atormentado pela insegurana, desconfiado de tudo e de todos. Mediante a f em Deus, sem exaltao e com harmonia, a sade emocional mais duradoura, e, quando, por alguma razo, experimenta transtorno, mais rapidamente retorna. Em muitas ocasies, a f demonstrada por cientistas e navegadores, como Cristvo Colombo, que acreditava na existncia de terras, caso viajasse na direo do oeste, saindo da Europa, conseguiu prov-lo, porque no inconsciente armazenavam-se os registros representativos de j haver estado naqueles lugares em existncia anterior... Quantas vezes, o pai da psicologia analtica em suas viagens de trem, partindo de Zurique (Sua) com destino Itlia, antes de chegar s cidades a serem visitadas, via-as, conhecia-as, constatando a veracidade posteriormente, embora nunca ali estivesse estado, pelo menos na existncia atual. Surpreendido por esses eventos, assim como pelo sonho-viso que tivera, a respeito da grande onda que destruiria praticamente a Europa, se tornou real por ocasio da lamentvel Grande Guerra que sacudiu todo o planeta, nunca se escusou a narrar tais ocorrncias... Esses fenmenos que transcendem a realidade psicolgica, esto vinculados ao ser paranormal, espiritual e imortal, estando, desse modo, alm das suas perspectivas, embora as possa penetrar. Mme. Curie, por sua vez, realizando as suas extraordinrias experincias com toneladas de pechblenda, tinha certeza, mantinha a f segura de que encontraria expresso mais rarefeita da matria, e insistindo, embora contra todas as opinies, com o esposo conseguiu detectar a radioatividade. Posteriormente, continuando nas pesquisas exaustivas com diversos tipos de pechblenda conseguiu detectar o polnio e o rdio... Mesmo na viuvez, manteve a f natural e racional em torno das imensas
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possibilidades que se lhe encontravam ao alcance e superou-se, conquistando o respeito internacional e o Prmio Nobel de Qumica, tornando-se a nica pessoa a receber duas vezes o referido Prmio em reas diferentes... A f sempre a sustentou, mesmo no perodo de dissabores e conflitos emocionais vividos aps a desencarnao do marido... Jesus afirmou com segurana e beleza: Se tiverdes f do tamanho de um gro de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acol, e ele h de passar; e nada vos ser impossvel. (Mateus: 17-20.) Certamente, no se referia montanha em si mesma, porm, aos graves problemas que se amontoam em torno da existncia, criando dificuldades e produzindo embaraos. A f, mesmo pequenina, pois que o gro de mostarda uma das sementes menores que existem, consegue o resultado que se almeja, em razo das foras que facultam e da inspirao que propiciam. A f, em qualquer forma que se apresente, estmulo de alto significado para uma existncia feliz e saudvel, portanto, para a contribuio eficaz para a individuao.
Pensamento e ao
Examinado sob o ponto de vista filosfico, o pensamento uma atividade psquica que responde pela ocorrncia dos fenmenos cognitivos, independendo da vontade e dos sentimentos. Ren Descartes afirmou: Eu sou uma coisa que pensa, dando ao pensamento um significado especfico, afirmando que a essncia do homem pensar. Atravs do pensamento cada ser humano eleva o seu estgio de evoluo, caracterizando-se pela nobreza das idias que formula ou pela vulgaridade em que se compraz.
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O processo de evoluo do pensamento fez-se lentamente atravs das multifrias experincias reencarnacionistas, desde quando surgiram as primeiras expresses arcaicas, passando pelas de natureza primitiva, mtica, egocntrica at alcanar o estgio racional, avanando no rumo da sublime conquista csmica(*). Desenvolvendo a capacidade de pensar, ultrapassando as barreiras dos instintos que limitam, o Esprito vem ampliando a percepo do psiquismo divino que nele existe, adquirindo essa peculiar capacidade, base para todas as realizaes existenciais. Essa faculdade inata que se desdobra mediante as experincias contnuas portadora de um poder para a ao, que a torna elemento vital no desenvolvimento do Esprito na sua incessante busca de felicidade. A medida que o ser humano encontrou desafios e dificuldades na vilegiatura orgnica, nos primrdios da evoluo, foi desenvolvendo a caixa craniana e aumentando o volume do crebro, graas ao surgimento dos neurnios necessrios s sinapses mais elevadas e s expresses que iriam caracterizar o pensamento. Surgindo por ampliao do instinto, considerando-se que esse uma forma primria de pensamento, as necessidades ambientais e a luta pela sobrevivncia estimularam o Esprito a liberar as funes que se encontravam em latncia, dando lugar ao surgimento das idias, ao desenvolvimento das faculdades psquicas. Fatores, portanto, mesolgicos e filogenticos responsabilizaram-se ao largo dos milhes de anos em construir os equipamentos ultradelicados para decodificar o pensamento, que de natureza transcendente e no de natureza eletroqumica do prprio crebro, conforme asseveram alguns respeitveis estudiosos. Emanao do Esprito, o instrumento hbil para o estabelecimento da razo, do discernimento, da conscincia que se desenvolve atravs de nveis especficos at fundir-se na identifi216
