Hambúrguer de Cogumelo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 147

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

FERNANDA MUNHOZ DA ROCHA LEMOS

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PRODUTO ANÁLOGO A


HAMBÚRGUER DE COGUMELO Agaricus brasiliensis

CURITIBA
2009
FERNANDA MUNHOZ DA ROCHA LEMOS

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PRODUTO ANÁLOGO A


HAMBÚRGUER DE COGUMELO Agaricus brasiliensis

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-


Graduação em Tecnologia de Alimentos, Setor de
Tecnologia, Universidade Federal do Paraná, como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre em
Tecnologia de Alimentos.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Lucia Masson

CURITIBA
2009
Ao meu amor
Aos meus pais
A toda minha família
E aos meus amigos
AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de toda vida.

Ao meu noivo, Ataualpa Pinali da Costa, muito obrigada pelo seu amor,
companheirismo, incentivo e por me apoiar nas horas mais difíceis. Te amo!

Aos meus pais, Maria do Rocio Munhoz da Rocha Lemos e Washington Lemos
Filho, por todo amor e carinho e pela imensa paciência que tiveram nesse período
estressante. Amo vocês!

A toda a minha família em especial as minhas irmãs, aos meus avós, a minha bisa,
aos meus tios, primos e principalmente os meus amores Arthur e Augusto que são a
razão do meu viver. Amo muito todos vocês!

Agradeço do fundo do meu coração a Profª. Drª. Cristiane Vieira Helm minha
mentora e amiga, por todo carinho, incentivo, paciência e ajuda no desenvolvimento
do trabalho.

Aos grandes amigos que conquistei ao longo desta caminhada, Camila Sampaio,
Danielle Carneiro, Maria de Fátima Negre, Silvana Licodiedoff, Angela Kopper,
Fabiane Hamerski, Fabiana Lemos, muito obrigado pela amizade e por todos os
momentos de alegria.

Agradeço em especial a minha amiga Dayane Izidoro por toda a ajuda com as
análises e a interpretação de resultados. Muito obrigada Day, adoro você!

A todos os colegas de mestrado e doutorado que de uma forma ou de outra


contribuíram para o trabalho.

A todas as pessoas que participaram da análise sensorial, muito obrigada pela


colaboração.

A Profª. Drª. Maria Lucia Masson pela orientação.

Ao Prof. Dr. Adaucto Bellarmino de Pereira Netto de Freitas, Profª. Drª. Patrícia
Teixeira Padilha da Silva Penteado e Profª. Drª. Sila Mary Rodrigues Ferreira pelas
essenciais dicas, sugestões e colaborações em meu trabalho.

Ao Prof. Dr. Charles Windson Isidoro Haminiuk por ter aceitado participar da
avaliação deste trabalho.

A Universidade Federal do Paraná, em especial ao Programa de Pós-Graduação em


Tecnologia de Alimentos, pela acolhida e à CAPES, pela bolsa de mestrado.

Ao Paulo Roberto Krainski, secretário do Programa de Pós-Graduação em


Tecnologia de Alimentos, pela colaboração.
A EMBRAPA e as empresas Nutrimental e Duas Rodas pelo fornecimento de
ingredientes utilizados no trabalho.

A Profª. Drª. Rosemary Hoffmann Ribani, Prof. Sônia Cachoeira Stertz e Maria Iverli
Rosa por todo ajuda técnica para realização das análises.
"Só aqueles que se arriscam indo longe
têm a oportunidade de ver quão longe
podem ir."

Thomas Stearns Eliot


RESUMO

Os cogumelos são fungos utilizados na alimentação desde a antiguidade. No Brasil,


o cogumelo ainda é considerado um alimento de luxo, devido à falta de hábito do
consumidor, ao custo elevado e à pequena disponibilidade do produto no mercado.
Dos cogumelos nativos do Brasil, o Agaricus brasiliensis, popularmente conhecido
como cogumelo do sol, tem chamado a atenção do mundo por seu sabor peculiar,
fragrância de amêndoas, excelente textura, com inúmeras possibilidades culinárias e
valor nutricional, e principalmente em função de suas propriedades antitumorais e
imunoestimulantes. A elaboração de produtos derivados de cogumelos consiste em
uma alternativa para incentivar seu consumo. Objetivou-se neste trabalho
desenvolver e caracterizar um produto análogo a hambúrguer à base de cogumelo
A. brasiliensis e comparar suas características com uma formulação controle, na
qual o cogumelo foi substituído por carne moída de patinho, e com produtos
comerciais: um à base de carne bovina e outro à base de proteína vegetal. Foram
realizadas análises microbiológicas, físico-químicas (umidade, proteína, lipídeos,
cinzas, fibra alimentar, carboidratos e textura) e sensorial (Perfil de Características,
Ordenação da Preferência e Atitude de Compra). Os resultados foram satisfatórios
em relação às características microbiológicas. A análise sensorial demonstrou que o
produto foi bem aceito pelos julgadores, fato confirmado pelo teste de atitude de
compra. As formulações preferidas pelos julgadores foram as que apresentam o
maior teor de cogumelos (10% e 12%). O hambúrguer formulado com 12% de
cogumelo A. brasiliensis apresentou teor de proteína, carboidratos, fibra alimentar e
cinzas superior aos hambúrgueres comerciais avaliados, e o teor de lipídeos foi
muito inferior. A textura do hambúrguer de cogumelo foi estatisticamente igual a do
hambúrguer de carne e muito superior ao hambúrguer vegetal presentes no
mercado. Considerando-se os resultados deste trabalho, o hambúrguer de cogumelo
A. brasiliensis demonstrou ser uma alternativa mais saudável ao produto tradicional,
pois além das propriedades nutricionais e gastronômicas, o cogumelo apresenta
inúmeras propriedades medicinais.

Palavras-chave: Alimento funcional. Agaricus brasiliensis. Hambúrguer. Substitutos


cárneos. Alternativas protéicas.
ABSTRACT

Mushrooms are fungi used as food since ancient times. In Brazil, mushroom is still
considered a luxury food, due to the lack of consumption habits, its high cost and low
availability of the product in the market. From the native mushrooms commercially
grown in Brazil, the Agaricus brasiliensis, popularly known as the “sun mushroom”,
has drawn the attention of the world due to its singular taste, aroma of almonds,
excellent texture which allow numerous culinary possibilities, nutritional value, and
especially in light of its antitumor and immunostimulants properties. The development
of products derived from mushroom is a good alternative to encourage its
consumption. This work aimed to develop and characterize a product similar to
hamburger made from mushroom A. brasiliensis and to compare its characteristics
with a control formulation, in which mushroom was replaced by ground beef, and
commercial products: one made of meat and the other made of vegetal protein. The
burgers were analyzed for their microbiological, physical-chemical (moisture, protein,
fat, ash, dietary fibre, carbohydrates and texture) and sensory characteristics
(Characteristics Profile, Preference Test and Purchase Attitude). The results were
satisfactory for microbiological characteristics. The sensory analysis showed that the
product was well accepted by the appraisers, and this fact is confirmed by the test of
Purchase Attitude. The preferred formulations by the appraisers were those with the
highest content of mushrooms (10% and 12%). The mushroom burger, made with
12% of mushroom and 18% of whole wheat flour, showed higher levels of protein,
carbohydrates, dietary fibre and ash than the other hamburgers analyzed, and the
content of fat was much lower. The texture of the mushroom hamburger did not differ
statistically to commercial meat hamburger and was much superior to the vegetal
hamburger. Considering the results of the present work, the mushroom hamburger
has turned out to be a healthier alternative to the traditional product, because
besides its nutritional and gastronomic peculiarities, the mushroom A. brasiliensis
has many medicinal properties.

Key-words: Functional food. Agaricus brasiliensis. Hamburger. Meat substitute.


Alternative protein.
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - AVALIAÇÃO DE AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS DO CORPO DE


FRUTIFICAÇÃO SECO DE A. brasiliensis ..........................................34

TABELA 2 - AVALIAÇÃO DE AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS DA FARINHA DE


TRIGO INTEGRAL...............................................................................40

TABELA 3 - CONSUMO DE PRODUTOS CÁRNEOS CONGELADOS NO BRASIL


EM VOLUMES .....................................................................................46

TABELA 4 - FORMULAÇÕES UTILIZADAS ............................................................65

TABELA 5 - INGREDIENTES COM VALOR FIXO UTILIZADOS NAS


FORMULAÇÕES .................................................................................65

TABELA 6 - MÉTODOS UTILIZADOS NA CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA


DO COGUMELO, DA FARINHA DE TRIGO INTEGRAL E DAS
FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER ................................................74

TABELA 7 - ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS REALIZADAS NAS MATÉRIAS-


PRIMAS PRINCIPAIS UTILIZADAS NA FORMULAÇÃO DOS
HAMBÚRGUERES DE COGUMELO ..................................................76

TABELA 8 - ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS REALIZADAS NOS


HAMBÚRGUERES DE COGUMELO SUBMETIDOS À ANÁLISE
SENSORIAL ........................................................................................77

TABELA 9 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS


OBTIDOS PARA A APARÊNCIA DAS FORMULAÇÕES DE
HAMBÚRGUER DE COGUMELO .......................................................83

TABELA 10 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA A APARÊNCIA DAS


DIFERENTES AMOSTRAS DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO
TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS .....................................83

TABELA 11 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS


OBTIDOS PARA A COR DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER
DE COGUMELO ..................................................................................84

TABELA 12 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA A COR DAS DIFERENTES


AMOSTRAS DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO TESTE DO
PERFIL DE CARACTERÍSTICAS........................................................84

TABELA 13 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS


OBTIDOS PARA O ODOR DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER
DE COGUMELO ..................................................................................84
TABELA 14 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA O ODOR DAS DIFERENTES
AMOSTRAS DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO TESTE DO
PERFIL DE CARACTERÍSTICAS........................................................85

TABELA 15 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS


OBTIDOS PARA A TEXTURA DAS FORMULAÇÕES DE
HAMBÚRGUER DE COGUMELO .......................................................85

TABELA 16 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA A TEXTURA DAS


DIFERENTES AMOSTRAS DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO
TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS .....................................85

TABELA 17 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS


OBTIDOS PARA O SABOR DAS FORMULAÇÕES DE
HAMBÚRGUER DE COGUMELO .......................................................86

TABELA 18 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA O SABOR DAS DIFERENTES


AMOSTRAS DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO TESTE DO
PERFIL DE CARACTERÍSTICAS........................................................86

TABELA 19 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS


OBTIDOS PARA O SABOR RESIDUAL DAS FORMULAÇÕES DE
HAMBÚRGUER DE COGUMELO .......................................................87

TABELA 20 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA O SABOR RESIDUAL DAS


DIFERENTES AMOSTRAS DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO
TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS .....................................87

TABELA 21 - MÓDULOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS PARES DA SOMA TOTAL


DA ORDENAÇÃO DA PREFERÊNCIA ...............................................89

TABELA 22 - ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DAS MATÉRIAS-PRIMAS .....................92

TABELA 23 - ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA FORMULAÇÃO PREFERIDA (F3), DA


FORMULAÇÃO CONTROLE (FC) E DOS HAMBÚRGUERES
PRESENTES NO MERCADO (HC E HV)............................................98

TABELA 24 - COMPARAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA FORMULAÇÃO DE


HAMBÚRGUER DE COGUMELO (F3) COM HAMBÚRGUERES
FORMULADOS COM DIFERENTES MATÉRIAS-PRIMAS ..............101

TABELA 25 - MEDIDAS OU VALORES MÉDIOS DE TEXTURA INSTRUMENTAL


DOS DIFERENTES HAMBÚRGUERES ESTUDADOS.....................102

TABELA 26 - ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE PROTEÍNAS, FIBRA ALIMENTAR E


TEXTURA DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE
COGUMELO ......................................................................................104

TABELA 27 - COEFICIENTES OBTIDOS DO MODELO QUADRÁTICO PARA O


PARÂMETRO PROTEÍNA .................................................................105
TABELA 28 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA DO MODELO QUADRÁTICO PARA A
PROTEÍNA.........................................................................................106

TABELA 29 - COEFICIENTES OBTIDOS DO MODELO QUADRÁTICO PARA O


PARÂMETRO FIBRA ALIMENTAR ...................................................106

TABELA 30 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA DO MODELO QUADRÁTICO PARA A


FIBRA ALIMENTAR...........................................................................107

TABELA 31 - COEFICIENTES OBTIDOS DO MODELO QUADRÁTICO PARA O


PARÂMETRO TEXTURA ..................................................................108

TABELA 32 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA DO MODELO QUADRÁTICO PARA A


TEXTURA ..........................................................................................109

TABELA 33 - ESTIMATIVA DE PREÇO PARA 1KG DA FORMULAÇÃO 206 DE


HAMBÚRGUER DE COGUMELO .....................................................110

TABELA 34 - ESTIMATIVA DE PREÇO PARA 1KG DA FORMULAÇÃO 385 DE


HAMBÚRGUER DE COGUMELO .....................................................110

TABELA 35 - ESTIMATIVA DE PREÇO PARA 1KG DA FORMULAÇÃO 493 DE


HAMBÚRGUER DE COGUMELO .....................................................110

TABELA 36 - ESTIMATIVA DE CUSTO DAS TRÊS FORMULAÇÕES


DESENVOLVIDAS DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO ................111
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - CORPOS DE FRUTIFICAÇÃO DO COGUMELO A. brasiliensis EM


DIFERENTES ESTÁGIOS DE MATURAÇÃO .....................................30

FIGURA 2 - ESTRUTURA GERAL DO GRÃO DE TRIGO......................................37

FIGURA 3 - DIAGRAMA DE FLUXO DA ELABORAÇÃO DO HAMBÚRGUER DE


COGUMELO ........................................................................................67

FIGURA 4 - MODELO DO FORMULÁRIO UTILIZADO NA ANÁLISE SENSORIAL


PARA DETERMINAR O PERFIL DOS JULGADORES .......................69

FIGURA 5 - MODELO DE FICHA UTILIZADA NO TESTE DO PERFIL DE


CARACTERÍSTICAS PARA A AVALIAÇÃO SENSORIAL DOS
HAMBÚRGUERES DE COGUMELO ..................................................71

FIGURA 6 - MODELO DE FICHA UTILIZADA NO TESTE DE ORDENAÇÃO DA


PREFERÊNCIA PARA A AVALIAÇÃO SENSORIAL DOS
HAMBÚRGUERES DE COGUMELO ..................................................72

FIGURA 7 - MODELO DE FICHA UTILIZADA NO TESTE DE ATITUDE DE


COMPRA DOS HAMBÚRGUERES DE COGUMELO .........................73

FIGURA 8 - FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO UTILIZADAS


NA AVALIAÇÃO SENSORIAL .............................................................78

GRÁFICO 1 - IDADE DA EQUIPE DE JULGADORES .............................................78

GRÁFICO 2 - ESCOLARIDADE DA EQUIPE DE JULGADORES ............................79

GRÁFICO 3 - ESPÉCIES DE COGUMELOS CONSUMIDAS PELA EQUIPE DE


JULGADORES.....................................................................................80

GRÁFICO 4 - FREQUÊNCIA DO CONSUMO DE COGUMELOS DA EQUIPE DE


JULGADORES.....................................................................................81

GRÁFICO 5 - FORMA DE CONSUMO DOS COGUMELOS PELA EQUIPE DE


JULGADORES.....................................................................................82

FIGURA 9 - PERFIL DE CARACTERÍSTICA DAS FORMULAÇÕES DE


HAMBÚRGUER DE COGUMELO (Agaricus brasiliensis) ...................88

GRÁFICO 6 - RESULTADOS DO TESTE DE ATITUDE DE COMPRA DO


HAMBÚRGUER DE COGUMELO .......................................................90

FIGURA 10 - MEDIDAS DE TEXTURA DAS TRÊS FORMULAÇÕES DE


HAMBÚRGUER DE COGUMELO .....................................................103
FIGURA 11 - MEDIDAS DE TEXTURA DO HAMBÚRGUER COM MAIOR TEOR DE
COGUMELO, DA FORMULAÇÃO CONTROLE E DOS
HAMBÚRGUERES COMERCIAIS DE CARNE E VEGETAL ............103

GRÁFICO 7 - GRÁFICO DE PARETO DA VARIÁVEL PROTEÍNA ........................105

GRÁFICO 8 - GRÁFICO DE PARETO DA VARIÁVEL FIBRA ALIMENTAR...........107

GRÁFICO 9 - GRÁFICO DE PARETO DA VARIÁVEL TEXTURA..........................108

QUADRO 1 - VALORES DE MERCADO DOS HAMBÚRGUERES COMERCIAIS


ANALISADOS ....................................................................................111
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AACC American Association of Cereal Chemists


ABIEC Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de carne
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADA American Dietetic Association
ANOVA Análise de Variância
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AOAC Association of Official Analytical Chemists
CEPPA Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO Food and Agriculture Organization
g Grama
IAL Instituto Adolfo Lutz
IDR Ingestão Diária Recomendada
kcal Quilocalorias
kg Quilogramas
MS Ministério da Saúde
NBJ’s Nutrition Business Journal
NBR Norma Brasileira
NMP Número Mais Provável
NPF Novel Protein Food
OPAS Organização Pan-americana de Saúde
PUFA Ácidos Graxos Poliinsaturados
SBAF Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais
SECEX Secretaria Executiva de Comércio Exterior
t Tonelada
TACO Tabela brasileira de composição de alimentos
UFPR Universidade Federal do Paraná
UFC Unidade Formadora de Colônia
USP Universidade de São Paulo
VCT Valor Calórico Total
WHO World Health Organization
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……….........................................................................................18
1.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................21
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................21
2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................22
2.1 REINO FUNGI....................................................................................................22
2.2 BASIDIOMICETOS ............................................................................................24
2.3 COGUMELOS COMESTÍVEIS ..........................................................................25
2.3.1 Agaricus brasiliensis..........................................................................................29
2.3.1.1 Agaricus brasiliensis – Composição química e nutricional.............................33
2.3.1.2 Agaricus brasiliensis – Valor medicinal ..........................................................35
2.4 FARINHA DE TRIGO INTEGRAL ......................................................................37
2.4.1 Farinha de trigo integral – Composição química e nutricional ..........................39
2.5 CARNE BOVINA ................................................................................................41
2.6 FAST FOOD - HAMBÚRGUER..........................................................................44
2.7 ALIMENTOS FUNCIONAIS ...............................................................................47
2.8 FIBRAS ...............................................................................................................52
2.9 PROTEÍNAS.......................................................................................................54
2.10 TEXTURA...........................................................................................................58
2.11 ANÁLISE SENSORIAL.......................................................................................58
2.11.1 Teste do Perfil de Características ....................................................................60
2.11.2 Teste de Preferência .......................................................................................61
2.11.3 Teste de Atitude de Compra............................................................................61
2.12 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL..................................................................62
2.12.1 Delineamento para misturas............................................................................62
3 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................64
3.1 MATERIAL .........................................................................................................64
3.2 MÉTODOS .........................................................................................................64
3.2.1 Planejamento experimental...............................................................................64
3.2.2 Processamento dos hambúrgueres ..................................................................66
3.2.3 Análises microbiológicas...................................................................................68
3.2.4 Análise sensorial...............................................................................................68
3.2.4.1 Teste do perfil de características ...................................................................70
3.2.4.2 Teste de ordenação da preferência ...............................................................70
3.2.4.3 Teste de atitude de compra ...........................................................................72
3.2.5 Análises físico-químicas....................................................................................73
3.2.5.1 Determinação da textura................................................................................74
3.2.6 Comparação com produtos similares ...............................................................75
3.2.7 Estimativa de custo...........................................................................................75
3.2.8 Análise estatística .............................................................................................75
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................76
4.1 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS.......................................................................76
4.2 ANÁLISE SENSORIAL.......................................................................................77
4.2.1 Perfil da equipe de julgadores...........................................................................78
4.2.2 Teste do perfil de características ......................................................................83
4.2.3 Teste de ordenação da preferência ..................................................................89
4.2.4 Teste de atitude de compra ..............................................................................90
4.3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS..........................................................................92
4.3.1 Análise de textura ...........................................................................................102
4.4 EFEITO DAS MATÉRIAS-PRIMAS NOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS..104
4.5 ESTIMATIVA DE CUSTO DO HAMBÚRGUER DE COGUMELO…………….109
5 CONCLUSÃO …………………………………………………………………………113
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS…………………………………..114
REFERÊNCIAS …………………………………………………………………………...115
18

1. INTRODUÇÃO

O aumento da população do globo terrestre obedece a uma progressão


geométrica, agravando cada vez mais o problema da alimentação. Em muitos países
pesquisas destinadas a encontrar fontes alternativas de proteínas e carboidratos
estão sendo realizadas. Muitos cientistas afirmam que num futuro próximo as
bactérias e os fungos serão os artífices das novas proteínas, concorrendo
decisivamente para a resolução do problema (HELM - ZILIOTTO, 1995).
As florestas naturais brasileiras abrigam um enorme potencial para a
bioprospecção de espécies de valor econômico, levando-se em conta suas
propriedades agregadas como aquelas relacionadas à química, bioquímica,
farmácia, medicina, nutrição, dentre outras. Com o seu rápido processo de
devastação, merecem atenção especial trabalhos que objetivam o conhecimento e
uma maior exploração científica dessas propriedades para que sua biota possa ser
utilizada em benefício da humanidade. Há, no entanto, a necessidade de
conservação e estudo das espécies em coleções de cultura, priorizando-se grupos
de maior potencial, entre os quais se destacam os cogumelos comestíveis e
medicinais.
Alguns estudos estimam que existam 140.000 espécies de cogumelos no
mundo, das quais apenas 10% foram classificadas. Em relação a esse percentual,
cerca de 2.000 espécies são comestíveis, porém apenas 25 delas são normalmente
utilizadas na alimentação humana e um número ainda menor tem sido produzido
comercialmente, e 700 são conhecidas por possuírem significativas propriedades
farmacológicas (CHANG, 2008).
Os cogumelos são fungos utilizados na alimentação desde a antiguidade, e
têm atraído o interesse de pesquisadores por suas propriedades nutricionais, pois
são ricos em proteínas, fibras, vitaminas e minerais, e apresentam baixo teor de
lipídios (DIAS, ABE e SCHWAN, 2004), também pelas suas propriedades medicinais
(DONINI, BERNARDI e NASCIMENTO, 2006).
No Brasil, o cogumelo ainda é considerado uma iguaria, devido à falta de
hábito do consumidor, ao custo elevado e à pequena disponibilidade do produto no
mercado. Ultimamente, o consumo mundial de cogumelos comestíveis vem
crescendo significativamente em razão do valor nutritivo e da disponibilidade do
19

mercado, o que torna o produto mais popular e acessível (DONINI, BERNARDI e


NASCIMENTO, 2006). Como resultado, existe um considerável número de
produtores brasileiros interessados na produção de diversas espécies (DIAS, ABE e
SCHWAN, 2004).
Dos cogumelos nativos do Brasil comercialmente cultivados, o Agaricus
brasiliensis (WASSER et al., 2002), popularmente conhecido como cogumelo do sol
ou Champignon do Brasil, tem chamado a atenção do mundo por ser um dos que
alcançam maior valor comercial no mercado. Esta valorização é decorrente do seu
sabor peculiar, fragrância de amêndoas, excelente textura, com inúmeras
possibilidades culinárias e valor nutricional, e principalmente em função de suas
propriedades antitumorais e imunoestimulantes (STAMETS, 2000; STIJVE,
AMAZONAS e GILLER, 2002).
No contexto atual da ciência dos alimentos e do consenso da relação
alimentação – saúde - doença, existe grande solicitação por alimentos que forneçam
os nutrientes indispensáveis ao organismo e proporcionem benefícios adicionais à
saúde. Esses produtos são conhecidos como alimentos funcionais (FUJITA e
FIGUEROA, 2003). A utilização dos cogumelos como alimento funcional tem
aumentado expressivamente nos últimos anos, e o cogumelo da espécie A.
brasiliensis vem ganhando credibilidade como produto nutracêutico e medicinal em
mercados internacionais (HERRERA, 2001; STIJVE et al., 2003).
A obesidade é um fenômeno contemporâneo que vem crescendo em
proporções epidêmicas, no Brasil cerca de 40% dos brasileiros encontram-se
obesos ou com sobrepeso. Por ser uma doença psicossomática, de caráter crônico
e relacionada a diversos determinantes e fatores, principalmente a alimentação,
medidas estão sendo adotadas para restringir o consumo de alimentos ricos em
gordura e açúcar e estimular o consumo de alimentos mais saudáveis (FELIPPE e
SANTOS, 2004).
Este fato reveste-se de grande importância quanto aos aspectos da saúde da
população, uma vez que com o processo de industrialização, os hábitos alimentares
sofreram inúmeras alterações, favorecendo o consumo de produtos industrializados
ou preparados fora do domicílio. Essa necessidade por refeições rápidas e baratas
aumentou substancialmente a procura de produtos como os hambúrgueres de carne
bovina, produzidos pelas redes de restaurantes fast food, contribuindo para o
20

aumento da obesidade e suas complicações, principalmente as doenças


cardiovasculares (TAVARES e SERAFINI, 2006).
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, as doenças
cardiovasculares continuam sendo as principais causas de morte de homens e
mulheres, sendo responsáveis por cerca de 30% dos óbitos que ocorrem
anualmente no mundo (JAMISON et al., 2006). Assim, a utilização e procura por
medicamentos ou substâncias que restauram a saúde ou auxiliam na prevenção de
doenças, como os cogumelos, vem sendo preconizada.
A inserção dos cogumelos in natura na alimentação das pessoas é uma tarefa
difícil devido aos seus diferentes costumes e culturas, portanto, faz-se necessário a
criação de meios alternativos que possibilitem o consumo dos mesmos, através da
adição em produtos presentes no hábito alimentar. O consumo de cogumelos
processados na forma de substitutos cárneos tem despertado um grande interesse
da população e, principalmente, dos pesquisadores, uma vez que o hambúrguer tem
elevada preferência de consumo, principalmente nas redes de fast food, tornando-se
uma alternativa viável para a elaboração de um novo produto.
O presente estudo justifica-se por sugerir a elaboração de um produto com
fonte alimentar não usual e de uso crescente, que adicionará propriedades
funcionais e nutricionais desejáveis a um produto de consumo muito disseminado
entre jovens e crianças, que é o hambúrguer. A incorporação dessa fonte ao hábito
alimentar de indivíduos saudáveis e/ou portadores de distúrbios nutricionais tem sido
preconizada como medida de impacto na melhoria das condições de saúde e de
qualidade de vida das populações, a custo baixo e com perspectivas de aplicações
de longo prazo, sendo considerada medida terapêutica e/ou preventiva.
Considerando que a demanda de produtos alimentícios será cada vez maior,
principalmente para aqueles com proteína de alto valor biológico e valor tecnológico
agregado, a produção de cogumelos comestíveis, via bioconversão de resíduos,
constitui-se numa alternativa promissora. O potencial de aproveitamento da cultura
de cogumelos ainda é pouco explorado no Brasil, e o desenvolvimento de novos
produtos com boa apresentação e palatabilidade favorecerá o aumento do consumo
desses produtos pela população.
21

1.1 OBJETIVO GERAL

Elaborar e caracterizar um hambúrguer de cogumelo da espécie Agaricus


brasiliensis para utilização como análogo protéico da carne.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Definir a formulação do hambúrguer em função da textura, do teor protéico e


de fibras;
• Caracterizar físico-química e microbiologicamente a matéria-prima e a
formulação final;
• Avaliar sensorialmente as formulações;
• Comparar a formulação final com produtos similares presentes no mercado
através de análises físico-químicas;
• Estimar o custo das formulações.
22

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 REINO FUNGI

Durante muito tempo os fungos foram considerados vegetais. De acordo com


Cozetti (2000), a separação dos fungos em um reino à parte só surgiu formalmente
nos anos 60, quando o ecologista norte-americano Robert Handing Whittaker propôs
a atual divisão em seis reinos: Monera (das bactérias); Protista (dos protozoários);
Plantas (dos vegetais); Animália (dos animais); Mineralis (dos minerais), e Fúngico
(dos fungos). Até então, mantinha-se a tradicional divisão em três reinos: animal,
vegetal e mineral.
O Reino Fungi está delimitado atualmente com base em certas características
peculiares, que incluem aspectos morfológicos (macroscópico, microscópico e
ultramicroscópico), bem como fisiológicos. Apesar de muitas estruturas fúngicas
serem similares às dos animais, com os quais o Reino está mais relacionado
filogeneticamente, outras apresentam variações e outras ainda, são exclusivas dos
fungos (LOGUERCIO-LEITE et al., 2006).
Mais de 70.000 espécies de fungos já foram descritas, porém algumas
estimativas sugerem que o número total de espécies existentes neste reino seja de
1,5 milhões. Isso significa que apenas cerca de 6% da diversidade total dos fungos é
conhecida (HAWKSWORTH et al., 1995).
Os fungos, como todos os seres vivos, são constituídos por células, podendo
ser unicelulares, quando são constituídos por células isoladas, ou pluricelulares,
quando as células são agrupadas em filamentos denominados hifas. Um conjunto de
hifas entrelaçadas constitui o micélio. Todas as partes de um fungo são formadas
pelo micélio (BONONI et al., 1995). Possuem parede celular constituída
principalmente por quitina e β-glicanos e a membrana celular por ergosterol, um
esterol característico de fungos, também presente em algumas microalgas (SILVA e
COELHO, 2006).
Os fungos reproduzem-se sexualmente por intermédio de esporos ou
assexuadamente (reprodução vegetativa), pela multiplicação de qualquer fragmento
do cogumelo (BONONI et al., 1995).
23

São caracterizados por não apresentarem clorofila e, portanto, não realizam


fotossíntese. Assim, para se alimentarem, dependem da matéria orgânica já pronta,
que é absorvida pelas hifas (BONONI e TRUFEM, 1986). Em função do tipo de
substrato que utilizam, os fungos são classificados como parasitas, simbióticos e
saprobióticos (HERRERA, 2001).
O fungo é dito parasita quando suas hifas colonizam matéria orgânica viva,
isto é, vivem sobre ou dentro de um hospedeiro, que pode ser o homem, animais ou
outras plantas. Como exemplos encontram-se os diversos tipos de micoses, tanto
em homens como em animais. No caso de parasitismo das plantas, a famosa
ferrugem do café e o carvão do milho constituem exemplos, além de muitas outras,
que causam sérios problemas para a agricultura e pecuária (BONONI et al., 1995)
São classificados simbiontes quando se associam a outro ser vivo, havendo
entre ambos, fungo e hospedeiro, uma relação harmônica, com troca de favores:
cada um dos indivíduos da associação oferece ao outro proteção, alimento ou
ambos (BONONI e TRUFEM, 1986).
Finalmente, o fungo é dito saprobiótico quando coloniza matéria orgânica em
decomposição. É o caso dos mofos e bolores e de vários fungos comestíveis, como
o A. brasiliensis. Associados a bactérias, atuam no ambiente como reguladores
naturais da população de outros organismos, exercendo papel fundamental para a
manutenção da biosfera (COZETTI, 2000).
Existe uma grande diversidade de fungos que podem ser encontrados em
todos os ambientes terrestres, especialmente no solo. Os fungos apresentam
dimensões microscópicas, entretanto, alguns fungos apresentam uma estrutura
macroscópica produtora de esporos denominada corpo de frutificação, que os
tornam visíveis à olho, esses fungos são reconhecidos como cogumelos (BOA,
2004).
Os fungos, atualmente, são classificados em vários grupos de acordo com
uma série de características, principalmente em relação às suas microestruturas,
reprodução sexuada e assexuada, especializações de acordo com o modo de vida e
enzimas produzidas (BONONI et al., 1995).
A classificação mais moderna reconhece 4 classes principais de fungos:
Ascomycota, Basidiomycota, Zygomycota e Chytridiomycota (LOGUERCIO-LEITE et
al., 2006). Os cogumelos comestíveis pertencem às classes dos ascomicetos e
basidiomicetos (MODA, 2008).
24

2.2 BASIDIOMICETOS

A classe Basidiomicetos inclui mais de 25.000 espécies descritas (CARLILE,


WATKINSON e GOODAY, 2001). A importância atribuída a essa classe de fungos
está relacionada à utilização de seus representantes na alimentação e medicina
popular desde tempos remotos (WASSER, 2002b). No entanto, o fato de algumas
espécies serem venenosas, impediu por vários anos o consumo de cogumelos em
geral pelas populações com menor conhecimento sobre fungos comestíveis
(ALEXOPOULOS, MIMS e BLACKWELL, 1996).
A maioria dos basidiomicetos são macrofungos, mas essa classe também
engloba as leveduras e alguns fungos que não formam frutificações macroscópicas.
Os basidiomicetos superiores, denominados cogumelos, não são um grupo
taxonômico, mas incluem espécies que têm corpos de frutificação macroscópicos
(basidioma ou basidiocarpo), facilmente visíveis a olho nu, conhecidos como
cogumelos comestíveis (WASSER e WEIS, 1999).
São conhecidas muitas espécies de cogumelos comestíveis, entretanto,
apenas algumas alcançaram níveis de produção mundial como alimento, por
possuírem características organolépticas excelentes e pelas suas propriedades
terapêuticas e nutricionais (TONIAL, 1997).
Outra importância atribuída aos basidiomicetos refere-se ao potencial
decompositor desses fungos, ou seja, à capacidade de degradar celulose e lignina.
Materiais orgânicos desperdiçados, como subprodutos agrícolas e resíduos animais,
são utilizados como substrato para o cultivo de fungos, produzindo alimentos de boa
qualidade. Dessa maneira, os nutrientes são reciclados e retornam para a cadeia
alimentar (ZENI e PENDRAK, 2006).
Apesar da abundância deste grupo e da diversidade de espécies que o
representam, sua exploração comercial ainda é pequena no Brasil (PUTZKE e
PUTZKE, 2003).
25

