Texto 02. Robson Freitas Cerqueira Da Paixao PDF
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Salvador – Bahia
2018
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho propõe uma análise das representações de masculinidades presentes n’O
Livro da Ordem de Cavalaria, escrito pelo catalão Raimundo Lúlio no século XIII. A Cavalaria
sobre o qual o livro se ocupa surgiu entre os séculos X e XI, devido, dentre outras razões, ao
“boom” demográfico e agrícola do período, além da difusão de novas tecnologias de guerra,
com fortes vinculações com a complexificação social, econômica, comercial, agrícola,
demográfica, cultural e religiosa.
Suas movimentações provocavam reações entre o temor e a segurança, já que, por um
lado, seus integrantes eram responsáveis pela defesa do território do senhor que lhes convertera
em cavaleiros; por outro lado, a rotina de combates, acúmulo de espólios de guerra e aventuras
em busca de glórias traziam problemas de todas as sortes para outros. A partir do amálgama de
uma elite militar medieval, uma vez rodeada pela a nobreza e apropriando-se de seus costumes
e mentalidades, os casamentos destes guerreiros com mulheres nobres fizeram com que a
Cavalaria passasse a ser, aos poucos, cada vez mais aristocrática até ser tomada e reservada pela
e para os nobres.
Posteriormente, a Igreja Católica tentou intervir na Cavalaria. A “Paz de Deus” e a
“Trégua de Deus”1 talvez tenham sido as primeiras tentativas eclesiásticas de tentar impor mais
claramente uma disciplina cristã à confraria de guerreiros. Com as normatizações eclesiásticas
sobre a Cavalaria, abriu-se precedente para a regulação clerical sobre outros costumes
cavalheirescos. O rito de sagração do escudeiro em cavaleiro passou a contar com a presença
de clérigos, reforçando a sacralidade do ato e lembrando que, quando o escudeiro fosse
investido em cavaleiro, sua espada deveria – pelo menos em tese – servir a Cristo.
Por exemplo, no século XII, com os primeiros movimentos cruzadistas, o cavaleiro Hugo
de Payens solicita permissão ao Papa Urbano II para que ele e seu grupo vivam de acordo com
a vida eclesiástica, sem deixar de portar suas armas, que defenderiam os peregrinos em direção
a Jerusalém. Em 1118, assim, Hugo funda a Ordem dos Cavaleiros Templários, reconhecida em
1128, durante o concílio de Troyes.2
Desta forma, a Cavalaria seguia entre a laicidade e a religiosidade cristã. Outras ordens
militares similares à templária foram fundadas (a saber, ordem Teutônica, ordem Hospitalária,
1
A “Paz de Deus” foi um decreto medieval proclamado em 989 d.C, no Concílio de Charroux. Visava proteger
inicialmente a propriedade eclesiástica, recursos agrários e clérigos desarmados. Já a “Trégua de Deus” for a
proclamada em 1027 no Concílio de Toulouges e visava limitar os dias da semana e as épocas do ano que poderiam
haver guerras.
2
Ver DEMURGER, Alain. Os Cavaleiros de Cristo: Templários, Teutônicos, Hospitalários e outras Ordens
Militares na Idade Média. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2002.
entre outras), enquanto a Cavalaria laica continuou existindo – não da forma que os eclesiásticos
queriam.
O momento em que Lúlio escreve, segunda metade do século XII, demarca absolutamente
as concepções expressas em seu texto. Afinal, desde idos do século VIII, o território da
península ibérica fora ocupado pelos muçulmanos, fazendo com que os esforços, até o ano de
1492, fossem revistos, reconduzidos, negociados e, ao fim e ao cabo, direcionados à expulsão
dos mesmos, então chamados mouros.3
As ordens religiosas, em conjunto com a Cavalaria laica, se tornam presentes no território
à medida que castelos iam sendo construídos e suas tropas eram utilizadas nas batalhas contra
os mouros e na ocupação de cidades. Dividida entre judeus, cristãos e muçulmanos durante a
época da Reconquista, a região da Catalunha acaba sendo um local privilegiado de interações
entre estes três grupos sociais e étnico-religiosos. Durante o século XIII:
[...] estava uma noite diante de sua câmara sobre o arquibanco de seu leito,
imaginando e pensando uma vã canção, e escrevendo aquela em (língua)
vulgar para uma namorada, a qual naquele momento amava com um amor vil
e feiticeiro, como, donde, tinha todo o seu entendimento aceso e ocupado em
ditar aquela vã canção, mirando com insistência à parte direita viu Nosso
Senhor Deus Jesus Cristo suspenso com os braços em cruz, muito dolorido e
apaixonado. O qual visto, tendo grande temor em si mesmo, e, deixando todas
aquelas coisas que tinha entre suas mãos, partiu, meteu-se em seu leito e
cobriu-se.
