Instituto Superior de Ciências E Educação A Distância Departamento Da Saúde
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Saúde
Epidemiologia
Autora:
Adelina Tribano
Conteúdo
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................1
2. METODOLOGIA .....................................................................................................................3
3. RESULTADOS .........................................................................................................................5
4. CONCLUSÃO ........................................................................................................................12
Segundo o Inquérito Demográfico de Saúde (MISAU, INE & ICFI, 2013), “dar à luz na África
Subsariana, incluindo Moçambique, ainda constitui um elevado risco da mortalidade e morbidade
associadas com os partos” (p. 122). As principais causas de óbito materno são os abortos
clandestinos, a anemia, a eclâmpsia, a hemorragia, o trabalho de parto obstruído e as infecções
puerperais.
A saúde materna envolve a saúde da mulher durante a gestação, o parto e o período pós-natal,
sendo fundamental para garantia da mesma, o acesso a cuidados de maternidade de qualidade e
que respeitem a dignidade das mulheres (OMS, 2020). Apesar dos avanços em saúde nas últimas
décadas, no mundo, aproximadamente 295 000 mulheres morreram durante o período
compreendido entre a gestação e até 42 dias após o parto em 2017, número considerado
inaceitavelmente alto pela OMS (2019).
Ressalta-se que este estudo culmina em um processo reflexivo a partir dos documentos oficiais
do Ministério da Saúde de Moçambique, da Organização Mundial da Saúde e motivado
especialmente por uma notícia veiculada na mídia relatando a rotina de uma médica que alega
que “o número de mães adolescentes que fazem cesarianas está a crescer na Zambézia”
(Moçambique) e estima que seja “um parto por dia só de adolescentes” (Mueia, 2018).
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1.2 Objectivos
1.2.1 Geral
1.2.2 Específicos
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2. METODOLOGIA
2.1Tipo de estudo
Para o efeito, realizar-se-á um estudo de caso no distrito, um estudo de carácter descritivo numa
abordagem quantitativa. Para Gil (1999), estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo de um ou de poucos objectos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e
detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos
considerados.
Segundo Gil (1999), amostra é um subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se
estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população. Para definir esse
subconjunto da população (amostra), podem ser usadas técnicas probabilísticas ou não
probabilísticas. A técnica de amostragem a ser usada para seleccionar os elementos da amostra
será amostragem não probabilística intencional. Esta técnica, será composta por elementos da
população seleccionados intencionalmente pelo investigador, pois este critério considera que os
elementos da população possuem características típicas ou representativas.
Para a obtenção dos dados inerentes ao tema em estudo recorreu-se as seguintes técnicas:
Pesquisa bibliográfica, observação participante e a entrevista semiestruturada.
a) Pesquisa bibliográfica
Para o presente estudo será feito o levantamento bibliográfico a partir das referências teóricas já
analisadas e publicadas por meios físicos e electrónicos, como livros e artigos científicos e tendo
permitido conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Segundo Marconi e Lakatos (2001),
consiste numa investigação bibliográfica, onde os dados da pesquisa são as conclusões já
publicadas em relação ao tema de estudo, desde publicações a boletins, jornais, revistas, livros,
até meios de comunicação oral (rádios, gravações em fitas magnéticas, fotográficas e outros),
sendo estas confrontadas e organizadas de forma a constituir novas sínteses.
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a) Entrevista Semiestruturada
Esta técnica consistirá no uso de perguntas abertas e fechadas, com vista a explorar melhor a
realidade dos entrevistados segundo os seus próprios contextos sociais. Esta técnica permitirá
obtenção de informações mais aprofundadas e detalhadas em torno do assunto da pesquisa, pois
os membros entrevistados responderão as questões de acordo com as suas experiencias de vida,
mas sempre com o cuidado de não os deixar fugir do assunto.
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3. RESULTADOS
Define-se morte materna como a “morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um
período de 42 dias após o término da gestação, independente de duração ou da localização da
gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em
relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais” (ICD-10, 2000).
“Racio de Mortalidade Materna” é o número de mortes maternas por cada 100.000 bebés
nascidos vivos (ICD-10, 2000). "A mortalidade materna representa um indicador do status da
mulher, seu acesso à assistência à saúde e a adequação do sistema de assistência à saúde em
responder às suas necessidades. É necessário, portanto, ter informação sobre níveis e tendências
da mortalidade materna, não somente pelo que ela diz sobre os riscos na gravidez e no parto, mas
também pelo que significa sobre a saúde, em geral, da mulher e, por extensão, seu status social e
económico".