2.3 COGUMELOS COMESTÍVEIS

Os cogumelos comestíveis são considerados pelos homens como fonte


nutricional e medicinal há milênios. A produção mundial atual de cogumelos
comestíveis vem aumentando com a popularização do cultivo e industrialização dos
mesmos (FAN et al., 2006).
No Brasil também se observa esta tendência, mesmo não fazendo parte do
hábito alimentar da grande maioria da população. A produção mundial de cogumelos
foi estimada, no ano de 2005, em cerca de 3,36 milhões de toneladas, destacando-
se como maiores produtores a China (1,4 milhões t) e os Estados Unidos da América
com 391 mil toneladas (FAO, 2007).
O Brasil não possui dados oficiais sobre a produção de cogumelos, mas a
maior área produtora localiza-se no Alto Tietê, em São Paulo, na região de Mogi das
Cruzes. Anualmente, a região comercializa nos mercados interno e externo mais de
4 mil t, representando cerca de 80% da produção nacional. A produção brasileira,
portanto, deve girar, em torno de 5 mil toneladas anuais ou 0,15% da produção
mundial (SAMPAIO e QUEIROZ, 2006). O estado do Paraná vem aumentando sua
participação na produção nacional e responde atualmente por cerca de 5% da
produção nacional (aproximadamente 20 mil toneladas/ano) (SECEX, 2002).
Dentre as espécies cultivadas no Brasil destacam-se o Agaricus bisporus
(Champignon), Lentinula edodes (Shiitake), Pleurotus sajor-caju (Hiratake),
Pleurotus ostreatus (Shimeji), e mais recentemente, Agaricus brasiliensis
(Himematsutake) popularmente conhecido como “Cogumelo-do-sol” (EIRA, 2003).
Segundo levantamento feito pela fungi consultoria entre os anos de 2002 e 2003, o
Paraná conta com cerca de 250 produtores fixos de A. brasiliensis (SECEX, 2002).
Os cogumelos comestíveis são muito apreciados na culinária, principalmente
nos países asiáticos e europeus. Nestes países o consumo per capita é de 4 kg/ano,
enquanto que no Brasil o consumo per capita é de 0,07 kg/ano, sendo o Agaricus
bisporus o mais consumido mundialmente (EIRA, 2003).
O consumo de cogumelos no Brasil ainda é muito pequeno se comparado ao
consumo dos povos europeu e asiático, porém nos últimos anos seu consumo
aumentou e ganhou destaque principalmente pelo reconhecimento do seu alto valor
nutritivo, potencial medicinal e ao aumento da oferta, tornando o produto mais
popular e acessível (DEMIATE e SHIBATA, 2003). Ainda, novas espécies cultivadas
26

comercialmente aumentaram o número de opções do consumidor, incentivando o


hábito do brasileiro ainda pouco conhecedor da utilização de fungos na alimentação
e para fins medicinais (ZORZENON, 2000). O valor medicinal dos cogumelos faz
com que eles sejam rotineiramente incorporados a fortificantes, chás, sopas e
fórmulas constituídas de ervas terapêuticas (SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2002).
As maiores barreiras encontradas na comercialização de cogumelos no Brasil
estão ligadas à crença popular quanto à sua natureza venenosa, preço, hábito
alimentar e ao cultivo com baixa produtividade (DEMIATE e SHIBATA, 2003).
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia assinou um projeto de
cooperação técnica com uma universidade chinesa para ampliar as pesquisas com
cogumelos comestíveis e medicinais e incentivar o seu uso na dieta alimentar do
povo brasileiro. O objetivo principal dessa parceria consiste em beneficiar a
população brasileira com o consumo de cogumelos, seja como fonte protéica na
alimentação, seja como produto medicinal (DINIZ, 2006).
Nos Estados Unidos, cerca de 62% da população consomem cogumelos
regularmente. Por proporcionar um sabor intenso, os cogumelos maduros são
utilizados em massas, saladas, como substitutos de carne em hambúrgueres ou
como bifes de cogumelo (HERRERA, 2001).
Akpaja, Isikhuemhen e Okhuoya (2003) realizaram uma pesquisa para avaliar
o uso de cogumelos comestíveis e medicinais em um povoado da Nigéria. Eles
verificaram que 95% dos entrevistados consumiam os cogumelos por causa do
sabor, enquanto 86% consumiam como substitutos cárneos. Ainda, 50% utilizavam
os cogumelos como espessantes para as sopas e 36,36% e 27,27% consumiam
baseados nos seus valores medicinais e nutricionais, respectivamente.
De acordo com a legislação brasileira, o cogumelo comestível
tradicionalmente utilizado como alimento pode estar dessecado, inteiro,
fragmentado, moído ou em conserva, defumado e/ou submetido à cocção e/ou salga
e/ou fermentação ou outro processo tecnológico considerado seguro para a
produção de alimentos. Ainda, os cogumelos comestíveis para uso humano podem
ser apresentados na forma de cápsula, extrato, tablete, líquido, pastilha, comprimido
ou outra forma não convencional de alimento (BRASIL, 2005c).
Segundo Santos (2005), os cogumelos comestíveis, têm se tornado um dos
principais colaboradores para a solução simultânea de três problemas sérios
decorrentes do aumento da população mundial: a escassez de alimentos, a poluição
27

ambiental e a deficiência da saúde humana. Estes seres têm por característica


realizarem a bioconversão, ou seja, a transformação de resíduos lignocelulósicos
(presentes principalmente na madeira) em alimentos com alto valor protéico e
medicinal. Souza, Peres e Martins (2007) completam que além de fornecer
alimentos para os seres humanos, apresentam uma grande importância econômica,
gerando emprego e recuperando o meio ambiente. Esse impacto mundial da cultura
de cogumelos pode ser considerado como “revolução não-verde” (CHANG, 2008).
O teor de proteína dos cogumelos cultivados varia de 1,75 a 5,9% quando
frescos, sendo que em base seca esse valor sobe para 19 a 35%. Além disso, as
proteínas dos cogumelos contêm todos os aminoácidos essenciais. Os cogumelos
também são excelentes fontes de fibras alimentares, vitaminas e minerais e
apresentam baixos teores de lipídios. Além do valor nutricional, os cogumelos
apresentam cores, sabores, aromas e textura únicos, os quais atraem a atenção dos
consumidores (CHANG, 2008).
Considerando o elevado conteúdo protéico, o cultivo de cogumelos tem sido
apontado como uma alternativa para incrementar a oferta de proteínas nos países
em desenvolvimento e com alto índice de desnutrição (MANANDHAR, 2003).
Na atualidade, as principais causas de morte nos países desenvolvidos e em
muitos países em desenvolvimento estão fortemente atreladas à dieta que o
indivíduo tem ao longo de sua vida. Obesidade, diabetes melitus, arteriosclerose e
alguns tipos de câncer são exemplos de patologias que impactam sobremaneira na
vida e economia mundial. Evidências científicas indicam que para se reduzir o risco
dessas doenças é necessário a mudança dos hábitos alimentares, incluindo na dieta
substâncias capazes de modular as funções orgânicas das pessoas (MUTO,
NINOMIYA e FUJIKI 1989). Assim, buscam-se alimentos que tenham, além de seu
valor nutritivo, propriedades terapêuticas.
Nesse contexto, os cogumelos possuem papel de destaque, pois são
considerados alimentos funcionais, apresentando excelente eficácia quando
consumidos como suplementos dietéticos e seus principais ativos extraídos e
purificados podem ser utilizados como fármacos, assim como produzidos
quimicamente pela indústria farmacêutica (KUO et al., 2002; NOVAES e FORTES,
2005).
Os cogumelos medicinais são tradicionalmente usados nas terapias orientais
(WASSER, 2002b). Muitas pesquisas têm sido realizadas para determinar suas
28

propriedades funcionais, verificando que os mesmos podem ser utilizados na


prevenção de doenças como asma (LIU et al., 2003), alergias alimentares (HSIEH et
al., 2003), dermatite atópica (KUO et al., 2002), doenças inflamatórias (JOSE, AJITH
e JANARDHANAN, 2004; KIM et al., 2004), doenças autoimunes, como artrite
reumatóide (KIM et al., 2003a), aterosclerose (YAMADA et al., 2002), hiperglicemia
(FORTES et al., 2008), trombose (YOON, et al., 2003), Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) (NANBA et al., 2000; NGAI e NG, 2003),
tuberculose (MARKOVA et al., 2003), choque séptico (KIM et al., 2003b) e câncer
(BORCHERS, KEEN e GERSHWIN, 2004; HATTORI et al., 2004; HO et al., 2004;
NOVAES e FORTES, 2005). Os cogumelos ainda são boas fontes de antioxidantes
(BARROS et al., 2007).
A dieta adequada exerce um papel crucial nos estágios de iniciação,
promoção e progressão do câncer, podendo prevenir de três a quatro milhões de
casos novos de câncer a cada ano (GARÓFOLO et al., 2004). Determinados fungos
medicinais contêm componentes capazes de modular a tumorigênese e
carcinogênese nos diferentes estágios da doença e/ou agir em um mesmo estágio
através de diferentes mecanismos, exercendo, dessa forma, efeitos benéficos na
prevenção e no tratamento do câncer (BORCHERS, KEEN e GERSHWIN, 2004).
Pelo menos 651 espécies representando 182 gêneros de cogumelos
basidiomicetos contêm substâncias antitumorais ou imunoestimulantes (WASSER,
2002b). Dentre elas encontram-se os polissacarídeos (principalmente as β-D-
glicanas), complexos polissacarídeos-protéicos, terpenos, ergosterol e substâncias
fenólicas. (FURUKAWA et al., 2006).
O uso do cogumelo integral permite a ingestão de diferentes substâncias
presentes no cogumelo, que tem função antitumoral. Como é o caso da fração
lipídica ergosterol (TAKAKU, KIMURA e OKUDA, 2001). Existem ainda diversos
estudos que relatam a presença de mais de um polissacarídeo com função
antitumoral, que é o caso do A. brasiliensis. A combinação dessas respostas
envolvendo diferentes substâncias pode promover uma maior inibição tumoral do
que um único polissacarídeo, sugerindo que o uso do cogumelo integral permite a
potencialização ou até mesmo o efeito sinérgico de substâncias na prevenção e no
tratamento do câncer (BORCHERS, KEEN e GERSHWIN, 2004).
29

2.3.1 Agaricus brasiliensis

Dos cogumelos nativos do Brasil comercialmente cultivados, o Agaricus


brasiliensis (WASSER et al., 2002), tem chamado a atenção do mundo, em especial
pelas suas propriedades imunomoduladoras, antitumorais e metabólicas (KIMURA et
al., 2006). Esta espécie pertence à ordem agaricales, com cerca de
trezentos gêneros e aproximadamente cinco mil espécies (DONINI, BERNARDI e
NASCIMENTO, 2006).
A denominação dessa espécie de cogumelos comestíveis apresenta muitas
divergências. A espécie A. blazei foi descrita, pela primeira vez, por Murrill, em 1945
e coletada em Gainesville, na Flórida (EUA). Os espécimes coletados no Brasil
foram descritos por Heinemann (1993), que os identificou como da mesma espécie
encontrada nos EUA. Entretanto, estudos taxonômicos posteriores demonstraram a
existência de diferenças entre as espécies coletadas nos EUA, em 1945 e as
originárias do Brasil, coletadas na década de 1960, consideradas suficientes para
justificar a proposição de uma espécie nova, o A. brasiliensis (Wasser et al., 2002).
A proposta para alterar a denominação A. brasiliensis foi adotada por muitos
pesquisadores.
No Japão este cogumelo é conhecido como cogumelo “Himematsutake” e nos
Estados Unidos como cogumelo “Royal Agaricus”, “Royal Sun Agaricus” ou “Almond
Portobello”. No Brasil é popularmente conhecido como cogumelo do sol, cogumelo
Piedade, cogumelo de Deus, Agaricus blazei Murill (sensu Heinemann) e, mais
recentemente, Champignon do Brasil (AMAZONAS, 2004). A Figura 1 apresenta os
corpos de frutificação desse cogumelo em diferentes estágios de maturação.
30

FIGURA 1 - CORPOS DE FRUTIFICAÇÃO DO COGUMELO A. brasiliensis EM DIFERENTES


ESTÁGIOS DE MATURAÇÃO
FONTE: ROSA (2002)

Wasser et al. (2002) propuseram a seguinte classificação taxonômica:


- Reino: Fungi
- Divisão: Basidiomycota
- Subdivisão: Homobasidiomycetidae
- Ordem: Agaricales
- Família: Agaricaceae
- Gênero: Agaricus
- Subgênero: Flavoagaricus
- Seção: Majores
- Subseção: Flavescentes
- Espécie: Agaricus brasiliensis
O cogumelo A. brasiliensis é de ocorrência natural nas regiões serranas da
Mata Atlântica do sul do Estado de São Paulo e foi descoberto na cidade de Piedade
em 1960, e enviado para o Japão, em 1965, para o estudo das suas propriedades
medicinais (HERRERA, 2001; EIRA, 2003). Com a descoberta das suas
propriedades anti-tumorais, comprovadas em cobaias, o Japão passou a importar
esse cogumelo do Brasil. Devido ao seu elevado preço no mercado internacional,
muitas empresas e produtores rurais passaram a buscar nesse cogumelo uma nova
alternativa de renda (DIAS, ABE e SCHWAN, 2004).
O Brasil se destaca como o maior produtor mundial de A. brasiliensis, por ser
uma espécie nativa, apresentando as condições climáticas favoráveis para o seu
cultivo (TOMIZAWA, et al., 2007). Do total da produção nacional, 80% são
31

destinados à exportação, principalmente para o Japão, e 20% são comercializados


no mercado interno. Destes, cerca de 60% são vendidos pela Internet apenas
desidratados (em pó ou fatiados), por intermediários ou pelo próprio produtor. Os
40% restantes são destinados às indústrias, onde são transformados em extratos ou
comprimidos e comercializados em farmácias (em geral nas que comercializam
produtos naturais), por telemarketing ou pela Internet (HERRERA, 2001).
A expansão de seu cultivo tem sido verificada em várias regiões do Brasil,
visando abastecer, principalmente, o mercado japonês, uma vez que os
importadores japoneses consideram o produto brasileiro de melhor qualidade e mais
eficaz do que o produto chinês (AIHARA, 2009). Outros mercados também já são
abastecidos com o cogumelo, sendo encontradas referências de sua
comercialização em países como Austrália, Bolívia, Alemanha, África do Sul,
Tailândia, Estados Unidos, Índia e Coréia (HERRERA, 2001). Outro mercado em
crescimento é o interno que, apesar de ser principalmente informal, vem
conquistando seu espaço nos jornais impressos e também nas emissoras de
televisão (ROSA, 2006).
Em contraste com a insuficiência de oferta do produto, o mercado mundial é
altamente promissor para os fungicultores brasileiros. A demanda interna encontra-
se em fase de expansão, notadamente a partir do reconhecimento recente pelo
Governo Federal das propriedades nutracêuticas desse cogumelo, e pela divulgação
das qualidades e propriedades do produto pela mídia (HERRERA, 2001).
Ressalta-se ainda a importância de se inserir o A. brasiliensis e seus
derivados junto ao setor supermercadista, que é um importante canal de introdução
de novos produtos e variedades. É necessário destacar que, nesse mercado, há
nichos mercadológicos de consumo altamente sofisticados, os quais têm dado
suporte ao surgimento de iniciativas comerciais arrojadas, como as seções de
dietéticos, produtos orgânicos e alimentos importados (HERRERA, 2001).
Dentro do enfoque da cadeia produtiva brasileira, as intenções das indústrias
são de aumentar e diversificar a oferta de produtos industrializados do cogumelo,
competitivamente no mercado internacional, por um lado pela obtenção junto aos
produtores de matérias-primas com alta qualidade e de adequado rendimento
industrial, e por outro pelo desenvolvimento tecnológico de novos e eficientes
equipamentos, métodos, processos, produtos e embalagens. Além disso, pretendem
32

obter e consolidar posições crescentes no mercado, através de diferenciação,


inovação e marketing permanentes de seus produtos e marcas (HERRERA, 2001).
O cogumelo A. brasiliensis é comercializado desidratado em pó ou fatiado e
seu uso é indicado como suplemento alimentar e como “nutracêutico”, considerando
suas propriedades nutricionais (alimento funcional); é consumido também na forma
de chá (extrato aquoso quente) ou na forma de suco (extração aquosa a frio), a
partir da infusão dos cogumelos já secos em água. Quando inteiros os cogumelos
são geralmente adicionados em sopas e molhos (EIRA, 2003).
O consumo brasileiro de A. brasiliensis ainda é muito baixo, porém, o seu
valor nutricional e medicinal, aliado às características peculiares quanto ao seu
sabor, fragrância de amêndoas (doce e fresca) e excelente textura, o tornam
particularmente adequado a inúmeras aplicações culinárias, sendo um dos
cogumelos cultivados mais valorizados no mercado mundial (STIJVE, AMAZONAS e
GILLER, 2002). Segundo Siqueira (2002), especialista em gastronomia de
cogumelos, o A. brasiliensis possui sabor adocicado, combinando bem com
alimentos doces, temperados com cravo, canela e erva-doce, podendo ser
acrescentado às receitas de bolos, compotas de frutas, gelatinas, biscoitos doces e
outros.
O consumidor de cogumelos tem um perfil psicológico extremamente variado,
indo desde aquele que o utiliza como complemento alimentar até os que acreditam
em seu poder de cura de enfermidades. No entanto, devido ao preço relativamente
alto no mercado varejista, os seus principais consumidores pertencem à classe
média de poder aquisitivo maior. As campanhas de marketing realizadas em
algumas emissoras de televisão brasileiras vêm permitindo sua incorporação num
grupo populacional de menor poder aquisitivo, contribuindo assim para a sua
disseminação, valendo-se do efeito multiplicador desses consumidores. Ainda
assim, o consumo de cogumelos medicinais no Brasil é insignificante quando
comparado com outros países (HERRERA, 2001).
Não existe de fato uma preocupação com o mercado, com o desenvolvimento
de novos equipamentos para o cultivo e novos produtos à base de cogumelos. O
estudo realizado por Herrera (2001) observou que existem inúmeras oportunidades
para o setor nos próximos anos, sendo que a diversificação da linha de produtos
com agregação de valor foi considerada das mais importantes. Evidencia-se,
portanto, a existência de um grande mercado potencial, que prontamente pode
33

absorver iniciativas comerciais e a introdução de novos produtos, desde que haja


preços favoráveis.

2.3.1.1 Agaricus brasiliensis – Composição química e nutricional

Estudos têm comprovado que o valor nutritivo dos cogumelos, apesar da


variabilidade apresentada entre as espécies estudadas, é considerado de qualidade
para uma dieta balanceada (MANZI et al., 1999).
Os cogumelos apresentam um alto teor de umidade, caracterizando-se como
um produto altamente perecível (BRAGA et al., 2005). Por essa razão, devem ser
submetidos a processos industriais para serem comercializados. O processo de
secagem tem a finalidade de reduzir a umidade do produto, proporcionando
armazenagem prolongada, segura e livre da contaminação por microrganismos. Os
cogumelos frescos chegam a apresentar umidade inicial de 85 a 95% e, quando
desidratados, de 5 a 20% (SAMPAIO e QUEIROZ, 2006).
O basidiocarpo desidratado do A. brasiliensis contém 40% a 45% de
proteínas, 38% a 45% de carboidratos, 28% de fibras alimentares, 5% a 7% de
cinzas e 3% a 4% de lipídios. Apresenta ainda as vitaminas B1, B2 e niacina. O
principal componente mineral do fungo é o potássio, mas congrega ainda fósforo,
magnésio, cálcio, sódio, cobre, boro, zinco, ferro, manganês e molibdênio
(PEDROSO e TAMAI, 2001).
Apesar de apresentarem quantidades reduzidas de gorduras totais, possuem
alta porcentagem de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) e baixos teores de
ácidos graxos saturados e não contem colesterol (BORCHERS et al., 1999). Dentre
os lipídios destacam-se os esteróis, principalmente o ergosterol (0,1 a 0,2%), o qual
é convertido em vitamina D2, e o ácido linoléico (70 a 80% dos lipídios totais)
(MIZUNO, 1995). Estudos epidemiológicos demonstram que populações com maior
ingestão de PUFA possuem redução significativa na incidência e mortalidade por
câncer quando comparadas com populações com menor ingestão desses nutrientes
(ROYNETTE et al., 2004).
O A. brasiliensis contém elevados teores de proteínas, sendo considerado
superior à maioria dos vegetais e semelhante aos produtos de origem animal. Além
do alto teor protéico, os cogumelos são considerados alimentos de alto valor
34

biológico, uma vez que possuem todos os aminoácidos essenciais além de arginina,
glutamina, dentre outros (CHANG e BUSWELL, 1996; SADLER, 2003). Dentre os
aminoácidos essenciais destacam-se a presença de metionina e cistina, os quais
estão presentes em pequenas quantidades ou ausentes na maioria das
leguminosas. Portanto, o consumo de cogumelos associado ao consumo de
leguminosas, como a soja, é recomendado para balancear os níveis de aminoácidos
essenciais na dieta.
Zhong et al. (1999) avaliou o teor de aminoácidos essenciais no corpo de
frutificação do cogumelo A. brasiliensis e verificou que eles totalizam 42,8% do total
de aminoácidos presentes. Eles também concluíram que o cogumelo possui um
valor de aminoácidos equilibrado, conforme dados apresentados na Tabela 1, onde
são comparados com os valores mínimos de aminoácidos essenciais.

TABELA 1 - AVALIAÇÃO DE AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS DO CORPO DE FRUTIFICAÇÃO SECO


DE A. brasiliensis
Aminoácidos essenciais Valores de aminoácidos (mg/g proteína)
(EAA) Referência Proteína A. brasiliensis
(FAO/WHO, 1973)
Ile 40 49,8
Leu 70 66,3
Lys 55 51,2
Met e Cys 35 64,9
Phe e Tyr 60 65,7
Thy 40 45,4
Trp 10 11,9
Val 50 44,6
FONTE: Zhong et al. (1999)

Segundo estudo realizado por Kim et al. (2009), o cogumelo A. brasiliensis foi
o cogumelo medicinal que apresentou a maior concentração de aminoácidos livres
entre as 10 espécies de cogumelos que eles avaliaram. Ele ainda foi a espécie que
apresentou a maior concentração de aminoácidos essenciais.
Apesar da boa composição de aminoácidos das proteínas do cogumelo A.
brasiliensis, o valor de digestibilidade encontrado por Henriques, Simeone e
Amazonas (2008) pode ser considerado baixo (70,2%), porém é um preditivo das
interferências que podem ocorrer durante o processo de digestão e absorção de
alimentos com teores significativos de fibra alimentar e de matriz constituída de
arranjos complexos, nos quais há a probabilidade de interações de nutrientes entre
si e com fatores antinutricionais.
35

O cogumelo A. brasiliensis também apresenta altos teores de fibras


alimentares, em média de 20 a 28%, como as beta glicanas, quitina, hemiceluloses e
pectina. Estudos têm sugerido que esses polissacarídeos possuem efeito
antitumoral, ação hipoglicêmica e imunomoduladora (MIZUNO, 2002).

2.3.1.2 Agaricus brasiliensis – Valor medicinal

Os cogumelos têm sido reconhecidos por suas propriedades medicinais há


muitos séculos. Muitos compostos naturais têm sido estudados a fim de se conhecer
suas propriedades antimutagênicas, e incluí-los na dieta humana, com o intuito de
prevenir ou auxiliar no tratamento de doenças. Entre eles, cita-se o basidiomiceto A.
brasiliensis (WASSER et al., 2002).
Esse cogumelo tem atraído o interesse da indústria por apresentar em sua
composição diversas substâncias com propriedades medicinais, as quais permitem
que ele seja comercializado como suplemento alimentar, alimento funcional e
nutracêutico (AMAZONAS e SIQUEIRA, 2003; WASSER e DIDUKH, 2004). Dentre
as espécies de cogumelos medicinais pesquisados, o A. brasiliensis é um dos que
possuem o maior grupo de substâncias ativas, dentre as quais se destacam os
polissacarídeos e as proteoglicanas (SANTA, 2006).
Estudos realizados no Japão com animais em laboratório, utilizando frações
extraídas de corpos de frutificação de A. brasiliensis, apontaram para uma possível
substância constituída de polissacarídeos de ligação beta (beta glicanas),
associados a determinadas proteínas e denominada de complexo glucano protéico,
mostrando possuir uma forte atividade antitumoral (WASSSER e DIDUKH, 2005).
Diversos estudos têm sido realizados para verificar o poder medicinal do
cogumelo A. brasiliensis quanto às seguintes propriedades: atividade antitumoral
(KIMURA et al., 2005; VERÇOSA JUNIOR et al., 2007; GONZAGA et al., 2008; NIU
et al., 2009), estimulação do sistema imunológico (TAKAKU e KIMURA; OKUDA,
2001; AHN et al., 2004; KANENO et al., 2004; BELLINI, 2005), atividade antioxidante
(IZAWA e INOUE, 2004), ação antimutagênica (DELMANTO et al., 2001; LUIZ et al.,
2003; GUTERREZ et al., 2004), atividade antiviral (SORIMACHI et al., 2001), ação
antiinflamatória (PADILHA et al., 2009), atividade anti-hipertensiva (WATANABE et
al, 2003; SINGI et. al., 2006), redução nos níveis séricos de glicose e decréscimos
36

na concentração sérica do colesterol total, triacilgliceróis e no fator de risco de


problemas cardiovasculares em ratos, com concomitante aumento no HDL (KIM et
al., 2005).
Essas atividades estão relacionadas a uma ampla gama de substâncias,
como ésteres, ácido linoléico e oléico, proteínas, enzimas, vitaminas e
polissacarídeos (DELMANTO et al., 2001; LUIZ et al., 2003; MATSUI et al., 2003;
CHEN, SHAO e SU, 2004; GUTERREZ et al., 2004; BRUM, 2005).
De acordo com Takaku, Kimura e Okuda (2001), o cogumelo A. brasiliensis é
utilizado por cerca de 300 a 500 mil pessoas no Japão para a prevenção do câncer
e/ou como produto natural medicinal complementar na quimioterapia após a
remoção de tumores malignos.
Estudos clínicos, no Japão e China realizados entre 1992 e 2003,
demonstraram que pacientes com tumores malignos que utilizaram A. brasiliensis,
juntamente com tratamento quimioterápico ou radioterápico, diminuiram os efeitos
colaterais em comparação ao grupo de pacientes que utilizaram somente o
tratamento quimioterápico (CAMELINI, 2005).
AHN et al. (2004) observou que a utilização do A. brasiliensis aumentou o
número das células “natural killer” quando comparado com grupo tratado com as
drogas anticâncer, mas sem o uso do extrato do cogumelo. As células “natural killer”
exercem uma importante função no sistema de defesa dos seres humanos e são
responsáveis por inibir o desenvolvimento de tumores e sua disseminação em
diferentes órgãos. Estudo recente, realizado em animais, demonstrou que a β-
glicana do cogumelo A. brasiliensis além de inibir o crescimento do tumor pela
estimulação do sistema imune, também atua diretamente como antitumoral
(KOBAYASHI et al., 2005).
Segundo estudo realizado por Wasser (2002a), o A. brasiliensis demonstrou
ser um dos cogumelos anticancerígenos mais efetivos quando comparado com
outros como Shiitake, Maitake (Grifola frondosa), Reishi, entre outros. As pesquisas
atuais apontam o potencial do emprego de A. brasiliensis como nutracêutico,
alimento funcional e suplemento dietético (RIBEIRO e SALVADORI, 2003; ADA,
2004).
37

2.4 FARINHA DE TRIGO INTEGRAL

Os cereais são alimentos de origem vegetal, constituídos de grãos e


largamente consumidos pelos povos do mundo todo. Os principais cereais
cultivados, arroz, trigo, milho, aveia, centeio, cevada, são muito consumidos por
fazerem parte do hábito alimentar de diversos povos, pela facilidade de cultura,
conservação, transporte, rendimento, por serem de baixo custo, pelo alto valor
nutritivo e pela grande variedade de formas de utilização (PHILIPP, 2003).
Historicamente, o trigo foi o primeiro produto agrícola utilizado no
processamento de alimentos. É um cereal fasciculado, pertencente à família Poácea
e ao gênero Triticum, possuindo diversas espécies. Os grãos de trigo têm tamanhos
e cores variáveis, e apresentam formato oval com as extremidades arredondadas
(POSNER, 2000). A Figura 2 mostra a estrutura do grão de trigo em corte
longitudinal.

FIGURA 2 - ESTRUTURA GERAL DO GRÃO DE TRIGO


FONTE: Adaptado de McKevith (2004)

Os grãos se desenvolvem a partir de flores das Poáceas, e se dividem


tecnologicamente, em três partes: o germe (3% do grão), o endosperma (83% do
grão) e o pericarpo ou farelo (14% do grão) (POSNER, 2000; MCKEVITH, 2004;
MOUSIA et al., 2004). O endosperma é a principal porção do grão, sendo constituído
de amido e proteínas de reserva e circundado pela camada aleurona (MCKEVITH,
2004).
O cultivo de trigo tem grande importância no sistema agrícola do Brasil, sendo
o estado do Paraná o maior produtor nacional (GUARIENTI et al., 2003). O trigo
também possui um importante papel no aspecto nutricional da alimentação humana,
pois a sua farinha é largamente utilizada na indústria alimentícia. (FERREIRA, 2003;
38

GIECO, DUBKOVSKY e CAMARGO, 2004). A farinha facilita o consumo deste


cereal, principalmente, porque possibilita a melhor utilização de suas excelentes
propriedades tecnológicas e nutricionais (POSNER, 2000).
A instrução Normativa nº 8, de 2 de junho de 2005, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), define farinha de trigo como o
produto elaborado com grãos de trigo (Triticum aestivum L.) ou outras espécies de
trigo do gênero Triticum, ou combinações por meio de trituração ou moagem e
outras tecnologias ou processos (BRASIL, 2005b).
A fabricação da farinha de trigo consiste fundamentalmente na separação e
transformação, por processos físicos, do endosperma do grão de trigo em farinha.
Essa transformação ocorre efetivamente nas etapas de preparação e moagem. A
moagem é dividida nas etapas de trituração, redução e compressão, e tem por
objetivo separar o endosperma do germe e do farelo, reduzir endosperma a farinha e
obter o máximo em extração com o melhor rendimento industrial (PEREIRA, 2001).
A legislação brasileira determina que o produto elaborado com grãos de trigo
(Triticum aestivum L.) ou outras espécies de trigo do gênero Triticum, ou
combinações por meio de trituração ou moagem e outras tecnologias ou processos a
partir do processamento completo do grão limpo, contendo ou não o germe deve ser
denominado de farinha de trigo integral. Esta deve apresentar teor máximo de cinzas
de 2,5%, teor mínimo de proteína de 8,0% e umidade máxima de 15% (BRASIL,
2005b).
Durante o processo de refinamento do grão de trigo, muitos nutrientes como:
fibras, proteínas, vitaminas, minerais entre outros, são perdidos. Por exemplo, o
farelo e o germe juntos constituem 17% do peso total do grão de trigo, porém,
apresentam 80% do conteúdo de fibras do grão e muitos outros nutrientes. A farinha
de trigo integral contém todas as partes do grão: o farelo, o germe e o endosperma,
enquanto que a farinha de trigo refinada contém apenas o endosperma,
consequentemente, a maior parte do valor nutricional do grão é perdida durante o
processo de moagem (JACOBS JUNIOR e STEFFEN, 2003).
A qualidade das farinhas pode ser avaliada considerando diversas
características físico-químicas como umidade, cinzas, lipídios, proteínas, fibras e
índice de acidez, que podem ser indicadores de identidade dos tipos de farinha
disponíveis no comércio. Estas propriedades refletem o efeito do beneficiamento e
39

podem ser empregadas para avaliar a qualidade tecnológica e nutricional do produto


(VIEIRA, BADIALE- FURLONG e OLIVEIRA, 1999).

2.4.1 Farinha de trigo integral – Composição química e nutricional

A composição química dos grãos de trigo varia amplamente dependendo do


ambiente, solo e variedade (MCKEVITH, 2004). O farelo é rico em pentosanas,
celulose e minerais; a aleurona é constituída, principalmente, de minerais (fósforo),
proteína, lipídios, vitaminas (niacina, tiamina, riboflavina) e enzimas; o endosperma é
composto basicamente de amido e proteína; e o gérmen tem alto conteúdo de
proteína, lipídios, açúcares redutores, minerais e vitaminas do complexo B e E
(POSNER, 2000).
Os cereais contribuem com 50% da ingestão calórica e com 45% de proteínas
ingeridas no mundo; e o trigo, um pouco menos que 20% do total de calorias e
proteínas. Em geral, o conteúdo de proteínas das frações do trigo é maior no
gérmen, seguido pelos farelos, farinha integral e farinha branca (LEVI-COSTA et al.,
2005).
A farinha de trigo consiste principalmente de amido (70-75%), água (14%) e
proteínas (10-12%). Apresenta também polissacarídeos não amiláceos (2-3%) e
lipídios (2%), os quais estão presentes em menor quantidade, mas são importantes
na produção de alimentos derivados de farinha de trigo (GOESAERT et al., 2005).
O conteúdo de umidade é um dos fatores mais importantes que afetam a
qualidade do grão de trigo e seus produtos (RASPER e WALKER, 2000). É
desejável controlar a umidade da farinha de trigo, para que não seja superior a 15%
de umidade (BRASIL, 2005b), não só por motivos econômicos, uma vez que a
mesma é comercializada em base úmida, mas também por sua importância na
conservação e processamento (ORTOLAN, 2006).
Os cereais, especialmente o trigo, constituem uma rica fonte de
polissacarídeos complexos, sendo a mais abundante e econômica fonte de energia
para o homem (SHELTON e LEE, 2000). O amido é o polissacarídeo de reserva
mais abundante em muitas plantas, e conforme Svihus, Uhlen e Harstad (2005),
seus maiores componentes são polímeros de glicose: amilose e amilopectina.
40

Dentre as proteínas, as albuminas e globulinas (proteínas solúveis)


representam cerca de 10 a 15% da proteína total do trigo (endosperma), resultando
em uma farinha com altos índices de lisina, arginina e outros aminoácidos
(CAMARGO, FRANCISCHI e CAMPAGNOLLI, 1997). Já as gliadinas e gluteninas,
representam cerca de 85% das proteínas totais do trigo (VERAVERBEKE e
DELCOUR, 2002). A gliadina é responsável pela coesividade da massa, pois
apresenta pouca ou nenhuma resistência à extensão (TEDRUS et al., 2001) Já a
glutenina fornece a propriedade de resistência à extensão da massa, por ser elástica
e coesiva (VERAVERBEKE e DELCOUR, 2002).
A qualidade protéica da farinha de trigo integral foi avaliada por Miranda e El-
dash (2002) através da digestibilidade in vitro, e encontraram valor de 88%. Eles
também observaram os teores de aminoácidos essenciais, conforme dados
apresentados na Tabela 2, onde são comparados com os valores mínimos de
aminoácidos essenciais.

TABELA 2 - AVALIAÇÃO DE AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS DA FARINHA DE TRIGO INTEGRAL


Aminoácidos essenciais Valores de aminoácidos (mg/g proteína)
(EAA) Referência Proteína Farinha de trigo integral
(FAO/WHO, 1973)
Ile 40 34,9
Leu 70 69,4
Lys 55 27,7
Met e Cys 35 64,0
Phe e Tyr 60 62,8
Val 50 44,3
FONTE: Miranda e El-Dash (2002).