3
A reconquista não é um processo simplificado e/ou abordado de forma única pela historiografia. Citaremos
como exemplo o texto: SALOMA, Martín Ríos. « La « Reconquista » : una aspiración peninsular ? Estudio
comparativo entre dos tradiciones historiográficas », Bulletin du centre d’études médiévales d’Auxerre |
BUCEMA [En ligne], Hors-série n° 2 | 2008, mis en ligne le 24 janvier 2009, consulté le 04 novembre 2018.
URL : http://journals.openedition.org/cem/9702 ; DOI : 10.4000/cem.9702. Nele, o autor debate se a chamada
reconquista foi uma importação exterior, motivada por franceses e pelo papado, ou se o processo é muito mais
complexo.
4
RUIZ, Josep Maria; SOLER, Albert. Ramon Llull in his Historical Context. In: Catalan Historical Review -
revista do Institut d´Estudies Catalans - Barcelona, 2013, p. 48
E no dia seguinte de manhã levantou-se, não tomando conhecimento da visão
que na noite passada havia tido, tornou a ditar aquela vã e tola canção que
havia começado, e, como da outra vez, àquela hora e naquele mesmo lugar
tornou a escrever e a ditar aquela mesma canção, outra vez Nosso Senhor lhe
apareceu com os braços em cruz naquela mesma forma, visão da qual ele
muito mais espantado que da primeira (vez), deixou todas as coisas, partiu e
meteu-se em seu leito. Não obstante, por isso, ele não deixou aquela louca
vontade, antes bem, pouco depois de manhãzinha, tornou ele a acabar aquela
canção e não tomou conhecimento daquelas visões maravilhosas que lhe
apareceram na terceira, na quarta e na quinta (vez).
Pelas quais aparições assim repetidas, ele muito espantadamente cogitou que
desejava asseverar aquelas visões tão repetidas, e o estímulo da consciência
lhe ditava que Nosso Senhor Deus Jesus Cristo não desejava outra coisa senão
que, deixasse o mundo e totalmente se doasse à sua servidão.5
Ou seja, de acordo com sua autobiografia, Lúlio levava uma vida desregrada, era adúltero
(de acordo com o tradutor, a “namorada” referida no texto era um relacionamento
extraconjugal), e alheio à cristandade. A visão do Cristo crucificado surge no início de sua
biografia como o ponto de descontinuidade de sua trajetória de vida.
A partir daí, torna-se um missionário laico – usando as marcas de distinção religiosa do
catolicismo, mas não abre mão diretamente do seu título de nobreza – que atua diretamente
entre judeus e muçulmanos. Segundo Ruiz e Soler (2008, p 49), ele chega a abandonar sua
esposa, filhos, bem como parte de suas posses. Raimundo a partir deste momento conduz a
vida, segundo Bianca Messias e Adriana Zierer, de modo a cumprir três grandes objetivos:
“colocar a vida para a honra de Jesus Cristo, fazer livros para a difusão de seu conhecimento,
construir e edificar diversos mosteiros”.6
Além de ter sido absorvido por seu estado de contemplação, Lúlio fez diversas
peregrinações entre 1264 e 1313, sendo capaz de conhecer algumas regiões da Europa central.
Mesmo não tendo acesso à universidade, estudou árabe, filosofia e teologia e dedicou-se à
produção literária. Esta, combinando suas experiências pessoais com seus estudos de filosofia
e teologia, buscava ensinar os valores cristãos aos povos pagãos e aos cristãos que tinham “se
desviado de seu propósito” segundo sua cosmogonia.7
5
Lúlio, R. (22 de 10 de 2018). Vida Coetânia (1311). Fonte: https://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/vida-
coetania-1311
6
ZIERER, Adriana; MESSIAS, Bianca Trindade. O mundo da Cavalaria do século XIII na concepção de Ramon
Llull. Revista Roda da Fortuna: Revista Eletrônica sobre Antiguidade e Medievo, n. 2, 2013, p. 133
7
Para um catálogo completo das obras de Raimundo Lúlio, recomendo o Centro Brasileiro de Filosofia e Ciência
Raimundo Lúlio, acessível por este link: http://www.ramonllull.net/sw_studies/l_br/s_catalogo.htm e o Ramon
Llull Database da Universidade de Barcelona, acessível por este link: http://www.ub.edu/llulldb/index.asp. É
interessante notar que nem todas as obras estão disponíveis para pesquisa e armazenamento em arquivos digitais,
e a tradução para o português do Livro da Ordem de Cavalaria é somente de autoria do Prof. Ricardo da Costa.
