UCM Habilidades de Vida PDF
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1. Introdução ............................................................................................................................... 6
2. Objectivo Geral....................................................................................................................... 7
Conclusão ................................................................................................................................. 17
Segundo indica o relatório da ONUSIDA de Novembro de 2004, a cada dia que passa,
o rosto do SIDA vai assumindo uma cara cada vez mais feminina e mais jovem. Os dados
apresentados neste relatório mostram-nos assim que quase metade dos 37,2 milhões de
adultos e jovens no mundo, infectados com HIV/SIDA, são mulheres; que a África
Subsaariana tem aproximadamente 25,4% de infectados, e quase 64% do total de portadores
do mundo. Em Moçambique, tal como em outros países da região Austral de África, o
crescimento dos níveis de infecção por HIV e por outras doenças de transmissão sexual tem
constituído motivo de preocupação por parte dos legisladores e das organizações da
“sociedade civil”. As taxas de prevalência de HIV em Moçambique mostraram uma tendência
de crescimento de 12% em 1998, para 14% em 2002. Na base destes dados estima-se ainda
que em 2002 tenha havido cerca de 1,2 milhões de pessoas infectadas no país. Uma análise
comparativa entre as taxas de prevalência da doença entre os anos 2000 e 2002, na base da
informação recentemente publicada. Portanto, o presente trabalho visa arrolar em torno da
Feminização do HIV/SIDA em Moçambique.
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2. Objectivo Geral
Arrolar em torno da feminização do HIV/Sida em Moçambique.
3. Metodologia do Trabalho
Para a elaboração do presente trabalho, recorreu-se a um método de cunho
bibliográfico, em que o mesmo trabalho foi realizado com base em pesquisa bibliográfica que
compreende (manuais ligados ao tema, artigos e sites da internet) sobre a feminização do
HIV/SIDA em Moçambique.
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4. Feminização do SIDA em Moçambique
Na perspectiva feminista, entendida teoricamente como o conjunto conceptual e de
construções teóricos que permitem observar as premissas da realidade para explicar a
discriminação e a subalternidade das mulheres, é a que se tem adoptado como pano de fundo
na nossa pesquisa. Mais concretamente, subscrevemos a corrente do feminismo construtivo,
quer dizer, o princípio de igualdade reserva-se para os direitos, e o da diferença para marcar
as diferenças entre homens e mulheres no acesso a estes direitos. Também quer dizer que a
própria perspectiva dos direitos humanos, incluída em qualquer corrente do feminismo, é
reconstruída, uma vez que agora o conceito de igualdade se desvincula da visão androcêntrica,
que toma o homem como modelo universal desta igualdade. Incorpora-se a esta perspectiva o
quadro analítico das relações de poder, constitutivas de qualquer relação social, que nos
explicam que a subordinação das mulheres deriva do modelo androcrático e patriarcal
sustentado no poder masculino, e organizado na acção social a partir da esfera privada onde
predomina o poder do patriarca, até ao espaço público, onde, por extensão, o poder é
adjudicado a qualquer homem, pelo facto de o ser. Por outras palavras, será a teoria do poder
que nos permitirá identificar os mecanismos sociais através dos quais tem lugar a
desigualdade entre homens e mulheres, cujo resultado é a subalternidade das mulheres,
superando a dicotomia pública e privado.
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com o de patriarcado, com o intuito de remarcar alternativas de reconstrução para uma
“sociedade solidária”.
É assim que, salvo raras excepções, se considera que a pressão dos amigos (as), e a
dos namorados para as raparigas, estão na linha das principais motivações que levam os (as)
jovens a iniciar a sua vida sexual. Pelo contrário, os poucos jovens que sofrem alguma
influência da família neste assunto são estimulados a retardar o início da vida sexual ou, no
caso das raparigas, a manterem a virgindade até ao casamento. No caso das zonas rurais, foi
no entanto observado, na Zambézia, que a família estimula as práticas sexuais prematuras,
sobretudo por via dos casamentos prematuros ou por causa da pobreza.
Na maior parte do território moçambicano não faz parte das práticas educativas tratar
em família a discussão de assuntos respeitantes à vida sexual. O papel que estava destinado
aos ritos de iniciação perdeu-se nas zonas em que estes caíram em desuso, e ficou muitas
vezes um vazio na educação do jovem durante a puberdade, momento mais importante no seu
processo de “socialização sexual”. Muitos assuntos deixam de ser discutidos, particularmente
no caso dos rapazes, porque se supõe que estes detêm esses conhecimentos e fazem a
aprendizagem por si só.
