Princípios e Concepções Da Educação Profissional e Tecnológica: Realidade Ou Utopia?
Princípios e Concepções Da Educação Profissional e Tecnológica: Realidade Ou Utopia?
Princípios e Concepções Da Educação Profissional e Tecnológica: Realidade Ou Utopia?
utopia?
Andressa Torinelli
Mestre em Educação Profissional e Tecnológica [email protected]
Simone Gardin
Especialista em TIC aplicadas à Educação. [email protected]
RESUMO
Como são pautadas as ações dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia?
Devem ser voltadas ao mercado de trabalho, à formação de simples trabalhadores e
mantenedores do modelo societário vigente (desigualdades sociais, econômicas, violência,
etc.), ou cidadãos autônomos e críticos que busquem a transformação da sociedade, além de
seu crescimento pessoal e profissional, mas sempre com vistas à melhoria para todos? Por
meio da análise documental das leis, decretos e documentos que regem os Institutos Federais,
a presente pesquisa tem por objetivo verificar se os servidores do Instituto Federal
Catarinense - campus São Bento do Sul - têm o conhecimento de toda a legislação que pauta
suas ações acadêmicas e administrativas. Através de uma pesquisa-ação, realizada por
questionário on-line no Google Forms, verificou-se o nível de conhecimento dos princípios e
conceitos da Educação Profissional e Tecnológica de seus servidores, para então propor,
através de um fluxograma, um método difusão deste conhecimento dentre os mesmos.
ABSTRACT
How are the actions of the Federal Institutes of Education, Science and Technology based? It
should be focused on the job market, the formation of simple workers and maintainers of the
current society model (social, economic inequalities, violence, etc.), or autonomous and
critical citizens who seek the transformation of society, as well as their personal and
professional growth. but always with a view to improvement for all? Through the
documentary analysis of the laws, decrees and documents that govern the Federal Institutes,
this research aims to verify if the public servers of the Federal Institute of Santa Catarina -
São Bento do Sul campus - have knowledge of all the legislation that guides their academic
and administrative actions. Through an action research, conducted by online questionnaire in
Google Forms, it was verified the level of knowledge of the principles and concepts of
Professional and Technological Education of its public servers, to then propose, by a
flowchart, a method of spreading this knowledge among all them.
1
Disponível em <http://redefederal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal>, última atualização em 21 set. 2018.
Acesso em 23 ago. 2019.
importância de se conhecer a legislação e documentação que regem o IFC.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O Instituto Federal Catarinense (IFC) foi criado pela Lei Federal n. 11.892, de 29 de
dezembro de 2008, e originou-se da integração das escolas agrotécnicas de Concórdia, Rio do
Sul e Sombrio e dos colégios agrícolas de Araquari e Camboriú, que eram vinculados à
Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente, a trajetória formativa do IFC se integra
às demandas sociais e aos arranjos produtivas locais/regionais com cursos da educação
profissional e tecnológica: qualificação profissional, educação profissional técnica de nível
médio, graduação e pós-graduação – lato e stricto sensu (IFC, 2019).
A instituição é vinculada ao Ministério da Educação, possui natureza jurídica de
autarquia, sendo detentor de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-
pedagógica e disciplinar. Atualmente, o IFC possui 15 campi, distribuídos nas cidades de
Abelardo Luz, Araquari, Blumenau, Brusque, Camboriú, Concórdia, Fraiburgo, Ibirama,
Luzerna, Rio do Sul, Santa Rosa do Sul, São Bento do Sul, São Francisco do Sul, Sombrio e
Videira, e a Reitoria, instalada na cidade de Blumenau.
O campus São Bento do Sul, local da pesquisa, foi planejado a partir da união do
poder público, da comunidade e por diversas entidades organizadas da região. A instalação
do campus iniciou em 2012, e em 2014 deu-se o início das obras do campus, com modelo de
projeto arquitetônico utilizado na construção desenvolvido pela equipe da Coordenação de
Desenvolvimento de Projeto do Fundo de Desenvolvimento da Educação, chamado Programa
Brasil Profissionalizado. A obra foi concluída e entregue no primeiro semestre de 2016, tendo
sido inaugurada no dia 9 de maio do mesmo ano. As atividades letivas iniciaram em agosto
de 2016 (IFC, 2019).