O Livro da Ordem de Cavalaria entra neste segmento. Tendo sua feitura terminada entre
1274 e 1276, esta obra dedica-se a indicar um caminho moralmente elevado para que a
Cavalaria recuperasse o seu propósito de trazer armas à justiça terrena. A sua proposta
pedagógica mostra, a partir de comparações, o exemplo do bom e do mau cavaleiro – o bom a
ser seguido, o mal a ser afastado, senão completamente apartado da Cavalaria. Raimundo Lúlio,
deste modo, propôs-se a codificar uma série de princípios morais que deveriam ser seguidos
pelos cavaleiros.
A indicação do problema de pesquisa deste presente projeto inicia-se com uma
constatação: a Cavalaria é masculina. Então, o problema da Cavalaria dá-se no cerne do
comportamento masculino medieval cristão contemporâneo ao autor. Por exemplo, eis um dos
comportamentos que o escudeiro deveria tomar, segundo Lúlio, às vésperas da sua ordenação:
O escudeiro deve jejuar na vigília da festa, por honra do santo da festa. E deve
vir a Igreja orar a Deus na noite antes do dia que deve ser feito cavaleiro; deve
velar e estar em preces e em contemplação e ouvir palavras de Deus e da
ordem de Cavalaria; e se escuta jograis que cantam e falam de putarias e
pecados, no começo que entra na ordem de Cavalaria começa a desonrar e a
menosprezar a ordem de Cavalaria.8
Percebe-se no trecho acima que, de acordo com Lúlio, deveria existir uma maior
influência cristã no comportamento do cavaleiro: jejuns e preces, em claro contraste aos ditos
“jograis que cantam e falam de putarias e pecados[...]”, que ainda, segundo Lúlio, faziam parte
de uma Cavalaria laica. O contraste entre duas masculinidades evidencia-se aqui pela presença
e/ou ausência da fé católica e suas implicações às vésperas da ordenação como cavaleiro. Trata-
se de um esforço de clericalizar a ordem dentro dos moldes cristãos.
Assim, ao estabelecer o que o cavaleiro deveria ou não fazer, como deveria ou não ser,
Lúlio dirige-se aos homens numa tentativa de estabelecer um ideal comportamental. Ideal este
que interfere diretamente sobre como os cavaleiros entendem a si mesmos. Isto incluiria suas
concepções sobre seus corpos viris ou não, normatizados ou desviantes, pois:
Homem aleijado ou gordo e grande, ou que possua outro vício em seu corpo
pelo qual não possa fazer uso do ofício de cavaleiro não deve estar na ordem
de Cavalaria; porque vileza é da ordem de Cavalaria se recebe homem que
seja debilitado, corrompido e incapaz de portar arnês.9 (LÚLIO, III-16).
8
O Livro da Ordem de Cavalaria segue, na sua tradução para o português, uma subdivisão de partes e itens. Para
exemplificar neste caso, o trecho citado é o terceiro item da parte IV “DA MANEIRA SEGUNDO A QUAL O
ESCUDEIRO DEVE RECEBER A CAVALARIA”. Para mais detalhes ver: Lúlio, R. (22 de 10 de 2018). Livro
da Ordem de Cavalaria (1274-1276). Fonte: https://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/ o-livro-da-ordem-
de-cavalaria-c1274-1276
9
LÚLIO, Raimundo. Livro da Ordem de Cavalaria. Parte III, item 19
Neste trecho, há uma dupla constatação. Uma, é a incapacidade da atuação do cavaleiro
em batalha pela falta ou excesso de constituição física – a falta ou “vício” impede-lhe de portar
e usar seu arnês; o excesso limitaria o corpo. E a segunda é a constatação do corpo enquanto
um espelho da dimensão moral. A falta do estado de equilíbrio e/ou a presença de deficiências
ou vícios também seria uma corrupção moral, no caso, manifestada como vício físico. Isto acaba
por afetar as concepções que estes homens teriam sobre seus pares e sobre qual seu papel dentro
daquela determinada sociedade. Nas palavras de Lúlio,
A sua superioridade moral e nobiliárquica deve ser reforçada a partir da sua capacidade
de exercer seu poder para defender os “menores”, pois “é costume da ordem de Cavalaria que,
por isso, porque é grande e honrada e poderosa, vá em socorro e ajuda a aqueles que lhe são
debaixo em honra”.
