As Guerras Coloniais: A Guerra E
As Guerras Coloniais: A Guerra E
As Guerras Coloniais: A Guerra E
AS GUERRAS
COLONIAIS
NA ÁFRICA
SUBSAARIANA
A GUERRA E AS
GUERRAS COLONIAIS
NA ÁFRICA
SUBSAARIANA
2 0 1 9 • C O I M B R A
Introdução / Introduction.................................................................................. 7
José Luís Lima Garcia, Julião Soares Sousa e Sérgio Neto
A arma que mudou a guerra / The weapon that changed the war.................221
César Rodrigues
3 BUTCHER, Tim cit. por Guillermo Altares – «O conflito que nunca acabou».
Ibidem, p. 9.
4 Idem – Ibidem, p. 90.
10
11
Conclusões
59
Mais de 208 anos após a sua criação em Tavira e 176 anos depois
da sua implantação em Viseu, o RI 14 é um dos Regimentos do Exér‑
cito Português com história mais ilustre e o que está há mais tempo
implantado no mesmo local, com a mesma designação. Hoje, como
no passado, no Sul de Angola ou bem recentemente no norte do
Kosovo, o RI 14 continua a ser chamado a defender a soberania e a
honrar os compromissos internacionais da nação. Com igual valor e
abnegação, os seus soldados cumprem a missão e elevam o nome de
Portugal.
Fontes arquivísticas
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60
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História. Lisboa: Imprensa Lucas & C.ª, 1934, 203 p.
62
Odete Paiva
0000‑ 0003‑ 0414‑ 6528
63
que foi até aos anos sessenta do século passado, uma vila.
Inserida na região do Baixo Minho é protótipo de uma locali‑
dade em que a emigração para o Brasil foi soberana e onde
deixou marcas. Conquanto nesta localidade fosse até ao início
da Primeira Grande Guerra proporcionalmente muito signifi‑
cativa a partida de rapazes em idade anterior à exigida para o
serviço militar, casos houve em que a família teve de arranjar
estratégias para o jovem sair do país iludindo a lei, pois a ida‑
de já não permitia que fosse sem um ónus significativo, isto é,
com passaporte falso ou outra via clandestina. Ao analisarmos
os livros de recenseamento militar damo‑nos conta do volume
do êxodo desta massa populacional, confirmado quando com‑
pulsamos outras fontes civis ou eclesiásticas e as cruzamos,
por exemplo, registos dos atos vitais, róis de confessados e
correspondência privada. A sociedade civil sofreu com o esfor‑
ço de guerra, tal como no resto do País e as mulheres consti‑
tuíram um movimento para ajudar as famílias dos militares que
foram para o teatro de operações.
64
65
Introdução
1 MARQUES, A. H. de Oliveira – Afonso Costa. 2.ª Ed. Lisboa: Arcádia, 1975, p. 354.
2 Idem – Ibidem.
66
67
68
16 Vide «Portugal e a questão dos mandatos». Diário de Notícias. Lisboa: Empresa
Nacional de Publicidade (ENP). Ano 66, 19 de mai. de 1930, p. 3.
117
17 JASPAR, Henri – «Uma Sociedade das Nações Coloniais». Boletim Geral das
Colónias. Lisboa: Agência Geral das Colónias. Ano VIII, n.º 79, jan. de 1932, p. 192.
118
Fontes manuscritas
18 GARCIA, José Luís Lima – «O reativar das pretensões territoriais sobre
Moçambique com o final da Primeira Guerra Mundial». Moçambique e as relações com
os territórios vizinhos…, p. 570.
119
Bibliografia
120
Fewzi Borsali
0000‑ 0002‑7703‑1564
121
122
123
124
Introduction
1 Sierra Leone: Freetown Colony 1807, Protectorate 1896 – Gambia: Bathurst 1843,
Protectorate 1888 – Gold Coast: Colony 1821, Ashanti 1896, Northern Territories 1902
– Nigeria: Lagos in 1860s, Oil Rivers Protectorate 1880s, Northern Protectorate 1900.