5. O Impacto da Modernização
O impacto da modernização e sobretudo dos meios de comunicação de massas, mesmo
em locais onde eles chegam com mais dificuldade, e o vazio criado pela falta de comunicação
entre pais e filhos ou entre os jovens e os indivíduos que na sociedade habitualmente
deveriam ter a missão de lhes transmitir conhecimentos, e que, em geral, são pivotais na
socialização dos jovens, acaba por reduzir a concepção da sexualidade aos aspectos físicos e
às suas consequências, como a gravidez, doenças de transmissão sexual, entre as quais a
SIDA, e a sua prevenção.
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desfrutar do prazer sexual, independentemente da sua função reprodutiva, foram temas que
suscitaram as mais diversas opiniões. A maior parte dos rapazes e raparigas dentro e fora da
escola posicionou-se favoravelmente a uma educação sexual para jovens, havendo no entanto
divergências quanto ao facto da educação ser ou não igual para homens e mulheres, quer na
Zambézia quer na cidade de Maputo. As respostas negativas tomaram como base o facto de
homens e mulheres serem socializados de forma diferente, devendo assim a educação ser
moldada para uma identidade masculina ou feminina, segundo os moldes de uma sociedade
patriarcal.
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quase nada conhecidos, mesmo entre os jovens dentro da escola. Menor é ainda o número dos
entrevistados que recorrem aos seus serviços. O SAAJ (Serviço de Atendimento e
Aconselhamento a Jovens), talvez por se tratar de um serviço com uma existência recente, é
igualmente quase desconhecido pelos nossos entrevistados. A linha gratuita “Alô Vida” –
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praticamente desconhecida no distrito de Inhassunge. No entanto, muito poucos dos que a
conhecem a utilizaram.
Por trás dessa atitude, está o medo de exigir do parceiro o uso de preservativos por
causa da situação de dependência financeira à que muitas mulheres moçambicanas estão
submetidas, explicam especialistas. A mulher acaba aceitando o sexo sem segurança mesmo
sabendo qual é o risco que corre nesta situação.
Daí que, ser o empoderamento económico destas mulheres crucial para prevenção do
contágio neste país. “Em relação à Moçambique, os factores culturais põem a mulher em
situação de inferioridade – a mulher raramente decide ou discute os aspectos relativos à sua
sexualidade. O sexo tem que ser como e quando o parceiro queira”, explica a coordenadora do
CNCS.
Diante deste cenário, o CNCS já alertou ser preciso adequar às diferentes realidades
socioculturais do país as mensagens das campanhas de combate à transmissão pelo vírus
HIV/SIDA. Moçambique é um mosaico de culturas. Temos uma diversidade muito grande do
norte ao sul do país. Se nós queremos que as nossas mensagens relativas ao HIV/SIDA sejam
percebidas nos vários cantos, é preciso que estas sejam adequadas aos contextos locais",
explicou a coordenadora da referida instituição.
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Em Moçambique, 54% das pessoas portadoras do vírus estão em tratamento e 61% dos
infectados têm conhecimento do seu estado, de acordo com o relatório do programa da ONU
para o combate à doença (ONUSIDA) divulgado em Julho deste ano.
Segundo o documento, o país está entre os sete países da África Oriental e Austral que
concentram 50% das novas infecções que ocorreram entre 2010 e 2016 atingindo 790 mil
neste período.
De acordo com os dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS
(UNAIDS), em 2014, 36,9 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo inteiro. Desse
percentual, 25,8 milhões de pessoas infectadas com o vírus vivem na África Subsaariana,
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região onde as mulheres correspondem a mais da metade das pessoas infectadas. Em 2014, a
estimativa é que só na África Subsaariana mais 1,4 milhões de novas infecções ocorreram,
isso corresponde a 66% das novas infecções mundiais. Apesar desses dados, a região marcou
uma desaceleração da epidemia, sendo reduzidos tanto os novos casos em 41% entre 2010 e
2014, quanto o percentual de morte relacionadas à aids em 34%.