Para tal, devem estar ausentes de vícios corporais, providos de riqueza material para
custear seu equipamento e cavalo, manter-se em estado de contemplação espiritual para elevar-
se moralmente e colocar-se como um exemplo a ser seguido pela sociedade. Deste modo, o que
Raimundo Lúlio faz não é (re)criar um padrão apenas de Cavalaria, mas a elaboração de um
conjunto complexo de ideais de masculinidades – uma forma determinada de “ser homem”
dentro de uma determinada temporalidade histórica. A análise de como e por que foi possível
a construção destas masculinidades cavalheirescas defendidas por Raimundo Lúlio é o foco
deste projeto de pesquisa.
2. JUSTIFICATIVA
Este projeto apresenta-se como um desdobramento de um primeiro trabalho feito durante
a vinculação ao PIBIC, no qual houve as primeiras discussões sobre o tema que permitiram a
continuidade da pesquisa. Os estudos sobre Cavalaria ainda se apresentam como importantes
no cenário nacional e internacional. Medievalistas consagrados como Duby,11 Barthélemy12 e
10
LÚLIO, Raimundo. Livro da Ordem de Cavalaria. Parte II, item 19
11
Ver: DUBY, Georges. Guilherme Marechal ou o melhor cavaleiro do mundo. Rio de Janeiro, Graal, 1988.
12
Ver: BARTHÉLEMY, Dominique. A Cavalaria: Da Germânia antiga à França do século XII. Campinas: Ed.
da UNICAMP, 2010.
Demurger13 analisam com propriedade as interações e impactos sociais da Cavalaria na
sociedade medieval europeia. Em solo brasileiro podemos citar a historiadora Neila Matias de
Souza.14 Adentrando especificamente a pesquisa sobre Raimundo Lúlio, há de se destacar as
pesquisas de Tatyana Nunes Lemos15 e do professor Ricardo da Costa16. Este último desponta
como uma referência para os estudos lulianos no Brasil, com artigos escritos e sendo até o
presente momento o único a traduzir algumas obras de Raimundo Lúlio para o português.
Contudo, sumariamente, os textos produzidos sobre a Cavalaria restringem-se a análises
sobre o ideal comportamental da Cavalaria aos olhos de Lúlio e seu Livro da Ordem de
Cavalaria – analisando os componentes morais apresentados e descrevendo o que poderiam ser
os “bons” e “maus” cavaleiros. Faz-se necessário apontar o fato de que estes autores não
buscaram uma análise baseada nos estudos de gênero numa tentativa de explicar as interações
sociais da Cavalaria no seu tempo histórico. Para romper com isso, os estudos de Joan Scott17
e Raewyn Connell18 podem adicionar novas possibilidades analíticas aos estudos da Cavalaria.
A adição do outillage intelectual de gênero pode mudar a percepção sobre a Cavalaria
medieval, fazendo com que eles não sejam vistos apenas como parte de uma nobreza bélica
medieval, mas como homens inseridos dentro de uma temporalidade histórica que afetam e são
afetados por expectativas comportamentais, materiais, religiosas e sociais. Deste modo, este
projeto justifica-se pela sua capacidade de contribuir para com os estudos sobre a Cavalaria
medieval e os estudos Lulianos, focando na análise do Livro da Ordem de Cavalaria. Análise
esta sendo feita de um ponto de vista ainda não explorado pelos estudos medievais e pelos
estudos Lulianos, assumindo uma perspectiva que compreende o ideal de cavaleiro descrito por
Lúlio como um modelo de masculinidade, isto é, como um papel específico de gênero a ser
performado.
13
Ver: DEMURGER, Alain. Os Cavaleiros de Cristo: Templários, Teutônicos, Hospitalários e outras Ordens
Militares na Idade Média. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2002.
14
Ver: SOUZA, Neila Matias de. Modelando a Cavalaria: uma análise da demanda do Santo Graal (século
XIII). 207 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências
Humanas e Filosofia, 2011.
15
Ver LEMOS, Tatyana Nunes. O nobre e o “pobre” cavaleiro: duas perspectivas lulianas. In: Mirablia – Revista
de História Antiga e Medieval, n. 8. 2008. Disponível em
<http://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=8550>. Acesso em 25 jun. 2014.