Por meio de audiências públicas realizadas na comunidade, verificou-se o perfil
econômico da região, e também, baseados no estudo técnico através de indicadores
econômicos da região do Planalto Norte Catarinense, descobriu-se três eixos tecnológicos:
Controle de Processos Industriais, Gestão e Negócios e Segurança. Dentro destas linhas, são
ofertados os cursos de: educação técnica profissional de nível médio em Automação
Industrial, Segurança do Trabalho e Informática, técnico subsequente em Logística, em
Qualidade e em Defesa Civil e na educação superior, os Bacharelados em Engenharia de
Controle e Automação e Engenharia de Computação (IFC, 2014).
Neste item, verificou-se nos documentos estudados, o que diz respeito à forma de
trabalho, princípios e concepções em que se baseiam as instituições de EPT
(preferencialmente, os documentos do IFC).
Primeiramente, analisou-se o texto da Lei n. 11.892/2008, artigos 6 e 7:
Entende-se que a Lei traz que as atividades dos institutos federais devem se valer dos
princípios e finalidades da EPT, visando articulação do mundo do trabalho e os segmentos
sociais, bem como o estímulo dos processos educativos que gerem trabalho e renda, e
principalmente, a emancipação do cidadão.
De acordo com Vidor, Pacheco e Pereira (2009, p. 38), o artigo 6 trata sobre itens
importantes, como a formação do cidadão, como sujeito de direitos e deveres, sempre
preparando-o para sua atuação profissional no desenvolvimento econômico da região, bem
desenvolvendo sua cidadania e participação na sociedade. Os autores também colocam que a
pesquisa, como princípio educativo, faz nascer a criatividade e o espírito crítico no aluno,
bem como a busca por soluções sobre problemas no meio social em que ele está inserido. O
inciso IV traz o assunto do desenvolvimento do território, onde devem-se descobrir as
potencialidades locais e viabilizar oferta educacional para o desenvolvimento e apoio destas
áreas, fortalecendo a organização social já existente (VIDOR, PACHECO e PEREIRA, 2009,
p. 39). Os cursos e itinerários formativos devem ser criados de acordo com as forças
econômicas e culturais de onde a instituição se insere. Por exemplo, na cidade de São Bento
do Sul, segundo o Panorama Socioeconômico de 2018 (p. 122), as áreas que mais empregam
são: metalmecânica (Tuper), têxtil e confecções (Fiação São Bento e Buddmeyer), higiene e
limpeza (Condor) e móveis (Artefama e Rudnick); dessa forma, o itinerário formativo do
campus deve ser voltado para o desenvolvimento de profissionais para estas áreas, como
também fortalecer o crescimento das mesmas.
Ainda no artigo 6 se fala de empreendedorismo, que, segundo Martins e Rostas (2014,
p. 01) não é apenas empreendedor quem cria uma empresa e a mantém, mas sim o
empreendedorismo é um fenômeno social e cultural, além de econômico, e que o crescimento
do ensino dessa matéria pode causar mudanças sociais reais. Então não se pode entender o
empreendedorismo como competição e individualidade, mas sim como cooperação e criação
de soluções para problemas coletivos, através de um comportamento pró-ativo. O que busca
um Instituto Federal é a ligação com a sociedade, visando sua transformação e crescimento,
através do ensino, pesquisa e extensão.
O artigo 7 traz a concepção de uma instituição que, através da formação de
profissionais emancipados e críticos, possa contribuir com a construção de uma sociedade
voltada ao bem da maioria, com transformações positivas nas esferas econômica, social e
cultural (VIDOR, PACHECO e PEREIRA, 2009, p. 42).
Segundo o Estatuto do IFC (2018, p. 6), em seu Capítulo II, “Dos princípios, das
finalidades e características e dos objetivos”, artigo 3 afirma:
Neste artigo fala-se do compromisso com a justiça social, equidade, cidadania e ética,
princípios que devem ser repassados e vividos junto aos alunos da instituição através das
práticas diárias dos servidores e da instituição; também o foco na integração da pesquisa e da
extensão, trazendo a comunidade externa para dentro do IFC e fortalecer a articulação com as
políticas públicas2. Sua ligação com a comunidade e as políticas públicas devem trazer à tona
que a educação, além de gerar benefícios para quem estuda, deve gerar benefícios para todos
a sua volta: para o bairro onde está inserida, para a cidade, para o país, sempre consoante ao
desenvolvimento social.
