A Arte e Sua História

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A Arte e Sua História

Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano


Autor

Introdução
Neste  material será apresentada a arte das origens das manifestações artísticas,
muitas atribuições da arqueologia e historiadores. Os estudos das civilizações
antigas ajudam a desvendar a nossa origem e até mesmo alguns comportamentos
das sociedades ocidentais.

Por não saber quando o homem começou a apreciar a arte da mesma maneira
que fazemos agora, os estudos são considerados vestígios de materiais
arqueológicos que nem sempre são considerados obras de arte.

Separar a arte de alguns contextos históricos torna-se quase impossível, pois a


representação da civilização acontece por meio de pinturas, esculturas e
arquitetura. Na verdade, a arte passa a ser representatividade da história e um
auxílio no entender da humanidade.

Importante salientar que os movimentos artísticos receberam os nomes que


conhecemos hoje depois de alguns anos, quando estudiosos e críticos observaram
as obras e analisaram o estilo e, assim, adotaram a nomenclatura. Também não
havia uma data exata do começo de um movimento. As datas foram definidas por
períodos de anos, sendo que alguns desses períodos aconteciam simultaneamente
com algum outro movimento. Existem períodos de transição, uma determinada
técnica passa a inovar o que antes era usado.

Dessa forma, os estudos da arte em seus primórdios, Idade Média e início da idade
moderna reforçará o significado de apropriação de conhecimento para mudança
de pensamento e, consequentemente, de atitude.
Objetivos de Aprendizagem
Conhecer a história da arte e seus principais períodos

Identificar as principais características das obras de arte dentro de seu


contexto histórico

Entender a importância de se conhecer a história da arte


Arte Rupestre
O primeiro entendimento que precisamos é a definição de arte rupestre. Pode
parecer óbvio, mas quando não temos o conhecimento básico, as demais
informações se tornam irrelevantes, seria como falar grego. A arte rupestre são os
“desenhos e pinturas das cavernas pré-históricas” (AURÉLIO, 2009).

Os estudos de arte rupestre abrangem várias áreas do conhecimento em sua


compreensão da humanidade, e pode-se encontrar nos cinco continentes os
“desenhos” de homens primitivos. Isso explica a gama de historiadores que buscam
respostas pelas paredes das cavernas. De acordo com Duarte (2013, p. 146), “As
informações possíveis de serem extraídas sobre a arte rupestre foram levantadas a
partir dos estudos arqueológicos, antropológicos, filosóficos, históricos e
psicológicos.”

Segundo Gaspar (2004), se hoje temos os registros preservados dessa arte antiga é
graças ao trabalho de preservação da arqueologia, que permitiu o espaço para os
estudos.

  A arqueologia é a ciência que estuda as culturas a partir do


seu aspecto material, construindo suas interpretações através
da análise dos artefatos, seus arranjos espaciais e sua
implantação na paisagem (GASPAR, 2004 p.159). 

A autora fez um artigo de estudos da arte rupestre em Portugal, e a sua


contribuição é necessária para o esclarecimento da importância da arte rupestre.
Sendo assim,  Martins (2017) reforça a importância dos estudos em arte rupestre
nas expedições arqueológicas para não se perder de vista a grandeza das
contribuições históricas:

  A obrigatoriedade da inclusão de especialistas em arte


rupestre nas equipas de prospecção, bem como uma maior
consciencialização por parte da comunidade arqueológica da
especificidade da matéria em questão, foram factores
determinantes para este aumento de sítios arqueológicos com
arte rupestre nos últimos anos (MARTINS, 2017, p. 158). 

Gaspar (2004) apresenta arte rupestre como uma manifestação de registros de


comunicação entre os primitivos, que deixavam suas marcas de expressão e
comunicação por meio do desenho e da pintura. Em sua contribuição, Duarte (2013)
aponta que as pinturas eram de animais e de atos do cotidiano, sempre pintadas
na mesma parede juntas aos temas. Aparecem cenas dos rituais de celebração do
sagrado, das colheitas e até mesmo algumas histórias que foram contadas pelos
ancestrais. Fato também interessante é que cada grupo possuía um tipo de pintura,
de acordo com a sua cultura. Com a 

  Arte rupestre é possível conhecer a representatividade do


mundo exterior dos primitivos e verificar que eles tinham a
consciência de serem dotados por Deus, mas que também
eram seres dotados de capacidades físicas, psíquicas, culturais
sociais de forma limitada (DUARTE, 2013, p.155). 

Os desenhos poderiam ser atribuídos ao que eles entendiam da realidade, atos do


dia a dia que construíram para uma rotina de caça, pesca, atos sagrados e mesmo
sexuais para multiplicação do grupo. Foram inseridas atividades tradicionais como
a sobrevivência da espécie.

Segundo Gaspar (2006), no Brasil as contribuições de arte rupestre são


encontradas em sítios arqueológicos com manifestações de civilizações que
colonizaram a América do Sul; as gravuras são apresentadas com diferentes
estéticas e grupos e são feitas em grutas, costões rochosos e abrigos.  Assim como
Duarte (2013), Gaspar (2006) diz que algumas representações são ações do
cotidiano e também de rituais místicos. Em cada região se utilizava de um tipo de
material para a coloração das pinturas e grafismos: carvão, gordura de animais e
minerais.

  A pintura geralmente é composta pela cor vermelha, embora


se encontre, em alguns painéis, a cor amarela e preta. A
preparação das tintas tem a seguinte composição: óxido de
ferro, sangue de animal e gordura vegetal (leite de plantas),
tanto pela consciência correta para evitar corrimento, como
pelo conhecimento de misturas naturais, os quais permitiram
que grande parte das pinturas atravessassem os tempos que
indelevelmente, sem perder as mesmas em alguns casos, o
brilho original. Já as gravuras a técnica utilizada para a sua
execução foram picoteamento e raspagem e para a pintura foi
utilizado instrumentos de pequeno e médio porte e com os
dedos. (DUARTE, 2013, p.159) 
FIGURA 1 Arte rupestre
FONTE: imagecom / 123RF.