125
2 The War Office, already established in 1902 by Prime Minister Arthur Balfour,
was assisted by the Committee of Imperial Defence under Lord Kitchener, comprising
the British Cabinet members, the heads of the military services together with the
Dominions’ Prime Ministers. The Imperial War Cabinet consisted of the British Prime
Minister, Lloyd George, and the Prime Ministers of Canada, South Africa, Australia,
New Zealand, and the Lieutenant‑ Governor of the United Provinces of Agra and Oudh.
126
175
56 RAMSDEN, Tim – Border‑Line Insanity…, p. 139, p. 145, p. 155 and DURAND,
Arn – Zulu Zulu Golf – Life and Death…, p. 65‑ 66 as well as STAPLETON, Timothy J. –
A Military History of South Africa..., p. 172.
57 DURAND, Arn – Zulu Zulu Golf – Life and Death…, p. 9.
58 RAMSDEN, Tim – Border‑Line Insanity…, p. 136.
176
innocuous for behind the disarming, friendly smile may have been
the hand that fired the missile» 59.
The refusal to cooperate was often described as stoic and caused
many National Servicemen to have no feelings of sympathy or even
empathy towards civilians. Therefore abuse and violence coined the
contact with the civil population. How many civilians died because
of mistreatment, violence from SWAPO or South African forces, fam‑
ine, landmines and unexploded ammunition is impossible to say60.
The poverty and simple living of the Ovambos was an odd expe‑
rience for most white South Africans. The brutal treatment and de‑
structions of war could worsen their conditions within minutes. After
surviving a fire fight close to an Ovambo settlement Anthony Feinstein
noticed: «Granted it was a barren, desolate area, but they had man‑
aged to build their village and support themselves the way most of
the Ovambo people did. In the space of twenty‑five minutes it had
all been wiped away» 61. Innocent victims and the results of their
ruthless and violent action caused doubts among some Troepies about
the sense of their mission:
177
63 ESTERHUYS, Abel and JORDAAN, Evert – «The South African Defence…», p. 117
and STEENKAMP, Willem – South Africa’s Border War,…, p. 232.
64 FEINSTEIN, Anthony – In Conflict, p. 88
65 GORDON, Robert J. – «Oh Shucks, Here Comes UNTAG!. Peacekeeping as
Adventure in Namibia». In BAINES, Gary et alii. (Ed.) – Beyond the Border War – New
Perspectives on South Africa’s Late
‑ Cold War Conflict. Pretoria: Unisa Press, 2008,
p. 233.
66 RAMSDEN, Tim – Border‑Line Insanity…, p. 130.
178
tried to limit or reduce the drinking among the troops while some
commanders tolerated no drop of alcohol among their subordinates 67.
Although strictly forbidden, Marijuana was also widespread among
the troops. Tim Ramsden reports that of the 37 soldiers of his platoon
30 frequently smoked marijuana, developing tricks how to hide their
drug consumption from their officers 68 . Missions in the Operational
Area made the drug use easier because there rules were not kept that
strict. Especially Angola seems to have been an «extra‑legal area»
where acquisition and use of marijuana was even easier69.
Other soldiers tried to get high on whatever they could find. Med‑
ic Anthony Feinstein observed that the narcotics of his medical sup‑
plies mysteriously disappeared until he noticed that a colleague suf‑
fering from depression was the culprit: «Being a doctor, he had easy
access to the narcotics cupboard and the drug had helped him through
what by his own admission had been the hell of an infantry base»70.
For some the drug abuse led to a stay in the detention barracks.
Others finished their military career in rehab or the psychiatry of a
military hospital71.
179
Drugs could not protect from the invisible scars of war. Because
of the physical and mental pressure and the experience of violence
and war several of the homecoming soldiers suffered from Post
‑Traumatic Stress Disorder (PTSD). In South Africa it became com‑
monly known as «bosbefok» (sometimes spelled «bosbevok»), which
can literally be translated as «bush crazy» and has its origin in the
military slang 72 .