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cao csmica, conforme sucede com o prprio pensamento. Em cada etapa, o Esprito exercita em especial determinada faculdade, ora intelectiva, ora emocional, abrindo espao para as aptides culturais, artsticas, religiosas, sociais, polticas, que iro construir a sua plenitude. O pensamento, portanto, em face das conquistas adquiridas pelas experincias agiganta-se e transforma-se em fora criadora, que a conscincia de si orienta sob as diretrizes tico-morais, indispensveis canalizao das idias e aspiraes compatveis com o estgio do desenvolvimento de valores elevados. Foi, graas a esse esforo e direcionamento, que surgiram os conceitos filosficos, as inabordveis conquistas cientficas, as maravilhas da arte em todas as suas expresses, as sublimes realizaes espirituais e religiosas, o estabelecimento dos cdigos dos direitos e dos deveres do ser humano em relao a si mesmo, ao prximo, Natureza, vida... Esse incessante processo de crescimento experimentou, tambm, vrios embates, quando as opes do pensamento se mantiveram nas heranas do primarismo, principalmente na agressividade e na violncia, na pulso do poder e do prazer, nos caprichos infantis malsuportados, dando lugar ao crime, destruio, ao despautrio, crueldade no diluda no imo. Na atualidade, quando se alcanou o mximo do progresso cientfico e tecnolgico at ento jamais logrado, lamentavelmente permanecem ainda as expresses grosseiras e perversas do pensamento primitivo, que no evoluiu no direcionamento tico e moral, gerador dos sentimentos de paz e de compaixo, de bondade e de compreenso da finalidade existencial na Terra. Tudo, no ser humano, tem origem no pensamento, que logo se transforma em idia, desenhando as possibilidades de realizao, a fim de converter-se em ao. Como efeito, asseverase com severidade que o fato de pensar-se em determinada idia, que se fixa, j se est cometendo o ato. Em o Evangelho de Jesus,
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por exemplo, essa fora de expresso est definida no captulo 5 de Mateus, versculo 28, quando enuncia: Eu, porm, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiar, j em seu corao cometeu adultrio com ela. Certamente, quando se olha algo ou algum, logo surge a formulao da idia, do desejo, da necessidade, e, no caso em tpico, o pensamento desregrado, indisciplinado, acostumado ao imediatismo da libido, logo passa a experienciar a ao, desde o instante de emisso da onda mental. No mesmo contexto, o oposto tambm verdade, quando se fixa a ateno, e consequentemente o desejo mental em algo enobrecedor, j se inicia a vivncia do anelado. Essa fora do pensamento tambm responde pela conduta emocional, pelas heranas positivas ou negativas do indivduo, cabendo-lhe direcionar os seus anseios para as questes superiores da existncia, as que dignificam e promovem o sentimento e a prpria vida. nessa estrutura que o Self adquire resistncia para compreender e aceitar a sombra, conviver com o ego sem luta nem conflito. Quando vitimado por transtornos psicolgicos, o indivduo apresenta-se incapaz de fixar o pensamento na esperana e na expectativa de recuperao, normalmente, porque sempre cultivou as idias negativas, pessimistas e perturbadoras, s quais se acostumou, que justifica, informando no ter foras para corrigir o velho hbito e passar a contribuir em favor da psicoterapia libertadora. Em se esforando, no entanto, e desejando a conquista da sade fsica, emocional ou de algum transtorno mais profundo, desde que no estando afetado na funo do pensamento, poder fixar a mente nas perspectivas saudveis do refazimento, auxiliando os neuropeptdeos na produo das substncias especiais para o reequilbrio.
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Nesse campo, inscrevem-se as terapias placebo de excelente resultado em muitos processos psicoteraputicos, mesmo objetivando enfermidades orgnicas. Por outro lado, as experincias nocebo tambm resultam em agravamento dos quadros enfermios, levando os pacientes a situaes lamentveis. Ambas as ocorrncias, portanto, em face da fora do pensamento, que se fixa numa como noutra, de onde se originam os resultados positivos ou prejudiciais ao organismo fsico, emocional e psquico. Por motivos bvios, somente o ser humano pensa, capaz de compreender abstraes, de conceber e antever o que lhe ocorre nos painis da mente, e que pode materializar posteriormente atravs do empenho e da dedicao na construo das idias. Mediante o pensamento bem-ordenado, todo o constructo do ser humano avana pelas vias formosas da sade e da edificao interior, alcanando o elevado patamar da individuao.
(*) Vide o livro Autodescobrimento, de nossa autoria, captulo 2 - Equipamentos existenciais. Editado pela LEAL. Nota da autora espiritual.