O conteúdo de lipídios dos grãos de trigo varia de 2 a 4% (ARAÚJO et al.,


1996) e não estão distribuídos de maneira homogênea no grão. De acordo com
Prabhasankar e Rao (1999), os lipídios se encontram, geralmente, em maiores
proporções na camada aleurona e no gérmen do grão de trigo, resultando na
variação dos teores dos mesmos nos diferentes tipos de farinha.
O conteúdo mineral, mais comumente conhecido como cinzas, é considerado
um importante critério de qualidade da farinha de trigo (RASPER e WALKER, 2000).
Embora não seja diretamente responsável pelo desempenho tecnológico da farinha,
ele serve como um indicador do grau de separação do endosperma e do farelo
durante o processo de moagem, porque a aleurona e o farelo possuem maiores
teores de minerais que o endosperma (POSNER, 2000). A maior concentração de
41

minerais situa-se na parte externa do grão, no farelo; daí conclui-se que, quanto
maior a quantidade de farelo na farinha, maior será o teor de cinzas resultante
(GUARIENTI, 1996).
A farinha integral apresenta cerca de 2 - 2,5% de lipídios e um teor maior de
cinzas, devido ao processo de moagem das cascas (SERVIÇO BRASILEIRO DE
RESPOSTAS TÉCNICAS, 2007).
Os grãos integrais são fontes de carboidratos fermentáveis, incluindo a fibra
alimentar, amido resistente e oligossacarídeos. O trigo é pobre em fibra solúvel
quando comparado a maioria dos grãos. O refinamento dos grãos resulta em um
baixo teor de fibra alimentar e remove proporcionalmente mais fibras insolúveis do
que solúveis (SLAVIN, 2003).
Os grãos integrais são ricos em muitos compostos, incluindo fibra alimentar,
amido, lipídios, substâncias antioxidantes, vitaminas, minerais, lignina e compostos
fenólicos que vem sendo associados à redução do risco de doenças
cardiovasculares, câncer, diabetes, obesidade e outras doenças crônicas. A maioria
desses componentes está presente no germe e farelo, os quais são retirados no
processo de refinamento do grão (SLAVIN, 2003).
Tradicionalmente, o consumo de alimentos integrais vem sendo estimulado. A
principal razão para o uso desses produtos é o alto teor de fibras e seus benefícios à
saúde. Um estudo com grãos de trigo revelou que os grãos integrais possuíam maior
capacidade antioxidante quando comparados aos grãos refinados. Como a
concentração de substâncias antioxidantes reduz drasticamente durante o processo
de refinamento, os autores sugerem que os compostos fenólicos estão concentrados
nas camadas mais externas do grão, ou seja, que são perdidas no processo de
moagem (LIYANA-PATHIRANA, DEXTER e SHAHIDI, 2006).

2.5 CARNE BOVINA

A carne bovina consiste de músculo comestível, tecido conectivo e gordura


associada, sendo seus mais importantes atributos de qualidade representados pela
maciez, sabor, suculência, porção magra, quantidade de nutrientes, segurança e
conveniência (PRADO, 2004). Contudo, existem diversos fatores que interferem nos
42

componentes físicos e químicos da carne, dentre os quais, sexo, raça, espécie


animal, idade, castração, tipo de músculo, entre outros (PARDI et al., 1995).
No sistema de comercialização predominante no Brasil, os quartos da carcaça
são separados em aproximadamente 20 cortes comerciais (LUCHIARI FILHO,
2000). O patinho é considerado como o corte constituído das massas musculares da
face anterior do fêmur, separado do coxão mole, do coxão duro e da maminha da
alcatra (ABIEC, 2006).
A composição centesimal da carne de bovinos varia de acordo com o músculo
e origem, teor de gordura e o tipo de corte. De forma geral, para uma carne magra, a
composição média é 20% proteínas, 9% gordura, 70% umidade, 1% de cinzas e
menos de 1% de carboidratos (OLIVO, 2004).
A carne bovina apresenta proteínas de alto valor biológico, ou seja, contém
todos os aminoácidos essenciais em uma razão alta para manter as necessidades
do organismo humano (PENSEL, 1998). Com relação aos lipídios, as carnes bovinas
apresentam diferentes teores, variando de 5% a 25% do seu peso. Uma das
discussões mais acaloradas sobre a fração gordura da carne refere-se ao seu teor
de colesterol, motivada pelo receio do seu efeito sobre o desenvolvimento ou
agravamento de doenças coronarianas, e ao fornecimento de ácidos saturados. A
elevação dos níveis de colesterol circulante é preocupante pois está estritamente
associado com as doenças cardiovasculares (RULE et al., 2002). A gordura da
carne bovina é composta em sua maior parte por ácidos graxos saturados e ácidos
graxos monoinsaturados, e somente uma pequena parte de ácidos graxos
poliinsaturados e de ácidos graxos trans (VALSTA, TAPANAINEN e MANNISTO,
2005).
A carne bovina possui todos os minerais, destacando-se a presença de ferro,
fósforo, potássio, sódio, magnésio e zinco. Todos os minerais essenciais ao ser
humano estão presentes na carne bovina, sendo que esses estão mais ligados ao
tecido magro. A carne também apresenta todas as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e
K), as hidrossolúveis do complexo B (tiamina, riboflavina, nicotinamida, piridoxina,
ácido pantotênico, ácido fólico, niacina, cobalamina e biotina) e um pouco de
vitamina C (FEIJÓ, 1999).
O consumo de carne bovina como fonte de proteína animal é um hábito
consolidado no Brasil. De acordo com o ANUALPEC (2006), até 2004 a carne
bovina era o tipo de proteína de origem animal mais consumida no Brasil, porém seu
43

espaço no mercado interno tem sido gradualmente perdido, tanto pela expansão
das carnes de frango e suína, quanto pela preocupação dos consumidores com a
relação à saúde.
A relação entre dieta e saúde está cada vez mais evidente nos trabalhos
realizados sobre o assunto. Com isso, os consumidores têm se mostrado cada vez
mais preocupados e interessados em saber o que realmente estão consumindo
(BRAGAGNOLO, 2001). A última década foi caracterizada por importantes
mudanças nos hábitos alimentares dos consumidores de carne (HOFFMAN et al.,
2003). A busca por alimentos mais saudáveis e a maior exigência em relação à
qualidade dos produtos direcionou parte do nicho de mercado.
Apesar das características nutricionais relevantes encontradas no tecido
muscular animal, é comum a associação entre o consumo alimentar de carne e a
ocorrência de uma série de distúrbios circulatórios, devido a sua composição
química que contém um teor de ácidos graxos saturados e colesterol considerável.
Por outro lado, a coronariopatia é a maior causa de óbito nos Estados Unidos e é
responsável por 80% das mortes cardíacas (MAHAN e ARLIN, 1995). Além disso, A
ingestão excessiva de gordura saturada eleva os níveis de colesterol no sangue
mais do que qualquer outro alimento e, que altos níveis de colesterol aumentam as
chances, ou riscos, de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, hipertensão e
determinados tipos de câncer (JIMENEZ-COLMENERO, CARBALLO e COFRADES,
2001).
As organizações mundiais de saúde vêm promovendo a adoção de dietas
com baixo teor de gordura saturada e colesterol e com conteúdo moderado de
gordura total, como uma forma de prevenção de doenças cardiovasculares (AHA,
2000; USDA, 2000), as quais constituem em uma das principais causas de
mortalidade do mundo.
Em contrapartida, a procura por alimentos semiprontos cresceu rapidamente
nos últimos anos devido sua conveniência, praticidade e facilidade no preparo. Entre
estes alimentos, os produtos derivados da carne bovina são os mais populares, tais
como os hambúrgueres que respondem por cerca de 40% destes produtos
(NASCIMENTO, OLIVEIRA e NASCIMENTO, 2005).
O teor de lipídios das carnes magras encontra-se atualmente abaixo de 5%,
não podendo mais ser considerado como um alimentos um alimento de elevado
valor calórico. No entanto, esse fato não é evidenciado na maioria dos produtos
44

cárneos comercializados, nos quais a porcentagem de lipídios pode chegar até 50%
(CHIZZOLINI et al. 1999).
Além do fator saúde, as criações intensivas de animais que hoje são
firmemente instaladas em países industrializados provocam efeitos colaterais no
meio ambiente que se estendem ao longo da linha de produção – desde o cultivo de
grandes quantidades de grãos para ração até a produção de gases (metano,
principalmente) e esterco (NASCIMENTO, 2007).
Vinnari (2008) cita diferentes estratégias que podem ser adotadas para
reduzir o consumo de carnes, dentre elas está o financiamento para o
desenvolvimento de carnes artificiais e alternativas aos produtos cárneos; aumentar
o conhecimento dos consumidores com relação aos efeitos negativos do consumo
de carnes, estimulando o consumo de novos produtos; criar ações políticos com o
objetivo de esclarecer à população que o consumo de carnes é um desperdício de
recursos naturais e consiste no uso ineficiente das terras. Ainda, o acesso e o
consumo a essas novas fontes protéicas deve ser seguro.

2.6 FAST FOOD – HAMBÚRGUER

Mediante a importância e a popularidade do consumo de carnes, a


transformação destas em produtos industrializados é de suma importância para
praticidade, variedade e balanceamento do cardápio. (COSTA, 2004). O
processamento ou a industrialização consiste na transformação das carnes em
produtos cárneos (TERRA, 1998).
Produtos cárneos processados são aqueles cujas características originais da
carne fresca foram alteradas através de tratamentos físicos e/ou químicos. O
processamento da carne fresca visa à elaboração de novos produtos com a
finalidade de prolongar a vida-de-prateleira, por atuar sobre enzimas de
microorganismos de caráter degradativo. Ele não modifica de forma significativa as
características nutricionais originais, mas atribui características organolépticas como
cor, sabor e próprias de cada processo (ROMANELLI, CASERI e LOPES FILHO,
2002).
45

As tendências no processamento de carnes são na linha de produção de


salsicha e hambúrguer, permitindo grande redução nos custos industriais (TERRA,
1998).
O hambúrguer é definido como o produto cárneo industrializado obtido da
carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e
ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado (BRASIL,
2000).
O produto deve ter como ingrediente obrigatório, carne de diferentes espécies
de animais de açougue (BRASIL, 2000). Segundo Hoogenkamp (1996), os mais
populares são os hambúrgueres de carne bovina, com consumo estimado em cerca
de 50% do consumo total mundial de carne bovina. Os ingredientes opcionais
incluem gorduras animal, vegetal, água, sal, proteínas (animal e/ou vegetal), leite em
pó, açúcares, maltodextrina, aditivos intencionais, condimentos, aromas e
especiarias, além de vegetais, queijos e outros recheios (BRASIL, 2000).
O hambúrguer deve atender as seguintes características físico-químicas:
gordura (máxima) 23,0%; proteína (mínima) 15,0%; carboidratos totais 3,0%; teor de
cálcio (máximo base seca) 0,1% em hambúrguer cru e 0,45% em hambúrguer
cozido (BRASIL, 2000).
As carnes e seus derivados constituem veículo potencial de contaminantes de
natureza biológica, física ou química nas diversas fases de seu processamento,
desde sua origem ou produção primária até as fases de transformação,
armazenagem, transporte e distribuição para o consumo (SILVA, SOUZA e SOUZA,
2004). Por isso, o hambúrguer deve atender os padrões microbiológicos exigidos
pela legislação (BRASIL, 2001).
Nos últimos anos, os hábitos alimentares da população sofreram alterações
motivadas especialmente pelos processos de urbanização, industrialização,
profissionalização das mulheres e diminuição do tempo disponível para a
preparação de alimentos e/ou para o seu consumo. Esse contexto tem favorecido
substancialmente o consumo de produtos industrializados ou preparados fora do
domicílio (LIMA e OLIVEIRA, 2005; FATTORI et al., 2005).
A necessidade de se buscar refeições fora de casa, prontas para o consumo,
produzidas em grande escala e que fossem rápidas e baratas como os
hambúrgueres de carne bovina, tornou opção crescente nas lanchonetes, assim e
nas redes de restaurantes fast food (LIMA e OLIVEIRA, 2005).
46

O fast food é o principal fenômeno de consumo do mundo globalizado e


constitui uma forma de distribuição de produtos cozinhados industrialmente e de
serviços de restaurantes rápidos, cujo produto básico é o hambúrguer. No Brasil, os
estudos e pesquisas têm demonstrado que, em função do fast food, um novo padrão
alimentar está se delineando, com prejuízos dos produtos da dieta tradicional do
povo. O arroz, feijão, a farinha de mandioca, que foram, desde o século XVIII, a
base do cardápio da maioria da população, perdem cada vez mais espaço para os
produtos industrializados e com maior valor agregado (SANTOS, 2006).
A modernidade mudou os hábitos alimentares e o consumo nacional de
hambúrguer congelado tem sido superior, em volume, ao de outros produtos
cárneos congelados (NASCIMENTO, OLIVEIRA e NASCIMENTO, 2005). De acordo
com o Instituto AC Nielsen (2003), o brasileiro consumiu cerca de 42 mil toneladas
de hambúrgueres em 2003. A Tabela 3 mostra o consumo de produtos cárneos
congelados, acumulado dos meses de dezembro a maio dos anos 2005 e 2006.
Destaca-se o hambúrguer como o mais consumido dentre os produtos (PERDIGÃO,
2006).

TABELA 3 - CONSUMO DE PRODUTOS CÁRNEOS CONGELADOS NO BRASIL EM VOLUMES


PRODUTOS 2005 (%) 2006 (%)
Hambúrgueres 41,2 40,2
Nuggets 22,9 21,7
Almôndegas 2,4 2,2
Steak 16,3 18,7
Cortes 9,9 9,9
Kibes 2,4 2,1
Outros 4,9 5,2
FONTE: PERDIGÃO (2006).

O aumento do consumo de hambúrgueres não apenas no Brasil, mas em todo


o mundo, foi responsável pela reativação do consumo da carne bovina. As gerações
mais jovens são menos sensíveis aos argumentos de risco de desenvolvimento de
doenças cardíacas pela ingestão de colesterol, e consomem cada vez mais
hambúrgueres. Estudos têm confirmado a tendência de que mantenham esses
hábitos pelo resto da vida (NASCIMENTO, OLIVEIRA e NASCIMENTO, 2005).
Nos últimos anos especial atenção tem sido dada aos perigos das dietas ricas
em gordura, e como conseqüência, observa-se uma crescente valorização dos
produtos com quantidades reduzidas desse componente. Atualmente se observa
47

uma intensa competição entre os setores de desenvolvimento de produtos nas


indústrias, para oferecer aos consumidores alimentos com baixo teor de gordura e
colesterol. Os produtos cárneos convencionais possuem um alto nível de gordura
(20 a 30%) (SEABRA e ZAPATA, 2002).
A exigência do mercado consumidor por produtos mais saudáveis estimula os
pesquisadores na busca por formulações com baixo teor de gordura e elevados
teores de fibras.
Spencer, Frank e Mcintosh (2005) estudaram quais vantagens para a saúde
os consumidores teriam se os próximos 100 bilhões de hambúrgueres bovinos
distribuídos pela rede de fast food “McDonald`s” fossem substituídos por
hambúrgueres vegetais. Eles verificaram que com essa substituição, as pessoas
teriam consumido um percentual equivalente de calorias, porém, o teor de fibras e
proteínas seria muito maior e ainda, o teor de gordura e gordura saturada seria
muito menor.
O elevado consumo de fast food, cujos alimentos apresentam alta densidade
calórica, alto teor de gordura e baixo teor de fibras vêm sendo associados à
epidemia da obesidade nos Estados Unidos (GRAM et al., 2002). O consumo
elevado de hambúrgueres nos últimos 20 anos contribui substancialmente na
ingestão calórica e de gordura para a epidemia da obesidade nos Estados Unidos e
para a pandemia mundial da mesma (WHO, 2002; BOWMAN e VINYARD, 2004).
Existem evidências de que os produtos vegetais como os hambúrgueres
vegetais são menos prejudiciais à saúde dos consumidores do que os
hambúrgueres tradicionais (bovinos) (SPENCER, FRANK e MCINTOSH, 2005)

2.7 ALIMENTOS FUNCIONAIS

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, as doenças crônicas


figuram como principal causa de mortalidade e incapacidade no mundo, sendo
responsáveis por 59% dos 56,5 milhões de óbitos anuais. São os chamados agravos
não transmissíveis, que incluem doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade,
câncer e doenças respiratórias. Uma mudança nos hábitos alimentares, na atividade
física regular e no controle do fumo resultaria num impacto substancial para redução
48

das taxas dessas doenças crônicas, muitas vezes num período de tempo
relativamente curto (OPAS, 2003).
Os consumidores estão cada vez mais conscientes de que uma dieta
saudável é a melhor maneira de prevenir e auxiliar no tratamento de inúmeras
doenças, contribuindo para o crescimento do mercado dos alimentos funcionais.
Hasler (2000) cita que entre os fatores-chave que explicam o êxito desses alimentos
estão a preocupação crescente pela saúde e pelo bem-estar, mudanças na
regulamentação dos alimentos e a crescente comprovação científica das relações
existentes entre dieta e saúde.
A influência das dietas orientais e mediterrâneas sobre os perfis de morbi-
mortalidade por doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer tem chamada a
atenção do mundo. Assim, estas dietas menos calóricas e lipídicas e mais ricas em
vitaminas e fibras têm sido uma das explicações do porquê a mortalidade por
doenças cardiovasculares é muito menor nos países do Mediterâneo e Oriente em
relação aos países ocidentais (TRICHOPOULOU e VASILOPOULOU, 2000;
WEISBURGER, 2000).
Dentre os países da Ásia, o Japão é o que apresenta o maior índice de
expectativa de vida e uma das menores taxas de incidência de câncer. Esses fatores
estão diretamente ligados ao tipo de alimentação das pessoas, destacando o alto
consumo de cogumelos comestíveis (ARYANTHA, 2005).
A utilização dos cogumelos como alimento funcional tem aumentado
expressivamente nos últimos anos, e o cogumelo da espécie A brasiliensis vem se
destacando por apresentar além das suas propriedades nutricionais e medicinais,
um agradável sabor amendoado e textura muito melhor que as demais espécies de
cogumelos comestíveis (STIJVE et al., 2003).
O termo alimentos funcionais foi inicialmente introduzido pelo governo do
Japão, em meados da década de 1980, como o resultado de esforços para
desenvolver alimentos que possibilitassem a redução dos gastos com saúde pública,
considerando a elevada expectativa de vida da sua população, (ARAYA e LUTZ,
2003) através da busca por maneiras de reduzir a incidência de doenças crônico-
degenerativas (COLLI, 1998). O princípio foi rapidamente adotado no mundo.
Entretanto, as denominações das alegações ou claims, bem como os critérios para
sua aprovação, variam de acordo com a regulamentação local ou regional
(STRINGHETA et al., 2007).
49

Ainda não existe um consenso mundial a respeito do que são os alimentos


funcionais. A definição mais corriqueira afirma, em linhas gerais, que são alimentos
que se caracterizam por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo
inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel
potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônico degenerativas
(TAIPINA, FONTS e COHEN, 2002).
A legislação brasileira não define alimentos funcionais, mas sim as alegações
de propriedades funcionais e de saúde de alimentos e ingredientes para consumo
humano (BRASIL, 1999c). Mesmo sem uma definição oficial, no Brasil há um
consenso de que os alimentos funcionais são alimentos similares ao alimento
convencional, consumidos como parte da dieta usual, capazes de produzir efeitos
metabólicos ou fisiológicos que ajudam a manter a saúde e reduzir o risco de
doenças crônico-degenerativas, além de suas funções nutricionais básicas
(LAJOLO, 2006).
As expressões “alimento funcional” e “alimento com alegações funcionais ou
de saúde”, são as mais utilizadas para designar alimentos que além de nutrir o
organismo, podem produzir efeitos fisiológicos úteis na manutenção da saúde física
e mental. Porém, outros termos/expressões também têm sido usados: alimentos
nutricionais (nutritional foods), alimentos médicos (medical foods) e nutracêuticos
(nutraceulticals) (FRANCO, 2006).
Os alimentos funcionais e os nutracêuticos comumente têm sido considerados
sinônimos, no entanto, os alimentos funcionais devem estar na forma de alimento
comum, serem consumidos como parte da dieta e produzir benefícios específicos à
saúde, tais como a redução do risco de diversas doenças e a manutenção do bem-
estar físico e mental. Por outro lado, os nutracêuticos são alimentos ou parte dos
alimentos que proporcionam benefícios à saúde, incluindo a prevenção e/ou
tratamento de doenças. Podem abranger desde os nutrientes isolados, suplementos
dietéticos na forma de cápsulas, até produtos projetados, produtos fitoterápicos e
alimentos processados (KWAK e JUKES, 2001a).
O alvo dos nutracêuticos é significativamente diferente dos alimentos
funcionais, por várias razões: a) enquanto que a prevenção e o tratamento de
doenças dizem respeito aos nutracêuticos, apenas a redução do risco da doença, e
não a prevenção e tratamento da doença estão envolvidos com os alimentos
funcionais; b) enquanto que os nutracêuticos incluem suplementos dietéticos e
50

outros tipos de alimentos, os alimentos funcionais devem estar na forma de um


alimento comum (KWAK e JUKES, 2001b).
Os alimentos e ingredientes funcionais podem ser classificados de dois
modos: quanto à fonte, de origem vegetal ou animal, ou quanto aos benefícios que
oferecem, atuando em seis áreas do organismo: no sistema gastrointestinal; no
sistema cardiovascular; no metabolismo de substratos; no crescimento, no
desenvolvimento e diferenciação celular; no comportamento das funções fisiológicas
e como antioxidantes (SOUZA, SOUZA NETO e MAIA, 2003).
Kruger e Mann (2003) definem os ingredientes funcionais como um grupo de
compostos que apresentam benefícios à saúde, tais como as alicinas presentes no
alho, os carotenóides e flavonóides encontrados em frutas e vegetais, os
glucosinolatos encontrados nos vegetais crucíferos os ácidos graxos poliinsaturados
presentes em óleos vegetais e óleo de peixe. Estes ingredientes podem ser
consumidos juntamente com os alimentos dos quais são provenientes, sendo estes
alimentos considerados alimentos funcionais, ou individualmente, como
nutracêuticos (BAGCHI, PREUSS e KEHRER, 2004).
Chiarello (2002) ainda cita como exemplo de alimentos funcionais os
alimentos que contribuem para o equilíbrio da flora intestinal, como leites
fermentados contendo bifidobactérias e produtos que possam contribuir para a
manutenção de níveis saudáveis de colesterol e, conseqüentemente, para a
diminuição do risco de doenças cardíacas, como os produtos contendo aveia ou
soja: leite, tofu, misso, extratos, bebidas, sorvetes, sobremesas, hamburgers
vegetais, pratos prontos e outros.
A falta de uma definição oficial de alimentos funcionais é um dos principais
problemas na análise e monitoramento do mercado desse tipo de alimentos
(MENRAD, 2003). De acordo com o instituto de pesquisa AC Nielsen, o setor
registrou um crescimento de mais de 50%, entre 2002 e 2005, no mundo. Nos
Estados Unidos, esse mercado movimenta cerca de 15 bilhões de dólares por ano
(SBAF, 2007).
Pode-se observar certa disparidade entre regiões para a comercialização dos
alimentos funcionais. Assim, o Nafta (Área de Livre-Comércio da América do Norte,
composta por Estados Unidos, Canadá e México) representa 72% do mercado
mundial, contra 12% da União Européia e 14% do Japão – este país demonstrando
um dinamismo histórico (KITOUS, 2003).
51

A situação não é muito diferente no Brasil. Entre as 24 categorias de


alimentos mais vendidos em 2005, 75% estão ligados à saúde (AC NIELSEN, 2007).
Uma pesquisa feita pela Health Focus em 30 países mostra que 44% dos
consumidores brasileiros da classe A e B escolhem seus alimentos com base na
relação que eles têm com a saúde, sendo um dos maiores índices da América Latina
(RAUD, 2008).
Segundo o relatório publicado pelo Nutrition Business Journal (NBJ’s, 2009), o
mercado de alimentos saudáveis para crianças nos Estados Unidos da América em
2008 foi representado em 76% pelos alimentos funcionais, indicando um mercado
potencial para ser explorado.
No Brasil a agência responsável pela regulamentação dos alimentos
funcionais é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ligada ao Ministério
da Saúde. Para responder ao aumento da demanda por registro de alimentos não
convencionais desde o início da década de 90, a Anvisa instituiu, em 1995, a
Comissão de Assessoramento Técnico em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos
(CTCAF) (MATA, 2002), a qual trabalhou na elaboração das seguintes resoluções
sobre o tema:
a) Resolução da ANVISA/MS 16/99 - trata de Procedimentos para Registro de
Alimentos e ou Novos Ingredientes (BRASIL, 1999a);
b) Resolução da ANVISA/MS 17/99 - Aprova o Regulamento Técnico que estabelece
as Diretrizes Básicas para Avaliação de Risco e Segurança de Alimentos (BRASIL,
1999b);
c) Resolução ANVISA/MS 18/99 - Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as
Diretrizes Básicas para a Análise e Comprovação de Propriedades Funcionais e/ou
de Saúde, alegadas em rotulagem de alimentos (BRASIL, 1999c);
d) Resolução ANVISA/MS 19/99 - Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos
para Registro de Alimentos com Alegação de Propriedades Funcionais e ou de
Saúde em sua Rotulagem (BRASIL, 1999d).
e) Resolução ANVISA/MS 02/02 – Regulamenta as substâncias bioativas e
probióticos isolados com alegações de propriedade funcional e/ou de saúde.
(BRASIL, 2002).
Na lista brasileira de alimentos com alegações de propriedades funcionais
encontram-se as fibras alimentares e a beta glicana. A alegação das fibras
alimentares cita que esse nutriente auxilia no funcionamento do intestino, já a
52

alegação da beta glicana, que só está aprovada para a fibra presente na aveia, diz
que esta fibra auxilia na redução da absorção de colesterol (BRASIL, 2008).

2.8 FIBRAS

As frequentes mudanças nos hábitos alimentares e na qualidade da


alimentação da população brasileira, principalmente nos grandes centros urbanos,
estão comprometendo a ingestão adequada de fibras. Essa baixa ingestão está
relacionada principalmente à correria do dia a dia que influencia de forma negativa o
estilo de vida das pessoas, contribuindo para o maior consumo de produtos
refinados, menor frequência de alimentos naturais na dieta e a substituição de
refeições caseiras por lanches rápidos (fast foods), na maioria das vezes gordurosos
e desbalanceados (BUENO, 2005).
Ainda, segundo BARRETO e CYRILLO (2001) as três últimas décadas
mostraram a substituição crescente de proteínas vegetais por de origem animal, e
de carboidratos por lipídios nas sete maiores regiões metropolitanas do País,
indicando elevação nos riscos potenciais de doenças crônico-degenerativas.
Segundo a Associação Dietética Americana, o consumo de fibra alimentar associado
a uma dieta balanceada, rica em carboidratos e pobre em lipídios é importante para
promover a saúde, diminuindo o risco de doenças crônico-degenerativas (ADA,
2002).
A American Association of Cereal Chemists (AACC) definiu fibra alimentar
como a parte comestível das plantas ou análogos carboidratos que são resistentes à
digestão e absorção pelo intestino delgado humano, com fermentação parcial ou
total no intestino grosso”. A fibra alimentar inclui polissacarídeos, oligossacarídeos,
lignina e substâncias associadas às plantas. A fibra alimentar promove efeitos
fisiológicos benéficos incluindo laxação, e/ou atenuação do colesterol e glicose no
sangue (AACC, 2003; DUXBURY, 2004).
As fibras podem ser classificadas por suas propriedades de solubilidade em
água sendo denominada fibra solúvel e insolúvel. A fibra alimentar solúvel é
composta por pectinas, beta glicanas, gomas, mucilagens, e algumas hemiceluloses.
Elas apresentam efeito metabólico no trato gastrintestinal, retardando o
esvaziamento gástrico e o tempo de trânsito intestinal, diminuem a absorção de
53

glicose e colesterol, alteram a composição da flora intestinal e o metabolismo


através da produção de ácidos graxos de cadeia curta. Já a fibra alimentar insolúvel
é composta por celulose, lignina e algumas hemiceluloses. Esse tipo de fibra se
destaca por apresentar efeito mecânico no trato gastrintestinal, ou seja, por serem
pouco fermentáveis aumentam o bolo fecal e aceleram o tempo de trânsito intestinal
pela absorção de água (COPPINI et al., 2004).
Os pesquisadores Burkitt e Trowell, na década de 70, relacionaram à falta na
ingestão de fibras a algumas doenças, dentre as quais se destacam câncer de
cólon, constipação e doenças sistêmicas (hiperlipidemia, doença cardiovascular,
diabete e obesidade). Desde então, muitos trabalhos vêm comprovando os
benefícios das fibras para manutenção da saúde e prevenção de doenças
(JENKINS, WOLEVER e JENKINS, 2003).
O consumo de alimentos ricos em fibras tem sido associado à redução dos
níveis plasmáticos de colesterol (GRIZARD, DALLE e BARTHOMEUF, 2001; ALLER
et al., 2004), menor incidência de doenças cardiovasculares (LIU et al., 2002;
PEREIRA et al., 2004) e alguns tipos de câncer (PACHECO e SGARBIERI, 2001),
redução dos níveis de glicose sanguínea, auxiliando no controle da diabetes (ALLER
et al., 2004; SCHULZE et al., 2004), e ainda à redução da incidência da obesidade
(CHAU e HUANG, 2004) e da constipação (DOHNALEK, 2004).
As fibras alimentares estão naturalmente presentes nos cereais, vegetais,
frutas, nozes, entre outros. Dentre os alimentos ricos em fibras, os cereais são uma
das principais fontes de fibra alimentar, contribuindo aproximadamente com 50% da
ingestão de fibra nos países desenvolvidos (LAMBO, OSTE e NYMAN, 2005).
A quantidade de fibra alimentar proveniente dos cereais é bastante variável,
pois depende do processamento ao qual foi submetido. Como exemplo, pode-se
citar a farinha de trigo, que apresenta 2,5g/100g de fibra alimentar quando refinada,
e 12g/100g quando na forma de farinha integral, na qual a maior parte das fibras
encontra-se na forma insolúvel, as quais são perdidas no processo de refinamento
(RODRÍGUEZ et al., 2006).
A recomendação de ingestão de fibras varia muito, segundo a Associação
Dietética Americana, as recomendações nutricionais propostas para a população
brasileira preconizam o consumo mínimo diário de 20g de fibra alimentar (ADA,
2002), já a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado uma
54

quantidade ideal de fibra alimentar na dieta, de 27 a 40g/dia (média de 33,5 g/dia)


(GARBEROLLI e TORRES; MARSIGLIA, 2003).
Apesar dos benefícios à saúde relacionados à ingestão de fibras, o consumo
de fibra alimentar não é adequado na maioria dos países, inclusive no Brasil. Uma
das formas de incrementar a dieta com fibras é aumentar o consumo de frutas,
legumes, grãos e cereais integrais, obtendo-se dessa forma um consumo equilibrado
de fibras solúveis e insolúveis. A outra forma envolve o uso da Ciência e Tecnologia
de Alimentos na elaboração de produtos processados ricos em fibras, que estão em
ascensão (TUNGLAND e MEYER, 2002).
Além de contribuir no valor nutricional, as fibras alimentares possuem
propriedades tecnológicas que podem ser usadas na formulação de alimentos,
resultando na modificação da textura, realçando a estabilidade do alimento durante a
produção e estocagem, melhorando o rendimento ao conzimento e reduzindo o
custo da formulação (CARBONELL et al., 2005). As fibras ainda podem ser
aplicadas na indústria de alimentos como substitutos de gordura ou como agente
estabilizante, espessante e emulsificante (CHO e DREHER, 2001).
No Brasil, a portaria nº 27, da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária,
estabelece, no regulamento técnico referente à informação nutricional
complementar, que um alimento sólido pode ser considerado fonte de fibra alimentar
quando apresentar no produto pronto 3g/100g (base integral), já para ser
considerado como um alimento com alto teor de fibra alimentar, o produto deve
apresentar o dobro desse valor (6g/100g).
A importância da fibra alimentar resultou no desenvolvimento de um mercado
potencial para produtos ricos em fibras, e recentemente, existe uma tendência dos
pesquisadores em investigar novas fontes de fibras alimentares que podem ser
usadas como ingredientes para o desenvolvimento de novos produtos (CHAU e
HUANG, 2004).