The death of a good friend or a comrade, steady mental pressure
as well as other traumatising experiences of fights and violence could
cause symptoms of PTSD. Some Troepies suffered so heavily that
they decided to go AWOL: «When I came back I didn’t talk about
things anymore. I totally withdrew. […] I refused to go back. I just
said, ‘No more. That’s it’»73 .
Traumatising experiences and the physical and mental pressure
also caused a fatalistic carelessness among some soldiers. Enforced
by the boredom and a feeling of senselessness simple security rules
were disobeyed and the own life was risked: «We had developed a
fatalistic attitude that whatever happened, happened. We shrugged
and treated it like a training exercise»74.
During training soldiers were already pushed to their limits to
prepare them for combat. Bullying by superiors was also common
and raised the tension. The thin red line that marked how much
pressure and harassment someone could bear was called «breaking
point». Once the breaking point was reached, conflicts between troops
180
and their officers or among the soldiers would escalate, often violent.
Some soldiers had to face military courts for attacking superiors or
comrades75.
The number of soldiers affected of mental disorder and PTSD was
so high that the military command could not ignore it. Tim Ramsden
remembers about his return from the Operational Area in 1988:
75 BLAKE, Cameron – Troepie – From Call‑ Up…, p. 50, p. 60 and p. 63: Interviews
with unnamed former servicemen; DURAND, Arn – Zulu Zulu Golf – Life and Death…,
p. 44‑ 45 and RAMSDEN, Tim – Border‑Line Insanity…, p. 20, p. 93‑94, p. 158‑159 and
p. 170‑171.
76 RAMSDEN, Tim – Border‑Line Insanity…, p. 277.
77 FEINSTEIN, Anthony – In Conflict, p. 90.
181
As it has been shown, war crimes against the civil population were
committed by both SWAPO and the South African troops. The sights
of murder and innocent victims created situations that even the hard‑
ened Troepies were not prepared for. Discovering murdered civilians
during a patrol in Southern Angola Tim Ramsden recognized that:
«When I closed my eyes, I could almost hear the screams and feel the
tension of what had occurred»78 . This memory should stay forever:
«We knew, however, that we would never be able to cleanse our minds
of it. It would haunt us forever»79.
Abuse and torture of captured suspects was a common practise
among the South African security forces in Namibia and Angola. To
gain information about weapons caches or marching routes suspects
were beaten and mistreated. Some were put into earth holes without
food or water to let them suffer in the harsh Namibian climate that
ranges from burning hot during the day to sub‑zero temperatures
during the night. Others report that captured suspects were bound
to the fenders or the front of a military vehicle that would then break
through the thick bush to cause multiple injuries and heavy pain for
the victim until he revealed his information 80.
Torture is often blamed on the Special Forces of the army and the
«Koevoet» Police Counterinsurgency unit, but mistreatment of captured
suspects was also practised by regular army units. The victims of
torture and captives that seemed to have no value for the security
182
forces were executed and murdered in the bush 81. The Operational
Area again proofed to be a lawless, extrajudicial area where platoon
leaders or even common soldiers felt authorized to execute a self
‑condemned death‑ sentence or at least could be sure that war crimes
would not be discovered and brought to court.
«The cutting off of ears, fingers and even scrotums was practised
by some members of the armed forces and Koevoet» 82 . As it is also
known to be practised by American GIs in Vietnam, some South
African soldiers in Namibia and Angola mutilated the bodies of killed
enemies too 83 . Anthony Feinstein remembers that human remains
were kept as trophies: «I was told with a good deal of mirth that the
clothing and bones had been taken from guerrilhas, killed in com‑
bat» 84. Not every officer tolerated such misdeed. The execution of
captives however seems to have been a common practise among the
South African forces 85.
81 BLAKE, Cameron – Troepie – From Call‑ Up…, p. 173, p. 189 and p. 296: Interviews
with unnamed servicemen and DURAND, Arn – Zulu Zulu Golf – Life and Death, p. 1‑3,
p. 189 and p. 245.