No Regimento Geral do IFC, Título VI, Capítulo II, do Ensino, no artigo 140, tem-se:
O ensino no IFC fundamenta-se em bases filosóficas, epistemológicas,
metodológicas, socioculturais e legais expressas no seu Projeto Político-Pedagógico
Institucional (PPI) e é norteado pelos seguintes princípios: igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola; educação como processo de formação na
vida e para a vida; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
respeito à liberdade e apreço à tolerância; garantia à diversidade; valorização da
experiência extraescolar; vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais; trabalho como princípio educativo, integrado à ciência, à
tecnologia e à cultura; indissociabilidade entre teoria e prática; contextualização,
flexibilidade e interdisciplinaridade (IFC, 2018, p. 64-65) (grifos nossos).
Pode-se ver, a partir da missão e visão, que o IFC pretende ser uma referência na
oferta de uma educação, preocupada com a cidadania e com o mundo do trabalho, diferente
do “mercado de trabalho”, onde as pessoas são simples engrenagens na produção humana.
O Documento Base (2007, p. 41-52) traz outros princípios e concepções do ensino
médio integrado (EMI):
1. Formação humana integral: esta formação deve superar a divisão social do
trabalho, formando o aluno em sua totalidade, o fazer e o pensar juntos, formar
um cidadão que tenha consciência do seu valor e seja crítico, autônomo,
preparado para o trabalho manual e intelectual, para somar na sociedade;
2. Trabalho, ciência, tecnologia e cultura como categorias indissociáveis da
formação humana: o trabalho é visto como a mediação de primeira ordem no
processo de existência e produção humana, é ontológico ao ser humano; a
ciência é o conhecimento (forças naturais que sempre existiram, mas, ao serem
apropriadas pelo homem, tornam-se conhecimentos) melhor sistematizado e é
expresso na forma de conceitos que representam relações que foram
apreendidas da realidade - a ciência permite que os conceitos sejam passados
de geração em geração; a tecnologia é a extensão das capacidades humanas, é
a mediação entre ciência e produção e, finalmente, a cultura, é o modo de vida
de uma sociedade, a expressão política-econômica da mesma, conjunto de
representações e comportamentos dessa sociedade;
3. O trabalho como princípio educativo: o trabalho é ontológico (práxis humana,
forma pela qual o homem produz sua existência, é o que nos faz diferentes dos
outros seres vivos) e histórico (se molda nos diferentes tipos de sociedade - na
capitalista, é trabalho assalariado). O trabalho como princípio educativo é
proporcionar o entendimento das dinâmicas da sociedade, entender que o ser
humano é manual e intelectual, e formar os alunos com olhar crítico e
transformador;
4. A pesquisa como princípio educativo: a pesquisa está ligada intimamente ao
trabalho como princípio educativo, pois ela instiga ao aluno buscar outras
visões de mundo, não aprender os “pacotes fechados” que lhe são
transmitidos, mas sim desenvolve no aluno a vontade de investigar e buscar
respostas aos mais diversos problemas da sociedade;
5. A relação parte-totalidade na proposta curricular: é a integração dos
conhecimentos gerais com os específicos, é proporcionar compreensão global
e total da realidade estudada, é estudar um fenômeno por todas suas
dimensões: sociais, econômicas, ambientais, políticas, técnicas, culturais, etc.
Conforme falado no PDI (IFC, 2019, p. 34), a visão do IFC traz o conceito de “[…]
mundo do trabalho, por meio da formação cidadã3”. O que entende-se por mundo do
trabalho? A partir do conceito de Hobsbawn (1987), inclui as atividades materiais, produtivas
e os processos de criação cultural que são gerados em torno da reprodução da vida. Para
Ciavatta (2005), o mundo do trabalho se diferencia do mercado de trabalho, pois o mercado
foca na venda da força de trabalho, e não considera todas as relações que se permeiam através
do trabalho; para Frigotto (2004, p. 67) o mercado de trabalho se constitui por relações de
força e poder interligadas aos interesses dos grupos econômicos e frações de classes sociais.
No Documento Base da EPT (2007), existem duas concepções de educação: a trazida
pelo Decreto n. 2.208/97, que separava o ensino médio da educação profissional, com um
viés conservador, que não permitia a formação humana integral e omnilateral do aluno, e a do
Decreto n. 5.154/2004, permitindo a integração entre o ensino médio e profissional, “[…]
onde o ensino médio seja a consolidação da formação básica unitária e politécnica, centrada
no trabalho, na ciência e na cultura, numa relação mediata com a formação profissional
específica que se consolida em outros níveis e modalidades de ensino (FRIGOTTO,
CIAVATTA e RAMOS, 2005, p. 15)”.