Existe uma separação feita por estudiosos dos períodos da arte na pré-história, que
se divide em: paleolítico, neolítico e idade dos metais. Segundo Proença (2008),
separam-se por aspectos técnicos: Paleolítico - traços na parede, registro de mãos
e utilização de pó triturado de rocha. Neolítico - produção de utensílios com pedra
polida e desenhos geométricos, realizavam reproduções de imagens sugestivas de
seres. E na Idade dos metais eram utilizados pequenos artefatos para a produção
da arte. De acordo com Proença (2008), o paleolítico foi um período anterior à
escrita e de maior produção artística.

  O pintor do paleolítico era figurativo, isso é, reproduzia a


imagem em sua verdade visual. Não deformando, nem
estilizando. Nas representações de animais, observava a lei da
frontalidade, na qual os mesmos são vistos de perfil, e
procurava desenhar de memória (BASTTISTONI FILHO, 2008,
p.18) 

De relevância às informações Basttistoni Filho (2008), os primeiros registros no


período Paleolítico Superior são de estatuetas de marfim e osso, baixo-relevos em
pedra, machado de mão, adornos pessoais e objetos de decoração. Na Amazônia
brasileira existem construções de palafitas do período neolítico, feitas de madeiras
rústicas; elas beiram o rio e são moradias dos caboclos cultivadores de atividades
extrativistas.
Arte Egípcia 
A arte Egípcia, em particular, reveste-se de uma importância capital, uma vez que
com ela surgem a ‘necessidade de arte’ e a ideia de individualidade espiritual
(LACOUTE, 1986).

A civilização egípcia começou perto do rio Nilo, e teve uma cultura calcada na
eternidade. A relevância da arte para os antigos egípcios pode ser observada na
cultura e na origem da identidade grega, mulheres bem maquiadas, roupas e
adereços imponentes de faraós, que mostram um grito de vaidade. Nesse contexto,
os túmulos dos faraós egípcios são verdadeiros monumentos funerários, e as
pirâmides reforçam a ideia de exclusividade espiritual. Para Lacoute (1986), há uma
necessidade de simbolismo para os egípcios, e isso explica o que se reflete na arte
egípcia, a mitologia ligada aos mistérios da morte, tornando a Esfinge um dos
símbolos esculturais da cultura. Esse tipo de escultura representa a zoolatria, crença
que a alma habita o corpo do animal após a morte do humano em uma
reencarnação.

Para Pinsky (2012), a civilização egípcia conseguiu manter a continuidade de sua


cultura e, consequentemente, da arte, mesmo após os ataques dos persas, assírios,
macedônios e romanos. Por ter uma relação estrita com a religião, a arte, a pintura
e a arquitetura eram voltadas a esse tema.

Proença (2008) relata que as esfinges foram construídas no Egito antigo,


caracterizadas por uma cabeça humana em corpo de leão, que eram colocadas
do lado de fora das pirâmides para guardar os túmulos dos faraós; a mais
conhecida é do faraó de Quéfren (figura 2.2), Quéops e Miquerinos. Essas pirâmides
com esfinges estão localizadas no deserto de Gizé, e para construí-las foi utilizada a
técnica egípcia de assentamento de blocos. Isso ainda é a grande evolução da
época, e por essa razão alguns dizem que as pirâmides são reproduções de
alienígenas.

De acordo com Bezerra (s/d, online) as representações em pinturas seguiam


padrões sociais de hierarquia, em que a figura mais alta era o faraó; elas
obedeciam a lei de frontalidade (ângulos restritos), ausência de relevo, de sombra e
de três dimensões. Os artistas egípcios se utilizavam de cores convencionais com
pigmentos extraídos da natureza e cada cor tinha um significado na pintura. Segue:

 Preto (kem): associado à noite e à morte, a cor preta era obtida


do carvão de madeira ou de pirolusite (óxido de manganésio
do deserto do Sinai). Branco (hedj): extraído do cal ou gesso, o
branco simbolizava a pureza e da verdade. Vermelho (decher):
representava a energia, o poder e a sexualidade e era
encontrado em substâncias ocres. Amarelo (ketj): estava
associado à eternidade e era extraído do óxido de ferro
hidratado (limonite). Verde (uadj): simboliza a regeneração e a
vida e era obtido da malaquite do Sinai. Azul (khesebedj):
extraído do carbonato de cobre, o azul estava associado ao rio
Nilo e ao céu. (BEZERRA, on-line). 

FIGURA 2 Pirâmides do Egito, em destaque a Esfinge do faraó de


Quéfren
FONTE: Pius Lee / 123RF.

Os artistas egípcios desenvolveram a técnica da têmpera: “A tinta é feita com


pigmentos secos triturados e o veículo-padrão é a gema de ovo pura, sem clara,
que faria com que a tinta secasse mais rápido e não deslizasse bem na aplicação.
Para diluir a mistura, acrescentava-se água” (ARNOLD, 2008, p. 121). Esse tipo de
técnica foi utilizado nas demais artes e ainda é usada em tradições da Igreja
Ortodoxa.
FIGURA 3 Akhanaton, Nefertiri e Meritaton
FONTE: Ivan Soto / 123RF.

A civilização egípcia antiga foi a precursora de modernizações para as demais


civilizações na matemática, arquitetura, filosofia e mitologia. Essa civilização foi a
base de conhecimentos que foram aperfeiçoados ao longo dos séculos.
A Arte Grega
Para começar a apresentar um pouco da arte torna-se relevante saber que a
história grega é dividida em períodos pelos historiadores, são eles: arcaico (sec.XII a
VII a.C), clássico (sec. VI, V e IV a.C), e helênico, que começa com a morte de
Alexandre (323 a.C) até a instituição do Império Romano (30 a.C). (BASTTISTONI
FILHO, 2008). O norteamento do contexto histórico facilita o entendimento das
influências de uma arte em outra, e mais a frente será estudada a arte romana, que
possui traços da arte grega.