De acordo com o relatório da UNFPA, 2004, a mortalidade materna é o indicador de saúde que
apresenta maiores disparidades entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Em
Manica, a mortalidade materna constitui um grave problema de saúde. Os dados do IDS (2003),
demostram que a taxa de mortalidade materna no país é estimada em 408 por 100.000
nascimentos vivos. A redução da taxa de mortalidade materna tem uma estreita relação com a
redução do índice da pobreza absoluta.
Estima-se que 15% das gravidezes resultam em complicações, todas as gravidezes devem ser
consideradas de risco. Estar preparado para providenciar tratamento quando aparecem
complicações é a chave para salvar a vida da mãe e do recém-nascido. Por esta razão é
importante a atenção por pessoal qualificado. (FNUAP, Maternal Mortality update 2004).
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Para cada mulher que morre, 30 sofrem de complicações agudas totalizando 15 milhões por ano.
Muitas das complicações são doenças crónicas ou incapacidade, como fistulas obstétricas,
infertilidade, anemia grave, infecções dos órgãos genitais. A morte ou incapacidade de uma mãe
podem deixar as famílias pobres com mais pobreza e desespero. (FCI: Countdown 2015).
Em todo mundo, dois terços das mortes maternas se devem a 5 causas directas:
Hemorragia – 25%
Infecções ou sepsis puerperal – 15%
Complicações de aborto inseguro – 13%
Eclâmpsia (hipertensão induzida pela gravidez) – 12%
Trabalho de parto arrastado – 8%.
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hemorragias uterinas, malária, HIV/SIDA, hipertensão induzida pela gravidez, eclâmpsia, sépsis
puerperal, e aborto séptico. A falta de transporte e baixa qualidade dos cuidados antenatais e
intrapartos nas unidades sanitárias periféricas são determinantes da mortalidade materna (Granja,
Ana Carla L, 2002).
A maioria das mortes resulta de atrasos no reconhecimento dos vários tipos de complicações
possíveis, a falta de cuidados médicos e a inexistência de assistência especializada. (OMS, 1999).
O HIV/SIDA é a causa de uma incidência elevada das mortes maternas (ICPD, 1994) e constitui
cada vez mais um importante factor de mortalidade materna em alguns países da Região. As
infecções oportunistas são comuns e os resultados perinatais são igualmente maus, com uma
frequência cada vez maior de abortos, gravidezes ectópicas e outras complicações (OMS, 2000
AFR/RC50/TD1).
De acordo com as estimativas da UNAIDS, 2005, 38.6 milhões de pessoas que vivem com
HIV/SIDA no mundo das quais 17.5 milhões são mulheres. Em termos de novas de infecções,
ocorrem 4,9 milhões e desta 57% são mulheres vivendo na África Subsahariana. Do ponto de
vistas biológico, económico e social, as mulheres são mais vulneráveis a infecção pelo HIV, e
esta pode ser agravada durante a gravidez incluído o risco de transmissão do vírus ao seu bebé.
Para além das causas directas e indirectas os factores socioeconómicos jogam um papel
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importante na saúde materna e consequentemente na mortalidade materna. Estes factores podem
ser agrupados nos seguintes níveis: individual, familiar, comunitário, sistema de saúde, sectores
relacionados, e políticas e acções do governo. Em Moçambique, estudos indicam que a falta de
transporte e baixa qualidade dos cuidados pré- natais e intra-partos nas unidades sanitárias
periféricas são determinantes directos ou indirectos da mortalidade materna.
Nível individual: Factores de saúde e não inerentes a saúde podem contribuir para morbilidade e
mortalidade materna. Estes factores são:
Idade da mulher;
Cerca de 90% da mortalidade materna ocorre em adolescentes e 30% das quais são grandes
multíparas, demonstrando claramente a necessidade de melhorar o acesso a educação sexual e
contracepção (L. Jamisse et al, 2004).
Paridade;
Estado de saúde
Estado marital;
Capacidade de utilização eficiente dos serviços de cuidados de saúde,
Práticas sexuais;
Práticas em relação a dieta;
Práticas de higiene e
Outros factores relacionados com o estilo de vida.