16
Ver: COSTA, Ricardo da. Ramón Llull, la cruzada y las órdenes militares de caballería. Conferência
proferida no Seminário Cristianisme i l'Islam - el cas de Tortosa i Tartous a la Mediterrània, evento organizado
pela Facultat de Ciències Jurídiques i Polítiques da Universitat Internacional de Catalunya (UIC), Barcelona, no
dia 03 de outubro de 2005. Acessado em 24 de outubro de 2018. Disponível em:
https://www.ricardocosta.com/artigo/ramon-llull-la-cruzada-y-las-ordenes-militares-de-caballeria.
17
Ver: SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto
Alegre, vol. 20, nº 2, jul./dez. 1995, p. 71-99.
18
Ver: CONNEL, R.W. Masculinities. University of California Press, Berkeley, 1995.
E CONNEL, R.W.; Messerschmidt, James W. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Revista
Estudos Feministas, 2013.
Em complemento, este projeto também se justifica pela necessidade de analisar e
compreender o medievo como pressuposto analítico para o ocidente europeu e suas colônias –
neste caso, a Península Ibérica e, em última instância, o Brasil.
A viabilidade deste projeto está posta pela facilidade de acesso à documentação histórica,
em versões fac-similares na Biblioteca Virtual del Patrimoni Bibliogràfic19 do governo da
Espanha, e pelas traduções de Ricardo da Costa.20 As primeiras em bom estado de conservação
e ambas disponíveis para download – que já foi feito e encontra-se em estado inicial de análise
e discussão.
3. OBJETIVO:
Objetivo geral:
• Analisar como e por que as concepções de masculinidades interferem no tratamento
dado à Cavalaria na obra de Raimundo Lúlio, com enfoque especialmente no Livro da
Ordem de Cavalaria.
Objetivos específicos:
• Debater, de forma historicamente, contextualizada, os limites e possibilidades
históricos e historiográficos da Cavalaria na Península Ibérica do século XIII.
• Identificar as noções de cavalaria que circulavam no contexto de produção do Livro
da Ordem de Cavalaria
• Caracterizar as masculinidades cavalheirescas presentes na documentação, com
prioridade ao Livro da Ordem de Cavalaria;
• Estudar os conflitos entre os tipos de masculinidades apresentados e seus impactos na
Cavalaria, discutindo a pertinência do Estudos de Gênero para o Medievo Ibérico;
4. CONSIDERAÇOES TEÓRICO-METODOLÓGICAS
Esta seção será dividida em três partes. A primeira consiste num balanço historiográfico
que avaliará sinteticamente a historiografia da Cavalaria e de Raimundo Lúlio; a segunda parte
se deterá sobre os conceitos considerados relevantes para este projeto; por fim, a terceira seção
se dedica a tecer um comentário sobre a documentação e as ferramentas metodológicas que
nortearão a pesquisa.
21
DUBY, Georges. Guilherme Marechal ou o melhor cavaleiro do mundo. Rio de Janeiro, Graal, 1988. p. 48
cultura cavalheiresca – seus valores, conduta e como a sociedade era lida por eles. No tocante
às relações sociais, Duby é capaz de evidenciar algumas problemáticas – sem, contudo, se
debruçar muito nelas. Ainda assim, Duby reforça o fato de que a sociedade era eminentemente
masculina. O lugar ocupado pelas mulheres era apenas o casamento como aliança política –
podiam ser ofertadas em matrimônio aos filhos dos senhores amigos e ex-inimigos como sinal
de amizade e reforço da paz. E, em caso de falecimento dos seus maridos, as agora viúvas
voltariam para a guarda do rei e seriam dados aos cavaleiros que haviam prestado serviços
relevantes à coroa. Estes ansiavam pela oportunidade do casamento, pois, segundo o autor, "o
homem vale mil vezes mais do que a mulher, mas não vale quase nada se não possuir ele próprio
uma mulher, legítima, na sua cama, no centro de sua casa".22
Em âmbito nacional, podemos destacar, entre os trabalhos sobre Cavalaria, o texto de
Neila Matias de Souza. Em Modelando a Cavalaria: uma análise da demanda do Santo Graal,
Neila Mathias faz um trabalho de análise da novela de Cavalaria A Demanda do Santo Graal,
identificando os elementos que formariam o “bom” cavaleiro no texto literário. Conforme segue
a análise, ela é capaz de demonstrar os fluxos culturais que atravessaram a Cavalaria –
influência da tradição germânica, as intervenções eclesiásticas, as cruzadas e as próprias
novelas de Cavalaria, e como isso reflete a representação destes homens de armas no texto.
Além disto, ela também demonstra as implicações destas influências na formação de
estereótipos do bom e do mau cavaleiro, além das características que compõem ambos.
