Educação, Gênero E Arte Contemporânea: Produzindo Resistências
Educação, Gênero E Arte Contemporânea: Produzindo Resistências
Educação, Gênero E Arte Contemporânea: Produzindo Resistências
RESISTÊNCIAS
Este artigo se propõe a apresentar uma pesquisa que abrange algumas das diferentes possibilidades
oriundas das relações entre o conceito de Gênero, pensado aqui mediante a filósofa Judith Butler
(2016), Arte contemporânea e Educação. De forma a pensar as experiências em sala de aula e
experiências cotidianas foi sendo possível cartografar diversas ações educativas de aprendizagem e
invenção no âmbito da Educação em Artes Visuais. Ações que instigam de algumas maneiras a
operar as imagens do cotidiano de maneira problematizadora. Nesse sentido o teórico Fernando
Hernández (2007) torna-se indispensável na trama conceitual apresentada neste estudo. A
Cartografia como metodologia, permeia e possibilita maior entrosamento entre a pesquisadora e o
território onde a pesquisa foi sendo gestada por percursos. As conclusões apresentadas nesta
investigação abrangem âmbitos da formação docente em Artes Visuais e processos de aprendizados
mediados por interlocuções com a linguagem da Arte Contemporânea, fundamentada pelos escritos
da autora Anne Cauquelin (2005). Estas, entre outras colocações entrecruzadas às questões de
Gênero, produzindo assim redes de possibilidades a serem trabalhadas.
INTRODUÇÃO
1
Graduada em Licenciatura em Artes Visuais no ano de 2017 pela Universidade Federal de Santa
Maria. Estudante no curso de Especialização em Gestão Educacional e Mestranda em Educação pelo
Programa de Pós-Graduação em Educação na linha LP4: Educação e Artes, UFSM. E-mail:
[email protected]
políticas e sociais tais como: a violência de gênero e preconceitos, sem dúvida foram
indispensáveis para a elaboração desta escrita.
Algumas escritoras feministas foram utilizadas para o embasamento teórico
deste estudo, estas despertaram questionamentos, os quais experimentados no
cotidiano produziram problemas, que movimentam e nutrem as vontades de
pesquisa e experimentação, de forma que colaboraram com o emaranhado
conceitual que permeia os modos como a pesquisa foi sendo construída. Este
estudo aqui apresentado problematiza os padrões de gênero estabelecidos na
sociedade, tais como a necessidade de distinção ocidental tradicional que funciona
como uma divisão binária, que classifica e divide em polos opostos diversas
identidades sociais, minimizando-as à masculino/feminino, negros/brancos,
homossexuais/heterossexuais, macho/fêmea, homem/mulher.
As imagens midiáticas tais como a televisão e internet, na maioria das vezes
se colocam mantendo certos valores conservadores em relação a sexualidade, raça,
classe social e gênero, assim mantendo e reafirmando preconceitos e padrões
identitários. Não podemos esquecer da função pedagógica destes aparatos, que
segundo Mitchell (2015) se fazem presentes na vida das pessoas muito antes da
escola, pois somos alfabetizados pelas imagens, possuímos repertórios visuais dos
quais produzimos o nosso imaginário. No âmbito escolar, os/as estudantes acabam
por reproduzir valores e atitudes propagados por tais aparatos nas relações com
colegas e professores/as. A escola se torna um espaço favorável para pensar e
desconstruir os padrões de gênero.
No que envolve este tema, é importante ressaltar que o que se entende por
‘masculino’ e ‘feminino’ é uma produção social e em que, dito cenário binário, as
mulheres tem uma posição historicamente contida. Abordar e problematizar estas
questões em sala de aula possibilitou discussão e posicionamentos sobre os
preconceitos de gênero, raça e classe social assim proporcionando exercícios de
respeito, coletividade e compreensão entre os sujeitos.
Produzimo-nos através das imagens, somos educados por elas,
compreendemos nosso mundo simbólico de conceitos, para assim tentar sobrepujar
nossas vivências e compreendê-las. Em educação é possível articular e pensar as
imagens, vídeos, entre outras linguagens visuais, em forma de agenciamento, o que
se refere a ação de disponibilizá-los em diferentes contextos, com distintas
combinações sem uma forma ou ordem preestabelecida, sem uma hierarquia
(DELEUZE & GUATTARI, 1995), assim permitindo uma problematização sobre as
formas de olhar e suas implicações sobre cada indivíduo. Pensemos que no meio
em que vivemos, a sociedade, a cultura, implica em nosso comportamento, nas
nossas ações e escolhas.
Como dito anteriormente as imagens fazem parte da nossa vida, são um
aparato simbólico que nos produz como sujeitos, incluindo a produção de gostos,
comportamentos e performatividades em sociedade. Da mesma forma em que
também as produzimos, são relações que implicam esse movimento de ambos os
sujeitos.
[...] quando falamos de visualidades, nos referimos a um processo de
sedução, rejeição e cooptação que se desenvolve a partir de imagens. Esse
processo tem sua origem na experiência visual como uma espécie de
cosmos imagético que nos envolve ao mesmo tempo que nos assedia,
sugerindo e até mesmo fazendo links com nossos repertórios individuais.
Esses repertórios individuais incluem imagens de infância, de família, de
amores, conflitos, acasos, azares e dissabores. (MARTINS; TOURINHO,
2012, p.34).
DESENVOLVIMENTO
METODOLOGIA
Durante esta pesquisa utilizei-me da cartografia enquanto método, a qual é a
forma de ir ligando uma ideia à outra, estabelecendo conexões e pontos de
encontro. Desta maneira foi se esboçando esta pesquisa, ou seja, com a atenção
voltada ao que vai acontecendo e que pode funcionar para acionar a escrita. Ao
mapear as aulas e encontros com os estudantes, são interessantes os registros e
anotações do que pode ser relevante para auxiliar na continuação das aulas e na
escrita. Desse modo se estabelecem alianças entre os textos estudados, os
discursos e discussões nas quais se está presente.
Ao mapear os percursos de uma aula é possível organizar, significar e
acompanhar os movimentos ocasionados. A cartografia se ocupa dos caminhos
errantes, estando suscetível a contaminações e variações produzidas durante o
próprio processo de pesquisa. A cartografia exige do pesquisador posturas
singulares. Não coleta dados; ele os produz. Não julga; ele coloca em questão as
forças que pedem julgamento.
CONCLUSÃO
As relações aqui apresentadas entre Gênero, Arte contemporânea, e
Educação, são apenas algumas das múltiplas possibilidades que podem ser
pensadas e trabalhadas em sala de aula, os estudos oriundos da Cultura Visual
podem abranger diversas áreas do conhecimento, produzindo assim outros sentidos,
tais como os que a criticidade oriunda da Arte Contemporânea por vezes nos
proporciona. Esta pesquisa aqui apresentada em forma de artigo não se dá por
encerrada, assim como o processo de formação docente não se dá por finalizado,
irá se transformando e adquirindo novas formas com o passar do tempo ou com as
reinvenções de sentidos dados aos conceitos aqui trabalhados, novos contornos
outros encontros. Finalizando, espero, que este âmbito de pesquisa possa abrir
outros caminhos por diferentes territórios e que possam gerar outras experiências,
outros cânticos muito além dos almejados.
REFERÊNCIAS
COSTA, Luciano Bedin da. Cartografia: uma outra forma de pesquisar. In:
Revista Digital do LAV. Santa Maria, RS, 2014.