Nível familiar: A decisão da mulher em procurar os cuidados de saúde é influenciada por vários
factores incluindo a influência do marido, membros da família, normas sociais, nível educacional,
gravidade da doença, a distância, custos e oportunidades financeiras relativos aos cuidados de
saúde e experiência em relação aos cuidados de saúde (Thaddeus and Maine, 1994) “Muitas
mulheres têm os filhos sozinhas, com familiares ou ajudantes mal preparados, pessoas que não
estão à altura de enfrentar complicações pós-parto” (Jong Wook Lee, director-geral da OMS).
Nível comunitário: As normas culturais relacionadas com a saúde materna e reprodutiva podem
contribuir para morbilidade e mortalidade materna. O status socioeconómico baixo das
adolescentes e mulheres é um determinante fundamental da mortalidade materna. O baixo status
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limita o acesso das adolescentes e mulheres a educação e boa nutrição assim como a recursos
económicos necessários para pagar os cuidados de saúde e o planeamento familiar. Algumas
mulheres não têm acesso aos cuidados quando são necessários devido a praticas culturais de
exclusão ou porque o poder de decisão é da responsabilidade de outra família. Falta de acesso e
uso dos cuidados obstétricos essenciais é um factor crucial que contribui para a mortalidade
materna.
Excesso de trabalho físico associado a dieta pobre também contribui para a mortalidade materna.
(Reduction of maternal mortality. WHO, 1999) As normas culturais existentes nas comunidades
podem influenciar a dinâmica das famílias e a capacidade da mulher regular a sua fertilidade: o
poder de decisão do homem sobre a mulher pode limitar o uso dos serviços de saúde reprodutiva
com efeitos profundos na saúde e mortalidade materna.
Sistema de saúde: Mesmo que as mulheres e suas famílias estejam em condições de reconhecer
os seus problemas de saúde, tomar a decisão de procurar os cuidados de saúde, e terem a
capacidade financeira necessária, ainda existem muitos obstáculos para usufruírem de cuidados
de saúde de qualidade, que incluem:
Fraca qualidade de cuidados de saúde, fraca cobertura geográfica dos serviços de saúde e
Fraca disponibilidade dos serviços (falta de medicamentos, material, pessoal qualificado
para a provisão de cuidados obstétricos de emergência).
Estimativas referentes a África sub-sahariana e Ásia indicam que existe 1 profissional de
saúde qualificado para 300,000 pessoas e consequentemente um racio de 1 profissional
qualificado para 15,000 nascimentos ( MacDonald ans Starrs, 2002)
Fraco poder de aquisição
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Abastecimento irregular em medicamentos e outros insumos
As consequências das complicações e mortalidade materna são enormes. A morte de uma mulher,
devida a complicações de gravidez ou parto tem implicações no seio da família e representa
grande perda na sua comunidade com repercussões ao longo das gerações. Ela, representa o
suporte moral, social e económico da família e da comunidade, executa trabalho não remunerado
que contribui para o aumento do rendimento ou redução das despesas.
As crianças são as que sofrem mais: quando a mãe morre, as suas crianças têm 3 a 10 vezes mais
probabilidades de morrer no período de 2 anos após a morte da mãe. O risco de morte para uma
criança menor de 5 anos duplica se a sua mãe morreu durante o parto. Cerca de 20% de doenças
nas crianças menores de 5 anos está directamente associada a fracas condições de saúde materna
e reprodutiva, nutrição, e qualidade de cuidados obstétricos e infantis (Banco Mundial, 1999).
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4. CONCLUSÃO
Em 2017 foram reportadas 826 mortes durante a gravidez, parto e puerpério. Destas, 816
foram mortes maternas;
Houve melhoria na notificação quando comparamos com 2016. Noventa e dois por cento
(92%) das mortes maternas reportadas nos relatórios provinciais foram notificados ao
CNAMMPN.
Em 2017 foram reportadas 826 mortes durante a gravidez, parto e puerpério. Destas, 816
foram mortes maternas;
Houve melhoria na notificação quando comparamos com 2016.
Noventa e dois por cento (92%) das mortes maternas reportadas nos relatórios provinciais
foram notificados ao CNAMMPN.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
a
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content/uploads/2015/08/Publication_Relatorio-analise-completa-SIS-ROH-2009-2013_Final.pdf
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https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/161442/WHO_RHR_15.02_por.pdf?sequence=3
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