Nos debruçando sobre Raimundo Lúlio, a historiografia sobre sua obra pode ser dividida
em dois momentos. Um primeiro, dedicado ao próprio Raimundo e uma tentativa de
descontextualizá-lo usando primariamente a sua biografia: Vida Coetania. O segundo, dedicado
a análise do Livro da Ordem de Cavalaria e a criação de uma ética cavalheiresca. Para o
primeiro caso, podemos citar como exemplo o artigo do prof. Ricardo da Costa, Maiorca e
Aragão no tempo de Ramon Llull (1250-1300). Esse texto, como o nome do artigo explicita,
visa detalhar as condições do contexto histórico das regiões de Aragão e da ilha de Maiorca na
segunda metade do século XIII – período de elaboração do Livro da Ordem de Cavalaria.
Tal período de sua vida, segundo este artigo, teria sigo marcado por uma intensa relação
sociocultural e política (indo até o limiar bélico) entre cristãos e muçulmanos, além da
possibilidade de Lúlio ter assumido posições de destaque na corte aragonesa. Todavia, por ser
contextual e biográfico, este artigo não dá conta de especificidades para além da história política
destas regiões e da participação de Raimundo Lúlio neste processo.
22
DUBY, Georges. Guilherme Marechal ou o melhor cavaleiro do mundo. Rio de Janeiro, Graal, 1988. p. 48
Por fim, como exemplo do segundo momento, trago como exemplo o artigo de Lellya
Alves Barbosa, Ramon Llull e sua proposta doutrinária em “O Livro da Ordem de Cavalaria”.
Neste, Lellya Barbosa aponta os perfis idealizados de cavaleiro que existem no Livro da Ordem
de Cavalaria, destacando quais virtudes o cavaleiro deveria seguir para alcançar a elevação
moral, bem como algumas influências históricas que perpassam o texto. Apesar de definir bem
a proposta doutrinária da documentação, não há nenhum tipo de análise sobre o impacto destes
discursos.
A partir da leitura desta bibliografia preliminar, percebe-se que o aparato conceitual de
gênero não é utilizado em pesquisas sobre a Cavalaria. Os textos inclinam-se normalmente a
dois aspectos marcantes: 1- uma compreensão contextual da formação da Cavalaria; 2- a forma
como ela é atravessada por discursos moralistas que desejam lhe impor uma nova ética. Em
ambos os casos, o estudo é descritivo quando se observa a Cavalaria, tendendo a análise, quando
se desvia o foco da Cavalaria, para as situações acima apontadas, sendo Duby a exceção. Quase
nada é feito para se discutir esse fenômeno histórico a partir das perspectivas da chamada
História das Masculinidades.
Portanto, pretende-se neste trabalho ir além da descrição da Cavalaria e de suas
idealizações. Pensar o discurso luliano sob a perspectiva de gênero pode trazer melhores
explicações sobre os motivos da idealização sobre o comportamento cavalheiresco.
No seu uso mais recente, o “gênero” parece ter aparecido primeiro entre as
feministas americanas que queriam insistir no caráter fundamentalmente
social das distinções baseadas no sexo. A palavra indicava uma rejeição ao
determinismo biológico implícito no uso de termos como “sexo” ou “diferença
sexual”. O gênero sublinhava também o aspecto relacional das definições
normativas das feminilidades. As que estavam mais preocupadas com o fato
de que a produção dos estudos femininos centrava-se sobre as mulheres de
forma muito estreita e isolada, utilizaram o termo “gênero” para introduzir
uma noção relacional no nosso vocabulário analítico. Segundo esta
opinião, as mulheres e os homens eram definidos em termos recíprocos e
nenhuma compreensão de qualquer um poderia existir através de estudo
inteiramente separado.23
Deste modo, os estudos de gênero figuram nesta pesquisa como uma possibilidade de
análise das configurações e relações sociais, sem insistir num determinismo biológico e
apontando os mecanismos de organização social da diferença entre homens e mulheres, o
masculino e o feminino. Tal diferença, ainda segundo Scott, residiria no fato de que:
É neste interim que a ideia de patriarcado enquanto configuração social baseada em uma
ordem masculina de controle das mulheres floresce no seio de movimentos feministas. As
críticas elaboradas a esta ordem, juntamente com a possibilidade de mudança social em direção
a uma sociedade mais igualitária, residem também nas ponderações sobre os homens e,
sobretudo, nas discussões críticas sobre masculinidades e saberes ditos masculinos – ou seja,
na construção do “ser homem”.