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A VIDA E A M O R T E
organizao fisiolgica de um ser humano uma das mais grandiosas peas da engenharia gentica jamais antes ou depois elaborada... Constituda por um sistema cirulatrio que varia entre 150.000 a 190.000 quilmetros de artrias, veias e vasos em um circuito excelente e nico, pelo qual viaja o sangue que nutre todas as clulas, num total de cem trilhes, renovando-se continuamente, com exceo dos neurnios cerebrais, segundo alguns neurocientistas, enquanto outros informam que algumas ilhas se repetem quando os mesmos morrem, para que a vida possa pulsar no grandioso mecanismo. Todo esse equipamento depende do oxignio que lhe vital e que transforma o sangue venoso em arterial, eliminando as perigosas toxinas que produz pelo aparelho escretor, mantendo um equilbrio invejvel. A bomba cardaca, que lhe fundamental, comea a pulsar a partir do vigsimo dia da fecundao, quando automaticamente disparado um choque eltrico, e no cessa de realizar a funo incomum da sstole e da distole, de modo que o sangue chegue ao crebro e dele aos ps atravessando esse extraordinrio sistema circulatrio, que autopreservador. Se, por acaso, uma
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picada de alfinete lhe destri milhares de capilares, logo outros lhes tomam o lugar, em um mecanismo insupervel de ordem e de ao, e, quando h um corte maior, de imediato, atirada sobre o mesmo uma delicada camada de fibrina, para realizar o tampo que lhe impede a morte pela hemorragia, que seria contnua, com exceo nos hemoflicos, cujo processo mais delicado e mais complexo... Os sistemas nervosos de sustentao e equilbrio so de uma complexidade incomum, emitindo vibraes e mensagens que se responsabilizam pela harmonia de toda a maquinaria, na execuo da sua programtica. As glndulas endcrinas, especializadas, funcionam dentro de um ritmo que transcende a capacidade total do entendimento humano, contribuindo com os hormnios responsveis pela estabilidade de todos os equipamentos fsicos, emocionais e psquicos... Essa aparelhagem sem similar ativada por sistemas especiais emissores de energias que procedem da mente, circulando em todo o organismo, mente que, por sua vez, instrumento de manifestao do Esprito, quer consciente ou no da sua existncia e significado. Resistente a diferentes altitudes e golpes de vria ordem, , no entanto, frgil, pois que pode ser vitimada por bactrias e vrus que mantm sob controle, quando o sistema imunolgico, por alguma razo deixa de funcionar como seria desejvel... que todo o comando se encontra no Esprito que a vitaliza e conduz, contribuindo para o seu xito ou sua desorganizao, embora nem sempre esteja consciente da alta magnitude do investimento de que se encontra possudo, a fim de alcanar as estrelas, saindo, por definitivo, da treva da ignorncia para a glria da imortalidade... Essa mquina extraordinria que a nenhuma outra se compara foi, no entanto, trabalhada pelas Divinas Leis ao longo
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de dois bilhes de anos, aproximadamente desde a formao das primeiras molculas de acar, na intimidade das guas ocenicas abissais, chegando atualidade com equipamentos eltricos e eletrnicos dos mais sofisticados, de forma que atravs dela o Esprito pode desenvolver o seu deus interno, cantando as glrias de Deus... Nesses incomparveis equipamentos encontram-se os mecanismos que expressam a inteligncia, o sentimento, as tendncias de toda natureza, graas ao perisprito que os modela, obedecendo s exigncias da Lei de Causa e Efeito, no desempenho da tarefa para a qual foi elaborado pela Divindade, na sua condio de envoltrio sutil da alma ou Esprito. A bno, portanto, de um corpo, para o crescimento espiritual, por mais limitado e destroado que seja, de no apreciado valor, porquanto reflete as necessidades do seu agente espiritual, sempre responsvel pela maneira como se condensa no mundo das formas. Respeit-lo com imenso carinho, oferecendo-lhe os contributos prprios para que sejam alcanadas as finalidades s quais se destina, o dever inteligente do viandante na romagem terrena. Resguard-lo das agresses internas, que procedem dos atavismos nsitos nele prprio, defluentes da sua conduta passada, conscincia de dever para com o invlucro material de que necessita para crescer e reparar, conquistar o infinito e avanar na busca da individuao. Quando o Self se encontra consciente dos seus atributos, melhor trabalha para a harmonia que lhe necessria, a fim de desempenhar as funes de mortalidade e de imortalidade que lhe dizem respeito, superando os impositivos da sombra, que evoca os caminhos dbios que foram transitados e necessitam da contribuio do entendimento para que haja plena harmonia.
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Desse modo, o corpo deve ser considerado um santurio sublime que a vida concede ao Esprito, a fim de que permita o desabrochar dos valores adormecidos, qual ocorre com o solo generoso que acolhe a semente, a fim de que alcance a meta que jaz no seu imo. De maneira idntica, necessrio atender essa semente inteligente resguardando-a das pragas e perigos mesolgicos que podem atentar contra a sua sobrevivncia e desenvolvimento vital. Assim considerando, os maiores perigos jazem internamente, so as imperfeies morais remanescentes do primarismo, que teimam em manter encarcerado o ser real, fazendo-o repetir as faanhas infelizes que o tornaram desditoso. O esforo pelo autoconhecimento, pela autoidentificao no tocante s possibilidades que lhe dizem respeito compromisso inadivel para todas as criaturas que despertam em conscincia lcida para atingir a meta da existncia, que o estado sukha. Normalmente, em mecanismos de transferncia ou de fuga da responsabilidade, pensam alguns indivduos que os seus inimigos encontram-se fora, programando ataques, estabelecendo estratgias de agresso e de destruio, sem dar-se conta de que esses jamais alcanam o seu objetivo se encontram a lucidez daquele de quem no gostam e a preservao dos seus valores morais em clima de harmonia. Desse modo, os adversrios de fora, muito decantados, mal algum podem fazer, quando se est consciente de si mesmo e disposto a galgar nveis mais elevados na escala da evoluo que no cessa. Por isso mesmo, qualquer ocorrncia perniciosa que afete esse gigantesco instrumento da evoluo, representa um dano de consequncias graves, impondo refazimento atravs do renascimento corporal, em equipamento desorganizado pela sandice que o indivduo se permitiu.