Diferente da arte egípcia, a arte grega contemplava a representação do corpo


humano. Proença (2008) relata que os gregos imitavam os egípcios no início de sua
produção artística, mas criaram um estilo próprio por acreditarem que o homem é
o centro do Universo; por essa razão não acreditavam em faraós como divindades,
eles possuíam imperadores que eram admirados, mas não como um deus. Eles
tinham a mitologia grega com as explicações pertinentes para todos os
acontecimentos.

O centro de suas manifestações era o homem, assim explica-se a denominação da


arte voltada ao antropocentrismo. Como eles não acreditavam em apenas um
Deus, eles tinham deuses com características humanas que regiam o divino. Se o
homem é detentor do conhecimento, logo ele é capaz de realizar os seus feitos. A
mitologia grega explica a existência humana e fenômenos da natureza, explicações
para os mistérios que não tinham respostas científicas. Assim, muito de suas
divindades estão representadas na arte grega.

De acordo com Ullmann (2007), os gregos no dia a dia não eram tão abertos às
conversas de cunho sexual ou a palavras que remetessem ao assunto, mas nas
artes visuais a interpretação leva a sugestão do tema da homossexualidade e da
sensualidade da mulher nos braços de homens. Eles representavam o corpo sem
roupas mas não pintavam o ato sexual. O autor explica que as pinturas e as
cerâmicas retratavam cenas amorosas. “Na arte, na vida pública, na religião,
encontra-se a manifestação do nú. A famosa Vênus de Nilo, esculpida em mármore,
na ilha do mesmo nome., c.200 a.C, está levemente vestida” (ULLMANN, 2007,  p.87). 

As pinturas gregas, na descrição de Basttistoni Filho (2008), eram pinturas


realizadas em vasos decorativos com cores fortes que tinham como utilidade
guardar mel, azeite, vinho e perfumes. Era a maior parte de sua manifestação
artística. Algumas trazem representações de natureza e se destacam as cores:
preto, amarelo, branco e vermelho.
Segundo Proença (2008), os gregos esculpiam em grandes pedras de mármores as
figuras masculinas que deveriam ser belas e perfeitas. As esculturas representavam
o padrão de beleza ideal, como se fizessem um “photoshop” na imagem, por isso os
traços do rosto eram perfeitos. Eles desenvolveram a técnica de esculpir em bronze
por ser um material mais duradouro, diferente do mármore que quebraria com um
possível descuido. Bocayuva (2011) descreve que as esculturas gregas
assemelhavam-se ao corpo humano e seus músculos, detalhes dos nervos, das
expressões faciais. Os artistas egípcios representavam cenas do cotidiano, mitos e
também atividades esportivas, como a escultura Discóbolo.

Acreditavam em “corpo são, mente sã”, e por isso dedicavam-se ao esporte e às


olimpíadas, jogos que conhecemos hoje.

Os destaques da arquitetura grega estão nos templos e nas colunas de cada estilo:
o dórico, com poucos detalhes, e o jônico, em que eram utilizados em construções a
base circular e estilo coríntio, com excesso de detalhes com folhas em sua
decoração. As diferenciações entre as elas são a parte superior da coluna e na sua
extensão, a pilastra. O estilo coríntio de pilar e colunas foram as mais utilizadas no
período helenista e também o mais visto na arte grega, é baseado no princípio
construtivo e de sustentação e dominado pelo horizontalismo, como por exemplo o
templo de Partenon, em Atenas, que está representado no museu de Londres, o
templo de Atenea Niké e o templo de Erecteion  (BASTTISTONI FILHO, 2008).

FIGURA 4 Réplica de Discóbolo


FONTE: Seba Flores / Wikimedia Commons.

A arte grega foi a base para as civilizações ocidentais, como na arquitetura, e tem o
sentido de potencializar o ser humano. Toda a arte remete ao equilíbrio e à
organização de espaço e estrutura. Foram grandes contribuições para a
formulação acústica para teatros, a estrutura primária para os ginásios atuais e a
praça, que tinha um propósito de socializar como até hoje em praças públicas.
A Arte Romana
Para Bocayuva (2011), os romanos tiveram muita influência da arte grega; pode-se
observar as semelhanças nos traços, nas obras arquitetônicas, as maiores
comprovações da influência. Para Lemos e Ande (2013), o estilo romano veio da
busca de identidade de um povo sem cultura e com inspirações que mesclam os
povos bizantinos e islâmicos, com religiões cristã, muçulmana e judaica. Da mesma
maneira que a arte grega, algumas manifestações artísticas romanas remetem aos
deuses da mitologia para explicação de fatos naturais ou humanos. A própria
história da criação de Roma é contada na mitologia romana, e assim está
representada diretamente na arte.

Sabendo que há busca de identidade, Flores (2006) indica que a cidade de Roma
começou em um vilarejo próximo ao rio Tigre, e as civilizações gregas e etruscas
foram incorporadas à arte romana. Ela foi colonizada por estrangeiros e cresceu
com a conquista do exército romano. Os estilos gregos foram influenciadores das 
pinturas, dos prédios públicos e das esculturas.