82 BLAKE, Cameron – Troepie – From Call‑Up…, p. 188.
83 DURAND, Arn – Zulu Zulu Golf – Life and Death, p. 188 ‑189 and BLAKE,
Cameron – Troepie – From Call‑Up…, p. 151: Interview with an unnamed serviceman.
For US‑war crimes in Vietnam compare: GREINER, Bernd – Krieg ohne Fronten – Die
USA in Vietnam. Bonn: Bundeszentrale für politische Bildung, 2007, p. 183‑184 and
p. 240‑242.
84 FEINSTEIN, Anthony – In Conflict, p. 32.
85 DURAND, Arn – Zulu Zulu Golf – Life and Death, p. 188‑189.
183
«pinch bar» tool that is used to violently open doors, windows, etc.
Established in 1979 the Koevoet units were at first treated like an
open secret until they became a formal branch of the 1982 founded
South West African Police (SWAPOL). Recruited mainly from the local
population and former SWAPO fighters who had been turned to fight
their former comrades they were commanded by white police officers
of the SAP or SWAPOL or volunteers from the SADF reserve. In fact
they were nothing but bounty hunters in service of the South African
Security Forces because they received rewards for every killed «ter‑
rorist» 86 . Attracted by the bounty and the notorious reputation, many
Koevoet fighters were very young. Anthony Feinstein remembers a
Koevoet officer during recruiting: «As long as they were able to pull
a trigger that was fine with him» 87.
Koevoet was between 1000 and 2000 man strong and equipped
with the typical Casspir armoured cars of the South African Police.
The unit claimed to have the highest «kill‑ratio» of all South African
troops, meaning they had the highest number of killed enemies com‑
pared to own losses 88 . Koevoet soon had a notorious reputation as a
merciless fighting unit consisting of adventurers, dare devils and
86 STEENKAMP, Willem – South Africa’s Border War, p. 208; DURAND, Arn – Zulu
Zulu Golf – Life and Death, p. 77, p. 82‑ 84 and p. 90; BLAKE, Cameron – Troepie – From
Call‑Up…, p. 165: Iinterview with an unnamed former serviceman and RAMSDEN, Tim
– Border‑Line Insanity…, p. 175.
87 FEINSTEIN, Anthony – In Conflict, p. 16 and see also DURAND, Arn – Zulu Zulu
Golf – Life and Death, p. 111.
88 RAMSDEN, Tim – Border‑Line Insanity…, p. 124, p. 132 and p. 142 and DURAND,
Arn – Zulu Zulu Golf – Life and Death, p. 180, p. 184, p. 189, p. 249 and p. 267‑268.
Arn Durand figures Koevoet‘s «kill ratio» at 25:1, what would signify Koevoet as the
most efficient combat unit in the history of military conflicts (seep. 82). «Body Count»
was also common among the American forces in Vietnam, see GREINER, Bernd, Krieg
ohne Fronten – Die USA in Vietnam, p. 75‑76. In Vietnam for example Special Forces
of the US‑Army had a «kill ratio» of 22:1 that was seven times higher than the ratio of
average units. Here it is also not clear how many killed civilians were counted as enemy
casualties (see GREINER, Bernd, Krieg ohne Fronten – Die USA in Vietnam, p. 166).
RAMSDEN, Tim – Border‑ Line Insanity…, p. 132; «Torture in Namibia», p. 58 and
DURAND, Arn – Zulu Zulu Golf – Life and Death, p. 9.
184
286
63 ATCA. III Série. Luanda: Automóvel Touring Club de Angola. N.º 25, jul. 1964,
p. 41. O mesmo Pirelli alertaria depois para os inconvenientes que a entrada de
clientes de safari em Angola pela recém‑independente Zâmbia, «o mais novo Estado
africano a entrar seguramente mais tarde ou mais cedo no coro daqueles que tentam
desacreditarem‑nos perante o Mundo», poderia trazer à propaganda da província. Ver
ATCA. III Série. Luanda: Automóvel Touring Club de Angola. N.º 27, set. 1964, p. 26‑27 e
p. 29. A questão é novamente abordada em ATCA. III Série. Luanda: Automóvel Touring
Club de Angola. N.º 38, jan. 1966, p. 11 e p. 13.