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A viso religiosa castradora do passado via no corpo um adversrio em face dos seus impulsos e necessidades, passando a puni-lo de maneira covarde e a aplicar-lhe cilcios, a fim de diminuir-lhe a vontade, em falsas tentativas de libert-lo das tentaes, preferindo a ignorncia que lhe vedava o entendimento para compreender que os desejos infrenes, os apelos carnais so reflexos do estgio do Esprito que se reflete na matria e no ao contrrio. O amor, portanto, para com o doce e calmo jumentinho, conforme o denominava o santo de Assis, em reconhec-lo como o animal em que montava, a proposta mais bela e rica de contribuies para a sua preservao e harmonia.
A vida harmnica
Genericamente, alguns bilogos definem a vida como o fenmeno que anima a matria. A referncia vida humana, que abrange o perodo da fecundao at o da desencarnao, mediante o qual o Esprito toma a matria e a abandona, caracterizado pela presena da energia pensante. A vida encontra-se estuante em toda parte, seja no campo da estrutura molecular como naquele que se expressa em outra dimenso - a de natureza espiritual. A vida humana, entretanto, a transitria existncia corporal, atravs da qual se processam os mecanismos da evoluo fsica, psquica, emocional e espiritual, seguindo a fatalidade da perfeio relativa que a todos se encontra destinada. A morte, no ser humano, por sua vez, a cessao dos fenmenos orgnicos, a degenerao do tronco enceflico, abrindo espao desencarnao, que constitui a liberao total do Esprito em relao estrutura material. Por isso, nem sempre morrer desencarnar, considerando-se que constitui um expressivo nmero, o daqueles que se mantm apegados aos
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despojos materiais, aps a ocorrncia da morte, na v expectativa de traz-los de volta vitalidade. Vivenciando uma existncia sensualista, assinalada pelo egosmo e pelas suas expresses mais vis, o acontecimento que produz a morte orgnica de forma alguma libera o princpio inteligente da vestidura que lhe facultou o gozo e as sensaes exorbitantes. Fixado nos equipamentos de que se utilizou, o fenmeno mortis no proporciona de imediato a identificao da mudana de plano vibratrio em que se encontra, em razo da continuidade das percepes orgnicas, apresentando-se como impresses vigorosas que transmitem a idia de que nada se modificou. Lentamente, porm, medida que ocorre a transformao e a desintegrao dos despojos, o ser real assaltado pelo pavor e aturde-se na ignorncia em que se manteve de referncia realidade alm do campo sensorial. Essa perturbao prolonga-se por tempo indeterminado, variando de um para outro indivduo, conforme o nvel de conscincia que lhe prprio. O Self em reestruturao aps o desenlace dos complexos equipamentos celulares, das combinaes qumicas eletroeletrnicas do crebro, prossegue dominado pelo imperativo do ego que o manteve encarcerado na sombra das paixes servis, dando-lhe a falsa idia de que tudo prossegue em regime de similitude, embora o sucesso que teve lugar... De outra maneira, quando se viveu dentro dos padres ticos estabelecidos, mantendo-se respeito pela existncia, utilizando-se da roupagem carnal de maneira sbria, edificante e construtiva, experiencia-se, desde cedo, um natural desapego pela mesma, como consequncia da viso espiritualista que se possui da vida. Tendo-se em mente que tudo transitrio no mundo fsico, e que o corpo somente um instrumento para a evoluo, ama-se a organizao material, consciente, porm, da sua relatividade, da sua destrutibilidade pela morte.
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Os fenmenos biolgicos so recursos preciosos para que o Esprito adquira a conscincia de Si-mesmo, ampliando a sua capacidade de entendimento intelecto-moral das coisas e da realidade em que se encontra. Tendo como objetivos imediatos a sade e o bem-estar, opera em todas as circunstncias de maneira a evitar comprometimento desequilibrante, dando-se conta de que a sua felicidade est vinculada aos fatores ambientais e humanos, que tambm devem participar do mesmo empreendimento ditoso. Para que o tentame seja alcanado, o S l f identifica os alvos estabelecidos, empenhando-se no esforo pela harmonizao dos arqutipos perturbadores e desenvolvimento das faculdades que se lhe encontram em germe, em estado de adormecimento. Tratase do empenho pelo autodescobrimento, pela autoiluminao, pela superao das heranas ancestrais geradoras de inquietao e sofrimento. Como o sofrimento se encontra presente em todas as fases do desenvolvimento do ser, por tratar-se de um fenmeno natural, ora por desgaste biolgico, ora por ocasionar o sofrimento do sofrimento, vezes outras por impermanencia, impe-se a atitude estoica de aceit-lo jovialmente como processo de percurso inevitvel, do qual resultam inmeras conquistas, quais o amadurecimento psicolgico, a viso da solidariedade em relao aos seres sencientes - vegetais, animais e humanos - em cujo grupo se encontra. A conscincia dessa transitoriedade da matria proporciona ao Self a eleio dos cometimentos edificantes, aqueles que no geram culpa nem arrependimento, proporcionando a vida harmnica em ideal identificao com tudo e com todos. Trata-se, sem dvida, de um grande esforo a ser desenvolvido. No entanto, a prola que reflete a luz das estrelas arrancada dos abismos em que se desenvolve no molusco que a retm como mecanismo de autodefesa, ou como a esttua de
