2023 SSP04 Livreto - WEB
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Temporada 2023
23, 24 e 25 MAR
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Intervalo 20 min
Em 1932, a princesa encomendou o Concerto para Dois Pianos com IGOR STRAVINSKY
a intenção de que os solistas fossem Poulenc e Jacques Février. Oranienbaum, Rússia, 1882 – Nova York, EUA, 1971
Poulenc concluiu o trabalho em três meses, naquele verão, e, A Sagração da Primavera [1911-13]
em carta ao músico belga Paul Collaer, declara: “Você verá por
si mesmo o enorme passo à frente em relação ao meu trabalho Orquestração: 2 piccolos, 3 flautas, flauta alto, 4 oboés,
anterior. Estou realmente chegando a meu auge”. Sobre a estreia 2 cornes ingleses, requinta, 3 clarinetes, 2 clarones, 4 fagotes,
em Veneza, no dia 5 de setembro de 1932, o compositor diz: “Devo 2 contrafagotes, 8 trompas, 2 tubas wagnerianas, 4 trompetes,
testemunhar sem qualquer modéstia que a primeira apresentação trompete baixo, 3 trombones, 2 tubas, tímpanos (divididos
foi impecável... Foi um sucesso absoluto, pois a obra é alegre entre dois instrumentistas), percussão (bumbo, tam-tam,
e descomplicada”. triângulo, crotales, prato, pandeiro e güiro) e cordas.
Estreia mundial: 29 de maio de 1913, no Teatro do
São três movimentos. “Alegre e direto”, uma descrição muito Champs-Élysées, em Paris, com a orquestra dirigida por
usada por Poulenc, detalha a indicação “Allegro ma non Troppo” Pierre Monteux, coreografia de Vaslav Nijinsky e cenário
do primeiro movimento. Os pianistas, unidos em uma intrincada de Nicholas Roerich.
relação, tecem um diálogo contínuo, repleto de alusões a melodias
populares parisienses e ao gamelão balinês, que o compositor Escrita no ambiente fervilhante que precedeu a Primeira Guerra
ouvira pela primeira vez na Exposição Colonial de 1931. O e a Revolução Russa, A Sagração da Primavera traz características
compositor esbanja seu extenso conhecimento das possibilidades comuns a várias criações artísticas do período: a busca pelas
do piano, o virtuosismo é deslumbrante. tradições culturais do passado longínquo, a nostalgia por um
mundo primitivo, tribal e exótico e a inquietação em relação
O segundo movimento, mais sério, é escrito num estilo ao futuro que se prefigurava sombrio e assustador. Stravinsky
neoclássico que faz referência à devoção e à inesgotável admiração uniu-se ao bailarino Vaslav Nijinsky, que assinou a coreografia,
de Poulenc por Mozart. “No ‘Larghetto’ desse Concerto, me e a Nicholas Roerich, artista e etnógrafo respeitado, responsável
permiti um retorno a Mozart no primeiro tema, pois prezo pela pelo conceito, cenário e figurinos do novo balé, baseado nos ritos
linha melódica e prefiro Mozart a todos os outros músicos. Se o ancestrais russos. A narrativa gira em torno da imolação de uma
movimento começa como Mozart, ele rapidamente bifurca, na jovem oferecida aos deuses para garantir colheita abundante para
entrada do segundo piano, em direção a um estilo que era padrão sua tribo.
para mim naquela época”.
Na estreia da Sagração, muito antes do fim, membros da plateia
O final começa com estalos na percussão, após os quais os vaiavam, gritavam, assoviavam, batiam os pés, jogavam os chapéus
pianistas se lançam numa espécie de toccata, que é entrecortada para o alto, ameaçavam uns aos outros com bengalas, mulheres
por interlúdios românticos e sentimentais. Há uma deliciosa desmaiavam, numa confusão tão grande que a polícia teve que
irracionalidade nos saltos e voltas entre o frenesi e o lirismo intervir. Na verdade, o tumulto se deu muito menos por conta
emocional nesse movimento final. A orquestra é controlada, da música do que da coreografia, rechaçada pelo público, que
claramente subserviente aos pianos. esperava a suavidade de um balé clássico e não a brutalidade do
gestual que Nijinsky imaginara para retratar o ciclo implacável de
nascimento e morte. Os figurinos pesados, que não realçavam os
Marianne Williams Tobias corpos dos bailarinos, e a falta de uma trama linear não ajudaram
Orquestra Sinfônica de Indianápolis, 2017. na aceitação do espetáculo.