2.9 PROTEÍNAS

A proteína é um polímero de elevado peso molecular, composto de nitrogênio,


carbono, oxigênio e, algumas vezes, enxofre, fósforo, ferro e cobalto. As proteínas
são formadas pela combinação de vinte aminoácidos, sendo unidos entre si por
55

ligações peptídicas (WAITZBERG e LOGULLO, 2004). Além de servirem de


combustível para o crescimento e desenvolvimento do organismo, quando ingeridas
em altas quantidades, as proteínas levam ao fornecimento de energia. Além disso,
as proteínas desempenham muitas outras funções, dentre elas a de regulação do
metabolismo, de transporte de nutrientes, de atuação como catalisadores naturais,
de defesa imunológica, de atuação como receptores de membranas, e muitas outras
(WHO, 2003). Nos alimentos, além da função nutricional, as proteínas têm
propriedades organolépticas e de textura. Podem vir combinadas com lipídios e
carboidratos (CECCHI, 2003).
Apesar de essenciais para o organismo, a funcionalidade metabólica das
diversas proteínas alimentares está intimamente relacionada com a sua composição
em aminoácidos, os quais são a base da estrutura protéica. Por esse motivo, os
aminoácidos são classificados como essenciais, quando a síntese no organismo é
inadequada necessitando ingestão externa para atender as necessidades
metabólicas; e não essenciais, quando o organismo consegue produzi-los a partir de
precursores de carbono e nitrogênio. Existem ainda os que são condicionalmente
essenciais, que são os que podem ser produzidos no corpo, mas ainda devem ser
suplementados em algumas circunstâncias (WAY III, 2000).
A qualidade de uma proteína está relacionada à sua capacidade de suprir as
exigências de aminoácidos do organismo, portanto, depende fundamentalmente da
sua composição de aminoácidos essenciais e da digestibilidade da mesma (LÓPEZ,
KIZLANSKY e LÓPEZ, 2006). Ela pode ser avaliada por métodos químicos,
biológicos e microbiológicos (WAITZBERG e LOGULLO, 2004).
O método mais utilizado para avaliar a digestibilidade protéica é o escore de
aminoácidos corrigidos (PDCAAS), que consiste no produto do escore químico do
aminoácido limitante multiplicado pela digestibilidade verdadeira da proteína.
Recentemente, tem-se considerado este método como sendo o mais usual para a
avaliação da qualidade protéica, por ser um procedimento que combina métodos
químicos e biológicos (SCHAAFSMA, 2005).
Segundo Zarkadas, Karatzas e Khanizadeh (1993), os métodos de ensaios
biológicos tendem a superestimar a qualidade protéica de algumas proteínas
animais para humanos, enquanto subestimam o valor de algumas proteínas
vegetais, uma vez que ratos possuem maiores requerimentos relativos para alguns
aminoácidos essenciais comparados aos humanos.
56

A digestibilidade das proteínas alimentares depende da estrutura da proteína,


da intensidade do processamento térmico e de fatores não protéicos do alimento,
como interação com substâncias fenólicas e teor de fibras. Normalmente, as
proteínas animais têm grande digestibilidade, da ordem de 90%. Já as proteínas
vegetais apresentam menor digestibilidade (BERNO, GUIMARÃES-LOPES e
CANNIATTI-BRAZACA, 2007).
O fato de os alimentos de origem animal não conterem fibra alimentar e
fatores antinutricionais faz com que a velocidade de trânsito intestinal seja mais lenta
e, em conseqüência, obtenha-se maior absorção dos nutrientes (PIRES et al., 2006).
Fatores interferentes presentes em vegetais que agem negativamente na
digestibilidade incluem os inibidores de enzimas digestivas das leguminosas; os
complexantes de aminoácidos, como polifenóis de vegetais que interagem
covalentemente com grupamentos amínicos e limitam a digestibilidade; e o
tratamento térmico da mistura de alimentos que favorece reações químicas
causando a interação e degradação de aminoácidos, ou mesmo formação de
ligações intermoleculares (SGARBIERI, 1996). Esses fatores afetam a
digestibilidade da proteína, diminuindo a sua hidrólise, tornando os aminoácidos
menos disponíveis para serem absorvidos pelo organismo (PIRES et al., 2006).
A maioria das pessoas ingere uma mistura de alimentos em uma refeição,
geralmente combinando “proteínas completas”, de elevada qualidade nutricional,
com “proteínas incompletas”, de menor qualidade nutricional, porém de ampla
distribuição e economicamente mais acessíveis. Em função da possibilidade da
ocorrência de efeitos sinérgicos na qualidade das misturas protéicas, muitos
produtos alimentícios têm sido desenvolvidos buscando otimizar essa interação
nutricional (CASTRO, 1999). A qualidade protéica de misturas de cereais e
leguminosas ou de dietas baseadas nesses vegetais tem sido considerada
adequada em estudos com diferentes proporções e fontes vegetais (MILLWARD,
1999).
A maioria da população mundial vive em países em desenvolvimento, e as
proteínas vegetais constituem a maior fonte de proteínas, com os cereais
predominantes. Dentre eles, trigo (43%), arroz (39%) e mandioca (12%) contribuem
com a maior parte (ROSEGRANT, LEACH e GERPACIO, 1999).
57

A desnutrição permanece como o mais sério problema de saúde pública,


atingindo especialmente a população mais vulnerável com relação ao estágio de
desenvolvimento e condições sócio-econômicas (CINTRA et al., 2007).
Dados recentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
indicam que mais de 25% da população infantil, nos países em desenvolvimento,
apresentam déficit de peso. No Brasil, a má nutrição protéica está associada a 49%
das mortes de crianças até 5 anos.12 Além disso, estudos sobre o déficit de
crescimento em todo o país demonstraram que cerca de 5 a 25% dos escolares
apresentam menor estatura que aquela esperada para a idade, e essa prevalência é
marcada por diferenças regionais e condições sócio-econômicas desfavoráveis. Tais
dados refletem o quadro epidemiológico da desnutrição no país, uma vez que o
déficit de estatura é a medida que melhor representa o estado de saúde e de
nutrição de uma população (LAURENTINO, ARRUDA e ARRUDA, 2003).
De acordo com estudos da SBAN (Sociedade Brasileira de Alimentação e
Nutrição), a recomendação protéica para adultos corresponde a 1,0g/kg de peso/dia
para compensar a qualidade protéica de dietas mistas, cuja digestibilidade
verdadeira é de 80 – 85% e a qualidade aminoacídica 90% (CINTRA et al., 2007).
A atenção do mundo industrializado tem se voltado para as alternativas de
fontes protéicas com baixos teores de gordura e colesterol. (PEDERSEN, 1995).
Além disso, cada vez mais o interesse dos consumidores no desenvolvimento de
substitutos protéicos da carne vem ganhando popularidade (MURPHY et al., 2007).
A Holanda, com o foco no desenvolvimento sustentável, implantou em 1999
um programa multidisciplinar denominado PROFETAS (Protein Foods, Environment,
Technology and Society), que tinha como objetivo investigar se a substituição da
proteína animal pela proteína vegetal na dieta ocidental seria aceita socialmente,
economicamente sustentável e tecnologicamente possível (PIMENTEL e
PIMENTEL, 2003).
Uma das principais conclusões do programa foi que os substitutos das carnes
ou NPF seriam uma possível opção somente se eles não imitassem cortes inteiros
de carnes, mas sim substituíssem ingredientes nas refeições (componentes de
sopas, pizzas, lanches, etc.) (ELZERMAN, 2006).
Os países em desenvolvimento apresentam uma alta incidência de
desnutrição, principalmente pela deficiência de proteínas (FAO, 2006). Segundo
POPPE (2000), cerca de 30% da população da Terra, aproximadamente 1,8 bilhões
58

de pessoas, têm deficiência de proteínas, portanto, existe a necessidade de


descobrir fontes protéicas não-convencionais. Como a taxa média de proteína
encontrada nos cogumelos frescos varia de 4% a 6% e a mesma contém todos os
aminoácidos essenciais, eles poderiam suprir tais deficiências nutricionais.

2.10 TEXTURA

A International Organization for Standardization define a textura de um


produto como todos os atributos reológicos e estruturais (geométricos e superficiais)
perceptíveis pelos receptores dos sentidos mecânicos, tácteis, e quando apropriado,
visuais e auditivos. Em alguns produtos, somente um destes sentidos é usado para
perceber a textura do produto. Em outros, a textura é percebida pela combinação de
todos eles. A textura percebida pelo sentido do tato oral avalia o efeito de
características geométricas de tamanho, forma e orientação das partículas;
características mecânicas de adesividade, coesividade, elasticidade, dureza e
viscosidade; e as mudanças que ocorrem no interior da cavidade oral relacionadas
ao teor de umidade e gorduras do alimento e ao aumento da temperatura na
cavidade (LAWLESS e HEYMANN, 1999).
A textura de um produto pode ser determinada por métodos sensoriais e
instrumentais (ROSENTHAL, 1999), e vem sendo reconhecida como um parâmetro
sensorial multidimensional. Ela pode afetar o processamento, a manipulação, a
conservação e a aceitabilidade de um produto (LAWLESS e HEYMANN, 1999).

2.11 ANÁLISE SENSORIAL

Análise sensorial é definida como a área científica usada para evocar, medir,
analisar e interpretar reações das características dos alimentos e materiais da
maneira como eles são percebidos pelos sentidos da visão, olfato, gosto, tato e
audição e permite comparar, diferenciar e qualificar os atributos sensoriais (ABNT,
1993a; FERREIRA et al., 2000).
Nos últimos anos, a análise sensorial dos alimentos deixou de ser uma
atividade secundária e empírica e enquadrou-se na categoria de disciplina científica,
59

sendo capaz de gerar informações precisas e reprodutíveis, sobre as quais recaem


importantes decisões, relativas à seleção de matéria-prima, modificação,
padronização de métodos e otimização de formulações para desenvolvimento de
novos produtos, tornando-se ferramenta básica para aplicação na indústria de
alimentos (MEHINAGIC et al., 2003). Além dessas aplicações, a análise sensorial
também pode atuar em testes de embalagem e estocagem, estudos de vida-de-
prateleira, controle de qualidade, pesquisa de mercado, testes de preferência do
consumidor, entre outros (ANJOS e ANJOS, 2007).
Os instrumentos da análise sensorial são os sentidos do homem, a palavra
sensus provém do latim e significa “sentido”. A análise sensorial é uma técnica de
medição tão importante quanto os métodos físicos, químicos e microbiológicos.
Sendo fundamental na estatística, filosofia, psicologia e outros ramos da ciência, têm
rigor cientifico associado à experimentação. Sendo assim, ela desempenha um
papel importante em todos os aspectos da ciência e tecnologia de alimentos
(WASZCZYNSKY, 2001).
As propriedades sensoriais dos alimentos têm sido muito valorizadas nas
últimas décadas, pois determinam a aceitabilidade do produto no mercado
consumidor e, portanto, sua viabilidade econômica (GURGEL, 2000). Em adição às
características sensoriais, os consumidores também estão mais exigentes em
relação à qualidade nutricional do que irão consumir (GIL, ENCARNA e KADER,
2006).
A NBR 12994 de julho 1993 classifica os métodos de análise sensorial dos
alimentos e bebidas em discriminativos, descritivos e subjetivos (ABNT, 1993b).
Os métodos discriminativos estabelecem diferenciação qualitativa e/ou
quantitativa entre as amostras. São classificados em testes de diferença
(comparação pareada, triangular, duo-trio, comparação múltipla, ordenação, A ou
não A, dois em cinco) indicando se existe ou não diferença entre as amostras, e
testes de sensibilidade (limites, estímulo constante, diluição) medindo limites de
percepção de estímulos (DUTCOSKI, 2007).
Os testes discriminativos são, em geral, de fácil interpretação, requerem
pouco tempo, são relativamente baratos (LAWLESS e HEYMANN, 1999). As
informações que estes testes fornecem podem ser utilizadas no desenvolvimento de
programas de controle e padrões de qualidade (PEREIRA e AMARAL, 1997).
60

Os métodos descritivos descrevem qualitativa e quantitativamente as


amostras (avaliação de atributos - escalas, perfil de sabor, perfil de textura, ADQ –
análise descritiva quantitativa, tempo-intensidade) (DUTCOSKI, 2007). Os testes
descritivos são utilizados para definir as propriedades dos alimentos e bebidas,
quantificar as propriedades de modo objetivo e proporcionar uma gama de
informações acerca do produto. São de difícil realização, pois necessitam de
treinamento intenso e moroso dos julgadores, além de interpretações de dados mais
trabalhosas (ANJOS e ANJOS, 2007).
Os métodos subjetivos, também chamados de afetivos, expressam a opinião
pessoal do julgador (comparação pareada, ordenação, escala hedônica, escala de
atitude) (DUTCOSKI, 2007).
Os testes afetivos são uma importante ferramenta, pois acessam diretamente
a opinião do consumidor já estabelecido ou potencial de um produto, sobre
características específicas do produto ou idéias sobre o mesmo, por isso são
também chamados de testes de consumidor. Estes testes são aplicados na
manutenção da qualidade do produto, otimização de produtos e/ou processos e
desenvolvimento de novos produtos. (FERREIRA et al., 2000).
Os métodos afetivos não requerem treinamento dos julgadores e são
importantes por expressar a opinião por parte do consumidor. Para uma maior
validade dos resultados se faz necessário um número grande de provadores,
capazes de representar a população dos consumidores atuais ou potenciais do
produto (STONE e SIDEL, 1985).

2.11.1 Teste do Perfil de Características

O perfil de características é um teste objetivo, prático e de fácil aplicação que


avalia numericamente a completa experiência sensorial, incluindo a aparência, cor,
odor, sabor e textura (podendo também ser incluídas outras características
sensoriais, como sabor residual, tato e audição) de um produto comercializado ou
em desenvolvimento (TEIXEIRA, MEINERT e BARBETTA, 1987; MOSKOWITZ,
1998).
Pela limitação de atributos sensoriais medidos por cada julgador, é possível
avaliar, por exemplo, até cinco amostras diferentes em tempo hábil, enquanto que o
61

teste de Perfil de Sabor, por se tratar de um método descritivo, demanda um tempo


elevado para avaliar um atributo de cada vez (MOSKOWITZ, 1998).
É amplamente recomendado em desenvolvimento de novos produtos, para
estabelecer a natureza das diferenças entre amostras ou produtos e no controle da
qualidade (MEILGAARD, CIVILLE e CARR, 1991).
Segundo TEIXEIRA, MEINERT e BARBETTA (1987), a análise dos dados é
feita através da comparação dos valores obtidos em cada atributo, para cada
produto ou amostras analisados. Adicionalmente, este teste faz uso de um tipo
multidimensional de representação visual para mostrar diferenças e similaridades.

2.11.2 Teste de Preferência

O teste de preferência é utilizado quando o objetivo do estudo é a escolha de


um produto frente a outro. Pode ser considerado uma das mais importantes etapas
da análise sensorial, pois representa o somatório de todas as percepções sensoriais
e expressa o julgamento por parte do consumidor sobre a qualidade do produto. Os
testes empregados para a determinação da preferência podem ser o teste pareado,
de ordenação e a escala hedônica. Na presente pesquisa foi aplicado o teste de
preferência por ordenação (DUTCOSKI, 2007).
Conforme a NBR 13170 (ABNT, 1994) o teste de ordenação tem por objetivo
comparar um grande número de amostras para um único atributo com relação à
intensidade deste ou preferência.
Este teste é amplamente utilizado devido a sua simplicidade, facilidade de
interpretação e aplicação. Pode ser aplicado para avaliar, ao mesmo tempo, grande
número de amostras para efeito de comparação entre a preferência e a quialidade
(TEIXEIRA, MEINERT e BARBETTA, 1987).

2.11.3 Teste de Atitude de Compra

O teste de atitude de compra é utilizado para avaliar a aceitação global do


produto, ou seja, o produto como um todo, ou também avaliar a aceitação de
atributos do produto (FERREIRA, et al., 2000).
62

2.12 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

A essência de um bom planejamento consiste em projetar um experimento de


forma que ele seja capaz de fornecer o tipo de informação que se procura. Para isso
é preciso saber o que é necessário definir claramente que objetivo se pretende
alcançar com os experimentos, porque isso determinará o tipo de planejamento
experimental a ser utilizado (BARROS NETO, SCARMINIO e BRUNS, 2003).
Através de planejamentos experimentais baseados em princípios estatísticos,
pode-se extrair do sistema em estudo o máximo de informação útil, fazendo um
mínimo de experimentos. A falta de planejamento experimental muitas vezes é a
causa do insucesso de uma investigação, sendo raros os pesquisadores que
pensam em estatística antes de realizar seus experimentos (BARROS NETO,
SCARMINIO e BRUNS, 2003).
Segundo Montgomery (1991), as técnicas de planejamento e análise de
experimentos são utilizadas basicamente para melhorar as características de
qualidade dos produtos ou processos de fabricação, reduzir o número de testes e
otimizar o uso de recursos da empresa (material, tempo dos funcionários,
disponibilidade de equipamentos, etc.).

2.12.1 Delineamento para misturas

O desenvolvimento de qualquer produto alimentar envolvendo mais de um


ingrediente requer algumas formas particulares de experimentos para misturas em
detrimento aos fatoriais (THOMPSON, 1981). Delineamentos para misturas são
empregados em vários experimentos para o desenvolvimento de produtos. Nestes
ensaios, dois ou mais ingredientes ou componentes são misturados em várias
proporções e as características dos produtos resultantes são registradas. As
respostas dependem, somente, das proporções dos componentes presentes na
mistura e não da quantidade absoluta. Contudo, se há outros fatores, tais como
variáveis de processo ou a quantidade da mistura, que podem ter um efeito na
resposta ou propriedade da mistura dos componentes, tais fatores podem ser
incluídos nos experimentos (PIEPEL e CORNELL, 1994).
63

O planejamento para misturas consiste em ajustar um modelo matemático


polinomial a uma superfície de resposta obtida segundo um planejamento
experimental específico, conhecido como planejamento estatístico de misturas. Essa
denominação é utilizada para diferenciá-lo do planejamento fatorial empregado no
modelamento de variáveis de processo. O planejamento estatístico de misturas
empregado irá depender da complexidade do modelo matemático que se deseja
ajustar e do número de componentes da mistura (CORNELL, 2002).
Em experimentos com misturas não é possível variar um ingrediente ou
componente enquanto se mantém todos os demais constantes. Assim que a
proporção de um componente é alterada, isto ocorre também com outro
componente, uma vez que a soma de todos os componentes é sempre a unidade ou
100%. Por esse motivo, delineamentos experimentais convencionais não podem ser
aplicados (MONTGOMERY e VOTH, 1994).
Os planejamentos experimentais para estudo de misturas têm encontrado
larga aplicação na ciência, na engenharia e particularmente na indústria. A partir de
um delineamento de misturas, a resposta ou propriedade muda somente quando são
feitas alterações nas proporções dos componentes que fazem parte dessa mistura.
Portanto, a finalidade principal de se utilizar essa metodologia é verificar como as
respostas ou propriedades de interesse são afetadas pela variação das proporções
dos componentes da mistura (CORNELL e RAMSEY, 1998; YANG et al., 1999).
O delineamento de misturas visa à diminuição do número de experimentos
necessários para determinação de propriedades ótimas do sistema em estudo. Os
planejamentos experimentais para estudo de misturas têm encontrado larga
aplicação na ciência, na engenharia e em especial na indústria (YANG, LI e WEN,
1997; BARROS NETO, SCARMINIO e BRUNS, 1996).
Com os resultados obtidos no delineamento de misturas, pode-se utilizar
polinômios simplificados, que definem uma superfície de resposta, para relacionar a
propriedade de interesse às diversas proporções utilizadas. Isso possibilita a
previsão quantitativa das propriedades de qualquer formulação no sistema estudado,
fazendo somente alguns experimentos (SCHABBACH et al., 2003).
64

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 MATERIAL

A matriz desidratada do corpo de frutificação do A. brasiliensis, proveniente


do Grupo Agaricus Pilar (GAPI), foi cedida pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA - Florestas). O cogumelo encontrava-se acondicionado em
embalagens de polipropileno.
Os ingredientes utilizados como agentes de sabor: alho e cebola em pó foram
gentilmente cedidos pela empresa Nutrimental situada em São José dos Pinhais –
Paraná e encontravam-se esterilizados em saco de polietileno.
Os aditivos alimentares utilizados foram cedidos pela empresa Germinal
Aditivos para Alimentos LTDA (Amido Modificado, Carboximetilcelulose e Goma
Carragena).
O aroma utilizado nas formulações foi cedido pela empresa Duas Rodas
Industrial situada em Jaraguá do Sul – Santa Catarina.
Os demais ingredientes foram adquiridos no mercado varejista da cidade de
Curitiba – Paraná.

3.2 MÉTODOS

3.2.1 Planejamento Experimental

Para a elaboração das formulações dos hambúrgueres de cogumelo foi


utilizado o delineamento para superfícies limitadas e misturas, módulo do
STATISTICA 7.1, para teoria de misturas com o objetivo de investigar o efeito de
duas variáveis sobre a textura, teor protéico e de fibras do hambúrguer.
As duas variáveis aplicadas foram o cogumelo A. brasiliensis desidratado e a
farinha de trigo integral, mantendo os demais ingredientes com valor fixo na
formulação. Foram realizados testes preliminares para avaliar a quantidade máxima
65

de cogumelo a ser adicionado ao produto, pois o mesmo apresenta sabor e aroma


bastante acentuados que contribuem negativamente na análise sensorial.
Foi estipulado o valor máximo e mínimo para o cogumelo desidratado,
variando de 08 a 12% e para a farinha de trigo integral variando de 22 a 18%, no
total da formulação.
A Tabela 4 mostra as formulações utilizadas de acordo com o delineamento
experimental.

TABELA 4 - FORMULAÇÕES UTILIZADAS

QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE
COGUMELO FARINHA DE TRIGO
FORMULAÇÃO
DESIDRATADO (%) INTEGRAL (%)
01 08,00 22,00
02 (ponto central) 10,00 20,00
03 (repetição do ponto central) 10,00 20,00
04 12,00 18,00

A quantidade dos demais ingredientes utilizados permaneceu inalterada em


todas as formulações. A tabela 5 mostra as porcentagens utilizadas.

TABELA 5 - INGREDIENTES COM VALOR FIXO UTILIZADOS NAS FORMULAÇÕES


INGREDIENTE QUANTIDADE UTILIZADA (%)
Água Mineral 25,00
Tofu 15,00
Proteína Texturizada de Soja 8,00
Cebola em pó 8,00
Alho em pó 6,00
Aroma de ervas finas 2,75
Cloreto de Sódio Refinado 2,00
Gelatina em pó 1,00
Amido Modificado 1,00
Carboximetilcelulose 0,50
Carragena 0,50
Tomilho 0,25
Total 70,00

Para a representação do ajuste dos valores de resposta, utilizou-se o modelo


quadrático, por ter sido significativo para a representação dos parâmetros físico-
químicos. A significância estatística dos modelos foi feita através da análise de variância
66

(ANOVA), ao nível de 5% de confiança e os efeitos foram demonstrados através do


Gráfico de Pareto.
Para fins comparativos foi elaborada uma formulação controle, na qual o
cogumelo A. brasiliensis foi substituído por carne de patinho moída, constituindo
12% da formulação. A quantidade de farinha de trigo integral adicionada foi de 18%
e os demais ingredientes mantiveram a mesma quantidade mencionada acima.

3.2.2 Processamento dos hambúrgueres

O preparo das formulações dos hambúrgueres seguiu a seguinte ordem:


pesagem da matéria-prima e dos ingredientes equivalentes para cada formulação;
mistura de todos os ingredientes; divisão da massa obtida em porções de 50g;
moldagem na forma específica para hambúrguer; acondicionamento em embalagens
plásticas de polietileno e armazenamento em freezer com temperatura inferior a
-18°C até o momento das análises (Figura 3).
Para a realização das análises sensoriais e de textura, os hambúrgueres
congelados foram grelhados durante 8 minutos, em chapa previamente aquecida
untada com pequena quantidade de óleo vegetal de girassol, virando a cada 2
minutos, em temperatura de 170ºC. Para a análise sensorial as amostras foram
embaladas em papel alumínio e mantidas em estufa a 60ºC até o momento da
análise.
67

Matéria – prima e
ingredientes

Análises físico-químicas e
microbiológicas

Pesagem

Adição e mistura dos


ingredientes

Divisão da massa

Moldagem

Embalagem

Congelamento e estocagem

Análises microbiológicas Análises físico-químicas

Análises sensoriais

FIGURA 3 - DIAGRAMA DE FLUXO DA ELABORAÇÃO DO HAMBÚRGUER DE COGUMELO


68

3.2.3 Análises microbiológicas

Com o intuito de verificar as condições higiênico-sanitárias das matérias-


primas e do formulação final, segundo os parâmetros exigidos pela legislação
brasileira (BRASIL, 2001), foram analisados os seguintes microorganismos:
- Bacillus cereus (somente farinha de trigo integral);
- Coliformes a 45ºC;
- Estafilococus coagulase positiva (exceto farinha de trigo integral);
- Salmonella sp, verificado ausência ou presença.
- Bolores e leveduras.
Embora não exigida pela legislação, mas para avaliar as boas práticas de
fabricação, a análise de bolores e leveduras também foi realizada (WHO, 1998).
As análises foram realizadas de acordo com os métodos oficiais descritos
pela AOAC (2000).

3.2.4 Análise sensorial

Os testes de avaliação sensorial foram realizados nas dependências do


Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos da UFPR. As amostras
foram servidas em pratos descartáveis devidamente codificados com números
aleatórios de três algarismos, sendo as formulações 1, 2 e 3 codificadas como 206,
385 e 493, respectivamente. Os julgadores foram recrutados através de convite
verbal e também por escrito em função da disponibilidade e interesse em participar
dos testes.
Participaram dos testes 50 julgadores não treinados que foram previamente
orientados sobre o método e procedimento da avaliação de cada teste. Em todos os
testes, foi oferecida água à temperatura ambiente para todos os julgadores com o
intuito de enxaguarem a boca entre as avaliações, e biscoito de água e sal para
neutralizar o paladar através da limpeza das papilas gustativas.
Para a realização das análises, os hambúrgueres de cogumelo foram
grelhados em chapa previamente aquecida untada com pequena quantidade de óleo
vegetal de canola por um período de 8 minutos, virando a cada 2 minutos, em
69

temperatura de 170°C. As amostras foram embaladas em papel alumínio e mantidas


em estufa a 60ºC até o momento da análise sensorial.
Antes dos julgadores iniciarem os testes sensoriais, eles responderam a um
formulário de coleta de dados criado para determinar o perfil dos mesmos quanto ao
hábito de consumo de cogumelos, o qual pode ser observado na Figura 4.
O objetivo da análise sensorial foi de caracterizar as diferenças entre os
hambúrgueres de cogumelo comparando aleatoriamente as amostras, através do
Teste de Perfil de Características, Teste de Ordenação da preferência e o Teste de
Atitude de Compra.

PERFIL DO CONSUMIDOR

Nome:________________________________________________________________
Data ___/___/___ Sexo: M ( ) F ( )
Idade: ( ) 18 a 25 anos ( )26 a 35 anos ( )36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( )>56 anos

Nível de instrução:
( ) Primário completo ( ) Primário incompleto
( ) Secundário incompleto
( ) Secundário completo
( ) Superior incompleto
( ) Superior completo
( ) Pós-graduação

Você consome cogumelos?


Sim ( ) Não ( )

Qual a frequência do seu consumo de cogumelos?

Uma vez por dia ( ) Mais de 2 vezes por dia ( )


1 vez na semana ( ) 2 a 3 vezes na semana ( ) 4 a 6 vezes na semana ( )
A cada 15 dias ( ) Uma vez ao mês ( ) Nenhuma das anteriores ( )

Que tipo de cogumelo (espécie) você consome?


_____________________________________________________________________

Qual é a forma de consumo desse cogumelo?

Fresco ( ) Seco ( ) Em molhos ( ) Em sopas ( ) Chá ( ) Outros ( ) _________

Você conhece ou já ouviu alguma informação sobre o cogumelo do sol?

Sim ( ) Não ( )

Se sim, descreva abaixo:


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

FIGURA 4 - MODELO DO FORMULÁRIO UTILIZADO NA ANÁLISE SENSORIAL PARA


DETERMINAR O PERFIL DOS JULGADORES
70

3.2.4.1 Teste do perfil de características

O teste do Perfil de Características foi aplicado para avaliar o perfil sensorial


das amostras, através da utilização de uma escala afetiva estruturada em cinco
pontos, sendo a nota mínima 1 atribuída para péssimo e a nota máxima 5 para
excelente , conforme ABNT - NBR 14141 (1998). Os atributos avaliados neste teste
foram: cor, sabor, textura, aparência, aroma e sabor residual. Os julgadores foram
orientados a degustar separadamente cada amostra avaliando os atributos
especificados na ficha de avaliação (FIGURA 5).
Para a análise do sabor residual foi preconizada a utilização da parte
negativa da escala de qualificação, ou seja, as notas 2 – regular e 1 – péssimo, uma
vez que esse atributo é indesejável ao produto.
A análise de dados do Teste do perfil de características foi feita através da
comparação dos valores obtidos em cada atributo, para cada amostra analisada. As
médias obtidas foram representadas em gráfico de radar, para mostrar as diferentes
similaridades (TEIXEIRA, MEINERT e BARBETTA, 1987) e foram submetidas a
análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey para verificar se havia diferença
estatística entre as amostras.

3.2.4.2 Teste de Ordenação da Preferência

Para verificar a ordem de preferência das amostras foi solicitado a cada


julgador para colocá-las em ordem crescente de sua preferência, sendo 1 para a
melhor formulação, 2 indiferente e 3 para a pior formulação.
A análise dos resultados foi feita através do teste de Fridman, utilizando-se a
Tabela de Newel e MacFarlame, a qual indica a diferença crítica entre os totais de
ordenação, de acordo com o número de tratamentos testados e o número de
julgamentos obtidos, conforme ABNT – NBR 13170 (1994). A Figura 6 apresenta o
modelo da ficha utilizada para este teste.
71

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO

Nome: _______________________________________ Data: __/__/____

TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS

Você está recebendo amostras de hambúrguer de cogumelo. Deguste cuidadosamente cada uma
delas e atribua notas para cada característica avaliada, de acordo com o seguinte critério:

1 = péssimo
2 = regular
3 = bom
4 = muito bom
5 = excelente

Amostra 206 385 493


Características
Aparência
Cor
Odor
Sabor
Sabor residual
Textura

Comentários:
_____________________________________________________________________________
________________________________________________________________

FIGURA 5 - MODELO DE FICHA UTILIZADA NO TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS PARA


A AVALIAÇÃO SENSORIAL DOS HAMBÚRGUERES DE COGUMELO
72

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO

Nome: _______________________________________ Data: __/__/____

TESTE DE ORDENAÇÃO DA PREFERÊNCIA

Agora deguste novamente as amostras de hambúrguer de cogumelo e ordene-as de acordo com a


sua preferência, colocando em primeiro lugar a que você mais gostou e por último a que você
menos gostou.

1. __________
2. __________
3. __________

Obs: ______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

FIGURA 6 - MODELO DE FICHA UTILIZADA NO TESTE DE ORDENAÇÃO DA PREFERÊNCIA


PARA A AVALIAÇÃO SENSORIAL DOS HAMBÚRGUERES DE COGUMELO

3.2.4.3 Teste de Atitude de Compra

O Teste de Atitude de Compra foi proposto para avaliar a intenção de compra


do hambúrguer de cogumelo, se o mesmo estivesse disponível ao consumidor. O
teste foi realizado através de uma escala de cinco pontos, na qual os julgadores
deveriam assinalar a intenção de compra do produto.
Os dados foram expressos em porcentagem seguindo a metodologia
estabelecida pela ABNT – NBR 14141 (1998) e Meilgaard, Civille e Carr (1991).
A Figura 7 demonstra o modelo da ficha utilizada para o teste de atitude de
compra dos hambúrgueres de cogumelo.
73

ATITUDE DE COMPRA

Se este produto estivesse disponível no mercado, qual seria a sua atitude de compra?

( ) Eu certamente compraria este produto


( ) Eu provavelmente compraria este produto
( ) Eu tenho dúvidas se compraria ou não compraria este produto
( ) Eu provavelmente não compraria este produto
( ) Eu jamais compraria este produto

Comentários:
_____________________________________________________________________________
________________________________________________________________

FIGURA 7 - MODELO DE FICHA UTILIZADA NO TESTE DE ATITUDE DE COMPRA DOS


HAMBÚRGUERES DE COGUMELO

3.2.5 Análises físico-químicas

As análises físico-químicas foram realizadas nas matérias-primas básicas


(cogumelo e farinha de trigo integral), na formulação de maior aceitação na análise
sensorial, com exceção das análises de textura, fibras e proteínas que conforme o
delineamento experimental foram determinadas em todas as amostras, na
formulação controle e nos hambúrgueres adquiridos no mercado. As análises foram
realizadas em triplicata e o resultado foi expresso pela média dos valores. A tabela 6
mostra as análises e os métodos utilizados. A análise de fibra alimentar foi realizada
em duplicata com as amostras desengorduradas.
74

TABELA 6 - MÉTODOS UTILIZADOS NA CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO COGUMELO,


DA FARINHA DE TRIGO INTEGRAL E DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER
ANÁLISE MÉTODO
Umidade Determinação da perda de água por dessecação até peso constante, a
105ºC (AOAC, 2000).
Proteínas Determinação de nitrogênio total realizada pelo processo de digestão
micro-Kjeldahl. (BRASIL, 2005a).
Fibra alimentar Determinação pelo método enzimático-gravimétrico (AOAC, 2000).
Lipídios Determinação através de extração em aparelho Soxhlet com solvente
extrator (IAL, 2005).
Cinzas Determinação através da incineração completa dos compostos
orgânicos em mufla a 550ºC, restando os compostos inorgânicos (IAL,
2005).
Carboidratos totais* Determinação por cálculo de diferença: [100g – (total proteínas g +
lipídios g + cinzas g + umidade g)] (TACO, 2006)
Valor calórico total Determinação utilizando o seguinte cálculo: (4 x proteínas g) + [4 x
(carboidratos totais g – fibra alimentar g)] + (9 x lipídios g) (TACO,
2006).
Textura Determinação com analisador de textura Brookfield CT3
* Teor de fibra alimentar incluído

As análises de fibras alimentares e proteínas foram realizadas na EMBRAPA -


Florestas (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a análise dos lipídios foi
realizada pelo CEPPA (Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos) e o
restante das análises foram realizadas nos laboratórios do Programa de pós-
graduação em Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Paraná.

3.2.5.1 Determinação da textura

A análise de textura realizada nos hambúrgueres foi feita através da técnica


de punção e penetração, a qual permite avaliar dois parâmetros de textura
concomitantemente: força de cisalhamento (resistência ao corte) e consistência
(dureza).
Foi realizada com analisador de textura (texturômetro) Brookfield CT3
(BrasEq), com célula de carga de 25Kg, probe de punção cilíndrico varando o corte.
A velocidade do teste foi de 1,50mm/s e a distância de penetração foi de 20mm,
com força de contato de 30g. As leituras foram realizadas a temperatura ambiente e
em triplicata.
75

3.2.6 Comparação com produtos similares

A qualidade da formulação final foi avaliada através da comparação com a


formulação controle, na qual o cogumelo foi substituído pela carne e com produtos
similares presentes no mercado, sendo um com base de proteína vegetal e um de
carne bovina. Foram utilizados como parâmetros as análises físico-químicas acima
descritas.

3.2.7 Estimativa de custo

A estimativa de custo das formulações foi calculada pela somatória da


multiplicação dos preços dos ingredientes pela porcentagem dos mesmos.

3.2.8 Análise Estatística

Os dados gerados, com as três repetições, em todas as análises e testes


efetuados, foram tratados estatisticamente através da realização da Análise de
Variância (ANOVA) com posterior comparação das médias pelo teste de Tukey, ao
nível de 5% de significância, pelo programa STATISTICA 7.1 for Windows,
(STATSOFT, 2005).
Os resultados obtidos na determinação da textura, do teor protéico e da
quantidade de fibras alimentares das amostras de hambúrgueres foram analisados
estatisticamente pelo delineamento de misturas, conforme planejamento
experimental, com análise de variância (ANOVA) pelo programa STATISTICA 7.1 for
Windows, (STATSOFT, 2005).
A comparação da formulação final com a formulação padrão e os produtos
similares foi analisada estatisticamente através de delineamento inteiramente
casualisado.
76

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

Para a avaliação microbiológica das matérias-primas principais foram


analisadas, de acordo com os parâmetros exigidos pela legislação (BRASIL, 2001),
a presença de Salmonella, Coliformes, bolores e leveduras, Estafilococus coagulase
positiva e Bacillus cereus, sendo a penúltima realizada somente no cogumelo A.
brasiliensis e a última somente na farinha de trigo integral. Os resultados dessa
avaliação encontram-se na Tabela 7.

TABELA 7 - ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS REALIZADAS NAS MATÉRIAS-PRIMAS PRINCIPAIS


UTILIZADAS NA FORMULAÇÃO DOS HAMBÚRGUERES DE COGUMELO
Bacillus Coliformes a Estafilococus Salmonella Bolores e
cereus 45ºC (NMP/g) coagulase sp / 25g leveduras
(UFC/g) positiva (UFC/g) (UFC/g)
COGUMELO ND <3 Ausente Ausente < 10
FARINHA DE
< 10 <3 ND Ausente < 10
TRIGO INTEGRAL
ND – Não determinado
NOTA: valores médios de determinações realizadas em triplicata.

O regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos


estabelece para cogumelos desidratados, a ausência em 25 g de Salmonella sp., a
tolerância máxima para Estafilococus coagulase positiva e Coliformes a 45°C/g de
5x10² UFC/g. Com base nos resultados obtidos observa-se que o cogumelo A.
brasiliensis desidratado apresenta valores bem abaixo do tolerável de acordo com a
legislação (BRASIL, 2001).
O mesmo regulamento técnico estabelece para farinhas, a ausência em 25 g
de Salmonella sp., a tolerância máxima para Coliformes a 45°C/g de 10 UFC/g e 10²
UFC/g para Bacillus cereus. Portanto, analisando os resultados obtidos para a
farinha de trigo integral, pode-se observar que os valores estão de acordo com os
padrões microbiológicos estabelecidos pela legislação (BRASIL, 2001).
Para assegurar a segurança dos julgadores participantes da análise sensorial
a avaliação microbiológica das formulações de hambúrguer de cogumelo foi
realizada, de acordo com os parâmetros exigidos pela legislação (BRASIL, 2001),
verificando a presença de Salmonella, Coliformes, bolores e leveduras e
77

Estafilococus coagulase positiva. Os resultados dessa avaliação encontram-se na


Tabela 8.