Cita o Decreto n. 5.154/2004:
Art. 2º A educação profissional observará as seguintes premissas:
I - organização, por áreas profissionais, em função da estrutura sócio-ocupacional e
tecnológica;
II - articulação de esforços das áreas da educação, do trabalho e emprego, e da
ciência e tecnologia; III - a centralidade do trabalho como princípio educativo; e
IV - a indissociabilidade entre teoria e prática. [...]
3
Formação cidadã significa “fomentar a construção do saber, a formação de professores competentes e
comprometidos socialmente, de modo a ampliar a sua capacidade de perceber os problemas contemporâneos e
de se posicionar criticamente. Por meio da formação cidadã, proporcionar ao educando autonomia intelectual e
visão integrada do contexto, levando-o à emancipação” (IFC, 2019, p. 35).
Art. 4o A educação profissional técnica de nível médio, nos termos dispostos no §
2o do art. 36, art. 40 e parágrafo único do art. 41 da Lei n o 9.394, de 1996, será
desenvolvida de forma articulada com o ensino médio, observados:
I - os objetivos contidos nas diretrizes curriculares nacionais definidas pelo
Conselho Nacional de Educação;
II - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; e
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto
pedagógico.
§ 1o A articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino
médio dar-se-á de forma:
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental,
sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional
técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, contando com matrícula
única para cada aluno; (grifos nossos).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como pode-se ver no quadro 2, a maioria dos servidores que responderam a pesquisa
tem de 30 a 39 anos, seguido por 7 servidores com idade acima de 40 anos e 4 com 18 a 29
anos.
A pergunta 3 foi sobre a missão do IFC, que de acordo com seu PDI (IFC, 2019) é:
“Proporcionar formação profissional atuando em ensino, pesquisa e extensão, comprometida
com a formação cidadã, a inclusão social, a inovação e desenvolvimento regional”, com o
seguinte resultado:
Sim. Está prevista na LDB (Leis de Diretrizes e Bases da Educação) e tem como
objetivo a preparação para inserção no mundo do trabalho e na sociedade (Docente
7);
Em parte sim, esses princípios estão alinhados com o trabalho como instrumento de
ensino, a formação humanística, a pesquisa como princípio formativo…(Docente
9).
Entende-se, a partir das respostas, que existe um breve conhecimento, que já ouviram
falar sobre o tema em algum momento, mas ele não está claro para todos, como deveria ser
pois, o exercer de um profissional da educação deve estar pautado na legislação que sua
atividade está embasada.
A pergunta 6 foi: “O que você entende por formação humana integral?”. Todas as
respostas foram exatamente a correta: “É a formação do ser humano em todas as lateralidades
da vida, formação para a vida e para o mundo do trabalho”. A questão era de múltipla
escolha, o que pode ter levado a uma predisposição em escolher a correta (?). Aqui vê-se que
os servidores entenderam o tipo de formação que o IFC deve prover aos seus alunos, esta
afirmação - formação em todas as lateralidades da vida - remete à formação omnilateral,
conceito tão presente na documentação estudada e nos estudiosos sobre a EPT.
Da mesma forma ocorreu com a pergunta 7: Você acha que o ensino médio integrado
tem ligação com o trabalho? Vinte e seis servidores responderam corretamente: “Sim, é o
trabalho que forma o homem e, desta forma, deve ser tratado como um princípio educativo”,
e apenas 1 respondeu que o trabalho tem apenas ligação com o mercado de trabalho. Estudou-
se neste trabalho que existem diferenças entre mundo e mercado de trabalho, e que nos
Institutos Federais a formação deve estar voltada para o mundo do trabalho 4 - o que parece
estar claro para a maioria dos pesquisados, corroborando com a teoria demonstrada no
decorrer da pesquisa.
A pergunta 8 foi: “Você acha que seu trabalho como servidor contribui para a
formação dos alunos do IFC São Bento do Sul? De que forma?”. Esta pergunta foi feita para
verificar, de forma sucinta, qual a visão do servidor sobre seu papel na educação, sendo ele
técnico administrativo ou docente; algumas das respostas podem ser vistas abaixo:
4
Vide Ciavatta (2005).