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rara beleza que estava oculta na pedra grosseira ou no metal sujo e informe... A existncia humana um desafio gigantesco no processo ontolgico da evoluo. Por mais se queira, ningum capaz de evitar os impositivos em que se expressa. Por isso mesmo, o pensamento tico estabeleceu diretrizes de segurana para que sejam logrados os objetivos da sade e da tranquilidade, do bem-estar e da alegria de viver. Aprofundando a sonda na complexidade do ser humano, a psicologia analtica oferece valiosos recursos para a autoidentificao, para a descoberta dos limites e das possibilidades inimaginadas, para a construo da plenitude, libertando o paciente de todo grilho retentivo na ignorncia, na enfermidade, nos transtornos de comportamento... Quando o indivduo puder olhar-se com serenidade, sem culpa nascida no passado, sem saudades dele ou ansiedades pelo futuro, na expectativa do vir-a-ser, nada obstante os conflitos que lhe permaneam, ter conseguido avanar decisivamente no rumo da autorrealizao, portanto, de uma vida harmnica. Essa conquista no impede a luta contnua, porque a evoluo no tem limite, e quanto mais se adquire conhecimento mais se ampliam os horizontes do saber e as indagaes em torno do existir, do Cosmo, da vida em si mesma. Para o xito desse cometimento, a autoterapia do amor e do sentimento de dever contribui para o prosseguimento do esforo de crescimento interior, de realizao enobrecida, de harmonia, desaguando no estado numinoso. O ser numinoso exala equilbrio, segurana, autoconquista. Transforma-se em um polo de atrao que beneficia todos aqueles que se lhe acercam, porque a sua exteriorizao benfica e enriquecedora. De igual maneira, o indivduo voluptuoso, vulgar, insensato, mesmo que se apresentando bem-vestido e com a persona
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bem trabalhada, cuidadosamente maquilada para a vida social, exterioriza o bafio pestilencial do seu estado interior. Basta uma aproximao, um contato, para que se sinta o perigo do contgio da sua condio moral e espiritual. Logo ocorre uma falta de empatia entre aquele que saudvel e o enfermo, produzindo fenmenos psicolgicos de antipatia e distanciamento. Cada qual aquilo que cultiva interiormente, suas aspiraes e pensamentos, seus cuidados ou desastres emocionais, no podendo ocult-los de tal forma que psiquicamente os mesmos no se manifestem. Nesse captulo, pode-se inferir que as existncias pregressas impuseram o seu selo representativo da conduta que cada qual se permitiu. comum ouvir-se dizer que os discpulos de determinados mestres iogues asserenam-se junto deles, sem necessidade de qualquer verbalizao... O mesmo ocorre com muitos pacientes quando chegam os seus mdicos, enfermeiros ou assistentes, sendo generalizada a ocorrncia em relao s pessoas portadoras de sentimentos elevados que produzem alegria e geram harmonia a sua volta. De igual maneira, aqueles que so temperamentos rebeldes, instveis, comportamentos doentios, sentimentos avaros e mesquinhos, turbulentos e perversos, fazem-se identificar facilmente, mesmo que o no queiram, sem qualquer manifestao exterior. O ser psquico-moral o verdadeiro indivduo. A nobre tarefa da psicoterapia trabalhar esse Self que centraliza todas as atenes e cuidados, nele descobrindo os registros das aflies defluentes das experincias malogradas, dos comprometimentos desastrosos, do que poderia haver realizado de meritrio e ficou na expectativa... Onde se encontre o enfermo psicolgico ou fsico, ou mental, a est a totalidade dos seus atos em reencarnaes an229
teriores agora refletidos na conduta angustiosa ou aflitiva que o aturde. Imprescindvel trabalhar-lhe o inconsciente coletivo, buscando os arqutipos portadores de desintegrao e sofrimento que nele ressumam com frequncia. Os primeiros passos para a conquista da vida harmoniosa, so aqueles que liberam o despertar da conscincia de si, ao lado da responsabilidade assumida em favor das mudanas que se fazem necessrias na ementa existencial. Desmascarar a ignorncia e diluir a sombra onde quer que se refugiem, constituem o segundo passo de lucidez para alcanar-se o objetivo anelado. Assumindo facetas desculpistas, ensejando processos de transferncia de responsabilidade, o ego engenhoso e insubordinado procura sempre manter-se no comando, disfarando a aparncia e mantendo os contedos doentios. Outras terapias, denominadas alternativas, tambm so muito teis para a conquista dessa vida harmnica sempre buscada. Desde os procedimentos de cromoterapia, como os de massoterapia, os de meditao e ioga para atingir o mocsa, os de fluidoterapia especialmente atravs dos passes e outros tantos valiosos recursos disposio dos interessados, o importante alcanar a individuao, a sukha... Muitos outros indivduos, entretanto, preferem ficar vitimados pela sndrome do mundo cruel, conforme a denominam os socilogos, em face da alta carga de informaes negativas, de desastres e infortnios de que so vtimas, informando a impossibilidade de as superar ou pelo menos digeri-las mentalmente. Sem dvida, um disfarce para evitar assumir a responsabilidade pelo que est ocorrendo no mundo, porquanto, ao lado das misrias e vicissitudes, tambm se encontram os exemplos de dignificao e sacrifcio de verdadeiras multides que permanecem no anonimato ou se tornam conhecidas, sem darem
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importncia ao lado infeccioso da sociedade, que se apresenta em forma de doena pandmica e constante. A predominncia dos bons e dos portadores de sentimentos elevados proporciona vida uma paisagem de esperana e de significao, qual um amanhecer de bonana aps a violncia da tormenta. A aquisio, portanto, de uma vida harmnica, est na dependncia da eleio que cada um faz em torno dos objetivos existenciais, sendo factvel anel-la e trabalhar por conquist-la. ... E o filho prdigo voltou para os braos paternos...