TABELA 8 - ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS REALIZADAS NOS HAMBÚRGUERES DE


COGUMELO SUBMETIDOS À ANÁLISE SENSORIAL
Coliformes a Estafilococus Salmonella sp Bolores e
45ºC (UFC/g) coagulase em 25g leveduras
positiva (UFC/g)
Formulação 1 <3 Ausente Ausente < 10
Formulação 2 <3 Ausente Ausente < 10
Formulação 3 <3 Ausente Ausente < 10
NOTA: valores médios de determinações realizadas em triplicata.

Os resultados obtidos nas análises microbiológicas das amostras dos


hambúrgueres de cogumelo revelam condições sanitárias satisfatórias da
formulação para consumo humano, podendo ser empregado na análise sensorial, de
acordo com a Resolução n. 12 da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (BRASIL,
2001).
A análise de bolores e leveduras não é exigida pela legislação, portanto não
podem ser comparadas a nenhum padrão, porém, a sua presença é um indicativo do
estado higiênico do produto.

4.2 ANÁLISE SENSORIAL

Após avaliar microbiologicamente o produto final procedeu-se então a análise


sensorial como descrita no item 3.2.4. Cada julgador recebeu um mini-hambúrguer
de cada formulação (aproximadamente 20 g), em pratos plásticos codificados com
números de três dígitos, em ordem aleatória, acompanhados de um copo de água e
biscoito tipo água e sal para ser utilizado pelo provador entre as amostras, para
limpeza das papilas gustativas. Antes de iniciar a análise sensorial cada julgador
preencheu um questionário sobre o hábito de consumo de cogumelos. As diferentes
formulações de hambúrguer de cogumelo utilizadas na avaliação sensorial podem
ser visualizadas na Figura 8.
78

FIGURA 8 - FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO UTILIZADAS NA AVALIAÇÃO


SENSORIAL

4.2.1 Perfil da equipe de julgadores

O perfil da equipe de julgadores foi obtido através da aplicação de formulário


com perguntas relacionadas ao hábito de consumo de cogumelos.
Do total dos 50 indivíduos pesquisados, 62% foram do sexo feminino e 38%
do sexo masculino. As idades variaram desde 18 anos até maiores de 56 anos,
como pode ser observado no Gráfico 1, sendo que a maior parte dos julgadores
apresentou idade entre 18 e 35 anos, totalizando 58% dos participantes.

16%
28%
18 a 25 anos

12% 26 a 35 anos
36 a 45 anos
46 a 55 anos

14% > 56 anos

30%

GRÁFICO 1 - IDADE DA EQUIPE DE JULGADORES

Quanto à escolaridade, como pode ser observado no Gráfico 2, a maioria dos


julgadores (42%) são pós-graduados, porém duas parcelas significativas dos
participantes possuem secundário completo e superior completo, 22% e 26%
respectivamente.
79

4% 2%
Primário incompleto

22% Secundário incompleto


42% Secundário completo

Superior incompleto
4%
Superior completo

Pós-graduação
26%

GRÁFICO 2 - ESCOLARIDADE DA EQUIPE DE JULGADORES

No que se diz respeito ao consumo de cogumelos, a grande maioria dos


julgadores (84%) comsomem esse produto. É interessante observar que os
indivíduos do sexo feminino são os que mais consomem cogumelo, provavelmente
pelo fato de que as mulheres se preocupam mais com a saúde.
Ao relacionar as respostas obtidas nas questões faixa etária e consumo de
cogumelos observa-se que as faixas 26-35 anos (28,6% dos julgadores) e 18-25
anos (23,8% dos julgadores) foram as de maior consumo, enquanto que a faixa de
46-55 anos (11,9% dos julgadores) foi a de menor.
Relacionando os dados de escolaridade com o consumo de cogumelos
observa-se que 50% dos julgadores que consomem cogumelos são pós-graduados,
21,4% possuem grau superior completo, 19% possuem grau secundário completo, e
os graus escolares que apresentaram menor consumo foram: superior incompleto
(4,8%) seguido pelo secundário incompleto e primário incompleto (ambos com
2,4%). Já entre os julgadores que não consomem cogumelos, a maioria possui grau
superior completo (37,5%) e secundário incompleto (37,50%) e o restante apresenta
grau superior incompleto (12,5%) e primário incompleto (12,5%).
Segundo Tellartolli Junior, Machado e Carvalho (1996), a escolaridade é um
importante indicador do nível sócio econômico de uma população, pois está
relacionada à renda, acesso a informações e utilização dos serviços de saúde. O
grau de educação da família e sua condição sócio-econômica têm efeitos
consideráveis sobre o modo de vida e hábitos alimentares das crianças.
(MONTEIRO, MONDINI e COSTA, 2000). Pérez-Escamilla e Haldeman (2002)
observaram que a educação formal estava positivamente associada à qualidade da
80

dieta. Morimoto, et al. (2008) constataram no seu estudo que, indivíduos com
escolaridade mais elevada tendiam a apresentar maior conhecimento para aquisição
de alimentos, aumentando a variedade da dieta através do consumo de,
principalmente, mais frutas e hortaliças.
O grau de escolaridade entre os consumidores que consomem cogumelos
representa uma parcela da população muito bem informada, corroborando a
hipótese de que a questão central do consumo está ainda relacionada ao volume de
informação disponível quanto aos produtos e suas propriedades funcionais.
Os dados obtidos através do questionário também sugerem que as classes
economicamente menos privilegiadas estão começando a descobrir este tipo de
produto, mostrando um grande potencial de crescimento no consumo. Esses
resultados também sugerem que a falta de conhecimento da população sobre a
qualidade nutricional dos cogumelos e seus benefícios para saúde pode representar
um fator importante para o não consumo desse alimento.
A espécie de cogumelo mais consumida entre os entrevistados é o tradicional
Champignon de Paris (Agaricus bisporus), o qual foi citado 36 vezes. As demais
espécies citadas foram Shiitake (Lentinula edodes), citado 19 vezes e Shimeji
(Pleorotus Ssp.), citado 2 vezes. Esses dados podem ser melhor observados no
Gráfico 3.

19 Champignon de Paris
Shitake
Shimeji
36

GRÁFICO 3 - ESPÉCIES DE COGUMELOS CONSUMIDAS PELA EQUIPE DE JULGADORES

O consumo do cogumelo A. brasiliensis não foi citado por nenhum julgador,


isso pode ser explicado pelo fato desse cogumelo ter sido consumido mundialmente
como alimento terapêutico na forma de chás ou cápsulas. Apesar da diversidade de
estudos sobre esse cogumelo não encontra-se na literatura relatos de uso deste
81

cogumelo como um alimento apreciado por suas características sensoriais. Vale a


pena ressaltar que um julgador revelou interesse no consumo dessa espécie de
cogumelo, porém se o preço e acesso fossem mais acessíveis.
Quanto à frequência de consumo de cogumelos diagnosticou-se que 19%
consomem 1 vez na semana, 5% consomem de 2 a 3 vezes na semana, 26%
consomem a cada 15 dias, 38% consomem 1 vez ao mês e 12% responderam
nenhuma das alternativas (Gráfico 4).

Uma vez na
12% 19% semana
2 a 3 vezes na
semana
5%
A cada 15 dias

38% Uma vez ao mês


26%
Nenhuma das
alternativas

GRÁFICO 4 - FREQUÊNCIA DO CONSUMO DE COGUMELOS DA EQUIPE DE JULGADORES

Analisando os dados da frequência de consumo observa-se que metade dos


entrevistados adquire o produto no mínimo 2 vezes por mês, e 38% apenas em sua
compra mensal.
Os dados de consumo verificados nesse trabalho são bem otimistas quando
comparados aos dados de consumo verificados no país. Segundo Shibata e
Demiane (2003) o consumo de cogumelos no Brasil tem aumentado devido ao
reconhecimento do seu valor nutritivo e ao aumento da oferta. No entanto, as
maiores barreiras ao consumo de cogumelos no Brasil estão ligadas à crença
popular quanto à natureza venenosa, alto custo, hábitos alimentares e pequena
disponibilidade do produto no mercado.
Duprat e Souza (2003) analisando a comercialização e o consumo de
cogumelos comestíveis no mercado do Distrito Federal e Entorno, encontraram uma
frequência de consumo menor que a verificada nesse trabalho: 13,31% adquirem
semanalmente, 25,11% quinzenalmente e mais da metade dos entrevistados
(55,59%) adquirem o produto apenas mensalmente.
82

Quanto à forma de consumo dos cogumelos pode-se observar no Gráfico 5


que, 31 julgadores citaram o consumo de cogumelos em molhos, o consumo de
cogumelo fresco e seco foi citado por 12 julgadores, o consumo na forma de sopa foi
indicado por 8 julgadores e 7 julgadores indicaram outras formas de consumo, como
refogado, em conserva, acompanhando pizzas, massas e risotos.

12 12

Fresco
Seco
8 7
Em molhos
Em sopas
Outros

31

GRÁFICO 5 - FORMA DE CONSUMO DOS COGUMELOS PELA EQUIPE DE JULGADORES

No que diz respeito ao conhecimento do cogumelo do sol, metade dos


julgadores (50%) afirmou saber alguma informação do mesmo e a outra metade
afirmou que não. As informações mais citadas foram que o cogumelo do sol traz
benefícios à saúde e que possui propriedades nutricionais e medicinais (antitumoral
e imunoestimulante).
Uma grande parte dos julgadores informou que a televisão foi o meio pelo
qual obtiveram as informações correspondentes a essa espécie de cogumelo,
demonstrando o importante papel da mídia na divulgação da importância nutricional
e funcional desse produto e para incentivar o consumo dessa espécie frente as mais
populares.
83

4.2.2 Teste do perfil de características

O teste do perfil de características foi realizado com uma escala afetiva de 5


pontos, sendo a nota 1 atribuída para péssimo e a nota 5 para excelente. Os
atributos avaliados foram: cor, sabor, textura, aparência, aroma e sabor residual.
As notas de cada atributo registrado pelos 50 julgadores foram tabuladas. Os
dados da aparência foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e estão
apresentados na Tabela 9.

TABELA 9 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS OBTIDOS PARA A


APARÊNCIA DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO
Fonte de variação G.L. S.Q. Q.M. F Nível de significância
Tratamentos* 2 1,453 0,727 2,82 0,0642
Blocos** 49 105,627 2,156 8,37 4,5668
Resíduo 98 25,213 0,257
Total 149 132,293
NOTA: (*) Tratamentos: formulações de hambúrguer de cogumelo
(**) Blocos: julgadores

Na Tabela 9 pode-se observar que não existe diferença significativa com


relação à aparência entre os tratamentos, sendo o valor de p > 0,05 (p = 0,0642).
Apesar de não haver diferença significativa entre as médias dos julgadores, pode-se
observar na Tabela 10 que a formulação 2 foi a que apresentou a maior média,
seguida pela formulação 1 e 3.

TABELA 10 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA A APARÊNCIA DAS DIFERENTES AMOSTRAS
DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS
Formulações Médias*
a
F1 3,76
a
F2 3,90
a
F3 3,66
NOTA: (*) Escala utilizada no teste do perfil de características: 5= excelente, 3= bom e 1= péssimo
206 (formulação com 8% de cogumelo), 385 (formulação com 10% de cogumelo) e 493 (formulação com 12% de cogumelo)

Os valores fornecidos pelos julgadores para o atributo cor foram submetidos à


análise de variância (ANOVA) e estão apresentados na Tabela 11.
84

TABELA 11 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS OBTIDOS PARA A COR
DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO
Fonte de variação G.L. S.Q. Q.M. F Nível de significância
Tratamentos* 2 1,013 0,507 1,71 0,1857
Blocos** 49 102,273 2,087 7,06 1,6124
Resíduo 98 28,987 0,296
Total 149 132,273
NOTA: (*) Tratamentos: formulações de hambúrguer de cogumelo
(**) Blocos: julgadores

Na Tabela 11 pode-se observar que não existe diferença significativa com


relação à cor entre os tratamentos, sendo o valor de p > 0,05 (p = 0,1857). Apesar
de não haver diferença significativa entre as médias dos julgadores, pode-se
observar na Tabela 12 que a formulação 2 foi novamente a que apresentou a maior
média, seguida pela formulação 1 e 3.

TABELA 12 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA A COR DAS DIFERENTES AMOSTRAS DE
HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS
Formulações Médias*
a
F1 3,70
a
F2 3,78
a
F3 3,58
NOTA: (*) Escala utilizada no teste do perfil de características: 5= excelente, 3= bom e 1= péssimo
206 (formulação com 8% de cogumelo), 385 (formulação com 10% de cogumelo) e 493 (formulação com 12% de cogumelo)

Os valores fornecidos pelos julgadores para o atributo odor foram submetidos


à análise de variância (ANOVA) e estão apresentados na Tabela 13.

TABELA 13 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS OBTIDOS PARA O


ODOR DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO
Fonte de variação G.L. S.Q. Q.M. F Nível de significância
Tratamentos* 2 1,960 0,980 3,06 0,0513
Blocos** 49 69,627 1,421 4,44 1,8130
Resíduo 98 31,373 0,320
Total 149 102,960
NOTA: (*) Tratamentos: formulações de hambúrguer de cogumelo
(**) Blocos: julgadores

Na Tabela 13 pode-se observar que não existe diferença significativa com


relação ao odor entre os tratamentos, sendo o valor de p > 0,05 (p = 0,0513). Apesar
de não haver diferença significativa entre as médias dos julgadores, pode-se
observar na Tabela 14 que a formulação 3 foi a que apresentou a maior média,
seguida pela formulação 2 e 1.
85

TABELA 24 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA O ODOR DAS DIFERENTES AMOSTRAS DE
HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS
Formulações Médias*
a
F1 3,28
a
F2 3,50
a
F3 3,54
NOTA: (*) Escala utilizada no teste do perfil de características: 5= excelente, 3= bom e 1= péssimo
206 (formulação com 8% de cogumelo), 385 (formulação com 10% de cogumelo) e 493 (formulação com 12% de cogumelo)

Os valores fornecidos pelos julgadores para o atributo textura foram


submetidos à análise de variância (ANOVA) e estão apresentados na Tabela 15.

TABELA 3 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS OBTIDOS PARA A


TEXTURA DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO
Fonte de variação G.L. S.Q. Q.M. F Nível de significância
Tratamentos* 2 0,213 0,107 0,28 0,7589
Blocos** 49 110,273 2,250 5,84 6,9135
Resíduo 98 37,787 0,386
Total 149 148,273
NOTA: (*) Tratamentos: formulações de hambúrguer de cogumelo
(**) Blocos: julgadores

Na Tabela 15 pode-se observar que não existe diferença significativa com


relação à textura entre os tratamentos, sendo o valor de p > 0,05 (p = 0,7589).
Apesar de não haver diferença significativa entre as médias dos julgadores, pode-se
observar na Tabela 16 que as formulações 2 e 3 apresentaram médias iguais e
maiores que a média da formulação 1.

TABELA 4 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA A TEXTURA DAS DIFERENTES AMOSTRAS DE
HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS
Formulações Médias*
a
F1 3,26
a
F2 3,34
a
F3 3,34
NOTA: (*) Escala utilizada no teste do perfil de características: 5= excelente, 3= bom e 1= péssimo
206 (formulação com 8% de cogumelo), 385 (formulação com 10% de cogumelo) e 493 (formulação com 12% de cogumelo)

Os valores fornecidos pelos julgadores para o atributo sabor foram


submetidos à análise de variância (ANOVA) e estão apresentados na Tabela 17.
86

TABELA 5 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS OBTIDOS PARA O


SABOR DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO
Fonte de variação G.L. S.Q. Q.M. F Nível de significância
Tratamentos* 2 13,813 6,907 10,54 0,00007
Blocos** 49 79,873 1,630 2,49 0,00006
Resíduo 98 64,187 0,655
Total 149 157,873
NOTA: (*) Tratamentos: formulações de hambúrguer de cogumelo
(**) Blocos: julgadores

Na Tabela 17 pode-se observar que existem diferenças significativas com


relação ao sabor entre os tratamentos, sendo o valor de p < 0,05 (p = 0,00007).
Como o teste F mostrou que pelo menos uma das médias é diferente
estatisticamente ao nível de 5% de significância, aplicou-se o teste de Tukey, cujo
resultado pode ser observado na Tabela 18.

TABELA 6 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA O SABOR DAS DIFERENTES AMOSTRAS DE
HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO TESTE DO PERFIL DE CARACTERÍSTICAS
Formulações Médias*
a
F1 2,66
b
F2 3,34
b
F3 3,26
NOTA: (*) Escala utilizada no teste do perfil de características: 5= excelente, 3= bom e 1= péssimo
206 (formulação com 8% de cogumelo), 385 (formulação com 10% de cogumelo) e 493 (formulação com 12% de cogumelo)

Como pode ser observado na Tabela 18, a formulação 1 apresentou a menor


média para o atributo sabor, sendo diferente estatisticamente das amostras 2 e 3
que não diferem entre si. Considerando-se a escala utilizada no teste, pode-se dizer
que as formulações 2 e 3 apresentam sabor bom e a formulação 1 apresenta sabor
regular.
Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que na formulação 1 o sabor
dos condimentos, principalmente do alho, ficou mais acentuado que nas demais
formulações por apresentar uma menor quantidade de cogumelo e uma maior
quantidade de farinha.
Muitos julgadores fizeram observações na análise sensorial quanto ao sabor
acentuado de alho, fato este que pode ter ocorrido porque o processo de
congelamento, ao qual os hambúrgueres de cogumelo foram submetidos, acentua o
sabor dos temperos. Esse sabor acentuado dos condimentos pode ter contribuído
para a média do atributo sabor ter sido um pouco mais baixa.
87

Os valores fornecidos pelos julgadores para o atributo sabor residual foram


submetidos à análise de variância (ANOVA) e estão apresentados na Tabela 19.

TABELA 7 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) APLICADA AOS DADOS OBTIDOS PARA O


SABOR RESIDUAL DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO
Fonte de variação G.L. S.Q. Q.M. F Nível de significância
Tratamentos* 2 5,493 2,747 3,97 0,02203
Blocos** 49 68,540 1,399 2,02 0,00161
Resíduo 98 67,840 0,692
Total 149 141,873
NOTA: (*) Tratamentos: formulações de hambúrguer de cogumelo
(**) Blocos: julgadores

Na Tabela 19 pode-se observar que existem diferenças significativas com


relação ao sabor residual entre os tratamentos, sendo o valor de p < 0,05 (p =
0,02203). Como o teste F mostrou que pelo menos uma das médias é diferente
estatisticamente ao nível de 5% de significância, aplicou-se o teste de Tukey, cujo
resultado pode ser observado na Tabela 20.

TABELA 20 - MÉDIA DAS NOTAS OBTIDAS PARA O SABOR RESIDUAL DAS DIFERENTES
AMOSTRAS DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO NO TESTE DO PERFIL DE
CARACTERÍSTICAS
Formulações Médias*
a
F1 1,18
b
F2 0,74
ab
F3 0,82
NOTA: (*) Escala utilizada no teste do perfil de características: 5= excelente, 3= bom e 1= péssimo
206 (formulação com 8% de cogumelo), 385 (formulação com 10% de cogumelo) e 493 (formulação com 12% de cogumelo)

Para a análise do sabor residual foi preconizada a utilização da parte negativa


da escala de qualificação, ou seja, as notas 2 – regular; 1 – péssimo e 0 – ausência,
como pode ser observado na Tabela 20, a formulação 2 apresentou a menor média
para o atributo sabor residual, sendo diferente estatisticamente da formulação 1,
porém não diferindo estatisticamente da formulação 3 que por sua vez não diferiu
estatisticamente da formulação 1.
Considerando-se a escala negativa utilizada no teste, pode-se dizer que a
formulação 1 foi a que apresentou o pior sabor residual para os julgadores, pois foi a
que obteve o maior número de julgamentos negativos.
Com as médias dos dados de cada atributo aparência, cor, odor, textura,
sabor e sabor residual foi feito uma representação multidimensional, chamada de
88

gráfico radar, onde pode ser verificada a diferença entre as amostras de hambúrguer
de cogumelo (Figura 9).

Aparência
5,0
4,0
3,0
Textura Cor
2,0
1,0
0,0

Sabor residual Odor

Sabor

F1 F2 F3

FIGURA 9 - PERFIL DE CARACTERÍSTICA DAS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE


COGUMELO (A. brasiliensis)

Neste teste, a escala utilizada compreende a seguinte disposição: de 1 a 2,9


padrão inaceitável de qualidade, de 3 a 3,9 padrão aceitável de qualidade e de 4 a 5
padrão excelente de qualidade. Com base nesta classificação pode-se afirmar que,
exceto a formulação 1 com relação ao sabor em que apresenta uma média das
notas de 2,66, os demais atributos analisados bem como as outras duas
formulações encontram-se dentro dos padrões aceitáveis de qualidade.
Essas diferenças entre a aceitação dos hambúrgueres pelos julgadores estão
relacionadas com preferências pessoais e diferentes percepções, pois nenhum
provador conhecia os produtos, e devem ter comparado os hambúrgueres, durante a
análise sensorial, com hambúrgueres comercializados por marcas conhecidas e
vendidos em supermercados (ARISSETO, 2003).
Os valores encontrados podem ser considerados extremamente satisfatórios,
na medida em que os participantes do teste sensorial são, em sua grande parte
jovens, frequentadores de fast food, consumindo, portanto, sanduíches em que o
hambúrguer é ingrediente fundamental. Outro fator importante para ser observado é
89

que o consumo do produto hambúrguer comumente está acompanhado de pão,


queijo, salada e condimentos, neste caso este produto foi servido aos julgadores
sem os acompanhamentos, o que foge do hábito comum de consumo. Muitos
julgadores solicitaram a presença de acompanhamentos, mas seria inviável por
interferir no resultado pretendido.
LIMA (2008) desenvolveu um hambúrguer vegetal elaborado à base de caju,
e obteve valores de aceitação sensorial (próximos a nota 6,0 – gostei ligeiramente)
semelhante aos de hambúrgueres vegetais presentes no mercado, porém inferiores
aos hambúrgueres de carne bovina. Esses resultados permitem observar a grande
variabilidade dos produtos disponíveis no mercado e que hambúrgueres vegetais
podem apresentar alta aceitação, desde que a formulação seja adequadamente
estudada. SMALL (2007) desenvolveu um hambúrguer de soja com blueberry e
obteve notas de aceitação entre 6 e 7.
Escouto et al. (2005) avaliaram a aceitabilidade do cogumelo A. brasiliensis
em um prato culinário como referência para o desenvolvimento de tecnologias de
preparo deste cogumelo visando impulsionar o seu uso na alimentação. A nota
média global obtida na escala hedônica foi de 6,14 (gostei ligeiramente) e o índice
global de aceitabilidade foi de 68,3%, concluindo-se que o cogumelo A. brasiliensis
foi sensorialmente aceitável para uso em pratos culinários.

4.2.3 Teste de ordenação da preferência

Para verificar a preferência entre as amostras aplicou-se o teste de


ordenação, e com a soma dos valores atribuídos pelos julgadores obteve-se os
dados da Tabela 21.

TABELA 218 - MÓDULOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS PARES DA SOMA TOTAL DA


ORDENAÇÃO DA PREFERÊNCIA
Amostras
F1 F2 F3
Soma total da ordenação das amostras
122 83 95
Diferença x 206 39 27
Diferença x 385 12
90

Para 50 julgadores e três amostras, os valores críticos obtidos para os níveis


de significância de 5% e 1% foram 24 e 30, respectivamente. Como as diferenças
entre a soma total da ordenação das amostras deve ser superior ou igual ao valor
crítico, indicando que existe diferença significativa entre as amostras no nível
observado, pode-se concluir que a formulação 1 é a menos preferida ao nível de 1%
de significância em relação à formulação 2 e ao nível de 5% de significância em
relação à formulação 3. Já a formulação 2 não difere estatisticamente da formulação
3.
Apesar de não haver diferença estatística entre as amostras 2 e 3, pode-se
observar pelo somatório das notas que a formulação 385 foi a mais preferida pelos
julgadores, pois, neste teste as notas variaram de 1 a 3, sendo 1 para a melhor
formulação, 2 indiferente e 3 para a pior formulação, portanto, o menor somatório de
notas define a formulação preferida pelos julgadores, neste caso a formulação 2
(somatório das notas = 83).

4.2.4 Teste de atitude de compra

Para avaliar a intenção de compra da formulação desenvolvida, aplicou-se o


teste de atitude de compra. Os resultados obtidos estão apresentados no Gráfico 6.

Eu jamais compraria o produto 0

Eu provavelmente não compraria o produto 12

Eu tenho dúvidas se compraria ou não compraria o produto 32

Eu provavelmente compraria o produto 40

Eu certamente compraria o produto 16

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Porcentagem

GRÁFICO 6 - RESULTADOS DO TESTE DE ATITUDE DE COMPRA DO HAMBÚRGUER DE


COGUMELO
91

Como pode ser observado pelos dados do Gráfico 6, 40% dos julgadores
provavelmente comprariam o produto, 32% teriam dúvidas se comprariam ou não o
produto, 16% certamente comprariam o produto, 12% provavelmente não
comprariam o produto e nenhum provador jamais compraria o produto.
Somando-se as notas obtidas nos itens “certamente compraria” e
“provavelmente compraria”, a porcentagem de compra do produto fica em 56%,
indicando que se o hambúrguer de cogumelos estivesse disponível no mercado teria
boa aceitação e bons índices de venda.
A aceitação de um produto pelo consumidor é o principal objetivo da indústria
de alimentos (MURRAY, DELAHUNTY e BAXTER, 2001). Atingir o sucesso no
lançamento de novos produtos e essencial para todas as empresas cujo mercado
consumidor e dinâmico e ávido por novidades, exigindo que as prateleiras dos
supermercados sejam continuamente renovadas (NORONHA, 2003).
Além disso, alguns julgadores que assinalaram terem dúvidas quanto à
compra do produto ou que provavelmente não comprariam o produto colocaram
como observação de que a dúvida é em relação ao consumo de hambúrguer, pois
não tem o hábito de consumi-lo, porém, alguns julgadores ressaltaram que o
diferencial do produto (propriedades funcionais) seria um forte fator de consumo.
Um fato relevante a ser observado é de que dos 8 julgadores que não
consomem cogumelos, 5 deles avaliaram positivamente o produto e provavelmente
o comprariam se estivesse disponível no mercado.
Os resultados dos três testes (Perfil de Características, Ordenação da
Preferência e Atitude de Compra) aplicados aos hambúrgueres de cogumelo indicam
que as formulações com 10% e 12% de cogumelo foram as preferidas pelos
julgadores. Como não houve diferença estatística entre essas duas formulações e o
objetivo desse trabalho consiste em elaborar um produto à base de cogumelos, a
formulação com a maior quantidade de cogumelos (F3 - 12% de cogumelo) foi a
escolhida para as demais análises.
92

4.3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

As análises foram realizadas nas matérias-primas (carne, cogumelo e farinha


de trigo integral), na formulação com 12% de cogumelo (F3), por ser a melhor aceita
na análise sensorial, na formulação controle elaborada com carne e nos
hambúrgueres vegetal e de carne adquiridos no mercado varejista.
Na tabela 22 é possível visualizar os resultados encontrados nas análises
físico-químicas das matérias-primas utilizadas na elaboração dos hambúrgueres.

TABELA 22 - ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DAS MATÉRIAS-PRIMAS


MATÉRIA-PRIMA CARNE* A. brasiliensis FARINHA DE
desidratado TRIGO INTEGRAL
UMIDADE (%) 71,69 9,58 10,09
CINZAS (%) 1,07 7,54 1,68
LIPÍDIOS (%) 4,26 1,63 1,95
PROTEÍNAS (%) 22,03 38,91 13,24
FIBRA ALIMENTAR (%) 0,77 26,22 15,42
CARBOIDRATOS TOTAIS (%) 0,95 42,34 73,04
NOTA: Resultados expressos em base seca.
* Patinho moído

A farinha de trigo integral apresentou teor de umidade de 10,09% estando de


acordo com o regulamento técnico de identidade e qualidade da farinha de trigo do
MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Esse regulamento
preconiza para farinha de trigo teor máximo de 15% de umidade (BRASIL, 2005b).
O teor de umidade de farinhas deve ser firmemente controlado, pois este
parâmetro figura como um dos principais fatores de aceleração de reações químicas
nestes alimentos, provocando alterações nas suas características nutricionais,
organolépticas e tecnológicas. Teores de umidade abaixo do limite máximo permitido
normalmente asseguram a conservação da qualidade das farinhas durante a
estocagem comercial (FARONI et al., 2007).
O teor de cinzas na base seca em farinhas, associado a aspectos de
granulometria, tem sido utilizado como parâmetro de classificação das farinhas de
trigo, a citar: 0,8% de cinzas, farinha tipo 1; 1,4% de cinzas, farinha tipo 2; 2,5% de
cinzas, farinha tipo integral (BRASIL, 2005b). A farinha de trigo integral avaliada
apresentou teor de cinzas de 1,68%, estando de acordo com a legislação. Esse
valor também está muito próximo ao observado por Ferrão et al. (2004), que
93

realizaram a determinação das cinzas de 30 farinhas de trigo integral e obtiveram


valor médio de 1,67%.
Em relação ao teor de lipídios a farinha de trigo integral apresentou 1,95%.
Esse valor está bem próximo ao indicado pela base de dados do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2002), que para farinha de trigo integral é de
1,87%.
O conteúdo protéico encontrado na análise da farinha foi 13,24%, portanto
está acima do valor definido como mínimo pela instrução normativa n° 8 que é 8%
(BRASIL, 2005b). Ferrão et al. (2004) também realizaram a determinação das
proteínas das 30 farinhas e obtiveram valor médio de 13,74%, valor muito similar ao
encontrado na análise da farinha em questão. O valor obtido também ficou próximo
ao valor presente na tabela de composição de alimentos da USP que é 11,58%. O
fator de conversão de nitrogênio total em proteína utilizado foi o definido pelo
Instituto Adolfo Lutz para a farinha de trigo que é 5,83 (IAL, 2005).
O teor de fibra alimentar da farinha de trigo integral (15,42%) ficou próximo ao
valor estabelecido pela tabela de composição de alimentos da USP, entre 12,75% e
16,82% (USP, 2004), e também foi similar ao valor encontrado por Blanco-Metzler e
Valle (2007), que avaliaram a farinha de trigo integral utilizada como padrão no
Programa Nacional de Análises na Costa Rica, e encontraram 18,7% de fibra
alimentar em base seca.
O processo de refinamento dos grãos reduz significativamente o teor de fibra
alimentar, tornando a farinha de trigo integral uma alternativa para pessoas que
necessitam ingerir maiores quantidades desse nutriente, como é o caso das pessoas
que apresentam dislipidemias.
O teor de carboidratos totais, determinado por diferença, foi de 73,04%. O
valor obtido ficou próximo ao valor presente na tabela de composição de alimentos
da USP que é 70,02% (USP, 2004). O conteúdo de carboidratos nas farinhas é
elevado porque representa o constituinte majoritário do grão de trigo.

A composição centesimal da carne de bovinos varia de acordo com o


músculo, teor de gordura e o tipo de corte e também fatores extrínsecos como,
alimentação, stress e idade do animal (OLIVO, 2004).
A carne de patinho moída utilizada como matéria-prima da formulação de
hambúrguer controle apresentou 71,69% de umidade. Esse valor é similar aos
94

observados nos estudos de Torres et al. (2000), Della Torre (2004), Feijó (2006),
Giraldi (2008) e Macedo et al. (2008), os quais encontraram teores de umidade entre
74,42% e 75,13%. O valor de umidade da carne é elevado porque a maioria da água
presente encontra-se na forma livre, ou seja, é retirada facilmente quando submetida
à cocção (POLLONIO, 1993).
Dentre os fatores que determinam variações no percentual de água da carne
estão idade e grau de acabamento (LUCHIARI FILHO, 2000), sexo (VAZ et al.,
2001) e condição fisiológica (MARQUES et al., 2006). A variação no teor de umidade
também pode ocorrer em função do conteúdo de gordura total do músculo
(MOREIRA et al., 2003). Quanto maior o teor de gordura no músculo, menor o teor
de água. Segundo Olivo (2004) a umidade média observada para carnes magras
está próximo de 70%, portanto, o patinho poderia ser classificado dentro dos
padrões de carne magra no que diz respeito à umidade.
Em relação ao teor de cinzas a carne de patinho moída apresentou 1,07%.
Esse valor está de acordo com Prado (2004), que afirma que a porcentagem de
cinzas nos tecidos cárneos encontra-se ao redor de 1%. A porcentagem de cinzas
observada também está próxima aos valores encontrados por Torres et al. (2000),
Della Torre (2004), Feijó (2006) e Macedo et al. (2008), que foram 1,04%, 1,10%,
1,00% e 1,09%, respectivamente.
A carne de patinho moída apresentou teor de lipídios de 4,26%. De acordo
com Pollonio (1993), a carne in natura com baixo teor de gordura apresenta de 4 a
8% de lipídios. Já nos estudos de Torres et al. (2000), Della Torre (2004), Feijó
(2006), Giraldi (2008) e Macedo et al. (2008), os valores encontrados foram de
4,02%, 2,80%, 3,45%, 2,40% e 1,69%, respectivamente. O teor de lipídios
observado encontra-se muito abaixo do teor máximo exigido pela legislação para
carne bovina moída que é de 15% (BRASIL, 2003).
Essa diferença de valores expressa a grande variação existente na
porcentagem de lipídios da carne bovina (LUCHIARI FILHO, 2000). O teor de lipídios
é influenciado por vários fatores tais como sexo, raça e alimentação, bem como pela
localização anatômica do corte cárneo (RODRIGUES et al., 2004; SILVA et al.,
2002; MOREIRA et al., 2003).
Em relação à proteína, a carne de patinho moída apresentou 22,03%, valor
próximo ao observado por Della Torre (2004), Giraldi (2008) e Macedo et al. (2008),
os quais encontraram teores de 21,1%, 20,62% e 21,33%, respectivamente.
95

Contrariamente ao teor de lipídios, o teor de proteína total é pouco variável na


carne bovina, sendo observado valores em torno de 20% da composição centesimal
no músculo Longissimus sem a gordura de cobertura, independentemente da
alimentação, raça, genótipo e condição fisiológica (ABRAHÃO et al., 2005;
MARQUES et al., 2006; MENEZES et al., 2006). O fator de conversão de nitrogênio
total em proteína utilizado foi o definido pelo Instituto Adolfo Lutz para carnes que é
6,25 (IAL, 2004).
O conteúdo de fibra alimentar da carne foi de 0,77%, estado próximo ao valor
observado por Marques (2007), que observou teor de 0,93% no corte de acém
bovino. Já o teor de carboidratos totais observado (0,95%) está dentro do valor
referido por Olivo (2004) para carnes magras, o qual deve ser menor de 1%.