O império foi dividido em três grandes momentos:

 Monárquico (753 a.C. -509 a.C), Republicano (509 a.C. - 27 a.C)


e Imperial (27a. C. - 476 d.C). Em 395 d. C, o imperador Teodósio
divide o Império em duas partes: Império Romano do Ocidente,
Roma como capital e Império Romano do Oriente, com capital
em Constantinopla. (PROENÇA, 2008 p.43) 

Na arquitetura mantinham a aparência dos estilos no interior dos templos,


utilizavam de arcos, colunas e abóbada nas construções. Com esse estilo foram
construídos grandes anfiteatros, onde havia apresentações de lutas de gladiadores
que poderiam ser vistas por todos os ângulos em uma visão de 360 graus. Para a
praticidade, os romanos tinham em suas colônias casas, aquedutos, templos
termais, mercados e outras obras civis. Exemplos das representações da
construção romana é o Le Pont du Gard, que ainda está na França; outro é o
Coliseu, em Roma (PROENÇA, 2008).
FIGURA 5 Le Pont du Gard, na França.
FONTE: Benh LIEU SONG / Wikimedia Commons.

A figura a seguir o Coliseu que foi tombado como patrimônio da Unesco


(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

FIGURA 6 Coliseu, em Roma.


FONTE: Diliff / Wikimedia Commons.

Coelho (2017) explica que a arte romana estava ligada à verossimilhança da


realidade. As esculturas de baixo relevo são de destaques nas colunas e nos
sarcófagos romanos, eram adereços de contação de história, como a Coluna de
Trajano. Outra escultura marcante da época foi a de Augusto de Prima Porta, feita
para homenagear o primeiro imperador romano. Na verdade, tratava-se de uma
propaganda política para a apresentação de Gaius Iulius Caesar Octavianus
Augustus como o imperador à comunidade romana, e foi desenvolvida como uma
representação do corpo humano similar a uma escultura grega. Na escultura de
Augusto foi esculpida a armadura, que representa a capacidade de guerrear, os
deuses romanos, para passar a ideia de que os deuses estariam ao lado do
imperador, e Cupido em cima de um golfinho, na parte inferior, como representação
de agilidade e rapidez na resolução dos problemas.

FIGURA 7 Escultura de Augusto de Prima Porta


FONTE: Till Niermann / Wikimedia Commons.

As técnicas de pinturas romanas basicamente utilizavam da técnica afresco: pintar


ao ar fresco antes da tinta secar, e aplicavam a argamassa e depois aguardavam
a secagem da tinta. Isso garantia à pintura uma maior durabilidade.  Essa técnica
pode ser explicada hoje como:

 Afresco é uma técnica que consiste em pintar tetos ou paredes


sobre camada de revestimento recente, fresco, de nata de cal,
gesso ou outro material ainda úmido, de modo a possibilitar a
penetração do pigmento (TAIT e MACHADO, 2003, p. 190). 

Outra técnica era a encáustica, que misturava ceras naturais nos pigmentos em
altas temperaturas para dar brilho e cores, que eram sobrepostas umas às outras.
As técnicas permitiam estilos de incrustação, mantinham uma camada maior na
superfície e sobreposição de imagens, estilo enfeitado com desenho mais
elaborado e estilo intricado, que faziam formas geométricas. Nas pinturas foi
observado o uso do retrato para representar pessoas, mosaico para contar
narrativas heróicas ou mitológicas e cenas de paisagem (COELHO, 2017; PROENÇA,
2008).

Muitas obras romanas se perderam. Algumas foram encontradas preservadas após


o soterramento de lavas vulcânicas nas cidades de Herculano e Pompeia, e é
justamente por conta do desastre que se permitiu a “sobrevivência” dos originais,
que assim chegaram a nossa civilização (COELHO, 2017).

FIGURA 8 Retrato “O padeiro Páquio Proculo e sua mulher” -


Pompeia sec. I a.C. fresco
FONTE: Desconhecido / Wikimedia Commons.

Os romanos foram grandes articuladores da palavra, deixaram às civilizações


ocidentais o estudo da política, a oratória e o poder da palavra.
A Arte Bizantina 
A arte bizantina recebeu esse nome porque surgiu na antiga capital do Império
Romano, Bizâncio. Pertencia ao Império do Oriente localizado entre a Europa e a Ásia
e passou a chamar-se Constantinopla, que atualmente se chama Istambul. O
império bizantino ficou na condição de império de 330 d.C a 1453. Constantino
converteu-se ao cristianismo e deu incentivo à arte bizantina, que antes parecia um
pouco com a arte pagã. Lembrando que o contexto histórico dos gregos e romanos
era anterior à divisão de Cristo, ou seja, a civilização grego-romana foi a.C, com isso
toda a sua arte era voltada a divindades e ao antropocentrismo, que eram nessa
época consideradas características da “arte pagã”.

No reinado de Justiniano (527 a 565) a arte ganhou força com a construção de


igrejas e templos com investimento de riquezas da realeza, com muito brilho e cores
douradas. Por exemplo, a Igreja de Santa Sofia (Istambul), declarada para a
sabedoria divina, projetada e executada por Antêmio de Tralas e Isodoro de Mileto
(532 a 537), foi a construção máxima e serviu de modelo para as outras
construções religiosas. As demais representações da arte bizantina são as capelas:
São Vital, Santo Apolinário in classe e Santo Apolinário Novo, Mausoléu de Gala
Placídia, Basília de São Marcos (Veneza), Santa Sofia (Rússia), Basílica de Santa
Maria Maior Roma, Mausoléu de Santa Constança (PROENÇA, 2008).

FIGURA 9 Igreja de Santa Sofia em Istambul, projetada por Antêmio


de Tralas e Isodoro de Mileto (532 a 537)
FONTE: Robert Raderschatt / Wikimedia Commons.
De acordo com Battistoni Filho (2008), uma característica importante dessa arte é a
ausência de perspectiva de volume. Seu espaço não tem profundidade, é
bidimensional. Em comparação às artes grega e romana, perde o sentido do corpo
humano, e preocupação com o corpo ganha os aspectos cristãos e divinos. O
mosaico feito com pequenos pedaços de mármore foi uma das maiores
representações da arte bizantina, eram colocados na parede com argamassa, em
que se utilizava na montagem da imagem a aplicação de cal, areia e óleo para
maior aderência das cores. Era uma arte decorativa com uso das cores azul,
vermelho e dourado.