As definições do campo masculino possibilitaram o entendimento da permanência da
hierarquia existente entre os gêneros, bem como fomentaram uma série de estudos iniciados
nos anos 80, como estudos sobre masculinidade ou estudos críticos dos homens. Tais estudos
buscam entender como os homens se relacionam com as variadas formas existentes (e não
necessariamente socialmente aceitas) de comportamentos, posturas, performances e discursos
que são construídas e direcionadas de homens, para homens e como essas relações produzem
efeitos discursivos e práticos na relação entre homens, entre homens e mulheres e a atuação dos
homens em sociedade.
Ainda assim, existe uma problemática em relação a definição de masculinidades. R. W.
Connel define masculinidade desta forma:
23
SCOTT, Joan. Gender: a useful category of historical analyses. In: ____. Gender and the politics of history.
New York, Columbia University Press. 1989. Tradução por Christine Rufino Dabat e Maria Betânia Ávila. p. 3.
Grifos nossos.
24
Idem, p. 21
cinematográficos como filmes policiais ou thriller. A teoria dos papéis sexuais
trata a masculinidade precisamente como uma norma social para a conduta
dos homens.25
Este conceito nos atende parcialmente na medida em que se compreende que mesmo
dentro das variadas configurações sociais que a Cavalaria assumira, se houve uma
normatização, esta não fora atendida completamente – como podemos perceber nos textos da
Paz de Deus e Trégua de Deus, citados anteriormente. Todavia, as performances e
comportamentos socialmente aceitos ou não mantêm uma relação de aproximação e
afastamento com determinados ideais apresentados por tais normas. Ou seja, as masculinidades
existem enquanto representações de ideais morais.
E é como dispositivo analítico fundamental para o trato com estes conceitos de
masculinidade que a noção de representação se mostra relevante dentro deste projeto. Sobre
esta noção, Roger Chartier traça comentários significativos: “A apropriação, tal como a
entendemos visa uma história social dos usos e das interpretações, relacionados às suas
determinações fundamentais e inscritos nas práticas específicas que os produzem”.26 Este
conceito ajuda a inserir a fonte num contexto de circulação e adaptação de ideias, noções e
discursos que é um processo que pode ser encontrado em outras documentações sobre a
Cavalaria. Afinal, a produção de representações não se dá de forma aleatória ou, como diz o
teórico já citado, as ideias não são desprovidas de chão social.27
Ao que pese a usual crítica feita ao estilo de construção textual empregado por Chartier
em suas obras, nos é útil neste momento evocar a síntese que Sandra Pesavento faz das
definições chartianas sobre representação: “tanto substituição da coisa ou ser ausente,
remetendo a outros sentidos, metaforicamente, e ser a evocação mimética daquilo que
representa”.28 Desta maneira, combinando os Estudos de Gênero, a História das Masculinidades
e a História da Cavalaria Ibérico-catalã, analisaremos as representações de masculinidades.
25
“la masculinidad es lo que los hombres debieran ser. Esta definición se encuentra a menudo en los estudios sobre
medios de comunicación, en discusiones sobre personajes tales como John Wayne, o de géneros cinematográficos
como las películas policiales o thriller. La teoría de roles sexuales trata la masculinidad precisamente como una
norma social para la conducta de los hombres.” CONNEL, R.W. Masculinities. University of California Press,
Berkeley, 1995. p. 70. Tradução nossa.
26
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. In: ____. À Beira da Falésia: A História entre incertezas
e inquietude. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002. p. 68
27
Idem
28
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & literatura: uma velha-nova história. Nuevo Mundo Mundos
Nuevos. Disponível em http://nuevomundo.revues.org/1560; DOI: 10.4000/nuevomundo.1560. Acesso em julho
de 2013.
4.3 Metodologia e Fontes
A documentação privilegiada desta pesquisa é o Livro da Ordem de Cavalaria, escrito
pelo monge catalão Raimundo Lúlio entre 1274 e 1276. A sua redação é iniciada de um prólogo,
que narra a história de um escudeiro que se dirige à corte com o desejo de ser feito cavaleiro, e
encontra-se com um cavaleiro que, tendo chegado ao final de sua vida e incapaz de portar armas,
isola-se em contemplação. Em diálogo, o escudeiro se mostra alheio ao ofício da Cavalaria e
pede ao cavaleiro mais velho que lhe indique o caminho. Este, por sua vez, entrega ao escudeiro
o Livro da Ordem de Cavalaria e lhe pede que leve o livro à corte para que o seu conhecimento
fosse difundido.