O cogumelo A. brasiliensis desidratado apresentou 9,58% de umidade,


estando de acordo com a Portaria nº 645, a qual preconiza que o teor de umidade
para cogumelos dessa espécie deve ser menor ou igual a 10% (BRASIL, 2004).
Esse valor é similar ao encontrado pelos autores Stamets (2000) e Tsai, Tsai e Mau
(2008) que foi de 9,88% e 10,86%, respectivamente, porém difere dos valores
observados por Guimarães (2006) e Monteiro (2008), que foram de 7,5% e 7,10%
respectivamente.
Essa discrepância de valores pode ser explicada pelo fato do teor de umidade
sofrer influência de fatores ambientais, como temperatura e umidade relativa do ar
durante a produção e o acondicionamento (MATTILA et al., 2002a). Segundo Chang
(2008), o teor de umidade dos cogumelos frescos varia entre 70-95%, dependendo
do momento da coleta e das condições ambientais, no entanto, esse valor cai para
cerca de 10-13% quando os cogumelos são desidratados.
Com relação ao teor de cinzas, o cogumelo apresentou 7,54%, estando
próximo aos valores encontrados por Kurozawa (2005), Guimarães (2006) e
Monteiro (2008) que foi de 7,29%, 7,22% e 7,26%, respectivamente. Já quando
comparado à outras espécies de cogumelo, o A. brasiliensis apresenta um teor de
cinzas mais baixo (FURLANI, 2004). Em geral, os cogumelos são ricos nos
seguintes minerais: potássio, fósforo, ferro e cálcio (EIRA, 2003).
Um fator importante na constituição dos cogumelos é o baixo teor de lipídios,
e esse fato pode ser observado no valor encontrado para o A. brasiliensis (1,63%).
Esse resultado é similar ao encontrado por Karan et al. (2003) que relataram teores
96

de lipídios em base seca, entre 1,73% a 2,51%, e por Guimarães (2006), que
observou teor de 1,45% de lipídios. Mattila et al. (2002b) ressaltaram que algumas
espécies de cogumelos, como o A. brasiliensis, apresentam dentre os lipídios
elevados teores de ergosterol, que é o precursor da vitamina D2. O baixo teor de
lipídios do A. brasiliensis, principalmente quando comparado à outras espécies
(FURLANI, 2004), possibilita a sua inclusão em dietas com restrição desse nutriente.
Outro constituinte ainda mais importante e que se destaca na composição dos
cogumelos é a proteína. A proteína bruta foi calculada utilizando-se como fator de
correção 4,38, em vez de 6,25. Segundo Miles e Chang (1997), este fator de
correção para o cálculo de proteína é dado em conseqüência do nitrogênio não
protéico contido na parede celular dos fungos, o qual é digerido e detectado no
método de determinação do conteúdo de nitrogênio protéico (método Kjeldhal).
O valor encontrado para o cogumelo em estudo foi de 38,91% de proteínas,
esse valor está próximo ao observado por Stamets (2000), Tjakko, Amazonas e
Giller (2002) e Liu et al. (2007), que encontraram 39,3%, 38% e 38,5%,
respectivamente, porém difere dos valores observados por Guimarães (2006) Tsai,
Tsai e Mau (2008) que foi de 22,38% e 26,74%, respectivamente. Essa discrepância
dos resultados ocorre porque o seu conteúdo protéico depende de alguns fatores
como a natureza do substrato, do local de cultivo e da idade do corpo de frutificação
(PEDROSO e TAMAI, 2001).
Quando comparado a outras espécies de cogumelos comestíveis, o A.
brasiliensis apresenta um teor protéico significativamente maior (FURLANI, 2004). O
elevado teor protéico torna este cogumelo uma alternativa interessante na
alimentação de pessoas com restrição a ingestão de proteínas de origem animal,
uma vez que o teor de proteínas é superior ao da carne (aproximadamente 25%),
leite (3%) e ovos (12,8%), e se encontra na mesma faixa de valores da proteína da
soja (entre 33 e 42%). Além disso, o conteúdo protéico desse cogumelo é muito
superior ao das frutas e dos vegetais.
Além do baixo teor de lipídios e do alto conteúdo de proteínas, os cogumelos
comestíveis são considerados um excelente alimento pelo fato de apresentarem
elevados teores de fibras alimentares. O valor de fibra alimentar do A. brasiliensis
(26,22%) foi similar ao observado por Stamets (2000) e Monteiro (2008), que foi de
25,6% e 30%, respectivamente. Esse valor ainda encontra-se dentro da faixa
estabelecida por Mizuno (2002) de 20 a 28% de fibra alimentar. Quando comparado
97

ao champignon (Agaricus bisporus), o cogumelo mais consumido do mundo, o teor


de fibra alimentar do A. brasiliensis é muito superior (FURLANI, 2004). Essa
variação no teor de fibra alimentar pode ter sido ocasionada pela utilização de
diferentes metodologias analíticas.
A composição da fração fibra dos cogumelos é composta principalmente por
beta glicanas, quitina e hemicelulose, as quais apresentam propriedades
antitumorais e antimutagênicas pelo fato de estimularem o sistema imune (MATTILA,
SUONPÄÄ e PIIRONEN, 2000).
Com relação ao teor de carboidratos pode-se observar que esse nutriente é o
maior constituinte nutricional do cogumelo A. brasiliensis (42,34%), estando próximo
ao teor observado por Huang (2000), que encontrou 45,47%, e por Tsai, Tsai e Mau
(2008) que obteve 45,52%. No entanto, esse valor ficou muito baixo quando
comparado ao observado por Guimarães (2006) de 57,78% e por Monteiro (2008) de
57,60%. Essa diferença pode ter sido influenciada pela proporção dos demais
nutrientes presentes no cogumelo.
As diferenças encontradas neste trabalho frente aos de outros pesquisadores,
podem ser fundamentadas por vários fatores que podem influenciar a composição
físico-química do A. brasiliensis. Chang et al. (1993) e Park et al. (2003), destacam o
estágio de maturação do basidiocarpo, o tipo de substrato ou composto onde os
cogumelos foram produzidos, a espécie analisada, a temperatura utilizada durante o
processo de frutificação e a região onde os cogumelos foram produzidos.
Com base na composição química, os cogumelos são considerados alimentos
que podem ser usados em dietas balanceadas, em razão da baixa concentração de
gordura e de energia, bem como da alta concentração de fibras alimentares e
proteínas (MANZI, AGUZZI e PIZZOFERRATO, 2001).

A composição físico-química do hambúrguer de cogumelo, da formulação


controle, do hambúrguer vegetal e de carne encontra-se na Tabela 23.
98

TABELA 23 - ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA FORMULAÇÃO PREFERIDA (F3), DA FORMULAÇÃO


CONTROLE (FC) E DOS HAMBÚRGUERES PRESENTES NO MERCADO (HC E HV)
AMOSTRA Formulação 3 Formulação Hambúrguer Hambúrguer
controle de carne vegetal
a b c d
UMIDADE (%) 44,13 48,75 55,08 75,50
a b c d
CINZAS (%) 6,12 5,22 3,97 4,60
a b c d
LIPÍDIOS (%) 1,60 2,67 21,32 4,54
a b c d
PROTEÍNAS (%) 20,31 18,45 15,50 9,34
a b c d
FIBRA ALIMENTAR (%) 24,47 18,17 1,81 4,40
a b c d
CARBOIDRATOS TOTAIS (%) 27,84 24,91 4,13 6,02
VCT (kcal) 109,12 124,79 263,16 84,70
NOTA: Resultados expressos em base seca.
Letras diferentes na horizontal indicam diferença estatística de 5%.

O hambúrguer elaborado com 12% de cogumelo A. brasiliensis desidratado e


18% de farinha de trigo integral (F3), apresentou teor de umidade de 44,13%.
Quando comparado à formulação controle, formulada com 12% de patinho moído e
18% de farinha de trigo integral, e aos hambúrgueres de carne e vegetal adquiridos
no mercado local, observa-se que o hambúrguer de cogumelo foi o que apresentou
o menor teor de umidade. Esse fato pode estar ligado à presença do cogumelo
desidratado, que pode ter aumentado a quantidade de moléculas de água que se
ligaram fortemente aos constituintes sólidos do alimento no momento da reidratação,
resultando em uma menor quantidade de água livre. Esse baixo teor de umidade
favorece o hambúrguer de cogumelos frente ao de carne e vegetal, uma vez que os
consumidores ficam desapontados ao prepará-los, pois a perda de água e o
encolhimento são grandes (RODGER, 2001).
O hambúrguer de cogumelo foi o que apresentou o maior teor de cinzas
(6,12%) e através da comparação com a formulação controle, a influência da
presença do cogumelo no conteúdo mineral do hambúrguer fica evidenciada.
Monteiro (2008) também observou essa influência ao elaborar molho de tomate
adicionado do mesmo cogumelo.
Como já era esperado, o teor de lipídios do hambúrguer de cogumelo foi o
mais baixo (1,60%), seguido pela formulação controle (2,67%), hambúrguer vegetal
(4,54%) e hambúrguer de carne (21,32%). Essa diferença reflete a qualidade das
matérias-primas adicionadas na formulação, ou seja, tanto no hambúrguer de
cogumelo quanto na formulação controle foram adicionados ingredientes
reconhecidos como substitutos de gordura, sendo eles carragena, amido modificado
e carboximetilcelulose.
99

O teor de lipídios do hambúrguer de cogumelo permite classificá-lo segundo a


legislação, como produto com baixo teor de gordura (BRASIL, 1998). Com a
recomendação frequente para redução dos teores de gordura na dieta,
principalmente as saturadas (origem animal), o hambúrguer de cogumelos
representa uma excelente alternativa alimentar.
O regulamento técnico de identidade e qualidade de hambúrguer estabelecido
pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento fixa as características mínimas de
qualidade que este produto cárneo deve apresentar, preconizando teor de gordura
de no máximo 23% (BRASIL, 2000). Com base nesse regulamento nota-se que o
hambúrguer de carne adquirido no varejo apresenta teor de lipídios próximo ao
máximo exigido pela legislação.
O conteúdo protéico do hambúrguer (20,31%) foi superior aos demais
hambúrgueres avaliados, indicando o potencial do cogumelo A. brasiliensis como
fonte protéica na formulação de novos produtos. Monteiro (2008) observou essa
mesma influência ao elaborar molho de tomate adicionado do mesmo cogumelo. A
diferença entre o hambúrguer de cogumelo e o hambúrguer vegetal comercial foi
bastante expressiva, demonstrando que ainda existe um vasto campo a ser
estudado quanto a alternativas protéicas à carne.
O teor elevado de proteínas do hambúrguer de cogumelo permite classificá-lo
como um produto com alto teor de proteínas, o qual deve conter no mínimo 20% da
ingestão diária recomendada para proteínas, preconizada em 50g (BRASIL, 1998).
O hambúrguer de carne apresentou 15,5% de proteínas estando muito próximo ao
limite mínimo exigido pela legislação (BRASIL, 2000).
A quantidade de fibra alimentar presente no hambúrguer de cogumelo
(24,47%) foi muito superior aos demais hambúrgueres. Essa diferença demonstrou a
influência que o cogumelo A. brasiliensis exerce sobre o teor de fibra alimentar do
hambúrguer, visto que a formulação padrão teve o teor de fibra alimentar muito
reduzido com a adição da carne bovina. Ainda, quando o hambúrguer de cogumelo
foi comparado ao hambúrguer vegetal e de carne, a diferença foi ainda maior,
demonstrando o potencial desse produto frente a um mercado cada vez mais
preocupado em aumentar a ingestão de fibra alimentar.
O teor de fibra alimentar do hambúrguer de cogumelo permite caracterizá-lo
como um produto funcional com alto teor de fibra, conforme previsto na legislação,
na qual para um alimento sólido ser classificado desta maneira, deve possuir, no
100

mínimo, seis gramas de fibra em 100 gramas do produto pronto pra consumo
(BRASIL, 1998).
O teor de carboidratos do hambúrguer de cogumelos foi superior aos demais
hambúrgueres, fato que já era esperado, pois os carboidratos representam o
constituinte majoritário tanto no cogumelo A. brasiliensis quanto a farinha de trigo
integral. O conteúdo de carboidratos do hambúrguer de carne (4,13%) está de
acordo com limite preconizado pela legislação, o qual deve ser de no mínimo 3%
(BRASIL, 2000).
O valor calórico total (VCT) do hambúrguer de cogumelo foi de 109,12
Kcal/100g, quando comparado com o valor calórico da formulação controle (124,79
Kcal/100g) e com o hambúrguer de carne comercial (263,16 Kcal/100g) observa-se
que a adição de cogumelo ao hambúrguer consiste em uma alternativa menos
calórica a carne bovina. Essa diferença ocorre porque o hambúrguer de cogumelo
apresentou menor teor de gordura e maior teor de fibra alimentar. Porém, quando
comparado ao valor calórico do hambúrguer vegetal (84,70 Kcal/100g) o
hambúrguer de cogumelo apresentou-se um pouco mais calórico.
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que o consumo excessivo de
alimentos de alto valor calórico está associado ao aumento do índice de massa
corporal (IMC) e com o risco de obesidade (HOWARTH et al., 2006; LEDIKWE et al.,
2006; MENDOZA, DREWNOWSKI e CHRISTAKIS, 2007).
Com base nessa constatação, Cheskin et al. (2008) realizaram um estudo
para observar o efeito da variação do conteúdo energético de uma refeição teste na
ingestão calórica e de gordura, utilizando como ingrediente com alto teor calórico a
carne bovina e como baixo teor calórico o cogumelo da espécie Agaricus bisporus.
Eles observaram que com essa manipulação no conteúdo de nutrientes, os
indivíduos consumiram em um período de 4 dias uma média de 419,9kcal e 30,83g
de gordura a menos nos pratos preparados com cogumelo quando comparados aos
com carne. Esses autores ainda verificaram que a aceitação dos pratos com
cogumelo foi similar aos pratos com carne, mostrando o potencial de utilização deste
tipo de substituição. Portanto, o hambúrguer de cogumelo desenvolvido consiste em
uma excelente alternativa alimentar ao hambúrguer de carne.
Através da comparação das características nutricionais do hambúrguer de
cogumelo com a formulação controle, pode-se notar que a presença do cogumelo A.
brasiliensis resultou em maiores teores de proteína, cinzas, fibra alimentar e
101

carboidratos, e em menores teores de umidade e lipídios. Essa diferença caracteriza


o hambúrguer de cogumelo como uma alternativa para grupos populacionais que
não ingerem derivados de carne ou que necessitam de produtos mais saudáveis e
menos calóricos.
Com a preocupação crescente da população mundial acerca da saúde, a
indústria de alimentos tem sofrido mudanças para se enquadrar a este novo perfil de
consumidores, que buscam uma alimentação mais nutritiva e natural. Para atender
essa demanda, observa-se uma tendência dos pesquisadores na elaboração de
alternativas mais saudáveis aos produtos frequentemente consumidos (Tabela 24).
Dentre esses produtos, o hambúrguer vem sendo um dos mais utilizados, uma vez
que apresenta em sua composição nutricional elevados teores de gordura e
colesterol.

TABELA 24 – COMPARAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA FORMULAÇÃO DE HAMBÚRGUER DE


COGUMELO COM HAMBÚRGUERES FORMULADOS COM DIFERENTES
MATÉRIAS-PRIMAS
Hambúrguer Hambúrguer Hambúrguer
Hambúrguer Hambúrguer
PRODUTO de soja com vegetal à base 3 com proteína
de cogumelo 1 2 de caju 4
blueberry de soja fúngica
Umidade (%) 44,13 ND 80,18 49,47 ND
Cinzas (%) 6,12 ND 11,59 2,89 ND
Lipídios (%) 1,60 8,50 17,99 7,90 4,60
Proteínas (%) 20,31 26,90 25,42 5,75 12,40
Fibra alimentar 24,47 13,80 34,22 ND 3,60
(%)
Carboidratos 27,84 20,8 10,78 33,99 8,90
totasis (%)
VCT (kcal) 109,12 236,00 ND ND 112,00
ND – Não determinado
1
Small (2007); 2 Berno, Guimarães-lopes e Canniatti-brazaca (2007); 3 Lima (2008); 4 Rodger (2001).

Através da comparação da composição físico-química do hambúrguer de


cogumelo com os hambúrgueres de diferentes fontes verificados nos estudos
apresentados, permite determinar que o hambúrguer de cogumelo apresenta a
melhor distribuição dos nutrientes. Essa constatação indica que a incorporação do
cogumelo A. brasiliensis em produtos cárneos, como hambúrguer, deve ser
estimulada.
Desde 1994, a divulgação da linha de produtos “Mycoprotein” tem sido focada
na escolha da proteína de origem fúngica como uma fonte alimentar saudável, ao
invés de um produto vegetariano. Estudos realizados demonstraram que esses
102

produtos são equivalentes a carne, tofu e proteína vegetal texturizada (PVT,


derivada da farinha de soja) em termos de aparência, textura, aroma e flavour
(MCILVEEN, ABRAHAM e ARMSTRONG, 1999). A expansão do mercado desses
produtos nos Estados Unidos e o crescente aumento nos países europeus têm
demonstrado a sua aceitabilidade, sendo que esses produtos competem com os
produtos à base de soja (RODGER, 2001).

4.3.1 Análise de textura

A análise de textura, realizada nos hambúrgueres de cogumelo, foi feita


através da técnica de punção e penetração, a qual permite avaliar dois parâmetros
de textura concomitantemente: força de cisalhamento (resistência ao corte) e
consistência (dureza). Os resultados estão representados na Tabela 25 e pelas
Figuras 10 e 11.
Assim como na análise sensorial, as amostras de hambúrguer foram
grelhadas durante 8 minutos, virando a cada 2 minutos, em temperatura de 170ºC.

TABELA 25 - MEDIDAS OU VALORES MÉDIOS DE TEXTURA INSTRUMENTAL DOS


DIFERENTES HAMBÚRGUERES ESTUDADOS
AMOSTRA TEXTURA (g)
a
Formulação 1 (F1) 2723
a
Formulação 2 (F2) 2679
a
Ponto central 1 (PC1) 2685
a
Formulação 3 (F3) 2643
a
Formulação controle (FC) 2200
a
Hambúrguer de carne (HC) 2442
b
Hambúrguer vegetal (HV) 343
NOTA: letras diferentes na vertical indicam diferença estatística de 5%.
F1: 8% de cogumelo; F2 e PC1: 10% de cogumelo; F3: 12% de cogumelo

A textura determinada para as diferentes formulações de hambúrguer de


cogumelo não apresentou diferença significativa (p≤0,05) pelo teste de Tukey,
porém, avaliando os resultados numericamente, o teor de dureza diminui conforme
se aumenta a quantidade de cogumelo.
Os valores oscilaram entre 2723g e 2643g, evidenciando que a utilização de
diferentes teores de cogumelo desidratado e farinha de trigo integral nas diferentes
formulações de hambúrguer de cogumelo influenciaram nas propriedades de textura
103

da formulação final. Os valores mais baixos indicam hambúrgueres mais macios, ou


seja, em termos gerais, “maior facilidade na mastigação”.

3000

2500

2000
CARGA (g)

1500 F1
F2
1000
F3
500

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
-500
TEMPO (s)

FIGURA 10 - MEDIDAS DE TEXTURA DAS TRÊS FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE


COGUMELO

3000

2500

2000

1500 F3
CARGA (g)

FC
1000
HC
500 HV
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
-500

-1000
TEMPO (s)

FIGURA 11 - MEDIDAS DE TEXTURA DO HAMBÚRGUER COM MAIOR TEOR DE COGUMELO,


DA FORMULAÇÃO CONTROLE E DOS HAMBÚRGUERES COMERCIAIS DE CARNE
E VEGETAL

A Figura 11 mostra claramente a diferença existente entre o hambúrguer


vegetal e os demais hambúrgueres. Esse hambúrguer foi o único que diferiu
significativamente dos demais, sendo que tanto o hambúrguer de carne adquirido no
varejo como a formulação controle, foram estatisticamente iguais ao hambúrguer
formulado com 12% de cogumelo. Esse resultado demonstra o potencial do
hambúrguer de cogumelo frente ao hambúrguer semelhante presente no mercado,
104

uma vez que o hambúrguer vegetal apresentou textura muito diferente do


hambúrguer tradicional.
A resposta de um material à penetração pode ser afetada pela densidade e
uniformidade da matriz, já que somente uma região da seção transversal é
submetida à penetração, e a resistência à essa força, mede o grau de compactação
ou densidade, chamado firmeza. A variação na densidade e qualquer defeito ou
não-homogenidade da matriz, como bolsas de ar ou ingredientes adicionados,
podem alterar à força de penetração, o que pode ter influenciado os presentes
resultados. É por isso que as curvas de penetração da formulação contendo 12% de
cogumelo e da formulação controle apresentam mais um pico após o pico máximo
(BARRETO e BEIRÃO, 1999).
Os resultados de textura sensorial ficaram próximos aos reportados pela
análise de textura instrumental para as diferentes formulações de hambúrguer de
cogumelo, onde a formulação com menor teor de cogumelos apresentou médias
sensoriais inferiores às demais formulações.

4.4 EFEITO DAS MATÉRIAS-PRIMAS NOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

As formulações de hambúrguer de cogumelo elaboradas através do


delineamento de misturas apresentaram os seguintes parâmetros físico-químicos
(Tabela 26).

TABELA 26 - ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE PROTEÍNAS, FIBRA ALIMENTAR E TEXTURA DAS


FORMULAÇÕES DE HAMBÚRGUER DE COGUMELO
AMOSTRA COGUMELO FARINHA PROTEÍNAS FIBRA TEXTURA
(%) (%) (%) ALIMENTAR (%) (g)
a a a
Formulação 1 08,00 22,00 17,98 21,15 2723
a b a
Formulação 2 10,00 20,00 18,56 23,06 2679
a b a
Ponto central 10,00 20,00 18,47 23,12 2685
b c a
Formulação 3 12,00 18,00 20,31 24,47 2643

Analisando os teores de proteína dos hambúrgueres de cogumelo, pode-se


observar um aumento significativo no conteúdo protéico à medida que ocorre a
substituição da farinha de trigo integral pelo cogumelo A. brasiliensis. Essa influência
do cogumelo no teor de proteínas das formulações foi demonstrada pelo modelo
105

quadrático. A Tabela 27 apresenta os coeficientes das equações ajustados pelo


modelo quadrático para o teor de proteínas, assim como seus erros padrões.

TABELA 27 - COEFICIENTES OBTIDOS DO MODELO QUADRÁTICO PARA O PARÂMETRO


PROTEÍNA
COMPONENTES COEFICIENTES ERRO-PADRÃO p R² = 0,9987
Cogumelo (A) 20,31 0,064 0,001995
Farinha (B) 17,98 0,064 0,002253
Mistura (AB) -2,52 0,254 0,064091

NOTA: R² = Coeficiente de correlação

Conforme pode-se observar na tabela 27, o coeficiente de correlação foi de


0,9987, indicando um bom ajuste do modelo proposto. O modelo ainda demonstra
que tanto o cogumelo como a farinha de trigo integral influenciaram
significativamente no teor de proteínas (p<0,05). Esse efeito pode ser observado
através do Gráfico de Pareto (Gráfico 7).

GRÁFICO 7 - GRÁFICO DE PARETO DA VARIÁVEL PROTEÍNA

O gráfico 7 demonstra que o cogumelo foi o componente que mais influenciou


no teor de proteínas das formulações, fato já esperado, uma vez que o teor de
proteínas do cogumelo A. brasiliensis é muito superior ao da farinha de trigo integral.
A Tabela 28 apresenta a análise de variância do modelo quadrático.
106

TABELA 98 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA DO MODELO QUADRÁTICO PARA A PROTEÍNA


FONTE DE VARIAÇÃO S.Q. G.L. M.Q. F p
Modelo 3,11135 2 1,55568 384,1173 0,036055
Erro total 0,00405 1 0,00405
Falta de ajuste 0,00000 0 0,00000
Erro puro 0,00405 1 0,00405
Total 3,11540 3 1,03847

A análise de variância demonstrou que o modelo quadrático foi significativo


para o teor de proteínas, pois o valor de p foi menor que 0,05, mostrando que não
houve falta de ajuste.

Analisando os teores de fibra alimentar dos hambúrgueres de cogumelo,


pode-se observar, assim como nas proteínas, um aumento significativo no conteúdo
de fibras à medida que ocorre a substituição da farinha de trigo integral pelo
cogumelo A. brasiliensis. Essa influência do cogumelo no teor de fibra alimentar das
formulações foi demonstrada pelo modelo quadrático. A Tabela 29 apresenta os
coeficientes das equações ajustados pelo modelo quadrático para o teor de fibra
alimentar, assim como seus erros padrões.

TABELA 29 - COEFICIENTES OBTIDOS DO MODELO QUADRÁTICO PARA O PARÂMETRO


FIBRA ALIMENTAR
COMPONENTES COEFICIENTES ERRO-PADRÃO p R² = 0,9997
Cogumelo (A) 24,47 0,042 0,001104
Farinha (B) 21,15 0,042 0,001277
Mistura (AB) 1,12 0,170 0,095734
NOTA: R² = Coeficiente de correlação

Conforme pode-se observar na Tabela 29, o coeficiente de correlação foi de


0,9997, indicando um ótimo ajuste do modelo proposto. O modelo ainda demonstra
que tanto o cogumelo como a farinha de trigo integral influenciaram
significativamente no teor de fibra alimentar (p<0,05). Esse efeito pode ser
observado através do Gráfico de Pareto (Gráfico 8).
107

GRÁFICO 8 - GRÁFICO DE PARETO DA VARIÁVEL FIBRA ALIMENTAR

O gráfico 8 demonstra que o cogumelo foi o componente que mais influenciou


no teor de fibra alimentar das formulações. Assim como nas proteínas, esse fato já
esperado, visto que o teor de fibra alimentar do cogumelo A. brasiliensis é superior
ao da farinha de trigo integral. A Tabela 30 apresenta a análise de variância do
modelo quadrático.

TABELA 30 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA DO MODELO QUADRÁTICO PARA A FIBRA ALIMENTAR


FONTE DE VARIAÇÃO S.Q. G.L. M.Q. F p
Modelo 5,5896 2 2,7948 1552,667 0,017942
Erro total 0,0018 1 0,0018
Falta de ajuste 0,0000 0 0,0000
Erro puro 0,0018 1 0,0018
Total 5,5914 3 1,8638

A análise de variância demonstrou que o modelo quadrático foi significativo


para o teor de fibra alimentar, pois o valor de p foi menor que 0,05, mostrando que
não houve falta de ajuste.
Analisando a textura dos hambúrgueres de cogumelo, pode-se observar que
à medida que ocorre a substituição da farinha de trigo integral pelo cogumelo A.
brasiliensis, os valores de textura diminuem, ou seja, os hambúrgueres oferecem
menor resistência ao corte. Essa influência do cogumelo na textura das formulações
foi demonstrada pelo modelo quadrático. A Tabela 31 apresenta os coeficientes das
108

equações ajustados pelo modelo quadrático para a textura, assim como seus erros
padrões.

TABELA 31 - COEFICIENTES OBTIDOS DO MODELO QUADRÁTICO PARA O PARÂMETRO


TEXTURA
COMPONENTES COEFICIENTES ERRO-PADRÃO p R² = 0,9944
Cogumelo (A) 2643,00 4,243 0,001022
Farinha (B) 2723,00 4,243 0,000992
Mistura (AB) -4,00 16,97 0,852637
NOTA: R² = Coeficiente de correlação

Conforme pode-se observar na Tabela 31, o coeficiente de correlação foi de


0,9944, indicando um bom ajuste do modelo proposto. O modelo ainda demonstra
que tanto o cogumelo como a farinha de trigo integral influenciaram
significativamente na textura (p<0,05). Esse efeito pode ser observado através do
Gráfico de Pareto (Gráfico 9).

GRÁFICO 9 - GRÁFICO DE PARETO DA VARIÁVEL TEXTURA

O gráfico 9 demonstra que a influência tanto da farinha como do cogumelo na


textura das formulações foi muito similar. A Tabela 32 apresenta a análise de
variância do modelo quadrático.
109

TABELA 32 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA DO MODELO QUADRÁTICO PARA A TEXTURA


FONTE DE VARIAÇÃO S.Q. G.L. M.Q. F p
Modelo 3201,00 2 1600,50 88,91667 0,074778
Erro total 18,00 1 18,00
Falta de ajuste 0,00 0 0,00
Erro puro 18,00 1 18,00
Total 3219,00 3 1073,00

A análise de variância demonstrou que o modelo quadrático não foi


significativo para a textura, pois o valor de p foi maior que 0,05. Apesar do modelo
não ser significativo, o coeficiente de correlação (R² = 0,9944) mostrou que o modelo
pode ajustar bem os dados.
Observando os coeficientes de correlação (R²), verificou-se que todos se
encontram acima de 0,9 para todos os parâmetros analisados. Ainda, a falta de
ajuste, a qual mede o ajuste do modelo utilizado, não foi significativa (p<0,05),
indicando que os modelos foram suficientemente apurados para predizer os
parâmetros físico-químicos.

4.5 ESTIMATIVA DE CUSTO DO HAMBÚRGUER DE COGUMELO

A estimativa de custo das três formulações de hambúrguer de cogumelo


desenvolvidas, sendo estas: formulação 1 com 8% de cogumelo e 22% de farinha de
trigo integral; a formulação 2 com 10% de cogumelo e 20% de farinha de trigo
integral e a formulação 3 com 12% de cogumelo e 18% de farinha de trigo integral,
estão apresentadas nas Tabelas 33, 34 e 35.
Os valores dos ingredientes foram obtidos mediante consulta com
fornecedores e com produtores do cogumelo A. brasiliensis.
110

TABELA 33 - ESTIMATIVA DE CUSTO PARA 1KG DA FORMULAÇÃO 1 DE HAMBÚRGUER DE


COGUMELO
Ingredientes Quantidade para 1kg de Custo (R$)
produto (g)
Agaricus brasiliensis desidratado 80 8,00
Farinha de trigo integral 220 0,79
Tofu 150 1,03
Proteína Texturizada de Soja 80 0,22
Cebola em pó 80 0,71
Alho em pó 60 0,26
Aroma de ervas finas 27,5 0,47
Cloreto de Sódio Refinado 20 0,014
Gelatina em pó 10 0,28
Amido Modificado 10 0,04
Carboximetilcelulose 5 0,29
Carragena 5 0,12
Tomilho 2,5 0,05

TABELA 34 - ESTIMATIVA DE CUSTO PARA 1KG DA FORMULAÇÃO 2 DE HAMBÚRGUER DE


COGUMELO
Ingredientes Quantidade para 1kg de Custo (R$)
produto (g)
Agaricus brasiliensis desidratado 100 10,00
Farinha de trigo integral 200 0,72
Tofu 150 1,03
Proteína Texturizada de Soja 80 0,22
Cebola em pó 80 0,71
Alho em pó 60 0,26
Aroma de ervas finas 27,5 0,47
Cloreto de Sódio Refinado 20 0,014
Gelatina em pó 10 0,28
Amido Modificado 10 0,04
Carboximetilcelulose 5 0,29
Carragena 5 0,12
Tomilho 2,5 0,05

TABELA 10 - ESTIMATIVA DE CUSTO PARA 1KG DA FORMULAÇÃO 3 DE HAMBÚRGUER DE


COGUMELO
Ingredientes Quantidade para 1kg de Custo (R$)
produto (g)
Agaricus brasiliensis desidratado 120 12,00
Farinha de trigo integral 180 0,64
Tofu 150 1,03
Proteína Texturizada de Soja 80 0,22
Cebola em pó 80 0,71
Alho em pó 60 0,26
Aroma de ervas finas 27,5 0,47
Cloreto de Sódio Refinado 20 0,014
Gelatina em pó 10 0,28
Amido Modificado 10 0,04
Carboximetilcelulose 5 0,29
Carragena 5 0,12
Tomilho 2,5 0,05
111

A Tabela 36 apresenta a estimativa de custo de produção das formulações.

TABELA 36 - ESTIMATIVA DE CUSTO DAS TRÊS FORMULAÇÕES DESENVOLVIDAS DE


HAMBÚRGUER DE COGUMELO
Formulações de hambúrguer de cogumelo Custo por Kg em R$
F1 12,274
F2 14,204
F3 16,124

Como esperado, a formulação com maior estimativa de custo de produção é a


que apresenta maior quantidade de cogumelo A. brasiliensis (12%), apresentando
um custo por kg de R$ 16,124.
Aliando os resultados da análise sensorial concomitantemente com a
estimativa de custo, não houve diferença significativa na preferência entre as
formulações 2 e 3, portanto, seria mais econômico produzir a formulação com menor
estimativa de custo de produção, sendo a formulação 2 que possui menor
quantidade de cogumelo.
Fica evidente que a quantidade de cogumelo A. brasiliensis no produto
influencia no custo final. Considerando que não houve diferença significativa
sensorial entre as formulações, o critério para a escolha desta poderia ser baseado
no custo do produto, e dentro dos limites estabelecidos pela legislação atual.
O quadro 1 apresenta os valores de mercado dos hambúrgueres comerciais
utilizados para comparação com os hambúrgueres formulados. Foram avaliados 5
hambúrgueres vegetais e 1 hambúrguer de carne.

Bio Soja Sojaburguer Tofuburguer


Proteína
Hambúrguer Carne Vegetal Burguer de com alho e com legumes
Vegetal
ervas finas ervas e cereais
Peso por
672 448 420 145 190 180
embalagem (g)
Unidades por
12 8 6 2 2 2
embalagem (g)
Preço por
6,79 11,23 11,89 7,23 7,88 8,12
embalagem (R$)*
Preço por quilo
10,10 25,07 28,31 49,86 41,47 45,11
(R$)*
* Valores referentes ao mês de Julho de 2009
QUADRO 1 - VALORES DE MERCADO DOS HAMBÚRGUERES COMERCIAIS ANALISADOS

Através do quadro 1 pode-se observar que o preço por quilo de todos os


hambúrgueres vegetais encontram-se bem acima do valor encontrado para as
112

formulações de cogumelos (R$ 16,124). Porém, a estimativa de custo das


formulações foi calculada pela somatória da multiplicação dos preços dos
ingredientes pela porcentagem dos mesmos, não correspondendo ao custo real do
produto, ao qual deveriam ser computados outros custos, como por exemplo,
operacionais, encargos trabalhistas, maquinário, depreciação dos equipamentos
entre outros.
Mesmo sem a adição desses custos, o hambúrguer de cogumelo A.
brasiliensis apresentou valor muito inferior ao praticado no mercado para produtos
similares. Assim comparando-se os custos com os hambúrgueres vegetais, o valor
do hambúrguer de cogumelo, não se torna exorbitante, sendo este ainda um produto
com pouquíssima quantidade de gordura e alto teor de proteína, se tornando viável
ao consumidor que busca qualidade no produto consumido. Larue et al. (2004)
verificaram que os consumidores estão dispostos a pagar um valor maior para os
produtos funcionais.
113

5. CONCLUSÃO

Mediante os resultados obtidos no presente trabalho pode-se concluir que:


• Os hambúrgueres com melhores níveis de aceitação entre os julgadores na
análise sensorial foram os elaborados com a maior quantidade de cogumelos
(10% e 12%). Esse produto também apresentou um bom índice de intenção
de compra (56%).
• A composição centesimal do hambúrguer de cogumelo revela um produto
com alto teor de proteínas e fibra alimentar, baixo teor de lipídios e baixo
valor calórico.
• O hambúrguer elaborado à base de cogumelo apresentou maiores teores de
proteínas, fibra alimentar, cinzas e carboidratos totais, e menores teores de
lipídios do que os produtos comerciais, à base de proteína animal e de
proteína vegetal avaliados. Ainda apresentou melhor composição centesimal
quando comparado com a formulação controle, elaborada com carne bovina
moída, indicando o potencial desse produto como substituto cárneo.
• A estimativa de custo das formulações dos hambúrgueres de cogumelo
demonstrou que o custo do produto pode ficar dentro dos valores praticados
no mercado pelos produtos comerciais similares.
• O cogumelo A. brasiliensis apresenta-se como uma importante alternativa de
alimento saudável, pois apresenta peculiaridades nutricionais e
gastronômicas. Os resultados obtidos neste trabalho incentivam o
desenvolvimento de novos pratos culinários com A. brasiliensis e sua
popularização como alimento gastronômico.
• O hambúrguer de cogumelo representa uma alternativa viável para aumentar
a popularização do A. brasiliensis como alimento gastronômico na forma de
hambúrguer, visto que há um baixo consumo de cogumelos e um elevado
consumo de hambúrguer pela população.
114

6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

• Determinar o teor de fibras solúveis e insolúveis das formulações;


• Quantificar o teor de beta glicanas do cogumelo A. brasiliensis desidratado e
das formulações.
• Quantificar os minerais das matérias-primas e das formulações;
• Avaliar a vida-de-prateleira das formulações;
• Realizar avaliação biológica das proteínas das formulações.
115

REFERÊNCIAS

AACC. AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS. Dietary Fiber


Technical Committee. All dietary fiber is fundamentally functional. Cereal Foods
World, v. 48, n. 3, p. 128-131, maio/jun. 2003.