Na arquitetura, herdaram influências greco-romanas. As igrejas e templos religiosos


utilizaram, por exemplo, “a cúpula e a planta de eixo central ou de cruz grega. [...]
Aperfeiçoaram a técnica da cobertura, que passou a ser feita de telhas leves e
porosas, em lugar da concreção ou argamassa usada pelos romanos” (BATTISTONI
FILHO, 2008, p. 48). A arquitetura utilizou-se de elementos gregos e romanos para
uma busca de identidade. A cúpula e a planta tinham o formato da cruz grega e as
telhas eram fabricadas à moda romana.

No Império Bizantino ocorreu a oficialização do cristianismo, por isso uma das


marcas dessa arte é a representatividade do santo e do sagrado. Porém, algumas
tradições ainda podem ser observadas como vindas de outra civilização. Os
mosaicos e as pinturas não intentavam a busca realista mas a reprodução de uma
idealização, e retratam personalidades como sagrado, a exemplo do famoso
imperador Justiniano na Igreja de São Vital, Ravena.  Os artistas obedeciam a lei da
frontalidade (mesma utilizada pelos egípcios), a reprodução artística motivava o
respeito e a veneração da imagem.

  A arte Bizantina tinha um objetivo:  expressar a autoridade


absoluta e sagrada do Imperador, considerado o representante
de Deus, com poderes temporais e espirituais. Para que a arte
atingisse esse objetivo, uma série de convenções foi
estabelecida - tal Como ocorrera na arte egípcia (PROENÇA,
2008, p. 54). 

Para constar como observação, as esculturas nessa arte não apelavam para a
sexualidade, diferente das obras gregas. Considerando que os bizantinos eram
extremamente religiosos, suas obras possuíam mais cor que a forma, também
possuíam  influência árabe, que se aplica em superfícies planas (BATTISTONI FILHO,
2008).
FIGURA 10 Santa Sofia na Rússia
FONTE: Pedro J Pacheco / Wikimedia Commons.

A Arte Gótica
  A arte gótica origina-se no século XII após a invasão por bárbaros das áreas
romanas. Os primeiros bárbaros são de 200 d.C. com origem em Gotland, e tinham
características de guerreiros. Essa arte é uma das mais detalhistas nas suas
pinturas e fascinantes vitrais, exemplos de suas obras encontrados em catedrais e
igrejas. Ainda é um mistério, sobretudo para a arquitetura, como foram construídas
catedrais tão altas em uma época sem as ferramentas que temos hoje. Giorgio
Vasari nomeou a obra de “gótico” quando foi estudá-la no começo do
renascentismo (por volta de 1300), ao observar uma arte cheia de detalhes e cores
classificou-a como “Godo”, algo feio, rústico. Para ele, tudo deveria ser mais simples,
veremos mais adiante na arte renascentista. 

  A Arte Gótica desenvolveu-se entre os séculos XII e XIV, num


período de profundas transformações em que se assistiu a uma
expansão da sociedade feudal em diversas direções, incluindo
um notável reavivamento do comércio de longa distância e a
revitalização do urbanismo medieval. É também o período de
retomada do centralismo monárquico, ao mesmo tempo em
que a Igreja vive um diversificado florescimento interno com a
multiplicação de ordens religiosas e com a associação do clero
ao novo desenvolvimento urbano. Todos estes fatores históricos
repercutem de alguma maneira na formação do novo estilo, e
também não faltaram estudos que examinaram a articulação
do Gótico a outros fenômenos culturais que contemporâneos,
como o desenvolvimento da Escolástica. (BARROS, 2017, p.175) 

Após o feudalismo a obra de arte era incentivada pelos comerciantes, as cidades


estavam crescendo e tornou-se importante ter o clero a seu favor. Os comerciantes
investiram na construção das abadias, catedrais e igrejas.

O conjunto de obras da arte gótica é encontrado, em sua maioria, nos interiores das
igrejas e catedrais. A igreja de Saint-Denis, de Abbot Suger, foi a primeira
manifestação da arte gótica e teve a intenção de mostrar o símbolo maior, Deus,
por meio das luzes que penetravam os vitrais. Não havia paredes, e sim longos
vitrais que permaneciam de uma coluna a outra. As pinturas possuem um ar mais
leve e realista, mais humanizada (CAMILLE, 2005).

FIGURA 11 Basílica de Saint-Denis, na França


FONTE: Beckstet / Wikimedia Commons.

Um novo estilo de pintura, escultura e arquitetura, sempre um momento de ruptura


com acréscimo de novas técnicas ou apenas melhoramento das existentes. Foi
uma nova fase de manifestação da obra voltada a Deus, por isso o uso da
verticalidade.

Exemplos da arquitetura gótica são as grandes catedrais iluminadas, com planta


em formato de cruz, desmaterialização das paredes, espaços bem iluminados para
remeter a luz divina, iluminação colorida dos vitrais, que tinha um requinte de
misticismo, abóbadas ogivais, arcobotante, uso da verticalidade, presença das
rosáceas, arcos ogivais e, diferente dos outros estilos, as entradas das catedrais e
templos possuíam três portais. As esculturas exteriores das igrejas são imagens de
animais conhecidas como gárgulas, que acreditavam espantar os maus espíritos,
mas sua função estética é esconder os canos para descer a água dos telhados. As
demais esculturas eram voltadas para cima e cheias de detalhes com anjos e
demônios ou enfeites. Nas colunas permaneciam estátuas que lembravam a
imagem de santos e de apóstolos cristãos, e também havia narrativas esculpidas
nas colunas (CAMILLE, 2005).

Saiba mais!
 O que é rosácea?