Posteriormente, o livro se divide em sete partes, cada uma dedicada a um conteúdo
específico, e ao mesmo tempo, todas carregadas de uma moratória direcionada a Cavalaria. Esta
produção tem um lugar de relevância dentro das produções medievais devido ao seu relativo
pioneirismo. Apesar de existir uma quantidade razoável de novelas de Cavalaria - escritos que
tentam normatizar o comportamento cavalheiresco ainda que de forma romantizada 29 -
espaçados no tempo medieval, Raimundo Lúlio se destaca por ter sido um dos teóricos da
Cavalaria, juntamente com Jean de Salisbury e Bernardo de Claraval por redigir diretamente
sobre o comportamento da Cavalaria e como ela deveria se portar.30 E sua leitura, mesmo
simplificada mediante as traduções, é reveladora sobre costumes da Cavalaria – e de costumes
masculinos.
Por estarmos lidando diretamente com uma fonte escrita, a análise de discurso desponta
como o recurso metodológico norteador desta análise. Para tanto, utilizaremos as concepções
desenvolvidas por Michel Foucault sobre o discurso e sua consequente análise. Entretanto, suas
concepções solicitam neste momento a ajuda de intérpretes capazes de melhor elaborar as
noções foucaultianas presentes na sua obra, em especial no texto base para o referencial
metodológico deste projeto que é A Ordem do Discurso31. Wagner Amodeo, em resenha crítica
demonstra com facilidade as implicações do discurso de Michel Foucault, facilitando sua
interpretação. Em resenha, Amodeo destaca que o discurso é:
[...] como uma rede de signos que se conecta a outras tantas redes de outros
discursos, em um sistema aberto, e que registra, estabelece e reproduz não
significados esperados no interior do próprio discurso, mas sim valores desta
29
Uma edição crítica das produções feitas por Chretién de Troyés, autor ao qual é atribuído algumas das
principais novelas de cavalaria, pode ser encontrada em TROYES, Chretien de. Romances da Távola Redonda.
2. ed. São Paulo, SP: Martins Fontes, 1998.
30
STARLING, Bruno Pimenta. A ética cristã e o ideal cavaleiresco no Livro da Ordem de Cavalaria de
Raimundo Lúlio. Revista tempo de conquista, vn, v. 6, p. 01-16, 2009, p.2
31
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo, Loyola, 2010.
sociedade que devem ser perpetuados. O discurso não é um encadeamento
lógico de palavras e frases que pretendem um significado em si mesmo, ainda
que essa estratégia seja empregada, ele será uma importante organização
(ordem) funcional onde se estrutura um imaginário social.32
32
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo, Loyola, 2010. Resenha de: AMODEO, Wagner. Michel
Foucault: A ordem do discurso. Disponível em <http://works.bepress.com/amodeo/3/>. Acesso em 31/10/2018.
Grifos nossos.
33
ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e Leitura. São Paulo: Cortez, 2006.
34
Idem, p. 101
estes discursos serviram a um propósito de construção de uma ou mais formas de
masculinidades e como estas se ligam à Cavalaria.
5. LISTA DE FONTES
LÚLIO, Raimundo. Livro da Ordem de Cavalaria. Tradução de Ricardo da Costa. Revisão
por Rui Vieira da Cunha. Disponível em <http://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/o-
livro-da-ordem-de-cavalaria-c1274-1276>. Acessado em 4/11/2018, as 14:15.
LÚLIO, Raimundo. Doutrina para crianças (c. 1274-1276). Tradução de Ricardo da Costa.
Grupo de Pesquisas Medievais da UFES III. e-Editorial IVRA Poliglota. 2010. Disponível
em: <http://www.ivitra.ua.es/RicardoCosta/Llull2.pdf.> Acessado em 4/11/2018, as 14:17.
LÚLIO, Raimundo. Livro das Bestas. Traduzido do Catalão por Cláudio Giordano, revisão
técnica de Esteve Jaulent. Disponível em
<http://www.ramonllull.net/sw_studies/l_br/t_bestas.htm> . Acessado em 4/11/2018, as
14:27.
6. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
2019.
ATIVIDADE 2019.1 2 2020.1 2020.2
Cumprimento das disciplinas previstas na estrutura
curricular; levantamento e transcrição de documentação. X X
Pesquisa documental X X X
Leitura da bibliografia X X X
Escrita da dissertação X X X X
Exame de qualificação X
Revisão da dissertação X X
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BARBOSA, Lellya Alves. Ramon Llull e sua proposta doutrinária em “O Livro da Ordem de
Cavalaria”. In: A MARgem – Estudos, Uberlândia – MG, ano 1, n. 2, p. 74-8, jul./dez. 2008.
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