ABIEC. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE


CARNE. Cortes de Carnes. 2006. Disponível em: <http://www.abiec.com.br>.
Acesso em: 20 de jun. 2008.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12086: Análise


sensorial de alimentos e bebidas. Rio de Janeiro, 1993a. 8p.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12994: Análise


sensorial dos alimentos e bebidas. Rio de Janeiro, 1993b. 2p.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13170: Teste


de ordenação em análise sensorial. Rio de Janeiro, 1994. 7p.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14141: Escalas utilizadas


em análise sensorial de alimentos e bebidas. Rio de Janeiro, 1998. 3p.

ABRAHÃO, J. J. S. et al. Características de carcaça e da carne de tourinhos


submetidos a dietas com diferentes níveis de substituição do milho por resíduo
úmido da extração da fécula de mandioca. Revista Brasileira de Zootecnia,
Viçosa, v. 34, n. 5, p. 1640-1650, 2005.

AC NIELSEN. São Paulo: AC Nielsen, 2003. Disponível em: <


http://www.acnielsen.com.br> Acesso em: 27 jun. 2008.

AC NIELSEN. São Paulo: AC Nielsen, 2007. Disponível em: <


http://www.acnielsen.com.br> Acesso em: 27 jun. 2008.

ADA. AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION. Position of the American Dietetic


Association: health implications of dietary fibre. Journal of the American Dietetic
Association, v. 12, n. 7, p. 814-826, jul. 2002.
116

ADA. AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION. Position of the American Dietetic


Association: functional foods. Journal of the American Dietetic Association, v.
104, p. 814-826, 2004.

AHA. Dietary guidelines revision: A statement for Healthcare Professionals from the
Nutrition Committee of the Americans Heart Association. Circulation, v. 102, p.
2284–2299, 2000.

AHN, W.-S. et al. Natural killer cell activity and quality of life were improved by
consumption of a mushroom extract, Agaricus blazei Murill Kyowa, in gynecological
cancer patients undergoing chemotherapy. International Journal of Gynecological
Cancer, v. 14, p. 589–594, 2004.

AIHARA, A. Boletim de mercado: O mercado do cogumelo “Agaricus blazei Murril” no


Japão. Maio de 2003. Desenvolvido pela Embaixada do Brasil em Tóquio. Disponível
em: <http://www.brasemb.or.jp>. Acesso em: 09 de fev. 2009.

AKPAJA, E. O.; ISIKHUEMHEN, O. S.; OKHUOYA, J. A. Ethnomycology and usage


of edible and medicinal mushrooms among the Igbo people of Nigeria. International
Journal of Medicinal Mushrooms, v. 5, p. 313-319, 2009.

ALEXOPOULOS, C. J.; MIMS, C. W.; BLACKWELL, M. Introductory Mycology. 4.


ed. New York: John Wiley & Sons, 1996.

ALLER, R. et al. Effect of soluble fiber intake in lipid and glucose leves in healthy
subjects: a randomized clinical trial. Diabetes Research and Clinical Practice, v.
65, n. 1, p. 7-11, 2004.

AMAZONAS, M. A. L.; SIQUEIRA, P. Champignon do Brasil (Agaricus brasiliensis):


ciência, saúde e sabor. Documento n. 85. EMBRAPA Florestas: Colombo, 2003. 45
p.

AMAZONAS, M. A. L. Agaricus brasiliensis (= Agaricus blazei ss. Heinem.): última


visão sobre a polêmica questão da identidade taxonômica de um dos cogumelos
mais promissões no mercado mundial. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE
COGUMELOS NO BRASIL, 2., 2004, Brasília. Anais... Brasília. 2004.

ANJOS, M. de C. R. dos.; ANJOS, A. dos. MA 079 – Análise Sensorial. Ministério da


Educação. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007.
117

ANUALPEC. Anuário da Pecuária Brasileira. FNP Consultoria & Comércio, São


Paulo, 2006. 369 p.

AOAC. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of


analysis of the AOAC. 17 ed. Gaithersburg, 2000.

ARAÚJO, W. M. C. et al. Efeito da adição de farinha de soja desengordurada como


fonte de lipoxigenase na distribuição dos lipídeos na massa de farinha de trigo.
Revista Ciência e Tecnologia dos Alimentos, v. 3, n. 16, p. 241-245, 1996.

ARAYA, H.; LUTZ, M. R. Alimentos funcionales y saludables. Rev. Chil. Nutr., v. 30,
n. 1, p. 8-14, 2003.

ARISSETO, A. P. Avaliação da qualidade global do hambúrguer tipo calabresa


com reduzidos teores de nitrito. 145 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Alimentos) – Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual de
Campinas. São Paulo, 2003.

ARYANTHA, N. P. Development of nutriceutical based on Indonesian edible


mushroom. Proceeding of Asean-China Workshop on Development of Edible
Mushroom Industry, BPPT Jakarta 26-27, set. 2005.

BAGCHI, D; PREUSS, H. G.; KEHRER, J. A. Nutraceutical and functional food


industries: aspects on safety and regulatory requeriments. Toxicology Letters. v.
150, p. 1-2, 2004.

BARRETO, P. L. M.; BEIRÃO, L. H. Influência do amido e carragena nas


propriedades texturiais de surimi de tilápia (Oreochomis sp.). Ciência e Tecnologia
de Alimentos. Campinas, v. 19, n. 2, maio/ago. 1999.

BARRETO, S. A. J.; CYRILLO, D. C. Análise da composição os gastos com


alimentação no Município de São Paulo (Brasil) na década de 1990. Revista Saúde
Pública, v. 35, n. 1, p. 52-59, 2001.

BARROS NETO, B.; SCARMINIO, I. E.; BRUNS, R. E. Planejamento e Otimização


de Experimentos. 2. ed. Campinas: Unicamp, 1996.

BARROS NETO, B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E. Como Fazer Experimentos,


Pesquisa e Desenvolvimento na Ciência e na Indústria. Campinas: Unicamp,
2003. p. 401.
118

BARROS, L. et al. Effects of conservation treatment and cooking on the chemical


composition and antioxidant activity of Portuguese wild edible mushrooms. Journal
of Agricultural and Food Chemistry, v. 55, p. 4781–4788, 2007.

BELLINI, M. F. Efeito de extratos aquosos e orgânicos de Agaricus blazei no


teste de aberração cromossômica e interferência da metabolização no teste do
micronúcleo e cometa, in vitro. Dissertação (Mestrado em Genética e
Melhoramento) - Universidade Estadual de Londrina. Londrina, 2005.

BERNO, L. I.; GUIMARÃES-LOPES, T. G.; CANNIATTI-BRAZACA, S. G. Avaliação


da composição centesimal, digestibilidade e atividade inibitória de tripsina em
produtos derivados de soja (glycine max). Alim. Nutr., Araraquara, v. 18, n. 3, p.
277-282, jul./set. 2007.

BLANCO-METZLER, A.; VALLE, T. L. Fibra dietética e fécula em resíduos sólidos


(farelo) de indústrias de fécula e farinha de mandioca. Revista Raízes e Amidos
Tropicais, v. 3, 2007.

BOA, E. Wild edible fungi: a global overview of their use and importance to people.
Rome: FAO, 2004.

BONONI, V. L. R.; TRUFEM, S. F. B. Cogumelos comestíveis. 2. ed. São Paulo:


Ícone, 1986.

BONONI, V. L. R. et al. Cultivo de cogumelos comestíveis. São Paulo, Ícone,


1995. 206 p.

BORCHERS, A. T. et al. Mushroom, tumors, and imumnity. Proc. Soc. Exp. Biol.
Med, v. 221, n. 4, p. 281-293, 1999.

BORCHERS, A. T.; KEEN, C. L. GERSHWIN, M. E. Mushrooms, tumors, and


immunity: an update. Experimental Biology and Medicine, v. 229, n. 5, p. 393–406,
2004.

BOWMAN, S. A.; VINYARD, B. T. Fast food consumption of US adults: impact on


energy and nutrient intakes and overweight status. Journal of the American
College of Nutrition, v. 23, p. 163-168, 2004.
119

BRAGA, G. C. et al. Variações de cor e atividade de água em Agaricus blazei


desidratado e armazenado em diferentes embalagens plásticas. Acta Scientiarum
Technology, Maringá, v. 27, n. 1, p. 83-87, jan./jun. 2005.

BRAGAGNOLO, N. Aspectos comparativos entre carnes segundo a composição de


ácidos graxos e teor de colesterol. In: II CONFERÊNCIA INTERNACIONAL
VIRTUAL SOBRE QUALIDADE DA CARNE SUÍNA. Anais... Embrapa: suínos e
aves. Concórdia. 2001.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n. 27, de 12 de janeiro de


1998. Aprova o “Regulamento técnico referente à informação nutricional
complementar”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 jan. 1998. Seção 1.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 16, de 30 de abril


de 1999. Aprova o “Regulamento Técnico de Procedimentos para Registro de
Alimentos e ou Novos Ingredientes”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 abr.
1999a.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 17, de 30 de abril


de 1999. Aprova o “Regulamento Técnico que Estabelece as Diretrizes Básicas para
Avaliação de Risco e Segurança dos Alimentos”. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 30 abr. 1999b.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 18, de 30 de abril


de 1999. Aprova o “Regulamento Técnico que Estabelece as Diretrizes Básicas para
Análise e Comprovação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde Alegadas em
Rotulagem de Alimentos”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 abr. 1999c.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 19, de 30 de abril


de 1999. Aprova o “Regulamento Técnico de Procedimentos para Registro de
Alimento com Alegação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde em sua
Rotulagem”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 abr. 1999d.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n.


20, de 31 de julho de 2000. Aprova o “Regulamento Técnico de Identidade e
Qualidade de Hambúrguer”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 jul. 2000.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 12, de 02 de janeiro


de 2001. Aprova o “Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para
alimentos”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 02 jan. 2001. Seção 1.
120

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 2, de 07 de janeiro


de 2002. Aprova o “Regulamento Técnico de Substâncias Bioativas e Probióticos
Isolados com Alegação de Propriedade Funcional e ou de Saúde”. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 07 jan. 2002.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa n.


83, de 21 de novembro de 2003. Aprova o “Regulamento técnico de identidade e
qualidade de carne moída de bovino”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 nov.
2003.

BRASIL. Instituto Mineiro de Agropecuária. Portaria n. 645, de 02 de junho de 2004.


Aprova o “Regulamento técnico de identidade e de qualidade para a classificação do
Agaricus blazei (Murril) ss. Heinemann ou Agaricus brasiliensis (Wasser et al.)”. Belo
Horizonte, MG, 02 jun. 2004.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Métodos Físico-Químicos para


Análise de Alimentos. Brasília: Ministério da Saúde, 2005a. 1018p.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa n.


8, de 03 de junho de 2005. Aprova o “Regulamento técnico de identidade e
qualidade da farinha de trigo”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 105, p. 91,
03 jun. 2005b.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 272, de 22 de


setembro de 2005. Aprova o "Regulamento técnico para produtos de vegetais,
produtos de frutas e cogumelos comestíveis". Diário Oficial da União, Brasília, DF,
22 set. 2005c.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. IX - Lista de alegações de


propriedade funcional aprovadas. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

BREENE, W. M. Nutritional and Medicinal Value of Specialty Mushrooms. Journal of


Food Protection, v. 53, n. 10, p. 883-894, 1990.

BRUM, A. A. Perfil enzimático e degradação lignocelulósica durante o


crescimento vegetativo de Agaricus brasiliensis em diferentes substratos. 117
f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia), Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, 2005.
121

BUENO, R. O. G. Características de qualidade de biscoitos e barras de cereais


ricos em fibra alimentar a partir de farinha de semente e polpa de nêspera. 118
f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do
Paraná. Curitiba, 2005.

CAMARGO, C. R. O.; FRANCISCHI, M. L. P.; CAMPAGNOLLI, D. M. F. A


composição da proteína e a qualidade de panificação da farinha de trigo. Boletim
SBCTA. Campinas, v. 31, n. 1, p. 25-32, 1997.

CAMELINI, C. Caracterização estrutural e atividade vasculogênica de β-D-


glucanas isoladas de frutificações de Agaricus brasiliensis em diferentes
estágios de maturação: implicações na produção de nutricêuticos. 66 f.
Dissertação (Mestrado em Biotecnologia), Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 2005.

CARBONELL, L. A. et al. Functional and sensory effects of fibre-rich ingredients on


breakfast fresh sausages manufacture. Food Science and Technology
International, v. 11, n. 2, p. 89-97, 2005.

CARLILE, M. J.; WATKINSON, S. C.; GOODAY, G. W. The fungi. 2. ed. London:


Academic Press, 2001. 587 p.

CASTRO, I. A. de. Modelagem e otimização de propriedades nutricionais e


sensoriais de misturas protéicas através da metodologia estatística de
superfície de resposta. 123 f. Tese (Doutorado em Nutrição Humana Aplicada),
Universidade de São Paulo. São Paulo, 1999.

CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2. ed.


rev. Campinas: Unicamp, 2003.

CHANG, S.; BUSWELL, J. A.; CHIU, S. Mushroom biology and mushroom


products. The Chinese University Press. Hong Kong, 1993.

CHANG, S.-T.; BUSWELL, J. A. Mushroom nutriceuticals. World Journal of


Microbiology and Biotechnology. v. 12, p. 473-476, 1996.

CHANG, S.-T. Overview of mushroom cultivation and utilization as functional foods.


In: CHEUNG, P. C. K. Mushrooms as functional foods. New Jersey: Wiley-
Interscience, 2008. p. 1-33.
122

CHAU, C. F.; HUANG, Y. L. Characterization of passion fruit seed fibres - a potential


fibre source. Food Chemistry, v. 85, n. 2, p. 189-194, 2004.

CHEN, L.; SHAO, H. J.; SU, Y. B. Coimmunization of Agaricus blazei Murill extract
with hepatitis B virus code protein through DNA vaccine enhances cellular and
humoral immune responses. International Immunopharmacology, v. 4, p. 403-409,
2004.

CHESKIN, L. J. et al. Lack of energy compensation over 4 days when white button
mushrooms are substituted for beef. Appetite, v. 51, n. 1, p.50-57, jul. 2008.

CHIARELLO, M. D. A soja e os alimentos funcionais: oportunidades de parcerias em


P&D para os setores público e privado. Revista Parcerias Estratégicas, n. 15, p.
48-60, out. 2002.

CHIZZOLINI, R. et al. Calorific value and cholesterol content of normal and low-fat
meat and meat products. Trends in Food Science and Technology, v. 10, p. 119–
128, 1999.

CHO, S. S.; DREHER, M. L. Handbook of Dietary Fiber. New York: Marcel Dekker,
2001.

CINTRA, R. M. G. de C. et al. Avaliação da qualidade da proteína de arroz e feijão e


de dieta da região sudeste do Brasil. Alim. Nutr., Araraquara, v. 18, n. 3, p. 283-289,
jul./set. 2007.

COLLI, C. Nutracêutico é uma nova concepção de alimento. Informativo da


Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, v. 14, n. 1, p. 1-2, 1998.

COPPINI, L. Z. et al. Fibras alimentares e Ácidos Graxos de Cadeia Curta. In: DAN,
L. W. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. 3. ed. São Paulo:
Editora Atheneu, 2004. p. 79-94.

CORNELL, J. A.; RAMSEY, P. J. A generalized mixture model for categorized


component problems with an application to a photoresist-coating experiment.
Technometrics, v. 40, n. 1, p. 48-61, 1998.

CORNELL, J. A. Experiments with mixture-designs, models and the analysis of


mixture data. 3. ed. New York: Jwiley, 2002. 432p.
123

COSTA, L. O. Processamento e diminuição do reprocesso do hambúrguer


bovino (HBV). Trabalho de conclusão de curso. Curso de engenharia de alimentos,
Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2004.

COZETTI, N. Fungos: heróis e vilões da biosfera. Revista Ecologia e


Desenvolvimento, n. 83, jul./ago. 2000.

DELLA TORRE, J. C. de M. Proteínas de soja e colágeno: validação das


metodologias de quantificação e avaliação tecnológica do uso em produtos
cárneos. 261 f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos), Universidade
Estadual de Campinas. Campinas, 2004.

DELMANTO, R. D. et al. Antimutagenic effect of Agaricus blazei Murill mushroom on


the genotoxicity induced by cyclophosphamide. Mutation Research, v. 496, p. 15–
21, 2001.

DEMIATE, M.I; SHIBATA, R.K.C. Cultivo e análise da composição química do


cogumelo do sol (Agaricus blazei Murril). Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta
Grossa, v. 9, n. 2, p. 21-32, jun. 2003.

DIAS, E. S.; ABE, C.; SCHWAN, R. F. Truths and myths about the mushroom
Agaricus blazei. Sci. Agric., Piracicaba, v. 61, n. 5, p. 545-549, set./out. 2004.

DINIZ, F. Brasil e China assinam acordo para aumento da produção e consumo de


cogumelos. Banco de notícias – Embrapa recursos genéticos e biotecnologia.
Brasília: out., 2006.

DOHNALEK, M. H. The role of fibre in clinical nutrition. In: VAN DER KAMP, J. W. et
al. Dietary fibre: Bioactive carbohydrates for food and feed. Wageningen:
Wageningen Academic Publishers, 2004. p. 271-294.

DONINI, L. P.; BERNARDI, E.; NASCIMENTO, J. S. do. Desenvolvimento in vitro de


Agaricus brasiliensis em meios suplementados com diferentes farelos. Pesq.
agropec. bras., Brasília, v. 41, n. 6, jun. 2006.

DUPRAT, L. A.; SOUZA, J. V. de. Análise da comercialização e do consumo de


cogumelos comestíveis no mercado do Distrito Federal e entorno. Boletim de
Pesquisa e Desenvolvimento, Brasília: Embrapa, n. 48, abr., 2003.
124

DUTCOSKI, S. D. Análise sensorial de alimentos. Coleção exatas 4. 2. ed.


Curitiba: Editora Champagnat, 2007. 239p.

DUXBURY, D. Dietary fiber: still no accepted definition. Food Technology, v. 58, n.


5, p. 70-80, maio, 2004.

EIRA, A. F. Cultivo do Cogumelo Medicinal Agaricus blazei (Murrill) ss.


Heinemann ou Agaricus brasiliensis (Wasser et al.). Viçosa: Ed. Aprenda Fácil,
2003. 398p.

ELZERMAN, H. Substitution of meat by NPFs: Sensory properties and contextual


factors. In: AIKING, H.; BOER, J. de.; VEREIJKEN, J. M. Sustainable Protein
Production and Consumption: Pigs or Peas? Series: Environment & Policy, 45.
Springer. 2006.

ESCOUTO, L. F. S. et al. Aceitabilidade do Cogumelo Brasileiro Agaricus


brasiliensis. Brazilian Journal of Food Technology, v. 8, n. 4, p. 321-325, out./dez.
2005.

FAN, L. et al. Advances in mushroom research in the last decade. Food Technology
and Biotechnology, v. 44, n. 3, p. 303-311, 2006.

FAO. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. The state of food insecurity


in the world. Rome: FAO, 2006.

FAO. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS.


Statistics Databases. Disponível em: < http://faostat.fao.org/fao
stat/form?collection=Production.Crops.Primary&Domain=Production&servlet=1&hasb
ulk=&version=ext&language=EN> Acesso em: 08 nov. 2007.

FARONI, L. R. D. et al. Qualidade da farinha obtida de grãos de trigo fumigados com


dióxido de carbono e fosfina. Rev. Bras. Eng. Agric. Amb., Campina Grande, v. 6,
n. 2, p. 115-119, 2007.

FATTORI, F. F. A. et al. Aspectos sanitários em “trailers” de lanche no município de


Presidente Prudente, SP. Higiene Alimentar, v. 19, p.54-62, 2005.

FEIJÓ, G. L. D. Qualidade da carne bovina. Curso conhecendo a carne que você


consome. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 1999. 25p.
125

FEIJÓ, M. B. da S. Proposta de padronização dos cortes, avaliação nutricional,


parâmetros de qualidade e efeito da embalagem em atmosfera modificada na
conservação da carne de avestruz (Struthio camellus) obtida em abate
experimental. 162 f. Tese (Doutorado em Vigilância Sanitária), Fundação Oswaldo
Cruz. Rio de Janeiro, 2006.

FELIPPE, F.; SANTOS, A. M. dos. Novas demandas profissionais: obesidade em


foco. Rev. da ADPPUCRS, Porto Alegre, n. 5, p. 63-70, dez. 2004.

FERRÃO, M. F. et al. Determinação simultânea dos teores de cinza e proteína em


farinha de trigo empregando NIRR-PLS e DRIFT-PLS. Ciência e Tecnologia de
Alimentos, Campinas, v. 24, n. 3, 2004.

FERREIRA, V. L. P. et al. Análise sensorial: testes discriminativos e afetivos.


Campinas: SBCTA, 2000. 127p.

FERREIRA, R. A. Trigo: o alimento mais produzido no mundo. Nut. Brasil, São


Paulo, v. 2, n. 1, p. 45-52, 2003.

FORTES, C. R. et al. Effects of dietary supplementation with medicinal fungus in


fasting glycemia levels of patients with colorectal cancer: a randomized, double-blind,
placebo-controlled clinical study. Nutr. Hosp., Madrid, v. 23, n. 6, dez. 2008.

FRANCO, R. C. Análise comparativa de legislações referentes aos alimentos


funcionais. 167 f. Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana Aplicada),
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.

FUJITA, A. H.; FIGUEROA, M. O. R. Composição centesimal e teor de β-glucanas


em cereais e derivados. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 23, n. 2,
p. 116-120, maio/ago. 2003.

FURLANI, R. P. Z. Valor nutricional de cogumelos cultivados no Brasil. 99 f.


Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos), Universidade Estadual de Campinas.
Campinas, 2004.

FURUKAWA, M. et al. Effect of Agaricus brasiliensis S. Wasser et al.


(Agaricomycetideae) on murine diabetic model C57BL/Ksj-db/db. International
Journal of Medicinal Mushrooms, v. 8, n. 2, p.115-128, 2006.
126

GARBELOTTI, M. L.; TORRES, E. F.; MARSIGLIA, D. A. P. Papel da fibra na


alimentação. Boletim Adolfo Lutz, n. 1, p. 3-28, 2003.

GARÓFOLO, A. et al. Dieta e câncer: um enfoque epidemiológico. Rev. Nutr.


PUCCAMP, v. 17, n. 4, p. 491-505, 2004.

GIECO, E. A.; DUBKOVSKY, J.; CAMARGO, L. E. A. Interaction between resistance


to Septoria tritici and phonological stages in wheat. Sci. Agric., Piracicaba, v. 61, n.
4, p. 422-426, 2004.

GIL, M. I.; ENCARNA, A.; KADER, A. A. Quality changes and nutrient retention in
fresh-cut versus whole fruits during storage. Journal of Agricultural and Food
Chemistry, Easton, v. 54, n. 12, p. 4284-4294, 2006.

GIRALDI, B. R. Alteração do valor nutricional do patinho bovino (músculo


Bíceps femoris) em diferentes modos de preparo. Trabalho de conclusão de
curso. Curso de Nutrição, Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, 2008.

GOESAERT, H. et al. Wheat flour constituents: how they impact bread quality, and
how to impact their functionality. Trends in Food Science & Technology, v. 16,
p.12-30, 2005.

GONZAGA, M. L. C. et al. In vivo growth-inhibition of Sarcoma 180 by an alpha-(1--


>4)-glucan-beta-(1-->6)-glucan-protein complex polysaccharide obtained from
Agaricus blazei Murill. Journal of Natural Medicines, v. 63, n. 1, p. 32-40, jan. 2009.

GRAM, P. et al. Fast food franchises in hospitals. JAMA, v. 287, p. 2945-2946,


2002.

GRIZARD, D.; DALLE, M.; BARTHOMEUF, C. Changes in insulin and corticosterone


levels may partly mediate the hypolipidemic effect of guar gum and low-molecular
weight pectin in rats. Nutritional Researches, v. 21, n. 8, p. 1185-1190, ago. 2001.

GUARIENTI, E. M. Qualidade industrial de trigo. 2. ed. Passo Fundo:


EMBRAPA/CNPT, 1996. 36 p.

GUARIENTI, E. M. et al. Avaliação do efeito de variáveis meteorológicas na


qualidade industrial e no rendimento de grãos de trigo pelo emprego de análise de
componentes principais. Revista Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia
dos Alimentos, v. 23, n. 3, p. 500-510, 2003.
127

GUIMARÃES, J. B. Produção de biomassa do Agaricus blazei Murrill em vários


meios de cultura e desempenho e qualidade da carne de frangos de corte
alimentados com ração suplementada com esse fungo. 156 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência dos Alimentos), Universidade Federal de Lavras. Minas
Gerais, 2006.

GURGEL, M. S. de C. C. do A. Efeito da radiação gama na resistência do


Staphylococcus aureus (Rosembach, 1884) e nas propriedades físico-químicas
e sensoriais do queijo Minas Frescal. 81 f. Tese. Centro de energia nuclear na
agricultura, Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2000.

GUTERREZ, Z. R. et al. Variation of the antimutagenicity effects of water extracts of


Agaricus blazei Murill in vitro. Toxicology, v. 18, p. 301–309, 2004.

HASLER, C. M. The Changing Face of Functional Foods. Journal of the American


College of Nutrition, v. 19, n. 5, p. 499-506, 2000.

HATTORI, T. S. et al. Proteinbound polysaccharide K induced apoptosis of the


human Burkitt lymphoma cell line, Namalwa. Biomed. Pharmacother., v. 58, n. 4, p.
226–230, 2004.

HAWKSWORTH, D. L. et al. Ainsworth & Bisby's dictionary of the fungi. 8. ed.


Wallingford: CAB international, 1995.

HEINEMANN, P. Agaricaceae des regions intertropicales d’Amérique du Sud: Agarici


Austroamericani VII. Bulletin du Jardin Botanique National de Belgique, Meise, v.
62, p. 355-384, 1993.

HELM - ZILIOTTO, C. Obtenção de biomassa através de processo fermentativo


em cultura submersa do cogumelo comestível Boletus granulatus em soro de
leite. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos), Universidade Federal de
Santa Catarina. Florianópolis, 1995.

HENRIQUES, G. S.; SIMEONE, M. L. F.; AMAZONAS, M. A. L. de A. Avaliação in


vivo da qualidade protéica do champignon do Brasil (Agaricus brasiliensis Wasser et
al.). Rev. Nutr., Campinas, v. 21, n. 5, p.535-543, set./out. 2008.

HERRERA, O. M. Produção, economicidade e parâmetros energéticos do


cogumelo Agaricus blazei: um enfoque de cadeia produtiva. 192 f. Tese
(Doutorado em Agronomia), Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP. São
Paulo, 2001.
128

HO, J. C. et al. Fungal polysaccharopeptide inhibits tumor angiogenesis and tumor


growth in mice. Life Sci., v. 75, n. 11, p. 1343–1356, 2004.

HOFFMAN, L. C. et al. Comparison of six crossbred lamb types: sensory, physical


and nutritional meat quality characteristics. Meat Science, v. 65, p. 1265-1274, 2003.

HOOGENKAMP, H.W. Meat Patties: formulating for today’s consumer. Meat


International, v. 6, n. 6, p. 30-32, 1996.

HOWARTH, N. C. et al. Dietary energy density is associated with overweight status


among 5 ethnic groups in the multiethnic cohort study. The Journal of Nutrition, v.
136, n. 8, p. 2243–2248, 2006.

HSIEH, K. Y. et al. Oral administration of an edible-mushroom-derived protein inhibits


the development of food-allergic reactions in mice. Clin. Exp. Allergy., v. 33, n. 11,
p. 1595–1602, 2003.

HUANG, L.-C. Antioxidant properties and polysaccharide composition analysis


of Antrodia camphorata and Agaricus blazei. Tese de doutorado, National Chung-
Hsing University. Taichung, 2000.

IAL. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de


alimentos. 4. ed. Brasília: ANVISA, 2005.

IZAWA, S.; INOUE, Y. A screening system for antioxidants using thioredoxin-


deficient yeast: discovery of thermostable antioxidant activity from Agaricus blazei
Murill. Applied Microbial and Cell Physiology, v. 64, p. 537–542, 2004.

JACOBS JUNIOR, D. R.; STEFFEN, L. M. Nutrients, foods, and dietary patterns as


exposures in research: a framework for food synergy. American Journal of Clinical
Nutrition, v. 78, p. 508-513, 2003.

JAMISON, D. T. et al. Prioridades em saúde: Banco Mundial, Washington, 2006.


222 p.

JENKINS, D. J. A.; WOLEVER, T. M. S.; JENKINS, A. L. Fibra e Outros Fatores


Dietéticos que Afetam a Absorção e o Metabolismo dos Nutrientes. In: SHILS, M. E.
et al. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 9. ed. São Paulo:
Manole; 2003. p. 728-732.
129

JIMENEZ-COLMENERO, F.; CARBALLO, J.; COFRADES, S. Healthier meat and


meat products: their role as functional foods. Meat Science, v. 59, n. 1, p. 5-13,
2001.

JOSE, N.; AJITH, T. A.; JANARDHANAN, K. K. Methanol extract of the oyster


mushroom, Pleurotus florida, inhibits inflammation and platelet aggregation.
Phytother Res., v. 18, n. 1, p. 43-46, 2004.

KANENO, R. et al. Effects of extracts from Brazilian sun-mushroom (Agaricus blazei)


on the NK activity and lymphoproliferative responsiveness of Ehrlich tumor-bearing
mice. Food and Chemical Toxicology, v. 42, p. 909-916, 2004.

KARAN, L. M. et al. Chemical Characterization of the Mushroom Agaricus blazei


Murill. IN: 12TH WORLD CONGRESS OF FOOD SCIENCE AND TECHNOLOGY.
2003, Chicago. Anais… Chicago: IUPAC, 2003.

KIM, G. Y. et al. Oral administration of proteoglycan isolated from Phellinus linteus in


the prevention and treatment of collagen-induced arthritis in mice. Biol. Pharm.
Bull., v. 26, n. 6, p. 823-831, 2003a.

KIM, G. Y. et al. Alleviation of experimental septic shock in mice by acidic


polysaccharide isolated from the medicinal mushroom Phellinus linteus. Biol. Pharm.
Bull., v. 26, n. 10, p. 1418-1423, 2003b.

KIM, S. H. et al. Anti-inflammatory and related pharmacological activities of the n-


BuOH subfraction of mushroom Phellinus linteus. Journal of Ethnopharmacology,
v. 93m n. 1, p. 141-146, 2004;

KIM, Y. W. et al. Antidiabetic activity of beta-glucans and their enzymatically


hydrolyzed oligosaccharides from Agaricus blazei Biotechnology Letters,
Dordrecht, v. 27, n. 7, p. 483-487, 2005.

KIM, M. Y. et al. Comparison of free amino acid, carbohydrates concentrations in


Korean edible and medicinal mushrooms. Food Chemistry, v. 113, p. 386–393,
2009.

KIMURA, M. et al. Protective effect of donepezil against amyloid-beta neurotoxicity in


rat septal neurons. Brain Res., v. 1047, n. 1, p. 72-84, 2005.

KITOUS, B. Les alicaments. Paris: ENSP, 2003.


130

KOBAYASHI, H. et al. Suppressing effects of daily oral supplementation of beta-


glucan extracted from Agaricus-blazei Murill on spontaneous and peritoneal
disseminated metastasis in mouse model. J Cancer Res Clin Oncol v.131, n.8,
p.527–38, aug. 2005.

KRUGER, C. L.; MANN, S. W. Safety evaluation of funcional ingredients. Food and


Chemical Toxicology, v. 41, p. 793-805, 2003.

KUO, Y. C. et al. Cell cycle progression and cytokine gene expression of human
peripheral blood mononuclear cells modulated by Agaricus blazei. J. Lab. Clin.
Med., v. 140, n. 3, p. 176-187, 2002.

KUROZAWA, L. E. Efeito das condições de processo na cinética de secagem de


cogumelo (Agaricus blazei). 141 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Alimentos), Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2005.

KWAK, N.; JUKES, D. J. Functional foods. Part 1: the development of a regulatory


concept. Food Control, v. 12, p. 99-107, 2001a.

KWAK, N.; JUKES, D. J. Functional foods. Part 2: the impact on current regulatory
terminology. Food Control, v. 12, p. 109-117, 2001b.

LAJOLO, F. M. Introdução alimentos funcionais. In: CONGRESSO


INTERNACIONAL SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS – CIÊNCIA, INOVAÇÃO E
REGULAMENTAÇÃO, 1., 2006. São Paulo. Anais... São Paulo: FIESP. 2006.

LAMBO, A. M.; OSTE, R.; NYMAN, M. E. Dietary fibre in fermented oat and barley b-
glucan rich concentrates. Food Chemistry, v. 89, p. 283-293, 2005.

LARUE, B. et al. Consumer response to functional foods produced by conventional,


organic or genetic manipulation. Agribusiness, v. 20, p. 155-166, 2004.

LAURENTINO, G. E. C.; ARRUDA, I. K. G.; ARRUDA, B. K. G. Nanismo nutricional


em escolares no Brasil. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, v. 3, p. 377-385,
2003.

LAWLESS, H. T.; HEYMANN, H. Sensory Evaluation of Food: Principles and


Practices. Gaithersburg: Editora Aspen Publication, 1999. 237p.
131

LEDIKWE, J. H. et al. Dietary energy density is associated with energy intake and
weight status in US adults. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 83, n. 6,
p. 1362-1368, 2006.

LEVI-COSTA, R. B. et al. Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil:


distribuição e evolução (1974-2003). Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 34,
n. 4, p. 530-540, 2005.

LIMA, J. X.; OLIVEIRA, L. F. O crescimento do restaurante self-service: aspectos


positivos e negativos para o consumidor. Higiene Alimentar, v. 19, p. 45-53, 2005.