Equipamentos psicolgicos para o ser
Na extraordinria faanha da existncia humana, a conquista de sentido e de significado de relevante magnitude, pois que, do contrrio, no se vive, apenas se vegeta, conforme conceituao de um brocardo popular. A constituio do Self como energia pensante, na condio de princpio inteligente do universo, conforme definido o Esprito pelos Benfeitores da Humanidade, impe por princpio e legitimidade todo um arsenal de equipamentos psicolgicos para o desempenho da tarefa que deve executar - a autoiluminao. Procedente do Psiquismo Divino, possui, em germe, todas as potencialidades provenientes da sua causalidade, sendo-lhe necessrio o despertar das mesmas e o desenvolv-las ao largo das experincias sucessivas. Em decorrncia, o ser psicolgico que , impe-se como de fundamental relevncia em todo o processo evolutivo, sendolhe necessrios recursos psquicos propiciatrios para o alcance dos seus objetivos. Sediando as aspiraes no superconsciente e conservando as realizaes no inconsciente coletivo, o seu envoltrio perispiritual o reservatrio onde se encontram todos os valores
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amealhados, dignificantes ou inquietadores, e que ressumam com frequncia, de acordo com as emoes, as ocorrncias' que fazem parte do processo de evoluo, auxiliando-o na ascenso ou induzindo-o ao sofrimento. Como consequncia, as suas so necessidades de ordem tica, esttica, transpessoal, como recursos de manuteno do equilbrio e de impulsos para o avano pela senda libertadora dos atavismos negativos que interferem no comportamento que opta pelo bem-estar. A alegria de viver, por exemplo, um dos mais valiosos equipamentos psicolgicos para o xito do empreendimento humano, porquanto, atravs desse sentimento, todas as experincias adquirem significao, selecionando aquelas que promovem com a superao tranquila em referncia s portadoras de angstia e de aflio. Para que haja alegria de viver, no entanto, impem-se condies emocionais especficas, tais sejam: os procedimentos mentais saudveis, nos quais o pensamento e a imaginao ativa exercitam-se trabalhando as aspiraes da ordem e do dever, da ao nobre e da solidariedade, do progresso e da abnegao, mantendo o clima superior propiciatrio ao entusiasmo, sem as defeces ocasionadas pelos conflitos; a reflexo antes de qualquer atitude, a fim de evitar a culpa que transtorna, elegendo as condutas que proporcionam jbilo interior; as atividades representativas da caridade, da compaixo; a autoanlise frequente, de modo a identificar os erros e reabilitar-se deles, os acertos e seus prosseguimentos... Isto porque, segundo a opinio do eminente Jung: ...dentro da alma, desde suas origens primordiais, tm havido um desejo de luz e uma nsia incontida para debelar as sombras primordiais... a noite psquica primordial... hoje a mesma que a de incontveis milhes de anos passados. O anseio pela luz o anseio pela conscincia. A busca dessa conscincia profunda transforma-se em meta que conduz plenitude psicolgica, quando o sofrimento
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no encontra lugar para instalar-se, ou quando ali presente, ser superado. Embora o sofrimento permanea no mundo e nas criaturas como uma fatalidade do seu processo de evoluo, mediante os equipamentos psicolgicos da busca da luz, torna-se factvel dilu-lo na claridade do amor inefvel. O sonho alquimista era a transmudao dos metais comuns em ouro de alto valor, que no foi conseguido. Nada obstante, psicologicamente, possvel essa alquimia no ser, ao transformar a sombra em luz e os conflitos com as suas marcas de perturbao no ouro da harmonia. Para tal cometimento, os recursos a serem utilizados so internos e fazem parte da construo da conscincia, pois que, somente por seu intermdio, possvel a conquista da sabedoria, ao discernir entre o que necessrio e intil na existncia, de real ou de aparente valor... Enquanto isso, a luta interior em relao ao sofrimento prossegue contnua. Ainda conforme o pensamento junguiano, o oriental planeja vencer o sofrimento expulsando-o como se fora uma coisa, enquanto o ocidental pensa que conseguir libertar-se dele atravs dos medicamentos. Nenhum medicamento, porm, tem o poder de eliminar os sofrimentos que se derivam da conscincia de culpa, dos fenmenos psicolgicos da afetividade no correspondida, das ansiedades no concretizadas, do desejo do belo e da paz no conseguidos... O dinheiro, por exemplo, pode oferecer uma farta alimentao, jamais provocar o apetite; pode conseguir o conforto, nunca, porm, a paz de quem habita o lugar agradvel; a presena de pessoas, sem que lhe ofeream o amor... A morte de um ser querido interrompe os sorrisos e o poder do mundo no o pode trazer de volta, embora possa mover praticamente tudo e todos... Tais ocorrncias produzem sofrimentos, sem dvida, que no podem ser expulsos a golpes de insistncia mental nem