Sim, pois apesar de não atuar na atividade-fim, as atividades desenvolvidas no setor
que atuo contribuem para a manutenção do campus, fazendo dele um espaço
adequado (seguro, limpo, equipado) para os alunos permanecerem e desenvolverem
suas atividades educativas (TÉCNICO 3);
Sim. Como docente, sempre procuro mostrar as relações entre a disciplina que
ministro e a vida dos estudantes. Também tento mostrar a eles que os conteúdos vão
muito além do que está nos livros didáticos (DOCENTE 13);
Mais ou menos. Os cursos de EMI atendem às demandas visto que a região precisa
de profissionais de automação industrial, informática e segurança do trabalho.
Entretanto, como a probabilidade desses alunos seguirem nessa carreira quando
terminarem o Ensino Médio é baixa, pois a tendência é que entrem na graduação,
seria interessante oferecer alguns desses cursos também na modalidade
subsequente. Em relação ao ensino superior, sugiro a criação de um curso de
licenciatura em Ciências Exatas, no intuito de que se supra a demanda de
professores de Matemática, Física e Química na região. Quanto aos projetos de
pesquisa, o campus precisa evoluir consideravelmente, pois com status de
universidade, todo instituto federal deve contribuir para a sociedade dentro dessa
vertente. Já os projetos de extensão e cursos de qualificação profissional têm sido
bem atuantes, trazendo benefícios à região e tornando o IFC SBS mais conhecido
(DOCENTE 13);
Em parte. Penso que é muito restrito, ou seja, atende apenas uma categoria
profissional (industrial) (TÉCNICO 10);
Não, eles acabam por atender a uma parte muito pequena dos educandos e a
comunidade local sequer é observada suas demandas. A grande maioria dos cursos
ofertados visa o preenchimento imediato ao mercado de trabalho do município de
São Bento do Sul e são para uma parte já muito bem letrada, ou seja, busca-se
alunos com algum conhecimento prévio já mesmo sendo tais cursos "ofertados" a
TODA comunidade de São Bento do Sul. Os projetos de pesquisa e extensão
também tem mais cunho para atender as grandes empresas da região e poucos
destinam-se a comunidades menos favorecidas pelo capital (TÉCNICO 9);
Acredito que com relação aos cursos integrados de ensino médio e superior atende,
visto a demanda da região no que diz respeito a futuros empregos a estes alunos.
Mas com relação aos FIC's atende parcialmente, visto o pouco número de inscritos
nos cursos ofertados, sendo que muitas vezes não chega a fechar turma. Talvez o
problema esteja na divulgação e não na relação interesse da comunidade local
versus cursos ofertados. Os FIC's muitas vezes são a porta de entrada para os outros
cursos regulares ofertados pela instituição, entendo ser de extrema importância
ajustar esta situação. Com relação aos projetos de pesquisa e extensão
desenvolvidos no campus, acredito estarem em alinhamento aos interesses da
comunidade local, mas acredito que poderíamos ter mais projetos, voltados ao
bairro e região (TÉCNICO 6);
Acho que não há uma relação tão estreita como poderia, uma vez que há pouca
interação com a comunidade de entorno do IFC. Poderia ter uma mostra científica
onde os alunos pudessem mostrar os trabalhos como mostram no ENIT (docente 5);
Sim, pois são cursos que passaram por consulta pública, e estão dentro do eixo
tecnológico e econômico da região, porém há necessidade de que surjam novos
cursos em outras áreas (TÉCNICO 2);
O que se viu com esta pesquisa? Notou-se que são muitos os princípios e concepções
que fundam a EPT, conceitos um pouco difíceis de serem estudados de forma rápida; é
preciso tempo e estudo, leitura e compreensão do que querem dizer. Pôde-se notar também
que os servidores do campus estudado não possuem um conhecimento aprofundado sobre o
assunto, a ponto de explicar em detalhes o que seria a função da EPT.
A ferramenta escolhida para representar uma sugestão à gestão da instituição sobre
como tratar do assunto estudado com os servidores, foi um fluxograma. De acordo com
Oliveira (2013), o fluxograma é uma ferramenta que, através de representação gráfica,
apresenta a sequência de um trabalho de forma analítica, demonstrando assim as operações,
seus responsáveis e unidades envolvidas. É a sequência de operações do processo
representada através de símbolos geométricos. Abaixo segue figura do fluxograma elaborado.