64 O ATCA publicara uma primeira versão do Itinerários de Angola em 1960. Os
itinerários aí contidos coincidem com a rede de estradas de 1.ª classe (conforme o
mapa em GALVÃO, Henrique e SELVAGEM, Carlos – Império Ultramarino Português.
Monografia do Império. Vol. III. Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade, 1951, p. 305),
confirmando essa ligação entre turismo e automobilismo. O CITA teria comprado mil
exemplares para distribuição no estrangeiro. Ver ATCA. III Série. Luanda: Automóvel
Touring Club de Angola. N.º 13, jul.‑set. 1961, p. 25. Uma outra publicação do CITA,
Visite Angola, terra de Portugal, inclui na sua síntese histórica uma alusão a 1961, cuja
pronta resposta demonstra a tenacidade dos portugueses e que a província «regressará
vitoriosa ao passo glorioso da paz». Ver Visite Angola, terra de Portugal. Luanda: CITA/
Fundo de Turismo e Publicidade, 1970, 104 p.
287
65 Prova internacional que cobria quase 5 000 quilómetros, foi, segundo um
corredor, «o expoente máximo do calendário de ralis angolano». SOUSA, Hélder de –
«Ultramar. O lento despertar». In RODRIGUES, José (Dir.) – História do Automobilismo
Português. Algés: Edições Talento, 2004, p. 170.
66 A constatação desse paradoxo entre guerra e crescimento é feita em WHEELER,
Douglas e PÉLISSIER, René – Ibidem, p. 327‑331 e MURTEIRA, Mário – «Formação
e colapso de uma economia colonial». In BETHENCOURT, Francisco e CHAUDHURI,
Kirti (Dir.) – História da Expansão Portuguesa. Vol. V. Último Império e recentramento
(1930–1998). Lisboa: Círculo de Leitores, 1998, p. 124‑125.
67 ATCA. III Série. Luanda: Automóvel Touring Club de Angola. N.º 11, fev.
‑mar.
1961, p. 15‑18.
68 Também aqui não deixa de ser feita a apologia da estrada que «agora construída
de novo é ampla e lisa». Ver Idem – Ibidem, p. 15.
288
pretexto para o investimento: «talvez não seja mau que, neste mo‑
mento de patriotismo se procure, em velocidade, ganhar o que temos
perdido». O discurso em prol de realizações e iniciativas é constante
e os ataques a Portugal só devem é aumentar o empenho no desen‑
volvimento como prova da boa ação civilizadora dos portugueses.
Assim, nos vários artigos que a revista dedica aos destinos turísticos
são constantes as alusões, tanto à história da presença portuguesa
nos locais, como ao desenvolvimento que atravessam.
O próprio ATCA se vê a si próprio como um agente de desenvol‑
vimento. Por ocasião da inauguração da estação de serviço do ATCA,
em 1 de março de 1962, o presidente, Pereira de Matos, dirá que:
69 ATCA. III Série. Luanda: Automóvel Touring Club de Angola. N.º 15, fev.‑abr.
1962.
70 Idem – Ibidem, p. 13.
289
71 ATCA. III Série. Luanda: Automóvel Touring Club de Angola. N.º 19, ago. 1963,
p. 19.
72 ATCA. III Série. Luanda: Automóvel Touring Club de Angola. N.º 33, abr. 1965,
p. 35.
73 A Mabor fora um dos patrocinadores da publicação dos Itinerários de Angola
de 1960. Sobre a Mabor Angolana, ver MARCELINO, José (Coord.) – Mabor: 50 anos de
sucesso. Algés: Arte Mágica, 2005, p. 96.
74 ATCA. III Série. Luanda: Automóvel Touring Club de Angola. N.º 48, mai.
‑jul.
1968, p. 29.
290
Conclusão
291
Fontes
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