“A rosácea é um elemento arquitetônico ornamental usado no seu


auge em catedrais durante o período gótico. Dentro do eixo condutor
deste período artístico, a rosácea transmite, através da luz e da cor, o
contacto com a espiritualidade e a ascensão ao sagrado. Trata-se de
uma abertura circular onde um desenho geométrico de bandas de
pedra (traceria) é preenchido com vidro colorido, vitral. As cores são
fortes, acentuando o realismo da representação pela combinação de
variados tons da mesma cor.” (PINHAL, 2009). 

Fonte: PINHAL, (2009). 


FIGURA 12 Gárgulas
FONTE: Viacheslav Lopatin / 123RF.

As pinturas de Cenni di Petro Cimabué e de Giotto di Bondone são as mais


importantes da época. Cimabué ainda tinha um pouco da arte bizantina em suas
obras, no entanto Giotto di Bondone acrescentou aos poucos aspectos que seriam
mais evidentes na época do renascentismo. Utilizavam duas técnicas de secagem
rápida para fazer a tinta a ser utilizada nas pinturas: a têmpera, composta por
pigmentos de ervas naturais e ovo, e a eucástica, feita de cera de abelha e
pigmentos naturais.

Uma nova técnica à base de óleo com pigmentos de ervas e óleo de linhaça
permitiu criar uma tinta de duração mais longa e com tempo maior de secagem
total, que permitia ao artista fazer mais detalhes na pintura. O quadro “O casal
Arnolfini” de Jan van Eyck, marcou o momento de transição desse processo para o
renascimento.

 A tintura a óleo é feita com a mistura de pigmentos com óleos


que endurecem quando expostos ao ar, devido à oxidação -
normalmente o óleo de linhaça, que funciona como verniz
selador para as pinturas e as protege da água. O emprego do
óleo remonta ao século XIII, quando usado para pintar detalhes
em têmpera (ARNOLD, 2008, p. 122) 
FIGURA 13 O casal Arnolfini”, de Jan van Eyck
FONTE: Jan Van Eyck / Wikimedia Commons.

Para presentear ou mesmo guardar como relíquia, famílias mais ricas


encomendavam manuscritos dos artistas. Eles eram feitos de couro de cordeiro
tratado e na pele decoravam as pinturas de partes bíblicas solicitadas pelos
clientes. Eram decoradas com pedras preciosas, marfim, o ouro e a prata eram
usados como tachas para segurar o painel e dar mais requinte à escrita, chamada
de Iluminura (PROENÇA, 2008).

As obras góticas europeias são visitadas até hoje, como a Catedral de Notre Dame,
em Paris. 
A Arte Renascentista
  No momento histórico do renascimento começa a saída da idade média para o
modernismo; é o movimento mais completo com a ciência, arte e a literatura. O
artista é reconhecido e passa a assinar as obras com seu estilo ou com o próprio
nome, configurando a valorização da individualidade. Nesse período que surgem os
nomes: Raffaello Sanzio, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Donatello, Sandro Botticelli
e Ticiano Vecellio, artistas que estudam o passado para apropriação de
conhecimento a fim de fazer algo novo. Chama-se arte renascentista por retomar o
conceito grego do homem como centro do universo. Nesse movimento, o ser
humano é dono de seu destino, Deus não interfere nas ações. Ao final da idade
média e início da idade moderna a sociedade europeia retoma a consciência e
continuam os conhecimentos científicos, o clero perde o poder sobre as produções
artísticas e assim revivem os valores clássicos do período greco-romano. Se volta,
então, ao ideal humanista, e a arte não tem mais Deus como centro.

No contexto de obra de arte, retoma a antiguidade clássica como inspiração mas


ainda permanece o tema religioso por haver os mecenas, pessoas que patrocinam
as artes.

Apresentando a síntese do histórico da época, o renascentismo trazia consigo a


busca pelo novo mundo, e começaram as navegações e as expedições pelos
mares. Renasce a contribuição grega de antropocentrismo, o homem pode ser
articulador de seu destino.

O artista renascentista possui pensamento crítico e evidencia em sua obra de arte


que existe racionalidade no ato de pintar e esculpir ao utilizar proporções que
refletem a realidade. Existe a presença do naturalismo e da valorização do corpo nu
contrapondo-se ao pecado imposto pela igreja. Há predominância no estudo do
corpo e apresentação do caráter por meio de expressão facial nas imagens e
esculturas.

Na escultura Davi, de 4 metros de altura, inspirada na história bíblica de Davi e


Golias, “Michelangelo escolheu retratar o instante de tensão em que o jovem Davi
espera para encarar Golias” (PERIGO, 2016, p. 68). Outra escultura fascinante é Pietà,
da qual falamos na Unidade I, onde a expressão do rosto de Maria e a posição de
suas mãos, a direita de segurar e a esquerda de entregar, gera a sensação que a
mulher estava conformada com a perda do filho e tinha consciência do
acontecimento.
FIGURA 14 Davi, de Michelangelo.
FONTE: Moriori / Wikimedia Commons.

Na pintura renascentista existe um conjunto de detalhes que é marcante em toda


obra de arte desse período. O artista pratica a pintura racional consciente de
admiração por outras pessoas e artistas, e assim existe uma tríade de linhas:
central, lateral direita e lateral esquerda, intencionalidade de objetos longe e perto,
e percepção de espaço. A técnica de escorço apresenta a propriedade de trazer o
espectador para a imagem, o olhar da pintura parece acompanhar o movimento
de quem a observa e para o expectador há percepção de troca de olhares. São
presentes também a técnica de claro e escuro para dar noção de profundidade e
volume, não existem traços divisórios na imagem, e utilizam a técnica de sfumato
para uma percepção de gradatividade de luz e sombra (PERIGO, 2016). As principais
ou mais conhecidas obras do período são “Mona lisa” e “A virgem dos rochedos”, de
Leonardo da Vinci, “Baco e Ariadne” de Ticiano Vecellio, “A criação do homem” de
Michelangelo e “A Escola de Atenas” de Rafael Sanzio.
FIGURA 15 A Escola de Atenas”, de Rafael Sanzio
FONTE: Rafael Sanzio / Wikimedia Commons.