De acordo com dados da Unaids (2014), Moçambique está entre os 10 países com
maior incidência de HIV/aids do mundo. A estimativa é de que 1,5 milhões de moçambicanos
vivam com HIV, deste total, cerca de 800 mil são mulheres e 200 mil são crianças.
Aproximadamente, 120 mil novas infecções ocorrem anualmente, apesar de o país ter
registado uma queda significativa de novos casos. De 2004 a 2014 houve uma redução de
40% de novas infecções em adultos; em crianças a redução foi de 73% de 2011 a 2014.
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Para tal, O acesso aos direitos sexuais e direitos reprodutivos diz muito sobre a
feminização da epidemia do HIV/aids em Moçambique. O não acesso ao preservativo (apenas
2,9% das mulheres afirmam utilizar), partos inseguros (que facilitam a transmissão vertical do
vírus), os casamentos prematuros (retiram as meninas da escola e atenuam suas possibilidades
de construir autonomia), purificação da viúva realizada de forma tradicional (coage a viúva a
transar com o cunhado sem preservativo), prática do lobolo (dificultam a possibilidade do
divórcio por parte das mulheres), prostituição (nem sempre realizada com a utilização de
preservativo), alta taxa de natalidade e baixo espaçamento entre os filhos/as (a taxa de
natalidade em Moçambique é de 4.8 nas áreas urbanas e 5.8 nas áreas rurais) (INE).
Como bem analisado por Villela e Nilo (2011), o crescimento da epidemia entre as
mulheres está baseado na intersecção bastante complexa entre a pobreza, violência e falta de
informação, além de práticas sexuais inseguras. A dependência económica e a violência são
factores que dificultam negociar o uso do preservativo. No caso de Moçambique, também
identificamos que as relações de poder não estão centradas apenas na dicotomia
masculino/feminino. A maioria das famílias são alargadas, vivem-se junto com as sogras,
sogros, cunhados, cunhadas e sobrinhos e sobrinhas, dessa forma, a gerontocracia (poder dos
mais velhos/as) e a senioridade também atuam sobre as mulheres jovens, principalmente.
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caminhoneiros, os mineiros, trabalhadores móveis e migrantes são considerados populações
vulneráveis ao HIV, segundo o PEN.
O tratamento com o anti-retroviral, além de ser essencial para evitar mortes por aids e
melhorar a qualidade de vida das pessoas infectadas, reduz a probabilidade de transmitir o
vírus.
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Conclusão
Em razão a tudo isso, é crucial que o Estado Moçambicano, as Organizações da
sociedade civil, os movimentos sociais em geral e os feministas, em particular, construam
diálogos contínuos com a população dos diversos contextos do país, a fim de estabelecer
alternativas interculturais para o respeito aos direitos humanos atrelado ao combate à
epidemia do HIV/aids. É preciso travar diálogos com os chefes tradicionais, os curandeiros, as
mulheres e homens camponeses, os/as jovens estudantes, trabalhadores/as de forma não
paternalista e autoritária, mas sim com o objectivo de construir uma autêntica
“moçambicanização da mensagem” assim como preconiza o PEN IV. Neste sentido, é
fundamental que o movimento feminista continue pautando suas agendas de luta em defesa
dos direitos humanos das mulheres, inclusive, que prossiga fortalecendo a luta em âmbito
global, a exemplo do que vem sendo construído a partir das Conferências Internacionais, mas,
que assim como proposto por Santos (2005), actue também em defesa do reconhecimento
igualitário da diferença. Historializem o debate e construam suas próprias compreensões
acerca das relações de género. Isso porque alguns seropositivos acreditam que ao terem
relações sexuais com mulheres virgens serão curados. Em muitos casos, esses homens actuam
de má fé, diz a médica, porque mesmo sabendo que estão infectados não se preocupam em
usar preservativos. Um risco, sobretudo, para raparigas mais jovens.
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Referência Bibliográfica
Ana Cristina de S. & Soares, R. C. (Orgs.). Desafios à vida: desigualdades e HIV/Aids no
Brasil e na África do Sul. Recife, Capes.
Santos, Boaventura de Sousa. (2006). A gramática do tempo: Para uma nova cultura
política. São Paulo, Cortez.
Vilella, Wilza & Nilo, Alexandra. (2011). A epidemia do HIV/AIDS e as políticas públicas
de saúde sexual e reprodutiva: um estudo em 16 países. IN: ROCHA, Solange; Vieira,
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