Entende-se que este fluxograma deve ser melhor detalhado, em cada processo
(retângulo), a criação de um curso de capacitação para os servidores deve ser feita
cuidadosamente, para que a apreensão dos conceitos seja eficaz. No passo em que se pede ao
servidor a apresentação de um trabalho sobre os conceitos apreendidos, pode ser substituído
por qualquer outra forma de avaliação para mensurar o conhecimento obtido pelos
participantes. O servidor deve estar apto a entender tudo o que permeia a instituição em que
está inserido.
Este processo deve ser contínuo, poderia ser previsto pela Diretoria de Gestão de
Pessoas da instituição, para que a cada tempo, todos os servidores entrem em contato com as
leis, regimentos e normativas que deveriam guiar o trabalho de cada um, sempre buscando o
atendimento de todas as demandas da sociedade. Este é o fim público.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve por objetivo verificar qual o nível de conhecimento dos servidores
acerca dos documentos que regem um Instituto Federal de Educação. Iniciou-se buscando,
nestes documentos oficiais, os princípios e concepções sob os quais deveriam se basear a
atuação de seu corpo de trabalho técnico e docente. Pesquisou-se também como foi o início
da formação universitária no Brasil, e que esta formação foi e pode ser ainda diferente do que
a ideia proposta atualmente pelos IFs, de uma educação crítica e emancipatória. Então foi
enviado a pesquisa para os 54 servidores do campus São Bento do Sul, dos quais 27
responderam. Sentiu-se uma baixa adesão de servidores na pesquisa. Talvez, pelo pouco
tempo de aplicação da pesquisa, devido aos prazos curtos. Através das respostas, pôde-se
notar que nem todos conhecem de forma satisfatória os conceitos da EPT.
Desta forma, propôs-se uma capacitação, demonstrada brevemente através de um
fluxograma, onde cada servidor deveria passar, para então, atingir-se os objetivos de toda
ação pública: atender a população que chega ao IFC de forma emancipatória, crítica e
integral.
As opiniões dos servidores, também tratadas no texto, deveriam ter a devida
importância pois, é através destas opiniões que o trabalho pode ser melhorado, revitalizado,
desburocratizado. Mas deve haver espaço para que tais opiniões sejam ditas e ouvidas.
Esta pesquisa busca também contribuir para que a gestão da instituição possa verificar
as opiniões do seu corpo de trabalho, levando em conta que, na especificidade do trabalho de
cada um, muitos processos e fluxos podem ser melhorados, a partir da experiência diária no
dia a dia escolar. Sabe-se que não é a educação quem vai salvar o país das infinitas
problemáticas vividas atualmente, mas é um caminho para que os cidadãos busquem sua
autonomia no mundo do trabalho e no mundo da vida.
REFERÊNCIAS
Associação Empresarial de São Bento do Sul - ACISBS. Panorama Socioeconômico São
Bento do Sul 2018. Disponível em <https://panoramasbs.org.br/pdf/2018.pdf>. Acesso em
10 set. 2019.
______. Site institucional do campus São Bento do Sul. Última atualização em 2014.
Disponível em: <http://ifc.edu.br/2014/05/13/campus-sao-bento-do-sul/>. Acesso em 26 ago.
2019.
MANSOR, R.P. Egressos da Escola Agrotécnica Federal de Alegre e sua inserção regional.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Instituto de
Agronomia. Programa de Pós-graduação em Educação Agrícola. Rio de Janeiro, out. 2005.
APÊNDICE 1
7 - Você acha que o ensino médio integrado tem ligação com o trabalho? Explique.
( ) Não, é apenas uma etapa que deve-se passar para chegar à graduação
( ) Sim, é apenas uma etapa que se deve cumprir para futuramente conseguir
trabalho/emprego
( ) Sim, é o trabalho que forma o homem e, desta forma, deve ser tratado como um princípio
educativo
( ) Não, pois é uma etapa dos estudos que deve ser cumprida por ser obrigatória
8 - Você acha que seu trabalho como servidor contribui para a formação dos alunos do IFC
São Bento do Sul? De que forma?
9 - Na sua visão, os curso atualmente oferecidos (fic, técnicos e superior) pelo campus São
Bento do Sul atendem aos interesses da comunidade local (bairro e região), bem como os
projetos de pesquisa e extensão? Explique.
10 - Qual tipo de formação você acredita ser mais satisfatória para o desenvolvimento social
e econômico do bairro e região em que o campus São Bento do Sul poderia oferecer?