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socorridos com medicamentos de qualquer natureza. Tm de ser enfrentados pacientemente pela psique, atravs do estado autoconsciente do Self. natural que o sofrimento e a felicidade manifestemse lado a lado, em aparente oposio, que os equipamentos psicolgicos da compreenso podem fundir num estado de harmonia, quando se compreenda que atravs do primeiro se pode alcanar a segunda, bastando, para tanto, a compreenso das suas origens e da sua permanncia. Diluindo-se as marcas que procedem do inconsciente individual e do coletivo, anula-se a desdita e despertando a criana maltratada, que se encontra latente, consegue-se entender que possvel conciliar um com a outra, desde que transformando o primeiro em caminho que conduz plenitude. No havendo reproche, nem mgoa pelas ocorrncias desagradveis geradoras do sofrimento, no tm vigncia os mrbidos resduos psicolgicos, antes surgem perspectivas favorveis superao do mesmo, porque outros fatores tomam-lhe o lugar, como sejam: a paz de conscincia, o desejo para alcanar as metas programadas, os ideais abraados. Quando a mente est voltada para os significativos labores de elevao moral, social, espiritual, artstica ou de qualquer outro tipo, as expresses do sofrimento perdem a preponderancia na emoo e, naturalmente, deixam de influenciar o comportamento. Dessa forma, a melhor maneira de superar o sofrimento e conquistar a felicidade trabalhando-o, aceitando-o, ultrapassando-lhe os limites e as imposies. Em assim comportando-se, o sofrimento se transforma num dnamo gerador de energia que se desenvolve e produz recursos para a conquista da individuao. Como equipamento psicolgico, justo ainda insistir-se no relacionamento criatura-Criador, pensamento-orao,
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mente-esperana, que facultam a sintonia com as foras csmicas de onde procedem todas as coisas materiais, e em forma de energia vitaliza e acalma todos quantos se utilizam desse comportamento. Vivendo-se no mundo em que tudo energia sob diferentes aspectos de aglutinao de molculas, o pensamento tambm pode e deve engendrar mecanismo propiciatrio ao surgimento de foras psquicas que trabalham pelo bem-estar e superam as construes do sofrimento. Tudo, portanto, encontra-se dentro da pauta do querer corretamente, a fim de conseguir-se retamente. Pensando-se com equidade e justia, agindo-se com bondade e compaixo, vivendo-se com esperana e alegria, a iluminao d-se natural, ampliando a capacidade no Self para. gerar o estado numinoso permanente.
A fatalidade da morte
O fenmeno biolgico da morte faz parte do equivalente em relao ao nascimento: aglutinao de molculas que se renem e se desarticulam quando ocorre a anxia cerebral. Pode-se afirmar, no entanto, que o oposto de morte no vida, mas renascimento, como afirmou Buda, porquanto, sempre se est na vida, quer no corpo fsico, quer no corpo espiritual. Sendo o Self mortal e imortal na viso transcendente de Jung, ei-lo transferindo-se de vibrao, pelo fenmeno da morte, ou mergulhando no corpo atravs do impositivo da reencarnao. A morte , portanto, o trmino do fenmeno biolgico, encerramento de uma etapa orgnica, na qual todos os elementos constitutivos do corpo fsico se diluem e se transformam sob a ao poderosa da qumica presente em a Natureza...
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Desse modo, o significado psicolgico mais valioso da existncia corporal a conquista valiosa da imortalidade, na qual se est mergulhado, mas que se torna lcida e plena aps a desencarnao. Nesse perodo, aps a ocorrncia breve ou longa de obnubilao da conscincia, agora sem o envoltrio cerebral, o ser, lentamente, de acordo com as suas construes morais e mentais, retorna ao estgio de energia ou princpio inteligente, sem as intecorrncias do aprisionamento no casulo material. A jornada humana no corpo deve constituir a meta plena para o reencontro com a vida total. Portanto, todos os investimentos mentais, morais e psicolgicos necessitam voltar-se para essa realidade, tendo em vista a impermanencia do corpo fsico. Considerando-se a imortalidade como a grande meta, definitiva, cada instante da viagem corporal representa oportunidade valiosa de crescimento iluminativo, investimento psicolgico precioso para a conquista da sade integral, aquela que procede do interior para o exterior. Esse nascer e morrer na esfera fsica propicia ao Esprito a conquista da incomparvel plenitude, etapa a etapa, conforme responderam os Benfeitores espirituais a uma indagao de Allan Kardec, demonstrando que tudo evolve no Universo: ...assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o tomo primitivo at o arcanjo, que tambm comeou por ser tomo... (*) Desde os primrdios do Self, quando surge nas formas primrias, o seu despertamento ocorre atravs do encadeamento das experincias carnais, em sucessivos renascimentos corporais, permitindo que se agigantem a pouco e pouco as potencialidades nele adormecidas, que so inerentes Divindade da qual procede... No fosse dessa forma, a existncia corporal, em razo da sua brevidade, no teria o menor sentido de lgica ou de finalidade, quando se considera o tempo indimensional e o infinito,