LIMA, J. R. Caracterização físico-química e sensorial de hambúrguer vegetal


elaborado à base de caju. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 32, n. 1, fev. 2008.

LIU, S. A prospective study of dietary fiber intake and risk of cardiovascular disease
among women. Journal of the American College of Cardiology, v. 39, p. 49-56,
2002.

LIU, Y. H. et al. Effectiveness of Dp2 nasal therapy for Dp2- induced airway
inflammation in mice: using oral Ganoderma lucidum as an immunomodulator.
Journal of Microbiology, Immunology and Infection, v. 36, n. 4, p. 236-242, 2003.

LIU, Y. et al. Immunomodulating Activity of Agaricus brasiliensis KA21 in Mice and in


Human Volunteers. eCAM Advance Access published, abr. 2007.

LIYANA-PATHIRANA, C. M.; DEXTER, J.; SHAHIDI, F. Antioxidant properties of


wheat as affected by pearling. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54,
p. 6177-6184, 2006.

LOGUERCIO-LEITE, C. et al. A particularidade de ser um fungo – Constituintes


celulares. Biotemas, Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 17-27, jun. 2006.

LÓPEZ, M. M. S.; KIZLANSKY, A.; LÓPEZ, L. B. Evaluación de la calidad de las


proteínas en los alimentos calculando el escore de aminoácidos corregido por
digestibilidad. Nutr. Hosp., v. 21, n. 1, p. 47-51, 2006.

LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da carne bovina. 2. ed. São Paulo: LinBife, 2000.
134p.
132

LUIZ, R. C. et al. Mechanism of anticlastogenicity of Agaricus blazei Murill mushroom


organic extracts in wild type CHO (k1) and repair deficient (xrs5) cells by
chromosome aberration and sister chromatid exchange assay. Mutation Research,
v. 528, p. 75-79, 2003.

MACEDO, L. M. A. et al. Composição química e perfil de ácidos graxos de cinco


diferentes cortes de novilhas mestiças (Nelore vs Charolês). Semina: Ciências
Agrárias, Londrina, v. 29, n. 3, p. 597-608, jul./set. 2008.

MAHAN, L. K.; ARLIN, M. T. KRAUSE - Alimentos Nutrição e Dietoterapia. São


Paulo: Roca, 1995. 957 p.

MANANDHAR, K. L. Mushroom cultivation Technology for women’s Income. In:


International Conference on Women’s Science & Technology for Proverty Alleviation,
Proceedings…, 2003.

MANZI, P. et al. Nutrients in edible mushrooms: an inter-species comparative study.


Food Chemistry, v. 65, p. 477-482, 1999.

MANZI, P.; AGUZZI, A.; PIZZOFERRATO, L. Nutritional value of mushrooms widely


consumed in Italy. Food Chemistry, Oxford, v. 73, n. 3, p. 321-325, maio 2001.

MARKOVA, N. et al. Protective activity of lentinan in experimental tuberculosis.


International Immunopharmacology, v. 3, n. 10/11, p. 1557-1562, 2003.

MARQUES, J. A. et al. Características físico-químicas da carcaça e da carne de


novilhas submetidas ao anestro cirúrgico ou mecânico terminadas em confinamento.
Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 35, n. 4, p. 1514-1522, 2006.

MARQUES, J. de M. Elaboração de um produto de carne bovina “tipo


hambúrguer” adicionado de farinha de aveia. 55 f. Dissertação (Mestrado em
Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007.

MATA, A. R. Alimentos com alegações de propriedades funcional e/ou de saúde.


Workshop “Alimentos Funcionais e Nutracêuticos”, Curitiba, 06-07 de maio de 2002.

MATSUI, T. O. et al. Discovery of alcohol dehydrogenase from mushrooms and


application to alcoholic beverages. Journal of Molecular Catalysis B: Enzimatic, v.
26, p. 133-144, 2003.
133

MATTILA, P.; SUONPÄÄ, K.; PIIRONEN, V. Functional properties of edible


mushrooms. Nutrition, v.16, n. 7/8, p. 694-696, 2000.

MATTILA, P. et al. Basic Composition and Amino Acid Contents of Mushrooms


Cultivated in Finland. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 50, p. 6419-
6422, 2002a.

MATTILA, P. et al. Sterol and vitamin D2 contents in some wild and cultivated
mushrooms. Food Chemistry, v. 76, p. 313-318, 2002b.

MCILVEEN, H.; ABRAHAM, C.; ARMSTRONG, G. Meat avoidance and the role of
replacers. Nutrition and Food Science, v. 1, p. 29-36, 1999.

MCKEVITH, B. Nutritional aspects of cereals. Nutrition Bulletin, v. 29, p. 111-142,


2004.

MEHINAGIC, E. et al. Relationship between sensory analysis, penetrometry and


visible NIR spectroscopy of apples belonging to diferent cultivars. Food Quality and
Preference, v. 14, p. 473-484, 2003.

MEILGAARD, M.; CIVILLE, G.V.; CARR, B.T. Sensory evaluation techniques. 3.


ed. Boca Raton: CRC Press, 1991. 394p.

MENDOZA, J. A.; DREWNOWSKI, A.; CHRISTAKIS, D. A. Dietary energy density is


associated with obesity and the metabolic syndrome in U.S. adults. Diabetes Care,
v. 30, n. 4, p. 974-979, 2007.

MENEZES, L. F. G. et al. Perfil de ácidos graxos de cadeia longa e qualidade da


carne de novilhos terminados em confinamento com diferentes níveis de monensina
sódica na dieta. Ciência Rural, Santa Maria, v. 36, n. 1, p. 186-190, 2006.

MENRAD, K. Market and marketing of functional food in Europe. Journal of Food


Engineering, v. 56, p. 181-188, 2003.

MILES, P. G.; CHANG, S. T. Biologia de las setas: fundamentos básicos y


acontecimientos actuales. Hong Kong: World Scientific, 1997. 133p.
134

MILLWARD, D. J. The nutritional value of plant-based diets in relation to human


amino acid and protein requirements. Proc. Nutr. Soc., London, v. 8, p. 249-260,
1999.

MIRANDA, M. Z. de.; EL-DASH, A. Farinha integral de trigo germinado.


Características Nutricionais e estabilidade ao armazenamento. Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 22, n. 3, p. 216-223, set./dez., 2002.

MIZUNO, T. K. Agaricus blazei Murril: Medicinal and dietary effects. Food Reviews
International, v. 11, p. 167-172, 1995.

MIZUNO, T. Medicinal properties and clinical effects of culinary-medicinal mushroom


Agaricus blazei Murrill (Agaricomycetideae). International Journal of Medicinal
Mushrooms, v. 4, p. 299-312, 2002.

MODA, E. M. Aumento da vida útil de cogumelos Pleurotus sajor-caju in natura


com aplicação de radiação gama. 105 f. Tese (Doutorado em Ciências),
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.

MONTEIRO, C. A.; MONDINI, L.; COSTA, R. D. L. Mudanças na composição e


adequação nutricional da dieta familiar nas áreas metropolitanas do Brasil: 1988-
1996. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 3, p. 252-258, 2000.

MONTEIRO, C. S. Desenvolvimento de molho de tomate Lycopersicon


esculentum Mill formulado com cogumelo Agaricus brasiliensis. 176 f. Tese
(Doutorado em Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do Paraná. Curitiba,
2008.

MONTGOMERY, D. C. Diseño y análisis de experimentos. Trad. por Jaime


Delgado Saldivar. México, Iberoamérica, 1991.

MONTGOMERY, D. C.; VOTH, S. R. Multicollinearity and leverage in mixture


experiments. Journal of Quality Technology, v. 26, n. 2, p. 96-108,1994.

MOREIRA, F. B. et al. Evaluation of carcass characteristics and meat chemical


composition of Bos indicus and Bos indicus x Bos taurus crossbred steers finished in
pasture systems. Brazilian Archives of Biology and Technology, Curitiba, v. 46, n.
4, p. 609-616, 2003.
135

MORIMOTO, J. M. et al. Fatores associados à qualidade da dieta de adultos


residentes na região metropolitana de São Paulo, Brasil, 2002. Cad. Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v. 24. n. 1, 2008.

MOSKOWITZ, H. Applied sensory analysis of food. Boca Raton, Flórida. 1998.


170p.

MOUSIA, Z. et al. Effect of wheat perling on flour quality. Food Research


International, v. 37, p. 449-459, 2004.

MURRAY, J. M.; DELAHUNTY, C. M.; BAXTER, I. A. Descriptive sensory analysis:


past, present and future. Food Research International, v. 34, p. 461- 471, 2001.

MURPHY, S. C. et al. Evaluation of surimi, fat and water content in a low/no added
pork sausage formulation using response surface methodology. Meat Science, v. 66,
p. 689-701, 2004.

MUTO, Y.; NINOMIYA, M.; FUJIKI, H. Present status of research on cancer


chemoprevention in Japan. Japanese Journal of Clinical Oncology, v. 20, p. 219-
224, 1989.

NASCIMENTO, M. da G. F. do.; OLIVEIRA, C. Z. F. de.; NASCIMENTO, E. R do.


Hambúrguer: evolução comercial e padrões microbiológicos. Boletim CEPPA, v. 23,
n. 1, p. 59-74, 2005.

NASCIMENTO, I. S. do. Vegetarianos do Brasil: consumo x produção de carne.


Centro de Desenvolvimento Sustentável Universidade de Brasília. Brasília, dez.,
2007.

NANBA, H. et al. Effects of Maitake (Grifola frondosa) glucan in HIV-infected


patients. Mycoscience, v. 41, p. 293-295, 2000.

NBJ’s. 2009 Healthy Kids’ Market Report: Breaking the Entry Barrier. Disponível em:
<http://nutritionbusinessjournal.com/healthy-foods/market-research/02-26-kids-nutriti
onreport/>. Acesso em 10 jun. 2009.

NGAI, P. H.; NG, T. B. Lentin, a novel and potent antifungal protein from Shiitake
mushroom with inhibitory effects on activity of human immunodeficiency virus-1
reverse transcriptase and proliferation of leukemia cells. Life Sciences, v. 73, n. 26,
p. 3363-3374, 2003.
136

NIU, Y. C. et al. A low molecular weight polysaccharide isolated from Agaricus blazei
suppresses tumor growth and angiogenesis in vivo. Oncology Reports, Athens, v.
21, n. 1, p. 145-152, jan. 2009.

NORONHA, R. L. F. A. A expectativa do consumidor e sua influência na


aceitação e percepção sensorial de café solúvel. 130 f. Tese (Doutorado em
Tecnologia de Alimentos) - Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade
Estadual de Campinas. Campinas, 2003.

NOVAES, M. R. C. G.; FORTES, R. C. Efeitos antitumorais de cogumelos


comestíveis da família agaricaceae. Rev. Nutr. Brasil, v. 4, n. 4, p. 207-217, 2005.

OLIVO, R. Carne bovina e saúde humana. Revista Nacional da Carne, v. 332, out.
2004.

OPAS. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Doenças crônicas


degenerativas e obesidade: estratégia mundial sobre alimentação saudável,
atividade física e saúde. Brasília: OMS, 2003. 60p.

ORTOLAN, F. Genótipos de trigo do Paraná – Safra 2004: Caracterização e


fatores relacionados à alteração de cor de farinha. 140 f. Dissertação (Mestrado
em Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Centro de ciências rurais, Universidade
Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2006.

PACHECO, M. T. B.; SGARBIERI, V. C. Fibra e doenças gastrointestinais. In:


LAJOLO, F. M. et al. Fibras dietéticas en iberoamérica: tecnologia y salud. São
Paulo: Varela, 2001. p. 386-387.

PADILHA, M. M. et al. Anti-Inflammatory Activity of Aqueous and Alkaline Extracts


from Mushrooms (Agaricus blazei Murill). Journal of Medicinal Food, v. 12, n. 2, p.
359-364, abr. 2009.

PARDI, M. C. et al. Ciência, Higiene e Tecnologia da Carne. Goiana: Eduff, 1995.


586 p.

PARK, Y. K. et al. Determinação da concentração de ß-glucano em cogumelo


Agaricus blazei Murill por método enzimático. Ciência e Tecnologia de Alimentos,
Campinas, v. 23, n. 3, p. 312-316, set./dez. 2003.
137

PEDERSEN, H. E. Application of soya protein concentrates in processed meat


products. Experience from different countries. Fleischwirtschaft, v. 75, n. 6, p. 798-
802, 1995.

PEDROSO, A.; TAMAI, F. Análise e composição química do Agaricus Blazei Murril.


Apostila de estudo da USP - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, 2001.

PENSEL, L. The future of red meat in human diets. Nutrition Abstracts and
Reviews, v. 68, p. 1-4, 1998.

PERDIGÃO. Resultados 2º trimestre 2006. Disponível em


<http://www.perdigao.com.br>. Acesso em: 12 nov. 2008.

PEREIRA, C. F.; AMARAL, M. C. de A. P. A aplicação da análise sensorial na


indústria de alimentos. Alimentos & tecnologia, São Paulo: Grupo Brasil Rio, v. 12,
n. 72, 1997.

PEREIRA, R. A. S. Tecnologia da Moagem III. SENAI/CE – CERTREM. Fortaleza,


2001.

PEREIRA, M. A. et al. Dietary fiber and risk of coronary disease: a pooled analysis of
cohort studies. Archives of International Medicine, v. 164, p. 370-376, 2004.

PÉREZ-ESCAMILLA, R.; HALDEMAN, L. Food label use modifies association of


income with dietary quality. Journal of Nutrition, v. 132, n. 4, p. 768-72, 2002.

PHILLIP, S. T. Nutrição e Técnica Dietética. Editora Manole, 2003. 390p.

PIEPEL, G. F.; CORNELL, J. A. Mixture experiments approaches: Examples,


discussion, and recommendations. Journal of Quality Technology. Wisconsin, v.
26, n. 3, p. 177-196, 1994.

PIMENTEL, D.; PIMENTEL, M. Sustainability of meat-based and plant-based diets


and the environment. American Journal of Clinical Nutrition, v. 78, 2003.

PIRES, C. V. et al. Digestibilidade in vitro e in vivo de proteínas de alimentos: estudo


comparativo. Alim. Nutr., Araraquara v. 17, n. 1, p. 13-23, jan./mar. 2006.
138

POLLONIO, M. A. R. Tecnologia de alimentos. São Paulo: Catálise, 1993.

POPPE, J. Use of agricultural waste materials in the cultivation of mushrooms. In:


INTERNATIONAL CONGRESS ON THE SCIENCE AND CULTIVATION OF EDIBLE
FUNGI, 2000, Maastricht, Netherlands Anais…, Maastricht, 2000.

POSNER, E. S. Wheat. In: KULP, K.; PONTE, J. G. Handbook of cereal science


and technology. 2. ed. New York: Marcel Dekker, 2000. p.1-29.

PRABHASANKAR, P.; RAO, P. H. Lipids in wheat flour streams. Journal of Cereal


Science, v. 30, p. 315-322, 1999.

PRADO, I. N. Conceitos sobre a produção com qualidade de carne e leite.


Maringá: Eduem, 2004.

PUTZKE, J.; PUTZKE, M. T. L. Os reinos dos fungos. Santa Cruz do Sul:


EDUNISC. 2003. Volume II - 1a. edição. 222p.

RASPER, V. F.; WALKER, C. E. Quality evaluation of cereals and cereal products.


In: KULP, K.; PONTES, J. G. Handbook of cereal science and technology. 2. ed.
New York: Marcel Dekker, 2000. p. 505-537.

RAUD, C. Os alimentos funcionais: a nova fronteira da indústria alimentar análise


das estratégias da Danone e da Nestlé no mercado brasileiro de iogurtes. Revista
de Sociologia e Política, Curitiba, v. 16, n. 31, p. 85-100, nov. 2008.

RIBEIRO, L. R.; SALVADORI, D. M. F. Dietary components may prevent


mutationrelated diseases in humans. Mutation Research, v. 544, p. 195-201, 2003.

RODGER, G. Production and properties of mycoprotein as a meat alternative.


Mycoprotein – a meat alternative new to the U.S. Food Technology, v. 55, p. 36-41,
2001.

RODRIGUES, V. C. et al. Ácidos graxos na carne de búfalos e bovinos castrados e


inteiros. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 33, n. 2, p. 434-443, 2004.

RODRÍGUEZ, R. et al. Dietary fibre from vegetable products as source of functional


ingredients. Trends in Food Science & Technology, v. 17, p. 3-15, 2006.
139

ROMANELLI, P. F.; CASERI, R.; LOPES FILHO, J. F. Processamento da Carne de


Jacaré do Pantanal (Caiman crocodilus yacare). Ciência e Tecnologia de
Alimentos, v. 22, n. 1, p. 70-75, 2002.

ROSA, L. H. Diversidade de fungos Agaricales (Basidiomycota) em dois


fragmentos de Mata Atlântica do Estado de Minas Gerais. 216 f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Biológicas), Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2002.

ROSA, L. H. Cultivo do “Cogumelo do Sol”. Dossiê técnico: Fundação Centro


Tecnológico de Minas Gerais/CETEC, out., 2006.

ROSEGRANT, M. W.; LEACH, N.; GERPACIO, R. V. Alternative futures for world


cereal and meat consumption. Proceedings of the Nutrition Society, v. 58, p. 219-
234, 1999.

ROSENTHAL, A. J. Food Texture - Measurement and Perception. Chapman & Hall,


London, 1999.

ROYNETTE, C. E. et al. n-3 Polyunsaturated fatty acids and colon cancer


prevention. Clinical Nutrition, v. 23, n. 2, p. 139-151, 2004.

RULE, D. C. et al. Comparison of muscle fatty acid profiles and cholesterol


concentrations of bison, beef cattle, elk, and chicken. Journal of Animal Science, v.
80, n. 5, p. 1202-1211, 2002.

SADLER, M. Nutritional properties of edible fungi. Nutrition Bulletin, v. 28, p. 305-


308, 2003.

SAMPAIO, S. M.; QUEIROZ, M. R. Influência do processo de secagem na qualidade


do cogumelo Shiitake. Eng. Agríc., Jaboticabal, v. 26, n. 2, p. 570-577, maio/ago.
2006.

SANTA, H. S. D. Efeitos no metabolismo e ação imunomoduladora em


camundongos do micélio de Agaricus brasiliensis produzido por cultivo no
estado sólido. 192 f. Tese (Doutorado em Processos Biotecnológicos),
Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2006.

SANTOS, L.G. Resposta técnica: Ministério da Ciência e Tecnologia, Rio Grande do


Sul, SENAI/RS – Departamento Regional, 2005.
140

SANTOS, C. R. A. dos. O império Mcdonald e a Mcdonalização da sociedade:


alimentação, cultura e poder. In: SEMINÁRIO FACETAS DO IMPÉRIO NA
HISTÓRIA. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, nov., 2006.

SBAF. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTOS FUNCIONAIS. São Paulo, 2007.


Disponível em: <http://www.sbaf.org.br>. Acesso em: 21 jun. 2008.

SCHAAFSMA, G. The protein digestibility-corrected amino acid score (PDCAAS): a


concept for describing protein quality in foods and food ingredients: a critical review.
Journal of AOAC International, v. 88, n.3, p. 988-994, 2005.

SCHABBACH, L. M. et al. Seven-component lead-free frit formulation. American


Ceramic Society Bulletin, v. 82, p. 47-50, 2003.

SCHULZE, M. B., et al. Glycemic index, glycemic load, and dietary fiber intake and
incidence of type 2 diabetes in younger and middle-aged women. American Journal
of Clinical Nutrition, v. 80, p. 348-356, 2004.

SEABRA, L. M. J.; ZAPATA, J. F. F. Fécula de Mandioca e Farinha de Aveia como


Substitutos de Gordura na Formulação de Hambúrguer de Carne Ovina. Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Campinas, p. 244-248, set./dez. 2002.

SECEX. SECRETARIA EXECUTIVA DE COMÉRCIO EXTERIOR. Circular Secex n.


59 de 18/12/2002, fls. 09,10,11,12.

SERVIÇO BRASILEIRO DE RESPOSTAS TÉCNICAS. Beneficiamento de farinha de


trigo. Minas Gerais: CETEC, 2007. (Dossiê Técnico). Disponível em:
<http://sbrtv1.ibict.br/upload/sbrt5386.pdf?PHPSESSID=15d4594772fe83a99cbcd24f
5a47bc28>. Acesso em: 19 nov. 2008.

SGARBIERI, V. C. Deterioração e modificações químicas, físicas e enzimáticas de


proteínas. In: SGARBIERI, V.C. Proteínas em alimentos protéicos. São Paulo:
Varela, 1996. p. 387-517.

SHELTON, D. R.; LEE, W. J. Cereal carbohydrates. In: KULP, K.; PONTE, J. G.


Handbook of cereal science and technology. 2. ed. New York: Marcel Dekker, p.
385-415, 2000.
141

SHIBATA, C. K. R.; DEMIANE, I. M. Cultivo e análise da composição química do


cogumelo do sol (Agaricus blazei Murril). Publ. UEPG Ci Biol. Saúde, Ponta
Grossa, v. 9, n. 2, p 21-32, 2003.

SILVA, C. A.; SOUSA, E. L.; SOUSA, C. P. Estudo da qualidade sanitária da carne


moída comercializada na cidade de João Pessoa, PB. Higiene Alimentar, v. 18, p.
90-93, 2004.

SILVA, R. R. da.; COELHO, G. D. Fungos: Principais grupos e aplicações


biotecnológicas. Curso de capacitação de monitores e educadores. Programa de
Pós Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente. São Paulo, 2006.

SILVA, R. G. et al. Dietary effects on muscle fatty acids composition of finish heifers.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, n. 1, p. 95-101, 2002.

SINGI, G. et al. Efeitos agudos da aplicação endovenosa do cogumelo-do sol


(Agaricus blazei Murill) sobre a pressão arterial média e a freqüência cardíaca de
ratos anestesiados. Revista Brasileira de Farmacognosia, Brazilian Journal of
Pharmacognosy, v. 16, n. 4, p. 480-484, out./dez. 2006.

SIQUEIRA, P. O uso dos cogumelos na alimentação e na gastronomia brasileira. In:


SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE COGUMELOS NA ALIMENTAÇÃO, SAÚDE,
TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE NO BRASIL, 1. Brasília. Anais... Brasília, 2002.
p. 88-92.

SLAVIN, J. Why whole grains are protective: biological mechanisms. Proceedings of


the Nutrition Society, v. 62, p. 129-134, 2003.

SMALL, P. B. Development of a Soy-blueberry Burger and the Changes in


Anthocyanins and Phenolics During Storage and Broiling. University of Maine.
Dissertation: Ph.D. Food and Nutrition Sciences, 2007.

SMITH, J. E.; ROWAN, N. J.; SULLIVAN, R. Medicinal mushrooms: a rapidly


developing area of biotechnology for cancer therapy and other bioactivities.
Biotechnol. Lett. Netherlands, v.24, p.1839-1845, 2002.

SOKOLOWSKI, R. O. Caracterização da pasta de cogumelo Agaricus bisporus a


partir de talos descartados no processo industrial. 2000. Dissertação (Mestrado em
Ciências dos Alimentos) - Universidade Federal de Santa Catarina.
142

SORIMACHI, K. et al. Inhibition by Agaricus blazei Murill fractions of ytopathic effect


induced by western equine encephalitis (WEE) virus on VERO cells in vitro.
Bioscience, Biotechnology, and Biochemistry, v. 65, n. 7, p. 1645-1647, jul. 2001.

SOUZA, P. H. M.; SOUZA NETO, M. H.; MAIA, G. A. Componentes funcionais nos


alimentos. Boletim SBCTA, v. 37, n. 2, p. 127-135, 2003.

SOUZA, L. F., PERES, A.P., MARTINS, B. V. Estudo do desenvolvimento micelial


através do cultivo da Lentinula edodes em resíduos agroindustriais e de
indústrias madeireiras da região de Ponta Grossa. Trabalho de conclusão de
curso. Universidade Federal Tecnológica do Paraná, Ponta Grossa, 2007.

SPENCER, E. H.; FRANK, E.; MCINTOSH, N. F. Potential Effects of the Next 100
Billion Hamburgers Sold by McDonald’s. American Journal of Preventive
Medicine, v. 28, n. 4, 2005.

STAMETS, P. Techniques for the cultivation of the medicinal mushroom Royal Sun
Agaricus-blazei Murrill (Agaricomycetidae). International Journal of Medicinal
Mushroom, v. 2, p.151-160, 2000.

STATSOFT. Statistica 7.1 for Windows. EUA Software. Tucksa, 2005.

STIJVE, T.; AMAZONAS, M.A.L.A.; GILLER, V. Flavour and taste components of ss.
Heinem. - A new gourmet and medicinal mushroom. Deutsche Lebensmittel-
Rundschau, v. 98, n. 12, p. 448-453, 2002.

STIJVE, T. et al. Potential toxic constituents of Agaricus brasiliensis (A. blazei ss.
Heinem.), as compared to other cultivated and wild-growing edible mushrooms.
Deutsche Lebensmittel-Rundschau, v. 99. n. 12, 2003.

STONE, H.; SIDEL, J. L. Sensory Evaluation Practices. London: Academic Press.


1985, 310p.

STRINGHETA, P. C. et al. Alimentos “funcionais” - conceitos, contextualização e


regulamentação. Juiz de Fora: Templo, 2007. 246p.

SVIHUS, B.; UHLEN, A. K.; HARSTAD, O. M. Effect of starch granule structure,


associated components and processing on nutritive value of cereal starch: A review.
Animal Feed Science and Technology, v. 122, p. 303-320, 2005.
143

TACO. TABELA BRASILEIRA DE COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS/ NEPA-


UNICAMP. – Versão II. Campinas: NEPA-UNICAMP, 2006. p.105.

TAIPINA, M. S.; FONTS, M. A. S.; COHEN, V. H. Alimentos funcionais –


nutracêuticos. Higiene Alimentar, v. 16, n. 100, p. 28-29, 2002.

TAKAKU, T.; KIMURA, Y.; OKUDA, H. Isolation of an antitumor compound from


Agaricus blazei Murill and its mechanism of action. Journal of Nutrition, v. 131, p.
1409–1413, 2001.

TAVARES, T. de M.; SERAFINI, A. B. Carnes de hambúrgueres prontas para


consumo: aspectos legais e riscos bacterianos. Rev. Patologia Tropical, Goiânia, v.
35, n. 1, p. 1-21, jan./abr. 2006.

TEDRUS, G. A. S. et al. Estudo da adição de vital glúten à farinha de arroz, farinha


de aveia e amido de trigo na qualidade de pães. Revista Sociedade Brasileira de
Ciência e Tecnologia dos Alimentos, v. 21, n. 1, p. 20-25, 2001.

TEIXEIRA, E., MEINERT, E. M., BARBETTA, P. A. Análise sensorial de alimentos.


Florianópolis: Editora da UFSC, 1987.

TELAROLLI JUNIOR, R.; MACHADO, J. C. M. S.; CARVALHO, F. Perfil demográfico


e condições sanitárias dos idosos em área urbana do Sudeste do Brasil. Rev. Saúde
Pública, São Paulo, v. 30, n. 5, out. 1996.

TERRA, N. N. Apontamentos de Tecnologia de Carnes. São Leopoldo: Ed.


UNISINOS, 1998. 216p.

TJAKKO, S.; AMAZONAS, M. A. L. A.; GILLER, V. Flavour and taste components of


Agaricus blazei. Heinem.-A New Gourmet and Madicinal Mushroom. Deutsche
Lebensmittel-Rundschuau, v. 98, n. 12, p. 448-453, 2002.

TOMIZAWA, M. M. et al. Variabilidade genética de isolados do cogumelo Agaricus


blazei por meio de marcadores RAPD. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 31, n. 4, p. 1242-
1249, jul./ago. 2007.

THOMPSON, D. R. Designing mixture experiments – A review. Transactions of the


Assae, St. Joseph, v. 24, n. 4, p. 1077-1086, 1981.
144

TONIAL, T. M. Obtenção do crescimento do fungo comestível Volvariella


volvacea em fermentação no estado sólido e em fermentação submersa a
partir de resíduos agroindustriais. 93 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia
Química), Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 1997.

TORRES, E. A. F. S. et al. Composição centesimal e valor calórico de alimentos de


origem animal. Ciência Tecnologia dos Alimentos. Campinas, v. 20, n. 2,
maio/ago. 2000.

TRICHOPOULOU, A.; VASILOPOULOU, E. Mediterranean diet and longevity.


British Journal of Nutrition, London, v. 84, n. 2, p. 205-209, 2000.

TSAI, S.-Y.; TSAI, H.-L.; MAU, J.-L. Non-volatile taste components of Agaricus
blazei, Agrocybe cylindracea and Boletus edulis. Food Chemistry, v. 107, p. 977-
983, 2008.

TUNGLAND, B. C.; MEYER, D. Nondigestible oligo- and polysaccharides (dietary


fiber): their physiology and role in human and health food. Comprehensive Reviews
in Food Science and Food Safety, v. 1, p. 73-77, 2002.

USDA. US DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Nutrition and your health: Dietary


guidelines for Americans Homes and garden. Bulletin n. 232. Washington, DC:
Government University Press, 2000.

USDA. US Department of Agriculture. Nutrient Database for Standard Reference.


Release 15, Nutrient Data Laboratory, Beltsville Research Center, 2002.

USP. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Faculdade de Ciências Farmacéuticas.


Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental. Tabela Brasileira de
composição de alimentos: projeto integrado de composição de alimentos. São Paulo,
versão 4.1, 2004. Disponível em: <http://www.fcf.usp.br/tabela/>. Acesso em: 26
mar. 2007.

VALSTA, L. M.; TAPANAINEN, H.; MANNISTO, S. Meat fats in nutrition. Meat


Science, v. 70, p. 525-530, 2005.

VAZ, F. N. et al. Qualidade e composição química da carne de bovinos de corte


inteiros ou castrados de diferentes grupos genéticos Charolês x Nelore. Revista
Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 30, n. 2, p. 518-525, 2001.
145

VERAVERBEKE, W. S.; DELCOUR, J. A. Wheat protein composition and properties


of wheat glutenin in relation to breadmaking functionality. Critical Reviews in Food
Science and Nutrition, v. 42, p. 179-208, 2002.

VERÇOSA JUNIOR, D. et al. Influência de Agaricus blazei Murilll sobre o tumor


sólido de Ehrlich e linfonodos poplíteos de camundongos. Arq. Bras. Med. Vet.
Zootec., v. 59, n. 1, p. 150-154, fev. 2007.

VIEIRA, A. P.; BADIALE- FURLONG, E.; OLIVEIRA, M. L. M. Ocorrência de


micotoxinas e características físico-químicas em farinhas comerciais. Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 19, n. 2, 1999.

VINNARI, M. The future of meat consumption - Expert views from Finland.


Technological Forecasting & Social Change, v. 75, p. 893-904, 2008.

WAITZBERG, D. L.; LOGULLO, P. Proteínas. In: DAN, L. W. Nutrição Oral, Enteral


e Parenteral na Prática Clínica. 3. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004.

WASZCZYNSKYJ, N. Análise sensorial em alimentos e bebidas. Curitiba,


Universidade Federal do Paraná, 2001. 18p.

WASSER, P. S.; WEIS, A. L. Medicinal properties of substances occurring in higher


Basidiomycetes mushrooms: current perspectives (review). International Journal of
Medicinal Mushrooms, v. 1, p. 31-62, 1999.

WASSER, S. P. Review of Medicinal Mushrooms Advances: Good News from Old


Allies. Herbal Gram, v. 56, p. 28-33, 2002a.

WASSER, S. P. Medicinal mushrooms as a source of antitumor and


immunomodulating polysaccharides. Applied Microbiology and Biotechnology, v.
60, n. 3, p. 258-274, 2002b.

WASSER, S. P. et al. Is a widely cultivated culinary-medicinal Royal Sun Agaricus


(the Himematsutake mushroom) indeed Agaricus blazei Murril? International
Journal of Medicinal Mushrooms, v. 4, p. 267-290, 2002.

WASSER, S. P.; DIDUKH, M. Y. Dietary supplements from culinary-medicinal


mushrooms: a variety of regulations and safety concerns for the 21st century.
International Journal of Medicinal Mushrooms, v. 6, p. 231-248, 2004.
146

WASSER, S. P.; DIDUKH, M. Y. Culinary medicinal higher basidiomycete


mushrooms as a prominent source of dietary supplements and drugs for the 21st
century. In: Proceedings of 5th International Conference of Mushroom Biology and
Mushroom products. Sanghai, China, v. 12, p. 20-34. 2005.

WATANABE, T. et al. Antihypertensive effect of gamma-amino butyric acid-enriched


Agaricus blazei on mild hypertensive human subjects. Journal of Japanese Society
for Food Science and Technology, v. 50, p.167-173, 2003.

WAY III, C. V. W. Segredos em Nutrição - respostas necessárias ao dia-a-dia: em


rounds, na clínica, em exames orais e escritos. Porto Alegre: ed. Artmed, 2000.
296p.

WEISBURGER, J. H. Eat to live, not live to eat. Nutrition, London, v. 16, p. 767-773,
2000.

WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Quality control methods for medical


plant materials. Geneva: WHO, 1998. 115p.

WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION, International Agency for Research on


Cancer. Weight control and physical activity. Lyon, France: IARC Press, 2002.

WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Diet, nutrition and the prevention of


chronic diseases: report of a joint WHO/FAO expert consultation, series 916, Geneva
2003.

YAMADA, T. et al. Effects of Lentinus edodes mycelia on dietary-induced


atherosclerotic involvement in rabbit aorta. Journal of Atherosclerosis and
Thrombosis, v. 9, n. 3, p. 149-156, 2002.

YANG, C. H.; LI, Y. J.; WEN, T. C. Mixture Design Approach to PEG−PPG−PTMG


Ternary Polyol-Based Waterborne Polyurethanes. Industry & Engineering
Chemical Research, v. 36, n. 5, p.1614-1621, 1997.

YANG, C. H. et al. “Mixture design approaches to IPDI-H6XDI-XDI ternary


diisocyanate-based waterborne polyurethanes”. Polymer, v. 40, n. 4, p. 871-885, fev.
1999.
147

YOON, S. J. et al. The nontoxic mushroom Auricularia auricula contains a


polysaccharide with anticoagulant activitymediated by antithrombin. Thrombosis
Research, v. 112, n. 3, p. 151-158, 2003.

ZARKADAS, C. G.; KARATZAS, C. N.; KHANIZADEH, S. Evaluation protein quality


of model meat/soybean blends using amino acid compositional data. Journal of
Agricultural and Food Chemistry, v. 41, n. 4, p. 624-632, 1993.

ZENI, G.; PENDRAK, I.P. Bionconversão de celulose em proteína utilizando a


levedura Cândida utillis e o fungo Pleurotus ostreatus. Trabalho de conclusão de
curso. Universidade Federal Tecnológica do Paraná, Ponta Grossa, 2006.

ZHONG, B. Z. et al. Genetic toxicity test of Yun Zhi polysaccharide (PSP). In: YANG,
Q.-Y. Advanced Research in PSP. The Hong Kong Association for Health Care
Ltd., p. 285-294, 1999.

ZORZENON, F. J. Pragas dos cogumelos comestíveis. In: Anais da III Reunião


itinerante de fitossanidade do instituto biológico. Mogi das Cruzes, SP, 2000.

Você também pode gostar