A principal característica da arquitetura renascentista foi a busca pela superação


das catedrais góticas, em que “[...] a ocupação do espaço baseia-se em relações
matemáticas estabelecidas de modo que o observador compreenda a lei que o
organiza, de qualquer ponto em que se coloque” (PROENÇA, 2008, p. 93). Pode ser
vista nas construções da catedral Santa Maria del Fiore e na capela Pazzi, em
Florença.
A Arte Barroca
Na época em que a arte barroca se iniciou, por volta do século XVI, existia um
grande conflito ligado à igreja e seus seguidores. Na história acontecia o período de
reforma protestante liderada por Martinho Lutero, com muitos fiéis saindo da igreja
católica, e iniciou-se a contrarreforma para reconquistar os fiéis ao catolicismo.
Havia, também, a busca de um novo mundo, e consequentemente a catequese
católica. Coloca-se Deus no centro de tudo, e assim existe uma pequena volta ao
contexto da Idade Média, onde os pecados são punidos por Deus e o destino é
pertencente somente a Deus. Pode-se dizer que a maioria dos artistas barrocos
eram católicos e mantidos pela igreja para fazer as artes com temas religiosos,
enfeitar as igrejas e promover a volta de fiéis ao catolicismo, porém existe também
o movimento no meio protestante que apresenta outra característica na arte
barroca (PERIGO, 2016).

A arte barroca católica aparentemente surge na península da Itália com uma


pintura marcada pelo teocentrismo; não existem imagens com mulheres seminuas
ou nuas, possui característica assimétrica, o foco fica apenas de um lado do
quadro. Para o artista barroco os detalhes são importantes, a pintura possui linhas
na diagonal e há um registro de mostra temporal, ou seja, de alguma forma o pintor
tenta retratar a passagem do tempo. No movimento barroco a técnica de sfumato
usado como claro e escuro é uma antítese, um conflito de expressão artística. Não
há preocupação de compor um fundo para a imagem, tudo é voltado para o
primeiro plano. Também não há troca de olhares entre os “retratados” ou para fora
da imagem, como em Mona Lisa (PROENÇA, 2008). Ao observar a imagem “A
incredulidade de São Tomé”, note as características:
FIGURA 16 A incredulidade de São Tomé, de Caravaggio
FONTE: Caravaggio / Wikimedia Commons.

Outras pinturas famosas na arte barroca são “Sansão e Dalila”, de Peter Paul
Rubens, “Vocação de São Mateus” e “O tocador de alaúde”, de Michelangelo Merisi,
conhecido como Caravaggio e “Cristo em casa de Marta e Maria”, de Tintoretto.

De acordo com Proença (2008), a pintura afresco da Capela Sistina no Vaticano


realizada por Michelangelo, nomeada “O Juízo Final”, é um início do movimento
barroco por suas características diferenciadas do renascentismo.

A pintura barroca protestante é marcada pela imagem da vida cotidiana que


retratam a vida doméstica de mulheres e de algumas profissões. Pode ser notada a
presença de luminosidade no rosto, o olhar para fora do quadro, um trabalho com a
penumbra, ausência de fundo, personagens em primeiro plano, características de
movimentos, com uma tendência descritiva e com forte carga emocional
(PROENÇA, 2008). Um exemplo é a pintura de Vermeer presente no acervo do Museu
de Mauritshuis, Haia:

FIGURA 17 Moça com brinco de pérola, de Johannes Vermeer


FONTE: Johannes Vermeer / Wikimedia Commons.

Na arte barroca, a arquitetura está nas igrejas, palácios e basílicas e forma um


conjunto com pintura, escultura, jardinagem e os jogos de água, alguns efeitos para
dar perspectivas ilusórias nos tetos e nas cúpulas. O conjunto busca uma emoção
do espectador, as paredes são cobertas por pinturas e são igrejas de dimensões
pequenas, porém com destaque pela diversidade de traços em suas plantas. As
coberturas mais utilizadas são as cúpulas e as abóbadas. As torres sineiras
reforçam a verticalidade da fachada e o portal principal possui o destaque pelo
acúmulo de ornamentos. Algumas obras de arte barroca na arquitetura: Igreja de
Santo André do Quirinal (1658-1678 - Roma), Igreja de Santa Inês (Roma), Igreja de
Santa Maria da Saúde (1631 - Veneza), Palácio de Belvedere (1721), Igreja de São
Carlos Borromeu (1761 - Viena) (PROENÇA, 2008/PERIGO, 2016).

FIGURA 18 Igreja de Santa Maria da Saúde, em Veneza


FONTE: sergeyp / 123RF.

Na escultura a percepção que se tem é como a da pintura; os detalhes parecem


traduzir os movimentos para a obra, o claro e o escuro permitem a ilusão de maciez
e rugosidade. Há expressão facial, equilíbrio e a necessidade de perfeição nas
formas e preocupação com o enquadramento (SOARES, 2003). Exemplo: Êxtase de
Santa Teresa (1645 - 1652), escultura de Bernini. Dimensões 3,50 mx 1,38m. Capela
Cornaro, Santa Maria della Vittoria, Roma.

Saiba mais!
A Relação entre a Arte e a Ética

Segundo Marisol (2016), a arte é expressão do ser humano desde o


início da humanidade, sempre refletida em normas ou regras que
compõem a Ética. Porque pela ética temos os nossos direitos e
responsabilidades. Como a Ética é subjetiva, a arte também é. Alguns
artistas pensam que podem realizar todas as coisas e dizer ser arte. Aí
que se gera a polêmica. Como pensa Marisol, como considerar o que é
ético na arte e o que não é? Cada artista tem o direito de manifestar-
se como quiser. É a liberdade que o permite isso. Manifestações
artísticas sempre geraram polêmicas ao longo das civilizações porque
existe a intenção de chocar para alterar uma realidade, e é assim que
alguns o fazem. Porém, deve-se entender que o limite para o discurso
artístico esbarra em respeitar o outro, o não ferir a integridade e as
convicções do outro. Isso é Ética. Por exemplo, ficaria você chocado ao
se deparar com um cadáver fotografado? Se o cadáver fosse seu
parente? Se estivesse insultando a sua religião? A sua crença deve ser
respeitada, assim como a sua arte.