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logo dissolvendo-se o pensamento no nada, no aniquilamento. A sobrevivncia do ser espiritual crucial para que a vida fsica tenha justificativa e sentido psicolgico. Que o digam aqueles que nasceram sob injunes coercitivas dos sofrimentos quase inconcebveis, sem lhes haver concedido direito comunicao, ao pensamento, razo... Muitos outros, atrelados s necessidades socioeconmicas, do incio s existncias nas palhas da misria e transitam nos meios escabrosos onde vivem sem a mnima claridade do amor, nem da solidariedade, misturando-se o crime com a adversidade... Incontveis seres que deliram na loucura sob maltratos inumanos, enquanto inmeros atoleimados perdem-se nos descaminhos do esquecimento humano... Ocorrncias cruis sucedem com indivduos portadores de inteligncia e de beleza, mas que pertencem a etnias e raas consideradas inferiores, sendo obrigados a sorver o amargo fel do preconceito e da perseguio inclementes. Sucessos e insucessos de toda ordem afetam as criaturas humanas, como se fossem frgeis marionetes ao capricho do absurdo, que se manifesta inesperadamente, a uns elevando ao xtase da felicidade e a outros, ao abismo da misria e do abandono. Gnios do pensamento e da arte, da cincia e da cultura, repentinamente so vtimas de fenmenos infelizes e vencidos por acidentes vasculares cerebrais, perdem o contato com o mundo de beleza a que se acostumaram ou que edificaram e no mais o podem fruir. Igualmente sucedem, a cada instante, a incontveis pessoas, outros tipos de acidentes automotores, choques e quedas, incndios e desabamentos nos quais os sentidos fsicos so danificados, quando no deixam sequelas profundas na psique, que se desconecta da realidade e foge para o olvido de si mesmo ou para os delrios sem sentido das alucinaes...
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Considerando-se que a presena do sofrimento em todos os segmentos da sociedade normal, qual seria, ento, o sentido da vida, alm disso? Nada obstante, o ser espiritual, vencedor de mil embates, em cada dolorosa vivncia aprimora-se mais, adquire mecanismos de defesa, robustece a confiana nos valores tico-morais, experiencia as gloriosas possibilidades que lhe dormem no ntimo. Herdeiro das prprias realizaes, o artfice da sade e da doena, da sabedoria e da ignorncia, responsvel pela sombra, pelo anima-us, pelo ego que se devem fundir num eixo equilibrado com o Self, que os precede e os sobrevive. O prosseguimento da inteligncia e do pensamento alm da esfera carnal, representa o mais extraordinrio sentido existencial, pelo abarcar de todas as expresses da emotividade e dos outros demais sentimentos. Tendo-se em mira esse significado, mais exequvel se torna viver, seja em qual situao ou circunstncia for, por saber-se que temporria e breve a jornada carnal, portadora de finalidade educativa, psicoteraputica, responsvel pelo engrandecimento do si-mesmo. Com esse equipamento, a certeza da imortalidade faculta que todos os fenmenos humanos adquiram lgica e possam ser compreendidos como edificantes, portadores de futuro bem-estar e de harmonia. Atvicamente, porm, o medo da morte e do aniquilamento permanece como um arqutipo terrvel e ameaador, herana do perodo da caverna, quando ocorria o fenmeno que no era interpretado pelo homem primitivo, que via o outro ser decompor-se, tresandar podrido e no mais voltar ao convvio... Sem a capacidade de discernir, o culto do sepultamento desenhou-se-lhe no Self, dando lugar s supersties compatveis com o nvel evolutivo e gerando no inconsciente profundo o horror da ocorrncia no compreendida.
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Apesar disso, foi na intimidade dessa mesma caverna que as almas aflitas ou no daqueles que sucumbiam ao fenmeno da morte, retornavam, apavorando ou aparentando poder, que proporcionaria ao pensamento mtico a concepo dos deuses, iniciando-se lentamente a compreenso da existncia post-mortem e dos gnios bons e maus, dos deuses nobres e viciosos... A longa jornada atinge, na atualidade, a concepo da Divindade fora dos padres convencionais em forma de objetivaes materiais, apresentando-se como a Causa Incausada, a inteligncia suprema e causa primria de todas as coisas... A morte, portanto, ao invs de temerria, o veculo que conduz o ser imortal ao seu destino, proporcionando-lhe, quando terminados os renascimentos carnais, a total conquista do Self, do numinoso, da individuao, da felicidade plena e sem jaa. Por fim, como escreveu Jung estudando e observando idosos na quadra terminal: ...a psique inconscientefaz pouqussimo caso da morte. Prosseguindo, ainda, no tema, elucidou: necessrio, pois, que a morte seja alguma coisa relativamente no essencial... A essncia da psique estende-se na obscuridade muito alm das nossas categorias intelectuais. O encontro com a verdade liberta o ser da ignorncia e integra-o totalmente na vida. Desse modo a busca da verdade no deve cessar, pois a cada instante ei-la que se apresenta grandiosa e deslumbrante. Onde est, morte, a tua vitria? Onde est, morte, o teu aguilho? ( Paulo aos Corntios 1:15-55)
(*) Questo 540 de O Livro dos Espritos, de Allan Kardec. 2 9 edio da FEB. Nota da autora espiritual.
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