Tradução e edição: Catherine Carignan e Igor Reyner. Encerrou-se assim a parceria Stravinsky/Nijinsky. O teatro
fechou as portas. Paradoxalmente, o escândalo convinha a
Sergei Diaghilev, o empresário que havia encomendado a obra e
era astuto homem de negócios — há quem afirme que o motim
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©MARIANA GARCIA
que recebeu a estreia foi providenciado por ele. Seja como for,
a Sagração viria a se tornar um marco na história da música.
Stravinsky logo tratou de rever a obra como suíte orquestral,
formato no qual foi aceita sem maiores questionamentos. Ao cabo
das récitas iniciais, a coreografia permaneceu no ostracismo até
ser remontada, sete décadas após a estreia. O escândalo ajudou
a alavancar a carreira de Stravinsky e da suíte, marcando-a como
símbolo de quebra da tradição e instituindo o seu status de peça
orquestral revolucionária.
O resultado é organizadamente caótico, visceral, hipnótico, com Fundada em 1954, desde 2005 é administrada pela Fundação Osesp.
uma sensação de constante movimento. Tem a força pagã que se Thierry Fischer tornou-se Diretor Musical e Regente Titular em
encontra às vezes na música popular, mas se diferencia dela pela 2020, tendo sido precedido, de 2012 a 2019, por Marin Alsop,
ousada justaposição de ideias e elementos, que une barbarismo e que agora é Regente de Honra. Seus antecessores foram Yan Pascal
sofisticação. Ainda que no desenrolar de sua carreira Stravinsky Tortelier, John Neschling, Eleazar de Carvalho, Bruno Roccella e
tenha tentado se afastar das raízes eslavas e se aproximar de uma Souza Lima. Em 2016, a Orquestra esteve nos principais festivais da
estética neoclássica cosmopolita, a Sagração permanece como uma Europa e, em 2019, realizou turnê na China. Em 2018, a gravação
das obras que dividiram a história da música em antes e depois. das Sinfonias de Villa-Lobos, regidas por Isaac Karabtchevsky, rece-
beu o Grande Prêmio da Revista Concerto e o Prêmio da Música
Brasileira. Em outubro de 2022, a Osesp — Orquestra e Coro —
Laura Rónai estreou no Carnegie Hall, em Nova York, realizando dois progra-
É doutora em música e flautista. Professora titular mas — o primeiro como convidada da série oficial de assinaturas
da Unirio, é chefe do Departamento de Canto da casa, o segundo com o elogiado projeto “Floresta Villa-Lobos”.
e Instrumentos de Sopro e diretora da Orquestra
Barroca. Foi colaboradora das revistas Early
Music America, Flute Talk, Goldberg e Fanfare.
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Orquestra Sinfônica do
©MARIANA GARCIA
O alemão é um dos mais aclamados maes- DIRETOR MUSICAL E REGENTE TITULAR VIOLAS
tros no cenário contemporâneo da ópera e THIERRY FISCHER HORÁCIO SCHAEFER SOLISTA | EMÉRITO
de concertos. É bastante requisitado inter- MARIA ANGÉLICA CAMERON CONCERTINO
nacionalmente como regente do repertó- VIOLINOS PETER PAS CONCERTINO
rio austro-germânico do Romantismo Tar- EMMANUELE BALDINI SPALLA ANDRÉ RODRIGUES
dio, de nomes que vão de Richard Wagner DAVI GRATON ANDRÉS LEPAGE
e Richard Strauss a Zemlinsky, Schreker e SOLISTA — PRIMEIROS VIOLINOS DAVID MARQUES SILVA
Korngold. Ele também aprecia toda a gama YURIY RAKEVICH ÉDERSON FERNANDES
de compositores que vai desde Mozart até a SOLISTA — PRIMEIROS VIOLINOS GALINA RAKHIMOVA
música contemporânea. Em 2021, Albrecht ADRIAN PETRUTIU OLGA VASSILEVICH
foi premiado com o Opus Klassik na catego- SOLISTA — SEGUNDOS VIOLINOS SARAH PIRES
ria Regente do Ano, pelo álbum Zemlinsky – LEV VEKSLER* SIMEON GRINBERG
Die Seejungfrau [Zemlinsky – A Sereia], com SOLISTA — SEGUNDOS VIOLINOS | EMÉRITO VLADIMIR KLEMENTIEV
a Netherlands Philharmonic Orchestra. IGOR SARUDIANSKY
CONCERTINO — PRIMEIROS VIOLINOS VIOLONCELOS
MATTHEW THORPE HELOISA MEIRELLES CONCERTINO
CONCERTINO — SEGUNDOS VIOLINOS RODRIGO ANDRADE CONCERTINO
ALEXEY CHASHNIKOV ADRIANA HOLTZ
AMANDA MARTINS BRÁULIO MARQUES LIMA
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