É certo. A arte de agora gera muita controvérsia. Por um lado, há


artistas que chegam a romper com certos ‘padrões éticos’ para criar
seus trabalhos. E, por outro lado, há aqueles que querem criar uma
harmonia entre o artista e o público e só conseguem criar ‘artesanato’
ou ‘arte comercial’ (Marisol, 2016).

A arte comercial está como reproduções em séries, em que todos as


têm, deixando assim de ter o seu valor especial. Cria-se apenas para o
comércio e assim fica. Perde-se a incumbência de conscientizar de
realizar.  

Disponível em:

Clique Aqui

Fonte: Elaborada pela autora. 

Agora que você concluiu a leitura deste estudo, veja, nos vídeos a seguir, temas que
complementarão seus estudos:

Indicação de Leitura  
 

Livro: Romeu e Julieta

Autor: Willian Shakespeare

Ano: 1597

Editora: Relógio D’Água

ISBN: 9789896413507

Sinopse: História clássica de dois jovens que se apaixonam e são de famílias rivais,
Montecchio e os Capuleto. Ao ficarem juntos infringem a reverência às famílias.
Uma história de amor representada no teatro e adaptada a muitas versões para
cinema e televisão. Ao realizar a leitura, o final irá remeter a tragédia grega, ou seja,
punição por desobediência.

Questão 1

 O artista egípcio para realizar a pintura necessitou


criar a sua própria tinta. De acordo com o material
estudado, assinale a alternativa que corresponde à
descrição da técnica têmpera. 

A. Técnica utilizada de carvão temperado e água.

B. Técnica utilizada de clara de ovo e pigmentos.

C. Técnica utilizada de pigmentos secos e gema de ovo pura, sem


clara.

D. Técnica utilizada de pigmentos secos e água.

E. Técnica utilizada de cera de abelha e flores silvestres.


Questão 2

 O estudo da arte permitiu que entendêssemos ao


longo da história as manifestações artísticas e revelou
as inquietações humanas. Baseado neste contexto e
nos estudos expostos, assinale a alternativa que
apresenta a ideia geral do movimento artístico. 

A. A arte barroca retoma a razão e o antropocentrismo.

B. A arte egípcia mantinha o homem como centro das criações.

C. A arte bizantina possuía característica místicas para explicar a


religião.

D. A arte renascentista possui características antropocêntrica.

E. A arte rupestre surgiu como manifestação dos camponeses.

Questão 3

 Para presentear ou até mesmo guardar como relíquia,


famílias mais ricas encomendavam manuscritos para
os artistas. Eles eram feitos de couro de cordeiro,
tratado e na pele decoravam as pinturas de partes
bíblicas solicitadas pelos clientes. Assinale a
alternativa que apresenta o contexto e o nome da arte
descrita. 

A. Trata-se de um pergaminho grego, feito por artesão.

B. Trata-se de um manuscrito persa com história grega.


C. Trata-se de um livro com a história da família real.

D. Trata-se de um quadro feito por um artista barroco.

E. Trata-se de um manuscrito feito por artistas góticos.


Síntese
A arte permite que nos tornemos mais humanos e relativamente menos animais,
pois expressamos sentimentos e nos libertamos do que nos aprisiona.

Sartre (2012) diz que o homem escolhe ser aquilo que ele quer ser, ele tem
responsabilidades em suas escolhas. Transferindo para a arte, podemos observar
que cada conflito de identidade que a humanidade passou foi revelada na arte.
Como? Observe a relação do homem com Deus e como foi expressa no
Renascentismo e no Barroco.

A partir do começo do cristianismo, o homem entra em conflito com seu eu, o


pecado é a culpa e Deus o Poderoso, como expresso nas obras. Cada traço
pensado para expressar sentimentos, como abordado no Renascentismo e no
Barroco. Tratar sobre a arte não é apenas o universo lúdico como alguns pode ter
pensado, mostrar a arte clássica faz repensar que somos agora um reflexo da
antiga sociedade. Lembre-se que fomos colonizados por europeus e muito de suas
características artísticas estão em trabalhos espalhados pelas cidades mais
antigas do país.

Falamos sobre a arte rupestre e de sua importância para a contextualização de arte


como utilitário. Passeamos pela arte egípcia e compreendemos que eles foram
sábios em suas construções que até hoje são um enigma as suas projeções de
pirâmides.

Apresentamos a arte grega e a arte romana que muito acrescentou para as


civilizações ocidentais, visto que deixaram o legado das olimpíadas, ginásios, o
teatro e a literatura.

Na arte bizantina podemos observar o poder da igreja sobre a influência dos


artistas e também a arte gótica.

O que ainda deixa os arquitetos a se perguntarem nos dias atuais como


conseguiram na Idade Média fazer as catedrais góticas. Os vitrais que você vê hoje
são inspirações dessa arte tão antiga. Os artistas góticos pensaram nos vitrais
como iluminação e o colorido do divino.

E a arte renascentista, que foi uma volta ao pensar no próprio homem, a retomada
de consciência, o antropocentrismo. Deixou para nós as magníficas obras de arte
que ainda são contempladas em igrejas, museus e catedrais.
Assim, visitar a história faz incendiar os sentimentos para uma viagem ao mundo do
conhecimento, ao mundo do imaginário.

Referências Bibliográficas
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ULLMANN, Reinholdo Aloysio. Amor e sexo na Grécia Antiga. Porto Alegre: EDIPUCRS,
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